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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 1
MANO A MANO
Novela de
Rômulo Guilherme
Criada e escrita por:
Rômulo Guilherme
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 2
CENA 01/FLORICULTURA/INT/TARDE
Continuação da última cena do capítulo anterior. Tadeu e Mariana.
TADEU — Desculpa, eu não te vi. Está tudo bem?
MARIANA — Está sim, não se preocupa.
TADEU — Nos já nos conhecemos?
MARIANA — Eu acho que não. Eu pelo menos não estou me
lembrando de você.
Eles continuam se olhando. Clima. Até que a fala do funcionário
interrompe o clima entre eles.
FUNCIONÁRIO — Posso ajudá-los?
Carlos aproxima-se do balcão.
CARLOS — Quero um buquê de flores do campo.
FUNCIONÁRIO — Claro.
Funcionário começa atender Carlos.
TADEU — Preciso ir.
MARIANA — Tudo bem. Lindo buquê.
TADEU — Gosta?
MARIANA — Adoro flores. Sempre gostei.
TADEU — “Se alguém ama uma flor da qual só existe um
exemplar em milhões de estrelas, isso basta para
que seja feliz quando a contempla.”
MARIANA — Pequeno Príncipe.
TADEU — Meu livro favorito.
MARIANA — Se mais pessoas lessem e entendessem o linda
mensagem que o Pequeno Príncipe passa, acho
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 3
que o mundo poderia ser um pouco melhor, com
menos intolerância, menos desrespeito e
violência.
Tadeu olha pro funcionário, que está atendendo Carlos, e resolve dar uma
flor do buquê pra Mariana.
TADEU — É pra você.
MARIANA — (pega, sem graça) Obrigada.
Tadeu sorri. Mariana sorri de volta. Tadeu segue pra fora da loja. Mariana
fica olhando Tadeu se afastar. Tadeu, já na rua, olha pra Mariana e sorri.
Mariana sorri de volta.
Corta para:
CENA 02/CEMITÉRIO/EXT/TARDE
Carlos e Mariana seguem pra fora do cemitério.
CARLOS — Percebi como você olhou praquele rapaz lá na
floricultura. Gostou dele, não foi?
MARIANA — Ele foi muito gentil me dando aquela flor.
CARLOS — Perguntei se você gostou dele.
MARIANA — (sem graça) Aí, pai... (confusa) Não sei!
CARLOS — Pareceu ser um bom rapaz. Quem sabe esse
jovem não te faça esquecer o Rafael. Sei que você
ainda pensa nele.
MARIANA — Tenho que esquecê-lo.
CARLOS — É por isso que estou falando que esse rapaz
pode de te fazer esquecer do Rafael, já que isso
está te causando tanta dor e sofrimento. Senti,
como vocês dizem, um clima entre vocês.
MARIANA — (achando graça) Aí, pai. Só o senhor mesmo...
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 4
CARLOS — Estou mentindo?
MARIANA — Não acredito mais em amor a primeira vista.
Aprendi que isso só da certo em contos de fada. A
realidade é dura e mais pesada pra quem está
disposto a amar.
CARLOS — Não deixe uma experiência ruim endurecer seu
coração, Mariana. Continue acreditando no
verdadeiro amor e na magia que acontece quando
duas pessoas que se amam ficam juntas.
MARIANA — Como era com você e a mamãe?
CARLOS — Sim. Como era entre mim e a sua mãe. Um
amor que nunca vai morar. Sei que onde ela
estiver ainda continuamos ligado pelo amor que
nasceu entre nos dois.
Corta para:
CENA 03/RUA/EXTERIOR/TARDE
Rômulo e Marmita caminham, quando passam pela mesma cigana que
abordou Rômulo na cena 08 do capítulo 10. A cigana lhe reconhece.
CIGANA — Espera!
Rômulo e Marmita param, sem entender. A cigana aproxima-se de Rômulo
e lhe encara. Suspense. Momento.
RÔMULO — Algum problema?
CIGANA — Lembro de você.
RÔMULO — Desculpa. Mas eu perdi a memória, não lembro
quem é a senhora.
CIGANA — Sou cigana Maysa. E me lembro muito bem de
você. Me de sua mão.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 5
Ela pega em suas mãos, fecha os olhos. Através de efeito, a cigana vê
Rômulo e Remo separados, um vestido de terno e gravata e o outro de
maneira simples. Até o momento em que um assume o lugar do outro.
A cigana abre os olhos, já entendendo a troca dos gêmeos que aconteceu
CIGANA — (firme) Você não é você!
RÔMULO — (confuso) Como é?
MARMITA — Que doidera é essa, dona? (puxando Rômulo)
Vamos embora, Remo. Essa mulher é maluca!
RÔMULO — Espera.
CIGANA — A verdade está próxima de ser revelada. Tudo
ficará claro e transparente como um espelho. Um
laço eterno. Desfeito no passado, mas que por
obra do destino pregou uma grande peça em
vocês.
RÔMULO — De quem mais você está falando?
CIGANA — O destino armou e ele vai tratar de desfazer
essa grande confusão.
Rômulo fica confuso e até um pouco assustado.
MARMITA — Vamos embora, Remo. Não podemos nos
arriscar mais.
CIGANA — Não se preocupe que tudo vai ficar bem. Mas
se prepare pra uma grande batalha, onde a vida e a
morte travarão uma grande disputa.
Marmita puxa Rômulo que segue caminhando. Ele olha pra cigana
enquanto caminha, impressionado. A cigana continua lhe encarando.
Fusão para:
CENA 04/RIO DE JANEIRO/EXTERIOR/ANOITECENDO/NOITE
Corta para:
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 6
CENA 05/MOSTEIRO/QUARTO RÔMULO E MARMITA/INT/NOITE
Rômulo está deitado na cama, pensativo.
CIGANA — (voz) A verdade está próxima de ser revelada.
Tudo ficara claro e transparente como um
espelho.
Marmita entra.
MARMITA — Tá pensando no que aquela cigana disse?
RÔMULO — O que será que ela quis dizer?
MARMITA — Vai acreditar em papo de cigana, Remo? Elas
só dizem baboseiras, inventam e falam coisas pra
impressionar. E pelo visto conseguiu com você.
RÔMULO — Não sei... Ela falou de um jeito que fiquei
realmente mexido, mas confuso. Mais confuso do
que já estou.
MARMITA — Tá vendo. Só te deixou com mais caraminholas
na cabeça.
RÔMULO — De quem mais ela estava se referindo, já que
falava de outra pessoa além de mim?
MARMITA — Não sei...
Corta para:
CENA 05/HOSPITAL/EXTERIOR/NOITE
Remo está dentro do seu carro, esperando o momento certo de agir. Está
inquieto, ansioso.
REMO — Calmo, Remo. Respira fundo. Vai dar tudo
certo. Logo Remo nunca mais vai existir e vou
assumir a vida do Rômulo, sem medo de que
alguém descubra a troca entre nos dois.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 7
O celular de Remo toca. É Vânia. Remo atende.
REMO — (cel.) Oi, amor.
VÂNIA — (off) Não esqueceu do nosso jantar não, né?
REMO — (cel.) É claro que não. Principalmente por ser
um jantar tão especial, em comemoração ao nosso
aniversário de casamento.
VÂNIA — (off) Onde você está?
REMO — (cel.) Eu... estou saindo do banco já.
VÂNIA — (off) Não demora. Já separei sua roupa. Vou
aprontando enquanto isso.
REMO — (cel.) Tá bom. Fica mais linda ainda do que
você já é, Vânia. Hoje a noite é muito especial e
vamos comemorar da melhor forma possível.
Remo desliga.
REMO — Está na hora de agir, Remo.
Corta para:
CENA 06/MOSTEIRO/QUARTO RÔMULO E MARMITA/INT/NOITE
Rômulo e Marmita conversam.
RÔMULO — Amanhã saímos bem cedo, antes de todos
acordarem pra evitarmos muitas explicações.
MARMITA — Bom que eu me lembrei desse primo meu que
mora em Cabo Frio.
RÔMULO — Ele é de confiança mesmo?
MARMITA — Há tempos que não tenho contato com ele. Mas
sempre nos demos bem.
RÔMULO — Tomará mesmo que ele nos ajude.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 8
MARMITA — Podia ter é algum jeito de tu recuperar essa
memória logo. Tirar essa escuridão que tomou
conta da sua cabeça. Será que essas benzedeiras
não sabem nenhuma garrafada, uma reza pra isso
não?
RÔMULO — Deixa de falar besteira, Marmita. Se tudo se
revolvesse fácil assim...
MARMITA — Não custa tentar.
RÔMULO — Minha memória está voltando aos poucos: já
me lembrei do acidente, lembrei da lobo e até que
tinha uma pessoa igual a mim dentro do carro.
Como se eu tivesse me vendo num espelho. Eu te
falei, lembra?
MARMITA — Uma pessoa igual a você... E se fosse igual na
lenda que vimos na internet, Remo. Se você
tivesse mesmo um irmão gêmeo, só que na vida
real. Uma pessoa igual a você.
RÔMULO — Faz sentindo. Mas seria muito estranho ver
alguém igualzinho a mim na minha frente.
MARMITA — Nossa, que loucura seria isso.
RÔMULO — Será que eu tenho um irmão gêmeo e não to
sabendo?
MARMITA — Ou pode simplesmente não estar lembrando.
Rômulo fica pensativo.
Corta para:
CENA 07/APTO VICKY E KARINA/SALA/INT/NOITE
Vicky, Karina e Neide. Conversa a meio.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 9
NEIDE — Achei que meu coração ia sair pela boca de
tanta felicidade quando vi que era uma ligação do
Rafael.
KARINA — E aí? O que ele queria?
NEIDE — Me perguntou seu eu podia encontrá-lo. Estava
precisando conversar.
VICKY — Que bom que ele sente em você segurança e
confiança pra se abrir.
KARINA — Vai ver até que sente que você é a mãe dele.
NEIDE — Ele me falou isso. Me disse que tinha em mim
como um filho tem uma mãe. Não soube explicar
muito bem de onde tinha tirado isso, mas ele
falou.
VICKY — É a ligação que existe entre vocês falando mais
forte, Neide. Laço de mãe e filho é algo tão forte,
tão forte, que mesmo ele sem saber da verdade,
que você é a mãe dele, ele tem essa sensação.
KARINA — E quando você vai abrir o jogo pra ele, Neide?
Não acha que está demorando de mais, não?
NEIDE — Quero conquistar a confiança do meu filho, pra
que quando que contar toda a verdade pra ele,
expor quem é o seu pai e tudo de ruim que ele fez,
ele possa acreditar em mim, entendem?
VICKY — Mas não adie isso por muito tempo não, Neide.
O Venâncio com certeza deve estar atrás de você
e você sabe bem de tudo o que ele é capaz. Pode
fazer até o Rafael se voltar contra você.
NEIDE — Eu sei bem do que esse monstro é capaz. Mas
o amor do meu filho está me fortalecendo pro
momento em que vou ficar cara a cara com ele
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 10
novamente. Eu vou fazer a máscara desse
demônio cair. Ele não perde por esperar!
VICKY — (levanta) Meninas o papo está bom, mas eu
vou terminar de me arrumar pra encontrar com o
Maurício. Ele vai me apresentar pra família dele.
KARINA — Se já está apresentando pra família, logo estará
pedindo em casamento.
VICKY — Uma coisa de cada vez. Não estou com a
menor pressa em querer casar...
Vicky vai pro quarto.
NEIDE — Vou fazer nosso jantar.
KARINA — Eu ajudo.
Karina e Neide vão pra cozinha.
Corta para:
CENA 08/MANSÃO VARELLA/SALA/INT/NOITE
Luisa está deitada no sofá, distante, pensativa. Francisca aparece e senta do
lado de Luísa.
FRANCISCA — Que carinha triste é essa? Não goste de ver
minha neta desse jeito.
LUÍSA — (suspirando) Aí, vó...
Luísa deita no colo de Francisca, lhe acariciando.
FRANCISCA — Que foi? Abre seu coraçãozinho.
LUÍSA — Tô aqui pensando na vida, vó.
FRANCISCA — Pensando na vida ou pensando em alguém?
LUÍSA — Pensando em como a vida é engraçada.
Quando achamos que vamos seguir por um
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 11
caminho, de repente tudo muda e seguimos por
outro.
FRANCISCA — São os encontros e desencontros da vida,
Luísa. Mas isso está parecendo filosofia de
alguém que está sofrendo por amor, estou certa?
Luísa assente.
LUÍSA — Eu achei que tinha encontrado o cara certo pra
mim quando conheci o Tadeu, vó. Nos demos tão
bem, era tão perfeito ao lado dele, sabe?! Mas de
repente, percebo que o homem com quem eu
estava me envolvendo, completamente
apaixonada, não era nada daquele. Me apunhalou
da pior forma.
FRANCISCA — Todos nos temos nossos defeitos.
LUÍSA — Mas a lealdade a fidelidade está à cima de
tudo. Quando se ama de verdade, não se traí. E
traição é algo que não perdôo. Eu vi, vó. Não foi
ninguém que ume contou que o Tadeu estava
beijando outra mulher. Eu vi!
FRANCISCA — Tenho que concordar que realmente não deve
ser algo fácil lidar com uma traição. Mas se existe
o verdadeiro amor, não acha que existe a
possibilidade de tentar superar isso, passar por
cima dessa pedra no caminho de vocês?
LUÍSA — Não sei, vó... Estou confusa.
FRANCISCA — O coração não se engana, Luísa. Você pode
dizer uma coisa, mas se seu coração está dizendo
outro.
LUÍSA — Estou com o Lucas, mas não consigo me
desligar totalmente do Tadeu.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 12
FRANCISCA — Só quem pode resolver isso é você, minha
querida. Sou só uma avó metendo o bedelho no
relacionamento da neta, desejando apenas que
você seja muito feliz, ao lado do homem que te
faça feliz e te complete de todas as formas.
LUÍSA — Para, vó. Não fala assim não. Gosto tanto de
conversar com a senhora, ouvir seus conselhos. Se
muitos de nos jovens ouvissem os conselhos dos
mais experientes, não faríamos tanta besteira
como fazemos.
FRANCISCA — Experiência da vida, que não fica só nas rugas,
na idade, mas sim na bagagem de tantas coisas já
vividas, tantas as boas quanto às ruins.
Francisca beija a testa da neta.
LUÍSA — Adoro ficar assim, no seu colo, como eu fazia
quando era criança. (T) Sabe o que me deu
vontade de comer? Aqueles bolinhos de chuva
que a senhora fazia quando eu era criança. Faz pra
mim?
Francisca ri, achando graça.
FRANCISCA — Faço!
LUÍSA — (comemora) Eba!
FRANCISCA — Mas só se você me ajudar.
LUÍSA — Então vamos. Ao invés de comer uma panela
de brigadeiro, vou comer uma travessa de bolinho
de chuva.
FRANCISCA — Então vamos!
Francisca e Luísa seguem pra cozinha de mãos dadas.
Corta para:
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 13
CENA 09/QUARTO TADEU/INT/NOITE
Tadeu está no seu violão, cantando baixinho uma música, até para e fica
distante, pensativo.
Insert da cena 25, do capítulo anterior, no momento em que Tadeu e
Mariana se encontra.
Velma aparece.
VELMA — Que carinha de apaixonado é essa? Voltou pra
sua namorada?
TADEU — Não. Ela voltou pro ex dela.
VELMA — Eu achei que vocês tinham feito as pazes.
TADEU — Ela já está em outra.
VELMA — E pelo jeito você também já está, não é?
TADEU — Não é bem assim.
VELMA — Então me conta, filho. Se abre com sua mãe.
Tadeu levanta e guarda seu violão.
TADEU — Deixa pra lá.
VELMA — Tadeu. Olha pra mim
Tadeu olha pra Velma, que sorri carinhosamente.
VELMA — (sincera) Sei que você ainda sente magoa por
mim, pelas minhas atitudes, por eu ter sido uma
péssima mãe. Não tiro sua razão. Mas quero
recomeçar uma nova história. Deixa eu tentar ser
a mãe que você e sua irmã sempre mereceram ter?
Tadeu fica resistente e até um pouco incomodado.
VELMA — Quero tanto o amor dos meus filhos. Eu
preciso tanto disso. Na cadeia, sempre sonhei com
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 14
o momento em que voltaria pra casa e poderia
estar com vocês. Se abre comigo. Me deixa
participar da sua vida. Me dá só uma chance deu
mostrar que posso ser uma boa mãe.
TADEU — Tudo bem.
VELMA — Então me conta tudo.
TADEU — Conheci uma garota hoje que mexeu comigo.
Fui um encontro ao acaso, rápido, mas foi tão
intenso. Nossos olhares se cruzaram de um jeito,
que foi como se nos conhecemos há muito tempo.
VELMA — Amor a primeira vista?
TADEU — Não sei. Só sei que foi um magnetismo, algo
intenso.
VELMA — Quem sabe ela não é o seu verdadeiro amor.
TADEU — Não acredito nessas coisas, mãe.
VELMA — (emocionada) Mãe. Você me chamou de mãe.
TADEU — Mas você é minha mãe.
Velma abraça Tadeu, muito emocionada.
VELMA — Eu te amo, meu filho. Conta sempre comigo,
viu.
Corta para:
CENA 10/FAVELA/EXTERIOR/NOITE
Bebel e Figura conversam.
BEBEL — Fez o que eu te pedi?
FIGURA — É claro que sim. Entreguei lá na mansão.
BEBEL — Obrigado, Figura. Fico te devendo essa.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 15
Bebel vira-se pra ir embora, quando Figura lhe segura.
FIGURA — Espera.
BEBEL — Que foi?
FIGURA — Quando você vai me dar uma chance?
BEBEL — Que chance, Figura? De onde tirou isso?
FIGURA — Posso ser o pai do seu filho se você deixar.
Bebel reage.
BEBEL — Como você soube?
FIGURA — Eu ouvi uma conversa sua e com sua mãe.
BEBEL — (revoltada) Você anda agora ouvindo atrás da
porta?
FIGURA — Foi sem querer. Mas ouvi você dizendo que o
carinha que te engravidou não quer assumir a
criança. Eu assumo esse filho, Bebel. Eu te amo,
gata. Sempre te amei.
BEBEL — Para de falar besteira, Figura. Isso não é da sua
conta. Vai cuidar da sua vida!
Bebel saí brava, furiosa.
Corta para:
CENA 11/CASA ARMANDO/SALA/INT/NOITE
Armando, Tadeu, Velma e Bebel.
VELMA — A Bebel tem algo muito importante pra contar
pra vocês.
Velma olha pra Bebel, que respira fundo e olha pra Armando e Tadeu.
BEBEL — Eu estou grávida!
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 16
Choque de Armando.
ARMANDO — (surpreso) Grávida?!
Corta para:
CENA 12/MANSÃO VENÂNCIO/ESCRITÓRIO/INT/NOITE
Venâncio pega o envelope que Bebel lhe enviou e abre. Retira de lá o CD e
um papel:
BEBEL — (voz) Escute essa música de um cantor
anônimo que almeja pelo sucesso. Se gostar é só
ligar para...
Venâncio fica na dúvida de escuta ou não, até que resolve colocar no som e
escuta. A música de Tadeu começa a tocar. Venâncio acende um charuto,
enquanto escuta e se interessa. Até que ele para a música e recosta na sua
cadeira.
VENÂNCIO — (pensativo) Um cantor anônimo, com grande
potencial pra se investir. Meu faro nunca falha. Tô
sentindo cheiro de sucesso aí. Amanhã mesmo
vou ir atrás desse cantor misterioso.
Corta para:
CENA 13/CASA ARMANDO/SALA/INT/NOITE
Tadeu, Bebel, Velma e Armando.
TADEU — Eu já desconfiava desde aquele dia que você
sentiu aqueles enjôos.
ARMANDO — Como você deixou isso acontecer, Bebel?
Pensei que você se cuidava, se prevenia.
BEBEL — Desculpa, vô. Acabou acontecendo.
ARMANDO — (se culpando) Isso é culpa minha. Pequei em
dar tanta liberdade pra você. Faltou mais pulso,
assim como faltou pra sua mãe.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 17
VELMA — Agora não é hora de culpar ninguém, pai.
Aconteceu e pronto. Temos que lidar com o fato
de que tem uma criança inocente a caminho.
ARMANDO — Estou vendo a história da sua vida se repetindo
com sua filha, Velma.
VELMA — Assim como o senhor fez comigo, me
amparando, me dando carinho, mesmo muito
decepcionado e contrariado, eu vou fazer com
minha filha e espero que o senhor faça com sua
neta e receba de braços abertos seu bisneto.
ARMANDO — É claro que vou amar o meu bisneto, que como
você mesma disse, é o grande inocente nessa
história toda.
Bebel abraça Armando.
BEBEL — Eu te amo muito, vô. A última coisa que eu
queria era te decepcionar.
ARMANDO — O pai já sabe?
Bebel olha pra Velma.
TADEU — Seu namorado ainda não sabe dessa gravidez?
BEBEL — Não é isso, é que...
VELMA — Ele não quer assumir a criança.
BEBEL — Eu pensei que ele me amava, que gostava de
mim. Mas ele está mais preocupado e focado na
carreira dele de DJ. Falou até pra mim abortar.
ARMANDO — Canalha! Fez e agora está fugindo das
responsabilidades.
BEBEL — Não quero vê-lo nunca mais!
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 18
ARMANDO — Minha neta, desamparada você nunca ficará.
Sei que não vai ser fácil, mas vamos te dar todo
apoio que você precisar pra trazer essa criança ao
mundo.
VELMA — É isso mesmo, minha filha.
TADEU — Conta comigo, maninha.
Todos se abraçam carinhosamente em volta de Bebel. Ao fundo, espiando
pela janela, vemos Figura ali.
Corta para:
CENA 14/QUARTO AGATHA/INT/NOITE
Ágatha e Deyse conversam.
ÁGATHA — Mas como ele foi parar na casa do Mauro,
mãe?
DEYSE — Eu não sabia que esse tal banho de piscina na
casa do amigo dele era justamente lá. Bem que
quando chegamos a casa era familiar, mas só
percebi que se tratava da casa do pai dele, quando
entramos e eu vi uma foto do Mauro.
ÁGATHA — O Gabriel não viu, né?
DEYSE — Não. Ele estava mais interessando era na
piscina.
ÁGATHA — Dois irmãos juntos, sem saberem que são
irmãos.
DEYSE — Parece que eles se conheceram naquele passeio
que o Gabriel fez pro zoológico. Ficaram amigos
e o irmão dele.../
ÁGATHA — O Otávio.
DEYSE — Isso. O chamou pra tomar banho de piscina lá.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 19
ÁGATHA — Olha como são as coisas. Se conheceram por
acaso, ficaram amigos, quando na verdade são
irmãos.
DEYSE — Nada é por acaso minha filha. Isso é uma alerta
do destino que essa mentira não vai durar muito.
ÁGATHA — E se depender de mim não vai mesmo.
Amanhã mesmo a Leilane vai descobrir que leva
um belo par de chifres há anos. Quero só ver a
cara dela quando descobrir que eu o Mauro temos
um caso. Se aquele nariz vai continuar em pé
quando pegarmos nos dois na cama.
DEYSE — Acha mesmo que essa história vai dar certo,
minha filha?
ÁGATHA — Já está tudo esquematizado, mãe. Tenho
certeza que ela não vai se agüentar e vai verificar
com os próprios olhos essa história.
DEYSE — Tenho meus temores...
ÁGATHA — Qual pessoa que fica sabendo que é traída e
não faz nada? Só quem tem sangue de barata e
pelo que eu conheço da Leilane sei que ela não
tem.
Corta para:
CENA 15/MANSÃO VENÂNCIO/SALA/INT/NOITE
Venâncio, Pérola, Felícia, Rafael e Belarmino estão jantando.
PÉROLA — (p/Rafael) Então, podemos marcar esse
noivado?
Todos olham pra Rafael. Rafael encara todos de volta, por último pra
Felícia.
Insert da cena 19, do capítulo anterior:
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 20
NEIDE — (OFF) Sei que sua vontade seria seguir seu
coração. Mas, muitas vezes, temos que seguir
nossa razão, diante das impossibilidades que nos
impede de seguir a vontade do coração. Tenha
certeza de uma coisa: se for pra você ficar junto
com a mulher que você ama, Mariana, vocês vão
ficar. O verdadeiro amor nunca se desfaz. Ele
pode ter seus desencontros, se desalinhar, mas no
fim ele sempre prevalecerá.
Fim do insert.
FELÍCIA — Responde logo, Rafael. Não faça tanto
suspense assim que no meu estado de grávida não
posso ficar tendo fortes emoções assim.
BELARMINO — Olha o drama...
VENÂNCIO — Qual sua decisão, meu filho?
RAFAEL — Tudo bem. Pode marcar sim.
Felícia e Pérola explodem de felicidade. Felícia dá um beijo em Rafael, que
fica sem jeito. Venâncio levanta um brinde.
VENÂNCIO — Um brinde a felicidade do casal.
PÉROLA — Um brinde ao amor.
Pérola lança um olhar sensual e malicioso pra Venâncio, que percebe, mas
finge que não é com ele. Eles brindam.
Corta para:
CENA 16/MANSÃO/SALA/INT/NOITE
Pérola, Felícia e Venâncio no sofá.
PÉROLA — Temos que apressar então esse casamento, que
já era pra ter acontecido há muito tempo.
FELÍCIA — Isso mesmo. Não quero casar barriguda.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 21
PÉROLA — Podíamos realizar algo simples, pra poucos
convidados, aqui mesmo. O que acham?
VENÂNCIO — Por mim não tem nenhum problema. A casa é
de vocês.
PÉROLA — Ótimo!
Pérola continua falando, sem áudio. Corta para Rafael na janela, tomando
sua bebida, distante. Belarmino aproxima-se.
RAFAEL — Oi, vô.
BELARMINO — Tá tudo bem?
RAFAEL — Está sim. É o cansaço. Tive um dia puxado
hoje na gravadora.
Belarmino encara Rafael.
BELARMINO — A mim você não me engana, Rafael.
RAFAEL — Do que você está falando, vô?
BELARMINO — Se eu te perguntar uma coisa, você responde
com toda sinceridade do mundo?
RAFAEL — O que foi, seu Belarmino?
BELARMINO — Você ama a Felícia a ponto de querer se casar
com ela?
Rafael fica sem jeito. Olha dentro dos olhos de Belarmino, depois olha pra
Felícia.
RAFAEL — Não.
BELARMINO — Eu já sábia! Escuta o que seu avô, que é um
homem vivido, experiente, vai te dizer: desista
desse casamento. Você não vai ser feliz casando-
se com uma mulher, amando outra, Rafael.
RAFAEL — Mas é tão complicado... Eu vou ser pai, vô.
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 22
BELARMINO — Foi se o tempo em que gravidez da mulher
implicava em casamento. Os tempos são outros.
RAFAEL — Vai ser melhor assim.
BELARMINO — Seu coração é de outra, não é?
RAFAEL — Quem eu amo de verdade já não me ama mais,
me dispensou, me chutou, na verdade.
BELARMINO — Lute pelo seu verdadeiro amor, Rafael. Mostre
essa mesma força que você está tentando pra ir
contra os mandos e desmandos do seu pai.
RAFAEL — Quero que meu filho tenha uma família
completa, vô. Com um pai e uma mãe do lado,
sempre presentes. Algo que eu não tive. Mas que
se depender de mim meu filho terá!
Corta de volta pra Felícia, Pérola e Venâncio.
PÉROLA — E você, Venâncio? Não pensa em ter uma
esposa, uma companheira?
VENÂNCIO — (incomodado) Estou bem como estou.
Pérola fica sem graça. Venâncio levanta.
VENÂNCIO — Se me dão licença.
Venâncio segue pro escritório.
PÉROLA — Pra você falar que eu não tentei.
Corta para:
CENA 16/ESCRITÓRIO VENÂNCIO/INT/NOITE
Venâncio entra e fecha a porta. Pega seu celular e disca.
VENÂNCIO — (cel.) Daqui a pouco eu passo aí. Estou com
saudades. Vou levar aquele champagne que você
gosta...
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Mano a Mano Capítulo 29 Pág: 23
Corta para:
CENA 17/HOSPITAL/CORREDOR/INT/NOITE
Remo caminha pelo hospital, em direção ao leito onde Bastião está.
Quando chega no quarto, olha em volta e assim que percebe que não tem
ninguém entra.
Corta para:
CENA 18/QUARTO BASTIÃO/INT/NOITE
Remo fecha a porta. Vai até a cama de Bastião, desacordado, ligado a
vários aparelhos. Só escutamos o som dos equipamentos. Tensão. Remo
caminho mais pra perto de Bastião. Está visivelmente nervoso, assustado.
REMO — (voz) Me perdoe padrinho.
Remo tira uma seringa do bolso, puxa o ar e aplica em Bastião.
Detalhar a câmera de segura que tem no quarto e mostrar a imagem
que ela está gravando.
Assim que termina de aplicar todo ar da seringa, Bastião abre os olhos, que
se encontram com os olhos de Remo. Momento.
Corta para:
Fim do capítulo