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7/23/2019 Newsletter nov / dez - 2015
http://slidepdf.com/reader/full/newsletter-nov-dez-2015 1/4
Nº 8 Novembro/Dezembro Ano:2015 Pág. 1
Índice
Artigos de Interesse Especial
Nota de abertura____________1
Destaque do mês:
Dias do Desassossego’ 15 _____2
Memória coletiva:
Billie Holiday________________2
Uma proposta de leitura:
Esta distante proximidade _____3
Ideias do mês_______________4
Escrita de palavras___________4
Destaques Individuais
Autor do mês_______________3
Um Poema_________________ 2
Nota de abertura – Sobre o amor ao próximo
«O amor ao próximo é o maior prazer do ser humano.» (1)
Somos aparentemente, no imenso universo, a única espécie a habitaresta poeira cósmica de matéria e sonhos. Sem compreendermos os
mecanismos do seu funcionamento, oscilamos entre um sentimentode abandono e de esperança, neste cosmos que flutua no espaço.Seria pois nas relações humanas, nas mais diversas situações, que ahumanidade poderia encontrar um sentido para a sua existência.Justifica-se que valores como a amabilidade e a generosidade estejamno centro das relações humanas. Não sendo o que acontece, quejustificação e que preço para a sociedade humana?Adam Philips e Barbara Taylor (2) defendem que o amor ao próximo éhoje «o nosso prazer proibido». Porque temos esta incapacidade denos identificar com os outros, com as suas dificuldades, angústias,receios e sucessos? Tendo o Ocidente dois mil anos de cristianismo,
onde o amor ao próximo organizou o pensamento para tantosmilhões, porque é que assistimos à valorização do individual comoúnica forma de sobreviver num mundo dominado pelo egocentrismo,onde tantos parecem estar em guerra por qualquer coisa que nãoentendem? Afinal demonstrar generosidade publicamente ainda éconsiderado um ato de inferioridade psicológica ou desentimentalismo de valor duvidoso. A amabilidade não é ainda vistapela sociedade como algo natural. Com graves limitações àafetividade, a sociedade contemporânea elegeu o individualismo e asua independência singular como critério de sucesso. A solidariedadecomo fator de existência humana é ainda vista como uma fraqueza.
Quantos projetos de grandes empresas estão ligados a causas deigualdade social? Nos últimos anos, as ideias de um liberalismo feroztem remetido a afetividade natural do homem à esfera do privado. Noespaço público, os valores dominantes são outros: competição,domínio da estatística, realidade virtual onde se compete sem valoresespirituais, onde a função vale mais que a pessoa. Nesta época, valepois muito considerar a importância da fraternidade e dasolidariedade que o Natal nos devolve como mensagem essencial paraestes tempos.
Luís Campos (Biblioteca)
(1) Marco Aurélio, imperador Romano,in Courrier Internacional, março de 2009.(2) Adams Philips, Barbara Taylor, The Guardian, 3/1/09.
7/23/2019 Newsletter nov / dez - 2015
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Nº 8 Ano: 2015 Pág. 2
Destaque mensal – Desassossego 2015
Os alunos das turmas, 10.º A1, 11.º E e 12.º E1 participaram na atividade
Dias do Desassossego’15 , projeto concretizado em parceria com a Casa
Fernando Pessoa e a Fundação José Saramago. Nos dias 24 e de
novembro, os alunos realizaram sessões de leitura de excertos das obras
dos dois escritores, no interior e no exterior da Escola. Para além disso,criaram anagramas a partir da palavra desassossego que serão expostos
na Biblioteca. - FB
Um poema – Carlos Drummond de Andrade
Que pode uma criatura senão entrecriaturas, amar?
Amar e esquecer? Amar e malamar Amar, desamar e amarSempre, e até de olhos vidrados, amar?Que pode, pergunto, o ser amoroso,Sozinho, em rotação universal,se não rodar também, e amar?
Amar o que o mar trás a praia,O que ele sepulta, e o que, na brisamarinhaé sal, ou precisão de amor, ou simplesânsia?
Amar solenemente as palmas dodeserto,o que é entrega ou adoração
expectante,e amor inóspito, o áspero
Um vaso sem flor, um chão de ferro, e o
peito inerte,
e a rua vista em sonho, e uma ave de
rapina.
Este é o nosso destino:
amor sem conta, distribuído pelas coisas
pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa
ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura
medrosa, paciente, de mais e mais amor
Amar a nossa mesma falta de amor,
e na secura nossa, amar a água
implícita,
e o beijo tácito e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade, “Amar”.
Billie Holiday
Nasceu a sete de abril de 1915 e conheceu uma infância de uma
extrema pobreza, um quotidiano de violência e abandono. Nasceu
com uma voz plena de emoção, na gravidade de uma tristeza que
canta os sonhos ainda imaginados, alicerces para um mundo de
possíveis. Billie cantava blues com uma voz levemente rouca, de
um timbre pleno de sensualidade, capaz de nos fazer dar os
quadros etéreos entre a felicidade que se procura e a desilusão
que tantas vezes sofremos. Billie cantou com a sua voz de anjotodo um imaginário que representou a sequência de
incompreensões e lutas que os seres humanos muitas vezes
enfrentam em vidas de superação. Acompanhou diferentes
músicos e quase se identifica o seu nome com o Jazz. Com Lester
Young, criou um conjunto de emoções de natureza poética
sublime, onde nos ofereceu o sorriso triste e doce de uma
melancolia generosa. Na sua breve vida, exprimiu, mais do que
qualquer outra voz, o fascínio do encontro e a amargura da
desilusão, sempre emocionada e verdadeira, na alegria da entrega
pela arte e pela vida. - LC
7/23/2019 Newsletter nov / dez - 2015
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Nº 8 Ano: 2015 Pág. 3
Autor do mês: Rómulo de Carvalho
"Eu digo "pobre de mim" como diria pobre do pobreque está sentado à soleira da porta a apanhar sol e acoçar as costas. Mas ele, o pobre, ainda é felizporque ao vê-lo desejo ajudá-lo, e eu era um serindefeso que ninguém pensava em ajudar. Nuncative vocação nem jeito para viver, inclinaçãoelementar que qualquer ser, mesmo sem serhumano, possui por natureza. Tão incapaz, tãoestranho, tão desajustado que ainda hoje, aosoitenta e um anos, me sinto tão surpreendido deviver como aquele frágil menino de um ano a quema irmã mais velha ampara, no retrato, para que nãocaia do alto da coluna de madeira em que opoisaram. Ele tem a cabecinha um pouco inclinadasobre o lado direito como quem pede auxílio, e eu
sempre assim a mantive, mas por dentro,dissimulada numa cara comprida e talvez severa,implorando o mesmo auxílio. (…). Preciso de amorconstante, o amor que se exprime em cada gesto eem cada olhar do quotidiano, mesmo semcontactos, sem palavras, sem premeditações,espontâneo, natural. Amor é um termo ambíguoque se presta a ridicularizar quem o pronuncia. Maseste de que falo não é o que nos faz supor de olhosbrancos, em alvo. O amor de que falo é o que seopõe ao ódio, à violência, à dissimulação, ao
orgulho, à prepotência, a todas essas "virtudes" queadornam os humanos com os loiros dos triunfos.(…) Em jovem já guardava da humanidade o mesmosentimento que conservo, a mesmaincompatibilidade com as normas correntes deconduta social e privada. Apesar destes rigores falobem a toda a gente, uso boas palavras, não meexalto, e posso-me gabar que nunca, na vidainteira, me zanguei com alguém, nunca corteirelações com alguém, nunca virei a cara a
alguém. É que, meus queridos tetranetos, eunão detesto os outros nem fujo ao seu convíviose os vejo aproximarem-se de mim.Os meus sentimentos para com os outros nãosão de repulsa, mas (imaginem!) de pena, depiedade. Tenho pena de ver as pessoas presasaos seus preconceitos, às suas ansiedades, aopeso das tradições, aos condicionamentos doambiente físico e humano em que nasceram ouvivem. Tenho pena de todos, e também tenho
pena de a ter, porque as pessoas preferem serodiadas a suscitarem pena. No fundo somostodos irresponsáveis, tanto eles pelo que fazemcomo eu por reparar nisso”.
Rómulo de Carvalho, Memórias.
Uma proposta de leitura: A casa amarela
Vincent ardia de entusiasmo com as coisas e as
pessoas que via. Sabia que havia quem achasse que
ele pintava demasiado depressa, mas defendia esse
hábito. Eram as emoções que o impeliam, por isso
havia alturas em que as pinceladas lhe fluíam como as
palavras quando estava a fervilhar de ideias. (…)
Vincent fazia agora uma nova tentativa de pintar o
tema que continuava a ter na cabeça para a plantação
de um mundo novo: o Semeador. O seu significado
decorria de uma parábola de Cristo. O semeador lança
a sua semente à terra. A ideia de possibilidade de
transformação, tanto artística como pessoal,
continuava no centro do pensamento e dos esforços de
Vincent. Tinha escrito à sua irmã no ano anterior: ”Em
cada ser humano que é saudável e natural há uma
força que germina, tal como num grão de trigo. E por
isso a vida natural é germinação. Aquilo que a força
germinante é para o grão, é o amor para nós”. A
metáfora da germinação tinha um enorme significado
para Vincent, talvez em parte por causa das
transformações extraordinárias, e ainda em curso, da
sua própria vida, de comerciante de arte em pregador
e depois em pintor. Também ele tinha esperança na
transformação da vida humana em algo que escapasse
ao sofrimento amargo que tantas vezes parecia estar
reservado aos mortais e seguramente a Vincent Van
Gogh. A arte era uma forma de imaginar um mundo
futuro. O Semeador era um símbolo da ressurreição.
7/23/2019 Newsletter nov / dez - 2015
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Nº 8 Novembro/dezembro Ano: 2015 Pág. 4
BIBLIOTECAS ESCOLARES
Biblioteca Escolar| ESRDA
Rua Jau – Alto de Santo Amaro
Telf. 213 616 060
Blogue
Biblioteca Rainha
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Ideias para o mês
Destacamos como autor do Mês, na Biblioteca,
Rómulo de Carvalho (novembro), Sophia e
Vergílio Ferreira através dos contos, A Estrela e
Noite de Natal. No blogue, foi feita referência ao
testemunho de Rómulo como divulgador
científico, pedagogo e poeta. Foi ainda feito um
Boletim Bibliográfico e uma apresentação digital
sobre as atividades integradas na comemoração
do dia nacional da cultura científica. Foi aindaapresentada uma pequena mostra de livros. No
espaço de leitura informal deu-se destaques aos
diversos livros do mês.
Foram ainda destacadas iniciativas de apoio
curricular no âmbito da disciplina de Filosofia
htt ://domisteriodascoisas.blo s ot. t/ .
Escrita de Palavras – Sobre Luz?
Um brilho entrou dentro de mim, um dia, e
iluminou-me, subiu-me à alma. Vi tudo.
Tudo vermelho e tudo verde e tudo doirado. Vi quanto
havia. À volta do mundo, vi as
casas e vi as guerras e vi as libertações. O Homem é grande
na arte e na elevação.
Uma luz de raios infinitos, de possibilidades
estranhas à razão, no vazio que afinal não é a
mente. O Homem, o pior; o Homem, o melhor
- como pudera eu não o amar?
Uma luz rosácea que mexe e limpa. Ao sol, tudo
é possível..
SOFIA SEQUEIRA, 11ºB
| SOFIA SEQUEIRA| 11.º B | | Ano lectivo 14/15 |
|Escola Secundária Rainha Dona Amélia|
Biblioteca Escolar
Escola Secundária Rainha Dona Amélia||Lisboa