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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA NUALA RIBEIRO DE MELO STOCK Estudo comparativo de agendas para a bioeconomia: conceitos, importância e estratégias LORENA 2014

NUALA RIBEIRO DE MELO STOCK

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

NUALA RIBEIRO DE MELO STOCK

Estudo comparativo de agendas para a bioeconomia:

conceitos, importância e estratégias

LORENA 2014

NUALA RIBEIRO DE MELO STOCK

Estudo comparativo de agendas para a bioeconomia:

conceitos, importância e estratégias

Trabalho de Graduação apresentado à Escola

de Engenharia de Lorena da Universidade de

São Paulo como requisito parcial para

conclusão da Graduação do curso de

Engenharia Bioquímica.

Orientador: Prof. Dr. Marcus Bruno Soares Forte

LORENA 2014

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO Serviço de Biblioteca

Escola de Engenharia de Lorena

Stock, Nuala Ribeiro de Melo

Estudo comparativo de agendas para a bioeconomia: conceitos,

importância e estratégias/ Nuala Ribeiro de Melo Stock. - Lorena, 2014. 35 p.

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de

Graduação de Engenharia Bioquímica - Escola de Engenharia de Lorena da

Universidade de São Paulo.

Orientador: Marcus Bruno Soares Forte

1. Bioeconomia. 2. Economia (base biológica). 3. Sustentabilidade. I.Forte, Marcus Bruno Soares, Orient.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Ernesto Stock e Maristela Ribeiro de Melo Stock, por terem

me dado toda a educação e suporte necessários para enfrentar todas as

adversidades encontradas na vida e na faculdade. E especialmente à minha mãe

por me auxiliar no desafio de concluir este trabalho.

Aos meus irmãos, Tábata, Raisa e Pedro Henrique Ribeiro de Melo Stock,

por serem meus melhores amigos e nunca me negarem apoio durante todos

esses anos.

A Robson Joiner dos Santos, por revisar as traduções dos conceitos

apresentadas neste trabalho.

Ao Prof. Dr. Marcus Bruno Soares Forte por todo o ensinamento e

orientação no período de elaboração deste trabalho, contribuindo para o meu

desenvolvimento científico.

Aos professores e funcionários da Escola de Engenharia de Lorena - USP

que durante todo o período da graduação não só executaram suas tarefas

fundamentais, como também me ensinaram a ser crítica, autodidata e me

incentivaram a me informar sobre temas que não contemplassem a grade

curricular, fazendo com que eu conhecesse e me interessasse pelo tema

bioeconomia.

RESUMO

STOCK, N. R. M. Estudo comparativo de agendas para a bioeconomia:

conceitos, importância e estratégias. 2014. 35 p. Monografia (Trabalho de

Conclusão de Curso de Graduação) – Escola de Engenharia de Lorena,

Universidade de São Paulo, Lorena, 2014.

A bioeconomia é uma alternativa de modelo econômico que emprega a

sustentabilidade ambiental e social a seu favor. Os benefícios colhidos desse

modelo econômico serão a não dependência de matérias-primas fósseis, melhoria

na qualidade dos recursos naturais e de vida, a diminuição da existência de

monopólios, bem como os benefícios econômicos gerados pela comercialização

dos bioprodutos. Entretanto, não só benefícios serão consequências do modelo,

porque é possível que haja competição de terras agriculturáveis para plantio de

matérias-primas para biocombustíveis e não para alimentos. Para a viabilização e

implementação do sistema econômico deve-se, porém, adequar a legislação e

incentivar a pesquisa e a inovação na biotecnologia, além de estimular o uso de

bioprodutos pela população. Neste trabalho discutir-se-ão as definições dadas a

bioeconomia, os setores da bioeconomia, a sua importância, as previsões de

avanço e as agendas estratégicas do Brasil, África do Sul, Alemanha, Canadá,

Estados Unidos, Finlândia e Suécia e também da Organização para Cooperação

e Desenvolvimento Econômico (OECD), debatendo se a estratégia visa a

bioeconomia ou a economia de base biológica. É comparada a agenda brasileira

às demais e discutido o que deve ser feito para que o Brasil assuma posição de

renome frente à bioeconomia.

Palavras-chave: Bioeconomia. Economia de base biológica. Sustentabilidade.

ABSTRACT

STOCK, N. R. M. Comparative study among agendas for bioeconomy:

concepts, importance and strategies. 2014. 35 p. Monografia (Trabalho de

Conclusão de Curso de Graduação) – Escola de Engenharia de Lorena,

Universidade de São Paulo, Lorena, 2014.

The bioeconomy is an alternative economic model, which applies social and

environmental sustainability on its behalf. The benefits gathered from the

economic model will be the non-dependence of fossil raw materials, improvement

on the quality of life and natural resources, the reduction of monopolies, as well as

the economic benefits generated by the commercialization of bioproducts.

However, not only benefits will be consequences of the model, because there may

be a competition for arable land for growing feedstock for biofuels instead of food.

Somehow, for the feasibility and implementation of the economic system the

legislation must be adequate and the research and innovation must be

encouraged, besides stimulating the use of bioproducts by the population. In this

paper will be discussed the definitions given to bioeconomy and its sectors,

importance, the forecast of the development and the strategic agendas of Brazil,

South Africa, Germany, Canada, United States, Finland and Sweden and also of

the Organization of Economic Cooperation and Development (OECD), discussing

whether the strategy aim for bioeconomy or biobased economy. It is compared the

Brazilian agenda to others, and discussed what should be done to Brazil to

assume a renowned position across the bioeconomy.

Key words: Bioeconomy. Biobased economy. Sustainabitily.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 7

2. METODOLOGIA ..................................................................................................................... 9

2.1. METODOLOGIA DE LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO.................................... 9

2.2. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................. 9

2.3. METODOLOGIA DE ANÁLISE .................................................................................... 9

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 10

3.1. DEFINIÇÃO DE BIOECONOMIA ............................................................................... 10

3.2. SETORES DA BIOECONOMIA .................................................................................. 11

3.3. IMPORTÂNCIA DA BIOECONOMIA......................................................................... 13

3.4. PREVISÕES DE AVANÇOS DA BIOTECNOLOGIA E BIOECONOMIA ........... 16

3.5. AGENDAS DE BIOECONOMIA ................................................................................. 17

3.5.1. A AGENDA DA OECD ......................................................................................... 18

3.5.2. A AGENDA DO BRASIL ..................................................................................... 19

3.5.3. OUTRAS AGENDAS ............................................................................................ 21

4. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A AGENDA BRASILEIRA E AS DEMAIS ........ 28

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 32

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 33

7

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos os modelos econômicos se modificaram, causando

importantes mudanças em vários aspectos da sociedade. A mudança de

processos manufaturados para a condução predominante de máquinas a vapor

caracterizou a Primeira Revolução Industrial, no século XVIII. Além das mudanças

esperadas no modelo econômico, houve criações de novas profissões,

mecanização dos campos e a migração de famílias das zonas rurais para zonas

urbanas, entre outras.

Já a Segunda Revolução Industrial, durante o século XIX, teve como

principal característica o avanço tecnológico contínuo e a modernização de

equipamentos já existentes. A invenção do automóvel, avião, telefone e televisor

foram marcos dessa revolução. A Terceira Revolução Industrial, que ocorreu em

meados do século XX, é caracterizada por avanços com a informática e sua

aplicação nos ramos de produção e consumo. Também chamada de Revolução

Técnico-Científica integrou ciência, tecnologia e produção. Hoje se segue rumo à

Quarta Revolução Industrial, que se difere das três primeiras pelo uso consciente

de recursos renováveis e, se necessário, dos não renováveis, além de integrar

ciência, tecnologia e produção como a Terceira Revolução Industrial.

A Quarta Revolução Industrial, citada por alguns documentos como a

revolução para a qual se caminha, terá como principal característica uma

economia baseada na substituição de recursos não renováveis por renováveis, e

o modelo econômico por ela gerado é denominado bioeconomia.

Bioeconomia é definida, segundo a FIESP - Federação das Indústrias do

Estado de São Paulo, como "uma economia sustentável, que reúne todos os

setores da economia que utilizam recursos biológicos (seres vivos)" (FIESP,

2014). Espera-se que a bioeconomia seja capaz de resolver problemas

socioeconômicos e ambientais como crises econômicas, alterações climáticas,

saúde da população e, por fim, o uso indiscriminado de recursos não renováveis

como petróleo e gás natural, já que abrange os setores de agricultura, de saúde e

industrial, segundo a OECD - Organisation for Economic Co-operation and

Development.

Contudo, existe a preocupação de que as lavouras sejam dedicadas à

plantação de matéria-prima para biocombustíveis e falte comida para uma

8

população de pouco mais de oito bilhões de pessoas até 2030, por uma

estimativa média (ALVES, 2007), devido à perda de área agriculturável para a

produção de alimentos.

Este trabalho compara a bioeconomia no Brasil com a de cinco países

desenvolvidos e um em desenvolvimento e contextualiza a importância de

desenvolver uma economia mais sustentável. Além disso, discute as diferentes

definições de bioeconomia e suas abrangências e implicações.

9

2. METODOLOGIA

2.1. METODOLOGIA DE LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

O levantamento bibliográfico foi realizado através de busca em bases de

dados acadêmicas e científicas: SCOPUS, Science Direct, Scielo e Google

Acadêmico. Apenas as agendas econômicas nacionais e da OECD foram

pesquisadas na base convencional Google.

As palavras-chave utilizadas nas pesquisas, todas realizadas na língua

inglesa, exceto para pesquisar a agenda brasileira, foram bioeconomia

(bioeconomy), economia de base biológica (biobased economy), agenda de

bioeconomia (agenda of bioeconomy). Foram lidos os resumos de cada

documento e separados e salvos os que seguiam a perspectiva deste trabalho e

eram pertinentes para a elaboração do mesmo.

2.2. METODOLOGIA DE PESQUISA

Foi empregado o estudo exploratório, descritivo e comparativo através de

pesquisa bibliográfica, e da utilização de dados secundários oriundos de

publicações e agendas estratégicas sobre a bioeconomia.

2.3. METODOLOGIA DE ANÁLISE

As análises realizadas foram primeiramente teóricas, a fim de se levantar

conceito de bioeconomia e economia de base biológica e suas diferenças, a

importância de um setor de bioeconomia (objetivo brasileiro e, portanto, foco

deste trabalho) e seus impactos econômicos, sociais e ambientais.

Posteriormente foram analisadas as agendas de modo comparativo,

levantando os pontos e características principais de cada uma, identificando

modelo econômico escolhido, importância deste na economia do país em questão

e grau de desenvolvimento da bioeconomia do país, bem como impedimentos

para a evolução do modelo econômico. Foram identificados também a que

comunidade o documento era direcionado, se o documento era oficial e quais

eram as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças para o país analisado.

10

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. DEFINIÇÃO DE BIOECONOMIA

O termo bioeconomia tem sido aplicado com mais frequência a cada ano

para se referir a processos produtivos sustentáveis e à conversão de biomassa

em produtos e combustíveis (CSIRO, 2007). Em sua agenda para 2030, a OECD

definiu que a bioeconomia pode ser pensada como um cenário em que a

biotecnologia contribui para uma parcela significante da produção econômica

(OECD, 2009), sendo esta a definição mais bem aceita e reconhecida. Isso

significa que os processos biológicos podem ser transformados em valor

econômico, com a criação de um novo setor: a bioeconomia. Entretanto, esse

conceito determina que apenas processos biotecnológicos que gerem valor

econômico sejam enquadrados na bioeconomia, excluindo, portanto, a agricultura

desse novo setor econômico.

Então para conceituar bioeconomia com maior amplitude, BECOTEPS

(BioEconomy Technology Platform) publicou a seguinte definição: "Bioeconomia é

a produção sustentável e conversão de biomassa para uma gama de produtos

dos setores alimentício, de saúde, têxtil e industriais e produção de energia,

sendo biomassa renovável qualquer material biológico que possa vir a ser

utilizado como matéria-prima" (BRUNORI, 2013, tradução nossa). Esse ponto de

vista não exclui qualquer cultura agrícola da economia de base biológica, como

acontece na definição da OECD, desde que elas sejam utilizadas como matérias-

primas. Apesar disso, a agricultura continua representando uma parcela limitada

dentro da bioeconomia, segundo essa última definição da BECOTEPS, uma vez

que não são contabilizadas outras atividades da agricultura que não tem valor de

mercado, como a preservação da qualidade da água e da biodiversidade

(BRUNORI, 2013).

Em 2012, uma Comissão da União Europeia definiu bioeconomia em sua

publicação "Inovando para o Crescimento da Sustentabilidade: Uma Bioeconomia

para a Europa", de maneira similar a BECOTEPS, apenas adequando a definição

de biomassa, mas confirmando que a agricultura somente atuará como

fornecedora de biomassa na bioeconomia. A definição acima comentada é:

11

"Bioeconomia é a produção sustentável e conversão de biomassa para uma gama

de produtos alimentícios, de saúde, têxtil e industriais e produção de energia.

Biomassa renovável engloba produção de fontes biológicas renováveis e a

conversão dessas e seus resíduos em produtos de valor agregado, como comida,

ração, produtos de base biológica e bioenergia" (BRUNORI, 2013, tradução

nossa).

É questionada a contradição de que um processo biológico como os que

envolvem atividades da agricultura não esteja incluso na definição de

bioeconomia. Brunori (2013) comenta que a Comissão da União Europeia

apontou que a definição da própria Comissão está centrada em todos os

processos biofísicos ou bioquímicos.

A bioeconomia será em alguns anos o conjunto econômico majoritário,

assim como a economia petrolífera foi no século XX (BIOTECanada, 2009), e

assim é importante defini-la, pois conceitos como sustentabilidade e consumo

consciente, atualmente muito comentados, serão resultados dela e afetarão

diferentes setores econômicos.

Neste trabalho, utilizar-se-á a definição da Comissão da União Europeia

para bioeconomia, pois se acredita que não há grandes diferenças entre esta e a

definição da BECOTEPS, apenas maior grau de especificidade na primeira,

especificando áreas englobadas pela bioeconomia.

3.2. SETORES DA BIOECONOMIA

A bioeconomia é dividida, segundo a OECD, em três grandes áreas: Saúde

Humana, Agricultura e Biotecnologia Industrial. Na Figura 1, está ilustrado um

esquema das atividades específicas que cada área abrange.

12

Figura 1: Setores e subsetores da bioeconomia. Fonte: OECD (2009).

Das atividades citadas nesse esquema, algumas já são viáveis

economicamente e são executadas como a produção de enzimas, bioplásticos,

melhoramento genético e os alimentos funcionais, que são conhecidos por grande

parte da população. O maior entrave desse modelo econômico é que o lucro

obtido a partir de atividades sustentáveis pode ser menor e, sem incentivos

governamentais, o empresário não investirá em processos menos lucrativos. Além

disso, os investimentos em pesquisa desta nova economia se concentram na área

da Saúde Humana, apesar de ser sabido que o setor mais rentável será o de

Biotecnologia Industrial. Isso porque apesar do maior valor agregado ser o de

produtos farmacêuticos, o volume de produção desses é muito pequeno.

Entretanto, o valor agregado de biocombustíveis, como etanol de primeira e

segunda gerações, é baixo, mas o volume de vendas é muito mais alto. Sendo

assim, o binômio valor agregado-volume de produção será maior para as

subáreas da Biotecnologia Industrial do que as da Saúde Humana, como se pode

ver na Figura 2.

Biotecnologia Industrial

• Processos de produção: químicos, bioplásticos, enzimas

• Aplicações ambientais: biorremediação, biossensores, métodos de diminuição de impactos ambientais

• Produção de biocombustíveis

Saúde Humana

• Terapêutica diagnóstica

• Farmacogenética

• Alimentos funcionais

• Equipamentos médicos

Agricultura

• Cruzamento e melhoramento de plantas e animais

• Aplicação veterinária

13

Figura 2: Setores da bioeconomia e a relação entre valor agregado e volume de produção. Fonte:

CNI (2013).

A Figura 2 foi baseada na ilustração sobre Cadeia de Valor da

Bioeconomia, de Uma Agenda para o Brasil. A definição de cadeia de valor

utilizada na agenda brasileira para a bioeconomia é da Universidade de

Wageningen, na Holanda (NOVICKI et al., 2008).

A partir desse esquema e do fato de haver pouco investimento em

pesquisa no setor de Biotecnologia Industrial, é possível afirmar que há

necessidade de fomento em pesquisa para o setor, a fim de viabilizar a

movimentação econômica a partir de biotecnologia e impulsionar a bioeconomia

mundial. Além disso, como é sabido, há a extrema importância em modificar perfis

de produção e consumo para não haver esgotamento de matérias-primas não

renováveis.

3.3. IMPORTÂNCIA DA BIOECONOMIA

A bioeconomia é fundamentada em processos biotecnológicos e como

consequência ter-se-á um futuro em que produção e consumo sejam

sustentáveis. Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, produção

sustentável é a incorporação, ao longo de todo o ciclo de vida de bens e serviços,

Fármacos ▫ Cosméticos ▫ Limpeza

Frutas ▫

Vegetais ▫ Plantações ▫ Rações

Moléculas Funcionais ▫ Fermentação de Produtos ▫ Fibras

Combustíveis

Saúde Humana

Agricultura

Química e Materiais

Energia

V

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A

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e

g

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V

o

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14

das melhores alternativas possíveis para minimizar impactos ambientais e sociais.

O consumo sustentável seria a escolha de produtos que utilizaram menos

recursos naturais em sua produção, que garantiram o emprego decente aos que

os produziram, e que serão facilmente reaproveitados ou reciclados (BRASIL,

2014).

Dessa maneira, a bioeconomia não deve ser exclusivamente uma

economia verde visando apenas seus lucros, mas deve considerar também os

impactos sociais e ambientais envolvidos (HORLINGS; MARSDEN, 2011). Isso

significa considerar que no momento da produção e da compra, não só a forma

de produção e embalagem, mas também condições de trabalho oferecidas a

todos os trabalhadores envolvidos no processo, meios de transporte utilizados

para transportar tanto matéria-prima quanto produto acabado, tratamento dos

efluentes gerados, entre outros aspectos sejam dignos de um processo ambiental

e socialmente corretos. A sustentabilidade seria a consequência do processo e

não a causa dela, trazendo consigo outros resultados significativos para o

planeta, como por exemplo, a mitigação da mudança climática e a melhoria da

qualidade de vida para a população (STAFFAS; GUSTAVSSON; McCORMICK,

2013), melhoria da qualidade da água e fornecimento de energia limpa e possível

aumento no fornecimento de alimentos (OECD, 2009).

Outro ponto positivo seria em relação à diminuição de gastos com

tratamentos de saúde, bem como para produção no setor farmacêutico, pois o

investimento em pesquisa e desenvolvimento procura soluções para diminuir os

custos de produção, possibilitando que no futuro os gastos com saúde sejam mais

eficazes, gastando-se mais apenas em tratamentos mais complexos (OECD,

2009). Mais uma vez a consequência seria o aumento da qualidade de vida,

devido ao fácil acesso de tratamentos de saúde eficazes.

Ademais, o crescimento desses setores gerará movimentação econômica,

aumentando a parcela de bioeconomia em relação ao todo (OECD, 2009). Isso

seria um impacto positivo, porque permite às pessoas enxergar que a economia

sustentável pode ser lucrativa e benéfica ao meio ambiente e população

simultaneamente, desde que não seja visado apenas movimentar a economia a

partir de recursos naturais.

Ainda há, porém, grande dificuldade de aumentar a representatividade da

bioeconomia em relação ao todo, pois existe grande resistência da população

15

com novas tecnologias na área de genética, como clonagem e melhoramento

genético (OECD, 2009). A resistência da população só será diminuída quando for

acessível a todos os estudos de pontos favoráveis e desfavoráveis da clonagem e

melhoramento genético, provando serem respeitadas questões de biossegurança

e bioética, que são polêmicas em relação a essas tecnologias. Além da

resistência existente por parte da população, a legislação mundial ainda não está

preparada para essas tecnologias, pois atualmente os estudos se multiplicam

rapidamente, mas os poderes públicos são incapazes de acompanhar esse ritmo

para regulamentar o uso de tantas novas tecnologias (sendo consideradas

também outras tecnologias, além da biológica).

Assim, as implicações positivas da biotecnologia podem ser

acompanhadas de fatores negativos. A produção de energia a partir de biomassa,

por exemplo, pode contribuir para a diminuição dos gases de efeito estufa, mas a

intensificação do uso da terra pode eliminar, com o decorrer dos anos, este efeito.

Além disso, Horlings e Marsden (2011) salientam que áreas em que se planta

hoje a fim de produzir alimentos podem ser transformadas em áreas de plantio

para fornecimento de biomassa para produção de energia, aumentando o

problema de alimentação mundial devido à diminuição da produção de alimentos.

A consequência da alteração desse perfil é a falta de alimentos para uma

população de cerca de oito bilhões de habitantes, gerando ainda mais fome e o

aumento da desigualdade social, pois a diminuição de oferta de alimentos

ocasionará o aumento de preços (OECD, 2009).

Os resultados advindos desse novo modelo econômico serão produção e

consumo sustentáveis, como já citado acima, independência (parcial,

inicialmente) de matérias-primas de origem mineral e fóssil, possível

desmonopolização de setores industriais, pois a biotecnologia ainda não é vista

como um setor lucrativo para as grandes empresas, devido à sensibilidade de

processamento. Também o começo da recuperação ambiental e o aumento da

qualidade de vida serão grandes vantagens para o modelo econômico. Porém,

impactos negativos também podem ser gerados por esse sistema de economia,

como por exemplo, a transferência de áreas agriculturáveis voltadas para a

alimentação sendo convertidas para a produção de biomassa para

biocombustíveis e consequente aumento da desigualdade social. Outro fator

dificultador é a legislação pouco desenvolvida para o setor, por isso a importância

16

da criação de agendas para a bioeconomia e adequação do marco

regulamentador, possibilitando levantar vantagens do novo modelo econômico.

Apesar de haver impactos negativos gerados a partir da biotecnologia, é

inquestionável a quota que se desenvolverá dela e a importância da biotecnologia

nos setores de Agricultura, Saúde Humana e Biotecnologia Industrial.

3.4. PREVISÕES DE AVANÇOS DA BIOTECNOLOGIA E BIOECONOMIA

Devido à crescente participação da biotecnologia no mercado econômico, é

importante analisar o comportamento da bioeconomia no futuro. Segundo a

OECD, em 2030, a parcela do GDP (Gross Domestic Product), índice equivalente

ao PIB - Produto Interno Bruto, de países participantes da OECD será de até

2,7% ou ainda maior em países desenvolvidos (OECD, 2009). O motivo de países

desenvolvidos terem uma parcela de bioeconomia ainda mais relevante até 2030

se deve ao fato de haver dinheiro para fomentar pesquisas no ramo e depois

aumentar para escalas industriais. Também porque a biotecnologia já é utilizada

em muitos desses países e será mais fácil aumentar sua parcela de contribuição

à economia se a cultura econômica do país já está aberta ao ramo da

biotecnologia.

Os três setores da bioeconomia, Agricultura, Saúde Humana e

Biotecnologia Industrial, foram mais amplamente discutidos pela OECD no que diz

respeito ao retorno econômico que trarão. Porém, esse estudo faz uma previsão

econômica considerando que as parcelas e a tendência de crescimento seguirão

os mesmos padrões da época (2009), pois dessa forma se desconsideram muitos

aspectos. Para que o estudo fosse realmente focado nas tendências dever-se-ia

estudar produtos de cada setor, analisando potencial de retorno econômico.

Assumiu-se, portanto, que todos os setores que podem fazer uso da biotecnologia

para produzir, o farão. Isso significaria que nos países da União Europeia, 5,6%

do GVA (Gross Value Added), índice utilizado para o cálculo do GDP, e nos

Estados Unidos 5,8% seria advindo da biotecnologia (OECD, 2009). O montante a

ser gerado aumentaria significativamente, considerando que em 2002 a

biotecnologia representava de 1,43 a 1,69% do GVA da União Europeia (ZIKA et

al., 2007).

17

Entretanto, não é provável que essa representatividade seja atingida até

2030, pois o tempo para que as pesquisas acadêmicas sejam aplicadas às

indústrias é grande. O não sincronismo entre a academia e a indústria implica em

atraso na aplicação de novas tecnologias e geração de riqueza, que é o caso da

bioeconomia. Além disso, a representatividade da biotecnologia em relação ao

GVA foi subestimada, porque não são consideradas novas tecnologias a serem

descobertas ou viáveis até 2030, o fato de não ser considerado biocombustíveis

nessa contabilização e também os impactos econômicos não mensuráveis

(OECD, 2009).

Para que seja aumentada a fatia de bioeconomia nos próximos anos, a

OECD seguida de muitos outros países, como Brasil, Alemanha, Finlândia, entre

outros, formularam agendas para melhorar o uso e aplicação biotecnológica no

mundo e, consequentemente, movimentar a economia.

3.5. AGENDAS DE BIOECONOMIA

As agendas são sugestões de programas e medidas a serem realizados, a

fim de desenvolver a bioeconomia inter e nacionalmente. A OECD elaborou em

2009 o documento "The Bioeconomy to 2030: Designing a Policy Agenda", que

serviu como base para muitos países, como Brasil. Nesse documento, dividido em

sete capítulos, são abordados temas como a definição da bioeconomia, fatores

externos que influenciarão o desenvolvimento do sistema econômico, a

bioeconomia em 2009, 2015 e 2030 e políticas institucionais e governamentais

para a evolução da bioeconomia.

É importante enfatizar que algumas dessas agendas utilizam um conceito

diferente de sistema econômico, sendo abordado em algumas agendas a

bioeconomia, como nos documentos que seguem a OECD, e em outras, a

economia de base biológica. Nos documentos abordados, não é raro serem

citados ambos os termos (bioeconomia e economia de base biológica) de uma

maneira genérica (STAFFAS; GUSTAVSSON; McCORMICK, 2013).

A União Europeia desenvolveu uma definição mais recente, clara e

específica para economia de base biológica: "A economia de base biológica

integra a gama completa de recursos biológicos naturais e renováveis, tanto

terrestres, quanto marítimos, além da biodiversidade e de materiais biológicos,

18

como plantas, animais e micro-organismos, através da transformação e o

consumo desses recursos biológicos" (STAFFAS; GUSTAVSSON; McCORMICK,

2013, tradução nossa). A grande diferença entre bioeconomia e economia de

base biológica é que enquanto a primeira enfatiza a conversão da matéria-prima

em produto utilizando biotecnologia, a segunda realça o uso da matéria-prima

biológica, natural e renovável para o processamento. Além da diferença de

definição, Staffas, Gustavsson e McCormick (2013) perceberam durante a análise

das agendas que os países que utilizam o conceito de bioeconomia, como Brasil,

África do Sul, Estados Unidos e Canadá, pensam nela como um setor da

economia, enquanto que os que lançam mão do segundo conceito, como

Alemanha, Finlândia e Suécia, utilizam-no como uma economia baseada em

matérias-primas renováveis e biológicas, deixando de ser dependentes das

matérias-primas fósseis.

3.5.1. A AGENDA DA OECD

A estratégia da OECD, que tem enfoque mundial, já foi bastante explorada

neste trabalho, pois é uma referência muito completa sobre o tema. A definição

dada a bioeconomia nessa agenda é a mais aceita atualmente, bem como outros

aspectos nela abordados servem como referência a outros países.

A definição utilizada pela OECD é a de bioeconomia, porém a estratégia se

aproxima um pouco da economia de base biológica por enfatizar que a fatia da

economia gerada através de processos biológicos deve ser expressiva. Significa

afirmar que aos olhos da OECD não será satisfatório corresponder a uma parcela

econômica pequena em relação a total, sendo que o intuito da bioeconomia é

gerar processos, produtos e economia mais sustentáveis (OECD, 2009).

Entretanto, devido à tendência de crescimento global resultar em uma

população de pouco mais de oito bilhões de pessoas, um modelo econômico

sustentável como a bioeconomia será necessário ao globo a fim de amenizar os

impactos ambientais e de se adaptar às mudanças na estrutura social e

econômica (STAFFAS; GUSTAVSSON; McCORMICK, 2013). Para tal, a OECD

sugere que sejam criados novos modelos de negócios, que focam no esforço e

colaboração intersetores. O primeiro seria um modelo colaborativo em que o

conhecimento seria partilhado e os custos de produção diminuídos; o segundo

19

seria um modelo integrativo em que seriam criados e mantidos novos mercados.

A diferença desses modelos para o modelo atual é que hoje a pesquisa é feita por

pequenas empresas especializadas em biotecnologia e que vendem o

conhecimento para grandes empresas para que essas produzam em larga escala

(OECD, 2009). A vantagem de se ter modelos como os sugeridos são a

desmonopolização do mercado e a expansão deste, permitindo que empresas de

pequeno, médio ou grande porte possam faturar com essas tecnologias,

tornando-as acessíveis a população.

É ainda ressaltada a importância de se impulsionar a pesquisa

biotecnológica nos setores de agricultura e industrial através do fomento público,

reduzir restrições legislativas e encorajar parcerias entre estado e setor privado

(OECD, 2009). Essa necessidade se dá pela previsão de mercado que cita que os

setores de agricultura e industrial serão os mais rentáveis e produzirão em maior

volume, e ainda assim há pouca pesquisa para que sejam viabilizados. Por fim, é

enfatizada a intenção de fazer uso da biotecnologia para tratar sobre questões

ambientais, resultando em processos e produtos mais sustentáveis para o meio

ambiente e ainda gerando valor econômico (OECD, 2009).

3.5.2. A AGENDA DO BRASIL

O documento "Bioeconomia: Uma Agenda para o Brasil" (CNI, 2013) é uma

estratégia desenvolvida tomando por base o debate realizado por especialistas,

funcionários públicos, representantes da indústria e membros da academia no

segundo Fórum de Bioeconomia, organizado pela Confederação Nacional das

Indústrias em parceria com a Harvard Business Review Brasil. A agenda brasileira

não é oficial, mas exprime um desejo da classe empresarial e acadêmica de

desenvolver este setor.

Baseada na agenda da OECD, o conceito utilizado nessa estratégia

também é a bioeconomia, identificando-a como um setor econômico e analisando

forças e fraquezas, bem como oportunidades e ameaças para que o país se torne

uma potência nos setores dependentes de bioprocessos. O crescimento mundial

assim como o envelhecimento da população combinados ao crescimento da

renda per capita e às necessidades de se preservar o meio ambiente são citadas

como oportunidades para o modelo econômico. Também o fato de que a

20

economia gerada através de bioprocessos promove atividade econômica de

forma ágil, além de ser multidisciplinar e flexível, gerando rápidas mudanças no

plano científico-tecnológico, é visto como uma oportunidade. Considerando isso

será possível aumentar a fatia da bioeconomia rapidamente e impulsionar a

indústria brasileira para ser líder e referência mundial quando se trata de

bioprodutos (CNI, 2013).

Porém, o atraso na elaboração de uma agenda oficial e a não adequação

da legislação para suportar a bioeconomia são fraquezas salientadas no

documento, que implicam em um desenvolvimento lento e deficiente no setor,

deixando o Brasil um pouco atrás de países desenvolvidos, sendo essa uma

ameaça à bioeconomia brasileira. Outras ameaças derivadas desta são a maior

adequação e desenvolvimento do modelo econômico nesses países e também

agendas oficiais do governo ou oficialmente reconhecidas pelos governos e a

legislação aberta à biotecnologia.

Entre as forças estão listadas a biodiversidade da fauna e flora brasileiras,

os menores custos de produção de algumas culturas (cana-de-açúcar, por

exemplo) e técnicas avançadas para o cultivo tropical. Isso coloca o Brasil a frente

de outros países, pois a elevada biodiversidade fornecerá matéria-prima para os

bioprocessos, diminuindo custos de produção ainda mais, tornando-se mais

competitivo ao mercado nacional e internacional. Além disso, as técnicas

avançadas para o cultivo tropical podem se tornar um diferencial em relação a

produtos provindos dessas culturas, pois os países que estão à frente do Brasil no

setor não são de clima tropical, em sua maioria. Isto instigaria a inovação no país

e o consequente desenvolvimento econômico (CNI, 2013).

Para desenvolver a bioeconomia será necessário melhorar a sinergia entre

a academia, formada de grupos multidisciplinares, e o setor industrial, a fim de

remover a barreira de transferência de conhecimento científico-tecnológico;

aprimorar estratégias para proteção e gestão de bens de propriedade intelectual e

a gestão de patentes; e modernizar o marco regulatório para expandir um setor

em crescimento e grande potencial no país. Se esses fatores forem alinhados

rapidamente, a bioeconomia pode vir a ser um grande impulsor do crescimento

econômico brasileiro, visto que este é um setor que cresce em passo acelerado e

ainda tem grande potencial de expansão (CNI, 2013). Ainda segundo a agenda, a

bioeconomia poderia elevar o país ao status de primeiro mundo, se o Brasil fosse

21

capaz de compreender e desempenhar um papel primordial nas ciências da vida,

se tornando uma grande potência no setor.

3.5.3. OUTRAS AGENDAS

A Agenda da África do Sul

O documento "The Bio-Economy Strategy" é uma iniciativa do

Departamento de Ciência e Tecnologia da África do Sul e foi publicado em 2013

como uma estratégia oficial do governo, direcionado a políticos e à comunidade

científica, para o desenvolvimento da bioeconomia sul africana. A maior força da

África do Sul é a biodiversidade tanto da flora quanto da fauna do país, porém

como fraqueza são elencados aspectos como escassez de água e o baixo

número de pesquisadores em universidades e institutos (ÁFRICA DO SUL, 2013).

Entretanto, são vistas oportunidades de desenvolvimento para diminuir a

enorme desigualdade social da África do Sul a partir do desenvolvimento

bioeconômico e de se resolver problemas sociais, como de fome, saúde e

elevado índice de mortalidade infantil, através da biotecnologia criada

nacionalmente. São elencadas áreas de melhoria nos setores de Agricultura,

Saúde Humana e Biotecnologia Industrial, porém em todas elas são enfatizadas a

necessidade de se melhorar a pesquisa acadêmica, desde número de

acadêmicos engajados na bioeconomia até fomento e incentivo a pesquisa, e a

inovação na biotecnologia (ÁFRICA DO SUL, 2013).

Ainda no documento é comparada a posição da África do Sul na

biotecnologia e bioeconomia em relação aos países membros do BRICS (Brasil,

Rússia, Índia, China e África do Sul), Austrália, Malásia, Singapura e Cuba. Nesta

comparação são analisados números de publicações científicas por ano,

relevância da bioeconomia em relação ao índice GDP, fomento à pesquisa e

políticas governamentais de apoio e incentivo ao modelo econômico. Dessa

análise é concluído de que forma a África do Sul deve se posicionar e incentivar o

crescimento biotecnológico e bioeconômico nacional, adequando a legislação e

tomando como exemplo situações de sucesso de países com economia, clima ou

tamanho similares ao seu (ÁFRICA DO SUL, 2013).

22

A estratégia da África do Sul se posiciona no âmbito estritamente nacional

e não só em como melhorar o setor de bioeconomia, mas também em amenizar

ou sanar problemas sociais internos, sendo este o principal motivador ao

desenvolvimento bioeconômico sul africano.

A Agenda da Alemanha

A Alemanha estruturou sua agenda nacional "National Research Strategy

2030 – Our Route Towards a Biobased Economy", publicada em 2011, baseando-

se em recomendações lançadas por um Conselho de Bioeconomia, formado por

agentes do governo, acadêmicos e membros da indústria. Este conselho foi

criado a fim de tornar a Alemanha referência na economia de base biológica,

fazendo uso de tecnologias inovadoras para tal, já que sua extensão territorial a

coloca em desvantagem em relação a alguns países, além da falta de florestas

nativas que permitam o uso da biodiversidade a favor da economia de base

biológica (STAFFAS; GUSTAVSSON; McCORMICK, 2013).

Embora seja uma política nacional, possui uma visão global da economia

de base biológica (STAFFAS; GUSTAVSSON; McCORMICK, 2013). Os objetivos

a serem atingidos são: apoiar a nutrição global, garantir o uso de matérias-primas

de biomassa e o fornecimento de energia gerada a partir de biomassa e proteger

o clima e o meio ambiente, ao mesmo tempo em que reforça a competitividade

alemã no tocante a economia de base biológica (ALEMANHA, 2011).

Na estratégia cita-se que se deve garantir a nutrição mundial, assegurar a

produção sustentável na agricultura, produzir alimentos saudáveis e seguros,

utilizar de matérias-primas renováveis na indústria e desenvolver as fontes de

energia de base biológica. Cada um desses tópicos são detalhadamente

abordados e ao fim são sugeridas maneiras de fortalecê-los e a maneira de

implementar tais ações são sugeridas nos capítulos seguintes. É também

discutido que a bioeconomia exige ações de grupos multidisciplinares devido a

sua abrangência e complexidade, assim agilizando o processo de aplicação de

novas tecnologias (ALEMANHA, 2011). A estratégia enfatiza a importância de

tornar os produtos e tecnologias da economia de base biológica acessíveis à

população e com alto padrão de qualidade.

23

Por fim, o documento alemão é objetivo e claro, diferentemente de outros

analisados. Os objetivos são bem determinados e os meios de atingi-los também

são abertamente mencionados e apesar de se analisar as vantagens globais da

economia de base biológica, o foco é em nível nacional e o que a Alemanha terá

de fazer para se beneficiar do modelo econômico (STAFFAS; GUSTAVSSON;

McCORMICK, 2013).

A Agenda do Canadá

A estratégia canadense, assim como a brasileira, é não oficial e

desenvolvida pela BIOTECanada, uma associação nacional dos setores que

fazem uso da biotecnologia (BIOTECanada, 2014). O documento "The Canadian

Blueprint: Beyond Moose and Mountains" foi publicado em 2008 e se difere dos

demais documentos por ser altamente explicativo, por não se basear na OECD

(foi publicado anteriormente a agenda da OECD) e por se direcionar ao público

em geral, e não a acadêmicos ou políticos (STAFFAS; GUSTAVSSON;

McCORMICK, 2013).

O modelo econômico no qual a agenda é baseado é a bioeconomia e é dito

que essa, no ano de 2008, representou 6,4% do GDP canadense ou o

equivalente a C$ 78 bilhões (dólares canadenses) e que essa contribuição pode

chegar a 8,4% do GDP no futuro. Os principais desafios para que a bioeconomia

seja representativa no Canadá são: atrair investidores, acelerar o ritmo de adoção

da biotecnologia em lugar das tecnologias convencionais e atrair e reter pessoal

qualificado para a academia e empreendedorismo (BIOTECanada, 2009).

As prioridades para conquistar a posição de líder global na bioeconomia

são elencadas e se definem metas e estratégias para alcançá-las e os resultados

que serão obtidos delas. As prioridades são: i) capital; ii) pessoal e iii) ambiente

operacional. As metas, para cada prioridade, para os cinco anos seguintes são,

respectivamente: i) estimular a criação de um novo capital e criar um sistema

tributário favorável à bioindústria; ii) desenvolver, atrair e reter talentos mundiais

na pesquisa biotecnológica e comercialização de produtos inovadores e iii) criar

um ambiente operacional para alinhar todas as políticas governamentais,

regulamentos e esforços de pesquisa e comercialização (BIOTECanada, 2009).

24

Apesar de similar às outras agendas, as estratégias canadenses são no âmbito

de atrair e reter indústrias e mão de obra qualificada no país.

No documento é apresentada a bioeconomia no passado, presente e futuro

no Canadá e é relatada a importância da bioeconomia, atribuindo a ela o aumento

da qualidade de vida. Enfatiza-se a necessidade de serem tomadas ações

imediatas para que o Canadá conquiste uma posição de renome mundial no

sistema econômico (STAFFAS; GUSTAVSSON; McCORMICK, 2013).

A agenda da BIOTECanada é a única dentre as analisadas que sugere

maneiras de se analisar o grau de sucesso das estratégias. Analisar as

porcentagens de contribuição da bioeconomia em relação ao GDP, de

crescimento do setor bioeconômico canadense em relação ao mundial e analisar

a aceitação mundial da biotecnologia canadense são os modos sugeridos pela

associação para que seja mensurado o sucesso das estratégias (BIOTECanada,

2009).

A Agenda dos Estados Unidos

A agenda americana "National Bioeconomy Blueprint", publicada em 2012,

é dividida em duas partes. A primeira descreve os impactos e a situação da

bioeconomia nos Estados Unidos no presente e no passado. A segunda parte

detalha as estratégias a serem tomadas para que o país seja líder mundial no

setor e se mantenha encabeçando o panorama econômico mundial (STAFFAS;

GUSTAVSSON; McCORMICK, 2013).

Assim como a OECD, os Estados Unidos utilizam a definição de

bioeconomia em sua estratégia para desenvolvimento bioeconômico. As cinco

estratégias citadas pelos EUA são: fomentar a Pesquisa & Desenvolvimento para

dar suporte à bioeconomia futura, facilitar a transição de bioinvenções dos

laboratórios de pesquisa ao mercado, desenvolver e reformar o marco regulatório,

atualizar programas de graduação e alinhar os incentivos às instituições

acadêmicas para a necessidade da força de trabalho nacional e incentivar e

apoiar as parcerias entre setor público e privado (ESTADOS UNIDOS, 2012).

Cada uma das cinco estratégias abordadas são amplamente discutidas e

detalhadas.

25

A agenda não discute abertamente as forças e fraquezas estadunidenses

em relação ao modelo econômico, pois atenta mais às oportunidades. A visão do

documento é positiva e incentiva as classes acadêmicas e empresariais a

investirem no setor, pois afirma a necessidade de se desvincular de sua matriz

energética fóssil (gás natural, carvão e óleo, basicamente) e enfatiza que devem

se garantir para o futuro diversificando e tornando sua matriz energética de

matéria-prima renovável (ESTADOS UNIDOS, 2012).

Outras oportunidades são citadas na Agricultura e na Saúde Humana. É

mencionado que apesar de já haver muita pesquisa na Agricultura, o setor ainda

pode ser muito desenvolvido e se beneficiar do crescimento populacional, tendo

como resultados dessa adversidade o aumento de produtividade para garantir que

toda a população tenha acesso à alimentação. Na Saúde Humana é visto que os

tratamentos mais eficazes já são derivados da biotecnologia e que existe a

oportunidade de aumentar a fração de tratamentos biológicos (ESTADOS

UNIDOS, 2012).

Ademais, são analisadas vantagens para o meio ambiente e para o

compartilhamento de conhecimento. O meio ambiente se beneficia da

bioeconomia das mais intangíveis consequências até a mitigação da mudança

climática, assim como ar e água limpos, e não se desvincula essas vantagens da

necessidade humana de provocar tais mudanças para o aumento da qualidade de

vida. O compartilhamento de conhecimento é visto como vantagem advinda das

mudanças econômicas e novas tecnologias da bioeconomia. Isto facilitará a

transferência e aplicação das novas tecnologias do setor acadêmico para o

industrial e agilidade no retorno econômico (ESTADOS UNIDOS, 2012).

A Agenda da Finlândia

Um cenário positivista e otimista para os anos 2050 é elaborado para o

documento. Uma sociedade quase autossuficiente em recursos e bem consciente

em relação a consumo e desperdício é descrita no início da agenda. O modelo

econômico descrito na estratégia finlandesa e parte do título é a economia de

base biológica distribuída (SITRA, 2011). O modelo se difere da economia de

base biológica, pois adiciona ao modelo o conceito de que além de ser

desmonopolizado, deve ser também integrado e localizado. Ou seja, não só

26

poderão existir pequenos produtores locais, mas também quando um produtor

não tiver produto a fornecer, outro fornecerá, ou quando não houver matéria-

prima, utilizar-se-á o que é desperdiçado em outro processo. Um exemplo de

modelo integrado seriam as Smart Grids, que permitem que um prédio consuma e

forneça energia elétrica para a rede, fazendo automaticamente os cálculos de

oferta e demanda.

O documento "Distributed Bio-Based Economy – Driving Sustainable

Growth" publicado em 2011 é voltado para o público em geral e é uma agenda

não oficial, elaborada pela SITRA – organização para a inovação que está sob o

poder do parlamento finlandês (SITRA, 2014). As estratégias do documento, de

perspectiva nacional, mas panorama global, não são claramente definidas, no

entanto pontos a serem atacados são mencionados. A escassez de recursos, a

evolução tecnológica e de competências e a consciência no consumo são alvos

da estratégia (SITRA, 2011).

As soluções apontadas para tais problemas são a criação do modelo

econômico citado acima (economia de base biológica distribuída) e a

competitividade saudável gerada pela economia de base biológica integrada,

redes modulares e integradas e a criação de novas parcerias e cooperações

(SITRA, 2011). A mensuração dos resultados é dificultada pela complexidade do

sistema econômico sugerido e por não haver estratégias concretas para alcançar

as metas finlandesas.

A Agenda da Suécia

A Suécia publicou em 2012 sua estratégia oficial para a economia de base

biológica "Swedish Research and Innovation Strategy for a Bio-based Economy".

O documento é direcionado às comunidades acadêmica, industrial e política e

aborda os desafios de transformar uma economia de base fóssil em uma

economia de base biológica. De forma bem detalhada é enfatizada a necessidade

de pesquisa no âmbito de encontrar soluções para os quatro principais desafios

para a transição (SUÉCIA, 2012):

i. A reposição de matérias-primas fósseis para de base biológica: como

aumentar o volume de produção e a qualidade da matéria-prima?

27

ii. Melhor uso de matérias-primas e produtos mais inteligentes: como

melhorar o uso das matérias-primas, diminuindo desperdício?

iii. Mudança nos hábitos de consumo: fornecer produtos atrativos e

competitivos e alcançar a consciência e o desejo do consumidor por uma

economia de base biológica.

iv. Priorização e escolha de índices indicativos: adequar índices econômicos e

mensurar impactos ambientais e sociais.

A solução para esses desafios deve ser resultado de pesquisas nos

institutos e universidades suecas e designações de como e o que deve ser

pesquisado são mencionados no documento. Para o primeiro desafio, por

exemplo, dever-se-á pesquisar e encontrar soluções em relação à produção

intensiva de matérias-primas de base biológica, à otimização de sistemas de

nutrição e fertilização, à colheita e à criação de animais, entre outros. São ainda

sugeridas maneiras de se incentivar a inovação e a comercialização de novos

produtos de base biológica (SUÉCIA, 2012).

Ao governo federal e ao parlamento são atribuídas tarefas quanto à

adequação da legislação, as regiões e municipalidades devem incentivar a

produção, inovação e consumo de matérias-primas de base biológica e órgãos de

fomento, do governo ou não, devem financiar pesquisas sobre o novo modelo

econômico e alternativas e soluções para ele nas universidades e institutos

(SUÉCIA, 2012).

28

4. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A AGENDA BRASILEIRA E AS DEMAIS

As agendas a serem comparadas tem todas um objetivo em comum: o

desenvolvimento de uma economia mais sustentável. Entretanto são perceptíveis

algumas diferenças conceituais, de ano de publicação, de oficialidade, de

objetivos e estratégicas. Alguns fatores de comparação são apresentados na

Tabela 1.

As agendas europeias seguem o conceito de economia de base biológica,

enquanto todas as outras analisadas objetivam o alcance da bioeconomia.

Contudo, a agenda da OECD conceitua e incentiva o avanço da bioeconomia,

desde que essa seja um setor representativo da economia, se aproximando do

conceito de economia de base biológica, que almeja que a economia seja

sustentável e de recursos naturais em sua totalidade. Também a oficialidade das

agendas é um quesito a ser comparado. As agendas do Brasil (2013), Canadá

(2009), Finlândia (2011) e OECD (2009) não são agendas oficiais do governo,

enquanto Alemanha (2011), Estados Unidos (2012), África do Sul (2013) e Suécia

(2012) possuem agendas elaboradas pelo governo.

É perceptível a diferença de objetivos dos países que aspiram à economia

de base biológica e a bioeconomia. Suécia e Finlândia objetivam fazer melhor uso

de recursos naturais e melhorar o processamento da biomassa por meio de

processos biológicos, sendo mais sustentáveis. Alemanha, por sua vez, tem um

objetivo similar aos da bioeconomia: desenvolver os setores de Agricultura, Saúde

Humana, Biotecnologia Industrial e Energia. Porém aplica todos os conceitos de

forma a atingir a sustentabilidade em todos os níveis e processos econômicos,

caracterizando, por sua complexidade, a economia de base biológica. Já os

objetivos dos países que esquematizam o desenvolvimento da bioeconomia

divergem entre si. Enquanto Estados Unidos e Canadá desejam desenvolver a

biotecnologia e por consequência a bioeconomia, Brasil deseja desenvolver os

setores de Agricultura, Saúde Humana e Biotecnologia Industrial, não sendo

necessário ser por meio de processos biotecnológicos. Já a África do Sul deseja

conseguir, com a bioeconomia, sanar seus problemas sociais como fome e

mortalidade infantil e ainda desenvolver a biotecnologia, assim como Canadá e

Estados Unidos.

29

Tabela 1: Quadro comparativo das agendas para a bioeconomia.

País Nome da Agenda Ano de Publicação Oficialidade Foco Definição Objetivo

Internacional (OECD)The Bioeconomy to 2030:

Designing a Policy Agenda2009 Não oficial Técnico Bioeconomia

Gerar processos, produtos e economia

sustentáveis

Brasil (CNI)Bioeconomia: Uma Agenda

para o Brasil2013 Não oficial Técnico Bioeconomia

Desenvolver os setores de agricultura,

saúde humana, biotecnologia industrial

África do Sul (DST) The Bio-Economy Strategy 2013 Oficial Técnico BioeconomiaSanar problemas sociais e desenvolver

a biotecnologia

Alemanha (BMBF)

National Research Strategy

BioEconomy 2030: Our

Route towards a Biobased

Economy

2011 Oficial TécnicoEconomia de

base biológica

Desenvolver os setores de agricultura,

saúde humana, biotecnologia industrial

e energia

Canadá (BIOTECanada)

The Canadian Blueprint:

Beyond Moose and

Mountains

2009 Não oficial Político BioeconomiaDesenvolver a biotecnologia e,

coonsequentemente, a bioeconomia

Estados Unidos (White House)National Bioeconomy

Blueprint2012 Oficial Político Bioeconomia

Desenvolver a biotecnologia e,

coonsequentemente, a bioeconomia

Finlândia (SITRA)

Distributed Bio-Based

Economy - Driving

Sustainable Growth

2011 Não oficial TécnicoEconomia de

base biológica

Melhorar o uso dos recursos naturais e

o processamento da biomassa

Suécia (FORMAS)

Swedish Research and

Innovation Strategy for a

Bio-based Economy

2012 Oficial TécnicoEconomia de

base biológica

Melhorar o uso dos recursos naturais e

o processamento da biomassa

30

Mesmo que não esteja abertamente especificado que um dos objetivos do

Brasil com o desenvolvimento da bioeconomia seja abrandar seus problemas

sociais, isto é citado como consequência do modelo econômico. Então, a

diferença entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento é gritante por

ser tão evidente que nesses últimos a bioeconomia seja vista como uma

alternativa para solucionar os inúmeros problemas sociais, ainda que estes

almejem tanto quanto os outros (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Finlândia e

Suécia) serem potências bioeconômicas. Dessa forma, os problemas a serem

enfrentados para que Brasil e África do Sul sejam referência na bioeconomia são

duplicados, pois há a necessidade de erradicar a fome, a mortalidade infantil e a

enorme desigualdade social, além de transpor as barreiras comuns a todos que

são a adequação da legislação em relação à indústria e aos produtos de

processos biológicos, a melhoria da sinergia entre academia e indústria, a fim de

que as tecnologias pesquisadas estejam disponíveis às indústrias e consumidor

mais rapidamente, e que haja incentivo e fomento a pesquisa e inovação para que

haja maior diversidade de bioprodutos. Há também a necessidade de que o

bioproduto ou bioprocesso seja competitivo em termos de custo e qualidade para

que seja atrativo para o cliente e justifique a troca do produto convencional em

relação ao novo.

Todos os países reconhecem que existem muitas barreiras a serem

quebradas, mas cada um analisa suas forças e oportunidades de modo que

saiam beneficiados na corrida para a bioeconomia. Brasil e África do Sul listam a

biodiversidade característica dos dois países como uma força, enquanto os

demais países tem como força o elevado nível científico e maior agilidade na

transição entre pesquisa e produção. Entretanto, soluções para as fraquezas de

cada nação são também elencadas. Canadá, por exemplo, precisa atrair e reter

profissionais e indústrias qualificadas; Finlândia, Alemanha e Suécia devem gerir

melhor o uso de recursos naturais, que são escassos na Europa; África do Sul

deve desenvolver e incentivar as pesquisas na área e Brasil diminuir barreiras

contra as biotecnologias e elaborar uma agenda oficial para a bioeconomia. Na

agenda americana não foram discutidas fraquezas nacionais.

Todos os países visam, através da bioeconomia ou economia de base

biológica, poder garantir nutrição global em 2030 (com oito bilhões de habitantes),

31

serem líderes e referências em bioeconomia e garantir o acesso à saúde e aos

alimentos e melhorar a qualidade de vida da população.

32

5. CONCLUSÃO

É inegável a evolução dos modelos econômicos a cada revolução industrial

enfrentada. Isto se deve a necessidade que o homem identifica em melhorar

processos e produtos. A bioeconomia é resultado de uma necessidade

identificada pelo homem em depender menos de matérias-primas não renováveis

e comprometer menos o meio ambiente. O resultado disto será a próxima

revolução industrial, que caracterizará um modelo econômico mais sustentável,

com menos monopólios e aumento da qualidade de produtos e de vida, sem

serem extremamente onerosos.

Porém, para que esse setor da economia seja significativo mundialmente,

há ainda muito a se melhorar, principalmente no Brasil. A legislação que

regulamenta tanto as indústrias e processos biotecnológicos quanto produtos

advindos deles deve ser adequada a fim de facilitar o emprego da biotecnologia e

a geração de bioeconomia. Deve-se também incentivar a pesquisa não só no

âmbito financeiro, mas também no tocante a diversificação e amplitude, para que

haja mais pesquisas e consequentemente pesquisadores e publicações nas áreas

de Biotecnologia Industrial, Agricultura e Saúde Humana. Deve-se ainda

incentivar as pesquisas nos setores de Agricultura e Biotecnologia Industrial, que

serão os impulsores do setor, gerando maior retorno econômico, para que haja

mais aplicações biotecnológicas nesses setores.

O tempo tomado entre a publicação de novas biotecnologias em periódicos

ou revistas e a aplicação dessas na indústria também deve ser diminuído. Isto

deve ser conquistado por meio da interação entre indústria e academia, criando

um intermediário da iniciativa pública que facilite a sinergia entre os dois grupos,

acelerando assim o acesso do consumidor às novas tecnologias.

Como exemplo de outros países, o Brasil deve oficializar uma agenda

nacional para a bioeconomia, além de estimular o uso de sua biodiversidade

como matéria-prima dos processos biotecnológicos. Por fim, deve-se encorajar o

consumidor brasileiro a comprar biotecnologia, provando que ela não só é uma

alternativa ambiental e socialmente sustentável, mas também econômica e

competitiva. A impulsão por parte do governo fará com que o Brasil rapidamente

se torne líder global, pois já há no Brasil políticas de incentivo a algumas

biotecnologias, como os biocombustíveis.

33

REFERÊNCIAS

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