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1 Caracas – Venezuela * Ano X – Época III * 15 de Setembro de 2010 RIF: J301839838 Gabriel Malagrida, vítima da Inquisição ... e do Marquês de Pombal! O padre Gabriel Malagrida nasceu a 5 de Dezembro de 1689, em Menaggio, na Itália. Aos 12 anos foi enviado a estudar com os Padres Somascos, em Como e, demonstrando interesse para a vida religiosa, foi enviado a Milão, ao Colégio Helvético, para iniciar os estudos de Filosofia e Teologia. Em 1711 aproximou-se dos Jesuítas de Como e foi admitido como noviço naquele ano. Foi destinado depois para professor de Ginásio na ilha de Córsega e após completar os Estudos de Teologia em Génova, pediu ser destinado, como missionário, para as Índias. Terminou partindo para as missões no Brasil, em 1721. * No Brasil Já ordenado padre, foi para Belém, a fim de aprender a língua indígena e trabalhar como padre na cidade. Vive entre várias nações indígenas e nalgumas passará maus bocados, quer pela resistência dos feiticeiros da tribo, quer pela epidemia de peste que assolava os índios. Até o ano de 1727 ficará sempre entre índios, É retirado definitivamente da missão indígena por volta de 1729 para ensinar no Colégio de São Luís do Maranhão, a fim de preparar futuros missionários jesuítas, ensinado Filosofia e Teologia. Até aqui vai a primeira etapa de sua vida missionária. Viaja por grande parte do Brasil e no final da primeira metade do século XVIII concebe a ideia de ir a Portugal, solicitar a aprovação do Rei, para funcionarem legalmente as suas fundações e conseguir recursos. * De regresso a Lisboa Em 1750 Malagrida está na capital portuguesa e assiste aí aos últimos momentos da vida do rei D. João V. Em 1751 regressou de novo ao Maranhão tendo aí estado até 1754, ano em que regressou definitivamente para Portugal a rogo de D. Mariana de Áustria. Este foi talvez o maior erro da sua vida, como veremos já a seguir.

NotiFax de 15 de Setembro de 2010

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Boletim Quinzenal do Instituto Português de Cultura de Caracas

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Caracas – Venezuela * Ano X – Época III * 15 de Setembro de 2010 RIF: J301839838

Gabriel Malagrida, vítima da Inquisição ... e do Marquês de Pombal!

O padre Gabriel Malagrida nasceu a 5 de Dezembro de 1689, em Menaggio, na Itália . Aos 12 anos foi enviado a estudar com os Padres Somascos, em Como e, demonstrando interesse para a vida religiosa, foi enviado a Milão , ao Colégio Helvético, para iniciar os estudos de Filosofia e Teologia. Em 1711 aproximou-se dos Jesuítas de Como e foi admitido como noviço naquele ano. Foi destinado depois para professor de Ginásio na ilha de Córsega e após completar os Estudos de Teologia em Génova, pediu ser destinado, como missionário, para as Índias. Terminou partindo para as missões no Brasil, em 1721.

* No Brasil Já ordenado padre, foi para Belém, a fim de aprender a língua indígena e trabalhar como padre na cidade. Vive entre várias nações indígenas e nalgumas passará maus bocados, quer pela resistência dos feiticeiros da tribo, quer pela epidemia de peste que assolava os índios. Até o ano de 1727 ficará sempre entre índios, É retirado definitivamente da missão indígena por volta de 1729 para ensinar

no Colégio de São Luís do Maranhão, a fim de preparar futuros missionários jesuítas, ensinado Filosofia e Teologia. Até aqui vai a primeira etapa de sua vida missionária. Viaja por grande parte do Brasil e no final da primeira metade do século XVIII concebe a ideia de ir a Portugal, solicitar a aprovação do Rei, para funcionarem legalmente as suas fundações e conseguir recursos. * De regresso a Lisboa Em 1750 Malagrida está na capital portuguesa e assiste aí aos últimos momentos da vida do rei D. João V. Em 1751 regressou de novo ao Maranhão tendo aí estado até 1754, ano em que regressou definitivamente para Portugal a rogo de D. Mariana de Áustria. Este foi talvez o maior erro da sua vida, como veremos já a seguir.

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Muito religioso, aproveitou o terramoto de 1755 para exortar os lisboetas à reforma dos seus costumes. Acicatado pela explicação das causas naturais da catástrofe, que circulou em folheto mandado publicar pelo poderoso ministro do rei D. José I, o Marquês de Pombal, escreveu uma pequena obra chamada Juízo da verdadeira causa do terramoto (1756) em que este se reputava de castigo divino e em que defendia que o infortúnio dos desalojados se consolava com procissões e exercícios espirituais. * Malagrida e o Marquês de Pombal

O Marquês de Pombal, que, como acabamos de escrever, tinha mandado publicar um texto explicando as causas naturais do terramoto, não gostou do que Malagrida escreveu e dando-se como aludido naquela obra, ele que não gostava de ser criticado, decidiu desterrá-lo para a cidade de Setúbal. Nesse desterro, Malagrida era visitado por muitas pessoas, e entre elas por membros da família Távora, muito odiada pelo marquês de Pombal, e a mesma que foi acusada de atentar contra vida de D. José para pôr o Duque de Aveiro no trono.

O suposto atentado de 3 de Setembro de 1758, e o processo dos Távoras que se lhe seguiu, proporcionou a Pombal a ocasião para perseguir Malagrida ainda com mais severidade. Manda-o preso para os calabouços subterrâneos da Torre de Belém, acusando-o de colaboração na tentativa de regicídio e denunciando-o à Inquisição como falso profeta, impostor e, pior de tudo, de ser um herege, o que equivalia à morte na fogueira. Septuagenário, alquebrado pelos trabalhos passados e pela prisão doentia, tornou-se demente, continuando a defender obstinadamente as suas crenças. * Condenação e morte cruel

Entregue à Inquisição de Lisboa – recordemos que o Inquisidor Geral era Paulo de Carvalho e Mendonça, irmão do Marquês de Pombal).e após um processo, considerado por vários

historiadores de algo grotesco. Além de herege, foi acusado de de obsceno e de blasfemo (enquanto encarcerado na Torre escreveu obras delirantes sobre o útero de Santa Ana). Malagrida foi finalmente condenado ao garrote e fogueira no auto-de-fé de 21 de Setembro de 1761, tendo sido queimado no Rossio, a praça principal de Lisboa. Na opinião do filósofo francês Voltaire na obra Cândido, «ao excesso de absurdo, juntou-se o excesso de horror».

Em 2005, Pedro Almeida Vieira – jornalista e escritor, especialmente de obras de cariz ambiental e romances históricos – publicou o O Profeta do Castigo Divino, que tem como personagem principal o padre Gabriel Malagrida , incidindo sobre o período antes do terramoto de Lisboa de 1755 até à sua morte no auto-de-fé de 1761.

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Costa dos Murmúrios levada ao teatro…

A terceira edição do festival literário Escritaria, em Penafiel, marcado para os dias 15, 16 e 17 de Outubro, vai ser dedicado à escritora Agustina Bessa-Luís. Fonte da organização adiantou à agência Lusa que o Escritaria incluirá conferências com vários convidados ligados à literatura nacional, que serão anunciados na próxima semana, e exposições de rua procurando envolver os penafidelenses no espírito da iniciativa.

"O festival vai decorrer num autêntico ambiente de contaminação pela vida e obra da autora, visível nas ruas, nas fachadas dos edifícios, nas montras das lojas, com recurso a intervenções artísticas em espaço urbano, a aforismos, frases soltas, referências históricas, imagens e obras plásticas que remetem para o universo da escritora", explicou fonte da organização do festival.

Costa dos Murmúrios levada ao teatro…

Lídia Jorge, uma das escritoras fundamentais da nossa literatura contemporânea, que já esteve duas

vezes em Caracas a convite do IPC, não podia estar mais radiante ao ver, em palco, as personagens que criou há 31 anos, agora tornadas pessoas de carne e osso no espectáculo ‘O Dia dos Prodígios’, acabado de estrear na Sala Principal do Teatro da Trindade.

Com Filomena Cautela e Diogo Morgado a liderar um elenco de nomes muito sonantes – onde se incluem os de Carlos Paulo, Maria Emília Correia, Luís Lucas ou Elisa Lisboa –, o espectáculo é a realização de um sonho de três décadas. Cucha Carvalheiro diz que, à primeira leitura, teve vontade de ver esta história em palco. In Correio da Manhã.

Associação de Luso-descendentes condecora IPC…

Num acto especialmente organizado para recordar o I Centenário da Implantação da República Portuguesa e o X Aniversário da Associación de Luso Descendientes de Venezuela, ASOLDEVEN , foi imposta ao IPC a Ordem Luís Vaz de Camões, no capítulo Língua, Educação e Cultura.

Na mesma oportunidade a Ordem foi igualmente imposta a um conjunto de personalidades e instituições que, no critério da ASOLDEVEN , “fazem do seu trabalho um exemplo constante”. A sessão serviu também para uma homenagem a Amália Rodrigues e para inaugurar uma exposição de fotografia – Retratos de Portugal – com obras do artista polaco Marcin Gorski .

O IPC agradece esta deferência de ASOLDEVEN .

Programas de rádio do IPC...

• Ecos de Portugal. Todos os domingos, das 17 às 18 horas, através de Jazz 95.5 FM • Radio Arcoense. Todas as quartas quintas-fe iras de cada mês, entre as 19 e as 21 h, por Radio Uno, 1340 AM

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Efemérides

* 15 de Setembro de 1765. Nasce o poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage, conhecido pelo pseudónimo de Elmano Sadino. É uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX. * 16 de Setembro de 1837. Nascimento de D. Pedro V, cognominado O Esperançoso, O Bem-Amado ou O Muito Amado. Foi Rei de Portugal de 1853 a 1861. Era o filho mais velho da Rainha D. Maria II e do rei consorte D. Fernando II. * 16 de Setembro de 1872. A efeméride corresponde ao nascimento do pintor António Carneiro, em Amarante. Professor da Academia Portuense de Belas-Artes, desde 1911, o seu nome ficou também ligado à revista Águia, de que foi director artístico. * 17 de Setembro de 1768. Passamento de Manuel da Maia, reconstrutor

de Lisboa após o terramoto de 1755. Foi alvo de várias homenagens em vida, das quais se destaca o título de fidalgo da Casa Real e de General. * 20 de Setembro de 1276. Data da coroação de Pedro Julião ou Pedro Hispano como papa. Foi médico, professor e matemático. Tomou o nome de João XXI. Foi homem de vastíssima cultura científica. * 21 de Setembro de 1761. É morto, na fogueira, durante um Auto-de-fé no Rossio, a praça mais importante de Lisboa, o padre jesuíta Gabriel Malagrida . * 24 de Setembro de 1834. Falecimento, em Queluz, de Dom Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, que viria a ser o primeiro Imperador do Brasil, como D. Pedro I e, ainda, o 28º Rei de Portugal, como D. Pedro IV. * 27 de Setembro de 1915. Falecimento do escritor Ramalho Ortigão, autor de O Mistério da Estrada de. Sintra, elaborado em parceria com Eça de Queirós. * 29 de Setembro de 1957. Nascimento do poeta Luís Miguel Nava. O seu primeiro livro, Películas, publicado em 1979, recebeu o Prémio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores. Vulcão, de 1994, foi o seu último livro. * 29 de Setembro de 1983. Passamento, no Hospital da Cruz Vermelha, do pintor Mário Botas. Atingido pela leucemia em 1977, dois anos após se ter licenciado em Medicina, passou a dedicar-se a tempo inteiro à pintura, tendo exposto trabalhos seus em diversos países europeus e nos Estados Unidos. * 30 de Setembro de 1916. Morre, na Figueira da Foz, o pintor António Ramalho. Pertenceu à geração naturalista e distinguiu-se essencialmente como retratista.

www.institutoportuguesdecultura.blogspot.com Informações em português, castelhano, inglês e francês.