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ESTE MATERIAL NÃO PODE SER DIVULGADO, COPIADO, ALTERADO, CITADO E IMPRESSO. TRABALHO DE CAMPO GRUPO 3 NOVA FRIBURGO WILLIAN CRISTIANO EMERICK LAMB RODRIGO PIRES LEOCADIO HAMILTON DE FÁTIMA COSTA VIVIANE FREIMANN

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Este relatório de campo foi desenvolvido por alunos como um Trabalho de Conclusão do Curso Agentes Locais em Desastres Naturais.

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ESTE MATERIAL NÃO PODE SER DIVULGADO, COPIADO, ALTERADO, CITADO E IMPRESSO.

TRABALHO DE CAMPO

GRUPO 3 NOVA FRIBURGO

WILLIAN CRISTIANO EMERICK LAMB

RODRIGO PIRES LEOCADIO

HAMILTON DE FÁTIMA COSTA

VIVIANE FREIMANN

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ESTE MATERIAL ESTÁ EM VALIDAÇÃO, POR ESTA RAZÃO NÃO PODE SER DIVULGADO, COPIADO, ALTERADO, CITADO E IMPRESSO.

A IMPRESSÃO ESTÁ AUTORIZADA SOMENTE AO CORPO DOCENTE E DISCENTE.

GRUPO 3 NOVA FRIBURGO

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REALIZAÇÃO

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

VICE-PRESIDÊNCIA DE AMBIENTE, PROMOÇÃO E ATENÇÃO À SAÚDE

CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EMERGÊNCIAS E DESASTRES EM SAÚDE

ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA

ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA

PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE E AMBIENTE

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE FARMÁCIA

DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA E ADMINISTRAÇÃO FARMACÊUTICA

PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA MUNICIPAL DE CONSERVAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS

SUBSECRETARIA DE DEFESA CIVIL

APOIO

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL

SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL

DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES

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VERSÃO EM AVALIAÇÃO

TRABALHO DE CAMPO

GRUPO 3 NOVA FRIBURGO

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ORGANIZADORES CARLOS MACHADO DE FREITAS E VÂNIA ROCHA

REVISÃO TÉCNICA MARCELO ABELHEIRA E VÂNIA ROCHA

PROGRAMAÇÃO VISUAL PRISCILA FREIRE

PROFESSORES TUTORES MARCELO ABELHEIRA E SUELI SCOTELARO PORTO

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Diagnostico da área Loteamento Maringá, Bairro

Riograndina, Nova Friburgo-RJ

Nova Friburgo-RJ

2013

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Sumário:

1. Introdução.......................................................................................................3

2. Analise do território.........................................................................................5

2.1.Área de estudo......................................................................................5

2.2. História do local....................................................................................6

2.3. Geografia da área................................................................................9

2.4. Riscos e problemas identificados..........................................................10

3. Potencialidades sociais..................................................................................15

4. Propostas para plano de ação.......................................................................16

5. Referências....................................................................................................20

6. Anexo – questionário.....................................................................................21

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1. Introdução

Aos que ainda pensavam a mudança climática planetária como algo

distante e em longo prazo, o evento extremo ocorrido em janeiro de 2011 na

Região Serrana do Rio de Janeiro mostrou, de forma contundente, que não há

lugar seguro no planeta. (CODENF- Conselho de desenvolvimento de Nova

Friburgo).

A cidade de Nova Friburgo e a Região Serrana é conhecida pela sua

beleza, fonte de prazeres naturais e boa qualidade de vida de seus habitantes.

Porem há outra realidade tão verdadeira quanto essa e infelizmente não tão

satisfatória para seus cidadãos.

A região Serrana é também se quisermos chamá-la da capital das

vulnerabilidades e riscos de desastres naturais do Rio de janeiro.

As suas características geográficas, o desenvolvimento social e urbano

desde a sua colonização é um grande exemplo de como o futuro pode sofrer

pelas ações passadas. A sociedade atual paga um preço alto pelas falhas e

falta de estudo e irresponsabilidades dos seus antepassados. A ação do

homem buscando riquezas e status sociais são os grandes vilões para os

riscos que temos hoje. Cidades não planejadas; Crescimento urbano e social

desordenado; Falta de uma educação adequada, voltada à formação de uma

sociedade diferente; Políticas e gestão publica, inadequadas para o bem estar

físico e social. Todos esses são fatores que contribuíram para cada evento de

desastre ocorrido na região desde a sua colonização.

Durante anos convivemos com eventos climáticos e muitos se tornaram

tão comuns que a sociedade tem dificuldade de diferenciá-los de uma situação

de risco iminente as suas vidas. Infelizmente os cidadãos e governantes só se

chocam e resolvem tomar providencias quando o mesmo envolve perdas

humanas ou grandes perdas materiais, é preciso “sofrer na pele”, como dizem

para que queiram tomar providencias e buscar soluções para o problema.

A política correta da prevenção não dá votos ou gera riquezas como as

que a classe dominante precisa. Essas pessoas precisam do caos para se

perpetuar onde estão.

Mas indo contra esta pratica e após a catástrofe de 2011 na região

serrana, muitos pesquisadores, institutos de pesquisa, sociedade civil e

gestores públicos passaram a refletir sobre os riscos, vulnerabilidades da

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sociedade atual. Muitas práticas passaram a ser aplicadas nos locais de onde

se tem maior incidência de desastres. Uma delas pode se disser é a

capacitação de agentes locais para prevenção, mitigação e resposta a esses

eventos. Como exemplo destas ações, podemos citar um trecho da “Carta da

região Serrana”, produzida pela COPPE-UFRJ em junho de 2012.

“(...) a redução do risco e desastres deve formar parte da tomada de decisões

cotidianas.

(...). Cada decisão pode nos tornar mais vulneráveis ou, ao contrário, mais

resistentes.”

O objetivo geral é aumentar a resiliência das comunidades das áreas de

risco, frente aos desastres, visando uma redução considerável das perdas

ocasionadas pelos desastres, tanto em termos de vidas humanas quanto aos

bens sociais, econômicos e ambientais das comunidades. (CODENF- Conselho

de desenvolvimento de Nova Friburgo).

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2. Analise do território

2.1. Área de estudo

A área escolhida para a realização do trabalho é a localidade

denominada Loteamento Maringá, localizada no bairro de Riograndina, 2°

distrito da cidade de Nova Friburgo. O loteamento de estudo se caracteriza por

ser uma área de predominância residencial, a mesma possui uma linha de

ônibus especifica para o local e duas vias de acesso.

O loteamento é abastecido pela concessionária de Água de Nova

Friburgo, pela adutora do Rio Grande que abastece grande parcela da cidade.

O loteamento possui rede de esgoto sanitário, mas o mesmo não é tratado. A

grande maioria das casas possui fossa asséptica.

Mapa 1- Imagem da área de diagnostico

A população residente da área tem em sua maioria indivíduos do gênero

feminino. Há um grande numero de crianças, sendo que um pouco mais de

10% menores de sete anos. A maioria das pessoas do loteamento trabalha em

outras áreas da cidade, principalmente nas indústrias têxteis e metalúrgicas do

município. Entre a população local tem pessoas com limitações físicas e em

condições especiais. Outro ponto a ressaltar e a quantidade significativa de

habitantes com algum tipo de doença crônica como diabetes e hipertensão.

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Tabela com dados da população: Loteamento Maringá

Numero de famílias 400

Numero de pessoas Aproximadamente 1200

Acamados 3

Deficientes físicos 4

Gestantes 13

Hipertensos 186

Diabéticos 49

Idosos 154

Crianças < 7 anos 159

Numero de imóveis 423

Fonte: Vigilância Ambiental em saúde e Núcleo de atenção básica local.

2.2 História do local

O desenvolvimento do município e do bairro de Riograndina pode ser

contado em paralelo com a realidade da época no Brasil. O país passava por

um período de grande desenvolvimento econômico voltado para pratica da

produção agrícola.

Hoje o bairro de Riograndina, antigamente denominado Estação do Rio

Grande, devido ter sido desenvolvido as margens do Rio de mesmo nome e

também pela linha férrea Leopoldina Railway que cortava o local, que era

usada para transportar o café produzido na região de Cantagalo no final do

século 19. Essa região era uma das mais ricas do estado.

O distrito Riograndina também possuía suas plantações, pois o mesmo

era composto de algumas fazendas e sítios voltados também à produção rural

como era comum no século 19.

Como sabemos, a metodologia usada na produção de café no Brasil

desde os meados do século 19 até o seu declínio, se caracteriza pela pratica

da monocultura e por consequência o mau uso do solo e o desmatamento

excessivo.

Com o fim das grandes produções cafeeiras no final do século 19 e inicio

do século 20, a população local passou, como em outras regiões do Rio de

Janeiro a voltar a sua economia para produção de leite, sendo assim

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necessário o desmatamento e por consequente a inserção de pastagens, para

alimentar os animais. Com o sequente declínio econômico da região nos

meados do século 20, o local passou por transformações de características

sociais e urbanas, saindo da exclusividade na produção agrária e se tornando

uma região com grande potencial industrial.

Indo de encontro a esse momento histórico, como em outras áreas da

cidade, as grandes fazendas e sítios deram lugar aos grandes loteamentos, era

necessário dar moradia aos trabalhadores das grandes indústrias que se

instalavam no município. Mas infelizmente essa luz de resgate econômico veio

atrelada a falta de cuidados nas questões de transformações urbanas. A

sequência destas ações no local pode ser considerada a grande culpada pelo

aumento de vulnerabilidades e histórico de incidentes em desastres naturais

locais.

As práticas agrícolas na região no fim do século 19 e inicio do século 20,

foram os grandes vilões do impacto ambiental no local. A produção de café e a

de leite é caracterizada pelo desmatamento excessivo, queimadas e por

consequente erosão do solo. Todas essas ações contribuíram para a criação

de uma situação onde as ações comprometeram o solo deixando o mesmo

empobrecido e vulnerável a desastres.

O crescimento desordenado foi outro vilão. A população local passou a

se instalar em loteamentos, e os mesmos não possuíam características e nem

infraestrutura para abrigar a população sem por os mesmos em situação de

risco. As políticas públicas da época não levavam em conta esse tipo de

situação. Um desses loteamentos é o do Maringá, criado em 1978 pela

prefeitura municipal, sendo os seus primeiros habitantes antigos trabalhadores

das fazendas de leite e café, agora trabalhadores das grandes indústrias da

cidade como: Rendas Arp, Stam, Haga, Fabrica Ypú e Filó.

A falta de políticas publicas e de fiscalização no local, fizeram com que o

crescimento e desenvolvimento ocorressem de maneira desordenada. Essas

práticas levaram a um grande implicador para o desenvolvimento e por

consequente maior qualidade de vida dos residentes, que se acostumaram

com ameaças e riscos no local, vivendo constantemente sobe a ameaça de

deslizamentos, enchentes, enxurradas, faltas de água e luz.

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Tabela com analise do crescimento do município de Nova Friburgo

Município População

em 1950

População

em 2010

Taxa de

crescimento

Aumento da

população

Nova

Friburgo 47.755 182.016 2,25 a.a 3,81 x

Fonte IBGE

O loteamento tem em seu histórico diversos relatos de acidentes

naturais e alguns desastres, sendo os dois mais relevantes no ano de 2007 e

2011.

No ano de 2007 o loteamento sofreu com um evento de escorregamento

generalizado ocasionado pelas fortes chuvas no local. Tendo ocorrido

desabamentos e gerando um grande numero de pessoas desabrigadas. Muitas

casas ficaram interditadas, pois a mesmas apresentaram grandes danos

estruturais como rachaduras, quedas de paredes. Felizmente não houve danos

humanos, somente danos físicos.

Após esse evento as pessoas ficaram abandonadas no local. As casas

abandonadas se tornaram áreas de uso de criminosos, sendo usados para

pratica de tráfico de drogas.

Algumas famílias foram realocadas num outro loteamento chamado

lagoa seca, mas muitos não conseguiram casa e nem o auxilio do programa

aluguel social.

Devido a isso acabaram por retornar as suas residências no loteamento

mesmo sabendo dos riscos, pois não tem condições financeiras de irem pra

outro local.

A ausência de ações do Poder Público no local contribuiu para a

desassistência das pessoas. No evento de 2011 o local sofreu mais uma vez a

ação das chuvas. O loteamento ficou isolado, pois as duas vias de acesso se

encontram em áreas vulneráveis (deslizamento e alagamento), o que

impossibilitou a evacuação dos moradores e seu deslocamento ate o ponto de

apoio e da unidade básica de saúde.

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Mapa 2- Imagem do local tragédia 2011

Apesar de a população ter sofrido um menor impacto direto do que o

restante do bairro, a mesma sofreu muito com os efeitos secundários. Devido

ao isolamento, foi uma das últimas comunidades do local a ter seu

abastecimento de água normalizado, não possuía agente comunitário

responsável pela área na época, e o único ponto de apoio do bairro é distante

do loteamento.

Esses fatores foram os grandes responsáveis pela demora na resposta a

tragédia do local. Vale citar também que a única unidade básica de saúde foi

totalmente comprometida, devido estar situada às margens do Rio Grande,

sendo atingida duramente pela enxurrada que passou pelo local. As ações da

mesma foram transferidas para uma loja vazia, também distante da

comunidade.

2.3. Geografia da área

A área de estudo esta localizada ao norte do município, tendo como

coordenadas 22°12’16’’ S e 42°30’16’’ O. O ponto mais alto do loteamento se

dá no alto da Rua Canário com 831m de altura e o mais baixo nas margens do

Rio grande com 731m.

Devido a estar situado em Nova Friburgo, o loteamento compartilha

assim como a cidade de características especiais de condições climáticas.

Possuindo um clima ameno, porém um pouco mais seco, característica essa

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comum nas áreas do município que se afastam da serra do mar em direção as

áreas do interior do estado. O que o caso do distrito de Riograndina.

A Área de estudo se localiza na Bacia hidrográfica do Rio Grande, este

recurso hídrico nasce na serra de São Lourenço 3° distrito de Nova Friburgo. É

responsável pelo abastecimento de água de grande parte da cidade.

Seu solo, assim como o da cidade de Nova Friburgo é formado por

rochas que vêm sofrendo desgastes naturais desde seu aparecimento, criando

camadas de solo sobre as quais, com o tempo, cresce uma cobertura vegetal.

Por ser argiloso e a argila reter a água, com a chuva este solo tem seu volume

aumentado e fica suscetível a deslizamentos.

Formação rochosa da localidade é constituída de Rochas sin-tectônicas

de idade Neoproterozóica incluídas na Suíte Intrusiva Serra dos Órgãos, que

são granodioritos e biotita-granitos, foliados, de granulação média a grossa.

A vegetação original da área (Mata Atlântica) foi substituída por

pastagens e ocupação do solo para atividades agrícolas e agropecuárias, já

citada anteriormente, também para construção de moradias o que resultou num

excessivo desmatamento deixando a área desflorestada.

2.4. Riscos e problemas identificados

O grupo realizou visitas ao local, entrevistas e pesquisas. Essas

atividades serviram de norteadores para a equipe identificar os problemas e a

realidade do local.

A população residente do loteamento sofre com riscos e ameaças

constantes. O loteamento se encontra em área vulnerável a acidentes naturais

e desastres.

O loteamento tem dentro de seu território Áreas de Proteção

Permanente (APP), não sendo assim indicado para que se construam

moradias. Possuindo como características, locais de encostas íngremes e

margem de Rio, o que potencializa o risco local para ameaças, como

deslizamentos e alagamentos.

Segundo Carvalho & Galvão (In: Prevenção de Riscos e Deslizamentos

em Encostas: Guia para Elaboração de Políticas Municipais, Cap 1; Brasília:

Ministério das Cidades/Cities Alliance, 2006), os principais fenômenos

relacionados a desastres naturais no Brasil são os deslizamentos de encostas

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e as inundações. Tais fenômenos estão associados a eventos pluviométricos

intensos e prolongados, repetindo-se a cada período chuvoso mais severo.

Ainda de acordo com os mesmos autores, são os deslizamentos que geram o

maior número de vítimas fatais, anualmente, no território brasileiro.

As chuvas incidentes entre os meses de novembro a fevereiro são outra

ameaça constante aos moradores da área, que já se acostumaram nesses

períodos com as dificuldades e riscos.

Devido à falta de estrutura do local, por ter a maioria das suas

residências em áreas impróprias e também por não ter um sistema de captação

e drenagem de água de chuva adequada. As casas da parte baixa do local são

constantemente invadidas por águas, pois a mesma não tem como escoar, pois

o loteamento tem na sua extremidade baixa o Rio Grande, que no local se

encontra assoreado. E essa água vem em grande volume do outro extremo da

comunidade, onde se situa a pedra principal do bairro progresso. Não sendo

incomuns fortes enxurradas, descendo da parte alta do bairro para mais baixa,

conforme relatos dos moradores.

Fotos 1 e 2 – Respectivamente, casas na margem do Rio e Rio Grande e casa na

margem

A parte mais alta do loteamento, situada as margens de um maciço

rochoso de grande inclinação, tendo o mesmo uma grota que canaliza as

águas da chuva diretamente para a comunidade. O solo do local é feito de

terra, sobre uma camada de pedras. E devido aos desmatamentos e manejo do

homem na área sem orientação técnica. A área é altamente instável, podendo

haver deslocamento de massa, em caso de um grande volume de chuva.

Como ocorreu em 2007 e 2011.

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Fotos 3, 4 e 5 - no alto à esquerda - imagem do maciço / no alto à direita - casas

afetadas em 2007 / embaixo - parte alta da comunidade.

Diferentemente de outros pontos do bairro, o risco dessa área não

ocorre devido a um possível soterramento por deslizamento diretamente sobre

as casas, mas sim pelo deslocamento do solo do local devido à infiltração de

altos volumes de água no mesmo.

Outro ponto a se ressaltar na comunidade são as vulnerabilidades das

vias de acesso. O loteamento possui dois acessos, ambos pelas extremidades

da Rua Francisco Luis, barradas porém, os dois caminhos tem encostas com

risco de deslizamento sob o efeito de chuvas. O que pode comprometer a

comunidade em caso de ter de evacuar a área e se deslocar para o ponto de

apoio colocando assim os seus residentes sob efeito de mais um risco.

A instalação das sirenes foi outro ponto observado na analise do local,

apenas duas pra todo bairro de Riograndina, e segundo relatos de moradores

locais, nas vezes que a sirene foi acionada ela não pode ser ouvida em

algumas áreas do loteamento Maringá o que compromete a eficiência de uma

ação de alerta pros residentes.

Outra dificuldade é a distancia da unidade básica e do ponto de apoio

para o loteamento, que, devido ao problema com as vias de acesso, pode

comprometer a segurança das pessoas ao tentar ir para esses referenciais de

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auxílio, visto que a comunidade tem grande propensão a isolamento pela

vulnerabilidade dos seus acessos. Já tendo inclusive esse fato ocorrido nos

últimos eventos climáticos que afetaram o loteamento.

Mapa 3 - Imagem do local indicando pontos estratégicos da localidade

A falta de comunicação do bairro, devido ao serviço precário de telefonia

móvel da área também foi muito relatada pelos moradores. Apenas uma

operadora de celular presta serviço no local de forma não satisfatória, tendo

dificuldade de sinal em diversas áreas. Esse fato foi analisado pelo grupo como

um grande problema em caso de ameaças de desastres. Pois a comunicação e

alertas em situações críticas são de suma importância numa ação preventiva e

de resposta a qualquer evento.

Além das questões de vulnerabilidade física a comunidade, também

sofre com vulnerabilidades sociais, geradas em grande parte pelo descaso do

poder público e também pela pouca organização da população local.

Nas visitas na área fomos informados que a mesma não possui plano de

emergência e nem foi orientada tecnicamente pra esse fim, conforme

moradores a única coisa que foi dita é pra saírem de suas casas, se elas

estiverem em área de risco.

No momento do estudo a área não possuía agente comunitário atuante,

pois o mesmo se encontra afastado por motivo de doença, e sem previsão de

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retorno, deixando assim desassistida as famílias do local, sobre questões de

prevenção em saúde.

Após os eventos de 2007 e 2011, uma grande parte do loteamento teve

suas áreas interditadas. A parte alta da Rua Canário e as casas as margens do

Rio Grande concentram a maioria desses imóveis. Algumas famílias foram

assistidas por programas sociais e realocadas em outro loteamento, conforme

já citado. Contudo, muitas pessoas não receberam qualquer ajuda,

permanecendo um período longe de suas casas, mas sem ter alternativa

acabaram por retornar para as mesmas, mesmo elas estando seriamente sob

ameaça ou em área de alto risco.

Uma grande falha do poder público no local, foi não ter feito a total

derrubada de algumas casas parcialmente destruídas, e nem removido por

completo os destroços gerados pelas que desabaram. Esse fato coloca em

risco muitas pessoas do local, como crianças que brincam nesses amontoados

de escombros, podendo gerar assim diversos acidentes no local.

Outra queixa dos moradores sobre esses fatos é a proliferação de

animais peçonhentos na área. Propiciado pelos escombros, mato alto do local

e uma grande quantidade de lixo em áreas da comunidade, conforme foi

possível observar.

Fotos 6 e 7 – Respectivamente, casa parcialmente destruída e escombros e lixo no

local

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3. Potencialidades Sociais

A comunidade do loteamento Maringá, pode servir como exemplo de um

modelo de bem estar para a população. Através de medidas que tragam

qualidade de vida para os seus residentes.

A construção de uma área de lazer arborizada, com parque para

crianças.

O mesmo possui um terreno baldio, que pode ser aproveitado como um

campo de futebol ou construção de uma quadra poli-esportiva.

A criação de uma creche, também pode colaborar para o ganho de

qualidade da população local, devido ao bairro não possuir tal serviço,

obrigando assim os pais a ter que se deslocar a outros bairros para

deixar seus filhos, enquanto exercem suas profissões.

A elaboração de projetos urbanísticos de revitalização de ruas, casas e

calçadas.

Reflorestamento das áreas degradadas que foram usadas no passado

para atividades agrícolas.

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4. Propostas de Prevenção, Mitigação e Resposta

Devido a uma realidade comum em todo o território nacional, alguns

grupos sociais sofrem mais frente à ocorrência de desastres. Esse é a

realidade da comunidade estudada. Sendo formada em sua maioria por

pessoas de baixo poder aquisitivo e com moradias em áreas delimitadas de

risco.

Mediante a análise dos principais fatores de risco e complicadores da

realidade local e levando em consideração o conhecimento técnico adquirido

no curso e, ainda, tendo como objetivo principal a defesa da comunidade e a

formação da sua resiliencia frente a situações adversas, o grupo elaborou

propostas baseadas em cima dos principais problemas e riscos que afligem a

comunidade.

Assim sendo, e tomando também como base o princípio de seguir e

respeitar a opinião das pessoas que lá vivem, chegamos às seguintes

necessidades como prioritárias para amenizar as vulnerabilidades físicas e

sociais do local:

Com relação aos riscos de deslizamentos e inundações, e levando em

consideração que uma total retirada das famílias dos locais é uma

medida, apesar de correta, altamente complexa e extrema, dependendo

de outros fatores para ser concluído, avaliamos como medida preventiva

e mitigatória algumas obras no local.

Com relação a proteger as casas mais próximas às margens do Rio

Grande o que achamos que deve ser feito são ações de

desassoreamento do Rio Grande de forma a minimizar os efeitos das

cheias e chuvas.

Construção de sistema eficiente de drenagem de chuva e constante

manutenção do mesmo.

Construção de calha na pedra do alto bairro, com afinalidade de captar a

água direcionada pela grota sobre a comunidade. Essa é uma

reivindicação antiga dos moradores, e segundo relatos já está orçada.

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Total demolição dos escombros e também a sua remoção, com intuito

de evitar danos aos residentes. Cabe destacar que os mesmos servem

para proliferação de animais peçonhentos e possuem matérias que

podem causar acidentes as crianças que brincam pela comunidade.

Construção de encostas nas barreiras das ruas de acesso, evitando

assim um isolamento da comunidade e por consequência facilitando a

retirada da população e o socorro de vitimas em caso de desastres.

Instalação de um Ponto de Apoio mais próximo da comunidade.

Sugerimos para ser esse local, uma quadra de esportes próxima a área,

situada em local seguro e com dimensões razoáveis para abrigar

vitimas.

Criação de um NUDEC no local, com intuito de mobilizar, fortalecer e

articular a formação de agentes locais. Sendo esse responsável pela

capacitação comunitária, partindo da compreensão de que para efetuar

uma gestão de local de risco eficiente tem que haver a participação

comunitária.

Elaboração de um plano de ação para situação de risco a ser feito pela

própria comunidade, com auxilio de entidades governamentais como:

Defesa Civil e a Fundação Municipal de Saúde. Ressaltando que neste

plano estejam como foco também as características da população local,

considerando que a mesma tem entre seus residentes um grupo mais

vulnerável em situações de risco como pessoas com necessidades

especiais, crianças, idosos e portadores de doenças crônicas.

Melhorias no sistema de telefonia móvel, com ampliação para mais

operadoras e mais torres, visando melhorar a cobertura de sinal na

comunidade. E, como saída emergencial, treinamento de agentes locais

para operar rádios amadores em caso de interrupção de serviço.

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Instalação de mais sirenes de alerta e também melhoria na sua forma de

acionamento, pois a mesma, segundo relatos, ainda é feita de maneira

manual. E também instalação de mais instrumentos de alerta e alarme

na área como pluviômetros.

Projeto de educação em saúde, prevenção de risco, apresentação e

treinamento da população com relação ao plano de emergência para

situação de risco. Esse trabalho a ser feito pelos agentes locais que

serão formados para atuarem na área.

Articulação local entre representantes da comunidade, iniciativa privada

e poder publico a fim de se estreitar laços e, por fim, a auxiliar a tomada

de medidas para o fortalecimento da comunidade.

Construção de uma mini-clinica no bairro de forma a fortalecer as ações

de saúde, visto que a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro não

tem estrutura e condições de prestar um serviço satisfatório a

comunidade, além de a mesma estar situada em área de ameaça

constante a enxurradas e inundações. Deixando assim a população

vulnerável em situações de risco. E também comprometendo a eficiência

de uma resposta em caso de desastres.

Através da interação com a população local e realizando a análise das

entrevistas, foi observada uma questão importante a ser abordada, o

abalo psicológico das pessoas afetadas por esse tipo de situação. Visto

que a experiência do desastre e o tempo de permanência das pessoas

nesse ambiente de constante ameaça podem ocasionar diversos

traumas e perdas, avaliamos a necessidade de essas situações serem

encaradas como questões de Saúde Pública. Sendo assim, indicamos

como proposta uma criação pela gestão municipal de um núcleo de

atendimento especializado a pessoas com sintomas da síndrome Pós

traumática, que faça treinamentos, palestras e atue diretamente nos

locais de risco. Sendo encarado como uma ação de atenção de básica.

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Essas propostas feitas pelo grupo de estudo em analise da área de

diagnóstico para vulnerabilidades. Avaliamos que, com a execução das

mesmas, assim como um olhar do poder publico de maneira continua para a

comunidade, podem ser obtidos grandes resultados. Podemos devido ao

conteúdo abordado e conhecimento adquirido na tarefa, dizer que é necessário

também que sejam feitas ações de articulação, mobilização e organização da

comunidade, formando e capacitando pessoas para serem agentes locais.

Desta forma teremos um maior êxito de qualquer estratégia,

recuperando a moral e reforçando o conceito de resiliência da população.

Prevenindo riscos, salvando vidas e colaborando para mudança de realidade

dos residentes. Enfim, ajudando a direcionar a população a um futuro melhor,

respeitando o meio ambiente e as vidas humanas.

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5. Referências:

AGENDA 21-Nova Friburgo

BRASIL – MINISTÉRIO DAS CIDADES / SECRETARIA DE PROGRAMAS

URBANOS. “Curso de Capacitação à Distância para Técnicos Municipais no

Mapeamento e Gerenciamento de Riscos de Deslizamentos em Encostas e

Inundações”. Programa Urbanização, Regularização e Integração de

Assentamentos Precários. 2004. Brasília.

Carvalho & Galvão (In: Prevenção de Riscos e Deslizamentos em Encostas:

Guia para Elaboração de Políticas Municipais, Cap 1; Brasília: Ministério das

Cidades/Cities Alliance, 2006)

RELATÓRIO FINAL DO P.E.S.C. -Plano de Emergência da Sociedade Civil-

ONG Dialogo e Care do Brasil.

Relatório anual 2006-CPRM- Serviço Geológico do Brasil.

Diretrizes em Redução de Riscos de Desastres Região Serrana do Rio de

Janeiro-Ceped/UFSC, Florianópolis-2011

Carta da região Serrana- COPPE-UFRJ- 2012.

PMRR- Plano Municipal de Redução de Risco de desastres- Nova Friburgo

www.codenf.com.br

www.inea.rj.gov.br

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6. Anexo - Modelo do Questionário usado:

Questionário para relatório de diagnostico de área vulnerável, para o curso Agente locais em desastres naturais Cidade: Nova Friburgo Bairro: Riograndina Loteamento: Maringá Nome do responsável pela pesquisa: Data:

Dados pessoais Nome: Idade: Sexo: Profissão: Endereço:

Questões: 1-Numero de pessoas na família?

1. ( ) 2. ( ) 3. ( ) 4. ( ) Outros:____ 2-Tempo de moradia no local? ( ) menor que 1 ano; ( ) entre 1 e 5 anos; ( ) entre 5 e 10 anos; ( ) maior que 10 anos. 3-Possui algum relato sobre histórico de tragédias no local?Se sim, qual? ( ) Sim ( ) Não _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ 4-Sofreu alguma perda material e/ou física nos desastres anteriores?Se sim que tipo? ( ) Sim ( ) Não Qual:_________________________________________ ____________________________________________________________ 5-Sofre de alguma doença que pode ser relacionada aos eventos de desastres?Se sim qual? ( ) Sim ( ) Não Qual:_________________________________________ 6-Teve algum apoio ou suporte de entidades publica e/ou privadas durantes e/ou após os desastres?Se sim qual? ( ) Sim ( ) Não Qual:________________________________________ 7-Como você avalia o ambiente do seu bairro? ( ) Ótimo ( )Bom ( )Regular ( )Péssimo

Assinatura do entrevistado Assinatura do pesquisador

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Este relatório de campo foi desenvolvido pelo corpo discente como um Trabalho de Conclusão do Curso Agente Locais em Desastres Naturais, um projeto-piloto que visa a formação de multiplicadores em ações de Saúde, Proteção e Defesa Civil.

Este material está em validação, por esta razão não pode ser divulgado, copiado, alterado, citado e impresso. A impressão está autorizada somente ao corpo docente e discente.

Esta publicação foi desenvolvida em 2013 no Estado Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

O curso ocorreu entre os meses junho e julho de 2013 na cidade de Petrópolis, RJ, Brasil.

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