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Novos paradigmas de gestão pública, mudança organizacional e estratégias de melhoria administrativa Disciplina “Gestão Pública e Questões Organizacionais” Curso de Especialização Pós-Graduação lato sensu “Governança Pública e Novos Arranjos de Gestão” Profa. Dra. Ana Cláudia Niedhardt Capella UNESP – FCL/Araraquara [email protected]

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Novos paradigmas de gestão pública, mudança

organizacional e estratégias de melhoria administrativa

Disciplina “Gestão Pública e Questões Organizacionais”Curso de Especialização Pós-Graduação lato sensu“Governança Pública e Novos Arranjos de Gestão”

Profa. Dra. Ana Cláudia Niedhardt CapellaUNESP – FCL/Araraquara

[email protected]

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Plano da aula

Estratégias de modernização Reforço da coordenação governamental Simplificação das estruturas e redesenho de funções Delegação e competição administrada Qualidade da gestão e os servidores públicos

Diagnosticando problemas organizacionais Revisão de estratégia e objetivos; Revisão da estrutura formal e informal; Redefinição de funções e processos administrativos; Mudança da cultura organizacional e gerenciamento de conflitos.

Novos modelos de gestão

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Diagnóstico e Análise organizacional

Análise das estratégias e objetivos organizacionais;

Revisão da estrutura formal e informal;

Revisão de funções e processos administrativos;

Análise dos processos de prestação de serviços;

Avaliação da cultura e do conflito organizacional.

Cinco áreas centrais no estudo de uma organização:

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Roteiro para análise organizacional Estratégia e Objetivos da organização

A organização tem uma estratégia definida? A organização tem objetivos definidos? Qual o rigor com

que esses objetivos estão definidos? (o que, quando, quanto, quem e custo).

Estratégias e objetivos são consistentes? Qual o grau de difusão interna e externa das estratégias e

dos objetivos (os membros da organização sabem quais são os objetivos?).

As estratégias e os objetivos são revisados em função das mudanças no ambiente e das necessidades dos cidadãos?

Existe um sistema de acompanhamento do cumprimento de estratégias e objetivos?

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Roteiro para análise organizacional Estrutura Formal e Informal

Qual é tamanho real da hierarquia organizacional? (número de níveis entre o nível estratégico e o nível operacional).

Quantos departamentos existem? Quantas diretorias? Quantas seções? Quantas divisões? (indicadores de fragmentação que dificultam a coordenação organizacional).

Quantos subordinados existem para cada chefe? (menos de quatro pode indicar inchaço).

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Roteiro para análise organizacional Estrutura Formal e Informal

Qual é o peso das áreas-meio em relação ao todo organizacional (pessoal das áreas meio/pessoal total – mais de 30% pode indicar superdimensionamento das áreas-meio).

Qual o peso do pessoal envolvido em atividades de coordenação? (quanto maior o número, maior a fragmentação existente).

Que parte da estrutura está permanentemente desocupada? (quando mais de 10% das chefias não são ocupadas, pode haver distanciamento da estrutura formal com relação à organização real).

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Roteiro para análise organizacional Funções e processos administrativos

As funções a serem desenvolvidas pelos indivíduos, em seus postos de trabalho, estão bem definidas e são conhecidas?

Qual o grau de informatização dos procedimentos administrativos?

Existe acúmulo de trabalho (que não produz resultado)? Qual a tendência de acúmulo?

Existem manuais de procedimentos que auxiliem o pessoal nas suas funções?

Foram realizados esforços de simplificação de procedimentos (racionalização) nos últimos cinco anos?

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Roteiro para análise organizacional Processos de prestação de serviços

Como são as instalações de atendimento ao público (adequação da arquitetura ao serviço, localização, decoração, distribuição física)?

Qual o tempo médio de espera na prestação do serviço? Existe formação de filas? Como se gerencia estes aspectos?

São realizados esforços para prever a demanda, de maneira a evitar ou reduzir os tempos de espera?

Existe um sistema para reclamações? Como esta informação é utilizada para melhorar a gestão?

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Roteiro para análise organizacional Cultura organizacional e conflito

Existe planejamento de programas de formação para os funcionários? Quais os objetivos? (Além da capacitação profissional, a formação auxilia no estabelecimento de uma cultura própria para a organização).

Qual a porcentagem de funcionários que participam dos programas de formação (número de horas dos programas de formação/ano; custo dos programas)?

Quantas horas são gastas por ano, em greves (pode indicar o nível de conflito de trabalho e a extensão do conflito pelos sindicatos)?

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Roteiro para análise organizacional Cultura organizacional e conflito

Qual o volume de ações disciplinarias? (informa sobre os problemas de disciplina e sua origem, e sobre o nível de conflito na organização).

Quando indagado sobre seu local de trabalho, o funcionário responde relacionando-se à instituição ou à unidade concreta em que presta serviços? (cultura geral da organização ou cultura própria da unidade?)

Existe relacionamento (dentro e fora do trabalho) com colegas de outras unidades?

Os funcionários se sentem ligados à organização e seus objetivos? (cultura forte ou fraca).

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Estratégias de modernização As principais ações de modernização conduzidas

para superar ou minimizar os problemas típicos das estruturas burocráticas procuram:

Reforçar a coordenação governamental: A coordenação e a integração dos diversos programas

de governo são ações essenciais para a efetividade da ação governamental, reduzindo a fragmentação da estrutura organizacional.

Isso tem sido feito por meio da adoção da gestão por processos (ou programas); reforço da papel integrador do chefe do executivo; e criação/ampliação de estruturas de decisão coletiva.

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Estratégias de modernização Simplificar as estruturas organizacionais:

Racionalização das estruturas organizacionais, visando eliminar sobreposições de órgãos; duplicidade de tarefas; gargalos, demoras, atrasos em procedimentos; desperdícios; re-trabalhos; normas em excesso, prejudicando o desempenho dos processos; inconsistência ou inexistência de procedimentos, entre outras inadequações (“desburocratização”).

Racionalizar não significa necessariamente “enxugar”: problemas organizacionais derivam de: Algo que existe, mas não deveria existir; Algo que não existe, mas deveria existir; Algo que existe, deveria existir, mas é um problema porque não

funciona.

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Estratégias de modernização Redesenhar as funções e órgãos horizontais

O modelo mecânico (burocrático), baseado na divisão do trabalho e na especialização em órgãos horizontais ainda é essencial como forma de estruturação organizacional. O crescimento e diversificação dos serviços públicos, no entanto, faz com que o modelo mecânico acabe por dificultar a ação do Estado.

Ações de modernização nesse sentido buscam tornar a estrutura burocrática mais eficiente, mediante a manutenção de órgãos e funções que “agreguem valor” e que sejam controlados e avaliados com relação aos seus resultados.

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Estratégias de modernização Delegar a prestação de serviços para agências

orientadas para resultados: Diversas organizações públicas têm adotado a estrutura

divisional, criando unidades executivas (agências) que têm grande autonomia de organização e funcionamento.

Essas agências estão sujeitas a um contrato de gestão com sua unidade original, e esse contrato determina os objetivos estratégicos, recursos financeiros e recursos delegados para sua gestão.

O gestor da agência responde periodicamente à unidade original pelo cumprimento dos resultados

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Estratégias de modernização Introduzir a competição na prestação de

serviços Algumas experiências recentes de modernização da

administração pública partem do pressuposto de que a organização burocrática constitui-se em um monopólio de oferta de determinados serviços e que isso é prejudicial à qualidade dos serviços e aos cofres públicos.

A alternativa, introduzida em diversos países, tem sido a competição entre as agências do próprio governo - ou entre estas e o setor privado – para a provisão dos serviços públicos.

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Estratégias de modernização Fundamentar a qualidade da gestão na

atuação dos servidores públicos A única maneira duradoura de melhorar a qualidade do

serviço público é por meio da motivação e profissionalização dos servidores.

As condições organizacionais têm representado restrições – ao invés de estímulo – às ações dos servidores.

As estratégias de modernização têm considerado esta questão propondo mudanças no sistema de emprego público (desregulamentação e flexibilização); planos de desenvolvimento; novos critérios de remuneração (por resultados, por exemplo).

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Novos modelos de gestão As estratégias descritas anteriormente inspiram um

movimento chamado “nova administração pública”, “administração gerencial” ou “modelo pós-burocrático de gestão pública”.

Não há claras ou unânimes definições sobre o que é a Nova Administração Pública (NAP): a NAP é mais um conjunto heterogêneo de princípios de gestão e diretrizes de ação do que um modelo integrado e sistematizado de gestão.

Durante as décadas de oitenta e noventa, diversos países – incluindo o Brasil – engajaram-se em movimentos de reforma da administração pública. A NAP aparece como modelo para essas reformas.

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Novos modelos de gestão

Primeira fase

Final da década de 1970, anos 1980.

Contexto político – ascensão da “nova direita” ao poder.

Managerialism (gerencialismo).

Idéia central: a) eliminar o modelo burocrático e b) instaurar um novo modelo de gestão com dois objetivos: gastos e eficiência.

Ênfase na produtividade = neotaylorismo

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Novos modelos de gestão Características

Ênfase em funções financeiras em detrimento das funções sociais;

Preocupação com o valor dos recursos (doing more with less);

Contenção de custos; Privatizações; Estabelecimento da administração por objetivos e da

avaliação de desempenho de funcionários; Mentalidade voltada para o mercado; Abordagem quantitativa

No entanto... não se verificou a tão esperada redução do gasto público.

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Novos modelos de gestão Segunda fase

Anos 1990 Consumerism

Características:

Ênfase na qualidade dos serviços públicos; Cidadão-consumidor (ou cidadão-cliente) - avaliação

de desempenho organizacional com base nos dados recolhidos junto aos consumidores;

Desconcentração - quanto mais próximo do consumidor, mais fiscalizado o serviço será;

Adoção do modelo contratual - separação entre formulação e execução de políticas: Formulação: políticos no núcleo central do Estado e Execução: burocratas nas agências. Coordenação: contratos de gestão.

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Novos modelos de gestão

Duas fases: movimentos seqüenciais e progressivos?

Não: um modelo não rompe com o anterior - acúmulo de práticas.

Como essas reformas chegaram ao Brasil?

Em uma só fase, sintetizando os objetivos dos dois momentos: ajuste fiscal + elevação do desempenho (performance).

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Novos modelos de gestão“A nova administração pública é aquilo que

quotidianamente ignoramos como administradores públicos. Ela deve ser essencialmente não-prescritiva e se orientar para o curso de ações e necessidades dos cidadãos em um dado momento, evitando os enfoques normativos e subordinando a teoria das organizações à teoria do desenvolvimento humano”.

“Em outras palavras, a nova administração pública está sempre em processo de reinvenção e enquanto houver vitalidade democrática permanecerá como um projeto inacabado”

(Paula, 2005, 180)

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