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Coordenação para Povos Tradicionais e Populações Rurais Secretaria de Cultura de Pernambuco | SECULT - PE Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco | FUNDARPE

No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

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Publicação oficial da Secretaria de Cultura de Pernambuco que apresenta um balanço das ações da Coordenação para Povos Tradicionais e Populações Rurais no período de 2011 a 2013.

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Coordenação para Povos Tradicionais e Populações RuraisSecretaria de Cultura de Pernambuco | SECULT - PEFundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco | FUNDARPE

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Foto: Quilombo Conceição Das Crioulas, Salgueiro-2012 Synara Klyni/Secult-PE

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Foto: Costa Neto/Secult-PE

Foto: Beto Figueroa/Secult-PE

Foto: Acervo Fundarpe/Secult-PE

Foto: Acervo Fundarpe/Secult-PE

Foto: Ricardo Moura/Secult-PE

Foto: Costa Neto/Secult-PE

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ÍNDICE

05 Apresentação

06 A Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco

08 A coordenação para povos tradicionais e populações rurais

10 Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

12 Comunidade quilombolas

14 Comunidades Ciganas

16 Povos indígenas

18 Acampamentos, assentamentos, sítios e agrovilas

20 O diálogo como princípio

24 Ação e reflexão em sintonia

24 Eixo Articular

28 Eixo Pesquisar

34 Eixo Formação

40 Eixo Fomento e Difusão das Expressões Culturais

46 Política pública de cultura para Povos Tradicionais e Populações Rurais em Pernambuco: desafios e perspectivas

52 Sites recomendados

54 Filmes Recomendados

56 Referências

Foto: Acervo Fundarpe/Secult-PE

Foto: Synara Klyni/Secult-PE

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Apresentação

Na construção de uma política pública é sempre bom lembrar o tempo. O seu

fluir, o seu ritmo, sua pressa, a sua calma, a urgência e a necessária firmeza de propósi-to. Diz o rapper Criolo que “Di Cavalcanti, Oiticica e Frida Kahlo têm o mesmo valor da benzedeira do bairro”. Para a política públi-ca de cultura que vem sendo desenvolvida pelo Governo do Estado de Pernambuco desde 2007, o verso não poderia ser mais representativo. Como princípio de ação, uma gestão deve prezar pelo benefício de todos e considerar a diversidade do seu povo, seja ela estética, territorial, social ou, simplesmente, cultural. Deve ter ainda como norte conceitos que primem pela inclusão, pela democracia, pela participação, pela descentralização. Atuando junto à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fund-arpe), a Secult-PE trabalha com o objetivo de ampliar e consolidar a sua política cultural com ações de fomento, difusão, formação, regionalização, reconhecimento, valorização e diversidade cultural, tendo ainda como horizonte o patrimônio e a memória. A intenção maior é lançar luzes nos artistas, nos territórios, nos povos tradicionais e nos invisíveis para, assim, lançar cada vez mais luzes nas plateias, nas pessoas. É com este

propósito que temos a honra de apresentar agora esta publicação. “No Território das Culturas: A experiência da Secretaria de Cultura de Pernambuco com Populações Tradicionais e Povos do Cam-po” traz informações e propõe um diálogo sobre as atividades formativas, de pesquisa, fomento e difusão, apoios e articulações realizadas até aqui. É resultado de um esforço coletivo que supera a obrigatória prestação de contas das nossas ações de governo. Vai além dos números e dados formais de gestão, optando também pela apresentação de toda a riqueza do repertório cultural e dos saberes qui-lombolas, indígenas, ciganos, das populações de comunidades rurais e de assentamentos. Importantes sujeitos sociais que, marcados por uma existência coletiva e organizados em torno de demandas específicas, merecem cada vez mais do poder público um olhar diferenciado, de reconhecimento e respeito às suas tradições.

Boa leitura!

Secretaria de Cultura de Pernambuco

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A Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco

A Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) foi criada, juntando-se à já

existente Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), em 2011. A construção da Secult-PE parte do reconhecimento do Governo do Estado de Pernambuco da necessidade de ampliar e consolidar a política pública do Estado para a cultura. As ações da secretaria têm como objetivo “desesconder” o estado, valorizando e fortalecendo as manifestações culturais locais que têm menos oportunidades de expressar suas identidades e memórias, através de ações de fomento, formação, regionalização, reconhecimento e valorização da diversidade cultural. “Luz nas pessoas, luz nos territórios” é o que move a construção dos planos de todos os segmentos da Cultura.

CONCEITOS ESTRUTURADORES

VIRTUAL E PRESENCIAL

ELOS FRACOS E

FORTES

INDIVÍDUO E COLETIVO

NARRATIVA E UTOPIA

ESTRATÉGICO E ECONÔMICO

PAISAGEM E COMUNICAÇÃO

CO

NSO

LIDA

R A P

OLÍTI

CA PÚBLICA DE CULTURA

MEMÓRIA E PATRIM

ÔNIO

TERRITÓRIO E ARTICULAÇÃO

Pensar Pernambuco a partir de cada um dos seus territórios e suas particularidades culturais

é um dos objetivos da Secult-PE/Fundarpe, seja nos Pontos de Cultura ou nas aldeias

indígenas e nas comunidades quilombolas e ciganas. Um princípio que se soma ainda à

ideia de articulação, percebendo os territórios como parte de uma rede.

São noções que dialogam com os princípios da regionalização e

descentralização.

DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO

Ideais orientadores de todas as ações da Secult-PE/Fundarpe, cuja política tem como ponto de partida o benefício para todos, sobretudo os artistas, os grupos e os povos com menor visibilidade social.

Além da inclusão, o princípio democrático da participação é também conceito norteador das ações

das instituições de cultura do Estado, seja através da cogestão, com fóruns, encontros e outros meios, ou das consultas realizadas com os

produtores de cultura das regiões no período anterior à chegada dos

festivais, por exemplo.

TRAMA E DENSIDADE

Uma política horizontal em sua extensão e vertical em sua profundidade. No alcance e no enredamento, a cultura é concebida em suas mútiplas dimensões, a

partir da ideia de um "todo" que não é homogêneo, mas parte de uma trama densa, interligada e complexa de manifestações. Tais conceitos se comunicam com os demais, seja na regionali-

zação e descentralização, no território e na articulação ou ainda nas questões envolvendo inclusão, diversidade,

memória e patrimônio.

REGIONALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO

Do Sertão à Região Metropolitana do Recife, nosso estado é dividido por 12 Regiões de Desenvolvi-

mento, além do Arquipélago de Fernando de Noronha. A política pública de cultura estadual

se orienta por isso e procura descentralizar suas ações, seja por meio dos ciclos festivos, dos festivais, do Funcultura

ou de projetos como o Cultura Livre nas Feiras, por

exemplo.

TRADIÇÃO E VANGUARDA

Compreendendo Pernambuco em sua diversidade, ambos os conceitos sinalizam, de um lado, a

preocupação da Secult-PE/Fundarpe com os mestres da cultura popular, os povos tradicionais e os demais

patrimônios de nossa tradição cultural e, de outro, com os artistas experimentais, que buscam, por

meio de diferentes linguagens, trabalhar, de alguma maneira, com a renovação artística.

Tais conceitos dialogam com a ideia de inclusão proposta pela política

pública de cultura estadual.

CONSISTÊNCIA E CONSTÂNCIA

Conceitos que representam a continuidade como princípio das ações governamentais, sem o qual não é possível a construção de

uma política pública de cultura. Extrapolam a ideia de uma gestão ou um evento isolado, e orientam a solidez de

práticas consideradas estratégicas para o desenvolvimento

cultural do Estado.

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CONCEITOS ESTRUTURADORES

VIRTUAL E PRESENCIAL

ELOS FRACOS E

FORTES

INDIVÍDUO E COLETIVO

NARRATIVA E UTOPIA

ESTRATÉGICO E ECONÔMICO

PAISAGEM E COMUNICAÇÃO

CO

NSO

LIDA

R A P

OLÍTI

CA PÚBLICA DE CULTURA

MEMÓRIA E PATRIM

ÔNIO

TERRITÓRIO E ARTICULAÇÃO

Pensar Pernambuco a partir de cada um dos seus territórios e suas particularidades culturais

é um dos objetivos da Secult-PE/Fundarpe, seja nos Pontos de Cultura ou nas aldeias

indígenas e nas comunidades quilombolas e ciganas. Um princípio que se soma ainda à

ideia de articulação, percebendo os territórios como parte de uma rede.

São noções que dialogam com os princípios da regionalização e

descentralização.

DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO

Ideais orientadores de todas as ações da Secult-PE/Fundarpe, cuja política tem como ponto de partida o benefício para todos, sobretudo os artistas, os grupos e os povos com menor visibilidade social.

Além da inclusão, o princípio democrático da participação é também conceito norteador das ações

das instituições de cultura do Estado, seja através da cogestão, com fóruns, encontros e outros meios, ou das consultas realizadas com os

produtores de cultura das regiões no período anterior à chegada dos

festivais, por exemplo.

TRAMA E DENSIDADE

Uma política horizontal em sua extensão e vertical em sua profundidade. No alcance e no enredamento, a cultura é concebida em suas mútiplas dimensões, a

partir da ideia de um "todo" que não é homogêneo, mas parte de uma trama densa, interligada e complexa de manifestações. Tais conceitos se comunicam com os demais, seja na regionali-

zação e descentralização, no território e na articulação ou ainda nas questões envolvendo inclusão, diversidade,

memória e patrimônio.

REGIONALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO

Do Sertão à Região Metropolitana do Recife, nosso estado é dividido por 12 Regiões de Desenvolvi-

mento, além do Arquipélago de Fernando de Noronha. A política pública de cultura estadual

se orienta por isso e procura descentralizar suas ações, seja por meio dos ciclos festivos, dos festivais, do Funcultura

ou de projetos como o Cultura Livre nas Feiras, por

exemplo.

TRADIÇÃO E VANGUARDA

Compreendendo Pernambuco em sua diversidade, ambos os conceitos sinalizam, de um lado, a

preocupação da Secult-PE/Fundarpe com os mestres da cultura popular, os povos tradicionais e os demais

patrimônios de nossa tradição cultural e, de outro, com os artistas experimentais, que buscam, por

meio de diferentes linguagens, trabalhar, de alguma maneira, com a renovação artística.

Tais conceitos dialogam com a ideia de inclusão proposta pela política

pública de cultura estadual.

CONSISTÊNCIA E CONSTÂNCIA

Conceitos que representam a continuidade como princípio das ações governamentais, sem o qual não é possível a construção de

uma política pública de cultura. Extrapolam a ideia de uma gestão ou um evento isolado, e orientam a solidez de

práticas consideradas estratégicas para o desenvolvimento

cultural do Estado.

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“A Coordenação para povos tradicionais e populações rurais foi criada como fruto da nossa experiência na prefeitura do Recife, na militância no movimento de cultura e também do que vinha sendo feito pela gestão anterior da Secretaria de Cultura do Estado de Pernam-buco. Montamos um plano de trabalho a partir das reivindicações desses sujeitos coletivos. A ideia era de apoiar as manifestações culturais, realizar formação. A gente queria contribuir com esses grupos que têm um diferencial muito forte: a questão do território. A coordenação é uma meta prioritária, tem uma importância estratégica no nosso governo.”

Fernando DuarteSecretário de Cultura do Estado de Pernambuco

(Gestão de Janeiro de 2011 a Outubro de 2013)

“A criação da Coordenação para Povos Tradicio-nais e Populações Rurais tem uma importância muito grande, pela questão de chegar até nós respeitando as nossas especificidades e individu- alidades. Muitos apoios chegam ao município, mas não têm a nossa cara, não valorizam o que a gente já tem de cultura, que na realidade tá se perdendo com o tempo... e essa coordenação ajuda nesse fortalecimento por que a gente se sente autêntico, se sente parte daquilo.”

GerlaineSítio São Caetano

Comunidade Quilombola (Betânia)

A Coordenação para povos tradicionais e populações rurais

Foto: Quilombo Chã dos NegrosCosta Neto/Secult-PE

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A Coordenação para povos tradicionais e popu- lações rurais foi criada como estratégia da Secre-

taria de Cultura de Pernambuco para ampliar e conso lidar a política pública de cultura possibilitando a sua descentralização e a interiorização de suas ações para todas as regiões de desenvolvimento do Estado.

O princípio que rege a atuação da Coordenação é o respeito às especificidades de cada grupo atendido. Para isso, desenvolve ações de articulação, pesquisa, formação, fomento e apoio às suas manifestações culturais, reconhecendo e fortalecendo a pluralidade cultural no estado de forma a valorizar seus saberes, memórias, histórias e identidades.

O público a quem se destina a ação da Coordenação, como próprio nome já anuncia, são os povos tradicio-nais e as populações rurais do estado de Pernambuco. Estes grupos estão localizados nas diversas regiões ad-ministrativas e mais precisamente no mundo rural.

Como pode ser observado, a Coordenação está atuando em todas as regiões de desenvolvimento cumprindo sua meta de interiorizar a política de cultura do estado de Pernambuco.

Povos Tradicionais. Grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimen-tos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.

mundo rural. “(...)chamo de mundo rural (...).Quaisquer que se-jam suas formas espaciais e sociais, resultantes das distintas formações históricas, das quais fazem par-te, o mundo rural se define por uma dupla característica: a pre-dominância dos espaços naturais sobre os espaços construídos e sua conformação enquanto pequeno grupo social, onde predominam as relações de proximidade e de interconhecimento. ... Este mundo rural que se move em função das dinâmicas, de uma certa forma “externas” e “internas” que, longe de serem antagônicas, confluem gerando os processos sociais rurais. (WANDERLEY, 2011:20)

Povos tradicionais e populações rurais atendidas pela coordenação, por Região de Desenvolvimento

A Coordenação para populações tradicionais e povos rurais

Sertão do Araripe0208

05

04

01010103

Sertão Central

Sertão do São Francisco

Sertão de Itaparica

09 Sertão do Pajeú06 Sertão Moxotó

06 Agreste Central

04 Agreste Meridional

Agrete Setentrional

Mata Norte

Mata SulRegião Metropolitana

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Pernambuco é um estado cuja população é muito rica em sua diferença geográfica e

cultural, os povos que vivem no mundo rural são diversos, tanto do ponto de vista quanti-tativo quanto qualitativo.

Para garantir uma ação mais consistente, a coordenação, em diálogo com as organi-zações representativas, priorizou até agosto de 2013, o trabalho junto aos indígenas, ciga-nos, quilombolas, assentamentos e acam- pamentos do Movimento Sem Terra (MST)

Terra e Território. Dessa maneira, o con-ceito de território é mais do que um assunto de distribuição de terra, é mais abrangente do que uma reforma agrária que não contempla ou não prevê o respeito dos territórios, não somente dos povos indígenas, como os pes-cadores e os pastores. Então existe a reforma agrária que se concentra, somente, na dis-tribuição de terra. No entanto, nossa luta é pela terra e também pelo território. A luta pela terra é a luta para ter acesso à terra pelos que não têm, que são os sem terra. A luta por

defender o território significa proteger os povos ancestrais que vivem, convivem e cuidam dos recursos naturais existentes. A biodiversidade dos ecossistemas e dos recursos naturais como minérios e metais, como ouro, prata, etc, devem ser protegidos porque são parte dessa natureza. (Daniel Pacual Hernandez entrevista a Raquel Casiraghi, Revista ALAI | America Latina em Movimiento)

Patrimônio Cultural Imaterial. A Unes-co define como “as práticas, representações,

e outros sítios e agrovilas articulados pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Pernambuco (FETAPE).

O que há em comum entre esses grupos é a sua ligação com a terra, o território e a riqueza de seus patrimônios. Para esses gru-pos, o lugar onde vivem é o espaço onde cri-am e recriam suas culturas, mantém relações afetivas, econômicas e sociais, enfrentam vários tipos de conflitos. Lutam pelas suas terras, pelas suas identidades, relembran-

Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

Foto: Quilombo Chã dos NegrosCosta Neto/Secult-PE

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expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e luga- res culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integran-te de seu patrimônio cultural.”O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e con-tinuidade, contribuindo assim para promover o

respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Grupos étnicos. são aqueles que se auto iden-tificam e que se mobilizam politicamente em torno de demandas comuns e diferenciadas do conjunto da sociedade nacional, especialmente o direito ao território que tradicionalmente ocupam e que é a base de sustentação de sua etnicidade. (Sertão Quilombola , 2008:7)

do suas histórias, praticando seus rituais, vivenciando sua organização social e os seus patrimônios Materiais e Imateriais. Além disso, essas comunidades apresentam como principais características as relações de parentesco e o uso comum das terras para garantir sua sobrevivência física e cultural.São esses grupos, compostos por sujeitos de direitos específicos, diferenciados por suas etnias, culturas e por suas relações com a terra e território, a quem se destinam as

“Pra mim, isso mostra que a nossa discussão ganha corpo quando a

gente consegue avançar no sentido de garantir dentro da Secretaria um

espaço que trate dos indígenas.”

Josué Pereira da Silva (Zuca) Cacique Kambiwá

Povos Tradicionais e Populações Rurais

atendidas pela coordenação

Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

ações da Coordenação para povos tradicio- nais e populações rurais e que agora passa-mos a fazer uma sucinta descrição.

Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação 57 Comunidades Quilombolas

12 Comunidades Indígenas

06 Comunidades Rurais

10 Comunidades Ciganas

05 Assentamentos e Acampamentos

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Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

Comunidades Quilombolas

Existem comunidades quilombolas em quase todo o território brasileiro. Em Pernambuco, o movimento quilombola estima a existên-cia de 150 Quilombos, já a Fundação Pal-mares traz o número de 108 comunidades certificadas no estado.

Elas se constituíram a partir de uma situação de resistência econômica, cultural, social e política à sociedade brasileira em fins do século XIX ante o processo de escravização de mulheres e homens que foram trazidos a força do continente africano. Os posicio-namentos e enfrentamentos ao modelo escravocrata impuseram a este grupo outra organização territorial.

Sertão do Araripe0115

41

17

17

03

25

030201

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Sertão Central

Sertão do São Francisco

Sertão de Itaparica

Sertão do PajeúSertão Moxotó

Agreste CentralAgreste Meridional

Agrete Setentrional

Mata Norte

Mata SulRegião Metropolitana

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Desse modo, a relação dessas comunidades com a terra passa a ter um significado par-ticular, e é essa especificidade que lhes dá o aval para terem direitos específicos.

As comunidades quilombolas de Pernam-buco estão localizadas em várias regiões do estado e se articulam politicamente através da Comissão Estadual de Articulação das Comunidades Quilombolas de Per-nambuco.

Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

Fundação Cultural Palmares. Criada em 1988, a fundação é uma instituição pública vinculada ao Ministério da Cul-tura que tem a finalidade de promover e preservar a cultura afro-brasileira.

Certificação. Documento emitido pela Fundação Palmares a partir do auto-reconhecimento da comunidade como sendo quilombola. É a partir da certificação que se dá início ao processo burocrático de regularização do território.

Comissão Estadual de Articulação das Comunidades Quilombolas de Pernam-buco. Criada em 2003 com objetivo de “articular as comunidades do estado para que a luta pela garantia dos direitos dos quilombolas avance de forma integrada” (AQCC, 2003).

Grupos. Para o pesquisador Prof. Dr. Mauricio Arruti, os motivos pelos quais as políticas públicas não chegam às comuni-dades quilombolas são: i) Falta de critérios para estabelecer a população a ser atingida (a SEPPIR estima a existência de 3.900 comuni-dades quilombolas no país, mas, segundo a Fundação Cultural Palmares há 2278 comunidades registradas em políticas públicas através do processo de certifi-cação desta instituição); ii) Gestão dos recursos nos municípios (recorrente controle em relação a des-tinação de recursos devido ao processo histórico de exclusão destas comunidades pelos poderes locais).

Segundo a Comissão Estadual Quilombola o principal desafio enfrentado por essas comu-nidades para ter acesso a políticas públicas é o fato dos gestores públicos não as reconhe- cerem como grupos etnicamente diferencia-dos e, dessa forma, insistem em desenvol- ver políticas universalizantes, sem respeitar as diferenças culturais dos grupos.

Foto: Quilombo BredosCosta Neto/Secult-PE

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Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

Comunidades Ciganas

Segundo o presidente da Associação de Ciga-nos de Pernambuco - ACIPE, Enildo Soares, há cerca de 20.000 ciganos da etnia Calon em quase todas as regiões do estado de Per-nambuco, e esta população está em número maior no Agreste e no Sertão.

A origem dos ciganos é cheia de controvér-sias, por serem ágrafos, não existe registro de informações que possam trazer dados concretos.

É a partir do olhar dos “não ciganos”, que essa história chega a nós, carregada de pre-conceitos e estigmas. Algumas referências apontam a origem dos ciganos à Índia e o fazem a partir da identificação de práticas da cultura hindu que até hoje faz parte do universo cigano.

De todo modo, segundo a literatura, os ciga-nos, por serem nômades, acabaram por in-corporar características culturais dos lugares por onde passavam. Por isso, é importante ressaltar a heterogeneidade desses grupos, para não incorrermos no erro de tratá-los

como um grupo com características culturais uniformes. Segundo Ramanush (2011), não existe uma “ciganicidade” como conteúdo único para todos os grupos ciganos, existe uma phralipen romane (irmandade cigana). Ao que se sabe, os primeiros ciganos che-

dados concretos. A documentação sobre ciganos é escassa e dispersa. Sendo ágrafos, os ciganos não deixaram registros escritos. Assim, raramente aparecendo nos documentos, aproximamo-nos deles indiretamente, através de mediadores, chefes de polícia, clérigos e viajantes, por exemplo. Nestes testemunhos, a informação sobre os ciganos é dada por intermédio de um olhar hostil, constrangedor e estrangeiro. (TEIXEIRA, 2008:5)

nomandes. Para Ramanush: quem já não ouviu dizer que: “cigano é igual ao vento não tem parada!”, eis outro estereótipo sobre nossa realidade. As viagens e deslocamento sempre

ocuparam papeis funcionais e não tradiciona-is. Permitiam o exercício de nossas profissões (geralmente artesanais e bem apreciadas, como utensílios domésticos de metal e de madeira, caixeiro viajante, negociante de cavalos, feiran-te, artista). As viagens tinham e ainda têm uma função econômica. E ou ocorria o tal “nomadis-mo”, por conta de que éramos expulsos do local. (RAMANUSH, 2011,:8)

ciganos. Segundo os pesquisadores (TEIXEI-RA, 2008), os ciganos estão divididos em três grupos: • Os Rom, que têm forte relação com a Europa Central e os Bálcãs e migraram para o Leste da

Foto: Cigana Rejane SoaresChico Ludermir/Secult-PE

Sertão do Araripe0202

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Sertão do São Francisco

Sertão de Itaparica

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Agreste Central

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Mata SulRegião Metropolitana

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Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

garam ao Brasil no período da colonização oriundos de Portugal e, como diz Teixeira (2008), “não vieram voluntariamente, mas expulsos daquele país”. Portanto, os ciganos saem das terras portuguesas em condição de degredo, sobretudo, por não corresponderem

à expectativa da fé católica e por afirmarem a sua identidade étnica.

Hoje no Brasil existem basicamente dois grupos ciganos, os Calon e os Rom. Segundo dados do IBGE do censo de 2010 são cerca de 800 mil ciganos em assentamentos de 291 municípios brasileiros.

Em relação às políticas públicas, pode-se di-zer que não há políticas específicas voltadas para esta população, apesar de haver algum diálogo com setores de governo como na área da saúde de Pernambuco, por exemplo. A questão territorial (o noma- dismo) é também um aspecto que dificulta o acesso de ciganas e ciganos às políticas estatais voltadas para a população em geral.

Em âmbito nacional, uma das ações gover-namentais de reconhecimento dos povos ciganos foi a instituição do dia 24 de maio como sendo o Dia Nacional do Cigano. Esta foi uma das medidas propostas pelas Sec-retarias Especiais de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e dos Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da Repúbli-ca, na intenção de tratar as especificidades deste grupo.

Europa e América, falam romani ou romanês e se dividem em diversos subgrupos: Kalderash, Matchuara, Lovara, entre outros;•Os Sinti, que são em grande número da Ale-manha, Itália e França, e falam a língua sinto;•Os Calon, que têm muita influência dos povos ibéricos, grande expressão em Portugal e falam caló.

Dia Nacional do Cigano. Decreto de 25 de Maio de 2006: Institui o Dia Nacional do Cigano, a ser comemorado no dia 24 de maio de cada ano.

Foto: Cigana Rejane SoaresChico Ludermir/Secult-PE

Foto: Ciganos em ItambéChico Ludermir/Secult-PE

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Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

Povos Indígenas

Pernambuco tem a terceira maior popu-lação indígena do país com aproximada-mente 45 mil indígenas entre o agreste e o sertão, distribuídos em 12 etnias. São elas: Atikum, Entre Serras Pankararu, Fulni-ô, Kambiwá, Kapinawá, Pipipã, Pankará, Pan-kararu, Pankaiuka, Tuxá, Truká e Xukuru.

Cada povo tem a sua organização social própria, normalmente através do cacique, do pajé e de conselhos. Politicamente se associ-am à Articulação de Povos e Organizações in-dígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo – APOINME e à Comissão de Profes-sores Indígenas de Pernambuco – COPIPE.

Em 1988, o Estado brasileiro reconheceu os indígenas como povos culturalmente dife- renciados da população em geral e por isso têm direito a políticas públicas que atendam as suas especificidades étnicas.

O Governo do Estado de Pernambuco, desde 2007, tem um plano de ação voltado para os indígenas que prevê ações em vários setores como: saúde, educação, emprego, habitação e transporte. O principal problema enfrentado por eles é a questão da luta pela terra, que tem gerado vários assassinatos e criminali- zação de suas lideranças.

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Sertão do São Francisco

Sertão de Itaparica

Sertão do PajeuSertão MoxotóAgreste CentralAgreste Meridional

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Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

população indígena. Segundo dados do Censo do IBGE do ano de 2010, há 505 terras indígenas reconhecidas no Brasil, o que corres- ponde a 12,5 % do território nacional. No perío-do em que a pesquisa foi realizada, havia ainda, 182 terras indígenas em processo demarcação. A população indígena no Brasil é de 896,9 mil indígenas e foram identificadas 305 etnias com 274 línguas.

APOINME. A Articulação dos Povos e Organi-zações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo – APOINME é uma articulação de povos e organizações indígenas da região

Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. A articulação reúne 64 povos a fim de lutar pela identificação, demarcação, homologação e desintrusão das terras indígenas.

reconhecimento.Constituição Brasileira de 1988.Art. 231. São reconhecidas aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as ter-ras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e respeitar todos os seus bens.

acima: Artesanato Pankará Acervo Fundarpe/Secult-PE

página ao lado: Dona Zenilda Xukuru do OrorubáCosta Neto/Secult-PE

ao lado: entre serras pankararu-praiás Acervo Fundarpe/Secult-PE

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Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

Acampamentos, assentamentos, sítios e agrovilas

A população rural no Brasil, segundo o censo de 2010, é de 15,6% da população total, o que representa 29,8 milhões em um total de 190,8 milhões de habitantes. Em Per-nambuco, a população rural é de 1.746.164 habitantes.

Para tratarmos desses sujeitos coletivos, duas questões são importantes. A primeira diz respeito às relações entre o meio rural e a cidade, e a segunda à distribuição de terras e riquezas no nosso país.

Sobre as relações entre meio rural e cidade, é importante destacar que ambos foram apreendidos na cultura e na política como oposições: campo-cidade, tradicional-moder-no, incivilizado-civilizado, e não-tecnificados - tecnificados.

população rural. O acampamento é uma área ocupada por famílias de trabalhadores(as) sem terra que ainda está sendo reivindicada para fins de reforma agrária. Portanto, ainda não está legalizada e por essa razão as famílias não têm acesso às políticas públicas. Área definida pelos(as) militantes como “área de disputa e de luta”. O assentamento é uma área regularizada para fins de reforma agrária, onde as famílias têm a titu-lação das terras. Esse reconhecimento legal possibilita a fixação dos grupos no campo, na agricultura e viabiliza o acesso às políticas públicas. Os Sítios são pequenas comunidades rurais que se caracterizam pela pequena produção agrícola de subsistência. Agrovilas são conjuntos ou aglomer-ados residenciais rurais que sobre-vivem da pequena produção agrícola ou rural (MST/2013).

questão agrária Optamos pelo conceito de “questão agrária” como sendo conjunto de interpretações e análises da realidade agrária, que procura explicar como se organiza a posse, a propriedade, o uso e a utilização das terras na sociedade brasileira.(A questão agrária no Brasil, 2005)

17 Sertão Moxotó

Sertão do Araripe0509

17

59

05

02

15

224617

36

04

Sertão Central

Sertão do São Francisco

Sertão de Itaparica

Sertão do PajeúSertão MoxotóAgreste CentralAgreste MeridionalAgrete Setentrional

Mata Norte

Mata SulRegião Metropolitana

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Sujeitos coletivos, sujeitos da nossa ação

Tal ideia fortaleceu a lógica de que o rural deveria ser transformado a partir do ideário civilizatório burguês, que valoriza apenas os processos de organização e de economia pensados a partir das cidades, o que alguns autores chamam de urbanocentrismo (MOREIRA, 2003).

Com relação à distribuição de terras e riquezas deste país, é importante lembrar que na maioria dos países com capitalismo avançado, a população que vive da atividade agrícola tem a sua constituição ou a repro-dução do seu patrimônio constantemente ameaçado pelo latifúndio.

Assim, as condições de vida dos que vivem no campo, sejam ou não agricultores, não asseguram a paridade socio-econômica em relação à população urbana, ou, pelo menos a redução da distância social entre os ci-dadãos rurais e urbanos (WANDERLEY, 2011).Para que haja um meio rural dinâmico é necessária a existência de uma população que faça dele um lugar de vida e trabalho e não apenas um campo de investimentos ou

uma reserva de valor. Segundo Wanderley, “a perda de vitalidade dos espaços rurais, que gera o que se pode chamar a questão rural na atualidade, emerge precisamente, quando se ampliam no meio rural os espaços social-mente vazios”.

Os espaços vazios que a autora se refere são potencializados no Brasil pela propriedade patronal e pela existência de grandes áreas improdutivas. Portanto, a questão agrária é um elemento importante e desafiador para entendermos os grupos envolvidos e que são sujeitos da ação.

Assim os principais problemas enfrentados por esses grupos são os constantes conflitos na luta pela terra, e por essa razão acabam sendo criminalizados, se organizam em mo- vimentos de luta pela reforma agrária como: o Movimento Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação de Tra-balhadores da Agricultura de Pernambuco (FETAPE) e Via Campesina.

acima: Acervo Fundarpe/Secult-PE

página ao lado: Produção agrícola em Mandala, Assentamento MST Acervo Fundarpe/Secult-PE

ao lado: Acervo Fundarpe/Secult-PE

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“Eu acho que essa coordenação deve

continuar, por que vai mudar a história de

muita gente, de muitos quilombos, de muitos

povos de outras tradições também que não

têm incentivo.”

Maria Helena dos Santos

Sitio Bredos - Betânia/PE

O trabalho da coordenação foi gestado tendo como pano de fundo a concepção

freireana de uma educação libertadora e geradora de práticas transformadoras, cons- truída a partir do diálogo entre saberes, ne-cessidades e possibilidades dos(as) sujeitos envolvidos(as).

Assim, a proposta do trabalho foi construída a partir de processos de diálogos contínuos com as organizações representativas e com representantes dos povos tradicionais e das populações rurais no sentido de apreender quais as suas áreas de interesse, como tam-bém, identificar as potencialidades locais. O princípio que rege a coordenação é o diálo-go e o entendimento de que, para realizar

qualquer ação junto a esses grupos, a escuta das comunidades interessadas é fundamen-tal, feita de forma prévia e informada, como exige a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho-OIT.

Essa concepção teórica-metodológica traz exigências e desafios múltiplos para ação governamental.

O primeiro deles é a necessidade de com-preender que esses grupos envolvidos na ação são povos culturalmente diferen-ciados da população em geral e por isso têm direito a atendimento diferenciado, não de menor ou maior qualidade, mas diferente, e com isso superar práticas homogeneizantes.

O diálogo como princípio

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foto: Roda de diálogo em Xukuru de Ororubá (Pesqueira) Acervo Fundarpe/Secult-PE

O diálogo como princípio

“O diálogo fenomeniza e historiciza a essencial intersubjetividade humana; ele é relacional; e nele, ninguém tem iniciativa absoluta. Os dialogantes “admiram” um mesmo mundo; afastam-se dele e com ele coincidem; nele põem-se e opõem-se.”(FREIRE, 1987:8).

Organização Internacional do Trabalho. Convenção 169 - Art. 7 - Os povos interessa-dos deverão ter o direito de escolher suas próprias prioridades no que diz respeito ao processo de desenvolvimento, na medida em que ele afete as suas vidas, crenças, institu-ições e bem-estar espiritual, bem como as terras que ocupam ou utilizam de alguma forma, e de controlar, na medida do possível, o seu próprio desenvolvimento econômico, social e cultural. Além disso, esses povos de-verão participar da formulação, aplicação e

avaliação dos planos e programas de desen-volvimento nacional e regional suscetíveis de afetá-los diretamente. povos culturalmente diferenciados. “Cultura é uma dimensão do processo social, da vida, de uma sociedade. Não diz res-peito apenas a um conjunto de práticas e concepções, como por exemplo se poderia dizer da arte. Não é apenas uma parte da vida social como, por exemplo, se poderia falar de religião. Não se pode dizer que cul-tura seja algo independente da vida social, algo que nada tenha a ver com a realidade onde existe. Entendida dessa forma, cultura diz respeito a todos os aspectos da vida social, e não se pode dizer que ela exista em alguns contextos e não em outros.” (SANTOS, 2003:44)

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Em segundo lugar, o entendimento de que ações devem ser realizadas nas próprias comunidades é outro desafio e tem exigido da equipe uma extensa agenda de viagens às comunidades procurando ouvir, conhecer, compreender o mundo rural onde vivem es-ses grupos. Parte-se da compreensão de que desenvolver ações dessa natureza é uma das atribuições do Estado, como garante o Plano Nacional de Cultura.

Terceiro, as longas distâncias e o difícil acesso às comunidades, por vezes, deman-dam um tipo de transporte específico para enfrentar estradas de barro e ou com muitas pedras. Além disso, o tempo de acompanha-mento também é diferenciado e em muitos momentos carece uma estrutura específica para o desenvolvimento das ações.

Quarto, conhecer as realidades desses grupos significa perceber a necessidade de uma ação de governo integrada com as demais estruturas governamentais, tendo em vista que essas comunidades pensam, agem, têm necessidades e demandas em diversos aspec-tos, e que para que haja um atendimento de qualidade, não devem ser setorizadas. Isso exige que a ação governamental aconteça de forma articulada.

Quinto, realizar as ações na comunidade significa também possibilitar que haja gera-ção de renda e um incremento do comércio local, potencializando o desenvolvimento econômico da comunidade envolvida. Isso traz consequências para ação porque na hora de prestar contas dos recursos financeiros utilizados, surgem inúmeras dificuldades, já que os mecanismos que dispomos hoje para comprovação dos gastos não são adequados às realidades das comunidades. Tal dificul-dade nos coloca o desafio da criação de outros instrumentos de prestação de contas que possam, ao mesmo tempo, respeitar os gru-pos e garantir a transparência com o uso dos recursos públicos.

E por fim, ouvir e compreender as comu-nidades exige uma postura de respeito, de superação dos preconceitos, de se abrir para o culturalmente diferente e de mergulhar no universo dos grupos envolvidos, se deixando tocar por uma realidade completamente diferente da qual se está habituado, nos pos-sibilitando conhecer as histórias, os ritos, os mitos, os saberes desses povos e populações. Foi então, a partir desses princípios e com esses desafios, que desenvolvemos as ações a seguir.

em todo o território nacional e garantindo a multiplicidade de seus valores e formações.

Ações: Nós estamos trabalhando com o “fim da ponta”, por isso é fundamental ter es-tratégias diferenciadas. Temos a consciência de que estamos atingindo um local que tem uma referência cultural muito forte, muito rica, mas geograficamente muito distante

O Diálogo como princípio

Plano Nacional de Cultura. Capítulo II - DAS ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO:Art. 3o Compete ao poder público, nos ter-mos desta Lei: IV - proteger e promover a di-versidade cultural, a criação artística e suas manifestações e as expressões culturais, individuais ou coletivas, de todos os grupos étnicos e suas derivações sociais, reconhe- cendo a abrangência da noção de cultura

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acima: Encontro da Comissão Estadual Quilombola, quilombo Castainho

(Garanhuns-2013), Costa Neto/Secult-PE

ao lado: Mostra de artesanato-quilombo Castainho (Garanhuns-2012), Acervo Fundarpe/Secult-PE

O diálogo como princípio

da cidade por isso temos que considerar essa realidade nas nossas atividades (Fernando Duarte - Secretário de Cultura de Pernambuco)

Ação governamental. Capítulo II - DAS ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICOArt. 3o Compete ao poder público, nos

termos desta Lei: VII - articular as políticas públicas de cultura e promover a orga-nização de redes e consórcios para a sua implantação, de forma integrada com as políticas públicas de educação, comunicação, ciência e tecnologia, direitos humanos, meio ambiente, turismo, planejamento urbano e cidades, desenvolvimento econômico e social, indústria e comércio, relações exterio- res, dentre outras.

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“A gente pôde estar participando, divulgando nossa história em outros espaços e também contribuindo com outras comunidades. A gente nunca tinha participado do Festival de Inverno de Garanhuns, por exemplo, e aí o ano passado a gente já participou e acho que é uma oportuni-dade da gente tá fazendo isso, né? Mostrando a nossa história e também contribuindo com outras pessoas nas discussões que a gente já tem... na questão do território e de outros temas. Acho muito importante!”

Márcia Jucilene Educadora - Conceição das Crioulas

As ações foram desenvolvidas a partir dos eixos: articulação; produção de

estudos e pesquisa; formação e fomento e difusão das expressões culturais.

Ação e reflexão em sintonia

foto: Jogos de Patrimônio- Quilombo do Feijão (Mirandiba), Acervo Fundarpe/Secult-PE

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Eixo Articular “A articulação em nosso trabalho é um eixo e princípio da ação. É principio porque todo trabalho é desenvolvido em articulação com todos os sujeitos envolvidos no processo, mas ao mesmo tempo se constitui como uma atividade específica porque exige investimento de pessoal e recursos financeiros para realizá-la.”

Erika NascimentoCoordenadora

O eixo de articulação tem como objetivo pro-mover o diálogo permanente entre povos tradicionais e populações rurais de Pernam-buco, entidades representativas desses gru-pos, assim como seus aliados e parceiros, com a gestão pública, garantindo assim, os princípios que orientam a ação governamen-tal no nosso estado.

Além disso, o eixo também tem como fina-lidade garantir uma relação mais próxima com as demais secretarias e setores do Estado, bem como com outros governos e municípios, possibilitando assim uma ação colaborativa entre os diversos setores gover-namentais.

foto: Encontro de Produtores de Audiovisual de Povos Tradicionais (Polo do Castainho), Magda Silva/Secult-PE

foto: Articulação FIG 2013 no quilombo Castainho (Garanhuns), Acervo Fundarpe/Secult-PE

diálogo permanente. Estar no mundo sem história, sem por ela ser feito, sem cultura, sem “tratar” sua própria presença no mundo, sem sonhar sem cantar, sem musicar, sem pintar, sem cuidar da terra, das águas, sem usar as mãos, sem esculpir, sem filosofar, sem pontos de vista sobre o mundo, sem fazer ciência, ou teo-logia, sem assombro em face do mistério, sem aprender, sem ensinar, sem ideias de formação, sem politizar não é possível. (FREIRE, 1996:34)

Ações. Seção II - Da CulturaArt. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exer-cício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valo-rização e a difusão das manifestações culturais.§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do proces-so civilizatório nacional.§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta sig-nificação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. (Constituição Brasileira de 1988)

Ação e reflexão em sintonia

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Junto aos povos tradicionais e rurais - foram realizadas 296 visitas às comunidades, com a finalidade de ouvir suas expectativas e demandas em relação à política de cultura no estado.

Foram esses momentos de escuta e de troca com os sujeitos de direito, que possibilitaram a construção e o desenvolvimento coletivo de um plano de ação a partir das expectativas e demandas desses grupos e organizações.

Esta ação possibilitou estabelecer conversas com setores da sociedade civil, tais como: FETAPE; MST; encontro com artistas e pro-dutores culturais independentes; APOINME; instituições de ensino, Organizações Não Governamentais; Comissão de Articulação das Comunidades Quilombolas de Pernam-buco e Associação dos Ciganos de Pernambu-co (ASCIP).

Esses momentos permitiram também a difusão dos objetivos da Coordenação e, so-bretudo, uma aproximação com a realidade

cultural dos grupos envolvidos na ação, conhecendo as suas trajetórias e perspecti-vas.

Ainda nesse eixo foi possível estabelecer diálogo com outras instâncias governa-mentais com a perspectiva de estimular o debate sobre as especificidades culturais e, ainda, apresentar informações acerca do contexto sociopolítico das populações rurais e dos povos tradicionais.

Desse modo, as ações da Coordenação no campo da articulação estão voltadas para construir estratégias que possibilitem uma gestão democrática e participativa.

Organizações. Nesses encontros foi possível traçar alguns caminhos para realização de ações específicas e os grupos fizeram as seguintes recomendações: articular as ações culturais com os processos educativos nos territórios, quando possível, através das escolas, na perspectiva de fortalecer a educação específica dos po-vos e populações que se baseiam na cultura diferenciada; pautar ações no fortalecimento da cultura local, a partir dos saberes tradicio-nais, atentando para os conhecimentos das pessoas mais velhas; rever a burocratização e os formatos de editais que não contemplam as especificidades das populações rurais e povos tradicionais; garantir ações de intercâmbios desses grupos na perspectiva de fortalecer as ações de resistência cultural; garantir ações de difusão da produção local (campo – cidade),

invertendo o caminho da indústria cultural; considerar as iniciativas existentes de registros e mapeamentos das expressões culturais dos povos e populações.

instâncias governamentais. Realizamos ações junto: Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Étnicorracial - CEPIR; Superintendên-cia Estadual de Apoio à pessoa com deficiência - SEAD); Secretaria Executiva de Justiça e Direitos Humanos- SESDSH; Programa Mãe Coruja Pernambucana; Secretaria da Mulher do Estado de Pernambuco; Secretaria Executiva de Agri-cultura familiar / Pro Rural; Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilida0de de Pernambu-co; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade- ICMBio e Ministério Público de Pernambuco.

“Ações voltadas para oficina com jovens e apoio ao grupo de dança que a gente já tem dentro da comunidade,

palestras, rodas de diálogos são importantes para o fortalecimento

da comunidade.”Gerlaine

Sítio São Caetano - Betânea

Ação e reflexão em sintonia

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acima: Oficina de Artesanato em Madeira, Castainho, Garanhus-2012, Costa Neto/Secult-PE

ao lado: Produção artesanato em ferro, Comunidade rural de Poço Cercado, Parnamirim, Acervo Fundarpe/Secult-PE

página ao lado: Oficina de Artesanato em Madeira, Castainho (Garanhus-2012) Costa Neto/Secult-PE

Ação e reflexão em sintonia

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Ação e reflexão em sintonia

foto: Artesanato Xukuru Acervo Fundarpe/Secult-PE

Esse eixo tem como objetivo sistematizar informações, produzir diagnósticos das situações em que vivem os povos tradicio-nais e populações rurais de Pernambuco. E feito o registro de sua situação territorial e seus modos de vida, além de seus saberes, celebrações e formas de expressão cul-turais. As informações subsidiam o governo

Eixo Pesquisar

“Achei bom o mapeamento das comunidades ciganas por que deu mais visibilidade e porque nem todo mundo sabe onde nós estamos.”

Enildo SoaresPresidente da ACIPE

estadual para o desenvolvimento da política pública de cultura voltada para estes grupos.

Nesse sentido, até o mês de agosto de 2013, foram realizadas duas grandes ações: Ma-peamento das Comunidades Ciganas do Estado; e posteriormente, foi feito o Diagnós- tico sobre acervo e práticas culturais.

“Não vamos lá só para fazer pesquisa. Vamos para apoiar concretamente no viés cultural. As pesquisas nos servem para conhecer melhor e desenvolver um trabalho mais próximo dos an-seios da comunidade. O nosso trabalho vai mais ao fundo das questões. Temos recebido noticias de como isso repercute.”

Fernando DuarteSecretário de Cultura do Estado de Pernambuco

(Gestão de Janeiro de 2011 a Outubro de 2013)

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Mapeamento das comunidades ciganas do Estado

Tendo em vista a ausência de informações sobre número de comunidades, suas local-izações e contatos, foi iniciado um mapea-mento. Essa ação contou com a parceria da Associação dos Ciganos de Pernambuco, que concedeu informações básicas sobre pos-síveis localizações de comunidades.

A equipe visitou várias comunidades procu-rando elementos que pudessem subsidiar as ações da coordenação. Entretanto a dificul-dade de acesso, às comunidades e pessoas que concedessem informações para realizar o mapeamento impossibilitou um diag-

nóstico maior da situação em que vivem os ciganos.

Por isso, uma das primeiras ações do ma-peamento foi realizar consultas aos órgãos públicos municipais e organizações não governamentais para coletar os dados sobre os ciganos em Pernambuco.

Assim chegamos, até o final do primeiro semestre de 2013, ao número de dez grupos ciganos, situados nos municípios de Ouricu-ri, Paulista, Itambé, Lagoa do Ouro, Altinho, Cupira, Tabira e Floresta.

saberes ou modos de fazer são ativi-dades desenvolvidas por atores sociais conhecedores de técnicas e de matérias primas que identificam um grupo social ou uma localidade; celebrações são ritos e festividades associados à religiosidade, à civilidade e aos ciclos do calendário, que participam fortemente da produção de sentidos específicos de lugar e de território; formas de expressões são formas não lingüísticas de comunicação, associadas a determinado grupo social ou região, traduzidas em manifestações musicais, cênicas, plásticas, lúdicas ou literárias .

Comunidades. De acordo com dados do Censo 2010 do IBGE, existem no País cer-ca de 800 mil ciganos. Pela primeira vez foram mapeados oficialmente os acam- pamentos ciganos no País. A pesquisa do IBGE encontrou assentamentos em 291 cidades brasileiras, concentradas, principalmente, no litoral das Regiões Sul, Sudeste e Nordeste destacando-se o

estado da Bahia, com o maior número de grupos. http://basilio.fundaj.gov.br/

Mapeamento. Das estratégias e ações do Plano Nacio- nal de Cultura 2.1.6 Apoiar o mapea-mento, documentação e preservação das terras das comunidades quilombo-las,indígenas e ou-tras comunidades tradicionais, com especial atenção para sítios de valor simbólico e histórico. O PNC trata ainda da importância dos en-contros étnicos, sincretismos e mestiça-gens na formação sociocultural do Brasil. Entre seus princípios estão: a liberdade de expressão; a diversidade cultural; respeito aos direitos humanos; direito à memória e a tradição; valorização da cultura como vetor do desenvolvimen-to sustentável; democratização das instâncias de formulação das políticas culturais; responsabilidade dos agentes públicos pela implementação das políti-cas culturais; entre outros.

Ação e reflexão em sintonia

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ao lado: Oficina de Artesanato Acervo Fundarpe/Secult-PE

acima: Oficina de Artesanato Acervo Fundarpe/Secult-PE

ao lado: Artesanato Indígena Acervo Fundarpe/Secult-PE

Ação e reflexão em sintonia

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Diagnóstico sobre acervo e práticas culturais

O diagnóstico aconteceu em sintonia com os princípios do Plano Nacional de Cultura. A proposta de diagnóstico sobre o acervo e práticas culturais das populações rurais e povos tradicionais tem o objetivo de siste-matizar informações acerca dos patrimônios materiais e imateriais desses povos.

O registro e a sistematização dessas práticas deverão servir para construir o calendário das celebrações e manifestações culturais próprias de cada povo tradicional e comuni-dade rural, bem como subsidiar informações para elaboração de políticas públicas es-pecíficas para populações culturalmente diferenciadas.

A ideia foi fazer um desenho inicial que retrate aspectos culturais relevantes para os povos tradicionais e as populações rurais. Os instrumentos de coleta identificaram aspec-tos referentes a: histórico da formação da comunidade; saberes e formas de expressão cultural; e celebrações (brincadeiras, ritos, festas, cortejos, bem com o período em que ocorrem).

Nesse processo foram entrevistadas repre-sentantes das 12 etnias indígenas existentes em Pernambuco; 10 comunidades ciganas; 55 quilombos e 09 comunidades rurais, em seus territórios. No total foram entrevistadas 86 comunidades tradicionais e ou rurais.

CAPÍTULO II. DAS ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO. Art. 3º- Compete ao poder público,nos termos da Lei:- garantir a preservação do patrimônio cultural brasileiro, resguardando os bens de natureza material e imaterial, os documentos históricos, acervos e coleções, as formações urbanas e

rurais, as línguas e cosmologias indígenas, os sítios arqueológicos pré-históricos e as obras de arte, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência aos valores, identi-dades, ações e memórias dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. (Plano Nacional de Cultura).

página ao lado: Oficineiros de Pifano - Quilombo Águas do velho Chico (Orocó), Costa Neto/Secult-PE

Ação e reflexão em sintonia

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Artes Visuais Pintura em tecido, pintura em cerâmica, desenho, escultura, pintura e desenhos em telas, esculturas em madeira e gravuras.

As expressões literárias estão associadas à prática da contação de história (lendas e mitos), além da produção de poesias e cordéis.

Em produção de Moda foram citados: penteados e a criação e confecção de roupas e adereços com algodão, caroá, couro e cerâmica.

Durante a investigação sobre música foi possível identificar diferentes gêneros musicais, pessoas que confeccionam instrumentos, além de grupos de música formados nas comunidades. Podemos dividi-los em Gêneros (Mazurca, Ciranda, Caboclinho, Coco de Roda, Afoxé, Samba de coco e Maracatu, Forró, e Aboiadores); Grupos musicais (Bandas de Pífano, Trios de Forró, Grupos de São Gonçalo, Corais, Grupos de percussão, Sanfoneiros e Repentistas).

A fotografia foi citada nas conversas enquanto prática de registro das atividades culturais das comunidades. A comunidade quilombola de Tigre, no Municipio de Garanhuns, mantêm um coletivo de fotografia.

Ação e reflexão em sintonia

No Audiovisual foi registrada a existência de duas produtoras de vídeo, quilombola e indígena: ‘Crioulas Vídeo’ e ‘Ororubá Filmes’, além da prática de exibição pública de filmes nos territórios étnicos. Há também outras comunidades

e povos que atuam na área do audiovisual através de coletivos, mas que ainda não se consolidaram em produtoras. São elas: Fulni-ô, Pankararu (Comunidade Indígena), Águas do Velho Chico, Contendas e Santana (Comunidade Quilombola).

Expressões culturais e saberes de cada linguagem

identificados por comunidade

expressões culturais e saberes por linguagem

Literatura

27 Quilombolas6 Comunidades Indígenas

5 Ciganos

Artes Visuais

16 Quilombolas2 Comunidades Indígenas

1 Comunidades Rurais2 Ciganos

1 Assentamento

Música

31 Quilombolas3 Comunidades Indígenas

2 Comunidades Rurais10 Ciganos

Moda

4 Quilombolas

Gastronomia

40 Quilombolas4 Comunidades Indígenas

2 Comunidades Rurais7 Ciganos

Artes Cênicas

36 Quilombolas5 Comunidades Indígenas

2 Comunidades Rurais6 Ciganos

Audiovisual

6 Quilombolas1 Comunidades Indígenas

Fotografia

5 Quilombolas1 Comunidades Indígenas

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A gastronômia para as comunidades tradicionais se relacionam com uma diversidade de sabores (comidas, bebidas e uso de plantas e ervas medicinais). Esses elementos foram citados pelas comunidades, seja por suas formas específicas de preparo, ou por serem marcantes na história comunitária. Foram citados também alguns ingredientes de destaque como a castanha, o óleo do catolé e o mel.

Entre as comidas estão: Bode, Mungunzá doce e salgado, Mandioca, Beiju, Buchada de bode, Xerém, Rubacão, Feijoada, Canjica, Pamonha, Tapioca, Sarapatel, Manuê, Pé-de-Moleque na palha de bananeira, Bolo de milho, Fubá, Cocada, Doces, Bolos, Moqueca de marisco na palha do coqueiro, Farinha, Biscoito, Pisica, Peintado, Curumba, Beiju de coco , Baião de dois, Tilápia, Galinha de capoeira,

Angu, Fuba de gergelim, Capitão de feijão, Catolé, Pão de mucunã, e Arroz doce.

Entre as Bebidas estão: Batida de maracujá, caju e coco; Café morto no pau, Café de caco, Licor de frutas da época, Chás diversos, Café torrado no pilão, Café de andu.

Entre as ervas e plantas estão: Aconfor, Acônico, Alecrim, Ameixa, Anador, Angico, Aroeira, Arruda, Babosa, Cajueiro, Capim Santo, Cedro, Erva Cidreira, Eucalipto, Fideração, Genipapo, Hortelã, Jatobá, Malva santa, Papaconha, Pau ferro, Quebra faca, Quebra pedra, Quina-quina, Sabugueira, Tipim com álcool, pau brasil, Caroço de batata de purga, Semente de girassol, Catinga branca, Macela, Cordão de São Francisco, Umburana de cheiro, Xarope de 7 ervas, Lambedor, Favela, Jua, Jurema preta.

Quanto às Artes Cênicas foram identificadas diversas formas de expressão cultural nas comunidades tradicionais e rurais. Entre as expressões encontradas estão: Quadrilhas,

Grupos de São Gonçalo, Grupos de teatro, Danças de roda, Coco de roda, Trancelim, Grupos de danças africanas, Reisados, Capoeiras, Torés, Maculelê, Hip hop e Mazurca.

Ação e reflexão em sintonia

Manifestações Culturais

identificadas em cada comunidade

Comunidades Indígenas

Comunidades Quilombolas

8 Festas

40 Festas18 Ritos | Brincadeiras

13 Procissões | Romaria | Cortejo

3 Festas4 Ritos | Brincadeiras

2 Procissões | Romaria | Cortejo

5 Festas10 Ritos | Brincadeiras

2 Procissões | Romaria | Cortejo

Comunidades Rurais

Comunidades Ciganas

Foto: Dança Afro (Quilombo São Caetano-2012), Costa Neto/Secult-PE

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As ações desenvolvidas nesse eixo têm como objetivo promover as diversas lin-

guagens culturais, valorizando o patrimônio material e imaterial.

Nosso interesse foi apostar na qualificação desses povos e populações para acessar os programas e projetos governamentais no

campo da política de cultura, como também nas atividades de fortalecimento da cultu-ra tradicional e das identidades étnicas e territoriais.

Como opção metodológica, utilizamos facil-itadores(as) das próprias comunidades e con-vidados(as) em consonância com a proposta

“Ações voltadas para oficina com jovens e apoio ao grupo de dança que a gente já tem dentro da comunidade, palestras, rodas de diálogos são impor-tantes para o fortalecimento da comunidade envolvendo outras situações que a gente não tinha tanto acesso.”

Gerlaine Sítio São Caetano – Betânea

Eixo Formação

Foto: Roda de Diálogo - Cultura e Identidade no Quilombo do Barro Preto (Lagoa do Carro), Clara Gouvêa/Secult-PE

Ação e reflexão em sintonia

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35

de formação, em diálogos da Fundarpe(SECULT) e das comunidades envolvidas.

As atividades formativas foram realizadas dentro dos territórios tradicionais e também nas áreas rurais, nos assentamentos e acam- pamentos, possibilitando a participação efetiva dos grupos envolvidos.

Dois formatos específicos foram majori-tariamente utilizados: rodas de diálogos e oficinas. Jogos de patrimônios e encontros temáticos também foram metodologias

Foto: Roda de Diálogo (Quilombo do feijão-2013), Tony Braga/Secult-PE

Ação e reflexão em sintonia

encontradas para facilitar diálogos e trocas culturais em algumas das comunidades.

Até o mês de agosto de 2013 foram realiza-das:21 rodas de diálogo - esta ação utiliza como metodologia, momentos de conversa e debate com a participação coletiva, onde os sujeitos são provocados a problematizar, so-cializar e refletir sobre as temáticas relacio-nadas as suas vivências e experiências.

rodas de diálogos• Identidade e Cultura Quilombola

• Cultura e Identidade Camponesa

• Cultura e Mobilização Social

• A Cultura no contexto da Educação

Escolar Quilombola

• Teatro e Juventude Indígena

• Artesanato Quilombola

• Identidades e Direitos Quilombolas

• Políticas Culturais para Quilombos

em Pernambuco

• A cultura e a relação com o Território

• Juventude e Culturas Indígenas:

Desafios e perspectivas

• A política de cultura para Povos

Tradicionais

• Artesanato Indígena

• Difusão e Expressões culturais na

construção das identidades

• O samba de coco Indígena e

Quilombola | Trocando experiências

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36

Ação e reflexão em sintonia

oficinas

• Manejo de Hortaliça

• Horta medicinal e Fitoterápico

• Artes Plásticas (Serigrafia e Estêncil)

• Música

• Beneficiamento de Queijo

• Danças Africanas

• Percussão

• Reaproveitamento de material

reciclável

• Vestimentas e Amarrações

• Artesanato em Madeira

• Artesanato em Palha de Coqueiro

• Capoeira

• Beneficiamento de frutas

• Afinação de instrumentos

percussivos

• Modelagem em Serragem

• Fotografia e Gênero

• Técnicas Circenses

• Teatro do Oprimido

95 oficinas temáticas - Essa ação priorizou as atividades ministradas por mestres das comunidades envolvidas e outros profissio-nais das áreas temáticas, procurando possi-bilitar a troca de experiências entre elas e a valorização dos/as artistas locais. As oficinas aconteceram em quilombos, aldeias indíge-nas e em assentamentos do MST, com temas diversos.

Com a compreensão das especificidades culturais dos povos tradicionais e popu-lações rurais entendemos que os processos de formação são importantes para uma

aproximação com esta realidade e também, que ações dessa natureza devem ser uma preocupação do Estado no que diz respeito a construção e fortalecimento de uma política de cultura direcionada para estes grupos.

4 Jogos de Patrimônio - Esta metodologia foi criada pela Diretoria de Preservação e Patrimônio e busca instigar e valorizar os saberes das comunidades, pelas próprias pessoas que as integram. Através de jogos, desenhos e brincadeiras, aparentemente simples, podemos ter acesso ao que valori-zam em suas culturas, tanto em aspectos

• Artesanato em Barro

• Teatro

• Cineclubismo

• Danças regionais

• Construção de roteiros para

audiovisual

• Audiovisual

• Confecção de esteiras em palha

de bananeira

• Pífano

• Mazurca

• Confecção de Adereços e cenários

de quadrilha

• Elaboração de projetos

• Fantoches

• Canto e Voz

• História, memória e identidade

• Danças e capoeiranças

• Identidade, cultura e infância

• Artesanato em Cipó

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Ação e reflexão em sintonia

ao lado: Oficina de fotografia, Castainho (Garanhuns-2013), Synara Klyni/Secult-PE

foto: Oficina de Plantas Medicinais, Assentamento Normandia (Caruaru-2013), Chico Santana/Secult-PE

materiais (espaços, construções, associações, igrejas, etc) como imateriais (pessoas mais velhas, histórias, mitos, receitas, etc).

Os encontros temáticos, por sua vez, aprove-itavam-se de temas mais amplos, cujo debate pudesse interessar a diferentes comunidades. A proposta era provocar temas que constassem nas demandas dos povos tradicionais e permitir um diálogo entre eles e com a coordenação. (Secult/FUNDARPE).

3 Encontros temáticos - em grandes rodas de diálogo, quilombolas e indígenas do

projeto revista povos tradicionais.indd 37 29/10/2013 09:30:33

Page 40: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

38

estado de Pernambuco se encontraram para discutir e trocar experiências comuns acerca de temas amplos. A ideia central, em ambos os casos, foi intensificar a troca de conheci-mentos das comunidades tradicionais entre elas, e fortalecer nosso próprio entendimen-to sobre suas especificidades.

As rodas de diálogo atingiram um público de aproximadamente 1470 pessoas e as oficinas temáticas cerca de 1889 pessoas. Os jogos de patrimônio alcançaram um público de 169 pessoas, e os encontros temáticos reuniram 35 pessoas. Os locais das atividades estão relacionados nos quadros a seguir:

Comunidades QuilombolasAfranio: Araçá

Agrestina: Pé de Serra do Mendes, FurnasAguas Belas: Sítio Pião, Tanquinho

Altinho: Cabeça de NêgoBetânia: Quilombo São Caetano, Bredo,

Baixa das Quixabeiras, TeixeiraBezerros: Guaribas

Bom Conselho: Sítio Flores, AngicoBrejão: Curiquinha dos Negros

Cabrobó: Jatobá, Cruz dos RiachosCaetés: Atoleiro

Capoeiras: Imbé, Cascavél e FidelãoCarnaíba: Abelha, Travessão I, II e III

Carnaubeira da Penha: TiriricaCustódia: Cachoeira da Onça

Floresta: Filhos do Pajeú, Negros do PajeúGaranhuns: Castainho, Estivas, Tigre, Estrela, Timbó, Caluete

Goiana: Povoação de São LourençoItacuruba: Negros do Gilú, Poços do Cavalo,

IngazeiraLagoa dos Gatos: Cavuco, Pau Ferrado

Lagoa Grande: LambedorMirandiba: Araçá, Feijão

Orocó: Mata de São José, CaatinguinhaPanelas: Riachão de Sambaquim

Passira: Chã dos NegrosPetrolândia: Negros de Betinho

Rio Formoso: SiqueiraSalgueiro: Contendas, Conceição das Crioulas,

SantanaSanta Maria da Boa Vista: Serrote,

Inhanhuns, CupiraTriunfo: Aguas ClarasVicência: Trigueiros

página ao lado:Quilombo Conceição das Crioulas (Salgueiro-2012), Synara Klyni/Secult-PE

Comunidades atendidas pelas ações da coordenação

Ação e reflexão em sintonia

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Page 41: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

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Josias Barros (Ibimirim)Normandia (Caruaru)

Nova Vida (São José do Belmonte)Pedra Vermelha (Arcoverde)

Santa Izabel (são Caitano)

Assentamentos

Atikum (Carnaubeira da Penha)Entre Serra Pankararu (Petrolandia)

Fulni-ô (Águas Belas)Kambiwá (Ibimirim, Floresta)

Kapinawá (Buíque)Pankaiuká (Jatobá)

Pankará (Carnaubeira da Penha, Itacuruba)Pankararu (Jatobá, Tacaratu)

Pipipã (Floresta)Truká (Cabrobó)

Tuxá (Inajá)Xukuru (Pesqueira)

Comunidades Indígenas

Altinho: Loteamento AltinhoCupira: Loteamento Gloria

Floresta: Três MariasItambé: Imbiranga

Lagoa do Ouro: CentroOuricuri: Capela de São Bras, Nossa

Senhora de Fátima, CohabPaulista: Sítio Fragoso

Tabira: Barreiro I

Comunidades Ciganas

Comunidades Rurais

Arcoverde: CaraíbasCarpina: Caraúba Torta

Parnamirim: Poço Cercado, São Domingos

Petrolina: RoçadoTacaimbó: Boa Vista de Cima

Foto: Xukuru do Ororubá (Pesqueira-2012), Acervo Fundarpe/Secult-PE

Foto: Roda de Debate - Cultura e Identidade Camponesa, Assentamento Normandia (Caruaru-2012), Roberta Guimarães/Secult-PE

Ação e reflexão em sintonia

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Page 42: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

40

Esse eixo tem como objetivo oportunizar a continuidade das vivências culturais,

tanto no que se refere aos festejos, quan-to aos demais elementos que compõem a

“Quando nós apoiamos o toré, eu estou dizen-do que o toré é importante. Quando eu estou dando uma ajuda para isso se realizar na aldeia, isso é o Estado, o Governo assumindo que isso é Cultura e tem importância e deve ser respeitado e valorizado.”

Fernando Duarte Secretário de Cultura de Pernambuco

(Gestão de Janeiro de 2011 a Outubro de 2013)

Eixo Fomento e Difusão das Expressões Culturais

Dentro de Conceição a gente tem algumas coisas que tá um pouco devagar e com esse incentivo a gente pode dar uma renovada... uma renova-da nas roupas das meninas do Trancelim, da Banda de Pífano, do Bumba meu boi ...a gente se sente mais um pouco vivo!”

Valdeci Maria

Conceição das Crioulas

Ação e reflexão em sintonia

cultura desses grupos. As ações desse eixo pretendem explicitar o reconhecimento do poder público quanto à importância do patrimônio material e imaterial das comuni-

Foto: Dança Afro (Quilombo São Caetano-2012), Costa Neto/Secult-PE

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Page 43: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

41

Até o final do primeiro semestre de 2013 foram apoiadas 121 manifestações culturais, sendo 68 atividades quilombolas, 23 ativi-dades indígenas e 30 atividades em comuni-dades rurais e assentamentos.

No aspecto fomento e difusão as atividades foram realizadas em forma de apresentações e socialização das vivências dos (as) mestres e grupos locais nos territórios étnicos e nas áreas rurais. Algumas dessas atividades foram realizadas por ocasião dos Festivais Pernambuco Nação Cultural, nas suas diver-sas edições.

Ação e reflexão em sintonia

“Uma semana de atividade onde os jovens se destacaram muito. Foi uma maravilha, tanto a oficina como as apresentações!”

Givanildo e VanaPovo Kambiwá

dades ciganas, quilombolas, indígenas e das demais comunidades rurais para o estado de Pernambuco; e ampliar as alternativas de circulação de renda dessas comunidades, através do seu desenvolvimento artístico e cultural.

Elas estão divididas em dois aspectos: apoios culturais, fomento e difusão.

No aspecto Apoios Culturais, as ações aconte-cem em forma de incentivos financeiros para contribuir com atividades e manifestações culturais.

Para que os apoios pudessem ser viabiliza-dos foi indispensável a articulação com as comunidades envolvidas, especialmente, a partir das visitas aos territórios, onde foi possível coletar informações in loco das manifestações e dos calendários culturais.

ao lado: Encontro de cocos de Chã dos Negros e Xukuru do Ororubá na Aldeia Cimbres em

Xukuru (Pesqueira) /Secult-PE

acima:Culminância da oficina de teatro, Acervo Fundarpe/Secult-PE

ao lado: Membros do grupo de Coco do Quilombo Abelha (Carnaíba-2012), Costa Neto/Secult-PE

projeto revista povos tradicionais.indd 41 29/10/2013 09:30:36

Page 44: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

42

Encontro das Manifestações Culturais das Populações Rurais e

Povos TradicionaisQuilombo de Trigueiros

Vicência | Março 2012

Coco de Seu Lourenço Cunha (Quilombo Povoação de São Lourenço) Maracatu Estrela da Tarde (Quilombo Barro Preto) Capoeira (Quilombo Trigueiros) Recital poético (Quilombo Trigueiros) Mostra gastronômica

Sambada de Maracatu de baque solto

Quilombo Barro PretoLagoa do Carro | Março 2012

Maracatu B. S Estrela da TardeMaracatu B.S Leão Dourado

Maracatu B.S Burra VencedoraGrupo de capoeira do Mestre Doda

Encontro Troca de Saberes Crioulos

Quilombo Castainho | Garanhuns | Julho 2012

Quilombo AxéCanto Coral Vozes do Quilombo

Espetáculo teatral: Aruá, Boi EncantadoApresentação teatral: Minha cidade

Apresentação circense Los Mascates ExcêntricosDança Afro

Grupo de teatro Afro EstrelaCoco do Mestre Juarez

Dança Afro TigreCoco Castelo Branco

Danças circularesNegra Atitude

Valdir Voz e ViolãoDeveras: Um Balé Popular

Percussão Afro EstrelaNação Quilombola

Encontro de Cultura Quilombola

Quilombo Abelha | Carnaíba | Julho 2012

Espetáculo teatral da Tropa do Balaco - Baco ArcoverdeSamba de Coco | Quilombo Leitão da Carapuça | Afogados da Ingazeira | Banda de Pífano | Quilombo Travessão do Caroá |

Carnaíba | Samba de Coco | Quilombo Abelha | Carnaíbateatral: Minha cidade

Apresentação circense Los Mascates ExcêntricosGrupo de teatro Afro Estrela

Coco do Mestre JuarezDança Afro Tigre

Coco Castelo BrancoDanças circulares

Dança Afro

Encontro Juventude, Arte e Culturas Indígenas

Aldeia Capim de Planta | Xukuru do OrorubáPesqueira | Agosto 2012

Cafurna - Fulni-ôRitual do Membí

Toré Mirim XukuruPovo Truká

Povo Atikum Teatro indígena Kambiwá

Espetáculo teatral “Tropa do Balaco-Baco”Feira de artesanato Indígena na Festa de Renascença

Coco Raízes de OrorubáMostra de vídeos indígenas

Toré de todos os povos Toré Xukuru

Dança Circular

Negras Culturas na Construção das Identidades

Semana da Consciência NegraEquipamentos Culturais do Recife | Novembro 2012

Espetáculo Teatral: Negro de EstimaçãoApresentação da Banda de Pífano de Conceição das Crioulas

Espetáculo de Dança: Memórias (Grupo Bacnaré)Sarau literário e Mostra de VídeoContação de Historias AfricanasApresentação do Grupo Bongar

Show de Lepê e Alguns

Encontro de manifestações culturais dos povos tradicionais

Quilombo São Caetano | Betânia | Junho 2012

Trio Pé de Serra (Assentamento Pedra Vermelha)Grupo de Dança Popular Cultura Viva (Assentamento Ipiranga)Apresentação Teatral (Grupo Jovem Nazaro indígena Kambiwá)

Grupo de Dança Ilô Ayé (Quilombo São Caetano)Samba de Coco (Quilombo Cachoeira da Onça)

Cultura do meu saber | Banda de pífano(Quilombo Buenos Aires)

Mostra de fotografiaExposição de artesanato indígena

Feira gastronômica

Festival da Cultura Camponesa

Assentamento Normandia | Caruaru | Maio 2012

Mostra dos produtos da reforma agrária Trio pé de serra - Café com leite

Fabio Paes - violeiro Sarau literário

Cinema na Terra Mostra gastronômica

Encontro das Manifestações Culturais das Populações Rurais e Povos Tradicionais

projeto revista povos tradicionais.indd 42 29/10/2013 09:30:37

Page 45: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

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Encontro das Manifestações Culturais das Populações Rurais e

Povos TradicionaisQuilombo de Trigueiros

Vicência | Março 2012

Coco de Seu Lourenço Cunha (Quilombo Povoação de São Lourenço) Maracatu Estrela da Tarde (Quilombo Barro Preto) Capoeira (Quilombo Trigueiros) Recital poético (Quilombo Trigueiros) Mostra gastronômica

Sambada de Maracatu de baque solto

Quilombo Barro PretoLagoa do Carro | Março 2012

Maracatu B. S Estrela da TardeMaracatu B.S Leão Dourado

Maracatu B.S Burra VencedoraGrupo de capoeira do Mestre Doda

Encontro Troca de Saberes Crioulos

Quilombo Castainho | Garanhuns | Julho 2012

Quilombo AxéCanto Coral Vozes do Quilombo

Espetáculo teatral: Aruá, Boi EncantadoApresentação teatral: Minha cidade

Apresentação circense Los Mascates ExcêntricosDança Afro

Grupo de teatro Afro EstrelaCoco do Mestre Juarez

Dança Afro TigreCoco Castelo Branco

Danças circularesNegra Atitude

Valdir Voz e ViolãoDeveras: Um Balé Popular

Percussão Afro EstrelaNação Quilombola

Encontro de Cultura Quilombola

Quilombo Abelha | Carnaíba | Julho 2012

Espetáculo teatral da Tropa do Balaco - Baco ArcoverdeSamba de Coco | Quilombo Leitão da Carapuça | Afogados da Ingazeira | Banda de Pífano | Quilombo Travessão do Caroá |

Carnaíba | Samba de Coco | Quilombo Abelha | Carnaíbateatral: Minha cidade

Apresentação circense Los Mascates ExcêntricosGrupo de teatro Afro Estrela

Coco do Mestre JuarezDança Afro Tigre

Coco Castelo BrancoDanças circulares

Dança Afro

Encontro Juventude, Arte e Culturas Indígenas

Aldeia Capim de Planta | Xukuru do OrorubáPesqueira | Agosto 2012

Cafurna - Fulni-ôRitual do Membí

Toré Mirim XukuruPovo Truká

Povo Atikum Teatro indígena Kambiwá

Espetáculo teatral “Tropa do Balaco-Baco”Feira de artesanato Indígena na Festa de Renascença

Coco Raízes de OrorubáMostra de vídeos indígenas

Toré de todos os povos Toré Xukuru

Dança Circular

Negras Culturas na Construção das Identidades

Semana da Consciência NegraEquipamentos Culturais do Recife | Novembro 2012

Espetáculo Teatral: Negro de EstimaçãoApresentação da Banda de Pífano de Conceição das Crioulas

Espetáculo de Dança: Memórias (Grupo Bacnaré)Sarau literário e Mostra de VídeoContação de Historias AfricanasApresentação do Grupo Bongar

Show de Lepê e Alguns

Encontro de manifestações culturais dos povos tradicionais

Quilombo São Caetano | Betânia | Junho 2012

Trio Pé de Serra (Assentamento Pedra Vermelha)Grupo de Dança Popular Cultura Viva (Assentamento Ipiranga)Apresentação Teatral (Grupo Jovem Nazaro indígena Kambiwá)

Grupo de Dança Ilô Ayé (Quilombo São Caetano)Samba de Coco (Quilombo Cachoeira da Onça)

Cultura do meu saber | Banda de pífano(Quilombo Buenos Aires)

Mostra de fotografiaExposição de artesanato indígena

Feira gastronômica

Festival da Cultura Camponesa

Assentamento Normandia | Caruaru | Maio 2012

Mostra dos produtos da reforma agrária Trio pé de serra - Café com leite

Fabio Paes - violeiro Sarau literário

Cinema na Terra Mostra gastronômica

Ação e reflexão em sintonia

projeto revista povos tradicionais.indd 43 29/10/2013 09:30:39

Page 46: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

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Semana dos Povos Indígenas de Pernambuco

Recife | Abril 2013

- Rituais

- Lançamento do documentário: “O elefante Branco: Resistência indígena à

transposição do Rio São Francisco”

- Apresentações culturais: Coco Xukuru; Samba-de-coco Kapinawá; Toré de todos os

povos; Shows de Solidariedade: Jean Ramos Pankararu

Semana de Luta pela terra

Recife | Abril 2013

-Apresentações de Adriana de Salles, Talis Ribeiro, Edmilson Ferreira

e Antonio Lisboa | Casa da Cultura

-Exibição dos filmes “ O veneno está na mesa”, “Vidas Cheias”

e “Raíz Forte” | Teatro Arraial“ Eles Voltam” | Cine São Luiz

- Feira de produtos orgânicos da reforma agrária | Casa da Cultura

Encontro de Cultura Quilombola do Sertão do

Pajeú | FPNC Triunfo

Águas Claras | Triunfo | Agosto 2013

- Apresentação do Grupo de Coco Quilombo Águas Claras

Encontro da Cultura dos Povos Tradicionais e

Populações RuraisQuilombo São Caetano

Betania | Abril 2013

Apresentação dos grupos: Grupo de Jovem Nazaro Kambiwá, Grupo Jovem Indígena Tuxá, Ilô Ayê, Banda de Pífano Quilombo

Buenos Aires-Cultura do Meu Saber, Samba de Coco Quilombo Cachoeira da Onça, Grupo de Teatro Cizarte, Violeiros Família Eduardo,

Banda de Pífano Os Gatos.

Festival da Cultura Camponesa | FPNC Agreste

Central

Assentamento NormandiaCaruaru | Maio 2013

- Debates sobre Arte e Cultura como instrumento de luta e Mobilização Cultural

no processo de transformação social

- Sarau Literário

- Cinema na Terra

- Grupo Forró Pé de Serra

Encontro da Cultura dos Povos Tradicionais e

Populações Rurais do Sertão Central | FPNC Sertão

Central

São Domingos e Poço Cercado (Parnamirim), Feijão (Mirandiba) Santana (Salgueiro) | Maio de 2013

Apresentações de grupos culturais das comunidades tradicionais e rurais da Região: quadrilha de Massapê ,

banda de pífano Alvorada Santa Rita e grupo familiar de dança de Poço Cercado, São Gonçalo do Araçá, trancilim e

banda de pífano de Conceição das Crioulas, Grupo de Dança Zumbi de Mirandiba, Mazurca de Santana, Banda Forró Mania com Felipe dos teclados e grupo de dança

(hip hop) da comunidade do Feijão.

Encontro Juventude, Arte e Cultura Indígena

FPNC PesqueiraAldeia de Cimbres e Capim Planta

Xukuru do OrorubáPesqueira | Agosto 2013

- Cinema na estrada no assentamento Santa Izabel- MST

-Apresentação do Teatro da Aldeia Cana Brava, Membi Xukuru, Samba de Coco Chã dos Negros, Grupo de Coco

Raízes do Ororubá

- Itinerância do Ororubá Filmes e sambada de Coco do Grupo

Raízes do Ororubá

II Encontro Troca de Saberes Crioulos (FIG)

Quilombo CastainhoGaranhuns | Julho 2013

- Cinema na Estrada ( Angico, Curiquinha dos Negros, Atoleiro, Retiro)

- Apresentações: “Brincadeiras de Palhaço” e “Circo de Lampezão e Maria Botina” (espetáculos

circenses), “Assim me contaram, assim vou contando” (espetáculo de teatro)

- Apresentações musicais: Coco do Mestre Juarez, Coco Castelo Branco de Castainho, Grupo Nação Quilombola, Coco raizes do Ororubá, Canto Coral

Vozes do Quilombo, Percusão Afro Estrela- Espetáculos de dança: “Eu vim da Ilha”, Grupo Axé, Negra Quilombolas Angico,

Quilombo Axé, Negra Atitude, Dança Afro Tigre

projeto revista povos tradicionais.indd 44 29/10/2013 09:30:41

Page 47: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

45

Semana dos Povos Indígenas de Pernambuco

Recife | Abril 2013

- Rituais

- Lançamento do documentário: “O elefante Branco: Resistência indígena à

transposição do Rio São Francisco”

- Apresentações culturais: Coco Xukuru; Samba-de-coco Kapinawá; Toré de todos os

povos; Shows de Solidariedade: Jean Ramos Pankararu

Semana de Luta pela terra

Recife | Abril 2013

-Apresentações de Adriana de Salles, Talis Ribeiro, Edmilson Ferreira

e Antonio Lisboa | Casa da Cultura

-Exibição dos filmes “ O veneno está na mesa”, “Vidas Cheias”

e “Raíz Forte” | Teatro Arraial“ Eles Voltam” | Cine São Luiz

- Feira de produtos orgânicos da reforma agrária | Casa da Cultura

Encontro de Cultura Quilombola do Sertão do

Pajeú | FPNC Triunfo

Águas Claras | Triunfo | Agosto 2013

- Apresentação do Grupo de Coco Quilombo Águas Claras

Encontro da Cultura dos Povos Tradicionais e

Populações RuraisQuilombo São Caetano

Betania | Abril 2013

Apresentação dos grupos: Grupo de Jovem Nazaro Kambiwá, Grupo Jovem Indígena Tuxá, Ilô Ayê, Banda de Pífano Quilombo

Buenos Aires-Cultura do Meu Saber, Samba de Coco Quilombo Cachoeira da Onça, Grupo de Teatro Cizarte, Violeiros Família Eduardo,

Banda de Pífano Os Gatos.

Festival da Cultura Camponesa | FPNC Agreste

Central

Assentamento NormandiaCaruaru | Maio 2013

- Debates sobre Arte e Cultura como instrumento de luta e Mobilização Cultural

no processo de transformação social

- Sarau Literário

- Cinema na Terra

- Grupo Forró Pé de Serra

Encontro da Cultura dos Povos Tradicionais e

Populações Rurais do Sertão Central | FPNC Sertão

Central

São Domingos e Poço Cercado (Parnamirim), Feijão (Mirandiba) Santana (Salgueiro) | Maio de 2013

Apresentações de grupos culturais das comunidades tradicionais e rurais da Região: quadrilha de Massapê ,

banda de pífano Alvorada Santa Rita e grupo familiar de dança de Poço Cercado, São Gonçalo do Araçá, trancilim e

banda de pífano de Conceição das Crioulas, Grupo de Dança Zumbi de Mirandiba, Mazurca de Santana, Banda Forró Mania com Felipe dos teclados e grupo de dança

(hip hop) da comunidade do Feijão.

Encontro Juventude, Arte e Cultura Indígena

FPNC PesqueiraAldeia de Cimbres e Capim Planta

Xukuru do OrorubáPesqueira | Agosto 2013

- Cinema na estrada no assentamento Santa Izabel- MST

-Apresentação do Teatro da Aldeia Cana Brava, Membi Xukuru, Samba de Coco Chã dos Negros, Grupo de Coco

Raízes do Ororubá

- Itinerância do Ororubá Filmes e sambada de Coco do Grupo

Raízes do Ororubá

II Encontro Troca de Saberes Crioulos (FIG)

Quilombo CastainhoGaranhuns | Julho 2013

- Cinema na Estrada ( Angico, Curiquinha dos Negros, Atoleiro, Retiro)

- Apresentações: “Brincadeiras de Palhaço” e “Circo de Lampezão e Maria Botina” (espetáculos

circenses), “Assim me contaram, assim vou contando” (espetáculo de teatro)

- Apresentações musicais: Coco do Mestre Juarez, Coco Castelo Branco de Castainho, Grupo Nação Quilombola, Coco raizes do Ororubá, Canto Coral

Vozes do Quilombo, Percusão Afro Estrela- Espetáculos de dança: “Eu vim da Ilha”, Grupo Axé, Negra Quilombolas Angico,

Quilombo Axé, Negra Atitude, Dança Afro Tigre

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Política pública de cultura para Povos Tradicionais e Populações Rurais em Pernambuco: desafios e perspectivas

“A avaliação geral é de que vale muito a pena

apesar de todas as limitações burocráticas, a

lógica do apoio é de apoiar o que já acontece

na comunidade, é qualificar isso, então nesse

sentido ele responde ao que se propõe.”

Cássia Bechara

Setor de Comunicação e Cultura do MST

“O trabalho é muito mais rico do que eu

tinha imaginado, o contato, as reuniões, essa

construção coletiva é concreta. Nosso trabalho

tem uma constância não é um trabalho que vai

terminar. É um ciclo vamos continuar apoiando.

É pequeno o que a gente está fazendo, mas

vamos aprofundando o debate, aprofundando

as oficinas, registrando os saberes, trocando as

experiências...

Fernando Duarte

Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco

(Gestão de Janeiro de 2011 a Outubro de 2013)

Política pública de cultura para Povos Tradicionais e Populações Rurais em Pernambuco

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Política pública de cultura para Povos Tradicionais e Populações Rurais em Pernambuco: desafios e perspectivas

ao lado: Roda de diálogos no Quilombo Feijão (Mirandiba-2013), Tony Braga/Secult-PE

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O nosso objetivo de compreender me-lhor a situação dos povos que vivem

no “mundo do campo” vem sendo alcança-do. Desde 2012, ano em que se instalou e começou o desenvolvimento de ações da Coordenação de Apoio aos povos, comu-nidades tradicionais e populações rurais, nossas ações nos renderam muitas apren-dizagens.

A realização de articulações para ouvir as entidades representativas desses grupos como estratégia para compreensão das suas demandas e para nos aproximar das comu-nidades nos levou a definir o público da ação e nos fez priorizar ações junto aos indígenas, quilombolas, ciganos assentamentos/acam-pamentos, sítios e agrovilas.

Essa aproximação possibilitou compreender melhor o universo sócio-cultural onde vivem

esses grupos identificando suas demandas, sua riqueza cultural contribuindo para uma definição da metodologia do trabalho da Coordenação.

Esses grupos, por serem culturalmente dife- renciados da população em geral e tendo em comum o fato de viverem no “mundo rural”, mantêm uma relação intrínseca com o território como espaço de produção e reprodução cultural. Isso exige da gestão pública uma redefinição de conceitos e de práticas que respeitem seus modos de vida, suas crenças, tradições, valores, e uma nova postura diante da política pública. No caso da Coordenação, uma Política de Cultura que valorize e respeite seus patrimônios cul-turais.

De fato, trabalhar com grupos culturalmente diferenciados possibilitou que a equipe

Política pública de cultura

foto: Eliene Amorim ministrando o seminário “Povos Tradicionais: Culturalmente Diferenciados?”, Acervo Fundarpe/Secult-PE

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• Continuar desenvolvendo ações discuti-das e construídas com as comunidades ouvindo suas organizações sociais

• Continuar realizando as ações nas comu-nidades

• Apoiar financeiramente as manifestações culturais diretamente com as comuni-dades, sem vínculo obrigatório com os municípios e/ou produtores culturais

• Realizar ações que permitam a integração das comunidades

• Garantir a autonomia e participação dire-ta das comunidades na execução das ações

Política pública de cultura

ampliasse sua compreensão acerca dos processos que devem ser desenvolvidos pela gestão pública, necessitando a reinvenção de práticas governamentais não homogeniza-doras, considerando o universo simbólico e material das comunidades tradicionais e das populações rurais.

Dessa forma o grande desafio que está posto para a elaboração e desenvolvimento da política de cultura para esses grupos é definir princípios, diretrizes e o conjunto de ações que formem uma política de cultura do esta-do levando em conta as suas demandas e as suas formas de estar no mundo.

Essa forma de pensar a política pública trás desafios, na forma de fazê-la, como também, tem implicações no financiamento, no modo de organizar a equipe de trabalho, e nos pro-

cedimentos administrativos. Assim os diversos aspectos da política públi-ca precisam também ser repensados a partir dos princípios e diretrizes construídos pela Coordenação junto aos sujeitos da ação.

No encontro realizado em dezembro de 2012, os grupos participantes formados pela equi-pe da Coordenação e representantes dos su-jeitos envolvidos, avaliando o que foi feito e pensando na perspectiva do futuro apresen-taram proposições a partir dos eixos: Dire- trizes e princípios da ação governamental; tipo de ações que devem ser desenvolvidas e estrutura da coordenação. A partir daí a Coordenação pode desenhar suas ações para o segundo semestre de 2013 em diante.

As sugestões e conclusões dos encontros estão dispostas nas tabelas a seguir:

• Acompanhar e assessorar as comuni-dades na organização da documentação para prestação de contas

• Possibilitar o diálogo direto com o Secretário de Cultura

• Realizar avaliações após os eventos, espe-cialmente os Festivais Pernambuco Nação Cultural

• Garantir espaço específico na política de co-gestão (fóruns temáticos)

• Orientar as ações a partir dos temas:‘ter-ra’, ‘luta’ e ‘resistência’

recomendações para diretrizes e princípios da ação governamental:

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Política pública de cultura

• Ações de formação valorizando os saberes locais

• Intercâmbio entre os grupos culturais

• Garantir editais específicos e repensar estratégias de divulgação desses editais

• Realizar ações nos equipamentos públicos de cultura

• Fortalecer a articulação entre os segui-mentos (assentados, quilombolas, indíge-nas, ciganos, pescadores artesanais, tra-balhadores rurais)

• Garantir formação em elaboração e gestão de projetos culturais

• Realizar ações formativas estruturantes

que garantam a permanência e continui-dade dos grupos formados

• Espaço para divulgação do calendário das atividades culturais dos povos

• No campo da difusão, expandir e ocupar espaços na sociedade com ações que tragam maior visibilidade à cultura camponesa e tradicional

• Liberar recursos e pagamentos antes da realização das atividades

• Garantir assessoria para prestação de con-tas e gestão dos Pontos de Cultura

• Realizar o Festival da Cultura do Campo e Tradicional

tipos de ações que devem ser desenvolvidas:

foto: Indígenas Xukuru (Pesqueira-2012), Acervo Fundarpe/Secult-PE

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Política pública de cultura

foto: Oficina de Elaboração de Projetos, Quilombo Águas Claras (Triunfo), Acervo Fundarpe/Secult-PE

foto: Quilombo Castainho (Garanhuns-2012), Acervo Fundarpe/Secult-PE

foto: Roda de Debate - Cultura e Identidade Camponesa, Assentamento Normandia, (Caruaru-2012),

Roberta Guimarães/Secult-PE

foto: Acervo Fundarpe/Secult-PE

foto: Espetáculo de Mamulengos Vá de Retro do grupo Tropa do Balacubaco, Aldeia Xukuru Capim de Planta (Pesqueira-2012), Costa Neto/Secult-PE

foto: Oficina de Mazurca, Quilombo de Santana (Salgueiro),

Rubem Limao/Secult-PE

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Índio Educa www.indioeduca.org

Índios on line www.indiosonline.net

Instituto Socioambiental www.isa.org.br

Blog Tema Indígena temaindigena.blogspot.com

Índios no Nordeste www.indiosnonordeste.com.br

Conselho Indigenista Missionário (CIMI)www.cimi.org.br

SITES RECOMENDADOS

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Diagnóstico do Brasil Quilombola 2012www.seppir.gov.br

Fundação Cultural Palmareswww.palmares.gov.br

Crioulas Vídeocrioulasvideo.org

Embaixada Cigana no Brasil www.embaixadacigana.com.br

Comissão Pro índio de São Paulowww.cpisp.org.br

Movimento Sem Terrawww.mst.org.br

sites recomendados

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Page 56: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

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Eles voltam Marcelo Lordello - Brasil (2012)

Terra para Rose I Tetê Morais - Brasil (1987 )

Sonho de Rose IITetê Morais - Brasil (1987 )

Enterrem meu coração na curva do rioYves Simoneau - USA (2007)

As caravelas passam (20 min; disponível na Internet)

Vídeos sugeridosAté onde a Vista Alcança https://vimeo.com/23893480á

O veneno está na mesahttp://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg

Terra de Quilombos: Uma dívida Históricahttp://www.youtube.com/watch?v=oO7tQWe3Yxo

Vídeos Indígenashttp://videosindigenas.blogspot.com.br/

Filmes sugeridos

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Page 57: No Território das Culturas: A experiência da Secult-PE com populações tradicionais e povos do campo

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Expediente

Eduardo CamposJoão Lyra NetoTadeu Alencar

Marcelo CanutoVinícius CarvalhoMaria de Lourdes MergulhãoAmara CunhaAndré BrasileiroMichelle de Assumpção

Severino PessoaSandra BrunoFernando AugustoThiago RochaAndré AraripeCélia Campos

Erika NascimentoHenry Pereira, Francisco de Assis, Inglaucia Almeida, Sonia Vila Nova, Bia PaesMaira Egito

Revista Povos TradicionaisEliene Amorim e Synara KlyniErika NascimentoBia PaesMichelle Assumpção e Tiago MontenegroMariana MeloCosta Neto, Ricardo Moura, Chico Lurdermir, Synara Klyni, Beto Figueroa, Rubem Lima, Roberta Guimarães, Tony Braga, Chico Santana, Clara Gouvêa, Magda Silva, Coordenação para Povos Tradicionais e Populações Rurais

FALE COM A GENTE:A Coordenação para povos tradicionais e populações rurais situa-se no prédio da Fundarpe, na Capital Pernambucana, Recife.Para saber mais sobre as linhas de ação da coorde-nação ou enviar sugestões, entre em contato:

Horário de funcionamento: De segunda à sexta09h às 18h (exceto feriados)Fone: 081 3184.3124Rua da Aurora, 463/469, Boa Vista, Recife - PE - Brasilcep 50050 000

Governo do EstadoGovernador

Vice- GovernadorSecretário da Casa Civil

Secretaria de CulturaSecretário

Diretor ExecutivoDiretora de Gestão

Diretora de PlanejamentoDiretor de Políticas Culturais

Gestora de Comunicação

Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco ( Fundarpe)

PresidenteDiretora de Gestão

Diretor de ProduçãoDiretor de Gestão do Funcultura

Diretor de Gestão de Equipamentos CulturaisDiretora de Preservação Cultural

Coordenação para Povos Tradicionais e Populações Rurais

CoordenadoraEquipe

Colaboração

Revista Povos TradicionaisTextos e Pesquisa

CoordenaçãoEdição de conteúdo

Supervisão de ComunicaçãoDesigner

Fotografos

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60foto: Costa Neto/Secult-PE

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foto: Costa Neto/Secult-PE

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