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Destaques NMP: corte de pinheiros e outras resinosas Continua a decorrer, nas freguesias da Zona Tampão e adjacentes, a eliminação de coníferas hospedeiras do Nemátodo da Madeira do Pinheiro (NMP) secas ou a secar, tombadas e localizadas em áreas ardidas. O ICNF, I.P. tem vindo a substituir-se aos proprietários que não cumprem com estas obrigações, atua- ção que irá ser agora também direcio- nada a grandes áreas ardidas. Foi solici- tado às Juntas de Freguesia divulgação de Editais relativos a estas ações. Derrogação à madeira do freixo: Foram introduzidas exigências fitossanitá- rias adicionais à importação de certas espécies de madeira em resultado de alterações recentes à Diretiva 2000/29/CE, de 8 de Maio de 2000, entre as quais, novas exigências à importação de madeira de freixo originária de vários países terceiros. Assim, foi publicada a Decisão de Execu- ção da Comissão 2014/924/UE, de16 de dezembro de 2014, que se aplicará até final de 2015 para madeira, estilha, casca isolada e objetos de casca de Fraxinus L. originários dos EUA e Canadá. PDR2020: abertura de candidaturas Foi divulgado o plano de abertura das candidaturas ao novo quadro comunitá- rio PDR2020, destacando-se a medida M8. Proteção e Reabilitação de Povoa- mentos Florestais, nomeadamente as ações referentes à prevenção e restabe- lecimento da floresta face aos agentes bióticos e abióticos (8.1.3 e 8.1.4), com datas de abertura previstas para a 2ª quinzena de março e de julho, respeti- vamente. n.º1 São diversos os agentes bióticos nocivos que podem causar danos às espécies florestais, de quarentena ou não, sendo que no caso destes últimos não há, em geral, um controlo oficial generalizado. Não obstante, alguns destes agen- tes destacam-se pela sua nocividade ou risco de atingirem níveis epidémicos e, em alguns casos, pela ameaça que podem constituir para a saúde pública, ain- da que em situações concretas. É o caso da processionária-do-pinheiro, sendo por isso importante divulgar medidas de prevenção e controlo, tema a que é especificamente dedicado este número. Editorial Em foco Processionária-do-pinheiro: Thaumetopoea pityocampa (Denis & Schiffermüller) Inseto fitófago, é uma importante praga de pinheiros, sobretudo na região Mediterrânica, parasitando também Cedrus spp. e Larix spp.. Pode causar desfolhas severas, resultando em stress e suscetibilidade ao ataque de pra- gas secundárias, perda de biomassa e danos económicos. As plantações entre os 5 e os 15 anos são as mais suscetíveis mas, em geral, recuperam, exceto perante ataques intensos ou consecutivos, intensidade que é condicionada pelos níveis populacionais de processionária, fortemen- te influenciados pelas condições climáticas, entre outros fatores. Completa o seu ciclo biológico, num ano, distinguindo-se 2 fases, uma aé- rea, na copa dos hospedeiros, sendo o sinal mais distinto da sua presença a existência de ninhos sedosos formados na extremidade dos ramos, e outra subterrânea, no solo, ocorrendo a passagem de uma fase à outra com a mi- gração coletiva das lagartas, que abandonam a parte aérea do hospedeiro em procissão. Saiba mais + + n.º 4 |4.º trimestre de 2014 | 1

NMP corte de pinheiros e - ICNF · por isso importante divulgar medidas de prevenção e controlo, tema a que é ... Um exemplo desta tecnologia aplicada à fitossanidade florestal,

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Page 1: NMP corte de pinheiros e - ICNF · por isso importante divulgar medidas de prevenção e controlo, tema a que é ... Um exemplo desta tecnologia aplicada à fitossanidade florestal,

Destaques

NMP: corte de pinheiros e outras resinosas Continua a decorrer, nas freguesias da Zona Tampão e adjacentes, a eliminação de coníferas hospedeiras do Nemátodo da Madeira do Pinheiro (NMP) secas ou a secar, tombadas e localizadas em áreas ardidas. O ICNF, I.P. tem vindo a substituir-se aos proprietários que não cumprem com estas obrigações, atua-ção que irá ser agora também direcio-nada a grandes áreas ardidas. Foi solici-tado às Juntas de Freguesia divulgação de Editais relativos a estas ações.

Derrogação à madeira do freixo: Foram introduzidas exigências fitossanitá-rias adicionais à importação de certas espécies de madeira em resultado de alterações recentes à Diretiva 2000/29/CE, de 8 de Maio de 2000, entre as quais, novas exigências à importação de madeira de freixo originária de vários países terceiros.

Assim, foi publicada a Decisão de Execu-ção da Comissão 2014/924/UE, de16 de dezembro de 2014, que se aplicará até final de 2015 para madeira, estilha, casca isolada e objetos de casca de Fraxinus L. originários dos EUA e Canadá.

PDR2020: abertura de candidaturas Foi divulgado o plano de abertura das candidaturas ao novo quadro comunitá-rio PDR2020, destacando-se a medida M8. Proteção e Reabilitação de Povoa-mentos Florestais, nomeadamente as ações referentes à prevenção e restabe-lecimento da floresta face aos agentes bióticos e abióticos (8.1.3 e 8.1.4), com datas de abertura previstas para a 2ª quinzena de março e de julho, respeti-vamente.

n.º1

São diversos os agentes bióticos nocivos que podem causar danos às espécies florestais, de quarentena ou não, sendo que no caso destes últimos não há, em geral, um controlo oficial generalizado. Não obstante, alguns destes agen-tes destacam-se pela sua nocividade ou risco de atingirem níveis epidémicos e, em alguns casos, pela ameaça que podem constituir para a saúde pública, ain-da que em situações concretas. É o caso da processionária-do-pinheiro, sendo por isso importante divulgar medidas de prevenção e controlo, tema a que é especificamente dedicado este número.

Editorial

Em foco

Processionária-do-pinheiro: Thaumetopoea pityocampa (Denis & Schiffermüller) Inseto fitófago, é uma importante praga de pinheiros, sobretudo na região Mediterrânica, parasitando também Cedrus spp. e Larix spp.. Pode causar desfolhas severas, resultando em stress e suscetibilidade ao ataque de pra-gas secundárias, perda de biomassa e danos económicos.

As plantações entre os 5 e os 15 anos são as mais suscetíveis mas, em geral, recuperam, exceto perante ataques intensos ou consecutivos, intensidade que é condicionada pelos níveis populacionais de processionária, fortemen-te influenciados pelas condições climáticas, entre outros fatores.

Completa o seu ciclo biológico, num ano, distinguindo-se 2 fases, uma aé-rea, na copa dos hospedeiros, sendo o sinal mais distinto da sua presença a existência de ninhos sedosos formados na extremidade dos ramos, e outra subterrânea, no solo, ocorrendo a passagem de uma fase à outra com a mi-gração coletiva das lagartas, que abandonam a parte aérea do hospedeiro em procissão.

Saiba mais

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Page 2: NMP corte de pinheiros e - ICNF · por isso importante divulgar medidas de prevenção e controlo, tema a que é ... Um exemplo desta tecnologia aplicada à fitossanidade florestal,

Decreto-Lei n.º 170/2014, de 7 de novembro, procede à nona alteração ao Decreto -Lei n.º 154/2005, de 6 de setem-bro, transpondo para a ordem jurídica interna duas diretivas de execução de junho de 2014. Decisão de execução da Comissão 2014/924/UE, de 16 de dezembro, derrogação a determinadas disposições da Dire-tiva 2000/29/CE, do Conselho, de 8 de maio no que respeita a madeira e casca de freixo originários do Canadá e EUA.

Diplomas legais recentes

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Combate à dispersão de processionária-do-pinheiro

janeiro a maio: destruição das lagartas em procissão e pupas no solo

- Aplicar cintas nos troncos das árvores embebidas em cola à base de poli-isolbutadieno e/ou proceder à recolha manual e queima das lagartas encontradas no solo (cuidado com os pelos urticantes!); mobilizar o solo, nos locais onde se sus-peita de enterramento, para destruição das pupas.

junho a setembro: uso de armadilhas

- Instalar armadilhas iscadas com ferormonas sexuais (1 a 3 por hectare), para captu-ra de machos (borboletas).

setembro a outubro/novembro: tratamentos bioquímicos

- Através de inibidores de crescimento, hormonas de muda dos insetos e inseticidas microbiológicos à base de Bacillus thuringiensis (apenas eficaz nos primeiros instares de desenvolvimento larvar 8-10mm de comprimento) - até outubro;

- Através de microinjeção no tronco (lagartas até 30mm) - normalmente eficaz entre setembro e novembro .

outubro a dezembro: destruição de ninhos

- Proceder à remoção manual dos ninhos seguida de queima ou injeção de um in-seticida piretróide de síntese nos ninhos (ação a executar durante o dia, quando as lagartas se encontram no ninho).

Outras medidas, essencialmente preventivas

- Utilizar espécies não hospedeiras na bordadura de plantações de hospedeiros, em particular na proximidade de aglomerados populacionais e caminhos; - Monitorizar os hospedeiros (observação e utilização de armadilhas); - Aplicar tratamentos preventivos (microinjeção no tronco), em áreas circunscritas.

Consulte a DGAV para informações sobre os produtos fitofarmacêuticos mais adequados, sua venda e aplicação.

Prevenção e controlo Saiba mais

Nos dois últimos estádios de desenvolvimento as lagartas apresentam pelos urticantes que uma vez em contacto / inala-dos podem provocar irritações na pele e mucosas, causando, frequentemente, reações alérgicas graves. Podem igualmen-te afetar, com severidade, animais domésticos e fauna selvagem.

Em 1997 foi descoberta, na Mata Nacional de Leiria, uma população atípica, com desenvolvimento larvar estival, ocorren-do as fases urticantes no Verão (de agosto a outubro), por oposição à população invernal (outubro a março), o que obriga à adequação das medidas de controlo preconizadas.

Uma vez que só em ocasiões muito específicas conduz à morte dos hospedeiros, não está definido um plano de controlo oficial para este inseto. Todavia, é importante divulgar medidas de prevenção e controlo, sobretudo dados os potenciais impactos na saúde pública, com destaque para locais habitados ou frequentados por populações, junto de pinhais.

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Atenção!

NÃO DESCURE A SEGURANÇA!

Use proteção adequada no manuseamento de ninhos, lagartas e ramos de árvores atacadas.

Interdite o acesso a zonas afe-tadas, sobretudo a crianças e animais domésticos, particu-larmente na fase de procissão e quando da adoção de méto-dos mecânicos de destruição.

Em caso de irritações origina-das por processionária, recorra ao serviço de saúde (ou veteri-nário) mais próximo! +

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Até final de março

Elimine da sua área florestal as resinosas tombadas, ardidas, afogueadas ou que apresentem a copa seca ou a secar assim como os sobrantes da exploração.

Planeie as suas operações de exploração florestal e comerciali-zação de produtos e subprodutos de resinosas atempadamente, tendo em atenção as alterações à circulação e armazenamento de material lenhoso que têm lugar a partir de abril.

Ao fazer a faixa de gestão de vegetação para prevenção dos incêndios florestais à volta da sua edificação ou de outras infraes-truturas, legalmente prevista (Decreto-Lei n.º 17/2009, de 14 de janeiro) dê preferência ao abate de árvores doentes, enfra-quecidas ou mortas.

Após 1 de abril

O material vegetal de reprodu-ção de castanheiro introduzido, no período de novembro a mar-ço, em locais sem proteção física contra o inseto Dryocosmus kuriphilus situados na zona de-marcada e que não tenha sido comercializado, não poderá per-manecer na zona demarcada no período de abril a outubro, de-vendo por isso ser transferido, até 31 de março, para um local com proteção física contra o in-seto situado na zona demarcada, ser expedido para uma zona isenta deste inseto ou ser destru-ído.

Lista das freguesias que integram as zonas demarcadas.

Recomendações Aplicações e equipamentos

DRONE: aplicação à monitorização de áreas florestais1 1 Adaptado de texto cedido por Luis Miguel Martins (UTAD)

Novas soluções e técnicas de monitorização de áreas florestais em declínio estão a ser desenvolvidas e recorrem a métodos de deteção remota, desig-nadamente através da utilização de informação obtida por aeronaves não tripuladas. Vulgarmente conhecidos por Drones, são equipamentos facilmen-te transportáveis e estão concebidos para terem capacidade de voo e registo de imagens, com controlo relativamente simples pelo operador. Além disso, o espaço habitualmente necessário às operações de descolagem ou aterra-gem é relativamente curto o que permite a sua operacionalidade em pratica-mente qualquer área de floresta.

Um exemplo desta tecnologia aplicada à fitossanidade florestal, deu-se em 2014 com a monitorização do declínio em áreas de castanheiro localizadas na região de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Num estudo desenvolvido pela equipa do Prof. Luis Miguel Martins (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro-UTAD, [email protected]), com recurso ao Drone (eBee da senseFly) obtiveram-se fotografias aéreas policromadas e de infravermelho próximo (NIR), nos concelhos de Valpaços e Vinhais, as quais, comparadas com registos aerofotográficos de 2006, permi-tiram estimar que, entre 2006 e 2014, as perdas de produção de castanha atingiram quase 50% dos povoamentos, devido à mortalidade e ao declínio dos castanheiros, cujas causas se podem imputar sobretudo à tinta e ao can-cro. As fotos captadas pelo Drone possibilitaram ainda conhecer os focos de declínio mais expressivos.

Esta metodologia poderá ser utilizada como ferramenta de apoio à identifica-ção, avaliação e monitorização do estado fitossanitário de outras espécies florestais, nomeadamente para identificação de coníferas com sintomas de declínio.

Neste sentido, foi proposta uma parceria entre o ICNF, I.P. e a GNR para, a título experimental, utilizar esta metodologia na área do Parque Nacional da Peneda Gerês, com o objetivo de monitorizar e identificar arvoredo com declínio, delimitar áreas ardidas e monitorizar o estado das faixas de gestão de combustível.

Castanheiro com cancro e fotografia área obtida pelo Drone (eBee da senseFly).

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Ficha técnica

Coordenação Divisão de Proteção Florestal e

Valorização de Áreas Públicas

Conteúdo Andreia Oliveira, Dina Ribeiro, Helena Marques, José Rodrigues, Sofia Domingues, Suzel Marques e Telma Ferreira.

Ilustração: João Carlos Farinha

Design gráfico e criatividade Inês Vasco

Contactos

Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP | Departamento de Gestão de Áreas Classificadas

Públicas e de Proteção | Divisão de Proteção Florestal e Valorização de Áreas Públicas

Avenida da República, 16 - 1050-191 Lisboa | tel. 213 507 900 | www.icnf.pt

Para receber o nosso boletim informativo envie um email para [email protected]

Reunião anual de forne-cedores de MFR O ICNF, I.P. realizou no dia 20 de outubro mais uma Reunião Anual de Fornecedores de MFR, a qual contou também com a presença da ANEFA e da CELPA; um dos te-mas abordado visou as medidas de proteção fitossanitária em forne-cedores de MFR.

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Aconteceu

Ações de formação para Vigilantes da Natureza No âmbito dos objetivos estabelecidos no POSF, o ICNF, I.P. realizou, nos dias 23 de outubro e 11 de dezembro, duas ações de formação para Vigilantes da Natureza. A primeira visou melhorar o conhecimento dos vigilantes sobre os procedimentos em vigor para operacionalizar as ações de controlo do NMP e a segunda disponibilizou informação sobre diversos agentes bióticos nocivos com impacto nos ecossistemas florestais e procedimentos de prevenção e controlo para minimizar os seus efeitos negativos.

Reunião de peritos da Ação COST FP1002 PERMIT Em 27 de outubro, o ICNF, I.P. participou na reunião de peritos nacionais e internacionais, promovida pelo INIAV, I.P. no âmbito da Ação COST FP1002 PERMIT, apresentando uma comunicação intitulada “What can happen in the case of invasive alien species introduction? The Portuguese case study related to PWN control”.

POSF: Instrumento es-tratégico de prevenção e controlo A 6 e 12 de novembro, o Programa Operacional de Sanidade Florestal, foi apresentado pelo ICNF, I.P. co-mo instrumento estratégico de prevenção e controlo de agentes bióticos nocivos, em dois encon-tros promovidos pela ANEFA e pela AIFF, respetivamente.

Prémio para melhor comunicação na área florestal No 1º Simpósio da Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal e 7º Congresso da Sociedade Portuguesa de Fitopatologia, “Novos Desafios na Proteção das Plantas”, que se realizou nos dias 20 e 21 de novembro, foi atribuído ao inves-tigador Luís Miguel Martins, da UTAD o Prémio de melhor comunicação na área florestal, patrocinado pelo Grupo Portucel Soporcel com a apresentação sobre “Monitorização da condição fitossanitária do castanheiro, por fotografia área obtida com aeronave não tripulada”. Este trabalho teve coautoria dos Investigadores João Paulo Castro do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Ricardo Bento (UTAD) e Joaquim Sousa (UTAD).

Primeira reunião da Task Force criada pela Comissão Europeia Decorreu, entre 24 e 28 de novembro, a 1.ª reunião da Task Force dirigida ao controlo do nemátodo da madeira do pinheiro, que foi criada pela Comissão Europeia com o objetivo de rever e procurar eventuais novas soluções que contribuam para um controlo mais efici-ente e eficaz do NMP. Estão previstas 5 novas reuniões deste grupo de trabalho, a decorrer em 2015, visando a continua-ção da discussão desta temática e in-cluindo a análise de diversas áreas, des-de as relacionadas com a adoção de boas práticas de gestão florestal susten-tável à investigação aplicada.

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