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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1 NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013 9 771808 231002 7 4 9 772238 08800 6 6 3

NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013 ÁGUA E MEIO AMBIENTE … 36.pdf · veu a terceira edição do Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo (III CIMAS), nos dias 1, 2 e 3 de outubro

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2 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 3NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

EDITORIAL

ÍNDICE

III CIMASESPECIALISTAS DISCUTEM A IMPOR-TÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DO MEIOAMBIENTE SUBTERRÂNEO E DASÁGUAS PARA AS GERAÇÕES FUTURAS

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Em meio ao cenário urbano da capital paulista, a Asso-ciação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) promo-veu a terceira edição do Congresso Internacional de MeioAmbiente Subterrâneo (III CIMAS), nos dias 1, 2 e 3 deoutubro. Nesta edição, a revista Água e Meio AmbienteSubterrâneo destacará os principais momentos desteCongresso que, a cada edição, se consolida como omais importante do setor no país.

Realizado simultaneamente à VIII Feira Nacional daÁgua (FENÁGUA), o evento técnico-científico reuniu 450pessoas em um espaço que proporcionou um rico inter-câmbio de experiências, debateu problemas existentesnas áreas relacionadas às águas e ao meio ambientesubterrâneo e apresentou os lançamentos e tecnologiasdo setor a um público altamente especializado. O Cen-tro Fecomercio de Eventos foi o palco escolhido para asapresentações, conferências, mesas-redondas, talkshow e para a divulgação de 111 trabalhos técnicos;por onde passaram pesquisadores, especialistas, repre-sentantes de instituições públicas e privadas, do Brasile do exterior, e estudantes.

O III CIMAS promoveu uma intensa troca de conheci-mentos e interação entre participantes do Brasil, Esta-dos Unidos, Canadá, Inglaterra, Portugal e Alemanha.Temas como gerenciamento e remediação de áreas con-taminadas; gestão de recursos hídricos; contaminação

das águas por esgotos; obras de engenharia subterrâ-nea e a relação entre água e mídia foram debatidos, como objetivo de alertar a sociedade sobre a importância dapreservação do meio ambiente subterrâneo e de discu-tir as implicações de seu uso sem planejamento para asfuturas gerações.

Por outro lado, a FENÁGUA deste ano reuniu 27 empre-sas especializadas e órgãos do governo que apresenta-ram as mais recentes tecnologias e projetos do merca-do para o público visitante, em uma exposição que pos-sibilitou a promoção de negócios e o fechamento deparcerias. Além disso, os expositores participaram dolançamento do XVIII Congresso Brasileiro de Águas Sub-terrâneas (CABAS), próximo evento da ABAS, que serárealizado entre 14 e 18 de outubro de 2014, em BeloHorizonte – MG, simultaneamente ao XIX Encontro Na-cional de Perfuradores de Poços e a IX FENÁGUA – Fei-ra Nacional da Água. Enquanto isso, esperamos colheros frutos do III CIMAS, que apontou os desafios, proble-mas e soluções para o setor. Agora, só nos resta agirem favor da presente e das futuras gerações!

Um forte abraço e uma ótima leitura!

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4 Agenda

5 Núcleos Regionais

8 Hidronotícias

20 FENÁGUA

30 Conexão Internacional

32 Perfuração

33 Remediação

34 Opinião

CONFERÊNCIASLEGADO E PROPOSTAS DE AÇÕES QUE FAZEMA DIFERENÇA

MESAS REDONDAS E TALK SHOWDECISÕES SOBRE O FUTURO DAS ÁREAS CON-TAMINADAS NO CENTRO DOS DEBATES

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AGORA É AGIR!

Waldir Duarte Costa Filho Presidente da ABAS

Marlene Simarelli, editora

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4 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

AGENDA

EXPEDIENTE

EVENTOS PROMOVIDOS PELA ABAS

CONTAMINANTES ORGÂNICOS NO

SUBSOLO - CURSO ONLINE

Data: 13 de janeiro a 22 de abril

Inscrições e mais informações:

www.hidroplan.com.br/cursos

CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA

MODELAGEM MATEMÁTICA DE FLUXO

SUBTERRÂNEO NO GERENCIAMENTO

DE RECURSOS HÍDRICOS

Data: Fevereiro 2014

Local: São Paulo – SP

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente: Waldir Duarte Costa Filho (PE)1º Vice-Presidente: Claudio Pereira Oliveira (RS)2º Vice-Presidente: Maria Antonieta Alcântara Mourão (MG)Secretário Geral: Débora Perozzo (MT/CO)Secretário Executivo: Everton de Oliveira (SP)Tesoureiro: José Lázaro Gomes (SP)

CONSELHO DELIBERATIVOCarlos Alberto de Freitas (MG), Carlos Eduardo Dorneles Vieira (PR),Cláudio Luiz Rebello Vidal (RJ), Elisa de Souza Bento Fernandes (RJ),Francisco de Assis Matos de Abreu (PA), Humberto Alves Ribeiro Neto(BA), João Bosco de Andrade Morais (CE)

CONSELHO FISCALTitulares: Álvaro Magalhães Junior (SC), Suely Schuartz Pacheco Mestrinho(BA), Gustavo Alves da Silva (SP)Suplentes: Helena Magalhães Porto Lira (PE), Maria do Carmo Neves dosSantos (AM), Maria da Conceição Rabelo Gomes (CE)

CONSELHEIROS VITALÍCIOS/EX-PRESIDENTESAldo da Cunha Rebouças (in memorian), Antonio Tarcisio de Las Casas,Arnaldo Correa Ribeiro, Carlos Eduardo Q. Giampá, Ernani Francisco da RosaFilho, Euclydes Cavallari (in memorian), Everton de Oliveira, Everton Luiz daCosta Souza, Itabaraci Nazareno Cavalcante, João Carlos Simanke de Souza,Joel Felipe Soares, Marcílio Tavares Nicolau, Uriel Duarte, Waldir Duarte Costa

NÚCLEOS ABAS – DIRETORESBahia: Zoltan Romero Cavalcante Rodrigues - [email protected] -(71) 9611-7222Ceará: Carlos Borromeu de Passos Vale - [email protected] - (98)3227-1069 / (98) 8896-3595Centro-Oeste: Débora Perozzo - [email protected] - (65) 9971-8301 /9221-6344Minas Gerais: Carlos Alberto de Freitas - [email protected] -(31) 3250-1657 / (31) 3309-8000Paraná: Jurandir Boz Filho - [email protected] - (41) 3213-4744Pernambuco: Fernando Feitosa - [email protected] - (81) 3316-1463Rio de Janeiro: Gerson Cardoso da Silva Junior - [email protected] -(21) 2598-9481 / (21) 2590-8091Santa Catarina: Lauro Cezar Zanatta - [email protected] - (48) 9971-8638 Rio Grande do Sul: Mario Wrege – [email protected] – (51) 3406-7330

CONSELHO EDITORIALEverton de Oliveira, Gustavo Alves da Silva e Rodrigo Cordeiro

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMarlene Simarelli (Mtb 13.593)

DIREÇÃO E PRODUÇÃO EDITORIALArtCom Assessoria de Comunicação – Campinas/SP(19) 3237-2099 - [email protected]

REDAÇÃOFernanda Faustino, Larissa Stracci, Marlene Simarelli e Tatiane Bueno

COLABORADORESCarlos Eduardo Q. Giampá, Carlos Maldaner, Juliana Freitas e Marcelo Sousa

SECRETARIA E [email protected] - (11) 3868-0723

COMERCIALIZAÇÃO DE ANÚNCIOSSandra Neves e Bruno Amadeu - [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica Mundo

CIRCULAÇÃOA revista Água e Meio Ambiente Subterrâneo é distribuída gratuitamente pelaAssociação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) a profissionais ligados ao setor.

Distribuição: nacional e internacionalTiragem: 5 mil exemplares

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem,necessariamente, a opinião da ABAS.Para a reprodução total ou parcial de artigos técnicos e de opinião énecessário solicitar autorização prévia dos autores. É permitida areprodução das demais matérias publicadas neste veículo, desde quecitados os autores, a fonte e a data da edição.

Anuncie na Revista Água e MeioAmbiente Subterrâneo

[email protected](11)3868-0724

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 5NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

NÚCLEOS REGIONAIS

A ABAS Núcleo Ceará, representada pelo seu pre-sidente Carlos Borromeu, participou no último dia5 de novembro, de oficina técnica para consolida-ção do Pacto Nacional pela Gestão Águas(Progestão). O estado do Maranhão aderiu ao pro-grama no último mês de setembro, através da as-sinatura do Decreto nº 29.302/2013, pela gover-nadora Roseana Sarney. A iniciativa da AgênciaNacional de Águas (ANA) disponibilizará R$ 100milhões nos próximos cinco anos para os estadosque aderirem a ação. O programa de incentivo fi-

nanceiro pretende estimular a gestão de recursoshídricos na esfera estadual e a cooperação fede-rativa, o que está de acordo com o princípio dagestão descentralizada contido na Política Nacio-nal de Recursos Hídricos. Além disso, tem o obje-tivo de construir um sistema nacional para agovernança eficaz, que garanta a oferta de águaem quantidade e qualidade para os brasileiros. Aoficina técnica foi promovida pela Secretaria deEstado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos epela ANA, em São Luís (MA).

Núcleo Ceará participa deoficina técnica do Progestão

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6 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

HIDRONOTÍCIAS

Carlos Eduardo Quaglia Giampá,diretor da DH Perfuração de Poços

A seção Hidronotícias/Recordar é Viver é de responsabilidade do autor.

NOS BASTIDORESDO FRACKING

A tentação é grande e não é unicamente de naturezaeconômica. As companhias petrolíferas dos EstadosUnidos não só têm em suas mãos um campo de negó-cios de alta rentabilidade, mas este e outros países que-rem ver neste a possibilidade da independênciaenergética, um assunto de natureza política. Os ameri-canos quiseram liberar-se do petróleo do conflitivo Ori-ente Médio e também do contaminado de política e ide-ologia proveniente da América do Sul.

O gás de fracking parece poder realizar este sonho. Osaltos preços do petróleo e o desenvolvimento de umanova tecnologia de perfuração horizontal tornou rentávela exploração dos milhões de pés cúbicos de petróleo egás aprisionados nas profundidades rochosas do subsolode muitos países do mundo, incluindo o México.

A fraturação hidráulica ou fracking, técnica que se usanos Estados Unidos desde os anos 40, consiste na per-furação do subsolo rochoso onde está aprisionado ogás ou petróleo, particularmente nas rochas de xisto.Posteriormente, se injeta água a alta pressão, areia epoderosas substâncias químicas para fraturar as rochaso que permite a liberação do gás ali acumulado.

Os Estados Unidos possuem reservas desse gás e depetróleo que, segundo os promotores desta indústria,poderiam oferecer eletricidade barata aos laresestadunidenses durante os próximos 50 anos.

O aparente êxito econômico da exploração do gás dexisto nos Estados Unidos contagiou diversos países,sobretudo da Europa Ocidental, de uma espécie de eu-foria combinada com o desejo profundo de buscar aindependência energética e, sobretudo, de livrar-se daincômoda dependência do gás russo.

Entretanto alguns países, como a França e a Romênia,proibiram sua exploração por razões ambientais. Outros

Por José Luís Lezama

países enfrentam intensos protestos de gruposambientalistas e resistentes que se opõem à sua extra-ção pelos riscos de contaminação, os impactos ao meioambiente e à saúde humana que, se supõe, estão asso-ciados com as substâncias químicas utilizadas, muitasdas quais estão proibidas, enquanto outras permane-cem em segredo. O presidente Obama lançou em maiode 2013 uma iniciativa para regular a exploração do gásde xisto, na qual ratificou às companhias petrolíferas equímicas o direito de manter em segredo as substânci-as utilizadas.

Algo de que ninguém quer falar muito para nãoparecer estraga-prazeres, quando a fortuna parecesorrir é sobre:• Os milhões de litros de água que cada poço perfura-do requer para o fracking;• As possíveis venenosas substâncias tóxicas utiliza-das na fratura das rochas, que ameaçam a contamina-ção dos aquíferos;• A matéria radiativa que pode sair para a superfície coma perfuração das rochas;• A atividade sísmica que se gera;• O problema de escassez de água que regularmentecaracteriza as zonas de exploração, que no Texas, atu-almente, se tornou uma situação dramática. No mês deagosto de 2013, os texanos de Barnhart, uma das sedesdo novo boom petroleiro, ficaram sem água para con-sumo doméstico.

Deve-se também considerar a eficiência desses cam-pos de gás, já que há muitos dados e evidências daperda de eficiência após um ano de exploração, redu-zindo os volumes em até 90% do valor inicial.

Fonte: Água online

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 7NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

HIDRONOTÍCIAS

RECORDAR É VIVER

ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 7NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

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8 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

III CIMAS

III CIMAS:Intensos e qualificados fóruns de debates com especialistas nacionais e

internacionais, sessões técnicas e a VIII Feira Nacional de Água(FENÁGUA) firmam o III Congresso Internacional de Meio Ambiente

Subterrâneo como o mais importante evento do setor no paísFernanda Faustino e Larissa Straci

Fotos: Estevão Buzzato/ABAS

consolidação do intercâmbio de saberes

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 9NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

III CIMAS

“O termo meio ambiente subterrâ-neo é um neologismo criado

para expressar a preocupação com aparte invisível do meio ambiente. Nós,que militamos nesta área, temos difi-culdade para transportar esta informa-ção, por se tratar de algo que os olhosnão alcançam. Portanto, a apresenta-ção dos temas hoje permitirá um mai-or planejamento para as gerações fu-turas”. Assim, Everton de Oliveira, pre-sidente do III Congresso Internacionalde Meio Ambiente Subterrâneo, abriuo evento realizado pela AssociaçãoBrasileira de Águas Subterrâneas, de1 a 3 de outubro, em São Paulo (SP),após a audição do hino nacional inter-pretado pelo bandolinista Danillo Brito.

O discurso das autoridades presentesna solenidade de abertura teve início comThales de Queiroz Sampaio, diretor deHidrogeologia e Gestão Territorial doServiço Geológico do Brasil (CPRM), quedestacou: “O CIMAS é um referencial porpropiciar um ambiente de troca de co-nhecimento tácito, aquele que não podeser encontrado nos livros ou ser repas-sado em aulas formais. É a informaçãoque adquirimos no convívio com as pes-soas.” Segundo ele, para se ter o de-senvolvimento sustentável no meio am-biente subterrâneo, alguns conceitossão essenciais, como: parceria, flexi-bilidade e reciclagem, “inclusive deideias e dos nossos antigos e arraiga-dos conhecimentos”.

Luciana Ferreira, diretora do Núcleode Hidrogeologia do Instituto Geoló-gico (IG), afirmou que “para nós, quetrabalhamos com diversos órgãos emapoio à gestão dos recursos hídricos,é uma honra estar neste evento quesempre promove debates de extremarelevância para a sociedade”. PauloRoberto dos Santos, vice-diretor doInstituto de Geociências da Universi-

Everton de Oliveira,presiente do IIICIMAS, durante acerimônia de abertura

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10 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

III CIMAS

III CIMAS E FENÁGUAATIVIDADES: quatro conferências, quatromesas redondas, um talk show, duassessões técnicas e três sessões painelPARTICIPANTES: 450 do Brasil,Estados Unidos, Canadá, Inglaterra,Portugal e AlemanhaTRABALHOS TÉCNICOS: 111QUALIFICAÇÃO DO PÚBLICO: pesqui-sadores, empresários, representantes deinstituições públicas e privadas, especia-listas e estudantesPATROCINADORES: 17EXPOSITORES: 27EXPOSIÇÃO NA MÍDIA: Record News,Rádio Jovem Pan, Jornal DCI, RevistaÉpoca, Portal UOL e outros 77 portais,blogs, twitter e facebookVEÍCULOS OFICIAIS DE DIVULGAÇÃO:Revista Água e Meio Ambiente Subterrâ-neo, site www.abas.org/cimas e twitter@cimas_abasORGANIZAÇÃO: Acqua ConsultoriaREALIZAÇÃO: Associação Brasileira deÁguas Subterrâneas

dade de São Paulo (USP), lembrou a iniciativa da USP,por meio do Instituto de Geociências, que começou apesquisa sobre água subterrânea no Brasil. “A iniciativadeu certo e, por isso, estamos vendo todo esse sucessono CIMAS.”

Saulo Vitorino, da Fundação do Meio Ambiente deSanta Catarina (FATMA), ressaltou a situação no sul deSanta Catarina, uma área que praticamente não possuiágua potável, apesar do grande volume de chuvas. “Hojeapenas uma barragem abastece diversos municípios.Na época da seca, a população sofre muito com a ca-rência deste líquido precioso.” Já Edson Giriboni, se-cretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estadode São Paulo, abordou a importância da gestão dos re-cursos hídricos e das áreas contaminadas. “É fundamen-tal ter uma boa gestão para o problema da contamina-ção subterrânea, como a que temos na região deJurubatuba, e chamarmos a atenção para a preserva-ção. Estamos no estado mais desenvolvido do país etemos a responsabilidade de evitar as contaminações.”

Em seu pronunciamento, o presidente da ABAS, Wal-dir Duarte da Costa Filho, salientou: “É imprescindívelfalar sobre o que acontece no meio ambiente que estádebaixo dos nossos pés. As edições anteriores do even-to foram fundamentais, porque tivemos uma grandegama de trabalhos técnicos e ampla divulgação. Estanão será diferente.”

Waldir DuarteCosta Filho,presidente daABAS

Ao lado, da esq. para a dir.,Luciana Ferreira, do IG,

Saulo Vitorino, da FATMA, eThales de Queiroz

Sampaio,da CPRM

Acima, Edson Giriboni,secretário de Saneamento e

Recursos Hídricos do Estadode São Paulo. Ao lado, Paulo

Roberto dos Santos, vice-diretor do IG, da USP

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 11NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

LANÇAMENTOS

XVIII CABAS: expectativa de um grande evento

tificou junto aos expositores a necessidade de concen-trar o evento na região Sudeste. “Belo Horizonte é umaregião bem central, temos um pouco de todos os esta-dos. O Minascentro é o centro de eventos mais tradicio-nal da capital mineira e possui uma localização fácil eprivilegiada. Sabemos que esse congresso vai ser mui-to importante para o setor de águas subterrâneas”, afir-ma Carlos Alberto de Freitas.

COMERCIALIZAÇÃO DE ESTANDES JÁ COMEÇOUA comercialização de estandes e patrocínios para o XVIIICABAS 2014 já começou no próprio lançamento durante oIII CIMAS. Durante um almoço especialmente promovidopara os expositores da VIII FENÁGUA, foram divulgados osprojetos para o evento do próximo ano, que promete serdiferente de todos os outros já realizados. Aproximadamen-te 30 empresas já fecharam a parceria através de estantese/ou patrocínios ou reservaram a sua participação.

Expositores conheceram o projeto para o XVIII CABAS

À esq., Valter Galdiano Gonçales,durante a sessão de autógrafos, e à

dir., Carlos Eduardo Quaglia Giampá

Lançamento de publicaçõesA 2ª edição do livro “ÁguasSubterrâneas e PoçosTubulares Profundos”,obra pioneira sobre o temano Brasil foi apresentado ao

setor na solenidade de aber-tura do III CIMAS. Os autores

Carlos Eduardo Quaglia Giampáe Valter Galdiano Gonçales reuniram

trabalhos de 14 especialistas, além de coautores e co-ordenadores. A obra é instrumento de pesquisa para aacademia, profissionais especializados e usuários do sis-tema de abastecimento de água, irrigação, indústrias,etc. “Buscamos reunir os principais tópicos para o se-

tor, o que resultou em uma publicação totalmen-te nacional”, destaca Giampá.

O Guia de Compras 2013-2014 também foilançado na abertura. O guia reúne informaçõesatualizadas do setor. É a consolidação anualde um catálogo de empresas fornece-doras de serviços em três áreas: perfu-ração de poços, meio ambiente sub-terrâneo e consultoria. A publicaçãotambém está disponível na versãoonline no site www.abas.org.

Lançamentos movimentam a terceira edição do Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo, como oXVIII CABAS e as publicações “Águas Subterrâneas e Poços Tubulares Profundos” e o Guia de Compras 2014.

NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

O XVIII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas(CABAS) de 2014 já tem data definida e chega com ideiasinovadoras. O evento acontecerá entre 14 e 17 de outu-bro, no Minascentro, em Belo Horizonte (MG), simulta-neamente ao XIX Encontro Nacional de Perfuradores dePoços e a IX FENÁGUA – Feira Nacional da Água.

A inovação fica por conta da exposição voltada à co-munidade “Conheça o fundo do poço”, a ser realizadana Praça Raul Soares, localizada próxima ao Minascentro.“A população poderá, por meio de uma analogia, conhe-cer o funcionamento de um poço tubular. A finalidade doprojeto é levar o tema à sociedade como um todo”, expli-ca Carlos Alberto de Freitas, presidente da ABAS NúcleoMG e presidente da comissão organizadora do evento.

Outra novidade para o congresso, que reúne três eventosem um, está na coordenação: cada um deles terá seu pró-prio coordenador. A parte acadêmica ficará a cargo do Pro-fessor Celso de Oliveira Loureiro, docente da UniversidadeFederal de Minas Gerais (UFMG), enquanto o EncontroNacional de Perfuradores terá coordenação de MarcílioTavares Nicolau, diretor da Acquasolo e ex-presidente daABAS. A FENÁGUA, por sua vez, terá seu coordenador es-colhido pelos próprios expositores, mas que ainda não foidefinido. “O objetivo é aproximar os expositores da organi-zação do evento para que possam contribuir com suges-tões e ideias. Desta forma, será possível para a ABAS pro-mover um evento organizado e voltado para diversos públi-cos, de leigos a especialistas”, enfatiza Freitas.

Quanto ao local escolhido para o próximo evento, BeloHorizonte (MG) foi selecionada, pois a organização iden-

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12 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

III CIMAS

CONFERÊNCIAS

trução do Centro Olímpico. A descontaminação do soloocorreu em dois centros de tratamento/lavagem, apeli-dados de “hospital do solo”, onde a despoluição e otratamento das águas subterrâneas foram feitos, resol-vendo assim o problema da contaminação, em um pra-zo de quatro anos”, detalhou.

O principal desafio da reabilitação de uma área tãoextensa e com alto nível de contaminação, segundo oengenheiro, foi a falta de espaço, pois a descon-taminação do solo foi feita no próprio local. “Tínhamosque encontrar lugar para depositar materiais limpo e sujo,para as edificações, para as demolições. Cada materialteve de ser etiquetado e separado, o que demandoumuito tempo”, relata. Hellings explanou que a água sub-terrânea do local apresentava contaminação por amô-nia. “O seu tratamento deve continuar ainda por maisum ano. Fizemos uma contenção e bombeamos a águapara tratarmos, pois boa parte estava indo para os ca-nais. O rio que corta o Centro Olímpico também estavacontaminado. Agora não está. Transformou-se em umaárea arborizada”, ressalta.

Jan Hellings explicou que ainda não dá para plantartomates no local, mas garante que níveis satisfatóriosde quase 100% de remediação foram alcançados. “Oprojeto resultou em um grande estádio, duas piscinasolímpicas, um centro de transmissão para vinte mil jor-nalistas e 3.500 apartamentos da Vila Olímpica, em 110mil hectares de espaço aberto”, orgulha-se.

CENTRO OLÍMPICO DE LONDRES: REABILITAÇÃO EFICAZ E SUSTENTÁVEL

Um dos destaques da programação foi Jan Hellings, con-ceituado engenheiro civil do Reino Unido, responsávelpela execução do projeto Enabling Works (EW), paraconstrução do Centro Olímpico de Londres sobre umaárea reabilitada de 250 hectares, antes ocupada por umparque industrial. A partir do tema “Vila Olímpica de Lon-dres 2012. Habilitando projetos operacionais.Remediação sustentável e de custo eficaz”, Hellingsapresentou a conferência magna com dinamismo e muitobom humor. “Queríamos que a Olimpíada de Londresfosse a mais sustentável de todas as edições. Por isso,90% do material demolido foi reutilizado na própria cons-

LEGADO PARA AS FUTURAS GERAÇÕESO Artigo 14 da Lei nº 6931/1981 estabelece, segundo o

promotor, que o poluidor é obrigado, independentemen-te da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos

“Áreas contaminadas: avaliação de risco e as geraçõesfuturas” foi o tema da conferência do Promotor de MeioAmbiente do Ministério Público do Estado de São Pau-lo, José Eduardo Ismael Lutti, encerrando o primeiro diado CIMAS. Presidida pelo diretor da Ag Solve, MauroBanderali, o debate contou com a participação intensado público. Lutti afirmou ser preciso assegurar o desen-volvimento econômico e social do país garantindo osdireitos fundamentais da população. “Os países centraisdesenvolvidos detêm poder tecnológico, mas são res-ponsáveis pelo consumo insustentável e pelo uso derecursos naturais de forma que o planeta não tem con-dições de repor”, enfatizou o palestrante. Lutti ressaltaque, segundo a Constituição Federal - artigo 225, todostêm direito ao ambiente ecologicamente equilibrado. “Oartigo ainda expõe o dever de defender o meio ambien-te e preservá-lo para a presente e as futuras gerações. Alei garante a preservação e a restauração dos proces-sos ecológicos essenciais”.

12 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO

José EduardoIsmael Lutti, do MP

Jan Hellings, da Dr. Jan Hellings & Associates

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 13NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

III CIMAS

ÁGUA NA MÍDIA: RELAÇÃO A SER CONSOLIDADANo segundo dia de palestras, a conferência “Mídia e otema água: relacionamento próximo à vista?” foi apre-sentada pelo jornalista Carlos Tramontina, âncora dojornal SPTV e do programa Antena Paulista, da RedeGlobo de Televisão. A mesa foi presidida pela diretorada ArtCom Assessoria de Comunicação e responsávelpela produção da Revista Água e Meio Ambiente Sub-terrâneo, jornalista Marlene Simarelli. Tramontina desa-fiou os especialistas da área de meio ambiente em rela-ção à comunicação com a mídia e sociedade. “É preci-so tornar o assunto interessante, convidar a populaçãopara reflexão e isso só se consegue ao aproximar aspessoas do tema”, avaliou.

O jornalista mostrou iniciativas da Rede Globo abor-dando as questões ambientais. Entre elas, está o proje-

causados ao ambiente e a terceiros afetados por suasatividades. “A indenização ou reparação não é uma op-ção; a indenização vem num segundo momento, quan-do a reparação se torna tecnicamente inviável ou impos-sível, ou seja, quando há danos irreversíveis”, detalha.

Só existe uma lei no país que conceitua a restauraçãoe a recuperação de áreas contaminadas, a Lei nº 9.985/

2000, que estabelece o sistema nacional de unidade deconservação. Segundo Lutti, conforme diz a lei, restau-ração significa a reconstituição de um ecossistema de-gradado, o mais próximo possível de sua condiçãooriginal. Recuperação significa a mudança de umecossistema degradado para uma condição não degra-dada, que pode ser diferente de sua condição original.

Carlos Tramontina, da TV Globo

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III CIMAS

NOVOS PROCEDIMENTOS PARA ÁREAS CONTAMINADASPor ser o mais industrializado, São Paulo é o estado brasi-leiro que mais abriga problemas relacionados à contami-nação. “Os novos procedimentos para o gerenciamentode áreas contaminadas no Estado de São Paulo” foi o temacentral da última conferência do III CIMAS, ministrada porEduardo San Martin, diretor de Meio Ambiente da Federa-ção das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Presi-dida pelo diretor técnico da Clean Environment Bra-sil, Paulo Negrão, a conferência abordou o De-creto nº 59.263/2013, que regulamenta a Lei nº13.577/2009, que dispõe sobre diretrizes e pro-cedimentos para proteção da qualidade do soloe gerenciamento de áreas contaminadas.

San Martin explicou que o decreto, redigidopela Companhia Ambiental do Estadode São Paulo (CETESB), institui um ca-dastro de áreas contaminadas e deter-mina que a própria CETESBconstitua o cadastro comple-to até o dia 5 de dezembro de2013. “Nele deverão estar in-cluídas todas as atividades po-tencialmente poluidoras, ou seja,se houver um potencial de conta-

MESAS REDONDASDESAFIO PARA CENTROS URBANOS

cos do solo. Como resultado, quase toda a propriedadefoi recuperada.

No mesmo painel, Sander Eskes, diretor de MeioAmbiente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN),apontou o estudo de caso de Volta Grande IV, local queserviu como depósito de resíduos siderúrgicos, cujo di-agnóstico demorou a ser realizado. Em 1995, o terrenofoi doado para construção de residências, entretantocinco anos depois um estudo indicou a existência dacontaminação, porém concluiu-se que a contaminaçãoestava limitada. Posteriormente foi colocada uma cama-da de solo limpo, não com a intenção de proteger a po-pulação, mas sim porque a área era de várzea e o solonão era seguro.

A primeira mesa redonda do evento teve como tema a“Reabilitação de áreas contaminadas em espaços urba-nos”. Presidida por Alfredo Rocca, gerente da diretoriade avaliação de impactos ambientais da CETESB (Com-panhia Ambiental do Estado de São Paulo), a mesa trou-xe Michaye McMaster, da Geosyntec, que abordou oestudo de caso da Douglas Park – uma das maioresempresas de aviação dos Estados Unidos. Sua opera-ção na fabricação de aviões durante 60 anos gerou im-pactos consistentes no solo e na água subterrânea. Parafazer a remediação da área, foi necessário um trabalhominucioso de identificação dos contaminantes com maisde dez mil amostras coletadas, 450 poços de moni-toramento, extração para redução de produtos quími-

to do flutuador - um equipamento que mensura a quan-tidade de oxigênio na água – desenvolvido em parceriacom o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas.Acoplado a uma boia, o flutuador percorreu 550 quilô-metros do Rio Tietê durante 28 dias – dos municípiospaulistas de Biritiba-Mirim até Barra Bonita. O equipa-mento coleta informações sobre a qualidade da água e

as transmite para um aparelho comunicador, que enviaos dados, via satélite, a um software instalado nos com-putadores do setor de engenharia da emissora. O proje-to, realizado em 2009 e repetido em 2011, mostrou queem muitos pontos, como no município de Santana deParnaíba, o nível de oxigênio ou de “vida” na água, che-ga quase à zero.

minação, não precisa nem ser comprovada, essa áreadeverá constar no cadastro. Será que isso vai ser feitoaté a data marcada?”, questiona.

Além disso, San Martin abordou os valores de referên-cia de qualidade, isto é, a concentração de uma determi-nada substância no solo e na água subterrânea, que de-fine ambos como limpos. “Hoje, talvez algumas áreasinalcançadas do país possam ter valores de referênciade qualidade, mas qualquer área onde o ser humanodesenvolveu atividades, certamente não estará comeste valor identificado. Não adianta achar que a áreaficará como antigamente, quando só havia população

indígena em São Paulo. É um sonho imaginar que aremediação de uma área contaminada atin-

girá o valor de referência definido”, pon-derou. San Martin ressaltou que as infor-mações das áreas contaminadas sob in-vestigação terão de ser inseridas no sis-tema e publicadas no site da CETESBe no Diário Oficial do Estado. As infor-mações deverão ser também averbadasna matrícula do imóvel.

Eduardo San Martin, da FIESP

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III CIMAS

A demora no diagnósti-co resultou em um processo ju-dicial promovido pelo Ministério Público requerendo re-moção imediata das famílias e indenização. Além daCSN estar sendo julgada pelo Ministério Público, o pró-prio Estado está entre os réus do processo. O governofoi incluído de forma passiva por ter concedido a licen-ça ambiental para construir as casas no bairro de VoltaGrande IV, em 1998. A CSN é acusada de ter omitidoinformações importantes referentes ao solo e ao lençolfreático da região no momento da doação.

Incitando o debate e as discussões, Rocca enfatizouque, caso a empresa precise se defender judicialmente,como no caso da CSN na região de Volta Grande, é im-portante operar em conformidade com as normas, nocaso a Resolução CONAMA no. 420/2009, que dispõe

sobre critérios e valores orientadores de qualidade do soloquanto à presença de substâncias químicas e estabelecediretrizes para o gerenciamento ambiental de áreascontaminadas.“Se a empresa segue a norma, terá argu-mentos técnicos para se defender junto a órgãosambientais”, considerou. Rocca ressaltou que promovera revitalização de uma área não é fácil por implicar emperdas financeiras. “Como o Jan Hellings abordou, asempresas vem e vão e a remediação acaba ficando parao governo. Deixamos uma contaminação muito grandeno solo e isso precisa ser cuidado. Quan-to mais cedo o fizermos, acarretare-mos menor prejuízo no futuro.”

MichayeMcMaster, da

Geosyntec

Da esq. para a dir., SanderEskes, da CSN e AlfredoRocca, da CETESB

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III CIMAS

A mesa redonda “Certificação e Acreditação de Produ-tos e Projetos para Ambiente Subterrâneo”, trouxe asapresentações dos palestrantes Márcio Rosa Rodriguesde Freitas, coordenador geral de Avaliação e Controlede Substâncias Químicas do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)e Carlos Roberto dos Santos, diretor de Engenharia eQualidade Ambiental da Companhia Ambiental do Esta-do de São Paulo (CETESB). Thiago Gomes, represen-tante da Associação Brasileira de Empresas deConsultoria e Engenharia Ambiental (AESAS) e diretorda Doxor Soluções Ambientais, foi o debatedor e Evertonde Oliveira, diretor da Hidroplan e presidente do evento,moderou o encontro.

Rodrigues de Freitas falou sobre a regulação do usode produtos para recuperação de ambientes hídricos eáreas contaminadas, destacando que “o fundamento que

estabelece a Resolução CONAMA no. 314/2002, que obri-ga o registro de produtos para remediação ambiental,reconhece que estes produtos, mesmo com a finalidadede trazer benefícios, muitas vezes podem acarretar da-nos ambientais e causar desequilíbrios no ecossistema,em função de suas características ou pelas condiçõesde uso”.

Para Santos, “na nossa área, decisões devem ser to-madas com base em resultados confiáveis, mas verifi-camos muitas questões relacionadas a diagnósticos in-consistentes. Hoje, é comum a demora dos órgãosambientais para analisar um processo, pois são feitasinúmeras devoluções para esclarecimentos técnicos.Isso gera um desgaste entre empreendedor e órgãofiscalizador. É o que buscamos minimizar com a padro-nização”. Ele relata que a acreditação e a certificaçãopromovem confiança na avaliação da conformidade. “Arigor, a questão da certificação é voluntária. Torna-secompulsória somente quando a lei obriga. Há pouco tem-po tínhamos 50 laboratórios de meio ambiente acredita-dos. Hoje o país está com 148, 102 deles em São Paulo.A legislação tem impulsionado isso.”

O moderador Everton de Oliveira esclareceu que nomercado do meio ambiente subterrâneo, por ser de difí-cil regulamentação, há empresas que não prestam ser-viços de qualidade e, por isso, cobram preços meno-res. “Estamos facilmente alvejados por uma forma des-leal de trabalho. A ideia é melhorar isso. Em relação àquestão da fiscalização, qualquer órgão público que vaimonitorar a área tem inúmeras restrições. Uma possibi-lidade que está em discussão é a certificação. Se bemfeita, a certificação é uma terceirização do serviço defiscalização realizado por esses órgãos. Por meio dela,conseguiremos fazer com que terceiros se fiscalizemdentro de regras pré-estabelecidas”.

ENGENHARIA SUBTERRÂNEAem benefício das cidades, e consequentemente, da popu-lação”, observa.

Assis salientou que não há desvalorização imobiliárianas regiões cercadas pelos empreendimentos e nem hádesapropriação ou indenização construtiva. “A deman-da por infraestrutura subterrânea é crescente, pois elaoferece transporte com qualidade e sem engarrafamen-to”, enfatizou.

Sérgio Augusto Palazzo, representante da InternationalSociety for Trenchless Technology (ISTT) e diretor da As-sociação Brasileira de Tecnologia não Destrutiva(ABRATT), lembrou que muitos acidentes durante as obrasacontecem por falta de pesquisa. Segundo ele, as cons-truções devem estar de acordo com a Lei no. 8.666/1993,

A mesa-redonda “Uso do espaço urbano nas médias egrandes cidades” delimitou as dificuldades e os desafi-os da implementação de construções subterrâneas nasgrandes metrópoles e foi presidida por Eugênio Singer,presidente da CPEA – Consultoria, Planejamento e Es-tudos Ambientais. André Assis, professor da Universi-dade de Brasília (UnB), ressaltou a importância das obrassubterrâneas para o momento atual de saturação urba-na. “As grandes metrópoles precisam garantir mobilida-de e armazenamento – de carros, pessoas, moradias,etc.” Ele explana que o momento atual dos grandes cen-tros urbanos reflete diretamente a qualidade de vida.“Obtivemos muitos avanços com relação à engenhariade obras subterrâneas e devemos pensar como utilizar isso

GARANTIA DE QUALIDADE PARA PRODUTOS E PROJETOS

A partir da esq.: Thiago Gomes, Márcio Rosa Rodriguesde Freitas, Carlos Roberto dos Santos

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 17NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

III CIMAS

que estabelece normas gerais sobre licita-ções e contratos administrativos pertinentesa obras, serviços, compras, alienações e loca-ções em âmbitos federal, estadual e municipal. Palazzoacrescentou que o Conselho Federal de Engenharia eAgronomia (CONFEA) estabelece que haja o desenvol-vimento da região que receberá a obra, indicando solu-ções técnicas e estipulando orçamentos detalhados.“Realizar uma obra sem ter isso previamente definido éfazer um projeto de ficção”, comentou.

Arsênio Negro Júnior, diretor do Bureau de Projetos,ressaltou os impactos das condições geoambientais quenão foram identificadas antes do início das obras sub-

terrâneas e citou casos históricos como Caracas, Madrie São Paulo. Estas eram obras em locais contaminadose influenciaram diretamente os trabalhadores do local eos usuários. “A falta de planejamento e uma pesquisabem apurada nos projetos têm consequência final emaumento de custos, prazos, alternando e atrasando ocronograma de projetos em curso.” Negro ressaltou serimportante a remediação da área antes da construção.“A detecção prévia feita com um diagnóstico preciso serácrucial no desempenho da estrutura”, concluiu.

Da esq. para a dir.,Arsênio Negro Júnior,

Eugênio Singer,Sérgio Palazzo e

André Assis

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CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS POR ESGOTOBombeamos microrganismos na areia e, paranossa surpresa, 85% do que entrou passoupara o outro lado.” O estudo apontou que oesgoto tem um potencial de contaminação con-siderável, mesmo em pequenos valores, o quepode afetar a saúde humana.

Jason Gerhard comentou que houve pro-gresso no saneamento nos últimos 50 anos,mas o desafio ainda é imenso, pois “2,5 bilhõesde pessoas carecem de acesso a serviços bá-sicos de saneamento em todo o planeta.” Elemostrou um projeto desenvolvido emBangladesh, apoiado pela Fundação Bill eMelinda Gates, com o objetivo de reinventar o

vaso sanitário. O invento desenvolvido por Gerhard não pos-sui água encanada ou canos de esgoto, a desinfecção éfeita em 24 horas e custa menos de cinco centavos por pes-soa por dia. “A tecnologia trata os resíduos de dez pessoasem uma hora. Trata-se de uma reação exotérmica, feita comcompostos de carbono, oxigênio, gás carbônico, água eenergia. O combustível é misturado com fezes e areia, e amistura é queimada, eliminando os dejetos.”

Menezes da Costa comentou que é preciso evitar que amá gestão dos serviços públicos contribua para a polui-ção das águas por esgoto. “O volume que se deixa decoletar e tratar no Brasil é muito grande, tanto quanto oque lançamos. A população imagina que o problema aca-ba quando dá descarga”, enfatizou. Menezes da Costa ci-tou dados do Instituto Trata Brasil, de 2011, que mostramque o gasto com o tratamento de doenças de origem hídricano Brasil chega a R$140 milhões. “O setor de saneamentonão é priorizado pelo Governo Federal. Está na hora delesentar junto com as prefeituras para resolver problemas ealterar os modelos de contratação de projetos”, afirma.

TALK SHOW

DUAS FORMAS DE GESTÃOO talk show “Gestão de recursos hídricos e gestãoambiental: confluências e divergências” teve a media-ção do presidente do III CIMAS, Everton Oliveira, e trou-xe em sua abordagem pontos comuns e contrários arespeito da gestão dos recursos hídricos e do meioambiente. Participaram do debate: Paulo Augusto Cu-nha Libânio, da Agência Nacional de Águas (ANA), JoséCarlos Garcia Ferreira, superintendente do Serviço Ge-ológico do Brasil (CPRM) – Regional São Paulo – e Cláu-dio Oliveira, diretor da Hidrogeo.

Cláudio Oliveira esclareceu que o objetivo do debateé independência entre gestão ambiental e gestão de

recursos hídricos. “Muitas pessoas imaginam que sejaa mesma coisa e não é. As leis e legislações são dife-rentes. Embora transversais, ambas as gestões possu-em o mesmo fim”. Ele também analisou a importânciada ANA como órgão para interlocução com os estados,para fazer as realizações acontecerem. “A ANA precisaoferecer aos estados conhecimento hidrogeológico, paraque efetuem a gestão como pacto nacional e ocorra ofortalecimento da gestão estadual. A gestão precisa serfeita em benefício da sociedade”, detalha.

Cunha Libânio colocou que cabe aos estados realizara gestão da água subterrânea. “Cabe à ANA, como ór-

III CIMAS

A mesa-redonda “Esgoto é o maior contaminante. Qual asaída?” tratou de temas relacionados à falta de acesso aosaneamento, problema que compromete a qualidade daságuas do Brasil e do mundo. O debate entre os palestrantesJason Gerhard, pesquisador da University of WesternOntario (UWO), no Canadá; Raymond Flynn, pesquisadorda Queen’s University Belfast, do Reino Unido e Álvaro JoséMenezes da Costa, presidente da Companhia de Sanea-mento de Alagoas (CASAL) e vice-presidente da Associa-ção Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES)contou com a participação ativa do público.

Raymond Flynn mostrou que métodos de desinfecçãopadrão não são capazes de eliminar contaminantes do es-goto. “Vírus são dez vezes menores que bactérias. Há vírusque entram em reservatórios e conseguem contaminar doisanos mais tarde.” Para entender o que acontece no meioambiente subterrâneo e traçar o caminho dos microrganis-mos, Flynn criou um sistema de filtragem com partículas deareia. “Se você pensar em grãos de areia em torno de ummilímetro, microrganismos não iriam passar, enroscariam.

18 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

A partir da esq.: Raymond Flynn, Jason Gerhard, Álvaro JoséMenezes da Costa e Joel Soares

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 19NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

gão gestor das águas de domínio da União, dar apoioaos estados no conhecimento hidrogeológico. Temosfeito um grande trabalho com as água subterrâneas, masé sempre no sentido de prover conhecimento. Está mui-to claro para a ANA que os órgãos gestores estaduaissão peças chaves no sistema. Sem uma governança forteestadual, o sistema não funciona.” Segundo ele, apesarda agência não ter competência para emitir outorgas deágua subterrânea, isso não a exime da responsabilida-de de acompanhar o processo.

Everton de Oliveira comentou que como a área de re-cursos hídricos é muito ampla, diversas são as opiniõesconsideradas para a criação das leis, o que dificulta aaprovação de todos os setores. “Quando sai uma lei,posteriormente ocorre a regulamentação. Porém a re-gulamentação só pode esclarecer alguns pontos, nãopode mudar o que a lei determina. Então, temos quecorrer atrás para consertar, o que é um pouco mais difí-cil do que parece, pois toda discussão legal para que alei fosse montada já passou”, observou.

Em relação às alterações nas leis, Garcia Ferreira ci-tou o exemplo do setor de mineração paulista, que or-ganizou um movimento para discussão de leis para osetor. “Todos os agregados e instituições foram reuni-dos e foi criada, junto à Câmara Paulista, uma Câmara

III CIMAS

Subpartidária, frente partidária de mineração através deuma Subsecretaria de Mineração. Com isso, o Comitêda Cadeia Produtiva da Mineração (COMIN) se reúnemensalmente com as secretarias para discutir legisla-ções que podem ou não afetar o setor. Foi um movi-mento político em cima das leis. Se não conseguirmostrabalhar desta forma organizada, teremos que ficar emcima de políticos para tentar alterar as leis.”

A partir da esq.: Paulo Augusto Cunha Libânio, Everton deOliveira, José Carlos Garcia Ferreira, Cláudio Oliveira

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AG SolveA AG Solve, empresa especializada em oferecer equipamentos resisten-tes, práticos e inovadores para monitoramento ambiental, trouxe as li-nhas de sondas AP 700 e AP 800. Já consagradas pela resistência, preci-são e fácil operação, as linhas passaram por um processo de upgradepara se enquadrar na linha AP 2000, de sondas para qualidade da água.Mauro Banderalli, diretor da empresa, explica que estar na Fenágua éimportante pela seletividade do público participante. “O público, com-posto por profissionais que atuam no mercado de investigação e conta-minação de águas subterrâneas, traz boas oportunidades para consoli-dação da marca e bons negócios.”

FENÁGUA

ESPAÇO PARA NOVOS NEGÓCIOSA seletividade e o direcionamento da VIII Feira Nacional de Água (FENÁGUA) foram apontados pelos participantes

como principais características da exposição, voltada para produtos e serviços do segmento de meio ambientesubterrâneo. O público presente pode conhecer as novidades e os lançamentos apresentados pelos 27 expositores.

O presidente da associação, Waldir Duarte Filho, enfatiza a importância da divulgação das tecnologias e dos servi-ços, pois os recursos subterrâneos estão sendo contaminados. “A demanda para o mercado de descontaminação écada vez mais crescente e a própria consciência ambiental faz com que as empresas procurem evitar novas contami-nações, o que reforça ainda mais o trabalho da ABAS.” Organizadora do III CIMAS e da FENÁGUA, a associaçãodivulgou durante a feira suas publicações e iniciativas para promover a conscientização da sociedade quanto ao meioambiente subterrâneo.

Geo AcquaA empresa Geo Acqua oferece produtos e serviços para locação nas áreas de monitoramento ambiental e segurançaocupacional, dispondo de laboratório técnico e profissionais especializados para o atendimento ao cliente. Um dosdiferenciais da empresa é o treinamento oferecido aos profissionais que manusearão os produtos locados, bemcomo o suporte técnico em campo. A gerente de Locações, Patrícia Vilas, aponta que o grande diferencial da Geoacquaé a assistência que o cliente tem em todo o tempo que permanece com o equipamento.

Fernanda Faustino / Fotos: ArtCom A.C.

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FENÁGUA

ALS CorplabA ALS Corplab apresentou ao mercado a fusão da Corplab com a ALS, umdos maiores e mais diversificados fornecedores de serviços analíticos domundo, e também a aquisição da Analytical Solutions. O gerente de ContasLeonardo Barreto explica que, com a fusão, a empresa se torna líder absolu-ta em análises ambientais na América Latina, contando com mais de 18unidades entre laboratórios e escritórios. “Estar na feira é importante pelonosso posicionamento, pela visibilidade da marca e para nos atualizarmossobre as novas oportunidades de negócios.”

ANA – Agência Nacional de ÁguasÓrgão responsável por instituir e coordenar a gestão compartilhadade Recursos Hídricos, regulando o acesso à água, a ANA estevepresente para a difusão do sistema de gerenciamento e a gestãointegrada de recursos hídricos e mostrar como está sendo feita aimplantação da Política Nacional de Recursos Hídricos. Para AdrianaPires Ferreira, especialista em recursos hídricos, é importante divul-gar as atuações da ANA na FENÁGUA porque “tematicamente hou-ve evolução, mas ainda precisamos abranger um público maior etornar o assunto cada vez mais conhecido.”

Analytical TechnologyLaboratório especializado na prestação de serviços de análise química, aAnalytical Technology apresentou produtos e soluções desenvolvidos paramonitoramento ambiental, fundamentais ao atendimento das legislaçõesvigentes e essenciais ao controle de qualidade dos clientes. FábioSeghese, gerente comercial, ressaltou que o segmento de remediaçãode áreas contaminadas é promissor, pois existem muitas áreas contami-nadas e ainda nem sabemos. “É importante estar aqui para que nossosclientes saibam que somos o principal laboratório para esses serviços.”

Aragon & ColumbiaA empresa apresentou sua especialidade em tecnologias para inves-tigação sensorial e projetos de remediação focados, como o MIP(Membrane Interface Probe), ferramenta multifuncional que mapeiaa contaminação de solo e águas subterrâneas, e o HPT(HydraulicProfiling Tool), que mensura a permeabilidade e o fluxo da água sub-terrânea. Renata Pedran, diretora de Tecnologia, avalia como positi-va a participação na feira “para consolidar a marca, manter contatoscom clientes, que possibilita a geração de negócios”.

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CAPAFENÁGUA

BioagriA Bioagri, grupo de empresas de prestação de serviços analíticos,oferece um escopo diferenciado e diversificado em análises de altacomplexidade com acreditação no Inmetro. Segundo Juliana Pistoni,gerente de Consultorias, participar é importante para focar no relaci-onamento e expor a marca. “Na FENÁGUA, buscamos o fortaleci-mento do relacionamento com o cliente, apresentando os diferenci-ais da empresa e consolidando a presença da Bioagri em eventosde cunho ambiental”.

ASL Análises AmbientaisA ASL Análises Ambientais levou a experiência de um laboratório quepresta serviços analít icos realizando análises físico-químicas,microbiológicas, orgânicas, inorgânicas e toxicológicas para águas,efluentes, solos, resíduos e emissões atmosféricas. André Bombo, ge-rente comercial, explica que é essencial estar na feira para buscar a divul-gação e, consequentemente, o fortalecimento da marca, mostrando, in-clusive as inovações da ASL em relação às outras empresas. “Aqui estãoconcentrados alguns dos nossos principais públicos por termos atuaçãoforte no mercado de águas subterrâneas.”

Chicaco PneumaticA Chicago Pneumatic levou um amplo catálogo de ferramentas pneumáti-cas e compressores de alta performance, incluindo compressores a diesel,lubrificantes, geradores e torre de iluminação.Felipe Aguilar, engenheiro de Produto e Marketing, aponta o compressor dear como um dos destaques, fundamental para perfuração de poços artesianos.“Expor na feira nos possibilita estar em contato com perfuradoras e produto-res de equipamentos, que é exatamente quem queremos atingir.”

Clean EnvironmentAlém dos equipamentos já consagrados da Clean Environment parafazer remediação de águas contaminadas, a empresa trouxe equipa-mentos para fazer soil vapor – soil gas survay. Eliezer dos Santos,gerente de Negócios, explica que esse equipamento mede os vapo-res dentro do solo contaminado e auxilia no planejamento de gestãode áreas contaminadas. Para ele, participar da FENÁGUA é uma es-tratégia de divulgação, por ser uma feira direcionada. “Buscamos cadavez mais essa consolidação da marca e o aumento da visibilidade daempresa. Vejo um mercado promissor para empresas diferenciadas.”

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FENÁGUA

Fugro In Situ GeotecniaAtuante no ramo de investigação e con-trole de qualidade nas áreas de funda-ções, terraplenagem, contenções, pavi-mentos, taludes e meio ambiente, a FugroIn Situ levou a expertise como empresapioneira no Brasil de um sistema deamostragem de águas subterrâneas quepermite fazer diagnóstico diretamente nosolo, sendo o mais fiel possível à carac-terística representativa. Segundo Guilher-me D. Varela, engenheiro de Obras, é im-portante participar do CIMAS e daFENÁGUA porque o público é seleciona-do e é fundamental para o segmento deatuação da empresa.

EP AnalíticaLaboratório acreditado em diversosparâmetros, a EP Analítica oferece servi-ços de análises ambientais. Equipamen-tos modernos são utilizados em todas asetapas: amostragem, coleta e análiseslaboratoriais. Thais Riedel Almeida, coor-denadora de Marketing, ressaltou que “vi-emos para fechar negócios e promover adivulgação da marca para o público sele-cionado presente. O mercado nacionalestá em franca expansão. Legislação, con-trole e análises de efluentes estão possi-bilitando isso”.

DoxorEmpresa especializada em sistemas deremediação ambiental e presente nomercado desde 2003, a Doxor trouxepara a Fenágua o sistema ElectricalResistance Heating (ERH), que usa osolo como condutor, remediando a áreacontaminada entre 5 a 9 meses, reali-zando a remediação de áreas contami-nadas com eficiência. Maurício Prado,coordenador de Projetos, notou na feiraum volume maior de pessoas interessa-das, além do aumento na quantidade devisitantes e melhor qualidade nos deba-tes. “Nossa expectativa é ter uma divul-gação cada vez maior, agregando par-ceiros e difundindo conhecimento.”

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FENÁGUA

Gaiatec SistemasA empresa trouxe a linha de medição de nível, vazão e qualidade da água etelemetria. “Enalteço o kit de registro e performance de poços que fornecerelatórios de vazão por nível e tempo de 24 horas”, explica Marcelo Diaz,diretor da Gaiatec, sobre a linha de produtos oferecidos. Segundo ele, a feiraé intensa por causa do congresso e por isso é importante marcar presença.“Nosso objetivo é trazer novas tecnologias para prover empresas, mostran-do os materiais para o serviço de medição de performance de poço ecalibração de equipamentos.”

FMC Environmental SolutionsEmpresa que oferece serviços de remediação de solo e água subter-rânea, a FMC possui a expertise de mais de cem anos no mercadoambiental. Paulino Rodrigues, gerente de Negócios, e Laura MoralTarifa, gerente geral, explicam que os trabalhos e inovações presen-tes na Fenágua agregam um diferencial ao público que veio buscarconhecimento e se inteirar sobre as novidades tecnológicas. “A de-manda do mercado é buscar alternativas viáveis, com tecnologia ebaixo custo, para solucionar problemas ambientais.”

GeoambienteA Geoambiente trouxe para a FENÁGUA soluções avançadas em di-agnóstico de passivos ambientais e instalação de sistemas deremediação ambiental no solo, subsolo, águas superficiais e águassubterrâneas. Cícero Carvalho, diretor da empresa, explica que é aprimeira participação da Geoambiente e avalia o resultado como muitobom. “Estamos trabalhando a parte de diagnósticos e aqui podemosfazer contatos, estreitar o relacionamento com clientes, apresentaras tecnologias internacionais de empresas parceiras para remediaçãoe apresentar nossas tecnologias.”

GeoartesianoA Geoartesiano atende os segmentos de poços tubulares profundos emonitoramento de águas e trouxe para a FENÁGUA um tubo nervuradocom rosca junta alinhada para poços de monitoramento. O diretor AlbertoKaminski enfatiza o compromisso que a empresa tem com relação à quali-dade dos produtos, emitindo, inclusive, um atestado que comprova a exce-lência de seus tubos. Para ele, expor na feira é importante “porque o eventoé vinculado ao CIMAS que reúne os principais técnicos dessa área de atua-ção, um meio específico, e são as pessoas que vão coordenar as obras demeio ambiente.”

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 25NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

FENÁGUA

HidrosuprimentosPioneira na produção de equipamentos para aplicações emhidrogeologia, monitoramento, remediação e amostragem, a empre-sa trouxe com exclusividade para a FENÁGUA, um sistema deamostragem de alta vazão, explica o diretor comercial Victor RaatzBottura. Ele comenta que “a feira proporciona contato entre o clientee o fornecedor. Esse evento é específico e isso ajuda a estreitar oslaços comerciais, além de todo conhecimento técnico do congresso.O nível de palestras vem melhorando muito”.

GeotechA Geotech oferece soluções nas áreas de amostragem, monitoramento,remediação e perfil hidrogeográfico. Um dos destaques é o medidor deinterface com acabamento de teflon e o medidor para bomba de bexiga –único equipamento do mercado a obter uma profundidade de 55 m a 60 m.“Nossos sistemas são práticos e de fácil manuseio em campo”, aponta ogestor de negócios, André Nasseri da Silva. E enfatiza: “A FENÁGUA pro-porciona a difusão do conhecimento na área técnica e possibilita melhorara qualidade do atendimento por estar em contato direto com o cliente.”

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FENÁGUA

KellerLíder na Europa na fabricação de transdutores e transmissores de pressão, aempresa trouxe, entre outras tecnologias, o datalogger para medição de níveld’água; o transmissor de dados remoto GSM-2, que envia os resultados dasmedições por email ou SMS, além da experiência em implementações emonitoramento remoto.Helmüt Bösiger, gerente de Vendas na América Latina, explicou que “nossosparceiros mais importantes, que integram as soluções Keller em seus equipa-mentos, trabalham na área de hidrologia, monitoramento remoto de poços esondas, e grande parte dessas empresas está na feira”.

ISR – InSitu RemediationA ISR oferece soluções para remediação in-situ de solos e águas sub-terrâneas, com equipamentos para bombeamentos automáticos, uni-dades de extração de vapor, airsparging, bioslurping, soil-venting, MIPpara localização de contaminantes em superfície, etc. Marco AurélioPede, diretor da empresa, participou das edições anteriores da feira eafirma que sempre obteve bons resultados. “O mercado está em umafase boa e estamos expandindo. Somos uma das empresas maisindicadas para tratar da contaminação de águas subterrâneas.”

Nil AmbientalSistemas de remediação de águas subterrâneas contaminadas porhidrocarboneto (gás, óleo, combustíveis em geral) foram apresentados pelaNil Ambiental, empresa fundada em 2007. “O equipamento testado em umarefinaria de petróleo teve índices de 99,9% de eficiência”, enfatiza o diretorNilton Gomes. Ele ressalta que é importante participar da feira por causa daseletividade do público, totalmente voltado para a área que atuam. “Aindaestamos no início da discussão ambiental no Brasil, mas vejo um futuro pro-missor, pois a cada dia aparecem mais áreas que precisam de remediação.”

MGA SondagensA MGA Sondagens foi implantada para prestar serviços de perfuraçãode solos e rochas, instalação de instrumentos de monitoramento e acom-panhamento técnico dos trabalhos, tendo como base a excelênciaambiental e a conduta sustentável. Gustavo Sturion, geólogo da MGA,destaca ser importante estar na feira porque ela agrega quase todos osclientes da empresa. “Esperamos para essa edição resultado seme-lhante ao da edição anterior quando novos contatos com clientes reper-cutiram em bons negócios.”

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FENÁGUA

Sanifox do BrasilAtuando há mais de vinte anos nas áreas de investigação e remediação, aSanifox do Brasil tem origem nas empresas belgas Ecofox e Sanifox. NoBrasil desde 2006, a empresa conta com um time especializado de profissio-nais brasileiros e belgas para projeto, montagem, implantação, operação emanutenção de sistemas de remediação, utilizando as mais diversastecnologias. Para o diretor Pedro Dib, “a feira corresponde às nossas expec-tativas e é importante para contatos e mostrar nossos diferenciais nessemomento em que o mercado ambiental está em franca expansão”.

TrionicPresente no mercado desde 1985, a Trionic é especializada em ofere-cer serviços nas áreas de perfuração, saneamento e meio ambiente.Joel Felipe Soares, diretor da Trionic e sócio fundador da ABAS, afir-mou que quando se trabalha em um setor segmentado, como é o demeio ambiente subterrâneo, é preciso marcar presença em eventoscomo a FENÁGUA. “É aqui que você consegue saber sobre as proje-ções de mercado para o segmento”, relata. “Em São Paulo, por exem-plo, essa feira só vai acontecer novamente daqui a dois anos e, comoo mercado é bem específico, é importante comparecer.”

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MOMENTOS FENÁGUA

Apresentandotrabalhos

Estudantes aglomeram-sena entrada da FENÁGUA

Momento Guiade Compras comBruno Bolívia

Hora do brunch

Presidente do evento foiconvidado para sorteio debrinde pela Clean

Equipe ABAS eAcqua Consultoria

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CONEXÃO INTERNACIONAL

Carlos Molano, presidente daHidrogeocol e professorUniversidade de Los Andes

Como as planilhas de cálculo em água subterrânea po-dem ajudar hidrogeólogos a entender o fluxo e o trans-porte de contaminantes?Permita-me começar com uma frase do escritor e comedi-ante da BBC Colm O’Reagan: “Assim como óleo e água,nossas vidas são governadas pelo Excel” (BBC News Ma-gazine, 20/04/2013). E isso é verdade. Planilhas são umaferramenta multiuso em nossas vidas para diversas apli-cações desde simples aritmética até complexos modelosmatemáticos. Planilhas foram desenvolvidas de forma im-pressionantemente rápida nos últimos anos e continuamsendo a cada dia. Elas permitem resolver de forma efici-ente e com baixo custo uma série de problemas de fluxo econtaminação de águas subterrâneas por meio de gráfi-cos dinâmicos e interativos, sem ser necessário conheci-mento em programação.

Para que podem ser usadas?Esta ferramenta é extremamente útil para o ensino e oaprendizado em hidrogeologia, assim como para pesqui-sas científicas e projetos ambientais aplicados.Professores, estudantes e profissionais em hidrogeologiapodem usar as soluções analíticas e numéricas de fluxo etransporte de águas subterrâneas em planilhas para verifi-car dados, realizar análises estatísticas e sensibilidade, en-tender processos que controlam o fluxo e que influenciamos diversos ecossistemas dependentes. Os gráficos de altaresolução do Excel ajudam hidrogeólogos e profissionaisem meio ambiente na tomada de decisão, pois permitema visualização e a calibração de parâmetros do aquífero.

Quais foram as motivações para desenvolver asplanilhas de cálculo em água subterrânea?Comecei a usar planilhas em água subterrânea desde me-ados dos anos de 1980,em programas como Visicalc, MathPlan, Lotus 123, entre outros. Atualmente utilizo Excel e

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PLANILHAS DE CÁLCULOEM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS:UMA FERRAMENTAPODEROSA E BARATA

programação em VBA no meu curso. Em meados dosanos de 1990, participavam dos meus cursos de curtaduração jovens estudantes, profissionais das águas sub-terrâneas, engenheiros, geólogos, biólogos, reguladores,perfuradores de poços, advogados ambientais, médicos,toxicólogos e antropólogos. Muitos deles não tinham co-nhecimento em programação e, portanto, as planilhas osincentivavam a resolver uma série de problemas simplese complexos em águas subterrâneas. Realmente é fasci-nante ver o entusiasmo dos participantes solucionandoos problemas, mesmo sem conhecimento avançado. Al-gumas questões complexas de modelagem de fluxo e con-taminação de águas subterrâneas podem ser resolvidasusando planilhas.

Como funcionam essas planilhas de cálculo?As planilhas podem ser usadas por meio da programa-ção em VBA, que é muito similar a qualquer outra lingua-gem de programação, ou apenas com o uso das células(linhas e colunas) e conhecimento do Excel para traba-lhar com equações e com funções pré-existentes no pro-grama. Para análise de testes de bombeamento e slugtests, geralmente usamos soluções análiticas ou numéri-cas que dependem do tipo de aquífero, como por exem-plo as soluções de Theis, Hantush e Neuman. Usando aequação apropriada no mesmo tempo em que o rebaixa-mento do nível de água foi medido é possível compararos dados de campo com os dados calculados e, então,ajustar os parâmetros hidráulicos do aquífero, de formamanual ou automática, até que a curva calculada se ajus-te à curva observada.Este mesmo procedimento funciona para soluções analí-ticas para fluxo e transporte de água subterrânea em 1D,2D e 3D, onde uma única equação é “copiada e colada”para simular um problema específico. Quando o proble-ma é dependente do tempo, cada célula pode ser atuali-

esta edição entrevistamos Carlos Molano que foi selecionado como professor distinto “2014 Mc Ellhiney Lecture”pela National Groundwater Research and Education Foundation (NGWREF) e pela National Groundwater

Association (NGWA). Molano apresentará em diversos países a palestra “Planilhas de cálculo em água subterrânea:um recurso eficiente e prático para resolver problemas simples e complexos de fluxo, poluição e meio ambiente”.

Co-fundador e presidente da Hidrogeocol, com sede na Colômbia e filiais no Equador e Panamá, ele também éprofessor de hidrogeologia no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental na Universidade de Los Andes, emBogotá. Em 2012, Molano recebeu o prêmio de Hidrogeólogo Distinto da América Latina da Associação Latinoamericanade Hidrologia Subterrânea para o Desenvolvimento (ALHSUD).

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CONEXÃO INTERNACIONAL

zada para os intervalos de tempo através de opções grá-ficas e interativas no Excel. Desta forma é possível obser-var a variação do nível de água ou o deslocamento dapluma contaminante em função do tempo.

Em quais outras situações as planilhas podemser aplicadas?Simulações numéricas de fluxo e transporte usando osmétodos de diferenças finitas podem ser rapidamente de-senvolvidas em planilhas. Por exemplo, o problema defluxo regional de Toth em 2D pode ser simulado usandouma única equação nas células que representam o domí-nio de fluxo, para gerar as cargas hidráulicas em funçãodas condições de contorno apropriadas. O resultado dadistribuição de cargas hidráulicas e o fluxo da água sub-terrânea pode ser observada graficamente. Problemas em1D e 2D podem ser simulados usando uma única planilhae problemas em 3D utilizam uma planilha para cada ca-mada do modelo.O rastreamento de partículas usando modelos analíticose numéricos também podem ser implementados emplanilhas. A posição de uma partícula é atualizada paracada intervalo de tempo e o movimento dela pode serobservado na tela do computador.Planilhas são ideais para a aplicação do princípio desuperposição (ou convolução) no tempo e espaço. Porexemplo, testes hidráulicos intermitentes ou escalonadospodem ser analizados usando uma planilha para cadaetapa. Os resultados de soluções analíticas transientes,como Theis, para carga hidráulica podem ser simuladospara o caso de bombeamento simultâneo de diversos po-ços com diferentes vazões. Outros problemas, como deescoamento superficial, podem ser simulados usando omesmo princípio.

Onde as planilhas de cálculo em água subterrânea es-tão sendo aplicadas?Muitas planilhas são usadas para análise de risco, simulaçãoanalítica do fluxo de água subterrânea e transporte decontaminantes em 1D, 2D, ou 3D (por exemplo, BIOCHLOR,BIOSCREEN, RBCA). Muitas são usadas por consultores emmeio ambiente e são aceitas por agências ambientais regula-doras. Soluções para casos específicos podem ser obtidas usan-do-se planilhas, como a solução analítica de Domenico, que éaceita por certas agências reguladoras. Em alguns projetos, nosquais há deficiência na quantidade de dados, soluções maissimples utilizando planilhas podem ser mais adequadas do quea aplicação do popular modelo numérico MODFLOW.

Quais são suas sugestões e recomendações para umprofissional da área ambiental em início de carreira?Existem diversas disciplinas que se inter-relacionam com ahidrogeologia e as ciências ambientais, o que torna quaseimpossível para um estudante ou um novo profissional tercontrole de todas estas disciplinas. Um profissional em iníciode carreira deve ter um bom conhecimento básico dehidrogeologia e se especializar em uma das áreas da cha-mada “hidrogeologia moderna”. Estas áreas incluemhidrologia e hidráulica de águas subterrâneas, transporte decontaminantes, modelagem numérica, isótopos ambientais,hidrogeoquimica, hidrogeologia de terrenos cársticos, fluxoem zona não saturada, fluxo e transporte em aquíferos fratu-rados, hidrogeologia de aquitardes, microbiologia, etc. Ohidrogeólogo deve ter habilidades de comunicação com ou-tras disciplinas como a do direito ambiental e das que tra-tam, por exemplo, da interação das água subterrânea e su-perficial como em áreas alagadas, rios com vegetaçãoripariana e na conservação de espécies dependentes doambiente criado na interface entre estes dois sistemas.

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PERFURAÇÃO

Joel Soares, diretor da Trionic

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DESENVOLVIMENTO ECOMPLEMENTAÇÃO:ETAPAS ESSENCIAIS NA FINALIZAÇÃO

desenvolvimento de um poço para a produção deágua subterrânea abrange as fases de conclusão,

que objetivam a remoção do material mais fino do aquífero,esvaziando, desobstruindo ou alargando as passagens nasformações, de modo que a água possa penetrar mais li-vremente no poço. A operação do desenvolvimento é fun-damental para o perfeito acabamento do poço e para lheassegurar sua máxima capacidade de produção.

As principais vantagens proporcionadas por um bomdesenvolvimento são:• Corrigir qualquer dano ou obstrução da formaçãoaquífera, causada no momento da perfuração;• Aumentar a porosidade e a permeabilidade da forma-ção no envoltório do poço;• Estabilizar a formação arenosa em torno do poço nasecção dotada de filtros, permitindo a produção de águaisenta de sólidos.

Esses resultados podem ser obtidos em poços deaquíferos não consolidados, se o poço for conveniente-mente provido de filtros e se os processos de desenvolvi-mento forem convenientemente aplicados. As duas pri-meiras vantagens podem ser conseguidas em poços deaquíferos não consolidados quando o método usado éadequado ao tipo de rocha perfurada. Para a terceira van-tagem essa correlação não existe.

Um poço perfurado e equipado com filtros, destinadoà captação de água subterrânea pode ser complementadode dois modos. O primeiro é o do desenvolvimento natu-ral, no qual o bombeamento cria, com o próprio materialdo aquífero, uma zona altamente permeável em torno dosfiltros do poço.

A complementação do poço por desenvolvimento natu-ral depende da retirada das partículas mais finas do aquíferopara dentro do poço e da sua remoção pelo bombeamento.O trabalho de desenvolvimento deve permanecer até quecesse a entrada das partículas finas da formação e estafique completamente estabilizada. Essa remoção deixa noenvoltório dos filtros uma zona de areia mais grossa e cas-calho uniformemente graduados de elevada porosidade epermeabilidade. A água vai mover-se para o poço com umaperda de carga desprezível, o que resultará em um reduzi-do abaixamento no poço quando bombeado.

O outro modo de prover esse envoltório granuloso bas-tante permeável em torno dos filtros do poço é o preen-chimento artificial com cascalho. Essa operação deno-mina-se “descida do pré-filtro”, o que significa preenchero espaço entre a parede da perfuração e a coluna de

filtros com areia com a granulometria pré-determinadade acordo com a abertura do filtro instalado, iniciando-seo processo de bombeamento para que o pré-filtro assen-te-se uniformemente.

O primeiro objetivo do processo do desenvolvimento éreparar qualquer dano temporário causado ao aquíferodurante o processo de perfuração, uma vez que todométodo de perfuração obstrui os poros da formaçãoaquífera em uma maior ou menor extensão. Esse dano éfacilmente observado no método de perfuração rotativoconvencional, no qual se utiliza o fluido de perfuração àbase de argilas ou polímeros. Para um perfeito desenvol-vimento, aconselha-se a utilização de dispersantes à basede polifosfatos tensoativados com funções de detergen-te e surfactante, que removem as camadas de rebococriadas pelo uso dos fluidos de perfuração.

Qualquer que seja o método de perfuração, sempre cau-sará um comprometimento - de um ou outro modo - àporosidade e à permeabilidade, razão pela qual o desenvol-vimento é fundamental na complementação da perfuração.

Após eliminar o “efeito de película” da operação daperfuração, o desenvolvimento do poço remove todas aspartículas da formação menores que as aberturas do fil-tro. Esse passa a ser circundado por partículas mais gros-sas que aumentam consideravelmente a porosidade e apermeabilidade da região do envoltório do filtro.

O primeiro resultado de um bom desenvolvimento é,portanto, a eliminação do inevitável “efeito de película” e aliberação da areia que envolve o filtro, a fim de que recu-pere a sua porosidade. O segundo vai além, visto que au-menta substancialmente a permeabilidade do aquífero navizinhança do poço. O terceiro benefício do desenvolvi-mento é melhor compreendido observando-se o que acon-tece nas zonas cilíndricas de um aquífero arenoso que cir-cundam o filtro. Na primeira zona exterior do filtro, o de-senvolvimento remove todas as partículas menores que aabertura do filtro. Um pouco mais para fora, alguns grãosde tamanho médio permanecem misturados com os gros-sos; mais além, o material vai-se graduando progressiva-mente até retornar à característica da formação aquíferaoriginal, criando essa sucessão de zonas graduadas emtorno do filtro. O desenvolvimento estabiliza a formaçãode modo a cessar o movimento da areia.

É fundamental que a abertura do filtro seja determina-da de acordo com a análise granulométrica da formaçãoperfurada. O poço, assim concluído, fornecerá água isentade areia com sua capacidade máxima.

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REMEDIAÇÃO

Thiago L. Gomes, AESAS (AssociaçãoBrasileira das Empresas de Consultoriae Engenharia Ambiental) e diretor daDoxor Soluções Ambientais

Em São Paulo, antes da publicação do decreto nº59.263 em 5 de Junho de 2013, que regulamenta a

lei estadual de áreas contaminadas, 13.577/09, havia umatendência crescente em usar métodos de engenharia ede remediação parcial como solução final para o pro-blema de áreas contaminadas.

No III Congresso Internacional de Meio Ambiente Sub-terrâneo (CIMAS), o promotor público José EduardoIsmael Lutti deixou bem claro que o Ministério Públicoentende que adotar apenas medidas de engenharia emedidas de controle institucional fere a legislação brasi-leira e o Ministério Público cobrará ações efetivas pararecuperação do meio ambiente.

Medidas de engenharia, como esclarecido na regu-lamentação, são ações baseadas em práticas de en-genharia com a finalidade de interromper a exposiçãodos receptores, atuando sobre os caminhos de mi-gração dos contaminantes, como por exemplo, cobriruma área contaminada afim de eliminar o risco de ina-lação de vapores.

Medidas de controle institucional são ações visan-do afastar o risco ou impedir a exposição de um re-ceptor sensível aos contaminantes, por meio a restri-ção do uso, como por exemplo proibir o consumo deágua subterrânea.

As medidas de engenharia e as medidas de controleinstitucional não eliminam a fonte do problema. São, sim,medidas iniciais para eliminar um possível risco imedia-to, as quais devem ser sempre combinadas com medi-das de remediação ou de monitoramento.

Como qualquer obra, uma medida de engenharia ne-cessita de projeto, acompanhamento e manutenção paragarantir que a intervenção adotada continue eficiente.Portanto, sempre que for decidido no projeto de inter-venção a adoção de medida de engenharia é precisogarantir o acompanhamento e o monitoramento do sitepor uma empresa especializada até que não exista maisrisco à saúde humana e ao meio ambiente, e a medidade engenharia adotada deixe de ser necessária.

Para garantir que a medida de engenharia proposta

continue eficiente, o responsável legal pela área conta-minada deverá, segundo a nova regulamentação, apre-sentar garantias bancárias ou seguro que cubra todo ovalor a ser gasto durante o período previsto em projeto.

Exigindo o seguro, o órgão público ganha uma ferra-menta importante para garantir que a área contaminadano futuro, seja por falência do proprietário da área ouseja por qualquer outro motivo, não passe a ser respon-sabilidade do Estado.

O seguro passa a ser um componente fundamentalpara a tomada de decisão do tipo de intervenção a sertomado. Empresas de consultoria, por sua vez, deverãoapresentar para seus clientes diversas opções detecnologias de remediação comparando eficiência, pra-zos e custos.

No site da CETESB são elencados os principais gru-pos contaminantes (relação de áreas contaminadas ereabilitadas no Estado de São Paulo), sendo os com-postos orgânicos mais de 90% do total. Para estes com-postos, já existem técnicas avançadas de remediaçãoque possibilitam significativa diminuição de massa decontaminante, como por exemplo, a oxidação químicae dessorsão térmica. Essas técnicas estão disponíveisno mercado brasileiro e, na grande maioria dos casos,com custos menores do que os aplicados no mercadoamericano e europeu.

Entende-se que a prioridade deve ser sempre aadoção de medidas que promovam a remoção e re-dução de massa dos contaminantes. Quando a re-dução de massa não for possível pela característicado contaminante ou do site, medidas de engenhariapassam a ser consideradas, combinadas semprecom um plano de monitoramento e atenuação natu-ral, quando aplicável.

Tivemos um grande avanço com a regulamenta-ção da lei de áreas contaminadas, cabe agora aosórgãos responsáveis, acompanhar os planos de in-tervenção propostos pelas empresas de consultoriaambiental, exigindo o cumprimento de prazos e me-tas estabelecidos.

REMEDIAÇÃO, A MELHORMEDIDA DE ENGENHARIA

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34 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

OPINIÃO

A

Suely Schuartz Pacheco Mestrinho,consultora em Geoquímica Ambiental eQualidade de Recursos Hídricos e diretorada QUALI_Água Consultores Associados

GESTÃO DA QUALIDADEDAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS:UM DESAFIO NECESSÁRIO

comunidade de usuários de águas subterrâne-as tem o que comemorar. Desde a aprovação

da Lei 9433/1997, definindo a Política Nacional de Recur-sos Hídricos, nos últimos cinco anos vem acontecendo umavanço significativo na inclusão dos recursos hídricos sub-terrâneos nas normativas nacionais pertinentes. Vale refletirsobre este arcabouço legal que trata, de forma inovadora, agestão integrada dos recursos hídricos e meio ambiente e,em especial, da proteção das águas subterrâneas.

A prevenção e o controle da poluição dos corposhídricos estão relacionados aos usos e às classes dequalidade exigidas, como dispõe a Lei nº 9.433/1997.O enquadramento é um dos instrumentos do Plano Na-cional de Recursos Hídricos (PNRH) e referência doPrograma Nacional de Meio Ambiente (PNMA), ou seja,um instrumento de gestão do planejamento e de refe-rência na atuação dos órgãos ambiental e de recursoshídricos para fiscalizar e emitir atos administrativos. Aclassificação e posterior enquadramento dos corposhídricos são referências para os demais instrumentosde gestão de recursos hídricos (outorga, cobrança) ede gestão ambiental (controle da poluição porlicenciamento, monitoramento), junto aos Planos deBacias Hidrográficas.

A Resolução CONAMA 396/2008 estabelece a classifi-cação e as diretrizes ambientais para o enquadramentodas águas subterrâneas. Trata-se de um mecanismoregulatório específico de apoio à gestão do recurso, queresponde ao anseio nacional e coloca o Brasil dentre ospaíses de legislação mais avançada do mundo neste se-tor. Após sua aprovação seguiram-se outras resoluções,tais como: CNRH nº 91/2008, contemplando oenquadramento e a gestão integrada das águas superfici-ais e subterrâneas; CNRH nº 92/ 2008, tratando da prote-ção e conservação das águas subterrâneas; CNRH nº 99/2009, aprovando o Programa Nacional de Águas Subter-râneas (PNAS/PNRH); CONAMA nº 420/2009, sobre qua-lidade do solo e diretrizes ambientais para o gerenciamentode áreas contaminadas; e CNRH nº107/2010, com diretri-zes para a rede nacional de monitoramento de águas sub-terrâneas. Sem dúvida, é o início de uma nova era de ges-tão da qualidade da água subterrânea, envolvendo muitasdificuldades e desafios. Mas, o assunto tem avançado. Já

existe um arcabouço legal implantado e iniciativas nacio-nais do PNAS em andamento. Menção seja feita as açõesda ANA e CPRM na consolidação de uma estrutura nacio-nal de informação e monitoramento, ferramentas funda-mentais para o processo de gestão.

Diante do cenário atual, se espera maior evolução naexecução das políticas de governo e iniciativas do setorprivado visando o controle e a gestão efetiva das águassubterrâneas. Na maior parte do país, o uso do recursoainda é exercido sem planejamento adequado, comocupação desordenada do solo em áreas de recarga eausência de saneamento, o que resulta em riscos po-tenciais de contaminação dos aquíferos. Os municípiossão responsáveis pela política de uso e ocupação dosolo que tem relação direta com a proteção das águassubterrâneas. O desafio posto é encontrar mecanismosque possibilitem a integração das ações da gestão demeio ambiente com a gestão de recursos hídricos. Égrande o risco de duas administrações distintas execu-tarem as mesmas tarefas. Ademais, é complicado pen-sar na consolidação de um acordo social para uma ba-cia hidrográfica visando à melhoria da qualidade e daquantidade de água, que resulte em compromissos degestão ambiental e de gestão de recursos hídricos deli-berados pelos comitês de bacias, ora para as águassuperficiais, ora para as águas subterrâneas.

O domínio das águas subterrâneas é dos estados.Entretanto, estas vêm sendo tratadas num programanacional, haja vista a necessidade da gestão integradae o fato que aquíferos quase sempre extrapolam os limi-tes das bacias, dos estados e dos países, o que exigemecanismos de articulação entre os envolvidos.

Os desafios são muitos. Existem lacunas nos conhe-cimentos dos domínios hidrogeológicos e desconheci-mento das normas legais sobre o tema. A articulaçãoentre os órgãos gestores é insuficiente e quaseinexistente entre os órgãos ambientais. A capacitaçãode recursos humanos, tecnológicos e financeiros parao processo de gestão é ainda precária. Temos um cená-rio difícil, de demandas crescentes e degradaçãoambiental, porém será necessário enfrentar os desafiose implementar progressivamente o sistema de gestãoda qualidade das águas subterrâneas.

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