32
Novo Regime dos Precatórios Municipais

Novo Regime dos Precatórios Municipaisunipublicabrasil.com.br/uploads/materiais/fdf21ed183377f930ceebb... · transparência de seus atos mantendo em sua página eletrônica um espaço

Embed Size (px)

Citation preview

Novo Regime dos

Precatórios Municipais

A Unipública

Conceituada Escola de Gestão Municipal do sul do país, especializada em capacitação

e treinamento de agentes públicos atuantes em áreas técnicas e administrativas de prefeituras,

câmaras e órgãos da administração indireta, como fundos, consórcios, institutos, fundações e

empresas estatais nos municípios.

Os Cursos

Com diversos formatos de cursos técnicos presenciais e à distância (e-

learning/online), a escola investe na qualidade e seriedade, garantindo aos alunos:

- Temas e assuntos relevantes e atualizados ao poder público

- Certificados de Participação

- Tira-dúvidas após a realização do curso

- Controle biométrico de presença (impressão digital)

- Corpo docente especializado e atuante na área

- Atendimento personalizado

- Rigor no cumprimento de horários e programações

- Fotografias individuais digitalizadas

- Material de apoio de qualidade

- Coffee Breaks em todos os períodos

-Acesso ao AVA (Ambiente Virtual do Aluno) onde será disponibilizado o certificado

de participação para impressão, grade programática, apostila digitalizada, material

complementar de apoio de acordo com os temas propostos nos cursos, chat com

outros alunos e contato direto com professores.

Público Alvo

- Servidores públicos municipais (secretários, diretores, contadores, advogados,

controladores internos, assessores, atuantes na área de licitação, recursos humanos,

tributação, saúde, assistência social e demais departamentos) .

- Vereança e Prefeitos (a)

Localização

Nossa sede está localizada em local privilegiado da capital do Paraná, próximo ao

Calçadão da XV, na Rua Clotário Portugal nº 39, com estrutura apropriada para realização de

vários cursos simultaneamente.

Feedback

Todos os cursos passam por uma avaliação criteriosa pelos próprios alunos,

alcançando índice médio de satisfação 9,3 no ano de 2014, graças ao respeito e

responsabilidade empregada ao trabalho.

Transparência

Embora não possua natureza jurídica pública, a Unipública aplica o princípio da

transparência de seus atos mantendo em sua página eletrônica um espaço específico para esse

fim, onde disponibiliza além de fotos, depoimentos e notas de avaliação dos alunos, todas as

certidões de caráter fiscal, técnica e jurídica.

Qualidade

Tendo como principal objetivo contribuir com o aperfeiçoamento e avanço dos

serviços públicos, a Unipública investe no preparo de sua equipe de colaboradores e com

rigoroso critério define seu corpo docente.

Missão

Preparar os servidores municipais, repassando-lhes informações e ensinamentos gerais

e específicos sobre suas respectivas áreas de atuação e contribuir com:

a) a promoção da eficiência e eficácia dos serviços públicos

b) o combate às irregularidades técnicas, evitando prejuízos e responsabilizações tanto

para a população quanto para os agentes públicos

c) o progresso da gestão pública enfatizando o respeito ao cidadão

Visão

Ser a melhor referência do segmento, sempre atuando com credibilidade e seriedade

proporcionando satisfação aos seus alunos e equipe de colaboradores.

Valores

Reputação ilibada

Seriedade na atuação

Respeito aos alunos e à equipe de trabalho

Qualidade de seus produtos

Modernização tecnológica de metodologia de ensino

Garantia de aprendizagem

Ética profissional

SEJA BEM VINDO!

BOM CURSO!

Telefone (41) 3323-3131 Sede Própria: Rua Desembargador Clotário Portugal, n° 39, Centro.

www.unipublicabrasil.com.br

Programação

Novo Regime dos Precatórios Municipais

1 Conceito e fundamentação

2 Emenda Constitucional 62

3 Resolução 115 do CNJ

4 RPV: requisição de pequeno valor:

a) enquadramentos

b) valor mínimo e máximo

c) ações coletivas

d) sucessores

e) honorários

f) oriunda de precatório

g) juros e correção aplicáveis

5 Precatórios Municipais:

a) prazos de pagamento

b) formas permitidas

c) regime especial

d) parcelamentos

e) acordos entre partes

f) leilão de precatórios

g) a atuação das câmaras de conciliação

h) compensação

6 Penalidades e Responsabilizações:

a) sequestro

b) compensação tributária

c) restrições e impedimentos

d) intervenção no município

e) responsabilização do prefeito

Professores:

Clayson do Nascimento Andrade: Assessor

Jurídico do Tribunal de Justiça-PR - Palestrante

- Especialista em Direito Administrativo

1

NOVO REGIME DOS PRECATÓRIOS

MUNICIPAIS

Clayson do Nascimento Andrade

O que é o precatório?

“Precatório ou ofício precatório é a solicitação que o juiz da execução faz ao

presidente do tribunal respectivo para que este requisite verba necessária ao pagamento do

credor de pessoa jurídica de direito público, em face de decisão judicial transitada em

julgado.” (D. O. de Oliveira).

“É ato administrativo de comunicação, possuindo, mais especificamente, a

característica de ato de comunicação interna, por intermédio do qual o Estado-Poder

Judiciário comunica-se com o Estado-Poder Executivo, dando-lhe notícia da condenação a

fim de que, ao elaborar o orçamento-programa para o próximo exercício, o valor

correspondente tenha sido incluído na previsão orçamentária.” (A. F. Oliveira).

Esse ato administrativo nasce como fruto de uma condenação – líquida e certa, com

trânsito em julgado – contra a Fazenda Pública.

2

A Fazenda Pública

“É a soma de todos os bens patrimoniais, públicos e privados de uma entidade de

direito público interno e dos seus rendimentos e rendas, impostos, taxas e outras

contribuições ou receitas não tributárias arrecadadas. É o Estado, financeiramente

considerado. Por outro lado, o conceito de Fazenda Pública é amplo, uma vez que,

atualmente, sem os adjetivos „federal‟, „estadual‟ ou „municipal‟, abrange, além da União

Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, as suas respectivas autarquias e

fundações públicas.” (A. L. M. da Silva).

Breves considerações acerca da execução contra a Fazenda

“A respeito dos efeitos do excesso de endividamento do Estado, acreditamos ser

oportuno ressaltar, antecipadamente, que, a nosso ver, o sistema atual de execução por

quantia certa contra a Fazenda Pública, no Brasil, bastante diferente da execução contra o

particular, nada mais é que um dos sintomas do sufocante endividamento do Estado, uma

vez que somente a extrema desordem financeira dos governos explica a criação desse

privilégio exclusivo, também chamado „precatório-requisitório‟, através do qual a Fazenda

Pública obtém meios legais de procrastinar, durante longo tempo, o pagamento da dívida

passiva cobrada judicialmente.” (A. L. M. da Silva)

Os bens públicos – cujo conceito está no art. 98 do CC (“São públicos os bens do

domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros

são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.”) – são inalienáveis e

considerados fora de comércio. Isso não quer dizer que não possam ser vendidos, mas que

estão sujeitos a regime distinto dos bens particulares.

Assim sendo, nas execuções por quantia certa contra a Fazenda não se pode utilizar

a apreensão e expropriação forçada, pois os bens públicos são inalienáveis. Nesse caso, se

promove uma execução sem penhora, ou seja, há eliminação dos atos coercitivos que são a

tônica do processo de execução. Dinamarco, inclusive, se refere às condenações contra a

Fazenda, falando em “condenações aparentes”, aludindo ao caráter meramente declaratório

destas condenações.

Importante lembrar que a discussão presente – o tema “precatórios” – está circunscrito

à execução por quantia certa. Vale dizer que nas outras modalidades de condenação

(obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa certa ou incerta) não há necessidade de recorrer

a esse instrumento, procedendo-se aqui em consonância com os respectivos procedimentos

previstos no CPC.

3

Em algumas situações, em consideração a um só fato, a execução pode se dar pelo

cumprimento específico – que é denominada medida executiva perfeita – e também,

concomitantemente, pelo equivalente – chamada medida executiva imperfeita (caso em que a

pretensão é satisfeita por um pagamento, estando sujeita ao precatório).

Exemplificando:

No caso de prestações atrasadas, correspondentes a mensalidades de indenização de

atos ilícitos ou aos vencimentos e outras vantagens de pagamento mensal devidos a

servidores públicos, cabe frequentemente um duplo direito: a) o de receberem mês a mês

prestações futuras e vincendas, ainda não devidas; e b) o de receberem atrasados, por

prestações passadas, de pagamentos não satisfeitos.

Continuando o exemplo:

Nessas situações, só serão postulados por precatório a satisfação das obrigações

retroativas. As constantes da letra „a‟ são cumpridas por simples pedido de inclusão dos

nomes dos beneficiários em folha de pagamento, correspondendo a uma obrigação de fazer.

Para isto o juiz expede ofício dirigido à pessoa de direito público, comunicando a obrigação

de incluir o interessado em suas folhas de pagamento.

No caso de descumprimento da obrigação de fazer, não fazer e entregar coisa, há a

possibilidade da cominação de astreintes (multa) que pode ser dirigida contra o ente estatal

ou contra o titular do ato ilícito. Na prática, quando as astreintes se voltam contra o ente

público, não há efetiva coerção, posto que a futura execução da multa estará submetida ao

regime de precatórios. O que poderia sim se traduzir em coerção seria aplicar a multa ao

titular do ato ilícito, todavia, a jurisprudência não tem admitido esta opção.

Jurisprudência:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. IMÓVEL

RURAL INVADIDO PELO MOVIMENTO DOS SEM TERRA. LIMINAR CONCESSIVA

DA ORDEM DE REINTEGRAÇÃO SUBSTITUÍDA NO DECORRER DO PROCESSO

PELA SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. PEDIDO DE APOIO POLICIAL AO PODER

EXECUTIVO DO ESTADO PARA DAR CUMPRIMENTO À DECISÃO. INÉRCIA QUE

SE PROLONGA HÁ VÁRIOS ANOS. (...)

DECISÃO JUDICIAL QUE COMINOU MULTA DIÁRIA A PRÓPRIA PESSOA DO

GOVERNADOR DO ESTADO PARA QUE DISPONIBILIZE A FORÇA PÚBLICA

REQUISITADA. AUSÊNCIA DE JURICIDADE. PRELIMINAR DE NULIDADE,

TODAVIA, AFASTADA. RECURSO PROVIDO PARA CASSAR A DECISÃO

AGRAVADA. 1. A multa de que trata a espécie não é aquela prevista pelos artigos 461 e

4

461-A do Código de Processo Civil, própria às obrigações de fazer ou não fazer ou de

entrega de coisa, cuidando-se, isso sim, de um meio de indução ao adimplemento de

obrigações processuais, a chamada astreinte endoprocessual, que pode ser imposta tanto à

parte como a terceiros. Preliminar de nulidade, afastada.

2. Em que pese à imperiosa necessidade de se conferir efetividade à prestação jurisdicional e

de se prestigiar a segurança jurídica, não se mostra jurídico estender-se à pessoa do

Governador sanção coercitiva cabível ao Estado (pessoa jurídica de direito público

interno), atingindo-se o seu patrimônio pessoal. 3. Com efeito, tal como orienta

precedente do Superior Tribunal de Justiça, "a extensão ao agente político de sanção

coercitiva aplicada à Fazenda Pública, ainda que revestida do motivado escopo de dar efetivo

cumprimento à ordem mandamental, lamentavelmente, está despida de juricidade.(...)

Inexistente norma expressa que alcance a pessoa física representante da pessoa jurídica de

direito público, não há como manter o julgado no ponto"(REsp 747.371-DF). (TJPR - 17ª

C.Cível - AI - 861732-5 - Cascavel - Rel.: José Carlos Dalacqua - Unânime - - J.

30.05.2012)

Por que o precatório?

O precatório, portanto, considerando que os bens públicos estão sujeitos a um regime

especial que não permite serem objeto da expropriação forçada, vem para atender a

necessidade de satisfazer o crédito que o credor tem contra a Fazenda Pública, mediante a

adoção de atos ordenados que permitam ao Estado preparar-se previamente (inclusão

orçamentária) para suportar financeiramente, no momento devido, a expropriação.

Formação do precatório

O juiz da execução, mediante requerimento da parte credora, determina a expedição

do precatório que deverá ser formado no cartório ou secretaria da vara. Esse ato deve ser

acompanhado do traslado de peças do processo principal. Formado o pedido, o mesmo

será remetido pelo juízo da execução ao presidente do tribunal que requisitará o pagamento

da pessoa jurídica de direito público executada.

A citação é indispensável para a validade do processo de execução por quantia certa;

Somente a partir da juntada do mandado de citação, devidamente cumprido, é que

começa a correr o prazo para que a Fazenda Pública ofereça os embargos;

A supressão do prazo para o oferecimento dos embargos do devedor, com expedição

de plano do precatório, é motivo para a nulidade do processo.

Requisitos do ato administrativo do precatório

5

Requisitos extrínsecos

- sentença condenatória, líquida e certa, transitada em julgado;

- existência da execução da sentença – mesmo não sendo processo o precatório, ele terá lugar

posteriormente ao cumprimento de todas as fases da execução, especialmente aquelas

pertinentes à liquidação da sentença, até que finalmente possa-se chegar ao momento

preconizado no art. 730 do CPC;

Requisitos do ato administrativo do precatório

- ofício do juiz prolator da sentença ao presidente do tribunal a que se encontra vinculado o

juízo;

- ofício requisitório do presidente do tribunal dirigido ao chefe do Poder Executivo ou

dirigente da entidade da Administração indireta, no qual solicita a inclusão da verba

correspondente ao valor da condenação no orçamento-programa do exercício seguinte,

quando apresentado o ofício até o dia primeiro de julho do ano em curso;

Requisitos intrínsecos

- competência – somente o presidente do tribunal do qual emanou a decisão possui atribuição

para praticar o ato administrativo do precatório;

- forma – tem o precatório a forma de comunicação entre o titular da chefia do tribunal e

aquele que exerce idêntica atribuição na entidade devedora;

- finalidade – dar execução à decisão judicial;

- motivo – reconhecimento do Poder Judiciário de obrigação da Fazenda Pública de dar

quantia certa a alguém;

- objeto – dar ciência ao Poder Executivo de um débito contra si, apurado e tornado definitivo

no âmbito do Judiciário.

Competência para expedição do precatório (ofício requisitório)

Em se tratando de decisão da justiça comum estadual, a competência para expedição é

do presidente do tribunal de justiça do Estado;

Tratando-se de decisão trabalhista, a competência é do presidente do TRT, mesmo

quando o ente devedor é ligado à esfera estadual ou municipal.

Natureza jurídica do ofício requisitório

A natureza é administrativa e não judicial. É uma comunicação entre chefes de

poderes estatais. Como consequência, é possível manejar mandado de segurança contra o ato.

6

Neste sentido, há diversas decisões do STJ, sendo matéria, inclusive, sumulada:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.

PRECATÓRIO COMPLEMENTAR. PRESIDENTE DO TRIBUNAL. ORDEM DE

EXPEDIÇÃO. AUSÊNCIA DE CARÁTER JURISDICIONAL. SÚMULA 311/STJ.

DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.

AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. NECESSIDADE DE

INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO TIDO POR VIOLADO. DEFICIÊNCIA DE

FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-

PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 07/STJ. RECURSO ESPECIAL

PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, DESPROVIDO.

(REsp 814.381/MA, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA,

julgado em 14/09/2010, DJe 22/09/2010)

“STJ Súmula nº 311 - 11/05/2005 - DJ 23.05.2005

Atos do Presidente do Tribunal - Processamento e Pagamento de Precatório - Caráter

Jurisdicional

Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento

de precatório não têm caráter jurisdicional.”

“STF Súmula nº 733 - 26/11/2003 - DJ de 9/12/2003, p. 2; DJ de 10/12/2003, p. 2; DJ de

11/12/2003, p. 2.

Recurso Extraordinário em Processamento de Precatórios - Cabimento

Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de

precatórios.”

Nota do professor: De acordo com o art. 102, III da CF/88, segundo entendimento do

STF, o RE é oponível a decisões judiciais de última ou única instância.

Informativo nº 242 do STF

Precatório: Natureza Administrativa Não cabe recurso extraordinário contra decisão

proferida no processamento de precatórios já que esta tem natureza administrativa e não

jurisdicional, inexistindo, assim, causa decidida em última ou única instância por órgão do

Poder Judiciário no exercício de função jurisdicional. Com base nesse entendimento, a Turma

não conheceu de recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do

Estado de São Paulo que, em sede de agravo regimental, mantivera despacho do Presidente

7

daquela Corte que indeferira pedido de sequestro de bens do Estado - em que se alegava

preterição na ordem cronológica de pagamento de precatório de natureza alimentícia.

Precedente citado: RE (AgRg) 213.696-SP (DJU de 6.2.98).RE 311.487-SP, rel. Min.

Moreira Alves, 18.9.2001. (RE-311487)

Cumprimento do Precatório

A primeira fase administrativa do precatório, no âmbito do Judiciário, sinaliza o final

da atividade judicante na ação e encerra-se com a remessa do ofício requisitório;

O recebimento do requisitório pela chefia da entidade devedora marca o início da fase

administrativa do precatório na seara do Executivo

Recebido o precatório até 1º de julho, o valor respectivo deverá constar no orçamento

do exercício seguinte, sob pena de, em não o fazendo, caracterizar situação ensejadora de

intervenção federal ou estadual (conforme o devedor);

A entidade devedora incluirá o precatório no orçamento, alocando recursos para seu

pagamento. Deverá, para isso, observar a ordem cronológica de apresentação dos precatórios,

obedecendo o critério da antiguidade dos créditos. Nesse momento elabora/atualiza lista do

rol de pagamentos, estabelecendo a precedência entre eles.

Depois da inclusão no orçamento, se inicia a segunda fase administrativa do

precatório no âmbito do Poder Judiciário. Neste momento, ocorre o repasse do recurso

correspondente ao tribunal, cabendo-lhe, a partir de então, expedir o alvará para

levantamento do valor depositado.

Se a demanda condenatória decorrer de fato havido no âmbito do Legislativo (ex.

servidor da Câmara com crédito constituído em seu favor) é preciso ter em mente que quem

foi condenado não foi o órgão ou o Poder Legislativo – que não tem personalidade jurídica –

e sim o Estado por meio do Executivo, pois este é o titular do direito – pessoa jurídica – que

possui, inclusive, competência privativa para iniciar o processo legislativo da lei

orçamentária, fazendo nela incluir o precatório;

Nessa situação, quando ocorrer repasse do duodécimo, o valor correspondente ao

precatório deverá ser contabilizado como tendo sido creditado;

No âmbito judiciário, na segunda fase administrativa, para o pagamento se

concretizar, o precatório deve passar pela fase da liquidação prevista no art. 63 da Lei nº

4.320/64:

Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo

credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:

8

I - a origem e o objeto do que se deve pagar;

II - a importância exata a pagar;

III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.

Depois da liquidação (administrativa e não judicial) é emitido empenho em favor do

credor do precatório, obedecida a ordem cronológica, sendo, então, promovido o pagamento

mediante emissão de ordem de pagamento, cheque ou depósito bancário em conta corrente do

credor.

Disciplina Processual - Art. 730 e 731 do CPC

Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para

opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as

seguintes regras:

I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;

II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo

crédito.

Art. 730 e 731 do CPC

Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que

expediu a ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar o

seqüestro da quantia necessária para satisfazer o débito.

Pessoas jurídicas abrangidas pelo procedimento especial de execução:

A execução por quantia certa sem penhora somente abrange as pessoas jurídicas de

direito público. Da Administração indireta aí se incluem apenas as autarquias e fundações

públicas, uma vez que somente elas são entidades de direito público, por isso são

beneficiadas pelo privilégio de integrarem a Fazenda Pública.

Pessoas jurídicas abrangidas pelo procedimento especial de execução:

As empresas públicas e as sociedades de economia mista e outras entidades que

explorem atividade econômica não são beneficiadas pela execução por quantia certa sem

penhora, em virtude de serem pessoas jurídicas de direito privado, constituídas de capitais

exclusivamente público ou misto de público e privado.

Pessoas jurídicas abrangidas pelo procedimento especial de execução:

Resumo:

- Entes públicos da Administração Direta;

- Autarquias;

9

- Fundações públicas (de natureza autárquica).

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. FUNDAÇÃO PÚBLICA. EXECUÇÃO.

ARTIGO 730 DO CPC.

1. A instância ordinária constatou que a recorrente, Fundação Instituto Tecnológico de

Osasco – FITO, foi criada por lei para a prestação de serviços essencialmente públicos e

mantida, primordialmente, por dotações orçamentárias do Município de Osasco.

2. Tratando-se de fundação pública, a natureza jurídica é de direito público, os seus bens são

impenhoráveis.

3. A execução contra ela movida deve obedecer ao disposto no artigo 100 da Constituição

Federal e no artigo 730 do Código de Processo Civil.

4. Recurso especial provido.

(STJ, REsp 207767/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em

20/11/2008, DJe 12/12/2008)

DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.

SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. REENQUADRAMENTO. EXECUÇÃO. ART. 730

DO CPC. VIOLAÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. PARANAPREVIDÊNCIA. PESSOA

JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. INAPLICABILIDADE DOS BENEFÍCIOS

PROCESSUAIS INERENTES À FAZENDA PÚBLICA. PRECEDENTE DO SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL.

1. A PARANAPREVIDÊNCIA não pode usufruir das prerrogativas processuais destinados

à Fazenda Pública, tendo em vista tratar-se de pessoa jurídica de Direito Privado (Lei

12.398/98 do Estado do Paraná).

2. Desse modo, não há falar em violação ao art. 730 do CPC, pois a prerrogativa nele

contida é, e tão-somente, inerente à Fazenda Pública, situação jurídica em que a recorrente

não se enquadra.

3. O colendo Supremo Tribunal Federal já teve oportunidade de afirmar que as

prerrogativas processuais da Fazenda Pública não são extensivas à

PARANAPREVIDÊNCIA, nem a outros serviços autônomos (AI-RG 349.477/PR, Rel.

Min. CELSO DE MELLO, DJU 28.02.2003).

4. Recurso Especial a que se nega provimento.

(STJ, REsp 968080/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA

TURMA, julgado em 14/10/2008, DJe 17/11/2008)

10

Títulos executivos sujeitos ao procedimento especial:

Por óbvio, o título executivo judicial é apto a embasar a execução contra a Fazenda.

O regime especial de execução aqui tratado não impede a utilização de títulos

executivos extrajudiciais, pois é mantida a impossibilidade da expropriação forçada, sendo o

procedimento sujeito, obrigatoriamente, aos trâmites do art. 730 e 731 do CPC.

Por óbvio, o título executivo judicial é apto a embasar a execução contra a Fazenda.

O regime especial de execução aqui tratado não impede a utilização de títulos

executivos extrajudiciais, pois é mantida a impossibilidade da expropriação forçada, sendo

o procedimento sujeito, obrigatoriamente, aos trâmites do art. 730 e 731 do CPC.

Súmula nº 279 – STJ

DJ 16/06/2003

“É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública.”

STJ. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE DEVEDOR.

EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS.

VIABILIDADE. SÚMULA 279/STJ.

1. Notas de empenho e autorizações de despesas são documentos públicos e, portanto, hábeis

à execução, por expressa determinação legal (art. 566 do CPC).

2. No presente caso, verifica-se que a ação de execução fundou-se em notas fiscais

acompanhadas do devido conhecimento do Departamento de Transportes, assinadas por

servidores da Secretaria de Saúde, atestando o recebimento das mercadorias em perfeito

estado. Ainda, foi fundada em notas de empenho expedidas pelo próprio Estado executado,

com fundamento na Lei nº 4.320/64, em seus arts. 58, 60, 61 e 63, e também em notas de

autorização de despesas: títulos executivos, a teor do estabelecido no art. 364 do CPC.

3. A Súmula nº 279 determina que é cabível a execução por título extrajudicial contra a

Fazenda Pública, sendo bastante a apresentação de nota de empenho. No caso, além desta, há

notas fiscais e notas de autorização de despesas, suficientes para embasar o executivo.

4. Recurso especial provido.

(STJ, REsp 793969/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, Rel. p/ Acórdão

Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/02/2006, DJ 26/06/2006,

p. 125)

EXECUÇÃO. PRETENSÃO RESPALDADA EM NOTAS DE EMPENHO EMITIDAS

PELA MUNICIPALIDADE EXECUTADA. AUSÊNCIA DE ASSINATURA DO

11

DEVEDOR. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL NÃO CONFIGURADO.

CARÊNCIA DA AÇÃO EXECUTIVA POR FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL.

EXTINÇÃO DO PROCESSO.

Por não revelarem a liquidez, certeza e exigibilidade do crédito reclamado, vez que

ausentes de assinatura da autoridade competente da municipalidade devedora, não se

caracterizam as notas de empenho como títulos executivos extrajudiciais, impondo-se a

extinção do processo executivo, por falta de interesse processual. APELAÇÃO

CONHECIDA E DESPROVIDA. SENTENÇA CONFIRMADA EM SEDE DE REEXAME

NECESSÁRIO.

(TAPR - Segunda C.Cível (extinto TA) - AC - 204665-1 - Manoel Ribas - Rel.: Edgard

Fernando Barbosa - Unânime - - J. 25.06.2003)

Prazo para a oposição de embargos à execução:

“Art. 730... citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias...”

Lei nº 9.494/97, Art. 1º-B:

“O prazo a que se refere o caput dos arts. 730 do Código de Processo Civil, e 884 da

Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de

1943, passa a ser de trinta dias” (incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

TJPR. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE

TÍTULO JUDICIAL. PRAZO PARA OPOSIÇÃO. CONFLITO ENTRE A REGRA DO

ART. 730 DO CPC E DO ART. 1º-B DA LEI Nº 9.494/97, CUJO DISPOSITIVO FOI

INCLUSO PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.180-35/2001. POSICIONAMENTO DO

STF NO SENTIDO DE MANUTENÇÃO DO PRAZO DE TRINTA DIAS ATÉ A

DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE OU REVOGAÇÃO DO

DISPOSITIVO POR NORMA POSTERIOR. TEMPESTIVIDADE DO INCIDENTE.

SENTENÇA ANULADA. RECURSO PROVIDO. "Nos termos do art. 2º da EC n. 32/2001,

as medidas provisórias anteriormente editadas „continuam em vigor até que medida

provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso

nacional‟.

O prazo para a interposição de embargos à execução pela Fazenda Pública

passou de 10 (dez) para 30 (trinta) dias, desde a edição da Medida Provisória n. 1.984-

16 (hoje MP 2.180-35), espécie normativa com vigência imediata, que introduziu no

ordenamento jurídico a modificação do art. 730 do Diploma Processual" (STJ - 5ª T., Resp

12

641.828, Min. José Arnaldo, j. 28.9.05, DJe 7.11.05). No mesmo sentido: STJ - 1ª T., Resp

573.938, Min. José Delgado, j. 18.12.03, DJe 22.3.04). f. 2

(TJPR - 1ª C.Cível - AC - 926652-2 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de

Curitiba - Rel.: Fernando César Zeni - Unânime - - J. 04.12.2012)

O prazo de 30 dias para embargar é peremptório. Não há como ser estendido.

Os embargos não são recurso ou contestação; são ação incidental.

Assim, não se aplica o disposto no art. 188 do CPC, que dispõe: “computar-se-á em

quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer, quando a parte for a Fazenda

Pública ou o Ministério Público.”

O que a Fazenda Pública poderá alegar nos embargos à execução?

- Execução fundada em título judicial - matérias do art. 741 do CPC:

I - falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II - inexigibilidade do título;

III - ilegitimidade das partes; IV - cumulação indevida de execuções; V – excesso de

execução; VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como

pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à

sentença; Vll - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do

juiz.

- Título extrajudicial - as defesas previstas no art. 745 do CPC:

I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; II - penhora incorreta ou

avaliação errônea; III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; IV -

retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa

(art. 621); V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de

conhecimento.

- Título extrajudicial - as defesas previstas no art. 745 do CPC:

I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; II - penhora incorreta ou

avaliação errônea; III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; IV -

retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa

(art. 621); V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de

conhecimento.

Depois de liquidado o valor e não opostos os embargos, tendo sido expedido o

precatório, é possível discutir o quantum da execução?

Sim, mas somente no que disser respeito à correção de erros materiais ou inexatidões

nos cálculos de atualização dos valores requisitados.

13

Esta correção poderá ser requerida ou realizada de ofício a qualquer tempo, sem que

se demonstre necessário adotar formalidades específicas.

Depois de liquidado o valor e não opostos os embargos, tendo sido expedido o

precatório, é possível discutir o quantum da execução?

Sim, mas somente no que disser respeito à correção de erros materiais ou inexatidões

nos cálculos de atualização dos valores requisitados.

Esta correção poderá ser requerida ou realizada de ofício, a qualquer tempo, sem que

se demonstre necessário adotar formalidades específicas.

STF:

PRECATÓRIO - ATUALIZAÇÃO DE VALORES - ERROS MATERIAIS -

INEXATIDÕES - CORREÇÃO - COMPETÊNCIA. Constatado erro material ou inexatidão

nos cálculos, compete ao Presidente do Tribunal determinar as correções, fazendo-o a partir

dos parâmetros do título executivo judicial, ou seja, da sentença exequenda. (ADI 1098,

Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 11/09/1996, DJ 25-10-

1996)

STF:

PRECATÓRIO - ATUALIZAÇÃO DE VALORES - ERROS MATERIAIS -

INEXATIDÕES - CORREÇÃO - COMPETÊNCIA. Constatado erro material ou inexatidão

nos cálculos, compete ao Presidente do Tribunal determinar as correções, fazendo-o a partir

dos parâmetros do título executivo judicial, ou seja, da sentença exequenda. (ADI 1098,

Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 11/09/1996, DJ 25-10-

1996)

Importante consideração de Américo Luís Martins da Silva (na obra “Precatório Requisitório

e RPV”):

“... Quando os valores da condenação atingem patamares muito acima dos limites da

razoabilidade, autorizando que se presuma a ocorrência de sérios equívocos na sua apuração,

mesmo não se encontrando erros meramente aritméticos, alguns tribunais têm admitido a

reformulação da liquidação da sentença de mérito transitada em julgado, ou seja, o expurgo

de valore homologados por sentença de liquidação na elaboração de novos cálculos pelo

Juízo da execução. (...)

Tal excepcionalidade tem sido justificada sob o argumento de que o processo judicial

contra entidade pública exige máxima aplicação do julgador, não apenas em consequência

14

das altas quantias que ele envolve, como também, e principalmente, considerando o princípio

da moralidade administrativa. (...) Se é certo que à Fazenda Pública cabe cuidar dos seus

interesses, não é menos certo que se trata na hipótese da coisa pública, não podendo o Juízo

quedar-se inerte em face das irregularidades existentes nos processos judiciais. Assim, a coisa

julgada não pode constituir proteção ao recebimento de valores absurdos, que refogem ao

limite da razoabilidade, e nem proteção a obtenção de vantagens irregulares.” (p. 157/158)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA.

DECISÃO AGRAVADA QUE INDEFERIU PEDIDO DE CORREÇÃO DE ERRO E

ILEGALIDADE NOS CÁLCULOS DOS VALORES EXEQUENDOS JÁ OBJETO DE

PRECATÓRIOS. CONSTATAÇÃO DE INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA

CAPITALIZADOS NO REFERIDO CÁLCULO, TANTO DO PRINCIPAL QUANTO DOS

HONORÁRIOS. AINDA, SUPOSTO ERRO QUANTO AO VALOR PRINCIPAL DA

DÍVIDA. FUNDAMENTO DO "DECISUM" OBJURGADO NA EXISTÊNCIA DE

PRECLUSÃO QUANTO A MATÉRIA. CÁLCULO CONFIRMADO POR LIQUIDAÇÃO

SUBMETIDA A ESTE TRIBUNAL MEDIANTE RECURSO. CONTUDO, PRECLUSÃO

INEXISTENTE. MATÉRIA REFERENTE À CAPITALIZAÇÃO DE JUROS QUE NÃO

FOI OBJETO DE APRECIAÇÃO NA FASE DE LIQUIDAÇÃO.

OFENSA À COISA JULGADA DA SENTENÇA DO PROCESSO DE CONHECIMENTO,

A QUAL NÃO PREVIU A INCIDÊNCIA DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. MAIS

AINDA, TERMOS DA SENTENÇA A CORROBORAR COM A TESE DE QUE A

CAPITALIZAÇÃO FOI AFASTADA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA.

CONHECIMENTO E APRECIAÇÃO A QUALQUER TEMPO OU GRAU DE

JURISDIÇÃO. PRECEDENTES DO STJ NO SENTIDO DE QUE A LIQUIDAÇÃO

EM DESCOMPASSO COM A SENTENÇA LIQUIDANDA CONSUBSTANCIA-SE

EM ERRO MATERIAL CORRIGÍVEL A QUALQUER TEMPO. NOVO CÁLCULO

QUE DEVE, PORTANTO, SER DEFERIDO, TANTO NO QUE SE REFERE AO VALOR

PRINCIPAL QUANTO AOS HONORARIOS. MANUTENÇÃO, CONTUDO, DO VALOR

PRINCIPAL ORIGINAL DA DÍVIDA ANTE A NÃO DEMONSTRAÇÃO DE

QUALQUER ILEGALIDADE QUANTO AO SEU CÁLCULO. (...). AGRAVO PROVIDO

EM PARTE.

(TJPR - 5ª C.Cível - AI - 813683-0 - Comarca de Curitiba - Rel.: Rogério Ribas - Unânime -

- J. 22.05.2012)

15

Atualização – precatórios já expedidos:

Os valores expressos nos precatórios devem ser corrigidos pela própria Administração

até a data em que ocorrer o pagamento do precatório. Isso objetiva fazer com que a execução

não se torne eterna. No caso em que a entidade executada deixe de promover a atualização, a

autoridade responsável incorrerá em crime de desobediência à ordem judicial e o tribunal

poderá sequestrar (bloquear) as diferenças, já que haverá a preterição parcial do exequente. O

§ 5º do art. 100 da CF/88 respalda este entendimento.

Sistemática constitucional do sistema de precatórios

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e

Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem

cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a

designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais

abertos para este fim.

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários,

vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e

indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de

sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os

demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.

§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade

ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave,

definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até

o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo,

admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem

cronológica de apresentação do precatório.

§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica

aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas

referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos

às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o

mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.

§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba

necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado,

16

constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento

até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder

Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o

pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de

preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor

necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.

§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou

tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade

e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça.

§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor

pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de

enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.

§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação,

deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos

e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda

Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja

execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.

§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora,

para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação

sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele

previstos.

§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a

entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente

federado.

§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de

requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua

natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança,

e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros

incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros

compensatórios.

§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros,

independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto

nos §§ 2º e 3º.

17

§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de

petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora.

§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal

poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados,

Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e

prazo de liquidação.

§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de

precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.

EC nº 62/09

Alterou o art. 100 da CF e o art. 97 da ADCT

Principais alterações e o que foi mantido:

- novidade da preferência aos créditos alimentares dos portadores de doenças graves e dos

maiores de 60 anos;

- permanência da exclusão dos créditos de pequeno valor do regime de precatórios

- vedação expressa de fracionamento para casos de litisconsórcio ativo, sem distinguir o

simples do unitário

- ampliação dos casos de sequestro (rectius, bloqueio) de contas públicas, a ser postulado

pela parte em caso de não alocação orçamentária do montante necessário ao pagamento do

crédito. Antes, o bloqueio só era autorizado quando havia a preterição da ordem cronológica

de pagamento;

- compensação fiscal promovida no momento da expedição do precatório

(independentemente da concordância do credor do precatório);

- faculdade do credor utilizar o precatório para compra de imóveis públicos do respectivo

ente federado;

- possibilidade de cessão do crédito a terceiros, total ou parcial, independentemente da

concordância do devedor, que só deve ser comunicado da cessão (bem como o Tribunal) para

que esta produza efeitos;

- vinculação da atualização de valores dos precatórios ao índice de remuneração básica da

poupança

Declaração parcial de inconstitucionalidade da Emenda - ADIns 4.357 e 4.425

Do Art. 100 foram julgados inconstitucionais os §§ 2º (parcial), 9º, 10, 12 e 15,

respectivamente: a expressão “na data de expedição do precatório”; a compensação unilateral

18

dos créditos dos precatórios (§§ 9º e 10); a adoção do índice da caderneta de poupança como

taxa de correção monetária dos débitos; o regime especial para pagamento materializado no

art. 97 da ADCT (Atos das Disposições Constitucionais Transitórias).

Inconstitucionalidade de todo o Art. 97 da ADCT:

Parcelamento e “leilões reversos”. Nos termos do voto do relator, ministro Ayres

Britto, os dois modelos especiais para pagamento de precatórios afrontam a ideia central do

Estado democrático direito, violam as garantias do livre e eficaz acesso ao Poder Judiciário,

do devido processo legal e da duração razoável do processo, além de afrontarem a

autoridades das decisões judiciais, ao prolongar, compulsoriamente, o cumprimento de

sentenças judiciais com trânsito em julgado.

Modulação de efeitos do julgamento de inconstitucionalidade: Na sessão plenária de

25/03/15, o plenário do STF concluiu a modulação dos efeitos da decisão que declarou

parcialmente inconstitucional o regime especial de pagamento de precatórios estabelecido

pela EC 62/09. Por maioria, os ministros concordaram com a proposta de modulação

apresentada pelos ministros Barroso e Fux, que compilou as sugestões e divergências

apresentadas em votos já proferidos.

A decisão do plenário, que julgou parcialmente procedente as ADIns 4.357 e

4.425, ficou modulada nos seguintes termos:

1.Modulação de efeitos que dê sobrevida ao regime especial de pagamento de precatórios,

instituído pela EC 62/09, por 5 exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de

2016.

2.Conferir eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade dos seguintes aspectos

da ADIn, fixando como marco inicial a data de conclusão do julgamento da presente questão

de ordem (25/3/15) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou pagos até esta data, a

saber:

2.1. Fica mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de

poupança (TR), nos termos da EC 62/09, até 25/3/15, data após a qual (i) os créditos em

precatórios deverão ser corrigidos pelo IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo

Especial) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os mesmos critérios pelos quais a

Fazenda Pública corrige seus créditos tributários; e

2.2. Ficam resguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração pública

Federal, com base nos arts. 27 das leis 12.919/13 e 13.080/15, que fixam o IPCA-E como

índice de correção monetária.

19

3.Quanto às formas alternativas de pagamento previstas no regime especial:

3.1. Consideram-se válidas as compensações, os leilões e os pagamentos à vista por ordem

crescente de crédito previstos na EC 62/09, desde que realizados até 25/3/15, data a partir da

qual não será possível a quitação de precatórios por tais modalidades;

3.2. Fica mantida a possibilidade de realização de acordos diretos, observada a ordem de

preferência dos credores e de acordo com lei própria da entidade devedora, com redução

máxima de 40% do valor do crédito atualizado.

4. Durante o período fixado de 5 anos, ficam mantidas:

(i) a vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos

precatórios (art. 97, § 10, do ADCT; v. § 2º) e

(ii) as sanções para o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao pagamento

de precatórios (art. 97, §10, do ADCT).

5. Delegação de competência ao Conselho Nacional de Justiça para que considere a

apresentação de proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de 50% dos

recursos da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de precatórios e (ii) a

possibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com o

estoque de créditos inscritos em dívida ativa até 25/3/15, por opção do credor do precatório.

6. Atribuição de competência ao CNJ para que monitore e supervisione o pagamento dos

precatórios pelos entes públicos na forma da presente decisão.

No caso da compensação de precatórios vencidos com a dívida ativa, a decisão não

tem aplicação imediata, uma vez que o plenário delegou ao CNJ a regulamentação do tema,

com a apresentação ao STF de uma proposta normativa. Também caberá ao CNJ, nos

mesmos termos, a regulamentação do uso compulsório de 50% dos depósitos judiciais

tributários no pagamento de precatórios.

Consequências da modulação de efeitos:

1. A decisão de inconstitucionalidade terá efeitos ex nunc ou prospectivos, a partir

de 25/3/2015, de modo que as formas alternativas de pagamentos (compensações, os leilões e

os pagamentos à vista por ordem crescente de crédito), bem como a atualização monetária e

juros de mora pelo índice de remuneração básica da caderneta de poupança (TR) realizados

até a mencionada data são considerados válidos;

2. Os precatórios alimentares dos maiores de 60 anos e portadores de doenças graves têm

prioridade absoluta de pagamento. A idade deveria ser aferida no momento da expedição do

precatório. Com a declaração de inconstitucionalidade de expressão “na data da expedição do

20

precatório”, a preferência se estende aos credores que completarem 60 anos enquanto

aguardam o pagamento;

3. Não é mais possível abater do valor do precatório, a título de compensação, os débitos

líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa, do credor original pela Fazenda Pública,

no momento da expedição do precatório, por violação ao devido processo legal. O STF

delegou ao CNJ a formulação de proposta normativa para possibilitar a compensação de

créditos próprios ou de terceiros, com créditos inscritos em dívida ativa até 25/3/2015,

mas por opção do credor;

4. O índice de remuneração básica da caderneta de poupança (TR) não poderá ser utilizado

para atualização monetária do crédito, nem a título de juros moratórios, a partir de

25/3/2015;

5. Após 25/3/2015 os créditos deverão ser atualizados (correção monetária) pelo Índice de

Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e os precatórios tributários deverão

observar os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários;

6. Declarada a inconstitucionalidade por arrastamento (ou por reverberação normativa) do

art. 5º da Lei Federal nº 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei Federal nº

9.494/97, os juros de mora nas condenações contra a Fazenda Pública serão limitados a 6%

ao ano, nos termos da Medida Provisória nº 2.180-35/2001, que acrescentou o art. 1º-F à Lei

nº 9.494/97;

“Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua

natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da

mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de

remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.”

7. Os juros compensatórios continuam excluídos dos valores requisitados;

8. Aos precatórios de natureza tributária (débito da Fazenda Pública) se aplica o índice de

atualização incidente nos créditos tributários (crédito da Fazenda Pública), qual seja, “taxa

SELIC”, pois declarada inconstitucional a expressão “independentemente de sua natureza”

presente no § 12 do art. 100 da CF;

9. As formas alternativas de pagamentos (compensações, os leilões e os pagamentos à

vista por ordem crescente de crédito) foram revogadas, mantendo-se válidas as realizadas até

25/3/2015;

7. Os acordos diretos (inciso III do § 8º do art. 97 do ADCT) permanecem válidos, devendo

ser observada a ordem de preferência dos credores e de acordo com lei própria da entidade

devedora, com redução máxima de 40% do valor do crédito atualizado (antes do deságio era

de até 50% - cf. art. 20, § 2º, b, da Res. 115/10). Não proíbe que a lei da entidade devedora

21

fixe o deságio no máximo. O edital de convocação deve observar a ordem de preferência,

garantindo ao primeiro colocado a preferência na realização do acordo;

Atualização das dívidas da Fazenda Pública em condenações judiciais

As decisões havidas no âmbito das ADIns retromencionadas não propuseram solução

para a correção das dívidas da Fazenda Pública no interstício entre a ocorrência do fato

gerador do direito e a efetiva inscrição do precatório. Sendo assim, as considerações

realizadas a propósito da inconstitucionalidade do art. 5º da Lei

Requisição de Pequeno Valor (RPV)

Os créditos definidos em lei como de pequeno valor não se submetem ao regime dos

precatórios.

“§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica

aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas

referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.”

“§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores

distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas,

sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência

social.”

Resolução CJF nº 168/11

Art. 3º Considera-se Requisição de Pequeno Valor – RPV aquela relativa a crédito cujo valor

atualizado, por beneficiário, seja igual ou inferior a:

I – sessenta salários mínimos, se a devedora for a Fazenda federal (art. 17, § 1º, da Lei n.

10.259, de 12 de julho de 2001);

II – quarenta salários mínimos ou o valor estipulado pela legislação local, se a devedora for a

Fazenda estadual ou a Fazenda distrital, não podendo a lei fixar valor inferior ao do maior

benefício do regime geral de previdência social;

III – trinta salários mínimos ou o valor estipulado pela legislação local, se a devedora for a

Fazenda municipal, não podendo a lei fixar valor inferior ao do maior benefício do regime

geral de previdência social.

Os limites estaduais e municipais decorrem da previsão do art. 13, § 3º, I e II da Lei nº

12.153/09:

“§ 2o As obrigações definidas como de pequeno valor a serem pagas independentemente de

precatório terão como limite o que for estabelecido na lei do respectivo ente da Federação.

22

§ 3o Até que se dê a publicação das leis de que trata o § 2

o, os valores serão:

I – 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos Estados e ao Distrito Federal;

II – 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos Municípios.”

É permitido, então, aos Estados e Municípios fixarem limites distintos para fins de

requisição de pequeno valor, por meio de lei ordinária, devendo ser respeitado o limite

constitucional mínimo, que corresponde ao valor do maior beneficio do regime geral de

previdência social que, hoje, equivale a R$ 4.159,00.

O credor pode renunciar ao valor do crédito que excede o considerado como

obrigação de pequeno valor, para que haja a dispensa de expedição de precatório e possa

proceder a execução através do regime de requisição de pequeno valor.

Frisa-se que não é permitido ao credor o fracionamento do crédito com a finalidade de

receber parte do valor pelo regime de requisição de pequeno valor e parte por meio de

expedição de precatório.

Admite-se fracionamento do crédito quando, em uma mesma ação, existir exequentes

em litisconsórcio e a condenação não for unânime entre eles. Nesse caso, é franqueado o

fracionamento e a quantia que se enquadrar dentro do limite da RPV será feita por meio desse

procedimento; as que excederem o valor, serão feitas através da expedição de precatório.

Admite-se, ainda, o fracionamento do crédito para o recebimento dos honorários

advocatícios sucumbenciais. Assim, ainda que o valor da condenação exija a expedição de

precatório, os honorários advocatícios sucumbenciais, desde que não exceda a quantia

estabelecida para requisição de pequeno valor, poderá ser executado através desse

procedimento.

A execução de quantia certa em face da Fazenda Pública, feita através do regime de

requisição de pequeno valor não dispensa a necessidade de um futuro processo de execução,

sendo que somente elimina a necessidade de expedição de precatório. Ou seja, aplica-se o

procedimento dos arts. 730 e 731. Ao final, em vez do precatório, obtém-se ordem de

pagamento, devendo a Fazenda creditar o valor respectivo, sob pena de sequestro.

O juiz da causa possui competência para requisitar diretamente ao representante do

órgão estatal o pagamento da quantia devida, o que não ocorre dentro da sistemática dos

precatórios, sendo necessário encaminhar a requisição de pagamento ao presidente do

respectivo tribunal.

Prazo para pagamento da RPV:

23

Art. 13. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da

decisão, o pagamento será efetuado:

I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da entrega da requisição do juiz à

autoridade citada para a causa, independentemente de precatório, na hipótese do § 3o do art.

100 da Constituição Federal

Leilão/Acordos em câmara de conciliação

ADCT, art. 97, § 6º:

“Pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recursos de que tratam os §§ 1º e 2º deste artigo

serão utilizados para pagamento de precatórios em ordem cronológica de apresentação,

respeitadas as preferências definidas no § 1º, para os requisitórios do mesmo ano e no § 2º do

art. 100, para requisitórios de todos os anos.”

§ 8º A aplicação dos recursos restantes dependerá de opção a ser exercida por Estados,

Distrito Federal e Municípios devedores, por ato do Poder Executivo, obedecendo à seguinte

forma, que poderá ser aplicada isoladamente ou simultaneamente:

I - destinados ao pagamento dos precatórios por meio do leilão;

II - destinados a pagamento a vista de precatórios não quitados na forma do § 6° e do inciso I,

em ordem única e crescente de valor por precatório;

III - destinados a pagamento por acordo direto com os credores, na forma estabelecida por lei

própria da entidade devedora, que poderá prever criação e forma de funcionamento de

câmara de conciliação.

A Resolução nº 115 do CNJ prevê mecanismos para efetivar estas vias do pagamento

do precatório em seus arts. 27 a 31.

No Estado do Paraná a Lei Estadual nº 17.082 é quem estabelece as diretrizes para a

materialização das soluções apresentadas no § 8º do art. 97 da ADCT.

Sequestro

CF, art. 100, § 6º: “As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados

diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão

exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e

exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não

alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da

quantia respectiva.”

A Resolução nº 115 do CNJ, em seus arts. 33 e 34, prevê o procedimento para a

efetivação do sequestro, dispondo, dentre outros dispositivos, que:

24

Art. 33, § 5º: “Havendo necessidade de sequestro de recursos financeiros, este

procedimento será realizado pelo Presidente do Tribunal, por meio do convênio „Bacen-Jud”.

Processo civil. Execução de sentença. Dívida de pequeno valor. Requisição de

pagamento de obrigações de pequeno valor (RPV). Descumprimento do prazo legal para

pagamento. Sequestro de valores. Possibilidade. Previsão legal. Decisão reformada.Recurso

provido.

(TJPR - 1ª C.Cível - AI - 953233-4 - Maringá - Rel.: Salvatore Antonio Astuti - Unânime - -

J. 11.12.2012)

STJ. CONSTITUCIONAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.

SEQUESTRO DE VERBA PÚBLICA PARA PAGAMENTO DE PRECATÓRIO.

SUPERVENIÊNCIA DA EC 62/2009. ART. 97 DO ADCT. DECLARAÇÃO DE

INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. PERDA DE EFICÁCIA. PRECEDENTES.

PRETERIÇÃO CONFIGURADA. (...)

1. Declarada pelo Supremo Tribunal Federal a inconstitucionalidade do art. 97 do ADCT,

incluído pela EC 62/2009 (ADIs 4.357/DF e 4.425/DF), é impossível acolher a pretensão

de se obstar o sequestro de verba pública para pagamento de precatório com

fundamento no referido preceito constitucional.

2. A preterição de pagamento de crédito anterior e já vencido, constante de precatório

submetido ao regime de parcelamento de que trata o art. 33 do ADCT, em benefício de

créditos posteriores, incluídos no parcelamento instituído pela EC 30/2000 (art. 78 do

ADCT), configura hipótese de quebra da ordem cronológica imposta pelo art. 100 da

Constituição Federal, autorizando o sequestro da quantia correspondente (CF, art. 100, §

2º).

(...) 5. Recurso ordinário em mandado de segurança não provido.

(RMS 41.766/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

17/10/2013, DJe 24/10/2013)

Sanções face ao não pagamento de precatório/RPV

Os agentes políticos ou servidores que por omissão ou ato comissivo (inclusive por

indulgência ou negligência em não responsabilizar subalternos) desobedecem ordem judicial

de pagamento são responsabilizados pessoalmente nas esferas civis, criminais e

administrativas. Desta conduta ilícita pode decorrer responsabilidade de indenização por

dano causado ao Erário (face aos juros de mora e correção monetária), sanções

administrativas previstas no estatuto/leis específicas, sanções de improbidade, pena do art.

25

315 do Código Penal (“dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em

lei”) e pena para o crime de desobediência.

CF, art. 100, § 7º: “O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou

omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de

responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça.”

Aqui, liquidação tanto pode significar pagamento como apuração de valores ou

atualização monetária.

1) DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PREFEITO

MUNICIPAL QUE NÃO PROCEDE À INSCRIÇÃO DA REQUISIÇÃO DE PEQUENO

VALOR (RPV) NO ORÇAMENTO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E

DA MORALIDADE. DOLO EVENTUAL OU GENÉRICO SUFICIENTES PARA

CARACTERIZAÇÃO DO ATO DE IMPROBIDADE. a) Ao ser condenado por decisão

judicial transitada em julgado, o Réu-Apelado deveria ter incluído a RPV no orçamento anual

de 2003, fazendo o pagamento até o final do exercício financeiro de 2004, à luz do art. 100, §

5º, da Constituição Federal. b) A partir disso, é notório que a conduta omissiva do Apelante

ofendeu os princípios da legalidade e da moralidade, caracterizando improbidade

administrativa, nos termos do art. 11, incisos I e II, da Lei nº 8.429/92.

c) Não se concebe a ausência de inclusão no orçamento anual do MUNICÍPIO DE XXXXXX

e o consequente inadimplemento de quantia irrisória de R$ 1.315,30 (mil, trezentos e quinze

reais e trinta centavos), sem a intenção de violar comando legal e a ordem judicial. (...) e) E,

na hipótese em tela, restou caracterizado o dolo na conduta do Apelante, já que consciente e

voluntariamente, não procedeu à inclusão da RPV no orçamento municipal de 2003, nem

realizou o pagamento no exercício financeiro seguinte, ofendendo, desse modo,

intencionalmente, o princípio da legalidade. 2) APELO A QUE SE NEGA

PROVIMENTO.IMPOSIÇÃO, DE OFÍCIO, DA CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE

MORA.

(TJPR - 5ª C.Cível - AC - 1090723-6 - Ibaiti - Rel.: Leonel Cunha - Unânime - - J.

22.10.2013)

Intervenção

26

Caso a tentativa de sequestro reste infrutífera, a última providência a ser adotada é a

intervenção promovida pela União, em caso de Estados, Distrito Federal e respectivas

autarquias, e pelos Estados, no caso dos Municípios e suas autarquias.

O decreto de intervenção, que deverá se submetido ao Congresso Nacional ou

Assembleia Legislativa, no prazo de 24 horas, especificará a amplitude, prazo e condições de

execução; por meio dele também será nomeado o interventor.

Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a este

voltarão, salvo impedimento legal.

A intervenção é regida pelos arts. 34 a 36 da CF/88.

PEDIDO DE INTERVENÇÃO ESTADUAL. INCLUSÃO DE PRECATÓRIO

REQUISITÓRIO NA LEI ORÇAMENTÁRIA. PRECATÓRIO APRESENTADO ANTES

DE 1º DE JULHO. ART.100, §5° DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.INOBSERVÂNCIA.

INCLUSÃO NA LEI ORÇAMENTÁRIA SUBSEQUENTE. AUSÊNCIA DE DOLO DO

ENTE PÚBLICO. O mero atraso na inclusão do precatório na lei orçamentária não justifica,

por si só, a intervenção estadual no município, em especial quando comprovado que o

município aderiu ao regime especial de pagamento estabelecido pela Constituição e atua de

forma diligente no pagamento dos precatórios.PEDIDO IMPROCEDENTE.

(TJPR - 5ª C.Cível em Composição Integral - 1007021-8 - Bandeirantes - Rel.: Nilson

Mizuta - Unânime - - J. 28.05.2013)

CONSTITUCIONAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.

INTERVENÇÃO ESTADUAL EM MUNICÍPIO. PRECATÓRIO DE NATUREZA

ALIMENTAR. INADIMPLÊNCIA. ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. AUTARQUIA

MUNICIPAL. LEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO. INADEQUAÇÃO DA

MEDIDA INTERVENTIVA. REQUISITOS. PRECEDENTES DO STF E STJ. RECURSO

ORDINÁRIO PROVIDO.

1. O mandado de segurança é adequado para a impugnação de decreto interventivo, em razão

da inexistência de recurso aplicável à hipótese, em razão da natureza política-administrativa

da decisão interventiva.

2. O Município de Santo André possui legitimidade passiva para figurar no polo passivo do

pedido de intervenção estadual originado de precatório alimentar inadimplido pelo Instituto

de Previdência de Santo André, pois responde subsidiariamente pelas dívidas de suas

autarquias, ainda que se reconheça a relativa autonomia administrativa e financeira das

entidades da administração indireta.

27

3. O Supremo Tribunal Federal exige a presença de determinados requisitos nos casos de

intervenção por inadimplemento de precatórios judiciais: a) a possibilidade do interventor

agir de maneira diferente ao governante eleito; (...)

b) a inexistência de meios menos gravosos e igualmente eficazes para solucionar a falta de

pagamento do precatório; c) a proporcionalidade do pedido interventivo entre o objetivo

perseguido (pagamento de precatório alimentar) e o ônus imposto aos cidadãos provocado

pela medida extrema. Na hipótese examinada, não há falar na presença dos referidos

requisitos, o que impõe a concessão da segurança pleiteada para obstar a determinação de

intervenção estadual.

(...) 5. Recurso ordinário provido.

(RMS 30.663/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,

julgado em 16/11/2010, DJe 25/11/2010)

Parabéns por estudar!

Agora você faz parte da classe capacitada, que contribui para o progresso nos

serviços públicos, obrigado por escolher a Unipública!