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Noções de Direito Civil – Personalidade, Capacidade, Pessoa Natural e Pessoa Jurídica Profª: Tatiane Bittencourt __________________________________________________________________________________________ 1 PESSOA NATURAL 1. Conceito : é o ser humano, considerado como sujeito de direitos e deveres. Tais direitos e deveres podem ser adquiridos após o início da PERSONALIDADE, ou seja, após o nascimento com vida (Art. 2º do CC). Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 2. CAPACIDADE : é a possibilidade de ser sujeito de direitos e deveres e de praticar, por si só, os atos da vida civil. Divide-se em: a) Capacidade de DIREITO ou de GOZO : - é a aptidão genérica para ser titular de diretos e deveres na esfera civil; - é inerente a todas as pessoas, ou seja, todas as pessoas detêm. - está prevista no Art. 1º do CC Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. b) Capacidade de FATO ou de EXERCÍCIO : - é a aptidão para praticar, por si só, os atos da vida civil; - nem todas as pessoas possuem tal capacidade; -é adquirida, em regra, aos 18 anos completos; - pode ser antecipada – EMANCIPAÇÂO; - pode ser limitada ou retirada – INTERDIÇÂO; - está ligada a critérios objetivos, tais como idade e estado de saúde; 3. INCAPACIDADE : é a restrição legal à prática de certos atos da vida civil. Ela pode ser:

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Noções de Direito Civil – Personalidade, Capacidade, Pessoa Natural e Pessoa Jurídica Profª: Tatiane Bittencourt

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PESSOA NATURAL 1. Conceito: é o ser humano, considerado como sujeito de direitos e deveres. Tais direitos e deveres podem ser adquiridos após o início da PERSONALIDADE, ou seja, após o nascimento com vida (Art. 2º do CC).

Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

2. CAPACIDADE: é a possibilidade de ser sujeito de direitos e deveres e de praticar, por si só, os atos da vida civil. Divide-se em:

a) Capacidade de DIREITO ou de GOZO: - é a aptidão genérica para ser titular de diretos e deveres na esfera civil; - é inerente a todas as pessoas, ou seja, todas as pessoas detêm. - está prevista no Art. 1º do CC

Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

b) Capacidade de FATO ou de EXERCÍCIO: - é a aptidão para praticar, por si só, os atos da vida civil; - nem todas as pessoas possuem tal capacidade; -é adquirida, em regra, aos 18 anos completos; - pode ser antecipada – EMANCIPAÇÂO; - pode ser limitada ou retirada – INTERDIÇÂO; - está ligada a critérios objetivos, tais como idade e estado de saúde; 3. INCAPACIDADE: é a restrição legal à prática de certos atos da vida civil. Ela pode ser:

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a) ABSOLUTA – impede que a pessoa pratique pessoalmente os atos da vida civil. Exige a REPRESENTAÇÃO. Está prevista no Art. 3º do CC.

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

b) RELATIVA – aqueles que podem praticar atos da vida civil, mas necessitam da ASSISTÊNCIA daqueles que a lei assim determina.

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

4. REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA

Serão representantes ou assistentes:

a) PAIS – em relação aos filhos menores. É um direito decorrente do exercício do poder familiar, que cessa, no máximo, quando o menor atinge a maioridade.

b) TUTOR – na falta dos pais (poder familiar) o menor terá um Tutor para administrar seus bens e cuidar de sua pessoa até a maioridade ou emancipação.

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c) CURADOR – a curatela é destinada, em regra, aos maiores incapazes. Ou seja, existirá quando a incapacidade decorrer do estado de saúde – Art. 3º, II e III(causa duradoura) e Art. 4º, II, III e IV.

5. CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE – cessa quando cessar a sua causa. Sendo ela a idade, cessará:

a) com a maioridade – aos 18 anos completos ( Art. 5º).

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

b) com a emancipação, nas formas previstas no parágrafo único do Art. 5º do CC.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial (EMANCIPAÇÂO VOLUNTÀRIA) ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos (EMANCIPAÇÂO JUDICIAL);

EMANCIPAÇÃO LEGAL: aquela que se dá pela ocorrência dos seguintes fatos previstos no CC:

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

OBS.► a emancipação não antecipa a maioridade. Antecipa apenas a capacidade de FATO ou EXERCÌCIO.

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A pessoa permanece menor, mas podendo praticar sozinha os atos da vida civil por não ser mais considerada incapaz.

6. DOMICÍLIO: é o lugar onde a pessoa estabelece a sua residência (elemento objetivo) com ânimo definitivo (elemento subjetivo). a) Pluralidade domiciliar: o Código Civil admite que uma pessoa tenha mais de um domicílio:

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.

Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.

Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

b) Domicílio sem residência habitual – o CC permite que uma pessoa tenha domicílio sem ter residência habitual ou sendo esta incerta.

Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.

c) Mudança de domicílio – para ocorrer a mudança do domicílio e não a simples transferência de residência(ex. passar férias na residência da praia), é necessário que exista a intenção manifesta de mudar, ou seja, a pessoa deve transferir a residência com ânimo definitivo(“ morar”, “viver”).

Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.

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Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.

d) Domicílio NECESSÀRIO – aquele atribuído pela lei a determinadas pessoas. Tem domicílio necessário:

Incapaz é o do seu REPRESENTANTE ou ASSISTENTE

Servidor Público é o lugar onde exercer PERMANENTEMENTE suas funções

Militar onde ele servir – sendo da MARINHA ou AERONÀUTICA, é a sede

do comando a que se encontrar imediatamente subordinado

Marítimo o lugar onde o navio estiver MATRICULADO

Preso o lugar onde estiver cumprindo sua sentença

e) Domicílio eletivo – Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

f) Domicílio do agente diplomático - Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.

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DAS PESSOAS JURÍDICAS

É a unidade de pessoas naturais ou de patrimônio, que visa à consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações.

CLASSIFICAÇÃO:

►De direito público - Externo e Interno

Externo - Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

Interno - Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

►De direito privado:

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

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II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas;

V - os partidos políticos.

1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.

§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.

§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.

►Início da personalidade

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

►DOMICÌLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:

I - da União, o Distrito Federal;

II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;

III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;

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IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.

§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.