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Caracas – Venezuela * Año IX – Época II * 15 Novembro de 2009 RIF: J301839838 Herberto Hélder... alquimista da palavra poética O seu nome completo é Herberto Hélder Luís Bernardes de Oliveira, mas a história da literatura vai recordá-lo simplesmente como Herberto Hélder. Este autor singular, um dos poetas vivos mais únicos da língua portuguesa, é conhecido tanto pela sua originalidade criativa como pela seu carácter de misantropo. Dito de outra forma, é dono de uma obra invulgar como criativo e um autor totalmente afastado da sociedade, que se recusa a dar entrevistas e a receber prémios. Em 1994 foi-lhe concedido o Prémio Pessoa, e fiel a si mesmo... recusou-o, apesar de ser o mais importante da língua portuguesa! Família judaica do Funchal Herberto Hélder, oriundo de uma família judaica como já mencionámos em mais de uma oportunidade, nasceu no Funchal, em 1930. Aos 16 anos, e para terminar o liceu, viaja a Lisboa. Pouco depois está na Faculdade de Direito de Coimbra e logo na de Letras, mas não chega a terminar o curso de Filologia Romântica. Em 1952, está de volta na capital. Entra para a Caixa Geral de Depósitos. Depois passa a angariador de publicidade e numa vida de errância constante, chega a viver numa “casa de passe”. Dois anos mais tarde, em 1954, publica o primeiro poema na cidade universitária e regressa à Madeira, onde consegue um trabalho de meteorologista. Da Madeira salta para Porto Santo. Passagens fugazes por ambas as ilhas e logo a seguir vêmo-lo de novo em Lisboa, a frequentar o grupo do Café Gelo. Agora faz pela vida promovendo produtos farmacêuticos e como redactor publicitário, profissão pela qual passaram vários escritores da época... e não só em Portugal. O Amor em Visita, o seu primeiro livro. Sai em 1958. Portugal fica-lhe pequeno e vai até à França, à Holanda e à Bélgica, onde exerce profissões muito humildes, mesmo marginais. Num lado corta legumes. No outro, arrefece lingotes de ferro. Mais além, serve numa cervejaria. E entre uma e outra forma de vida, empacota aparas de papéis e faz de policopista. Tudo isto não é tudo, que também faz de guia dos marinheiros que tocam o porto de Antuérpia. Que lhes mostra da cidade? O submundo da prostituição! Ecos de Portugal Escute todos os domingos das 17 às 18 o programa de rádio do IPC. Cultura. Gastronomia. Música. Efemérides. História. Notícias e muito mais.

NotiFax de 15 de Novembro de 2009

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Boletim Quinzenal do Instituto Português de Cultura de Caracas

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Caracas – Venezuela * Año IX – Época II * 15 Novembro de 2009 RIF: J301839838

Herberto Hélder... alquimista da palavra poética

O seu nome completo é Herberto Hélder Luís Bernardes de Oliveira, mas a história da literatura vai recordá-lo simplesmente como Herberto Hélder. Este autor singular, um dos poetas vivos mais únicos da língua portuguesa, é conhecido tanto pela sua originalidade criativa como pela seu carácter de misantropo. Dito de outra forma, é dono de uma obra invulgar como criativo e um autor totalmente afastado da sociedade, que se recusa a dar entrevistas e a receber prémios. Em 1994 foi-lhe concedido o Prémio Pessoa, e fiel a si mesmo... recusou-o, apesar de ser o mais importante da língua portuguesa!

• Família judaica do Funchal

Herberto Hélder, oriundo de uma família judaica como já mencionámos em mais de uma oportunidade, nasceu no Funchal, em 1930. Aos 16 anos, e para terminar o liceu, viaja a Lisboa. Pouco depois está na Faculdade de Direito de Coimbra e logo na de Letras, mas não chega a terminar o curso de Filologia Romântica. Em 1952, está de volta na capital. Entra para a Caixa Geral de Depósitos. Depois passa a angariador de publicidade e numa vida de errância constante, chega a viver numa “casa de passe”. Dois anos mais tarde, em 1954, publica o primeiro poema na cidade universitária e regressa à Madeira, onde consegue um trabalho de meteorologista. Da Madeira salta para Porto

Santo. Passagens fugazes por ambas as ilhas e logo a seguir vêmo-lo de novo em Lisboa, a frequentar o grupo do Café Gelo. Agora faz pela vida promovendo produtos farmacêuticos e como redactor publicitário, profissão pela qual passaram vários escritores da época... e não só em Portugal. O Amor em Visita, o seu primeiro livro. Sai em 1958.

Portugal fica-lhe pequeno e vai até à França, à Holanda e à Bélgica, onde exerce profissões muito humildes, mesmo marginais. Num lado corta legumes. No outro, arrefece lingotes de ferro. Mais além, serve numa cervejaria. E entre uma e outra forma de vida, empacota aparas de papéis e faz de policopista. Tudo isto não é tudo, que também faz de guia dos marinheiros que tocam o porto de Antuérpia. Que lhes mostra da cidade? O submundo da prostituição!

Ecos de Portugal Escute todos os domingos das 17 às 18 o programa de rádio do IPC.

Cultura. Gastronomia. Música. Efemérides. História. Notícias e muito mais.

No começo da década de 60 está uma vez mais em Portugal, agora encarregado das bibliotecas

itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Anda pelo Ribatejo, pelas Beiras e pelo Alentejo. Entretanto, publica A Colher na Boca, Poemacto e Lugar . A Emissora Nacional (1963) contrata-o como redactor do noticiário internacional. Nesse mesmo ano aparecem Os Passos em Volta e A máquina de emaranhar paisagens. Por esse tempo participa na publicação da revista Electronicolírica e também na Poesia Experimental. Húmus, Retrato em Movimento e Ofício Cantante são os livros que se seguem e confirmam a originalidade da sua escrita. Um livro sobre o Marquês de Sade traz-lhe problemas legais e é condenado. Obtém a suspensão da pena mas não se salva de ser despedido da RTP. Volta a um porto de abrigo já experimentado antes: a publicidade. Depois passa a uma editora com o lugar de director literário e co-gerente. A censura salazarista suspende a publicação de Apresentação do Rosto.

Em 1970, além de uma terceira edição de Os Passos em Volta, escreve Os Brancos Arquipélagos e viaja por vários países da Europa ocidental: Espanha, França, Bélgica, Holanda e Dinamarca. No ano seguinte, está em Angola. Trabalha numa revista, faz de repórter de guerra. Sofre um desastre grave, que o obriga a permanecer três meses hospitalizado. Em 1973 está nos Estados Unidos e publica Poesia Toda, que reúne toda a sua produção poética. A prosa tem menos sorte e não chega a sair Prosa Toda. Depois do 25 de Abril, de novo a França e também a Inglaterra. Nos anos seguintes aparecem Cobra, O Corpo, O Luxo, A Obra e Photomaton & Vox.

Voz grande da poesia portuguesa contemporânea, Herberto Hélder, é um “caso” pela sua capacidade de criação de imagens poéticas únicas e por longos períodos existenciais com trabalhos totalmente divorciados da actividade literária. Para mais de um crítico “é o poeta mítico da modernidade portuguesa contemporânea, não só pela intensidade particular da sua obra (quer considerada em conjunto, quer na simples leitura de um único dos seus versos) mas também pelo seu estilo de vida discreto e avesso a todas as manifestações da instituição literária.”

Cinema Português: A Canção de Lisboa....

O clássico A Canção de Lisboa (1933), originalmente apresentado como o primeiro filme português feito por portugueses, vai ser o próximo filme a ser projectado no 20 de Novembro, às 20 h., precedido de uma sessão para o público infanto-juvenil. Qual é a história? Vasco Leitão (Vasco Santana) vive da mesada das tias, que vivem em Trás-os-Montes, que nunca vieram à capital, e o consideram um aluno cumpridor. Ora, o Vasco prefere os retiros e os arraiais, as cantigas populares e as mulheres bonitas, em particular Alice (Beatriz Costa), uma costureira do Bairro dos Castelinhos, o que não agrada ao pai, alfaite Caetano (António Silva), sabendo-o crivado de dividas... Os azares do Vasco sucedem-se: no mesmo dia em que é reprovado no exame final, recebe uma carta em que as tias lhe anunciam uma visita a Lisboa!

O realização é de José Ângelo Cottinelli Telmo (1897-1948), que foi arquitecto, cineasta, baila rino, autor de banda desenhada, fotógrafo, ilustrador e músico. Um artista no mais estrito sentido da palavra. Filho de músicos, Cottinelli Telmo, conheceu o cineasta Leitão de Barros, com quem viria a colaborar, através da Lusitânia-film , na produção de

Malmequer e Mal de Espanha, ambos de 1918. Estudou arquitectura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, curso que terminou em 1920 com a mais alta classificação.

Não perca este filme com Vasco Santana, António Silva e Beatriz Costa, três “monstros” da actuação ao longo de várias décadas de vida artística no cinema, no teatro e na revista.

Estas sessões cinematográficas contam com os auspícios do Millenium bcp.

Jorge Silva Melo vence no Festival Temps d’Images ... O filme “Bartolomeu Cid dos Santos – Por Terras Devastadas”, de Jorge Silva Melo, conquistou o prémio de Melhor Filme Português na competição de Filmes sobre Arte do Festival Temps d´Images, que acabou recentemente em Lisboa “Bartolomeu Cid dos Santos” é um filme produzido pela Midas Filmes e conta a história de Bartolomeu, gravador e pintor, um dos grandes artistas do século XX. Este artista plástico criou as primeiras metáforas contra o Colonialismo Português e insurgiu-se contra a Nova Ordem Mundial. Um retrato de um homem que, aos 14 anos, no Chrysler do seu avô, foi de Lisboa a Paris em 1946, e viu desfilar a terra devastada depois da II Guerra Mundial. E é por terras devastadas, ruínas, labirintos, mares que ele, sempre menino e sempre marinheiro, procura.

Efemérides ... 16 de Novembro de 1922. Nasce, na Azinhaga (Ribatejo), José Saramago, escritor português galardoado, em 1998, com o Nobel da Literatura. O seu livro mais recente, Caim, além de estar entre os mais vendidos, é também centro de uma polémica, dentro e fora de Portugal. 17 de Novembro de 1822. Falece, em Lisboa, Joaquim Machado de Castro. A sua obra mais conhecida é a estátua equestre do rei D. José I, no Terreiro do Paço, em Lisboa. 18 de Novembro de 1791. Nasce, em Lisboa, o historiador, diplomata e estadista português Manuel Francisco de Barros e Sousa de Mesquita de Macedo Leitão e Carvalhosa, 2º visconde de Santarém. Fez a recolha de diversos materiais cartográficos referentes à descoberta, pelos portugueses.

22 de Novembro de 1497. Vasco da Gama dobra o Cabo da Boa Esperança, na procura de um caminho marítimo para a Índia. Um momento fundamental para a navegação da época, onde é “vencido” o mostrengo Adamastor. 23 de Novembro de 1930. Nasce, no Funchal, ilha da Madeira, Herberto Hélder, tradutor, poeta e ficcionista português de relevo internacional. 24 de Novembro de 1906. Nasce, em Lisboa, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, professor, investigador e poeta. Sob o pseudónimo de António Gedeão, escreveu conhecidos poemas como Lágrima de Preta e Pedra Filosofal. 25 de Novembro de 1845. Nasce, na Póvoa do Varzim, Eça de Queirós. Escreve temas românticos mas já com processos de descrição realista. O Crime do Padre Amaro, O primo Basílio, O Mandarim, A Relíquia, Uma Campanha Alegre e Os Maias, pertencem a este período, sendo esta última obra considerada o expoente máximo do realismo português. 27 de Novembro de 1807. A família real portuguesa, acompanhada da

respectiva corte, embarca para o Brasil, por ocasião das invasões francesas. A frota far-se-á ao mar no dia 29.

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Telefaxe. 0212 985.41.43 - E-mail: [email protected]

Monumentos de Lisboa em selos franceses...

O Espaço Champerret, em Paris, o 63º Salão Filatélico de Outono, tem este ano Portugal como país convidado. E por esse motivo os Correios de França emitem hoje um bloco filatélico composto por quatro selos que reproduzem o Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Padrão dos Descobrimentos e uma rua do Bairro Alto . O bloco dedicado a Lisboa tem como título ‘Capitais Europeias’ e apresenta em fundo o Elevador de Santa Justa, o Castelo de São Jorge e dois conjuntos de azulejos do Museu Azulejo. Cada um dos quatro selos incluídos no bloco tem o valor facial de 0,56 euros.

Ary dos Santos cantado por vozes femininas...

O projecto 'Rua da Saudade' nasceu da vontade do produtor Renato Júnior, com o objectivo de homenagear Ary dos Santos. Mafalda Arnauth, Luanda Cozetti, Viviane e Susana Félix foram as vozes escolhidas.

A 18 de Janeiro deste ano, passaram 25 anos sobre a morte do poeta Ary dos Santos, mas a homenagem só agora surge e materializada num disco. "Este projecto já nasceu há vários anos na cabeça do Renato Júnior (produtor)", explica Viviane, uma das quatro vozes que, juntamente com Susana Félix, Luanda Cozetti e Mafalda Arnauth , dão corpo ao projecto. O álbum nasceu precisamente com o propósito de "homenagear um génio da nossa cultura", afiança a outrora vocalista dos Entre Aspas, que assume também "o esquecimento" a que Ary estava votado. "Era urgente trazê-lo para o presente. Por coincidência, passam 25 anos sobre a morte dele", esmiuça ainda.

João Tordo vence Prémio José Saramago... O escritor João Tordo é o vencedor da sexta edição do Prémio Literário José Saramago. ‘Três Vidas’ é o título do romance, editado pela Quid Novi, que lhe valeu o galardão, este sábado anunciado na Escritaria , em Penafiel. Do júri, presidido por Guilhermina Gomes (em representação da Fundação Círculo de Leitores), fizeram parte Ana Paula Tavares, Nélida Piñón, Pilar del Rio, mulher do Nobel, e Vasco Graça Moura. O troféu tem um valor pecuniário de 25 mil euros e distingue um jovem escritor com menos de 35 anos.

Na cerimónia, o vencedor considerou que 'este prémio tem muito mais a ver com o futuro do que com o passado'. João Tordo disse ainda que o facto de ser distinguido com este galardão irá provocar 'boas insónias' no futuro, já que agora lhe pesa a responsabilidade de estar associado a um troféu com o nome do Nobel da Literatura.

www.institutoportuguesdecultura.blogspot.com Informações em português, castelhano, inglês e francês.

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