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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL INQUÉRITO POLICIAL Notitia criminis O Inquérito Policial comporta dois ângulos de in- terpretação, duas modalidades conceituais: uma de caráter formal e outra de caráter material. Assim também pensa Câmara Leal, quando diz: "Em sentido material, inquérito policial é o conjunto de atos, ordenados e disciplinados por lei, que cons- tituem, em cada caso criminal, a seqüência de ativi- dade policial nas diligências que lhe competem. Em sentido formal, o inquérito policial é a peça proces- sual que contém e autentica, em forma legal, os atos e diligências policiais, relativos a determinado caso criminal". É o Inquérito policial, uma peça preliminar ou preparatória da ação penal, na medida em que colhe elementos informativos necessários para a instrução criminal judiciária. É uma escrita, porque todos seus termos e atos são datilografados. É também, uma peça investigatória, porque se destina a fazer investigações sobre o fato criminoso e sua autoria. O inquérito policial deve obedecer cer- ta ordem, mas não tem rito predeterminado. É inqui- sitivo, havendo certa discricionariedade da autorida- de policial não obedece ao princípio do contraditório, e não havendo acusação formal, não há prejuízo para a defesa. Nada mais é, então, o inquérito policial, do que à formalização da atividade da polícia judiciária, quan- do investiga o fato delituoso e a sua autoria, de- monstrando os passos dados na busca da completa clareza do ocorrido. Não se sujeita ao princípio da publicidade, ao contrário, segundo o art. 20 da CPP "a autoridade assegurará no Inquérito Policial o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pela sociedade". Po- rém, esse sigilo é relativo, não atingindo a pessoa do advogado do indiciado, tendo em vista o disposto no art. 89, VI, b, e XV, da Lei 4.215 de 27 de abril de 1963 (Estatuto da OAB). É posição firmada na jurisprudência o fato de ser o Inquérito Policial mera peça informativa e, por isso, discute-se seu valor probatório. Não se pode negar; no entanto, o valor de peças como o Auto de Prisão em Flagrante, os exames de locais, as períci- as, etc., pois, pelo princípio da imediatidade e opor- tunidade, exigem urgência, sob pena de desapare- cerem os vestígios e não poderem ser realizados na fase judicial. Não se pode falar em "nulidade", mas em "irregu- laridades", quando de falhas que possam ocorrer, ensejando, apenas, o relaxamento da prisão, não prejudicando a propositura da ação penal. A autoridade policial, tomando conhecimento da notitia criminis, deverá dar inicio às investigações. Essa notícia pode chegar de várias maneiras atra- vés da atividade rotineira; notícia veiculada pela im- prensa, delação, etc. (notícia de cognição imediata); pelo conhecimento através de requerimento da víti- ma (cognição mediata); ou, no caso de prisão em flagrante (cognição coercitiva), pois, neste caso, jun- tamente com a notitio criminis é apresentado, à au- toridade, o autor do fato. Tomando conhecimento a autoridade, portanto, de que um delito foi praticado, iniciará as diligências. E o fará através da instauração do Inquérito Policial. O Inquérito Policial também é chamado de proce- dimento apuratório; procedimento investigatório; in- vestigação policial; procedimento inquisitorial, entre outros. AÇÃO PENAL - Espécies O estado é detentor do jus puniendi, (direito de punir) sempre que alguém lesa um direito individual de outro ou da sociedade. O poder dever do Estado de punir aqueles que se desviam da conduta nor- mal, infringindo as leis, não é ilimitado, pois limita-se ao direito objetivo, a lei. Além do mais, para exerci- tar esse direito-dever limitado, o Estado tem que submeter-se ao devido processo legal. A ação penal e resultado das garantias individu- ais, em razão de que ninguém pode ser condenado a uma sanção penal a não ser por uma sentença ju- diciária. O pressuposto da ação penal sempre será a existência de um litígio, ou a pretensão não satisfei- ta resultante da prática de um delito. A natureza, ju- rídica da ação penal em nada. difere da ação civil, apenas muda o seu conteúdo. O direito de ação está disciplinado no Código Pe- nal , nos arts. 100 a 106 (da ação penal), e o exercí- cio desse direito está regulado no Código de Pro- cesso Penal, nos arts. 24 a 62 (da ação penal). O fundamento constitucional do direito de ação se acha no art. 5º, LIV, onde regra que a lei não po- derá excluir da apreciação do Poder Judiciário qual- quer lesão de direito. A ação penal é o direito de se pleitear a tutela ju- risdicional, ou o "direito de se pedir ao - Estado-juiz a aplicação do direito penal objetivo" (Noronha, E. Magalhães, Curso de Processo Penal, São Paulo, Saraiva, 1979, v. 1, p. 299). A ação penal é o exercício do direito de jurisdi- ção, que se consubstancia junto aos órgãos de Jus- tiça Criminal, ou, ainda, "o direito de invocar-se o po- der judiciário para aplicar o direito penal objetivo" (Marques, José Frederico. Elementos de direito pro- cessual penal, Rio de Janeiro, Forense, v. 1, P. 307). ESPÉCIES DE AÇÃO Várias são as classificações da ação penal: I - Quanto ao conteúdo dividem-se em: ações de conhecimento (declaratória, constitutiva e condena- tória); as ações cautelares; e ações executivas. 1 - Ação penal de conhecimento é aquela que instaura um processo de conhecimento do mérito, concluído numa decisão sobre a situação jurídica definida no direito penal. As ações de conhecimento podem ser: 3

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

NOÇÕES DE DIREITOPROCESSUAL PENAL

INQUÉRITO POLICIALNotitia criminis

O Inquérito Policial comporta dois ângulos de in-terpretação, duas modalidades conceituais: uma de caráter formal e outra de caráter material.

Assim também pensa Câmara Leal, quando diz: "Em sentido material, inquérito policial é o conjunto de atos, ordenados e disciplinados por lei, que cons-tituem, em cada caso criminal, a seqüência de ativi-dade policial nas diligências que lhe competem. Em sentido formal, o inquérito policial é a peça proces-sual que contém e autentica, em forma legal, os atos e diligências policiais, relativos a determinado caso criminal".

É o Inquérito policial, uma peça preliminar ou preparatória da ação penal, na medida em que colhe elementos informativos necessários para a instrução criminal judiciária.

É uma escrita, porque todos seus termos e atos são datilografados.

É também, uma peça investigatória, porque se destina a fazer investigações sobre o fato criminoso e sua autoria. O inquérito policial deve obedecer cer-ta ordem, mas não tem rito predeterminado. É inqui-sitivo, havendo certa discricionariedade da autorida-de policial não obedece ao princípio do contraditório, e não havendo acusação formal, não há prejuízo para a defesa.

Nada mais é, então, o inquérito policial, do que à formalização da atividade da polícia judiciária, quan-do investiga o fato delituoso e a sua autoria, de-monstrando os passos dados na busca da completa clareza do ocorrido.

Não se sujeita ao princípio da publicidade, ao contrário, segundo o art. 20 da CPP "a autoridade assegurará no Inquérito Policial o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pela sociedade". Po-rém, esse sigilo é relativo, não atingindo a pessoa do advogado do indiciado, tendo em vista o disposto no art. 89, VI, b, e XV, da Lei 4.215 de 27 de abril de 1963 (Estatuto da OAB).

É posição firmada na jurisprudência o fato de ser o Inquérito Policial mera peça informativa e, por isso, discute-se seu valor probatório. Não se pode negar; no entanto, o valor de peças como o Auto de Prisão em Flagrante, os exames de locais, as períci-as, etc., pois, pelo princípio da imediatidade e opor-tunidade, exigem urgência, sob pena de desapare-cerem os vestígios e não poderem ser realizados na fase judicial.

Não se pode falar em "nulidade", mas em "irregu-laridades", quando de falhas que possam ocorrer, ensejando, apenas, o relaxamento da prisão, não prejudicando a propositura da ação penal.

A autoridade policial, tomando conhecimento da notitia criminis, deverá dar inicio às investigações. Essa notícia pode chegar de várias maneiras atra-vés da atividade rotineira; notícia veiculada pela im-prensa, delação, etc. (notícia de cognição imediata);

pelo conhecimento através de requerimento da víti-ma (cognição mediata); ou, no caso de prisão em flagrante (cognição coercitiva), pois, neste caso, jun-tamente com a notitio criminis é apresentado, à au-toridade, o autor do fato.

Tomando conhecimento a autoridade, portanto, de que um delito foi praticado, iniciará as diligências. E o fará através da instauração do Inquérito Policial.

O Inquérito Policial também é chamado de proce-dimento apuratório; procedimento investigatório; in-vestigação policial; procedimento inquisitorial, entre outros.

AÇÃO PENAL - Espécies

O estado é detentor do jus puniendi, (direito de punir) sempre que alguém lesa um direito individual de outro ou da sociedade. O poder dever do Estado de punir aqueles que se desviam da conduta nor-mal, infringindo as leis, não é ilimitado, pois limita-se ao direito objetivo, a lei. Além do mais, para exerci-tar esse direito-dever limitado, o Estado tem que submeter-se ao devido processo legal.

A ação penal e resultado das garantias individu-ais, em razão de que ninguém pode ser condenado a uma sanção penal a não ser por uma sentença ju-diciária.

O pressuposto da ação penal sempre será a existência de um litígio, ou a pretensão não satisfei-ta resultante da prática de um delito. A natureza, ju-rídica da ação penal em nada. difere da ação civil, apenas muda o seu conteúdo.

O direito de ação está disciplinado no Código Pe-nal , nos arts. 100 a 106 (da ação penal), e o exercí-cio desse direito está regulado no Código de Pro-cesso Penal, nos arts. 24 a 62 (da ação penal).

O fundamento constitucional do direito de ação se acha no art. 5º, LIV, onde regra que a lei não po-derá excluir da apreciação do Poder Judiciário qual-quer lesão de direito.

A ação penal é o direito de se pleitear a tutela ju-risdicional, ou o "direito de se pedir ao - Estado-juiz a aplicação do direito penal objetivo" (Noronha, E. Magalhães, Curso de Processo Penal, São Paulo, Saraiva, 1979, v. 1, p. 299).

A ação penal é o exercício do direito de jurisdi-ção, que se consubstancia junto aos órgãos de Jus-tiça Criminal, ou, ainda, "o direito de invocar-se o po-der judiciário para aplicar o direito penal objetivo" (Marques, José Frederico. Elementos de direito pro-cessual penal, Rio de Janeiro, Forense, v. 1, P. 307).

ESPÉCIES DE AÇÃO

Várias são as classificações da ação penal:

I - Quanto ao conteúdo dividem-se em: ações de conhecimento (declaratória, constitutiva e condena-tória); as ações cautelares; e ações executivas.

1 - Ação penal de conhecimento é aquela que instaura um processo de conhecimento do mérito, concluído numa decisão sobre a situação jurídica definida no direito penal.

As ações de conhecimento podem ser:

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

a) Declaratórias, quando visam a declaração da existência ou não de um direito violado. Ex.: habeas corpus, extinção da punibilidade.

b) Constitutivas, quando destinadas a criar, extin-guir ou - modificar um direito, uma situação jurídica. Ex.: Reabilitação, extradição, pedido de homologa-ção de sentença estrangeira.

c) Condenatórias, tem por objetivo uma sentença de condenação, o reconhecimento de uma preten-são punitiva. Ex.: Ação por prática de crime.

2 - Ações cautelares, são aquelas que visam as-segurar ou resguardar, através de medidas urgen-tes, os objetivos da ação penal.

Podem ser:

a) Pessoais, quando versarem sobre um direito pessoal. Ex.: Prisão preventiva, interdição de direi-tos, fiança;

b) Reais, que derivam de direitos reais sobre coi-sas. EX.: arresto, seqüestro.

3 - Ações de execução, são destinadas a dar cumprimento ao que foi solucionado no Processo. Ex.: execução da pena de multa.

II - Segundo o titular do direito de agir, as ações condenatórias são divididas em ação penal pública e ação penal privada (art. 100 do CPP).

A primeira divide-se em penal pública incondicio-nada e ação penal pública condicionada (art. 100, § 1º). Já a ação penal privada subdivide-se em princi-pal (art. 100, § 2º) e subsidiaria (art. 100, § 3º).

I - Ação penal pública

Na ação penal pública, condicionada ou incondi-cionada, o detentor do jus occusotionis (direito de acusar) é o órgão do Ministério Público, isto é, so-mente o Promotor de Justiça pode pedir a providen-cia jurisdicional de aplicação da lei penal, exercendo a denominada pretensão (art. 100, § 1º do CP).

A ação penal em regra, será pública, salvo se a lei expressamente declarar em contrario (art. 100, caput, do CP) e será iniciada por meio de denúncia (art. 24 do CPP), que deverá contar a exposição do fato criminoso, suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos suficientes para sua identificação; a cominação legal e o rol de testemu-nhas, quando necessárias (art. 41 do CPP). A de-núncia deve ser oferecida em cinco dias, estando o indiciado preso, contados da data que o órgão do Ministério Público recebe os autos do inquérito poli-cial, e, em, quinze dias, estando solto ou afiançado o indiciado (art. 46, caput, do CPP).

A ação penal pública pode ser incondicionada, quando basta a ocorrência do ilícito penal para que a autoridade policial instaure o competente inquérito policial que servirá de base para a proposição da

ação penal pelo Ministério Público, ou condicionada, quando depende de representação do ofendido ou seu representante legal, ou da requisição do Minis-tro da Justiça (art. 100, § 1º do CP).

Representação do ofendido

A ação penal pública pode estar condicionada à representação do ofendido ou seu representante le-gal, que se constitui, segundo a doutrina, num pedi-do-autorização onde está expresso o desejo de que a ação seja instaurada. A representação e, pois, "a manifestação de vontade do ofendido ou do sou re-presentante legal no sentido de autorizar o Ministério Público a desencadear a persecução penal" -(Fran-co, Alberto Silva; Beanho, Luiz Carlos; Feltrin, Se-bastião Oscar. Código Penal e sua interpretação ju-risprudencial, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1979, v. 1, Tomo 2, p. 48).

Quanto à natureza jurídica a representação e tida como condição de procedibilidade da ação penal pú-blica, pois sem ela o Ministério Público não pode oferecer denúncia.

Justifica-se essa condição pelo fato de que, em certas ocasiões, o interesse do ofendido sobrepõe-

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

se ao interesse do Estado na repressão do fato cri-minoso, quando a seu juízo, a reparação do crime causar-lhe males maiores do que os derivados do próprio crime.

É permitida a representação pela vítima e por seu representante legal, no prazo de seis meses, contados do dia que a vítima tomou conhecimento de quem era o autor do ato criminoso. Esse prazo é decadencial.

A jurisprudência entende que, sendo a vítima menor de 18 anos, o direito de representação pode ser exercido pelo pai, mãe, tios, irmãos, tutor, cura-dor - etc. Não tendo o ofendido representante legal, a representação poderá ser feita por curador especi-al, nomeado pelo juiz, conforme dispõe o art. 33 do CPP.

Com a morte do ofendido, o direito à representa-ção passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24 do CPP).

A representação não exige forma especial, basta o desejo do interessado em instaurar o procedimen-to criminal.

O Ministério Público, pelo princípio da indivisibili-dade, pode incluir na denúncia os co-autores e partí-cipes não arrolados pela vítima, visto que pelo fato de ser ação condicionada à representação, não per-de a condição de dominus litis (detentor da ação).

Uma vez oferecida a denúncia, a representação é irretratável, segundo dispõe o art. 102 do CP, pode, porém pode retratar-se da representação feita se o Ministério Público ainda não ofereceu a denún-cia. Mesmo depois de retratar-se, pode o ofendido ou seu representante legal renovar a representação. É possível, pois, a retratação da retratação.

Como dominos litis, ou seja, como detentor da ação penal, o Ministério Público pode não oferecer a denúncia nos casos de representação, quando não há indícios de quem seja o autor do fato criminoso, casos em que pronunciar-se-á pelo arquivamento do inquérito policial ou das peças de informação.

Na lei objetiva vai dizer "proceder-se mediante representação", quando for o caso de ação penal pública condicionada.

Requisição do Ministro da Justiça.

Na lei objetiva vai dizer "proceder-se mediante representação quando for requisição do Ministro da Justiça.

A requisição do Ministro da Justiça e um, ato ad-ministrativo, discricionário e irrevogável, devendo conter elementos que possibilitem as circunstâncias, nome e qualidade da vítima, nome e qualificação do autor etc.; não e exigida, Porém, forma especial.

A exigência de requisição em certos delitos, obe-dece a razões de ordem política. (Art. 145, parágrafo único, e art. 7º, § 3º, ambos do CP). A requisição não obedece a prazo decadencial, regulando-se so-mente pelas demais causas de extinção de punibili-dade.

A requisição, tal qual a representação, e condi-ção de procedibilidade, não obriga o órgão do Minis-tério Público a propositura da ação, desde que devi-damente fundamentada.

A requisição, segundo posição dominante na doutrina, e irretratável.

2 - Ação penal privada

A ação penal privada e promovida mediante quei-xa do ofendido ou de seu representante legal (art. 30 do CPP). Nela, o ofendido ou seu representante legal denomina-se querelante e o réu querelado. Aqui o jus accusationis (direito de acusar) é transfe-rido do Estado para o particular cabendo a este o di-reito de agir, enquanto que o jus puniendi (direito de punir) permanece sendo exclusivamente do Estado. A iniciativa da ação penal privada, pela vítima, justifi-ca-se pelo fato de que a repressão interessa muito mais ao ofendido do que ao Estado, neste caso.

A queixa e a peça equivalente a denúncia, pela qual se instaura a ação penal, devendo conter na sua formal os mesmos requisitos desta, (art. 41 do CPP) sob pena de rejeição (art. 43 do CPP). So-mente se diferenciam pela pessoa que oferece, pois a denúncia e oferecida, exclusivamente, pelo mem-bro do Ministério Público, enquanto que a queixa é oferecida pelo procurador do ofendido, com poderes especiais para representa-lo.

Neste tipo de ação vige o princípio da oportunida-de, que possibilita o exercício facultativo da ação pe-nal pelo seu titular. Ademais, obedece ao princípio da disponibilidade, visto que há a faculdade de re-nuncia pelo ofendido e o perdão, que são causas extintivas da punibilidade do réu (art. 107. V, do CP).

Há duas espécies de ação privada: a exclusiva ou principal e a subsidiária da ação pública.

a) A ação de iniciativa privada exclusiva somente poderá ser proposta pelo ofendido ou por seu repre-sentante legal. Arrola-se na parte especial do Códi-go Penal quais os delitos que a admitem, geralmen-te com a expressão só se procede mediante queixa".

b) A ação penal privada subsidiária da pública esta prevista no art. 2º do CPF e só terá lugar no caso de inércia do órgão do Ministério Público, ou seja, quando ele, no prazo que lhe é concedido para oferecer denúncia, não a apresenta, não requer dili-gências, nem pede arquivamento, facultando a víti-ma o oferecimento da peça acusatória. Este tipo de ação esta previsto na Carta Magna, em seu art. 5º, LIX, como garantia individual.

Admitida a ação privada subsidiária, cabe ao Mi-nistério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo e no caso de negligência do querelante, poderá retomar a ação como parte principal. (art. 2º, do CPP)

JURISDIÇÃO ECOMPETÊNCIA

Jurisdição

Em sentido amplo, jurisdição é o poder do conhe-cer e decidir com autoridade dos negócios e conten-das, que surge dos diversos círculos de relações da vida social, falando-se, assim, em jurisdição policial, jurisdição administrativa, jurisdição militar, jurisdição eclesiástica, etc,.. (Azevedo, Vicente de, Processo Penal; ação e jurisdição, Revistas dos Tribunais, 1975, p. 18).

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Em sentido estrito, jurisdição é o poder das auto-ridades judiciárias, regularmente investidas no car-go, de dizer o direito em concreto. (Nogueira, Paulo Lúcio, Curso completo de processo penal, 3º ed., São Paulo, Saraiva, 1987, p. 53).

Jurisdição é a propriedade que tem o Poder Judi-ciário de prolatar concretamente a aplicação do di-reito objetivo, ou, "a função estatal de aplicar as nor-mas da ordem jurídica em relação a uma pretensão" (Marques, José Frederico Elementos de Direito Pro-cessual Penal, Rio-São Paulo, Forense, 1961, V. 1, p. 180).

Os juízes, por serem juízes, tem jurisdição, a fa-culdade de julgar, o poder de dizer o direito. Etimolo-gicamente, a palavra jurisdição vem de jurisdiction formada de jus, juris (direito) e de dictio, dictionis (ação de dizer, pronúncia), assim, a idéia de ação de dizer o direito.

O mestre Hélio Tornaghi ressalta que "o conceito de jurisdição é ontológico, diz respeito ao poder em si, ao poder de julgar. O conceito de competência é metodológico. Jurisdição é força, e virtude, e princí-pio criador, algo positivo. Competência e simples possibilidade, qualidade daquilo que não contradiz, não ultrapassa os limites impostos por lei".

Doutrinariamente costuma-se apresentar divi-sões e formas da jurisdição, de acordo com o as-pecto que esta é examinada.

1) Quanto à categoria, a jurisdição pode ser infe-rior, que corresponde a 1ª instância, formada por co-marcas, respeitando a organização judiciária de cada Estado; e superior, integrada pelos tribunais. Surge dai a distinção de instância e entrância, sendo esta a categoria da comarca, e aquela o grau de ju-risdição.

2) Quanto matéria a ser, tratada, pode ser penal, civil, eleitoral, militar ou trabalhista, de acordo com a natureza da causa.

3) Quanto ao organismo, pode ser estadual, se exercida por juízes estaduais, destinada a julgar a maioria das ações; e federal, quando julga as cau-sas de interesse da União. "Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicilio dos segurados ou beneficiários, as causas em que fo-rem parte instituição de previdência social e segura-do, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela Justiça estadual" (CF, art. 109, § 3º).

Nos territórios federais, a jurisdição e as atribui-ções cometidas aos juízes federais caberão aos juí-zes da justiça local, na forma da lei (CF, art. 110, pa-rágrafo único).

Também as contravenções estão excluídas da competência da Justiça Federal de 1ª instância (CF, art. 108, IV). Isto se justifica porque muitas delas coincidem com o próprio - interesse do município, Como as contravenções contra a fauna e flora. Não faz sentido transferir o processo julgamento para a Capital ou comarca distante, quando podem ser jul-gadas, com mais propriedade e rapidez, pela Justiça local.

4) Quanto ao objeto, a jurisdição pode ser con-tenciosa, em que há litígio, constituindo a maioria das causas; e graciosa ou voluntária, quando há consenso das partes, chegando alguns doutrinado-res a dizer que neste caso não há propriamente ju-risdição, Já que não existe julgamento.

5) Quanto à função, pode ser ordinária ou co-mum, concernente aos órgãos da Justiça comum; especial ou extraordinária, quando por exceção, ou-tro órgão esta investido no poder de julgar, como o Senado nos crimes de responsabilidade dos presi-dentes e dos ministros (Lei nº 1.079, de 10.04.1950).

6) quanto a competência, a jurisdição é determi-nada pelas leis de organização judiciária estadual, que dispõem sobre os órgãos julgadores, podendo ser plena, quando juiz tem competência para julgar todos os casos, ou ações, ou limitada, quando sua competência é restrita a certos casos, como ocorre nas cidades onde há diversas varas.

Elementos da jurisdição

A jurisdição compõe-se de certos elementos, ou seja, atos processuais que devem ser praticados para que se chegue à decisão ou sentença. Estes elementos são em número de cinco:

1º) notio (conhecimento) - é o poder de conhecer uma causa e decidi-la

2º) vocatio (chamamento) - é o poder de convo-car a comparecer em juízo todo aquele cuja presen-ça for necessária ao esclarecimento do caso sub ju-dice, e de regular o andamento do processo;

3º) coertio (coerção) - trata-se da possibilidade de aplicação de medidas da coação processual para que haja respeito e garantia da função jurisdicional;

4º) judicio (julgamento) - consiste no poder de jul-gar e pronunciar o direito no caso concreto;

5º) executio (execução) funda-se no cumprimen-to da sentença que no direito penal, é automática.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípios da jurisdição

Corolário das garantias para a aplicação da lei, surgem certos princípios fundamentais à atividade jurisdicional.

1) Princípio do juiz natural (constitucional) - Em razão de postulados constitucionais vigentes, que fundamentam e garantem os direitos individuais. Ninguém pode ser julgado a não ser por juiz ou tri-bunal competente. Todos são iguais perante a Constituição, a lei e o Estado, sem distinção de qualquer natureza (art. 5º e incisos, CF). "Ninguém será considerado culpado até o transito em julgado de sentença penal condenatória" (art. 5º, LVII). Não haverá juízo ou tribunal de exceção. "Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente", assegurada a ampla defesa (art. 5º LIII, CF. Ex.: o juiz natural para os crimes praticados por juízes e promotores e o tribunal de Justiça; o juiz natural dos crimes dolosos contra a vida e o Júri Po-pular.

2) Princípio da investidura determina que a juris-dição só pode ser exercida por quem tenha sido re-gularmente investido no cargo e esteja em exercício. Ex.: juiz aposentado perde a jurisdição; a usurpação de função constitui crime (CP. art. 328).

3) Princípio da imparcialidade do juiz, é de suma importância, visto que o juiz deve colocar-se acima das demais partes. Impossível haver relação pro-cessual valida se não houver juiz imparcial.

4) Princípio da iniciativa das partes ("ne precedat judex ex officio"). Trata da impossibilidade do juiz agir sem a provocação das partes, mesmo na esfera penal, onde há interesse Público.

5) Princípio da indeclinabilidade. Impede o juiz de subtrair-se ao exercício de sua função jurisdicional. Não pode excusar-se de proferir decisão. "A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito" (CF, art. 5º XXXV). Em razão disso e vedada a delegação.

6) Princípio da improrrogabilidade. Não permite que o crime da competência de um juiz seja julgado por outro, mesmo havendo concordância das partes. O juiz só é competente dentro de seu território, o que é uma decorrência da indeclinabilidade; mesmo o juiz federal só tem competência dentro do seu ter-ritório.

7) Princípio da inevitabilidade (ou da irrecusabili-dade). As partes estão sujeitas ao juiz que o Estado lhes deu e que não pode ser recusado, a não ser em casos de suspensão, impedimento, incompetência, ou outras exceções legais (art. 95 e 252 e 254 do CPP.)

8) Princípio da relatividade. Deve ser mantida a correspondência entre a sentença e o pedido, como garantia da ampla defesa, visto que não pode haver julgamento extra ou ultra petita, isto é, fora ou além do pedido.

8) Princípio da processualidade ("nulla poena sine iudicio"). Nenhuma pena pode ser imposta se-não por meio de processo regular, garantida a mais ampla defesa, de acordo com as determinações le-gais.

Verifica-se, assim, que tais princípios são im-prescindíveis à regularidade processual, sob pena de nulidade.

Competência

Estando, o Poder Judiciário, a exercer seu poder jurisdicional, ou seja, aplicando a norma adequada a cada caso, é necessário que haja uma limitação desse poder, pois a jurisdição não pode ser exercida ilimitadamente por qualquer juiz, em vista da quanti-dade populacional, extensão territorial e número de litígios. Esta limitação do poder jurisdicional é cha-mada de competência, que é fixada pela Constitui-ção Federal e as leis, inclusive de organização judi-ciária.

O Código de Processo Penal, em seu art. 6º, fi-xou vários critérios para fixação da competência.

1) Lugar da infração - "Ratione loci".

Em regra, o lugar da infração deve ser entendido o local onde o agente - consumou a infração, isto é, onde esgotou sua atividade criminosa, suas ações para conseguir o objetivo desejado, conforme dis-põe o art. 70, do CPP.

No caso de tentativa, a competência é determi-nada "pelo lugar em que foi praticado o último ato de execução" (2º parte do art. 70, caput, do CPP).

O poder de conhecer a questão caberá unica-mente a determinado ou determinados juízes, den-tre muitos com iguais atribuições ou da mesma ca-tegoria, em razão da sua jurisdição em circunscrição territorial onde ele exerce as suas funções, ou seja, comarca ou distrito.

Esta regra sofre exceções, entre outras, como no caso dos crimes de competência da Justiça Federal - centralizada nas capitais e determinadas cidades do interior os delitos de sua competência, podem ocorrer em outras cidades, mas serão julgados e processados no foro competente da Justiça Federal, ditado pelas leis de organização judiciária. Por ex-emplo: delito, de competência da Justiça Federal, consumado em Novo Hamburgo. O foro competente para julgar será a Justiça Federal, de Porto Alegre.

2) Domicilio ou residência do réu.

Trata-se de hipótese prevista no art. 72, do CPP. Somente será incidente quando não conhecido o lu-gar da infração, constituindo-se em foro subsidiário.

3) Natureza da infração - ."Ratione materiae".

Previsto no Art. 74, do CPP. Com este critério não se busca o foro competente mas, simplesmen-te, o juízo (o órgão) competente.

Determinada a competência pelo lugar da infra-ção ou, eventualmente, pelo domicílio ou residência do réu ("rations loci"), é preciso fixá-la em razão da natureza da infração ("rations matériae") se é da Justiça Especial (Militar, Eleitoral, etc.) ou da Justiça Comum (federal ou Estadual). Solucionada esta

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questão referente à competência do juízo, deve se buscar, na hipótese de haver vários juízes, aquele competente em razão da natureza da infração, caso não tenham todos a competência plena (para todas as infrações), hipótese em que ela é determinada pela distribuição. Por exemplo: ocorrido delito de trânsito, com lesões corporais, consumado em Porto Alegre, o foro competente será a comarca de Porto Alegre (local da infração). Sendo delito de trânsito considerado matéria especial, a ação será proces-sada e julgada em uma das varas de acidente de trânsito (natureza da infração), da Justiça Comum Estadual, por distribuição.

A competência pela natureza da infração será re-gulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri para cri-mes dolosos contra a vida, como homicídio, infanti-cídio, aborto e instigação ao suicídio, que tem com-petência ditada pela norma constitucional, no - art. 5º, XXXVIII, da CF. Exemplificando: ocorrido um ho-micídio doloso só o Tribunal do Júri, do local onde se consumou no fato, é competente para processar e julgar o feito.

4) Distribuição

Tal matéria esta contida no art. 75, do CPP. Ha-verá a fixação de competência por distribuição na hi-pótese de no lugar onde o processo deva ser instau-rado, existir em dois ou mais juízes competentes para o julgamento do caso. A competência por distri-buição, é uma repartição, uma divisão de processos entre juízes igualmente competentes.

Verifica-se que o critério de distribuição está inti-mamente ligado ao da prevenção - dá-se quando existirem dois ou mais juízes competentes e, um de-les venha antecipando-se aos outros, praticar algum ato que o torne competente para o processar ex-cluindo os demais, pois, em regra, com a distribui-ção o juízo fica prevento.

5) Conexão e Continência

Nos artigos 76 a 82, o Código de Processo penal, prevê normas sobre a competência por conexão e continência. Estas, porém, não são causas determi-nantes da fixação da competência, como o são o lu-gar do crime, o domicilio do réu, etc., mas motivos que determinam a sua alteração, atraindo para atri-buição de um juiz ou juízo o crime que seria da atri-buição de outro. Embora, em princípio, a cada crime deva corresponder um processar é aconselhável que, por economia e maior segurança e coerência, haja um só processo nos casos de conexão e conti-nência. Motivando a reunião em um processo e, consequentemente, a unidade de julgamento, a co-nexão e a continência tem por finalidade a recons-trução unitária das provas a fim de que haja, através de único quadro de provas mais amplo e completo, melhor conhecimento dos fatos e maior firmeza e Justiça nas decisões, evitando-se discrepância e contradições entre os julgados.

Ocorre a conexão: (art. 76, do CPP)

a) quando duas ou mais infrações houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, por exemplo, diversos assistentes de um jogo de futebol, ocasionalmente reunidos, praticam depredações no estádio; ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar. Exem-plo: quando o crime é consumado em quadrilha ou bando.

b) ou, ainda, por varias pessoas, umas contra as outras; Exemplo: agressões entre componentes de duas torcidas em um estádio de futebol;

c) quando duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas para facilitar ou ocultar as outras ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas. Exemplo: prática de incêndio para ocultar a prática de um furto; destruição do cadáver para ocultar o homicídio, etc.

d) quando a prova de uma infração ou de qual-quer de suas circunstancias elementares influir na prova de outra infração. Exemplo: a prova do furto influi na prova da receptação (art. 180, CP);

Ocorre a continência nos casos previstos nos in-cisos do art. 77, do CPP.

a) quando há concurso formal ou ideal de crimes (art. 70, do CPP).

Por exemplo, quando uma pessoa constrange outra à escrever uma denunciação caluniosa (art. 146 e art. 339, do CP); Numa só ação, há dois resul-tados.

b) quando se tratar de co-autoria: vários agentes e o mesmo delito;

Exemplo: três agentes em conluio praticam um crime.

c) quando por "aberratio ictus" - erro de execu-ção - o sujeito ativo, além de atingir a pessoa que vi-sou, fere um terceiro (art. 73, do CP).

d) quando por "aberratio delicti - desvio do crime - o sujeito quer atingir um bem jurídico e ofende ou-tro da espécie diversa, ou seja, pessoa lança uma pedra-contra uma vitrina e vai alcançar também um transeunte, praticando com ação única, lesões a ob-jetividades jurídicas diversas. Há dois crimes: um de dano e outro de lesão corporal (art. 74 CP).

O artigo 78, do CPP, prevê as regras a serem observadas na determinação da conexão e conti-nência:

a) no concurso entre a competência do Tribunal do Júri e a de outro órgão da jurisdição singular pre-valecerá a competência do Júri, com base no art. 78, 1, do CPP. Como exemplo citamos: agente co-mete um homicídio e um estupro contra a mesma vítima, ambos os crimes serão julgados pelo Tribu-nal do Júri, etc ...

b) no concurso entre jurisdição da mesma cate-goria, prevalecerá:

1) a do lugar da infração a qual for cominada pena mais grave (art. 78, II, a, do CPP). Exemplo: furto e receptação em lugares diferentes, será com-petente o lugar onde se praticou o furto, visto que este tem a pena mais grave.

2) quando ocorrem várias infrações prevalece a competência do lugar onde tiver ocorrido maior nú-mero, se as penas forem iguais (art. 78, II b, do CPP,). Observe-se o exemplo dado: um sujeito prá-tica três furtos em uma cidade e vende os objetos materiais a receptador doloso de outra. O juízo de direito da 1ª Comarca será competente para o julga-mento de todos os crimes (o furto simples tem a mesma pena da receptação dolosa).

3) nos outros casos, fora dos princípios anterio-res, deverá ser a a regra da prevenção, contida no art. 83, do CPP, - ou seja, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou jurisdição cumu-lativo, será competente o que tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao ofereci-mento da denúncia ou da queixa.

c) no concurso de jurisdições de diversas catego-rias, predominará a de maior graduação. Exemplo: se um deputado estadual praticar um crime em con-

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curso com um particular, ambos seção julgados pelo Tribunal de Justiça do Estado.

d) no concurso entre a jurisdição comum e a es-pecial, prevalecerá esta. Por exemplo, se houver co-nexão de um crime comum com um eleitoral, será a Justiça Eleitoral competente para os dois.

A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo nos casos de:

a) concurso entre a jurisdição comum e militar. Por exemplo, ocorrendo dois crimes em, conexão, um militar e outro comum, haverá separação dos processos;

b) concurso entre a jurisdição comum e a do juí-zo de menores (hoje, Juizado da Criança e da Ado-lescente), isto é, concurso de agentes no furto co-metido por um maior e outro menor inimputável, ha-verá cisão dos processos.

c) sobrevemiência de doença mental de um dos acusados, já que em relação a ele ficará suspenso até que se restabeleça o "status quo" (art. 152, do CPP);

d) no caso de co-réu foragido que não possa ser julgado a revelia, como nos casos de crime inafian-çável, da competência do Júri. Por exemplo: A e B cometem em co-autoria um crime de homicídio. Por ocasião da intimação pessoal - dos réus, B se en-contra foragido, não se realizando, portanto, sua inti-mação. Assim, o julgamento de A não poderia ficar aguardando até a data da intimação de B. Logo, neste caso, haverá disjunção de julgamento. A será julgado por primeiro e, quando B for intimado pesso-almente da sentença de pronúncia, o processo terá andamento quanto a ele.

e) outra exceção prevista é a do art. 461, do CPP, ou seja, quando não houver coincidência na recusa de jurados pelos defensores. Exemplo: ha-vendo dois ou mais réus, com defensores diversos, e havendo acordo entre estes, as recusas dos jura-dos ficarão a cargo de um só defensor. Não haven-do acordo, cada defensor recusará os jurados que quiser, mas, se as recusas não coincidirem - o advo-gado de A aceita o jurado Y, que e recusado pelo advogado de B - dar-se-á a separação dos julga-mentos, prosseguindo-se somente no do réu que houver aceito o jurado.

Na hipóteses anteriores, a cisão do processo e obrigatória. Por outro lado, ocorrendo à hipótese do art. 80, do CPP, a separação será facultativa. Diz o art. 80 do CPP: "Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido pratica-das em circunstâncias de tempo ou de lugares dife-rentes, ou, quando pelo excessivo número de acu-sados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o Juiz reputar conve-niente a separação."

6) Prevenção

Ocorrerá competência por prevenção no caso do art. 83, do CPP, isto é, quando vários juízes são cu-mulativamente competentes para conhecer e decidir a mesma causa, fica com a sua jurisdição preventa aquele que, em primeiro lugar, tomar conhecimento dela (prisão preventiva, concessão de fiança), ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou queixa.

7) Prerrogativa da função

A competência pela prerrogativa de função (art. 84, CPP) é ditada pela função da pessoa, tendo em vista a dignidade do cargo que exerce.

As mais destacadas hipóteses de competência pela prerrogativa de função, a referentes ao Supre-mo Tribunal Federal e ao Supremo Tribunal de Jus-tiça, estão previstas na Constituição Federal.

O Supremo tribunal Federal tem competência, na área penal, para processar e julgar, originariamente, as pessoas que exercerem as funções arroladas no art. 102, I, b e c, da CF.

O Supremo Tribunal Federal tem competência, na área penal, para processar e julgar, originaria-mente, as pessoas que exercerem as funções arro-ladas no art. 102, I b e c, da CF. Por exemplo: O Presidente da República, o Vice-Presidente, b Pro-curador-Geral da Republica, etc., nos crimes co-muns.

Quanto ao Superior Tribunal de Justiça compete processar e julgar, originariamente as pessoas de-tentoras das funções arroladas no art. 105, I, a, da CF.

Os dispositivos constitucionais sobre prerrogativa de função alteraram os arts. 86 e 87, do Código de Processo Penal, com relação a competência do Su-premo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação (de Justiça e de Alçada), além de acrescentar hipó-teses de competência da nova Corte, o Superior Tri-bunal de Justiça.

Como já foi exposto, sempre que houver concur-so de pessoas, a competência por prerrogativa de função abrange também as pessoas que não gozam de foro especial. Exemplo: A, com foro especial por prerrogativa de função, comete crime, em concurso com B, particular. O foro competente para julgar am-bos será o especial.

Este tipo de competência exclui a regra do foro pelo lugar da infração. Logo, o Tribunal de Justiça competente é o do estado da respectiva autoridade, ainda que o crime tenha sido praticado em outro es-tado. Exemplificando: prefeito municipal de Porto Alegre comete crime comum em São Paulo. O Tri-bunal competente para julga-lo, será o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, mesmo que o local da consumação do crime tenha sido São Paulo.

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PROVA - ESPÉCIES

Conceito e considerações

Provas são elementos produzidos pelas partes ou pelo próprio juiz, visando estabelecer, dentro do processo a existência de certos fatos.

A prova constitui em atividade probatória, isto é, do conjunto de atos praticados pelas partes, por ter-ceiros (testemunhas, peritos, etc.) e até pelo juiz, para averiguar a verdade e formar a convicção deste último.

A finalidade da prova é formar a convicção do juiz sobre os elementos necessárias para sua deci-são na causa, ou seja, tornar aquele fato conhecido do julgador, convencendo-o da sua existência ou inexistência.

A obrigatoriedade da prova, ou a regra do ônus probandi compete ao autor da tese levantada; a quem alega (art. 156, do CPP). Entretanto, não há para as partes, obrigação de provar, mesmo porque nenhuma sanção Ihes poderá ser imposta pelo seu não-cumprimento. Deverá tão somente, um risco ou prejuízo, isto é, as alegações das partes, quando não provadas, não poderão ser consideradas como base para a decisão.

A prova, em regra, deve ser produzida na instru-ção processual, e ser contraditória, sendo produzida perante o juiz que dirige o processar que forma sua convicção pelo princípio do livre convencimento fun-damentado, vigorante no nosso processo penal (art. 157).

Muitos negam o valor do inquérito como fase in-vestigatória, mas não se pode deixar de reconhecer que, como toda a prova no processo penal, ela tem valor relativo, levando-se em conta que contem ele-mentos importantes que não podem ser repetidos em juízo, Como exames, perícias, etc.

Não há limitação dos meios de prova, no proces-so penal, visto que impera a autonomia, havendo restrições apenas quando estiver em jogo o estado da pessoa, que tem força de prejudicial (arts. 155 e 92).

Para a abertura do competente inquérito policial nos crimes de ação pública, basta a simples notícia; para o oferecimento da denúncia, indícios suficien-tes da materialidade e autoria; para a condenação criminal, necessita-se de prova de certeza, pois, na duvida, deve haver absolvição, o que consagra o princípio do in dubio pro reo.

Classificação da prova

Segundo Malatesta, a prova se divide por três processos, ou seja, quanto ao objeto, quanto ao su-jeito e quanto a forma:

Quanto ao objeto, pode ser: direta, se resultante da afirmação de ter visto; indireta, quando proveni-ente de um raciocínio ou de ter ouvido.

Quanto ao sujeito, será: pessoal, se resultante de uma afirmação pessoal, por ciência própria ou por ouvir dizer real, quando proveniente de uma confir-mação, como nas vistorias, na perícia, etc.

Quanto a forma, subdivide-se em: testemunhal, se produzida através da oitiva das vítimas, das tes-temunhas ou por acareações; documental, se verifi-cada por meio de documentos, que podem ser escri-tos públicos ou particulares e, ainda, material, con-siste-se de exames, vistorias, perícias, instrumentos do crime, etc.

No processo penal todas as provas tem valor re-lativo, diferentemente do processo civil, que compor-ta hierarquia de provas; deve o juiz criminal, portan-to, examina-las em conjunto não isoladamente.

Provas em espécie

PERÍCIA (arts. 158 a 184, do CPP)

Segundo José Frederico Marques, "e a prova destinada a levar ao juiz elementos instrutórios so-bre normas técnicas e sobre fatos que dependam de conhecimento especial".

No saber de Paulo Heber de Morais - e João Ba-tista Lopez "o perito, auxiliar do juiz, supre-lhe as in-suficiências e não se confunde coma testemunha, porque esta, alem de não ser pessoa especializada, deve limitar-se a depor sobre fatos pretéritos, en-quanto o perito faz verificações sobre fatos presen-tes".

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Em geral, é a autoridade policial quem determina a perícia na fase do inquérito policial (art. 69, VII) , visto que é indispensável o exame de corpo de deli-to, direto ou indireto, sempre que a infração deixar vestígios, pois não pode ser suprido pela confissão do acusado.

O princípio da imediatidade, determina urgente feitura da perícia, sob pena de desaparecerem os vestígios e a apuração dos fatos resultar prejudica-da.

O mestre Magalhães de Noronha nos informa que o exame de corpo de delito tem duas acepções: "numa é sinônimo de fato típico, isto é, fato que tem tipicidade, do que se submete ou adequa ao tipo, o qual nada mais e que a descrição, feita pela lei, da conduta correspondente a cada crime, traçando-lhe os elementos integrantes ... Noutro sentido, corpo de delito e "o conjunto dos elementos materiais e sensíveis do fato delituoso".

Lato sensu, o exame de corpo de delito e prova da existência do crime (fato típico); stricto sensu, e o conjunto de vestígios materiais deixados pelo crime.

- O exame de corpo de delito pode ser direto, quando depende de inspeção ocular sobre os ele-mentos sensíveis, que permaneceram atestando a prática do crime. Ou indireto, quando resulta de de-poimentos testemunhais a respeito da materialidade do fato e de suas circunstancias.

"O exame de corpo do delito nos crimes que dei-xam vestígios e essencial, sob pena de nulidade. Porém, não menos certo e que o corpo de delito di-reto pode ser suprido pelo indireto, que se produz através de prova testemunhal" (RT, 613:364, 605:321, 620:355).

Geralmente o requerimento das perícias é feito pela autoridade policial, mas nada impede que se-jam requeridas pelas partes ou determinadas de ofi-cio pelo juiz. Na fase inquisitorial a autoridade polici-al requisita as perícias aos peritos oficiais, não ha-vendo intervenção das partes. Caso não haja perito oficial, devem ser nomeados peritos particulares com conhecimento técnico do assunto.

E admitida a realização de exames de dependên-cia ao tóxico por médicos da confiança do juiz, mes-mo que não sejam peritos oficiais, sem que o fato se constitua em nulidade a ser decretada.

- As mesmas causas do impedimento aplicadas ao juiz no art. 254, do Código de Processo Penal, seção aplicadas aos peritos.

A sumula 361 dispõe: "No processo penal e nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado anteriormente, na diligencia de apreensão".

Entretanto, esta súmula só e aplicável em se - tratando de peritos particulares, visto que em caso de perito oficial e suficiente um.

E inegável o valor do laudo pericial, uma vez que, tratando-se de peça técnica, é indispensável à livre convicção do julgador já que lhe fornece preciosos elementos.

No tocante a vinculação do juiz a perícia, existem dois sistemas: o vinculatório, pelo qual não pode o juiz deixar o laudo, pois trata-se de prova técnica: neste caso o magistrado estaria subjugado as con-clusões do perito; e o liberatório, onde o juiz tem in-

teira liberdade de apreciação, em aceitar ou rejeitar o laudo, no todo ou parcialmente.

Efetivamente, em razão do princípio do livre co-nhecimento, O juiz não pode estar vinculado e acei-tar passivamente as conclusões do perito.

No nosso processo vigora o sistema liberatório, não ficando o magistrado adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte (art. 182), cabendo-lhe fundamentar sua decisão.

Em caso de realização de perícia por precatória, a nomeação do perito caberá ao juízo deprecado, Porém no caso de ação penal privada, havendo acordo entre as partes, poderá ser feita no juízo de-precante (art. 177).

Havendo decisão denegatória do pedido de perí-cia cabe o recurso de apelação, por ter ela força de-finitiva (RT, 611:402).

Laudo e a exposição detalhada da observação dos peritos e suas conclusões. O laudo divide-se em quatro partes: preâmbulo ou introdução, que deve conter o nome dos peritos e o objeto da perícia; ex-posição, e a narração minuciosa do que foi observa-do; discussão, isto é, a análise crítica dos fatos ob-servado; e, finalmente, a conclusão, que contem as respostas dos peritos aos quesitos do juiz e das par-tes (ou da autoridade, policial).

Como já foi afirmado antes, na fase policial, a pe-rícia determinada pela autoridade policial. Entretanto nada impede que seja requerida pela parte, Porém, em regra, e requisitada pelo delegado, não tendo aparte direito de apresentar quesitos. Já na fase ju-dicial, sendo realizada perícia, poderão as partos formular quesitos, em razão do princípio do contradi-tório, entretanto, a nomeação dos peritos cabe ao magistrado.

Alguns exames periciais exigem regras especiais para serem, realizados. Assim, a autopsia (necrop-sia ou necroscopia) tem que ser efetuada pelo me-nos seis horas depois do óbito (art. 162); é dispen-sável o exame interno quando a causa mortis for ob-via, nos casos de morte violenta.

A classificação da lesão e fator importante para determinar a sua gravidade, visto que a lei penal contempla lesões leves, graves e gravíssimas, que podem ser apuradas de plano ou necessitar exame complementar (art. 168). O exame complementar não pode ser realizado antes de ter-se passado um mês da data do fato (RT, 613:317).

O exame de incapacidade para ocupações habi-tuais, por mais de trinta dias, deve ser realizado após esse prazo, a contar da data do crime (CPP, art. 168, § 2º, e CP, art. 129, § 1º, I).

TRANSCREVEMOS A SEGUIR OS ARTIGOS 158 A 184 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

TÍTULO VIIDA PROVA

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 155. No juízo penal, somente quanto ao es-tado das pessoas, serão observadas as restrições à prova estabelecidas na lei civil.

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no curso da instrução ou

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

antes de proferir sentença, determinar, de ofício, dili-gências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

Art. 157. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova.

CAPÍTULO IIDO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS

PERÍCIAS EM GERAL

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, dire-to ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Art. 159. Os exames de corpo de delito e as ou-tras perícias serão feitos por dois peritos oficiais. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

§ 1o Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferên-cia, entre as que tiverem habilitação técnica relacio-nada à natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compro-misso de bem e fielmente desempenhar o encargo.

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examina-rem, e responderão aos quesitos formulados. (Re-dação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Parágrafo único. O laudo pericial será elabora-do no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a re-querimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declara-rão no auto.

Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quan-do não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevan-te.

Art. 163. Em caso de exumação para exame ca-davérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a dili-gência, da qual se lavrará auto circunstanciado.

Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encon-trar-se o cadáver em lugar não destinado a inuma-ções, a autoridade procederá às pesquisas neces-sárias, o que tudo constará do auto.

Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografa-dos na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões exter-nas e vestígios deixados no local do crime. (Reda-ção dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 165. Para representar as lesões encontra-das no cadáver, os peritos, quando possível, junta-rão ao laudo do exame provas fotográficas, esque-mas ou desenhos, devidamente rubricados.

Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimen-to pelo Instituto de Identificação e Estatística ou re-partição congênere ou pela inquirição de testemu-nhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.

Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arre-cadados e autenticados todos os objetos encontra-dos, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o pri-meiro exame pericial tiver sido incompleto, proce-der-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a re-querimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.

§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.

§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classifi-cação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trin-ta) dias, contado da data do crime.

§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.

Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade provi-denciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, dese-nhos ou esquemas elucidativos.

Parágrafo único. Os peritos registrarão, no lau-do, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou micro-fotográficas, desenhos ou esquemas.

Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de des-crever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.

Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime.

Parágrafo único. Se impossível a avaliação dire-ta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resulta-rem de diligências.

Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verifica-rão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elu-cidação do fato.

Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atri-buir o escrito será intimada para o ato, se for encon-trada;

II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já ti-verem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvi-da;

III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em ar-quivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes rea-lizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;

IV - quando não houver escritos para a compara-ção ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.

Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumen-tos empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.

Art. 176. A autoridade e as partes poderão for-mular quesitos até o ato da diligência.

Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecan-te.

Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.

Art. 178. No caso do art. 159, o exame será re-quisitado pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos pe-ritos.

Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela auto-ridade.

Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.

Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declara-ções e respostas de um e de outro, ou cada um re-digirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.

Art. 181. No caso de inobservância de formalida-des, ou no caso de omissões, obscuridades ou con-tradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, po-dendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no art. 19.

Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de de-lito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.

DAS PROVAS ILEGÍTIMAS E ILÍCITAS

Dada a freqüência com que Vem ocorrendo e pela homenagem feita pela imprensa nacional, tor-na-se necessário fazer algumas considerações so-bre as provas ilegítimas ou produzidas de maneira ilícita.

Vez por outra tomamos conhecimento de autori-dades policiais, que grampearam telefones, fazendo escuta não autorizada de converses particulares, com a finalidade de diligenciar e descobrir crimes de difícil elucidação.

Houve um rumoroso caso em que um Juiz das Execuções Criminais da Capital paulista foi afastado do cargo por representação da Ordem dos Advoga-dos, por ter autorizado a polícia a fazer escuta te-lefônica no escritório de um advogado com a finali-dade de descobrir um crime de seqüestro, onde su-postamente estaria envolvido um cliente do causídi-co. O fato desencadeou inflamados debates, com manifestações favoráveis e contraries ao episódio, já que o advogado seria inviolável no exercício de sua profissão e o sigilo telefônico não admite restri-ções.

A respeito do fato manifestou-se, desta forma, o desembargador aposentado Francisco César Pi-nheiro, após citar o preceito constitucional da inviola-bilidade da correspondência e das comunicações te-lefônicas que a relação concisa do parágrafo pode - discutivelmente - induzir o entendimento de que nem mesmo por motivos gravíssimos estaria o Judiciário autorizado, em procedimento regular, - a permitir uma escuta telefônica. Entretanto essa interpretação fanática da norma obrigaria a polícia e o Ministério Publico a uma passividade assassino, ocorrendo hi-póteses extremas, aqui lembradas, apenas para res-saltar que toda norma, mesmo constitucional, admi-te interpretação para adequa-la ao caso concreto".

E prossegue o eminente desembargador: "As-sim, se uma organização terrorista ameaçasse en-venenar as represas de uma cidade, caso não aten-didas as suas exigências, e houvesse possibilidade de se impedir isso mediante escuta telefônica, seria lícito indeferir tal, escuta, que evitaria milhares de mortes, - apenas com o argumento de que o pará-grafo não abriu execução a proibição"

"Se um bando de fanáticos - outra hipótese espa-lhafatosa, mas vinca o absurdo de todo dogmatismo - ameaçasse de queimar vivos os membros, diga-mos, do Conselho Monetário Nacional (nada de pes-soal na hipótese) ou de uma corporação de juristas - e realmente começasse a cumprir a promessa - ha-veria alguém tão 'constitucionalista' a ponto de pre-ferir morrer entre chamas - embebido de gasolina quanto em princípios constitucionais - abraçando a um exemplar da Constituição, do que transigir e per-mitir a escuta que localizaria os assassinos § (Fran-cisco César Rodrigues, Escuta telefônica e consti-tuinte, O Estado de São Paulo, 21 jun. 1987). Embo-ra tal Comentário tenha sido feito a luz do art. 153,§ 9ª da Constituição Federal de 1967, parece-nos sufi-cientemente enfático para demonstrar que a ques-tão da ilicitude da prova deve ser tratada com muito cuidado.

Os doutrinadores distinguem a prova ilegítima e a prova ilícita, a primeira e aquela proibida por uma norma instrumental ou processual. Desta forma, a produção de prova ilegítima é Proibida. Ex.: o art. 233 do processo penal dispõe que as cartas particu-lares interceptadas ou obtidas por meio criminoso

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

não seção admitidas em juízo. Mas - Como já foi en-fatizado quando tratamos dos documentos, as car-tas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para defesa do seu direito, mesmo sem o consentimento do signatário. Prova ilícita e a re-sultante de proibição do direito material, a colheita desta também e proibida. Leciona Camargo Aranha que "a violação de um direito material pode ser am-pla, não se resumindo na oposição a lei; e possível ofender os costumes (exteriorizar segredo obtido em confessionário), a boa-fé (usar gravador disfarçado), a moral (recompensar parceiro para conseguir a prova de adultério), etc (Adalberto José Q. T. de Ca-margo Aranha, Da prova no processo penal, Sarai-va, 1987, p. 44).

Três são as teorias existentes a respeito da pro-va ilícita:

1ª) Teoria da admissibilidade, para esta somente as provas ilegítimas, resultantes de uma norma pro-cessual, e que são vedadas e podem ser rejeitadas. Assim os violadores de uma norma material respon-dem pela violação, mas a prova colhida tem valida-de. Desta forma" entende Ana Pellegrini Grinover "as provas colhidas, por exemplo, de uma violência arbitraria, devem ser admitidas, punindo-se apenas, penal ou disciplinarmente, o autor da ilícito" (Ada Pellegrini Grinover, Liberdades Públicas e processo penal, Revista dos Tribunais, 1982, p. 105).

O mesmo entendimento tem Camargo Aranha: "a conversa telefônica interceptada fica mantida como prova, processando-se o ofensor pela viola-ção da lei adequada; a fotografia obtida mediante da violação da intimidade vale como prova, punindo-se o violador; a gravação obtida subrepticiamente per-manece, embora se reconheça a má-fé do exibidor" (Adalberto José Q. T. Camargo Aranha, obra cit., p. 44).

2ª) Teoria da inadmissibilidade ou rejeição, tem por base o princípio da moralidade dos atos pratica-dos pelo Estado e o de que se a prova e ilícita ofen-de o direito, não sendo, assim, admissível.

3ª) Teoria da proporcionalidade: é uma teoria eclética, visa buscar um certo equilíbrio entre os in-teresses sociais e os direitos fundamentais do indiví-duo.

Esta teoria reconhece a ilicitude da prova, Porém considerando o interesse social predominante, ad-mite sua produção.

Embora a regra geral seja que todo cidadão me-rece a tutela é a proteção constitucional dos seus di-reitos fundamentais, ao fazer mau uso desses direi-tos, deixa também de permanecer merecendo o am-paro, mormente quando se contrapõe ao interesse publico.

Desta forma;, o mandamento constitucional no sentido de que "são inadmissíveis, no processar as provas obtidas por meios ilícitos" (art. 5º, LVI) deve ser interpretado à luz da teoria da proporcionalidade, pois o que e inadmissível a deixar de colher determi-nada prova importante e de interesse social, ainda que em detrimento do direito individual.

PRISÃO EM FLAGRANTE

1.1 - Conceito:

E um sistema da autodefesa da sociedade.

A prisão em flagrante e um ato administrativo (art. 301, do CPP), uma medida cautelar, de nature-za processual, que dispensa ordem escrita e é pre-vista diretamente na Constituição Federal (art. 5º, LXI). Cabe tanto em relação á prática de crime, como de contravenção.

Chama-se flagrante próprio quando o agente esta cometendo o ato ilícito (art. 302, - II, do CPP). Denomina-se flagrante impróprio ou quase flagrante a prisão daquele que e perseguido em situação em que se presume ser ele o autor da infração (302, III, do CPP) e de flagrante presumido ao caso da prisão do que é encontrado, logo depois da infração, com instrumentos, armas, objetos ou papeis que façam presumir ser ele o autor da infração (art. 302, IV, do CPP).

1.2 - Flagrante próprio: - (Flagrante real, fla-grante propriamente dito).

A lei (art. 302, I e II, do CPP) equiparou duas si-tuações diferentes em dispositivos diversos. A de quem e surpreendido no ato de execução do crime (desfechando golpes na vítima, destruindo coisa alheia, etc.) e a de quem já esgotou os atos de exe-cução, causando o resultado jurídico, de dano ou de perigo (morte, lesões, dano material, etc.), encon-trando-se no local do fato ou nas suas proximidades em situação indicativo de que cometeu o ilícito.

1.3 - Quase-flagrante: (Flagrante impróprio)

Há, nos termos da lei, (art. 302, III, do CPP: "E perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendi-do ou por 'outra pessoa, em situação que fará pre-sumir ser o autor da infração") uma presunção da autoria do ilícito, que a lei equipara a certeza advin-da da prisão durante - o cometimento do crime. O que tem acarretado dúvidas na aplicação do disposi-tivo, e é expressão "logo após", havendo até autores que pretendem fixar, arbitrariamente, esse lapso de tempo, estendendo-o até 24 horas, o que não se co-aduna com a vontade da lei que, na verdade, deixa a interpretação ao prudente critério do juiz.

O "logo após" deve ser entendido como iniciada a perseguição logo após o crime, sendo ele inces-sante nos termos legais. Não importa o tempo de-corrido entre o momento do crime e a prisão do seu autor.

O Código de Processo Penal trata da persegui-ção no seu art. 209.

1.4 - Flagrante presumido:- (ficto)

Previsto no art. 302, IV, do CPP, que diz: "Encon-trado, logo depois, com instrumentos , armas , obje-tos ou papei s que façam presumir ser ele o autor da infração". Não é necessário, no caso, que haja per-seguição, mas sim que a pessoa seja encontrada, logo depois de praticado o delito, com coisas que traduzam um veemente indício - da autoria ou parti-cipação no crime. Nesse caso, tem se admitido que há uma situação de fato que proporciona um maior elastério ao juiz na apreciação da hipótese; há maior margem na discricionariedade da apreciação do ele-mento cronológico, quando o agente e encontrado com objetos indicativos do crime.

1.5 - Flagrante em crime permanente e crime habitual:

O CPP, em seu art. 303, dispõe que nas infra-ções permanentes, entende-se o agente em flagran-te delito enquanto não cessar permanência, visto

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

que a consumação, neste caso, se prolonga no tem-po, dependendo da vontade do agente, como ocorre nos crimes de seqüestro (art. 148, CP), extorsão mediante seqüestro (art. 149, CP), nos crimes cuja conduta e "guardar consigo", "ter em deposito", "transportar", etc.. Nessas hipóteses o crime está sendo cometido durante o tempo da consumação. Tratando-se de crime em flagrante, mesmo nas hi-póteses em que se deva invadir a casa alheia, não e exigido o mandado judicial.

Em relação aos crimes habituais não é idêntica a situação, uma vez que a prisão em flagrante exigiria a prova da habitualidade, ou seja, a prova da reitera-ção de atos traduzem o comportamento criminoso. Apesar de tudo, não é incabível a prisão em flagran-te em crimes habituais se for possível, no ato, com-provar-se a habitualidade. Não se negará a situação de flagrância no caso da prisão de responsável por bordel onde se encontrem inúmeros casais para fins libidinosos ou de pessoa que exerça ilegalmente a medicina, quando se encontre atendendo vários pa-cientes.

1.6 - Flagrante em crime de ação privada:

Nada impede que a captura ocorra nos crimes que se apenam mediante ação penal publica depen-dente de representação ou ação penal privada. Po-rém, é pacifico na doutrina e jurisprudência que, capturado o autor da infração penal que se apura por essa espécie de ação, deve ser ouvida a vítima ou seu representante legal para que ofereça a repre-sentação ou manifeste o desejo de oferecer queixa oportunamente. A denúncia ou a queixa devera ser oferecida no prazo de 5 dias da vista ao Ministério Publico, no primeiro caso, ou de distribuição dos au-tos ao juiz competente, no segundo caso, sob pena de relaxamento da prisão. O relaxamento da prisão não impedirá, no entanto, a denúncia ou a queixa, respeitado o prazo de decadência (art. 38 do CPP).

1.7 - Flagrante preparado: (provocado)

E quando o agente e induzido a prática de um crime pela "pseudo vítima", por terceiro ou pela polí-cia (agente provocador). Nessa hipótese há um cri-me impossível , visto que o agente não dispõe de meios necessários para conseguir a consumação, quer por ser inexistente ou impróprio o objeto mate-rial a que permitiria (art. 17, CP). Porém, o agente, induzido por alguém, pode burlar o esquema monta-do pela polícia para efetuar a prisão, conseguindo a consumação do ilícito (desfechando tiros, na vítima, subtraindo a coisa, etc.). Neste caso, ainda que pro-vocado o flagrante, não se tornou impossível a con-sumação do crime, possibilitando a prisão.

Flagrante esperado: Quando a atividade policial e apenas de alerta, sem instigar o mecanismo causal da infração, e que procura colher a pessoa depois de executar a infração, frustrando sua consumação, quer porque recebeu informação a respeito do pro-vável cometimento do crime, quer porque exercia vi-gilância sobre o delinqüente. Neste caso, se a polí-cia retira a possibilidade de consumação (retirando a vítima do local onde se pretende mata-la, ou os ob-jetos que seriam subtraídos, etc.), haverá, no caso, crime impossível, que não autoriza seja o agente preso em flagrante.

Contudo, permite-se a prisão, em qualquer das hipóteses, se há possibilidade de consumação, caso contrario a prisão não será efetuada.

Diz a súmula 145 do STF: 'Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossí-vel a sua consumação".

1.8 - Sujeitos do flagrante:

Sujeitos ativos: Nos termos da lei, qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agen-tes prender quem seja encontrado em flagrante deli-to (art. 301, do CPP). Assim, dever da autoridade e seus agentes efetuar a prisão (flagrante compulsó-rio). Não há restrição ao fato de que os agentes poli-ciais estejam foram de sua circunscrição territorial, mesmo porque qualquer pessoa pode efetuar a pri-são em flagrante (flagrante facultativo). Trata-se de um caso especial de exercício da função pública transitória por um particular em caráter facultativo e, portanto, de exercício regular de direito. Ademais, admite-se que o particular proceda a apreensão das coisas em poder do preso, desde que relacionadas com a prova do crime e da autoria. A lei é omissa a esse respeito.

Sujeitos passivos: A regra geral de que qualquer pessoa pode ser presa e autuada em flagrante apre-senta algumas exceções: Não podem ser sujeitos passivos do flagrante os menores de 18 anos, por serem inimputáveis, os diplomatas estrangeiros, o Presidente da República. Podem ser autuados em flagrante delito apenas nos crimes inafiançáveis os membros do Congresso Nacional, os Deputados Es-tatuais, os Magistrados, os membros do Ministério Público. É licita a prisão dos alienados mentais, em-bora inimputáveis, já que ações pode ser aplicada medida de segurança, cabendo no caso a instaura-ção do incidente de insanidade mental (art. 149, do CPP).

Não pode ser autuada em flagrante daquele que prática o fato e delito to de trânsito. Segundo orien-tação do STF, quem, logo após o delito, se apresen-ta espontaneamente a autoridade, também não pode ser preso em flagrante (prisão por apresenta-ção). A impossibilidade da prisão por apresentação, não impede, porém, presentes os requisites própri-os, seja decretada a prisão preventiva do autor da infração (art. 317, do CPP).

1.9 - Autoridade competente:

Em regra, a autoridade competente e a autorida-de policial, no exercício de uma das funções primor-diais da polícia judiciária, que não exclui a compe-tência de outra autoridade administrativo.

De acordo com o art. - 290 do CPP, compete a lavratura - do flagrante a autoridade da circunscrição onde foi efetuada a prisão, e não a do local do cri-me. Não havendo autoridade no lugar em que se ti-ver efetuado a prisão, o capturado será logo apre-sentado a do lugar mais próximo. Tem se entendido que, não exercendo a polícia, ato algum de jurisdi-ção, inexiste razão para falar-se em incompetência "ratione loci".

1.10 - Prazo para lavratura do auto:

Não está explicito, o prazo, no Código de Proces-so Penal. Pelo art. 304 tem-se a impressão de que isso deve ocorrer logo, imediatamente após apre-sentação do preso a autoridade. Todavia, diante do disposto no art. 306, que determina o prazo de 24 horas para que seja entregue ao preso "a nota de culpa", presume-se que o prazo seja esse.

1.11 - Auto de prisão em flagrante:

Diante do disposto no art. 5º, LXIII, 2ª parte da CF, deve ser comunicada a prisão a familiar ao ad-vogado ou a pessoa por ele indicada, a fim de que

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

se possibilite a estas que tomem as medidas neces-sários em sua defesa.

Nos termos do art. 304, do CPP, a primeira pes-soa a ser ouvida no Auto de Prisão em Flagrante é o condutor, agente da autoridade, ofendido ou particu-lar que conduziu o preso até a autoridade, quer te-nha sido ele a efetuar a prisão, quer seja a pessoa a quem foi o preso entregue.

Em seguida, devem ser ouvidas as testemunhas que acompanharam o condutor que, pelos arts. 304, caput e § 1º, devem ser no mínimo duas. Por cons-trução pretoriana, o condutor também pode ser con-siderado testemunha numeraria, para integrar o mí-nimo legal.

O reduzido número de testemunhas, ou mesmo a falta absoluta não obsta a lavratura do flagrante, mas, neste caso, com o condutor - devem assinar pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso a autoridade (art. 301, § 2º, do CPP), chamadas testemunhas instrumentárias (indiretas) da apresentara-o.

-Substituem as testemunhas instrumentais, de apresentação, as pessoas que não são considera-das testemunhas, mas informantes, como a vítima e seu irmão, por exemplo.

Ouvidas as testemunhas, a autoridade "interroga-ra o acusado sobre a imputação que lhe e feita" (art. 304, do CPP). Nessa ocasião deve se, ele alertado para o direito de ficar calado, assegurado na CF (art. 5º, LXIII). A autoridade deve observar a nomeação de curador ao preso menor de 21 anos, sob pena de nulidade do auto no que diz respeito a prisão.

Apesar - de ser ato desejável, a omissão do in-terrogatório do preso no Auto de Prisão em Flagran-te não traduz necessariamente nulidade, no caso de estar ele embriagado ou ferido, etc.

Assinam o auto a autoridade, o condutor, o ofen-dido, as testemunhas, o preso, seu curador ou de-fensor e o escrivão. Se a testemunha ou ofendido não souber ou não quiser assinar, aplica-se o art. 216 do CPP, (assinatura a rogo).

No caso do acusado (indiciado) se recusar, não souber ou não puder faze-lo o auto de prisão em fla-grante será assinado por duas testemunhas, que Ihe tenham ouvido a leitura, na presença do acusado (art. 304, § 3º, do CPP).

Encerrada a lavratura do flagrante, a prisão deve ser comunicada imediatamente ao juiz competente (art. 5º, LXII, 1ª parte, da CF). Conforme disponha a lei local, o recebimento da comunicação da Prisão em Flagrante pelo juiz previne a jurisdição.

Havendo ilegalidade na autuação em flagrante (não havia situação de flagrante, houve excesso de prazo para a lavratura, etc.) a prisão deve ser rela-xada pelo juiz (art. 5º. LXV, CF), sem prejuízo do de-senvolvimento das investigações e do Inquérito poli-cial. A prisão ilegal diminuiu o valor probatório das atos praticados no inquérito policial, mas não o anu-la, muito menos a ação penal que dele redundar.

Nulo o Auto de Prisão em Flagrante por vício real, nada impede que, presentes os requisites, a autoridade judiciária ao anula-lo, decrete a prisão preventivo.

1.12 - Prisão pela autoridade:

Quando o delito é praticado contra a autoridade no exercício de suas funções, como, por exemplo,

desacato, desobediência, etc., ou na sua presença, essa autoridade não pode figurar como testemunha e presidente do Auto de prisão em flagrante, pois, nessa hipótese, e condutor.

Caso a autuação seja determinada pelo juiz não poderá ele exercer jurisdição na ação penal resul-tante da prática do crime, diante o impedimento pre-visto no art. 252, II (testemunha) e III (diretamente interessado no feito), do CPP.

1.13 - Custódia

Encerrado o Auto de Prisão em Flagrante e "ha-vendo fundada suspeita contra o conduzido", a auto-ridade mandara recolhe-lo a prisão, como prevê o art. 304 caput. A "Contrario sensu", se não surgir essa fundada suspeita das declarações contidas nos autos, a autoridade devera relaxar a prisão.

Tanto a autoridade policial como o juiz, quando recebem a comunicação do flagrante, não estio obri-gados a fundamentar o recolhimento do réu e a ma-nutenção da prisão em flagrante - mas devem decla-rar as razoes porque se decidiram pelo relaxamento da prisão.

Após o recolhimento do preso, a autoridade deve prosseguir nos autos do inquérito policial , se para isso for competente, conforme dispõe o art. 304, § 1º, do CPP. Não sendo competente a autoridade po-licial deve remeter os autos àquela que o seja (304, § 1º última parte).

Do relaxamento da prisão em flagrante cabe o recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP), mas a decisão que o negar é irrecorrível. Eventual-mente, pode ser deferido pedido de habeas corpus, quando se apresentar ilegalmente patente.

1.14 - Nota de culpa:

No prazo de 24 horas da prisão, entregar-se-á a nota de culpa ao preso. Já se tem entendido que a sua falta não vicia o auto de prisão em flagrante. To-davia, a entrega da nota de culpa e formalidade es-sencial para proporcionar ao capturado a sua ampla defesa, que e uma garantia constitucional assim, a omissão deste ato essencial deve redundar no rela-xamento da prisão. A importância do ato e tal que, por lei (art. 306, parágrafo único, do CPP), se deter-mina que o preso deve passar recibo da nota de cul-pa, que será também assinada por duas testemu-nhas, quando ele não souber, não puder ou não qui-ser assinar. Do relaxamento de prisão em flagrante nessa hipótese, também cabe recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP).

PROCESSO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS -

Arts. 513 a 518

O código de Processo Penal prevê regras espe-ciais de procedimento Para os crimes de responsa-bilidade dos funcionários públicos, previstas nos arts. 513 a 518, praticados no exercício a função.

O conceito de funcionário publico, Para os efeitos penais esta previsto no art. 327, do Código Penal e os crimes estão descritos do art.312 a 327.:

O art. 513, do CPP, menciona que a denúncia ou a queixa devera conter os documentos ou justifica-

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ções que façam presumir a existência do delito, ou seja, devem indicar o "fumus boni juris" necessário a instauração da ação penal.

Antes do recebimento da denúncia, o juiz devera notificar o acusado a apresentar a defesa preliminar, no prazo de quinze dias, na hipótese de crimes inan-fiançáveis (art. 514). E ela devida, ainda que haja conexão com crime comum, mesmo inafiançável, embora a notificação só se refira ao delito funcional. O mesmo vale Para o caso do denunciado ou que-relado ter sido exonerado ou ter deixado de exercer o cargo, emprego ou função.

Contudo, não se estende à defesa preliminar ao co-réu que não atenda a condição de funcionário pú-blico.

A jurisprudência é divergente no entendimento sobre a ausência de notificação preliminar alguns entendem que é causa de nulidade relativa, outros consideram-na causa de nulidade absoluta, insaná-vel.

Apresentada a resposta ou decorrido o prazo, sem manifestação do acusado, os autos devem ir ao juiz Para receber ou rejeitar a denúncia. Se conven-cido, pela resposta do acusado ou de seu defensor, da inexistência de crime ou da improcedência da ação, devera rejeitar a peça acusatória; caso contra-rio, recebera a denúncia ou a queixa, citando o acu-sado e o processo tomara o rito comum Para os cri-mes apenados com reclusão, de competência do juiz singular, ainda que se trate de ilícito penal ape-nado com detenção.

A existência da notificação previa Para a defesa previa refere-se exclusivamente aos delitos funcio-nais (CP, arts. 312 a 326), e não a outros crimes que venham a ser praticados pelo funcionário.

Desta forma, a Lei 4.898/65, que trata dos crimes praticados no exercício da função, tal como o abuso do poder, tem rito processual próprio, não sendo aplicado o Código de Processo Penal, não havendo, portanto, necessidade de defesa preliminar.

CAPÍTULO IIDO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS

CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRI-

OS PÚBLICOS

Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos fun-cionários públicos, cujo processo e julgamento com-petirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com decla-ração fundamentada da impossibilidade de apresen-tação de qualquer dessas provas.

Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a de-núncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de 15 (quin-ze) dias.

Parágrafo único. Se não for conhecida a residên-cia do acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar.

Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, du-rante o prazo concedido para a resposta, os autos permanecerão em cartório, onde poderão ser exa-minados pelo acusado ou por seu defensor.

Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com documentos e justificações.

Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexis-tência do crime ou da improcedência da ação.

Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na forma estabelecida no Capítulo I do Título X do Livro I.

Art. 518. Na instrução criminal e nos demais ter-mos do processo, observar-se-á o disposto nos Ca-pítulos I e III, Título I, deste Livro.

TESTES DE DIREITOPROCESSUAL PENAL

01) A ação penal pública esta sujeita aos prin-cípios

a) da legalidade, da procedibilidade e da obriga-toriedade

b) da legalidade, da oficialidade, e da procedibili-dade

c) da legalidade, da indisponibilidade e da obri-gatoriedade

d) da legalidade, da obrigatoriedade e da oportu-nidade

e) n.d.a.

02) A ação penal de conhecimento pode ser

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

a) pública e privadab) declaratória, constitutiva e condenatóriac) pública principal e privada principald) constitutiva, publica e privadae) n.d.a.

03) Os atos da autoridade policial, no inquérito, são

a) discricionários, porque sujeitos ao controle ju-diciário quanto a sua legalidade

b) discricionários, porque não sujeitos ao contro-le judiciário quanto a sua legalidade

c) simplesmente arbitrários, porque o indiciado é mero objeto de investigações e não sujeito de direi-tos

d) imunes a qualquer controle, porque deles não decorre constrangimento à liberdade de locomoção do indiciado

e) n.d.a.

04) O habeas corpus pode ser impetradoa) somente pelo interessado ou por seu procura-

dorb) por qualquer cidadãoc) pelo interessado ou por qualquer pessoa, in-

clusive menor ou estrangeirod) somente por advogado constituído pelo inte-

ressadoe) n.d.a.

05) A instrução criminal tem início coma) a instauração de inquérito policialb) o recebimento da denúncia ou da queixac) o interrogatório do acusadod) a citação do acusadoe) n.d.a.

06) A ação penal pública está sujeita aos prin-cípios

a) da legalidade, da procedibilidade e da obriga-toriedade

b) da legalidade, da indisponibilidade e da obri-gatoriedade

c) oportunidade e legalidaded) obrigatoriedade e indisponibilidade e) n.d.a.

07) A prisão preventiva deve fundar-se na ga-rantia da ordem pública, ou na conveniência da ins-trução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal , quando houver

a) prova de autoriab) antijuridicidade e materialidade do crime dolo-

soc) autoria do crime e reincidência específicad) prova de existência do crime e indícios da au-

toriae) n.d.a.

08) A prisão em flagrante delito deve ser feitaa) por qualquer do povob) somente por agentes policiaisc) somente pelas autoridades policiaisd) pelas autoridades policiais e seus agentese) n.d.a.

09) A prisão temporária de indiciado pode ser decretada pelo

a) delegado de políciab) promotor de justiçac) promotor de justiça a requerimento do delega-

do de políciad) juiz de direito, mediante representação do

promotor de justiça ou requerimento do delegado de polícia

e) n.d.a.

10) Considera-se coação ilegal , para efeito de concessão de habeas corpus

a) a decretação de prisão civilb) a aplicação da pena disciplinarc) a extinção da punibilidaded) a remoção de preso para outro estabeleci-

mento prisionale) n.d.a.

11) A incomunicabilidade do indiciado, prevista na legislação processual

a) pressupõe a condenação judicial transitada em julgado

b) pressupõe a prisão legal do indiciadoc) e autorizada somente nas prisões correcio-

naisd) não exige, como pressuposto, a prisão do

acusadoe) n.d.a.

12) Para a decretação da prisão preventivaa) é necessária a decisão da autoridade policialb) bastam as exigências de crime e de autoriac) à necessário despacho fundamentado da au-

toridade judiciáriad) é necessário que o réu seja perigosoe) n.d.a.

13) Em caso de lesão corporal, o exame de corpo de delito complementar poderá ser feito para

a) definir se a gravidade da lesão acarretou peri-go de vida

b) completar o primeiro exame pericialc) comprovar a existência de vestígios da lesãod) precisar a classificação do delito previsto no

art. 129, § 1º., nº. II, do CPe) n.d.a.

14) A ação penal será promovida por:a) promoção do Ministério Públicob) queixa crimec) representação, quando ela for incondicionadad) por denúncia do promotore) todas estão corretas

15) O ministério público é o dono da ação penal, mesmo, assim:

a) O juiz também pode iniciar o processob) Somente o promotor pode iniciar a ação penalc) O Ministro da Justiça não pode requisitar a

ação penald) O Ministro da Justiça pode requisitar a ação

penale) Nenhuma está correta

16) Em caso de ação pública condicionada a re-presentação, feita esta o ofendido não poderá

a) se retratar, antes de oferecida a denúnciab) se retratar, depois de oferecida a denúnciac) se retratar, em hipótese algumad) pode se retratar a qualquer tempo, pois ele é o

dono da açãoe) nenhuma está correta

17) Se o Ministério Público Federal pedir o arqui-vamento do inquérito e o juiz rejeitar, caberá:

a) recurso, de ofício, para a Procuradoria-Geral da República, sendo que se o Procurador concordar com o juiz o inquérito será arquivado

b) recurso ao sentido estrito, para o Tribunal Re-gional Federal, que decidirá se é ou não caso de re-cebimento da denúncia

c) recurso, de ofício, ao Procurador-Geral da Re-pública, que entendendo estar o Ministério Público Federal com a razão, mandará outro Procurador da República pedir o arquivamento.

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Page 17: Nocoes-De-Direito Processual Penal VESTCON

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

d) recurso, de ofício, ao Tribunal Superior Fede-ral, para decidir sobre a rejeição judicial

e) nenhuma está correta

18) Quando o Ministério Público Federal denunci-ar alguém o juiz deve:

a) receber a denúnciab) rejeitar a denúnciac) examinar se é o caso de recebimento ou rejei-

ção da denúncia, decidindod) receber ou rejeitar a denúncia, porém não

cabe recursoe) nenhuma está correta

19) Nos casos de ação pública, será admitida ação privada quando:

a) o ofendido tenha qualidade para apresentá-lab) o promotor não intentar a ação pública no pra-

zo legalc) o ofendido desistir do inquérito e apresentar a

queixa crimed) o promotor intentar a ação, como dono que ée) nenhuma está correta

20) A ação penal privada poderá ser intentada:a) somente pelo ofendidob) pelo ofendido e pelo Ministério Públicoc) somente pelo Ministério Públicod) pelo ofendido ou por quem tenha qualidade

para representá-loe) pelo Ministério Público e pelo representante do

ofendido

RESPOSTAS

1)c2)b3)a4)c5)c6)b7)d8)b9)d10)c11)b12)c13)b14)d15)d16)e17)d18)c19)b20)d

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