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NEWSLETTER 13 abril 2020 – Departamento de Comunicação da Federação Portuguesa de Atletismo JANELA PARA CAMPEONATOS NACIONAIS O fim de semana de 8 a 9 de agosto foi definido pela World Athletics como uma “janela protegida” para a realização dos campeonatos nacionais em 2020. Nenhuma reunião da Liga Diamante ou do novo Continental Tour será realizada naquele fim de semana. Isto mesmo sem saber se haverá épocas em algum país. Olhando mais em frente, Unidade de Calendário Global concordou que as janelas protegidas dos campeonatos nacionais de 2021 serão de 5 a 6 de junho e 26 a 27 de junho de 2021, pouco antes do final do período de qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio (29 de junho de 2021). «Os atletas são pessoas especialmente capacitadas para fazer face a situações de elevada exigência», João Lameiras, psicólogo da FPA, em entrevista ao Jornal de Leiria ADIAMENTO OLÍMPICO JUSTIFICAVA-SE Patrícia Mamona deu uma entrevista ao jornal “O Jogo”, onde fala sobre o adiamento dos Jogos Olímpicos. «Era uma decisão que tinha de ser tomada, porque um dos grandes princípios é a igualdade e justiça, para estarmos todos nos Jogos em grande forma. Há pessoas que estão a treinar, outras que estão de quarentena, por isso iria existir muita desigualdade. E pensando também na proteção da população em geral. É muito difícil desligarmo-nos do que está a acontecer no mundo com o coronavírus», afirmou a atleta que tem estado muito ativa nas redes sociais e também ajudou o setor de saltos nos conselhos publicados pela FPA (https://www.fpatletismo.pt/saltos- treino-de-manuten%C3%A7%C3%A3o-da-condi%C3%A7%C3%A3o- f%C3%ADsica-em-contexto-de-covid-19). ATLETISMO EM FOCO Nas últimas semanas o atletismo tem sido notícia um pouco por todo o país. Através de pequenos apontamentos ou através de entrevistas, a verdade é que a nossa mensagem tem conhecido alguns ecos nos meios de comunicação social. Não podemos esquecer que vivemos tempos diferentes, não existe atividade desportiva de competição e esses mesmos meios têm de procurar notícias das mais variadas ao longo dos dias. Depois de várias entrevistas noutros meios, depois de uma capa com atletas/médicos, agora surgiu uma capa com o atletismo.

NEWSLETTER - fpatletismo.pt · Um inquérito promovido pela Associação de Atletas, liderada por Christian Taylor, mostrou que 60% dos inquiridos preferia não haver suspensão de

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NEWSLETTER 13 abril 2020 – Departamento de Comunicação da Federação Portuguesa de Atletismo

JANELA PARA CAMPEONATOS NACIONAIS

O fim de semana de 8 a 9 de agosto foi definido pela World Athletics como uma “janela protegida” para a realização dos campeonatos nacionais em 2020. Nenhuma reunião da Liga Diamante ou do novo Continental Tour será realizada naquele fim de semana. Isto mesmo sem saber se haverá épocas em algum país.

Olhando mais em frente, Unidade de Calendário Global concordou que as janelas protegidas dos campeonatos nacionais de 2021 serão de 5 a 6 de junho e 26 a 27 de junho de 2021, pouco antes do final do período de qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio (29 de junho de 2021).

«Os atletas são pessoas especialmente capacitadas para fazer face a situações de

elevada exigência», João Lameiras, psicólogo da FPA, em entrevista ao Jornal de

Leiria

ADIAMENTO OLÍMPICO JUSTIFICAVA-SE

Patrícia Mamona deu uma entrevista ao jornal “O Jogo”, onde fala sobre o adiamento dos Jogos Olímpicos. «Era uma decisão que tinha de ser tomada, porque um dos grandes princípios é a igualdade e justiça, para estarmos todos nos Jogos em grande forma. Há pessoas que estão a treinar, outras que estão de quarentena, por isso iria existir muita desigualdade. E pensando também na proteção da população em geral. É muito difícil desligarmo-nos do que está a acontecer no mundo com o coronavírus», afirmou a atleta que tem estado muito ativa nas redes sociais e também ajudou o setor de saltos nos conselhos publicados pela FPA (https://www.fpatletismo.pt/saltos-treino-de-manuten%C3%A7%C3%A3o-da-condi%C3%A7%C3%A3o-f%C3%ADsica-em-contexto-de-covid-19).

ATLETISMO EM FOCO Nas últimas semanas o atletismo tem sido notícia um pouco por todo o país.

Através de pequenos apontamentos ou através de entrevistas, a verdade é que a nossa mensagem tem conhecido alguns ecos nos meios de comunicação social.

Não podemos esquecer que vivemos tempos diferentes, não existe atividade desportiva de competição e esses mesmos meios têm de procurar notícias das mais variadas ao longo dos dias.

Depois de várias entrevistas noutros meios, depois de uma capa com atletas/médicos, agora surgiu uma capa com o atletismo.

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COVID-19: CONSELHOS

As redes sociais (e não só…) têm passado um simulador de como se espalha o Corona virus pelo ar. Também a corrida tem um vídeo semelhante que foi publicado pelo “Mirror” (https://www.mirror.co.uk/news/uk-news/coronavirus-particles-another-runner-could-21837698)

COVID-19: RECUPERAÇÃO

Do Irão chega a notícia de que Ehsan Hadadi, vice-campeão olímpico do lançamento do disco em 2012, é um caso recuperado do corona virus. "Graças a Deus, passei pelo período difícil e agora me recuperei", afirmou o atleta ao World Athletics.

COVID-19: TREINOS EM CONFINAMENTO

Pamela Dutkiewicz, medalha de bronze nos 100m barreiras dos mundiais de 2017, está entre os atletas alemães que receberam isenção especial para treinar em grupos na Alemanha, apesar das restrições do Covid-19.

DUPLANTIS LEILOOU DORSAL

O dorsal usado pelo saltador com vara Armand Duplantis quando estabeleceu o recorde mundial de 6,17m, em Torun, na Polónia, no início deste ano, obteve 30.000 coroas suecas (3000 dólares) num leilão on-line. O sueco estava angariando dinheiro para ajudar a combater o coronavírus.

DOPING: MEDALHA SURPRESA

Há uns dias, Evelise Veiga ficou a saber que poderá conquistar a medalha de ouro nas Universíadas devido a desqualificação, por doping, da vencedora. Agora chega-nos a notícia de que a britânica Eilidh Child, campeã europeia de 400 m barreiras em 2014, foi surpreendida com uma medalha de prata atualizada para a prova de 4x400 metros dos mundiais de 2013. O quarteto britânico foi promovido após desqualificação por doping da equipa russa.

A VOZ DOS ATLETAS

Um inquérito promovido pela Associação de Atletas, liderada por Christian Taylor, mostrou que 60% dos inquiridos preferia não haver suspensão de resultados até 1 de dezembro de 2020 para a qualificação Olímpica. O inquérito recebeu 685 respostas de 82 países. Foi a resposta à suspensão da qualificação decretada pela World Athletics.

Também foi apurado que 56% dos atletas acreditavam que, se não pudessem competir durante esse período, seria injusto para outros atletas em outros países onde as restrições haviam sido levantadas.

FACTO OLÍMPICO

O dia 13 de abril é farto em efemérides internacionais, como o nascimento de Leonardo da Vince em 1459, ou mesmo o naufrágio do Ttitanic, em que faleceram 1513 pessoas.

Contudo, este também é um dia triste para o desporto, pois há 40 anos, num processo pouco esclarecido, o Comité Olímpico dos Estados Unidos decidiu boicotar os Jogos Olímpicos de Moscovo de 1980, alegadamente devido à invasão soviética ao Afeganistão. Num hotel no Colorado, com a presença do vice-presidente Walter Mondale, a ideia lançada pelo presidente Jimmy Carter, utilizando o desporto como arma política, conheceu votos favoráveis de larga maioria das 2400 pessoas convocadas para essa reunião.

Agora, Edwin Moses, um grande, senão o melhor, especialista mundial de 400 metros barreiras, disse que essa decisão foi «horrível. Afastei-me da minha carreira para apostar tudo nos Jogos! E tudo foi por “água abaixo” …», referiu o atleta ao “The Register Guard”, numa entrevista cujo tema foi o adiamento de Tóquio 2020 que pode ter “roubado” algumas oportunidades aos atletas.

Moses que depois se sagrou campeão olímpico, lembrou que dos 466 atletas norte-americanos qualificados para Moscovo 1980, 219 nunca conseguiram chegar a outra edição olímpica!

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ESTRADA E TRAIL: AS DIFERENÇAS

Por Vanessa Pais

Quando se corre de forma informal não há, à partida, “especializações” como acontece no mundo dos profissionais da corrida. Assim, é normal encontrarmos corredores que tanto participam em provas de estrada – dos 10 km à maratona – como de trail – do trail curto (até 21 km) ao endurance (100 km ou mais). Mas, claro, há sempre preferências, até porque correr em estrada e por trilhos é completamente diferente, a começar pelo percurso, passando pelo material obrigatório, pela logística, abastecimentos e, claro, sem esquecer o treino.

O percurso Vejamos hoje o percurso, a começar pela informação disponibilizada aquando da inscrição numa prova. Um atleta de estrada preocupa-se essencialmente com a distância que se propõe a percorrer, embora tenha sempre em atenção se o percurso é plano ou não. Na maioria dos casos depende apenas da descrição do percurso feita pela organização da prova – que associa ao conhecimento que tem do local – ou recorre ao relato de quem já fez a prova ou conhece o local. No trail, além da distância e do percurso disponibilizados num mapa, é também incluído o desnível do mesmo, para que o atleta saiba aproximadamente em que momento da prova terá subidas, descidas e atingirá o ponto mais alto. Há casos em que a altimetria é impressa no dorsal, para que seja mais fácil gerir o esforço e saber onde se encontram os abastecimentos e de que tipo são (sólidos e/ou líquidos).

Numa prova de estrada o percurso está delimitado e o atleta tem, na maioria das vezes, indicação quilómetro a quilómetro ao longo do mesmo. No trail há provas que são marcadas com fitas, exigindo ao atleta ter conhecimento prévio da tipologia das mesmas (infelizmente há ainda organizadores que não

confundir os menos atentos), bem como de alguma sinalética que possa ser colocada no terreno. Há também provas que são realizadas apenas por GPS, sendo que a organização disponibiliza o percurso a colocar no relógio ou no equipamento de GPS, que o atleta tem de seguir. Quando o atleta sai do percurso a organização consegue ver e contactá-lo (se houver rede) graças ao tracker que cada um transporta consigo na mochila. Claro que no trail, o atleta tem noção do quilómetro em que vai através do relógio, já que por questões ambientais e de logística não se colocam indicações deste género ao longo do percurso.

Resta mencionar que o tipo de terreno também é completamente diferente. Na estrada o percurso será maioritariamente plano e por alcatrão, sendo a calçada o terreno mais acidentado que normalmente se encontra. Claro que a velocidade que se atinge na estrada é completamente diferente e que uma ligeira subida pode complicar bastante a vida aos atletas. No trail, todo o percurso é acidentado, podendo encontrar-se terra batida, lama, pedras, caminhos por single track e, quando se pensa em

compensar o tempo perdido na subida na descida seguinte, esta pode ser tão acentuada e acidentada que os menos experientes podem demorar até mais tempo a cumpri-la do que o que demoraram a subir. Os percursos também passam muitas vezes por povoações, podendo existir alcatrão e calçada, mas nunca pode esse tipo de terreno ultrapassar os 20% do total do percurso.

Depreende-se, assim, que também a logística e o material obrigatório seja bem diferente quando comparamos uma prova de estrada com uma prova de trail. Será este o tema da crónica de amanhã.

A FECHAR

Na Suécia, Simon Pettersson venceu uma prova de lançamento do disco com a marca de 66,93m (recorde pessoal). É o terceiro melhor de 2020 e o melhor europeu. Fanny Roos venceu a prova feminina com 52,76m.

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NEWSLETTER

14 abril 2020 – Departamento de Comunicação da Federação Portuguesa de Atletismo

JOÃO VIEIRA E O ADIAMENTO DOS JO

João Vieira, vice-campeão mundial de 50 km marcha, deu uma entrevista à Agência Lusa e sobre o adiamento dos Jogos Olímpicos afirmou: "Foi um momento de frustração. Estava focado no objetivo dos Jogos Olímpicos, nos 50 km. Depois da grande época que tinha feito no ano passado e isso vai-me fazer atrasar mais um ano o planeamento e vamos ter de ficar à espera a ver se haverá de facto os Jogos Olímpicos em 2021.

Esta situação do vírus condiciona, mas estamos a fazer o possível para nos mantermos ativos.”

Em 2021 João Vieira terá 45 anos e não pensa abandonar antes de participar nos Jogos (tem

quatro participações). “Quero ir aos Jogos, é o principal objetivo que tenho em mente no verão de 2021. Vou esperar mais um ano. Tenho de traçar um objetivo elevado e ir para lá com todas as minhas forças para fazer um bom resultado.”

«A perseverança é a mãe da boa sorte», Miguel de Cervantes (1547-1616), escritor

espanhol

PAUL KOECH ENTRE A FAZENDA E OS TREINOS

O medalhado olímpico de 3000 m obstáculos, Paul Kipsiele Koech, é uma celebridade incomum no Quénia, pois estabeleceu um império de negócios de vários milhões de xelins, administrando a Kaso Dairy Farm e a Kaso Bakeries em Kapchepkoro, em Sotik, no Condado de Bomet. Nesta altura, a pandemia tornou-se uma dificuldade inesperada. “A situação é um golpe não apenas para mim como atleta, mas também como empresário e agricultor. Eu forneço pão para quatro escolas secundárias do condado, que fecharam e não tenho mercado substituto. Também forneço leite para distribuidores em Kaplong, Litein e Sotik, mas os pedidos caíram drasticamente». No seu dia-a-dia, treina e gere o negócio. «Não é fácil. Esperamos que a situação seja controlada em breve, para retomar a nossa rotina diária ”, afirmou.

COISAS DE DOPING «Os atletas que terminem suspensões por doping a tempo de se qualificarem para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para julho de 2021, não devem ser impedidos de participar», considerou hoje o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, em entrevista difundida pela Agência Lusa.

A Athletics Integrity Unit (Unidade de Integridade do Atletismo) estima que pelo menos 40 dos cerca de 200 atletas nessas condições poderão beneficiar do adiamento dos Jogos, devido à pandemia de covid-19, e Jorge Vieira defendeu que, cumprido o castigo, o atleta tem «os mesmos direitos dos outros».

«O castigo dos atletas suspensos por doping não foi o de não participarem nos Jogos, foi uma suspensão da atividade desportiva por um determinado período de tempo. E a nossa organização penal diz que a pessoa que cumpre o seu castigo, a partir daí, será um cidadão com os mesmos direitos», justificou o líder da FPA.

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SINGULARIDADES JAPONESAS

SECRETO: A chama olímpica de Tóquio 2020 deixou de estar visível ao público como uma das medidas projetadas para impedir a propagação do coronavírus. O executivo-chefe de Tóquio 2020, Toshiro Muto, disse que o “Chama” está "sob supervisão do Comité Organizador", mas não especificou o local exato.

SEGUNDA VAGA: A cidade japonesa de Sapporo, que acolherá os eventos de maratona e marcha nos Jogos Olímpicos, voltou a um estado de emergência para limitar a disseminação do COVID-19. O governador de Hokkaido, Naomichi Suzuki, disse: "Estamos diante de uma crise de uma segunda onda na disseminação de infeções".

SEM ABRIGO: Uma petição on-line no Japão está a pedir que a Aldeia Olímpica de Harumi seja disponibilizada para pessoas que perderam as suas casas devido à crise do coronavírus, como pessoas que dormem nas ruas e pessoas que ficam em cibercafés.

DOPING: A VOZ DE MARIA LASYSTEKENE

A campeã mundial de salto em altura, Mariya Lasitskene, deu a sua opinião sobre os novos critérios da federação da Rússia para os atletas serem incluídos na equipa nacional de atletismo. "Sou a favor da luta contra o doping, mas contra ações que não trazem a mudança global. É improvável que apenas os critérios resolvam os problemas reais de nosso atletismo. Todos sabem que o atletismo russo foi expulso da World Athletics pelo que fez antes de novembro de 2015. Mas, segundo esses critérios, fingia-se que não havia nada disso e apenas aqueles que violavam as regras nos últimos cinco anos eram culpados de tudo. Em teoria, a nova liderança independente da RusAF entrou em cena para resolver problemas do passado e não fechar os olhos para eles”, afirmou..

COVID-19: TREINOS EM CONFINAMENTO

O bloqueio global pode não ser a melhor maneira de se preparar para uma corrida de 104 dias por 114.000 milhas e percorrer todas as 50 capitais dos Estados Unidos, mas o ultra-corredor Ben Smith não se intimida com a extensão de seu último desafio.

Em vez de percorrer as ruas por horas a fio, Smith está confinado a casa com apenas uma bicicleta de spin, enquanto se prepara para a tentativa que está programada para começar no Maine a 1 de julho do próximo ano.

Quatro anos depois de executar 401 maratonas em outros tantos dias, Smith está tentando arrecadar 1 milhão de libras para duas instituições de caridade do Reino Unido, executando uma maratona em cada capital de estado e pedalando entre elas.

"Estou treinando no meu quarto de hóspedes, que também funciona como escritório, um lugar para secar roupas e outro para colocar uma bicicleta de spin", disse Smith a uma agência noticiosa.

FACTO

A lenda jamaicana, Usain Bolt, está sempre na crista da onda. Na sua conta de Twitter apelou ao distanciamento social de uma forma original, partilhando a fotografia do seu triunfo com enorme vantagem nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, nos quais estabeleceu, na altura, o recorde do mundo na distância (9.69 segundos), apenas com duas palavas “Social Distancing”.

Há dias tinha sido notícia também por ter doado para o Teleton Jamaica Together We Stand, para ajudar a combater a propagação do COVID-19 no seu país, a quantia de 3.400 euros.

A Jamaica pretende juntar 9,6 milhões de euros para comprar suprimentos para combater a disseminação do coronavírus, com um quinto do total destinado a máscaras faciais e quase a metade à compra de 200 ventiladores.

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ESTRADA E TRAIL: AS DIFERENÇAS – PARTE II

Por Vanessa Pais

Como prometido, na crónica de hoje, vou abordar as diferenças entre os atletas de estrada e de trail, no que diz respeito à logística e ao equipamento. Relativamente a quem pratica estrada, normalmente a logística prende-se apenas com o equipamento a levar vestido e eventualmente outro para trocar no final, se a prova não for perto de casa, bem como – dependendo da distância – se leva algum energético, como gel, para tomar durante a corrida. Depois é uma questão de planear a ida para a prova a tempo de levantar o dorsal, se é que não o levanta de véspera, ver se leva alfinetes (apesar de a maioria das provas os disponibilizar aquando do levantamento do dorsal e de alguns atletas utilizarem já porta-dorsais) e se a prova tem bengaleiro, no caso de necessitar de deixar alguns pertences.

Se falarmos numa prova no estrangeiro, claro que a logística será um pouco mais complexa, o que me recorda a primeira maratona cuja viajem tive de organizar, que foi a Sevilha. Decidimos que íamos de carro, escolhemos um apartamento próximo do local da partida e pedimos logo para fazer “late check-out” ou para nos disponibilizarem um local para tomar banho depois da prova. Depois, foi planear a saída de forma a chegar cedo de véspera, levantar o dorsal e ver o tempo que se demorava até à partida. Não planeámos bem as refeições, por isso, o jantar da véspera da prova acabou por ser no MacDonalds, o que não foi uma boa opção. O regresso de carro também não foi propriamente confortável, mas não havia grande alternativa.

Já uma prova de trail implica obrigatoriamente ver o percurso antes da prova, para que se possa planear bem que material devemos levar além do obrigatório. O facto de haver material obrigatório faz também com que seja

imprescindível ler o regulamento. Depois, porque na sua essência é suposto as provas de trail desenrolarem-se por serras e montanhas, com todos os imprevistos que estes locais proporcionam, por exemplo, em termos meteorológicos, é essencial estar atento às comunicações do organizador, pois pode ser necessário levar mais algum material. A lista é, normalmente, tanto maior quanto maior forem a distância e o desnível. É ainda importante referir que há muitas provas de trail que começam de noite, por exemplo, à meia noite, ou muito cedo, por exemplo, às sete horas, e que há sempre um briefing e um controlo de material obrigatório que tem de ser feito antes. Por isso, a maior parte das vezes é preciso ir de véspera, o que implica marcar alojamento ou optar pelo “chão duro”, isto é, ocupar um dos lugares no chão do ginásio onde a organização monta uma espécie de base de vida e, para isso, levar colchão e saco-cama.

Do reservatório de água ao extrator de venenos Se falarmos de provas como o Algarviana Ultra Trail (ALUT), de 300 km pela Via Algarviana, de Alcoutim ao Cabo de São Vicente, com um tempo máximo de 72 horas, facilmente percebemos que a logística será dez vezes mais complexa, porque é preciso estudar etapas, tentar planear em que bases de vida se vai descansar e levar equipamento suficiente para trocar nessas bases de vida. Normalmente a organização pede aos atletas para deixar sacos com as mudas de roupa identificados com o nome e a base de vida onde os querem receber. Neste tipo de provas o atleta pode ainda ter uma equipa de apoio, que tem regras próprias. Também é possível fazer a prova em equipas de quatro, o que implica saber gerir as

trocas e avaliar quem está melhor posicionado para assumir a etapa a cada momento.

Partindo do básico, para qualquer prova de trail é obrigatório levar um reservatório de água, depois, conforme vamos subindo na distância e no desnível começamos a adicionar material como um reservatório de água com capacidade para 500 ml, 1 L, 2 L, etc., manta térmica, apito, reserva energética, ligadura, frontal, pilhas de reserva para o frontal, luz de presença traseira, impermeável, bastões, camisola térmica e, muito importante, telemóvel em saco impermeável com bateria. Para terem noção, se falarmos então de provas ditas de aventura, como as que acontecem no deserto ou na selva há outros “instrumentos” no material obrigatório, como o que permite retirar o veneno de mordidelas de tarântula. Normalmente nestes casos as provas são realizadas em regime de autossuficiência, o que significa que o atleta tem de transportar consigo alimentação e bebida para vários dias, sendo que há limites de peso ao nível da alimentação diária.

Estas questões constituem uma pequena amostra das diferenças de logística e equipamento entre estrada e trail – e que não se resumem, de forma nenhuma ao tipo de sapatilhas –, o que, como é expectável tem um grande impacto no modo como os atletas se preparam para as provas. É sobre essa preparação, que vai muito além do treino, que vou falar na crónica de amanhã.

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15 abril 2020 – Departamento de Comunicação da Federação Portuguesa de Atletismo

EUROPEUS DE PARIS 2020 CUMPREM PLANO

A Federação Francesa de Atletismo espera sediar o Campeonato Europeu no final de agosto, afirmou o diretor geral da federação, Souad Rochdi. A FFA ainda está a trabalhar na esperança de manter a competição no calendário de verão, mesmo quando os últimos anúncios do presidente Emmanuel Macron não são tão otimistas.

No início de maio a European Athletics deverá tomar uma decisão final. Enquanto isso, os organizadores mantêm o seu plano e hoje abriram a janela de acreditação para os órgãos de Comunicação Social.

«Num tempo de engano universal, dizer a verdade é um ato revolucionário», George

Orwell

ALEMÃES AINDA ACREDITAM EM ÉPOCA DE VERÃO

O diretor da DLV (federação alemã), Idriss Gonschinska, afirmou que a sua instituição está a estudar a possibilidade de organizar uma temporada de verão para atletas alemães, que ainda incluiria o Campeonato Alemão em Braunschweig. “Como muitos outros organizadores, esperamos poder realizar campeonatos com espectadores numa pequena época tardia. Se isso não for possível, estamos pensando em organizar um campeonato alemão sem espectadores.»

Mas ainda é cedo para tomar decisões deste tipo, pois as autoridades alemãs ainda não determinaram em que data abrem essa possibilidade..

RECONHECIMENTO

O Maratona Clube de Portugal adiantou hoje, em comunicado, que oferece inscrições a médicos e enfermeiros “em reconhecimento do esforço realizado no combate à pandemia”, para as suas provas, a partir de outubro 2020, nomeadamente as provas de 11 de outubro de 2020 (Maratona de Lisboa, Meia Maratona de Lisboa e Mini-Maratona) e 13 de dezembro de 2020 (Grande Prémio de Natal)”.

A Meia Maratona que transitou de março para setembro está fora desta oferta pois já tinha as inscrições esgotadas.

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COIVD-19: ADIAMENTOS

O Memorial Irena Szewinska, em Bydgoszcz, foi adiado para o final da temporada.

Já os Carifta Games 2020 foram cancelados. A organização dos Jogos NACAC (América do Norte. Caraíbas e América Central) adiantou que a próxima edição será em 2021, em Guiana.

Quanto aos Jogos do Mediterrâneo, foi anunciada a sua realização em junho de 2022, devendo realizar-se em Oran, coincidindo com o 60º aniversário da independência da Argélia.

COVID-19: REGRESSO AOS TREINOS

Boas notícias para os atletas checos: o governo aliviará algumas restrições até 20 de abril e isso significa que os atletas poderão treinar ao ar livre, mas apenas em pequenos grupos. Também há outro plano para permitir eventos até 8 de junho, mas com a participação máxima de 50 pessoas.

PROGRESSÃO NA DISTÂNCIA

Orlando Ortega, vice-campeão olímpico de 110 m barreiras, numa entrevista ao “Mundo Deportivo”, deu conta de que planeia ainda correr os 400m antes de se retirar. "Ainda me vejo a correr 400m barreiras no futuro. Eu já fiz isso na minha juventude”, disse Ortega que em 2008, então com 17 anos, fez a marca de 51,80 segundos.

EFEMÉRIDE

José Ramos (4º), o melhor português

No dia 15 de abril de 2006, Em Antalya, na Turquia, as seleções de Portugal trouxeram duas medalhas coletivas da sua participação na Taça da Europa de 10.000 metros.

A formação masculina conquistou a medalha de prata, por intermédio do trio composto por José Ramos (4º, com 28.52,13 minutos), Ricardo Ribas (13º, 29.06,85) e Fernando Silva (15º, 29.10,18).

Já a formação feminina, com Ana Dias (7ª, com 32.37,76 minutos), Anália Rosa (9ª, 32.44,93) e Leonor Carneiro (20ª, 33.42,70), regressou com a medalha de bronze.

ESTRADA E TRAIL: AS DIFERENÇAS – PARTE III

Por Vanessa Pais

Depois de vermos as diferenças do atleta de estrada para o de trail em termos de logística, equipamento e percurso, vamos ver as diferenças ao nível da preparação. Comecemos por assumir que preparação não igual a treino ou pelo menos não será a treino apenas físico. Se na estrada planeamos o nosso treino de acordo com a distância que vamos fazer e com a prova a que nos propomos, podendo escolher fazer o treino de corrida

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num percurso semelhante ao que vamos encontrar e reforçar os nossos pontos fracos, preferencialmente com a ajuda de um treinador acreditado; a lógica no trail é exatamente a mesma. Portanto, as diferenças residem essencialmente no facto de o trail ser realizado num percurso diferente e de as provas poderem ter outros desafios que não apenas a distância, o desnível e o tipo de terreno.

Se olharmos para o básico, que é uma prova de trail até 20 km e com uma altimetria até 1000 metros de desnível positivo acumulado, as principais dúvidas na preparação serão, por exemplo, saber como treinar as subidas, mas certamente que um treinador acreditado irá preocupar-se também em preparar o seu atleta para as descidas, já que estas, por implicarem uma corrida teoricamente mais veloz, mais solta e, por isso, mais “desprotegida”, podem complicar muito a vida dos atletas, dependendo se se desenrola, por exemplo, por single track ou num terreno com muitas pedras soltas e troncos. Portanto, no trail, mais do que na estrada, é essencial preparar as descidas.

Depois, por exemplo, se a prova acontecer de noite, ou pelo menos parte dela, convém fazer alguns treinos de noite e por caminhos fora de estrada, utilizando a iluminação apenas do frontal, preferencialmente o que se vai utilizar na prova. Tal como as sapatilhas e outros equipamentos, é essencial que o mesmo seja testado antes da prova. No caso do frontal e do relógio torna-se ainda mais importante, porque consegue prever-se melhor a durabilidade da bateria e, no caso do relógio, conhecer todas as

funcionalidades. Nunca é demais lembrar que o equipamento deve ser coadjuvante e não mais um desafio. Por isso, é preciso estar familiarizado com tudo.

Assumindo que o plano de treino – de corrida, de reforço muscular, recuperação, etc. – está entregue a um especialista e que já se “visitou” uma nutricionista, testado o equipamento, assumimos que o básico está tratado. Já se pode olhar para questões mais complexas de preparação, que é como quem diz, olhar para a especificidade da prova de acordo com o tamanho do desafio. Imaginemos que vamos fazer uma prova no deserto ou na selva ou percorrer quilómetros na Antártida. É mesmo preciso estarmos preparados para tudo.

A incrível Carla André Neste campo – no qual já entramos na corrida de aventura – permitam-me que vos apresente a minha amiga Carla André. Para quem não conhece é uma bancária na casa dos 40 anos, muito tranquila, que tem o seu escape na corrida de aventura, principalmente ultramaratonas. Com o seu passo certo, determinação e coração de

gigante, já tem no currículo provas como a Badwater, nos EUA, a Marathon des Sables, em Marrocos, ou a Jungle Marathon, na Amazónia, Brasil. Por causa destas aventuras, a Carla tornou-se na corredora amadora mais famosa deste Portugal. Por força do ofício, entrevistei-a diversas vezes, mas também já embarcámos juntas em algumas aventuras, mais pequenas, claro, como os eventos Azores Trail Run.

A verdade é que aprendi muita coisa com a Carla e passei a admirar muito, mais do que a sua coragem, a sua capacidade de organização e resiliência. Pelas questões acima e também porque chegámos a treinar nos mesmos sítios, vi-a muitas vezes a correr e a subir e descer steps dentro da sauna do ginásio que frequentávamos. Não raras vezes a vi a correr com uma mochila de 9 kg para trás e para a frente no curto areal da praia de Carcavelos, no pico do Verão, até chegar aos 50 km que tinha estipulado para aquele dia de preparação. Atentamente a ouvi falar de como tinha aprendido a pesar refeições semelhantes a granulado para dias e dias de corrida no deserto. Foi ela que me mostrou como é que se utiliza um extrator de veneno. E no meio disto tudo um dia perguntei-lhe: “Ó Carla, quando estás a preparar a mochila na véspera de uma prova desses em que passas dias e dias sozinha no meio do nada, de que é que tens pânico de te esquecer?” Ela olhou para mim, com aquele brilhozinho nos olhos que quem a conhece já reparou nele de certeza e respondeu-me muito depressa: “Oh pá, é da música!”

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16 abril 2020 – Departamento de Comunicação da Federação Portuguesa de Atletismo

CRISE FINANCEIRA UNIVERSITÁRIA NOS EUA

No seu editorial no “Sport Examiner”, Rich Perelman, escreve: «Isso ia acontecer, a única questão era quando. E quando é agora.

Yahoo! Sports obteve e publicou uma carta de 9 de abril dos comissários de cinco conferências universitárias da Divisão I ao chefe da Associação Nacional de Atletismo Universitário, pedindo alívio quanto aos requisitos para serem classificados na Divisão I.

Os cinco signatários, representando a American Athletic Conference, Conference USA, Mid-American Conference, Mountain West Conference e a Sun Belt Conference, consideram a situação atual "a mais grave crise financeira para o ensino superior desde, pelo menos, a Grande Depressão".

«Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam

porque elas o querem fazer.» Dwight Eisenhower, general e presidente dos EUA

ALEMÃES AINDA ACREDITAM EM ÉPOCA DE VERÃO

A Confederação Alemã de Desportos Olímpicos produziu um documento descrevendo a perspectiva do retorno do desporto na Alemanha após a atual suspensão ligada à pandemia. "Queremos manter a 'distância' apropriada por meio de regras responsáveis no desporto, para não promover a disseminação do vírus corona e, assim, continuar a fazer justiça à nossa responsabilidade. Vemos o posicionamento atual como um sinal valioso para as políticas federais e estaduais de que o desporto organizado de forma autónoma está a preparar-se com muita responsabilidade para uma fase de transição e uma oferta desportiva adaptada aos novos tempos", disse o presidente do DOSB Alfons

ATUALIDADE

Este nosso veículo diário tem mantido a regularidade pretendida, com um resumo de notícias que vão surgindo no mundo.

Umas mais atuais, outras desatualizadas por algumas horas (a velocidade de informação está sempre a mudar…), mas sempre com um toque de interesse.

Temos utilizado uma “ferramenta”, EME News, que resume muito do que se passa, inclusive com tópicos atualizados sobre Portugal, quando há notícia de relevo internacional dos nossos melhores atletas, como foi o caso do vice-campeão mundial de 50 km marcha, João Vieira.

É chegada a hora de aumentarmos a visibilidade de pequenos textos e do muito que vamos vendo nas redes sociais.

E isso poderá ser visto, com regularidade, na página oficial da FPA, que tem publicado excelentes trabalhos da estrutura técnica da modalidade e agora também com entrevistas a atletas.

A partir de hoje, não esqueçam: visitem sempre que possam a página oficial da FPA:

www.fpatletismo.pt

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MARTINOT-LAGARDE LEILOOU CAMISOLA

O campeão europeu dos 110 m barreiras, Pascal Martinot-Lagarde, arrecadou 1500 euros num leião da sal camisola de competição do Campeonato Mundial de Doha, onde ganhou a medalha de bronze. O valor será usado para os enfermeiros que trabalham num hospital francês.

QUASE ATROPELO MEDIÁTICO

O Tour de France 2020 foi adiado e agora será realizado (interiramente em França) entre 29 de agosto e 20 de setembro devido à pandemia do COVID-19.

Começa mesmo no fim dos Europeus de Paris 2020, caso estes se concretizem…

CARTOON

O humor do L’Equipe, com a data tardia do Tour…

ESTRADA E TRAIL: AS DIFERENÇAS – PARTE IV

Por Vanessa Pais

Passei a semana toda à espera de chegar a altura de falar desta diferença entre os atletas de estrada e de trail: a do forrar do estômago durante a prova. Pois é, os abastecimentos fazem toda a diferença. Desde logo porque na estrada, os mesmos fazem-se em andamento e, no trail, só mesmo a elite da elite e nas provas mais curtas ou nos primeiros abastecimentos é que não para.

Comecemos pelo início. Normalmente na estrada temos um ou dois abastecimentos numa prova de 10 km no qual são disponibilizados líquidos, leia-se água. Depois no final o comum dos mortais recebe uma peça de fruta e o que os patrocinadores quiserem colocar no saco; enquanto os convidados têm à sua disposição um verdadeiro banquete. À

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medida que subimos na distância e na dimensão do evento vão sendo adicionados abastecimentos, os líquidos deixam de ser apenas água e passa a estar disponível também um recuperador de eletrólitos e são adicionados abastecimentos com sólidos (fruta, barras energéticas, gel, etc.). Já para os convidados, o banquete final também vai crescendo na mesma proporção, havendo até almoços servidos por empregados de papillon e bem regados com a última colheita da região. E depois há provas como a da Lagoa de Santo André, de que já falamos, que não distingue entre pelotão e convidados e todos recebem um prato de carne, um lugar no grelhador e o acesso a bebida à discrição.

Ora o trail tem muito mais que se lhe diga. Temos provas como o Azores Trail Run – Triangle Adventura (3 dias, 3 ilhas, 103 km com 7000 metros de desnível, no total), nas quais temos de ir de barco às 6 horas da manhã da ilha do Pico para São Jorge e à chegada há chá, café, bolos regionais, pão, queijo regional e doces de perder a vista. Só quando todos têm o estomago aconchegado e recuperado de duas horas de barco é que é dada a partida. Não dou o exemplo desta prova por acaso. Na minha opinião, as provas organizadas pelo Azores Trail Run têm os melhores abastecimentos do mundo (pelo menos das que já fiz e assisti). A organização, a cargo do Mário Leal, aproveita para divulgar o que de melhor o arquipélago tem em todas as ocasiões, principalmente nos abastecimentos das provas. Assim, na ilha do Pico encontramos nos abastecimentos o queijo típico da ilha e doces dos seus frutos, como o de figo, bem como as famosas rosquilhas e, no jantar, no final, é ver o desfilar de torresmos, morcela, linguiça com inhame e molha de carne. Para regar não falta o verdelho. Ficamos prontos para mudar de ilha.

Em São Jorge nos abastecimentos não falta queijo, claro, a deliciosa canja que recupera mortos na última subida depois de quase 20 km nas pernas e das incontáveis escadarias. Há sempre também tomate, sal e, imagine-se, favas fritas (não encontrei esta delícia em abastecimentos em mais parte nenhuma). Há também um bolo típico com mel, frutos secos e frutas cristalizadas que só mesmo nos abastecimentos das provas da Azores Trail Run é que lhe meto o dente. Gosto tanto dos abastecimentos que até tenho um ritual: primeiro acabar a água das flasks para voltar a encher, depois canja, sal, favas, mais água, laranja e duas fatias de bolo para ir a comer à saída do abastecimento e esquecer o que custa retomar o ritmo depois de parar. À chegada ao final desta etapa, na Fajã dos Cubres, há sempre sopa de peixe ofertada pela tasca que lá existe e cujos proprietários se juntam à festa deixando os atletas tomar banho de chuveiro nas traseiras do estabelecimento. Depois é só apanhar o autocarro e ir para a sociedade local que oferece os pratos típicos da ilha. Uma das vezes em que participei até lá deixei as sapatilhas.

Fica a faltar a etapa do Faial, que começa no Vulcão dos Capelinhos e acaba no centro da cidade da Horta, 42 km depois. Confesso que aqui as dores já são mais do que muitas, mas os abastecimentos não falham e normalmente é no abastecimento após a Caldeira que a canja é rainha. No final regalamo-nos com o jantar de despedida e entrega de prémios. Novo banquete para que nunca mais nos esqueçamos desta aventura de uma vida. É assim nesta prova, na qual conhecemos três ilhas de uma forma profunda e completamente diferente, mas também nas outras que fazem parte do arquipélago, como a de Santa Maria, que teve a proeza de manter todos os participantes à espera dos últimos a terminar os 70 km (depois de eles próprios terem percorrido a distância ou meia volta à ilha, que são 42 km, como foi o meu caso), em torno de um porco no espeto e duas máquinas de imperial. O vídeo-resumo da aventura pode ser visto aqui: https://www.facebook.com/1068736003153481/videos/1558928220800921/. Vejam lá se me descobrem!

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17 abril 2020 – Departamento de Comunicação da Federação Portuguesa de Atletismo

PREPARAR TÓQUIO DESDE O RIO 2016

Carla Salomé Rocha deu uma entrevista exclusiva ao site da FPA. Entre outros assuntos falou sobre a atualidade e o que isso afeta os atletas.

«Para perceberam o impacto desta realidade num atleta, refiro que estou a preparar estes Jogos Olímpicos de Tóquio desde que terminei a minha participação nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. A preparação é feita ao longo de quatro anos e só o facto de não poder correr nem sair à rua, no mínimo vai fazer com que vá engordar. Fazendo umas contas rápidas, imaginemos que engordo dois a três quilos. Uma atleta, que já é magra, para perder esse peso demora cerca de quatro meses. Depois, a preparação para a maratona leva outros quatro ou cinco meses. Ora, se o mundo parar por completo é preciso um ano para preparar uma maratona. Por isso, temos de continuar da forma que podermos, sem parar», afirmou.

Entrevista completa: https://fpatletismo.pt/carla-salom%C3%A9-rocha-%E2%80%9Cpreparo-t%C3%B3quio-desde-o-rio-2016%E2%80%9D

«Pessoas com metas triunfam porque sabem para onde vão. É tão simples como isso.»,

Earl Nightingale, radialista e escritor

ATLETAS DAS PROVAS COMBINADAS ALERTAM

Um grupo de atletas de provas combinadas (31 decatletas e 24 heptateltas) escreveu uma carta à World Athletics pedindo para aumentar o número de participantes nos Jogos Olímpicos de 24 para 32 no decatlo e heptatlo. Eles pedem que a cota de participação seja atribuída pela o lugar no campo olímpico seja estabelecido não pelo Ranking Mundial, mas pelas melhores marcas conseguidas pelos atletas, para além da marca de qualificação.

CARIDADE

A fim de preencher um déficit de 4 biliões de libras para a caridade, causado pelo cancelamento e adiamento de corridas de estrada na Grã-Bretanha, vários organizadores, incluindo a Maratona de Londres, lançaram o 2.6 Challenge com o objetivo de angariar fundos para instituições de caridade. O evento acontecerá em 26 de abril, a data inicial da Maratona de Londres de 2019. "Esperamos que o Desafio 2.6, que começa no dia da 40ª corrida, inspire pessoas, famílias e comunidades a arrecadar fundos para a instituição de caridade escolhida para ajudar a Save the Charities, do Reino Unido", afirmou Hugh Brasher, diretor da Maratona de Londres.

Todos são convidados a fazer uma atividade em casa à volta dos números 2.6 ou 26 e doar dinheiro.

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UNIVERSITÁRIOS SEM APOIO

A Universidade de Wisconsin diz que não dará aos seus atletas da primavera mais uma temporada de elegibilidade e manda os seus finalistas “seguirem em frente”. Para diretor desportivo Barry Alvarez: “Tentamos incentivar os nossos finalistas a seguir em frente. Quem se formar tem de seguir em frente com a vida. Agradecemos tudo o que fizeram, mas terminou…»!

SAÚDE MENTAL E PERFORMANCE

Com o propósito de reunir os seus esforços para apoiar da melhor forma a Comunidade Desportiva, e no seguimento das orientações produzidas pelo Grupo de Atuação em Psicologia e Performance, ao qual pertence o psicólogo João Lameiras, da Federação Portuguesa de Atletismo, damos conhecimento dos documentos produzidos para Atletas, Treinadores e Famílias, que constituem um conjunto de “Manuais de Recomendação - Saúde Mental e Performance" a respeito do isolamento devido ao COVID-19. Estes documentos foram produzidos igualmente com os contributos de Ana Bispo Ramires (Comité Olímpico de Portugal), Ana Costa Barreto (Federação Portuguesa de Ténis) e Duarte Araújo (Faculdade de Motricidade - Universidade de Lisboa).

Documentos em: https://fpatletismo.pt/manuais-de-recomenda%C3%A7%C3%A3o-sa%C3%BAde-mental-e-performance

DOPING

O Tribunal de Arbitragem do Desporto (CAS) suspendeu o técnico russo de meia fundo Andrey Yeremenko, considerado culpado de subornar um inspetor de controlo antidoping da RUSADA, informa a Sport Express.

Em consequência foi suspenso por quatro anos.

O antigo vencedor da maratona de Londres, Daniel Wanjiru, negou qualquer irregularidade após ter sido suspenso provisoriamente pela AIU por anormalidades biológicas no passaporte. “Sou limpo nos desportes que pratico. Sinto que já sou visto como pecador do doping, mas não sou. Eu sou inocente. (…) Sabendo que nunca usei nada, tenho fé que tudo ficará bem”, afirmou em comunicado.

ESTRADA E TRAIL: AS DIFERENÇAS – PARTE V

Por Vanessa Pais

Poderíamos ficar aqui uma eternidade a estabelecer diferenças entre atletas de estrada e de trail, porque haveria tema para muito mais. Do mesmo modo também haveríamos de encontrar muito mais semelhanças entre uns e outros do que pensaríamos numa primeira análise, até porque não me parece que haja propriamente atletas de estrada e de trail. Conta-se pelos dedos das mãos o número de atletas que conheço e que só fazem provas de estrada ou de trail. A grande maioria – na qual me incluo – faz as duas coisas, porque retiram prazer de ambas as situações. Na verdade, o que importa é correr. Por isso, o que há ã dif i d

há são diferenças entre a atitude de um atleta numa prova de estrada e a sua atitude numa prova de trail, devido às características diferenciadoras que estes dois cenários conferem à corrida.

Recorrendo novamente à minha experiência, aquilo que noto é que a minha postura/atitude muda perante um desafio em estrada e um desafio em trail. Mas também é verdade que já levei muito do trail para a estrada e vice-versa. Vejamos alguns exemplos.

Da estrada “herdei” a competitividade. Por muito que corra porque gosto e, como se costuma dizer, “a feijões”, se puder fi à f ã fi á E

ficar à frente não fico atrás. E depois, com o passar do tempo, há sempre “arqui-inimigos” de estimação, ou seja, pessoas que começamos a encontrar sempre nas provas, que conhecemos e com as quais acabamos por ter pequenas rivalidades saudáveis.

Com o trail tornei-me mais “solidária”, o que veio equilibrar o nível de competitividade. Ou seja, teoricamente – até devido à especificidade das provas, que muitas vezes nos deixam em situação de risco – no trail há a máxima de que “ninguém fica para trás”. Até existe a figura do “vassoura”, que é alguém com

iê i d lid d

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experiência na modalidade e que se compromete a ser o último a chegar à meta, levando consigo os últimos atletas, mas também as fitas que servem para marcar o percurso, garantindo que a única pegada que fica da nossa passagem é apenas a da marca da sola das sapatilhas.

Portanto, não raras vezes já dei por mim a interromper provas em estrada e em trail para auxiliar outros atletas. E neste campo há bons e maus exemplos, como em tudo. Lembro-me que após a minha segunda participação na Meia Maratona de Lisboa pensei em abandonar a corrida em estrada. Num dos abastecimentos uma atleta escorregou na água e ninguém parava. Tive de me colocar à frente de alguns atletas para a levantar do chão, uma vez que já tinha sido pisada. Não foi bonito. Mas depois também já vi muito “fair-play” – até na alta competição (veja-se o que aconteceu nos últimos Campeonatos do Mundo) – e acho que os pratos da balança acabam por ficar equilibrados. A culpa não é da estrada, é das pessoas que nela correm.

No trail já perdi a conta às vezes que parei para ajudar outros atletas, chegando inclusive a não terminar a minha prova, porque acabei por ficar para trás e chegar depois da barreira horária. Também já fui eu a ser ajudada, muitas vezes sem que a pessoa que ajudou tenha tido noção disso. Por vezes, basta uma conversa de circunstância durante um par de quilómetros para que se recupere o fôlego e a motivação. É por isso que há provas de trail – como a exigente e já aqui falada Western States 100-Mile Endurance Run –

que permite que um atleta com a função de “pacer” acompanhe os participantes em algumas partes do percurso. É interessante verificar que o trail foi buscar este conceito à estrada, sendo que a sua função original de marcar o passo, ou seja, o ritmo, acabou por se transformar numa função mais de “animador/motivador” do que de marca passo.

Também a família e os amigos acabam por ter uma função diferente na estrada e no trail. Embora, em ambos os casos, seja possível participarem como

público da prova, na estrada só terão um papel mais ativo – como o de pacer – se correrem. Já no trail podem ter uma participação ativa – e até determinante – mesmo sem correr. É que em algumas provas a realizar em regime de autossuficiência ou semi-autossuficiência são a família e os amigos que vão de base de vida em base de vida dar apoio ao atleta, levando roupa seca e alguns alimentos, estando este tipo de apoio previsto e limitado no regulamento da prova. Assim, a assistência ao atleta acaba por ser quase uma prova à parte.

(Nota sobre a fotografia: Da primeira vez que fiz o Azores Trail Run – Triangle Adventure (3 ilhas, 103 km, 7000 metros D+), a minha segunda prova de trail, ia desistir na última etapa a 30 km da meta. Foi a Elisa Canário – comigo na foto – que me desafiou a seguir com ela e foi assim que conseguimos terminar a prova.)