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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1470 Setembro/2013 João Câmara Novas Tecnologias e Formas de Produção Garantem Renda e Soberania Alimentar Na comunidade Matão de Jó, localizada no município de João Câmara, vive uma população que tem a maior parte de sua renda retirada da agricultura familiar. Com maioria de agricultores e agricultoras, a comunidade tem diversas experiências de produção agroecológica de alimentos, de onde sobrevivem essas famílias. Maria Ivone e Ideval desenvolvem nessa comunidade, há dez anos, uma experiência de produção que é a maior fonte de renda da família, além de garantir a sua soberania alimentar. Com uma plantação de hortaliças, frutas e plantas medicinais, desenvolveram uma forma de plantio que, sem o uso de agrotóxico e respeitando o “tempo de descanso da terra”, vem crescendo a cada dia com qualidade e respeito ao meio ambiente. Maria Ivone diz que plantam de tudo um pouco: espinafre, quiabo, couve flor, rúcula, acerola, goiaba, laranja, mamão, limão e graviola, que é para o consumo da família. Embora em sua casa more só o casal, que aguardam com muita alegria seu primeiro bebê, os dois moram próximo de seus familiares e compartilham entre si o que produzem. A maior parte do alface, coentro e cebolinha produzidos, são vendidos na feira de João Câmara, que sedia todos os sábados uma feira tradicional da cidade, onde algumas comunidades participam. Para ele e ela, os sábados começam bem cedo. Maria e Ideval acordam as 2:30 da manhã e seguem Maria Ivone e Ideval da Silva ‘’Quebra-vento de cebolinha’’

Novas Tecnologias e Formas de Produção Garantem Renda e Soberania Alimentar

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1470

Setembro/2013

João Câmara

Novas Tecnologias e Formas de Produção Garantem Renda e Soberania Alimentar

Na comunidade Matão de Jó, localizada no

município de João Câmara, vive uma população que tem

a maior parte de sua renda retirada da agricultura

familiar. Com maioria de agricultores e agricultoras, a

comunidade tem diversas experiências de produção

agroecológica de alimentos, de onde sobrevivem essas

famílias.

Maria Ivone e Ideval desenvolvem nessa

comunidade, há dez anos, uma experiência de produção

que é a maior fonte de renda da família, além de garantir

a sua soberania alimentar. Com uma plantação de hortaliças, frutas e plantas medicinais, desenvolveram uma

forma de plantio que, sem o uso de agrotóxico e respeitando o “tempo de descanso da terra”, vem crescendo a

cada dia com qualidade e respeito ao meio ambiente.

Maria Ivone diz que plantam de tudo um pouco: espinafre,

quiabo, couve flor, rúcula, acerola, goiaba, laranja, mamão, limão

e graviola, que é para o consumo da família. Embora em sua casa

more só o casal, que aguardam com muita alegria seu primeiro

bebê, os dois moram próximo de seus familiares e compartilham

entre si o que produzem.

A maior parte do alface, coentro e cebolinha produzidos,

são vendidos na feira de João Câmara, que sedia todos os

sábados uma feira tradicional da cidade, onde algumas

comunidades participam. Para ele e ela, os sábados começam

bem cedo. Maria e Ideval acordam as 2:30 da manhã e seguem

Maria Ivone e Ideval da Silva

‘’Quebra-vento de cebolinha’’

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

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para feira.

Maria, que tem 27 anos e esta grávida, ao contar

da dedicação que tem com a horta, relata que é preciso

molhar as hortaliças pelo menos duas vezes ao dia, sendo

uma pela manhã bem cedo, em torno das 5 horas da

manhã, e a outra no final da tarde. Quando está mais

quente, tem que aguar três vezes, uma vez de manhã, ao

meio dia e no final da tarde, diz Maria.

O que chama atenção é que juntos, Maria e Ideval,

desenvolveram alternativas que facilitam o seu trabalho

produtivo, como o que chamam de “quebra vento”, que é

Realização Patrocínio

uma forma de plantar a cebolinha em fileiras, beirando todo o canteiro de alface e coentro, cujas folhas são mais

sensíveis ao vento e são protegidas pelas folhas mais duras da cebolinha. Além disso, deixaram de ter um

espaço só para as cebolinhas, passando a economizar água, pois a mesma água que molha o alface e o coentro

serve para cebolinhas, que, como “quebra vento”, se vê espalhada nas plantações.

Para plantar as cebolinhas, Maria e Ideval, utilizam o seu “tronco”, que quando colhidos para vender não

são jogados fora, mantendo um “banco de tronco” para ser reutilizado. Ao perguntar por que eles não compram

sementes de cebolinha, rapidamente respondem: “Semente! Semente demora demais, e aqui aproveitamos

tudo!”

Além disso, alguns instrumentos e tecnologias de trabalho, como o Ciscador e o separador de terra,

foram inventados por eles, de um tamanho e modelo adequado para a plantação que tem. É a criatividade de

camponeses e camponesas servindo para facilitar seu trabalho e criar alternativas sem criar dependência de

equipamentos de fora.

Maria e Ideval, são um

exemplo de que é possível gerar

renda, garantir a soberania alimentar

e conviver de forma sustentável com

o meio ambiente. A dedicação e as

iniciativas do casal, desenvolvendo

n o v a s f o r m a s d e p l a n t i o e

instrumentos de trabalho são um

estímulo para os povos do semiárido.

‘‘tronco de cebolinha’’

Maria e seu Ciscador inventado por eles