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Página 1 de 27 Área de Competências-Chave Cultura, Língua e Comunicação RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário Núcleo Gerador 2 – AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DR2 – Tema: Resíduos e reciclagem

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Área de Competências-Chave

Cultura, Língua e Comunicação

RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário

Núcleo Gerador 2 – AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

DR2 – Tema: Resíduos e reciclagem

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Tema 2: Resíduos e Reciclagem

COMPETÊNCIA: Agir de acordo com a percepção das implicações de processos de reciclagem em contexto profissional, reconhecendo a mais-valia da sua utilização, recorrendo à comunicação de mensagens eficazes.

Não basta viver, é preciso que a nossa vida seja a melhor possível e se desenvolva nas melhores

condições. De entre estas condições, as de natureza ambiental são muito importantes porque contribuem

para o nosso bem-estar físico, psicológico e social. Todos nós

desejamos ter uma vida com boa qualidade. Quer dizer, é

importante ter boa água, bom ar, bons produtos para a nossa

alimentação e vestuário; que lugar onde vivemos seja agradável;

que os locais onde habitamos estejam ordenados e

conservados, de modo a que nos sintamos bem; que a fauna e a

flora possam viver juntamente connosco e que os serviços de

que necessitamos (correios, finanças, escolas, bibliotecas,

museus, hospitais, serviços de água, luz e outros) sejam eficazes

e estejam próximos de nós.

No sentido de desenvolvermos a nossa qualidade de vida,

há um aspeto que é muito importante: a preservação dos recursos naturais, apesar de termos que utilizá-

los para fazer face às nossas necessidades. Como sabemos, precisamos dos recursos naturais para viver, isto

é, precisamos da água, do ar, da terra, dos minerais (por ex.: petróleo), da fauna (os animais) e da flora (as

plantas). No entanto, devemos saber usá-los sem comprometer a continuidade da sua existência no tempo

futuro.

Um dos aspetos que mais contribuem para a degradação do planeta é a existência dos resíduos sólidos,

vulgarmente conhecidos por "Iixo", que todos produzimos

diariamente.

"Quantas coisas vamos deitar fora hoje? A caixa de uma nova

bisnaga de pasta de dentes? A caixa de cereais vazia ou o pacote

do leite? O bilhete do autocarro? Talvez um pacote de batatas

fritas e uma lata de refrigerante vazia? Elaboremos uma lista de

coisas que deitamos fora num dia e ficaremos espantados com o

seu número.

“Atualmente, uma família média portuguesa deita fora:

- papel velho que precisou de seis árvores para ser produzido;

- mais de 300 latas, das quais 100 são de comida para animais; - 47 kg de plástico;

- 32 kg de metais;

- 45 kg de comida;

-74 kg de vidro.

Isto significa que cada um de nós produz, por ano, quantidades de lixo que são dez vezes superiores ao

peso do nosso corpo.”

In Guia do Jovem Consumidor Ecológico - John Elkington e Jullia

Resíduos elétricos e eletrónicos Disponível na Internet:

http://essetalmeioambiente.com/o-cenario-do-lixo-eletroeletronico-no-brasil/

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No sentido de podermos viver melhor no presente e de permitir que as próximas gerações também o

possam fazer devemos poupar os recursos e deixar uma Terra mais limpa (desenvolvimento sustentável).

Devemos fazê-lo porque pensamos em nós e nas gerações que hão-de vir (vindouras). Que fazer, então, para

vivermos num mundo melhor, mais limpo e para deixarmos recursos para as gerações futuras?

De entre outros problemas ambientais, cuja resolução é importante tanto para o presente como para o

futuro, há o problema do chamado "Iixo". Este aparece-nos ligado a algo que não vale nada, que não presta.

Mas não é bem assim! ... Dado que, nele, podemos incluir materiais que podem voltar a ser utilizados e

aproveitados, é mais correto chamar-lhe resíduos sólidos. Papel velho não é lixo! Vidro velho não é lixo! O

mesmo se pode dizer das latas e dos restos de comida!... E tantas outras coisas que não são lixo!... São

resíduos sólidos que podem ser aproveitados.

Podemos considerar que há vários tipos de resíduos: resíduos domésticos, resíduos sólidos urbanos

(RSU), resíduos hospitalares, resíduos sólidos industriais e resíduos tóxicos ou perigosos (os pesticidas, os

diluentes, os decapantes e alguns produtos para a limpeza doméstica). Iremos centrar mais a nossa atenção

nos resíduos domésticos e resíduos sólidos urbanos porque é em relação a estes que, mais diretamente,

podemos, desde já, enquanto cidadãos, tomar uma atitude, assumir um gesto verde, como sugere o título

deste texto. Contudo os resíduos industriais não deixam de ser uma dos maiores problemas que afetam o

ambiente.

Para onde vão os resíduos sólidos?

1. Muitas vezes são colocados em depósitos, as chamadas "lixeiras", nas bermas das estradas, nas margens

dos rios. Esta forma de colocação é negativa porque se corre risco de incêndio, de contaminação dos solos e

da água, de mau cheiro e de degradação da paisagem.

2. Outras vezes são depositados em aterros autorizados, que,

se forem bem geridos, serão mais seguros que as "lixeiras",

mas, mesmo assim, não estão isentos de riscos e, além

disso, atingem a sua capacidade máxima rapidamente.

3. Outras vezes são transportados para incineradoras onde se

transformam em gases tóxicos, poeiras, cinzas e escórias,

que também têm que ser postas em algum lugar.

4. Nalguns casos são enviados para o fundo dos mares, o que

contribui para os poluir e afetar a vida marinha.

5. Na melhor das hipóteses, grande parte deles podem ser reaproveitados como matéria-prima em indústrias

de reciclagem.

In Sugestões para a Redução dos Lixos Domésticos - Instituto do Consumidor

Em conclusão: nenhuma das maneiras que temos para nos desembaraçarmos dos resíduos é totalmente

inofensiva. Eles têm que ser colocados em algum lado e causam sempre algum impacto ambiental, isto é,

causam alguma perturbação e sujam sempre o ambiente. Por isso, é indispensável que o seu depósito seja

pensado e planeado.

Mas melhor será, antes de mais, reduzir, isto é, todos fazermos um esforço no sentido de produzirmos

menos resíduos sólidos; reutilizar e reciclar os produtos que utilizamos.

Resíduos sólidos urbanos Disponível na Internet: http://www.ufrgs.br/vies/vies/do-lixo-

tudo-brota/

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Política dos 3 R: Que atitudes tomar face aos resíduos?

A resposta a esta pergunta implica três palavras, todas elas começadas pela letra R. São elas: reduzir,

reutilizar e reciclar. Este princípio dos três R foi adotado pela União

Europeia, na sequência da Conferência do Rio de janeiro, em 1992.

Havia já muito tempo que as pessoas que se preocupam com as

questões do ambiente, os ecologistas, vinham chamando a atenção

para a importância do conteúdo destas três palavras. Mais

recentemente, outros conceitos têm sido integrados nesta

abordagem dos R como Restaurar, Recuperar, Repensar e Respeitar.

Por uma questão metodologia apenas abordaremos os conceitos

associados aos 3 Rs.

Todos os cidadãos devem preocupar-se com estas três palavras

que expressam ideias fundamentais para a proteção do ambiente.

Neste sentido, todos podemos fazer qualquer coisa, por pouco que

seja, para melhorar a qualidade de vida. Todos – os industriais, os

comerciantes, os políticos, os militares, os agricultores, os

engenheiros, todos os homens e todas as mulheres,

independentemente da sua idade ou profissão – podem fazer

qualquer coisa pelo ambiente, mesmo que pareça pouco. As

páginas que se seguem poderão ajudar a descobrir o pequeno contributo de cada um, que por mais pequeno

que seja, poderá ser muito importante! Basta que façamos um pequeno esforço para adquirir ou reforçar

alguns "gestos verdes", que são pequenas atitudes que podemos tomar no nosso dia-a-dia, tais como reduzir

o consumo, deitar' as garrafas no vidrão, recolher o papel, as pilhas, as latas...

"É falso que pequenas iniciativas e esforços não pesem na mudança de atitudes: “gesto verde”' não é

aquele que se recomenda aos outros, mas que se pratica na escolha do tira-nódoas, na utilização do

detergente, no interesse em conhecer as economias de energia,

em saber porque se rejeita uma pilha com mercúrio, entre

tantas outras atitudes.

Não se trata de comprar mais, mas de comprar diferente

nos produtos de consumo corrente. Há até 'gestos verdes' que

não exigem qualquer compra. São gestos que preservam

fisicamente o nosso meio.

As embalagens de produtos alimentares e os sacos de

plástico representam uma porção significativa de resíduos

difíceis de eliminar, o melhor é fugir deles: rejeitar produtos

excessivamente embalados, utilizar frequentemente o saco das compras em pano e aproveitar os sacos de

plástico."

In Guia do Bom Cidadão Ecológico - Beja Santos

Todos, a começar por cada um de nós, somos responsáveis pelo destino a dar aos resíduos que

produzimos. Vejamos, agora, mais detalhadamente em que consistem os 3 (4) R.

Disponível na Internet:

http://www.atitudessustentaveis.com.br/artigos/sustentabi

lidade-reaproveitamento-de-residuos-solidos/

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1. Reduzir Reduzir é uma ação muito importante, porque se atuarmos a este nível, haverá menos problemas depois

com os resíduos que resultam do nosso consumo.

Se fizermos um esforço para consumir em menor quantidade alguns dos produtos que, bem vistas as

coisas, até podem ser dispensáveis, então estaremos a reduzir a produção de resíduos. Por exemplo, evitar

trazer demasiados sacos do supermercado. Sacos de papel ou de plástico?

"Os sacos de plástico são, muitas vezes, mais cómodos do que os de papel - só que não são biodegradáveis

(mesmo os que são biodegradáveis nunca desaparecem completamente - apenas se desfazem em pedaços),

além de que todo o plástico é feito a partir do petróleo, um material não renovável. Os sacos de plástico vão

muitas vezes parar aos oceanos, matando animais marinhos que neles ficam presos ou os engolem.

A tinta usada para impressão em sacos de plástico contém cádmio, um metal pesado tóxico. Portanto,

quando os sacos de plástico são queimados, libertam metais pesados para a atmosfera.

Os sacos de papel são recicláveis e biodegradáveis, mas, por outro lado, não saem baratos. Os sacos dos

supermercados, por exemplo, são sempre feitos com papel virgem - nunca reciclado - porque, dizem os

fabricantes, para fazer sacos que aguentem pesos grandes são necessárias as fibras compridas de pasta de

papel."

In 50 Coisas Simples que Você Pode Fazer para Salvar a Terra - The Earth, Works Group

Pelo que acima fica dito, devemos pensar duas vezes antes de trazer o saco do supermercado, quer seja

de plástico, quer seja de papel. Quando formos às compras, sempre que possível, levemos o nosso próprio

saco que poderá ser de pano ou de outro material durável.

Há atitudes que podem contribuir para reduzir o consumo e o desperdício, tais como: escrever nas duas

faces das folhas de papel, evitar a utilização abusiva do automóvel e evitar consumir bebidas enlatadas

porque assim se reduz o "Iixo". E se consumirmos produtos concentrados, reduziremos também o número

de embalagens. Do mesmo modo, devemos evitar o uso de produtos em forma de spray, porque contribuem

para a destruição da camada de ozono e muitas outras coisas.

...Muitos fazem a mudança!

O "Ponto Verde" indica que a empresa fabricante do produto

assinalado, participa num programa de recolha de embalagens para pos-

terior reciclagem ou valorização. Desta forma, deveremos passar a

preferir este tipo de embalagens quando escolhemos um produto.

Se fizermos um esforço para reduzir o consumo de bens indispen-

sáveis, então também estaremos a reduzir os desperdícios. Ex.: consumir

menos água a regar, a tomar banho, a lavar automóveis, consumir

menos papel, porque se poupa a floresta, a água, o ar e a energia

necessários para o fabricar.

Para reduzir também é importante preferir produtos que sejam

amigos do ambiente, isto é, que sejam biodegradáveis - que se reintegram na Natureza - ou que sejam

menos poluentes e menos tóxicos. Para obteres esta informação, nada melhor do que ler a rotulagem e

preferir produtos que sejam amigos do ambiente, se possível reciclados e que possam ser recicláveis.

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A propósito de produtos amigos do ambiente, vamos falar um pouco dos detergentes e de alguns

cuidados a ter no que respeita à escolha destes produtos.

" A maioria dos detergentes contém fosfatos e outros componentes químicos ricos em fósforo. Os

fabricantes utilizam-nos porque amaciam a água e evitam que as partículas de sujidade voltem a aderir à

roupa.

(...) [os fosfatos] produzem muitos efeitos secundários graves no ambiente: quando são arrastados para

os rios e os lagos, os fosfatos servem de "alimento" às plantas aquáticas - isto é, fertilizam-nas de tal modo

que se dá uma proliferação de plantas, em especial de algas, dando origem às chamadas "marés vermelhas".

Quando as algas morrem, seguindo 0 seu ciclo natural, as bactérias que fazem a sua decomposição - um

processo que precisa de grandes quantidades de oxigénio – consomem o oxigénio de que outras plantas e

animais necessitavam para sobreviver. Resultado: os rios e os lagos podem morrer."

50 Coisas Simples que Você Pode Fazer para Salvar a Terra - The Earth, Works Group

Em casa tentemos esclarecer os elementos da família acerca destes problemas. Comecemos por observar

a embalagem do detergente que é

usado. Nela está registada a

quantidade de fósforo que o

detergente possui e aparece

normalmente sob a designação de

“fosfatos” Multipliquemos o

número que consta na embalagem

por 3 e obteremos assim o teor de

fosfato. Assim, se o detergente

contém 8% de fósforo

multipliquemos por 3 e obteremos

24% de fosfato que é um valor alto,

porque, há detergentes que existem no mercado com apenas 0,5% de fosfatos.

Exemplo:

O TIDE máquina contém entre outros ingredientes:

- <5% de Policarboxilatos, tensoativos não iónicos, tensioativos catiónicos, branqueadores à base de

oxigénio, Zeolitos.

- 5% -15% Tensoativos aniónicos.

- 15% - 30% Fosfatos.

- Enzimas.

Relativamente à escolha dos detergentes, que poderemos fazer de modo a evitar a morte de rios e lagos?

Usar menos detergente; escolher um detergente com menos fosfatos (os detergentes líquidos

normalmente não contêm fosfatos) ou usar sabão em pó, se a água não for muito calcária.

Em conclusão: reduzir o consumo de produtos e bens é uma forma de ser amigo do ambiente e da

Natureza. Este é um gesto simples e que está ao teu alcance.

Disponível na Internet:

http://intervirnoambiente.blogspot.pt/

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2. Reutilizar Reutilizar quer dizer voltar a utilizar, ou seja, usar de novo os mesmos produtos. Há toda uma série de

produtos que podemos voltar a utilizar. Às vezes, pensamos que "o usar e deitar fora" é o melhor, mas não é

bem assim para todos os casos. Por exemplo, talvez seja melhor preferir o vasilhame de vidro com retorno,

que é aquele que tu podes devolver para

voltar a ser utilizado. Usar uma garrafa de

vidro uma só vez é pouco aconselhável para

o ambiente. O melhor seria utilizá-la mais

que uma vez. Mas, no caso de tal não ser

possível, então o melhor será pô-la no

vidrão para a reciclagem, como haveremos

de ver!

Reutilizar também é uma atitude

importante para preservar o ambiente.

Exemplos de reutilização: fazer um esforço

para voltar a utilizar os sacos para as

compras, para o pão, preferir o vasilhame com retorno, os sacos de pano, os guardanapos de pano de entre

outros casos.

No sentido de melhor reutilizar, há outras atitudes que também são muito importantes, como sejam:

reparar e manter os bens duráveis, não se desfazer de certos objetos de uma forma leviana (um bom

exemplo é o caso dos eletrodomésticos).

Na mesma ordem de ideias, outra atitude muito importante será emprestar ou partilhar bens que são

utilizados raramente. Em vez de deitar fora o que não precisamos, podemos dar ou vender esses bens para

que não aumentem mais os resíduos e, entretanto, outras pessoas poderão beneficiar deles.

3. Reciclar

Reciclar consiste em recolher e transformar um resíduo de modo a que este possa ser novamente utili-

zado para o mesmo fim ou para outro diferente do que estava inicialmente previsto.

Como poderemos contribuir para facilitar a reciclagem?

Em primeiro lugar, escolher produtos e embalagens recicláveis e quando não precisarmos deles, colocá-

los em locais apropriados, tais como o recipiente do papel, das

pilhas, dos metais, do vidro, do plástico e outros.

Em segundo lugar, poderemos optar por produtos feitos de

materiais recicláveis.

Em terceiro lugar, no caso de termos o nosso próprio quintal ou

jardim, fazermos nós próprios a compostagem de resíduos de

jardim e dos alimentos. Quer dizer, em vez de deitarmos fora estes

resíduos (restos de comida, de aparas do jardim, de plantas e de

sebes), poderemos nós mesmos reciclá-los porque deles resulta

matéria orgânica, que é um ótimo adubo biológico a usar para

enriquecer a terra. Assim, em vez de utilizarmos adubo químico,

Imagem disponível na Internet:

http://contrarioaoesperto.blogspot.pt/

Processo de preparação de papel para reciclagem Imagem disponível na Internet:

http://naturlink.sapo.pt/Intervir/Artigos-

Praticos/content/Reciclagem-do-papel-como-e-feita-e-

qual-a-sua-importancia?bl=1&viewall=true

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procedamos à sua substituição por adubo biológico que é mais saudável, não polui o solo nem as águas, e

evitamos com esta medida sobrecarregar ainda mais os locais

onde se depositam os resíduos sólidos. Há, deste modo, várias

vantagens na transformação, por compostagem, dos resíduos

biológicos em matéria orgânica.

Em Portugal, aos poucos, vão-se adquirindo hábitos de

colocação dos vários resíduos nos locais apropriados e

indicados para o vidro, o papel, o plástico e as pilhas. Há

países onde cada um, logo em sua casa, separa a matéria

biológica - restos de comida e de aparas - que coloca num

recipiente adequado para o efeito; noutro recipiente coloca o

vidro, noutro as pilhas, noutro as latas e noutro os plásticos.

Em Portugal também estamos no bom caminho! E, se todos aderirmos, o resultado será ainda melhor e mais

rápido.

Reciclagem do vidro

“O vidro é feito a partir de areias siliciosas, carbonato de sódio e cal, que são submetidos a várias

transformações. Fundido em fornos a altas temperaturas, vertido para os moldes que lhe hão-de dar a forma,

rapidamente arrefecido, o vidro

transforma-se em objetos e recipientes. A

produção do vidro evoluiu ao longo dos

tempos. Hoje, a quantidade de matérias-

primas e de energia que é necessária à sua

produção diminuiu. A recolha e o

aproveitamento do vidro velho muito

contribuíram para essa redução.

Desde que esteja separado de outros

produtos, o vidro é um material reciclável.

Separá-lo dos outros resíduos é uma forma

de contribuir para um melhor ambiente porque a sua presença no conjunto dos resíduos, o "lixo", é muito

agressiva. Aproveitando o vidro, também estaremos a contribuir para não extrair abusivamente areia, uma

vez que ela é necessária para produção do vidro. Por cada tonelada de vidro velho que se recolhe, poupam-se

400 kg de areia. Também se poupa energia e água.”

Guia do Bom Cidadão Ecológico (adaptado) - Câmara Municipal de Lisboa

Reciclagem do papel

“Se pensarmos bem, o papel é um produto que nos acompanha no nosso dia-a-dia. A sua presença é

constante na nossa vida diária, em casa (guardanapos, lenços, copos, pratos, toalhas, jornais, revistas, caixas,

embalagens e outros), na escola e nos locais de trabalho (para fotocópias, para o computador...) É agradável

tê-lo na carteira sob a forma de papel-moeda.

Procuremos um pouco a história do papel.

Processo de preparação de garrafas de vidro para reciclagem Imagem disponível na Internet: http://www.setorreciclagem.com.br/reciclagem-

de-vidro/como-montar-uma-empresa-de-reciclagem-de-vidro/

Latas prensadas para reciclagem. Imagem disponível na Internet:

http://www.florestalrecicla.com/2011/05/brasil-perde-r-8-bilhoes-anualmente-por.html

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O papel foi inventado na China, no início da era cristã. Chegou à Europa pela mão dos árabes no séc. XII.

Vulgarizou-se devido à imprensa de Gutenberg (no séc. XV), ao desenvolvimento das comunicações (nos sécs.

XIX e XX) e aos processos de fabrico. Para a sua fabricação é necessária a celulose, extraída das fibras

vegetais das árvores, grandes quantidades de água e muitos produtos químicos. A fabricação da pasta de

papel exige assim muitos recursos naturais e provoca muito impacte ambiental: a desflorestação implica a

diminuição da biodiversidade - porque a pasta de papel deriva, em geral, da monocultura do eucalipto -, a

erosão dos solos, a poluição das águas provocada pela utilização dos produtos químicos.”

Guia do Bom Cidadão Ecológico (adaptado) - Câmara Municipal de Lisboa

Pelas razões acima referidas, nos nossos dias a reciclagem do papel é muito importante. Para isso, é

necessário que as pessoas, em vez de deitarem o papel para o "lixo", o depositem nos locais apropriados.

Depois, vai ser recolhido e utilizado para fabricar novamente papel. Assim, produz-se papel, poupa-se

água, energia, madeira proveniente das árvores e o solo na sua riqueza.

Plásticos

O plástico é um produto muito utilizado por todos nós no dia-a-dia e é uma componente forte nos nossos

resíduos. Os plásticos vão-se acumulando nas "lixeiras" e

praticamente não se decompõem. Há uns anos atrás,

procedia-se à sua incineração, mas esta é uma solução com

consequências indesejáveis porque lança para a atmosfera

agentes tóxicos e cinzas que contribuem para as chuvas ácidas

a para a destruição da camada de ozono.

É difícil, pelo menos por enquanto, dispensar o plástico do

nosso quotidiano. Então, qual a solução? Reciclagem. Para

isso, coloca os plásticos no plasticão. Só assim, será possível a

recolha seletiva de plásticos para posteriormente reciclagem.

Óleos

"Um único litro de óleo para automóvel pode poluir

950 mililitros de água potável.

E meio litro de óleo usado pode originar uma

mancha venenosa com cerca de meio hectare de

diâmetro."

50 Coisas Simples que Você Pode Fazer para Salvar a

Terra - The Earth, Works Group

É pois enorme o impacto que os óleos podem

causar no ambiente. O que acontece ao óleo do

carro quando vamos à oficina fazer a revisão? E

que destino é dado ao óleo usado nas máquinas das fábricas onde trabalhamos?

Processo de preparação de garrafas de plástico para reciclagem - Imagem disponível na

Internet: http://naturlink.sapo.pt/Intervir/Artigos-

Praticos/content/Reciclagem-do-papel-como-e-feita-e-qual-a-

sua-importancia?bl=1&viewall=true

Resíduos industriais perigosos Imagem disponível na Internet: http://quimicadjg.blogspot.pt/2013/06/como-

deve-ser-feito-o-descarte-dos.html

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Pilhas

“É muito importante que as pilhas não sejam lançadas no conjunto dos resíduos, porque contaminam o

solo e as águas, devido ao facto de conterem elementos

altamente poluentes, tais como o mercúrio, o cádmio e o

níquel.

Por isso, não devemos deitar as pilhas nos conjuntos dos

resíduos sólidos, mas guardá-las e entregá-las na Autarquia ou

num recipiente próprio para evitar que sejam abandonadas e

vão contaminar o solo e a água.

A propósito do mercúrio, vale a pena ler o texto que se

segue.

"No séc. XVII, os chapeleiros, que usavam mercúrio no trata-

mento do feltro e das peles, começaram a ter um

comportamento estranho. Como ninguém sabia que se tratava,

afinal, de intoxicação pelo mercúrio, partiam do princípio de que os chapeleiros estavam todos loucos. É daí

que vem a expressão "louco como um chapeleiro" e até o Chapeleiro Maluco, personagem de “Alice no País

das Maravilhas."

50 Coisas Simples que Você Pode Fazer para Salvar o Ambiente, The Earth, Works Group

Lembremo-nos que uma única pilha contamina o solo durante 50 anos. Prefira pilhas recarregáveis

porque, ainda que também contenham mercúrio, duram mais tempo. Escolha também as pilhas que

contenham menor teor de mercúrio.

Resíduos industriais “Os resíduos industriais gerados em processos produtivos, bem como os que resultam das atividades de

produção e distribuição de eletricidade, gás e água são uma forma de poluição que suscita uma crescente

preocupação, tanto para as empresas como para toda a

Sociedade. Além dos diversos impactes ambientais implícitos,

causadores de desequilíbrios graves nos ecossistemas e na

saúde humana, existe também o custo económico associado à

produção de resíduos industriais. "Gerar cada vez menos

resíduos industriais", através da implementação de estratégias

de prevenção, passa pela racionalização do consumo de

matérias-primas e energia, melhorando os índices de

produtividade, pela aplicação de tecnologias mais limpas ou

das melhores tecnologias disponíveis aos processos produtivos

e de suporte e, particularmente, passa pelo cumprimento dos

planos nacionais de prevenção e gestão de resíduos industriais

publicados nos vários diplomas legais existentes nesta matéria.

A legislação é indispensável, enquanto forma de enquadrar normas, objetivos, planos e prazos, para que essa

Resíduos industriais perigosos Imagem disponível na Internet:

http://meioambiente.culturamix.com/recursos-naturais/opersan-residuos-industriais

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mudança se concretize e funciona também como um instrumento para a punição de agentes prevaricadores.

Existem razões de diferente natureza que inadequadamente, ainda são atualmente utilizadas como

argumento para justificar situações de más práticas na gestão de resíduos industriais, nomeadamente o

desconhecimento da legislação aplicável nesta matéria, o desconhecimento de outras soluções técnicas mais

eficientes e dos benefícios daí resultantes, a desvalorização que é dada ao impacte ambiental da atividade

industrial, entre outras. Torna-se por isso fundamental um esforço acrescido de informação, formação e

sensibilização sobretudo aos Industriais (incluindo as Administrações e todas as Partes Envolvidas numa

Organização), que deverão encarar a gestão adequada dos seus resíduos, não somente como uma obrigação

ambiental para com a Sociedade, mas também, como uma estratégia de negócio, em que a aplicação de

técnicas/tecnologias de prevenção, minimização, valorização e gestão apropriada dos resíduos produzidos,

significa um melhor aproveitamento dos recursos materiais e energéticos, com benefícios financeiros

quantificáveis e como um fator de "Competitividade Responsável" em mercados globais.”

In Vieira, Conceição et al. Manual de Gestão de Resíduos Industriais (2011) Associação Empresarial de Portugal

Aplicação da política dos 3 Rs em contexto profissional

O Desenvolvimento sustentável é um desafio global que tem por base três pilares fundamentais: o

progresso sociocultural e o desempenho ambiental, ambos aliados ao sucesso económico.

In www.lipor.pt. Junho 2010

Historicamente, o respeito pelo meio ambiental tem sido encarado pelos empresários como uma

restrição ao desenvolvimento das suas atividades e à revelação da sua competitividade. A obrigatoriedade de

cumprir determinados padrões ambientais, impostos pela regulamentação ambiental, é tida como restritiva

do processo de tomada de

decisão subjacente à

prossecução das estratégias de

negócio das empresas e

impositiva de acréscimos de cus-

tos, limitadores da capacidade

concorrencial. (...) A

regulamentação introduz nas

empresas o imperativo de

respeitar o ambiente, criando

incentivos à condução de atividades inovadoras que culminam com a introdução de processos e tecnologias

de produção mais limpas, reduzindo os impactes negativos da atividade.

(...) Sob visões estáticas é inevitável que a regulamentação ambiental, sem qualquer movimento de

ajustamento ou reestruturação compensatório, conduza a aumentos de custos. Porém, na realidade, as

empresas operam num ambiente competitivo e dinâmico, sendo constantemente confrontadas com

pressões externas que enfrentam de forma positiva para se manterem competitivas, optando,

frequentemente, por desenvolver ou adotar inovações.

A hipótese teórica da existência de uma relação positiva entre o desempenho ambiental e económico das

empresas, mesmo sem recurso a hipóteses simplificadoras ou redutoras da realidade, é bastante robusta. No

entanto, em termos empíricos, se há alguns níveis da análise em que se deteta um claro reconhecimento

pelas empresas do contributo do respeito ambiental para o bom desempenho nos mercados, outros há que

revelam um grande afastamento das relações teóricas discutidas da realidade.

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A conclusão que parece poder retirar-se para Portugal é que a preocupação das empresas com as

questões ambientais ainda se encontra num estádio

muito embrionário. O enfoque continua a manter-se

no cumprimento estrito da legislação em vigor,

atuando as empresas de forma reativa na definição e

operacionalização das suas estratégias e políticas

ambientais.

A regulamentação, ainda que de forma coerciva,

tem sido o principal meio de divulgação de informação junto dos órgãos das empresas, pelo qual se tem

procurado orientar a evolução cultural do meio empresarial no sentido desejado, propenso à adoção de boas

práticas ambientais. Esta parece ser uma condição necessária, ainda que não suficiente, à mudança desejada

já que as empresas se revelam sensíveis à pressão regulamentar, sendo ainda esta a principal razão que leva

a maioria das empresas a considerar os impactes ambientais que provoca. É ainda incipiente a consideração

do ambiente como fator estratégico pelas empresas industriais nacionais. Os fatores de mercado têm um

fraco peso e são ainda uma minoria as empresas que consideram o ambiente como fator estratégico de

competitividade, embora a maioria considere que o ambiente devia ser encarado de forma pró-ativa. Ou

seja, há um lag, assumido, entre as intenções e a prática comum. (...) Rogério Silveira - As questões ambientais na estratégia das empresas (adaptado)

In www.eventos.uevora.pt/cpea/RogerioSilveira.pdf. Junho 2010

Exemplos de boas práticas ambientais em contexto profissional

A produção de eletricidade está

associada à emissão de poluentes para a

atmosfera.

A produção de papel implica a destruição de

recursos naturais assim como o aumento de resíduos

e de poluição.

Minimizar os consumos de energia.

Sempre que possível, optar por iluminação

natural.

Minimizar o consumo de papel.

Programar o computador para entrar

em modo standby.

Reutilizar e reciclar embalagens e envelopes

de circulação interna.

Manter as portas fechadas quando o

aparelho de ar condicionado estiver ligado.

Reutilizar folhas apenas usadas de um dos

lados para apontamentos e anotações.

In www.centrodeinformacao.pt. Junho 2010

Noções de consumo, desperdício e qualidade ambiental

Do "Homem-produtor" ao "Homem-consumidor"

Durante milénios, o "Homem-produtor" capturou, cultivou e manipulou os bens da sua subsistência. O

"Homem-produtor" não invocava o supérfluo nem duvidava das suas necessidades. Ponderava todos os atos

de consumo e a compra na feira era sempre um acontecimento social. Hoje, o consumidor individual tem

como horizonte de consumo toda a sua vida. Onde o "Homem-produtor" vivia subjugado pela satisfação das

suas necessidades primárias, o "Homem-consumidor" vive constrangido por não ter meios para satisfazer

tantas necessidades secundárias. A atmosfera do "Homem-produtor" pautava-se pelo contingente. pelo

frugal, pelo reaproveitamento. A atmosfera do "Homem-consumidor" é a da escolha infindável, ele cerca-se

de sinais de opulência, néon e tapetes de alcatrão que unem os domicílios às catedrais de consumo. (...)

Imagem disponível na Internet: http://giasa.com.br/institucional/responsabilidade-ambiental/

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Os problemas da sociedade dos consumidores

As três características dominantes da sociedade de consumo são: a abundância, a massificação e a

homogeneização. Com efeito, foi o fabrico em série que

estabeleceu que, nesta nova sociedade, o mais difícil não era

produzir bens e serviços, mas criar consumidores. Alguém observou

que a sociedade de consumo começou no dia em que se descobriu

que a produção em série tornou mais fácil fabricar produtos que

vendê-los. (...)

Com o desenvolvimento de comunicações comerciais

envolvendo marketing, publicidade e merchandising, iniciou-se

uma era de sedução, mas também de desequilíbrio de mercado,

uma vez que os fabricantes, prestadores de serviços e

intermediários de diferente índole se muniram de instrumentos

capazes de subverter as referências culturais e os hábitos de consumo.

Estas indústrias da sedução fizeram-se acompanhar de um novo desenvolvimento dos média. Não é por

acaso que a sociedade de consumo se desenvolve da rádio para a televisão e, desta, para o digital. Ao tornar-

se mediático, como qualquer outro objeto, o consumo perdeu espontaneidade, passou a depender do que

dele pensam os diversos construtores de opinião, que tanto podem ser os anunciantes como a moda.

In http://sitio.dgidc.min-edu.pt. Junho 2010 (adaptado)

Responsabilidade e compromisso com o ambiente

As notícias que nos chegam de todos os cantos do mundo fazem-nos lembrar que vivemos numa

confortável sociedade de consumo e que nos esquecemos de ler as letras miudinhas que vinham no

testamento social e ambiental das últimas gerações. O desrespeito pelos direitos humanos acompanha o

crescimento de alguns países do mundo; hecatombes humanitárias e políticas grassam noutros pontos do

planeta; as consequências do efeito de estufa são já visíveis, tanto no ar que se respira nas cidades como nos

glaciares que desaparecem. Cada vez mais tomamos consciência de que o nosso habitat natural, onde todos

vivemos dependentes uns dos outros e do equilíbrio com a natureza, não aguenta muitos mais anos de

utilização intensiva como a que se fomentou no século XX. A grande questão agora é saber como inverter a

situação, como satisfazer as necessidades e aspirações de hoje sem

comprometer as necessidades das gerações vindouras? Os

problemas estão já bem identificados: pobreza extrema, fomes,

epidemias, graves assimetrias norte/sul, profunda desigualdade de

género, exploração desenfreada dos recursos naturais,

biodiversidade em perigo, aumento dos resíduos e poluentes,

aumento do consumo energético.

É neste cenário que nasce a ideia de responsabilidade dos

consumidores e se apela para uma urgente mudança de

comportamentos, porque mais do que sensibilizar e informar, é

preciso aprendermos a mudar agora. É necessário intervir no âmbito

da educação, formar ativamente as novas gerações, mudar os

comportamentos de forma radical.

Imagem disponível na Internet: http://www.skyscrapercity.com/showthread.ph

p?p=99931325

Disponível na Internet: http://www.petshopmagazine.com.br/2012-04-cfmv-e-o-desenvolvimento-sustentavel-16449

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Nem a responsabilidade social das empresas pode ser um conceito vazio de ação social, fortemente

instrumentalizado pelos gabinetes de marketing que deixa de ter em conta somente o lucro e os interesses

dos acionistas, para ter em conta o Bem Comum dos trabalhadores, das comunidades, do ambiente onde se

insere.

Por isso apelamos a um Consumo Responsável, que inclui a ideia de sustentabilidade social e ambiental

alicerçada em critérios éticos. É preciso consumir diferente, ter mais e melhor informação sobre os produtos

- os seus custos sociais e os seus impactos ambientais. É preciso pensar noutro modo de consumo e pô-lo em

prática, todos os dias, em todas as áreas das nossas vidas, por todo o mundo. Optar por consumir menos e

consumir melhor.

Consumo responsável - Questões, desafios e guia prático para um futuro sustentável, Cadernos do Comércio Justo, n.º 1 (adaptado) .

Promoção do desenvolvimento sustentável

As desigualdades de desenvolvimento, a consciência das limitações dos recursos naturais e a

degradação ambiental do nosso planeta puseram em evidência a necessidade de promover o

desenvolvimento sustentável.

A noção de desenvolvimento sustentável tem implícito um compromisso de solidariedade com as

gerações do futuro, no sentido de assegurar a transmissão do “património” capaz de satisfazer as suas

necessidades. Implica a integração equilibrada dos sistemas económicos, sociocultural e ambiental.

Subjacente ao desenvolvimento sustentável deve estar a resiliência que consiste em assegurar o

desenvolvimento das capacidades de indivíduos, organizações e governos de forma a preparar a sociedade

para enfrentar as crises e recuperar das mesmas.

A consciência dos perigos que corremos multiplicou o número de organizações e programas cujo grande

objetivo é alterar o nosso sistema de valores, os nossos estilos de vida, introduzindo a componente

ecológica.

Surgiram um pouco por todo o mundo associações e partidos ecologistas; Ministérios do Ambiente

foram criados em mais de 70 países; organizaram-se conferências internacionais; foram criados o PNUA e

outros programas de pesquisa e ação.

As medidas a adotar para proporcionar o equilíbrio entre o

homem e ambiente passam por diferentes níveis, por exemplo:

- abandono das políticas exclusivamente baseadas no

crescimento económico; a cooperação internacional: é essencial

para permitir a mitigação e adaptação aos problemas ambientais,

mas também para promover o desenvolvimento sustentável e

evitar retrocessos graves no desenvolvimento humano;

- intensificação da cooperação entre os países mais desenvolvidos

e os países menos desenvolvidos, dado que estes últimos são os

mais vulneráveis aos problemas ambientais e não possuem

recursos económicos que lhes permitam reagir e adaptar-se, por

exemplo, às consequências das alterações climáticas;

- investimento em atividades industriais que reduzam a produção de resíduos e desenvolvam processos de

reciclagem e reutilização de materiais; participação ativa da sociedade civil ao nível da denúncia e da ajuda à

superação dos problemas;

- melhorar a informação (mais e melhor informação sobre as condições sociais ambientais e

económicas das populações, incluindo os custos reais da utilização do ambiente - exemplo da pegada

ecológica);

- minimizar a utilização dos recursos não renováveis e prevenir a erosão dos recursos renováveis;

- utilizar todos os recursos com a máxima eficiência;

A sustentabilidade ambiental tornou-se uma das preocupações das sociedades atuais Disponível na Internet: http://www.jrrio.com.br/construcao-

sustentavel/sustentabilidade.html

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- Abrandar o elevado crescimento da população e regular de forma eficaz a ocupação do espaço pelas

atividades humanas;

- cumprimento dos acordos internacionais e a integração das questões ambientais nos debates no seio

da OMC.

Promover estas alterações no rumo ao desenvolvimento revela-se

fundamental, sem esquecer que a aplicação de estratégias de

desenvolvimento ecologicamente corretas depende:

- da ação individual e coletiva de cada indivíduo, do papel do Estado e

das políticas do ambiente;

- do papel das empresas e de todos os agentes económicos;

- do respeito pelos tratados e acordos internacionais e do cumprimento

dos caminhos traçados desde as Conferências de Estocolmo, em 1972;

- da ação das organizações nacionais e internacionais.

Finalmente, é preciso reafirmar a incapacidade dos atuais modelos de

desenvolvimento para resolver o problema da pobreza, do desemprego e da

insatisfação das necessidades não materiais.

A solução passará, com certeza, pela redistribuição mais equilibrada dos custos/benefícios e pelo modo

como as populações acedem aos recursos.

Desenvolvimento sustentável e ação climática Entende-se por desenvolvimento sustentável o que “procura satisfazer as necessidades da geração atual sem

comprometer a capacidade das gerações vindouras de suprirem as suas próprias necessidades” (relatório

Bruntland, “O nosso Futuro Comum”). Um compromisso assente no equilíbrio de três eixos: social, ambiental

e económico.

O tema está na ordem do dia. Com o fim da vigência dos

Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, setembro iniciou

uma nova temporada de desafios.

Aprovada e adotada pela Assembleia Geral da Nações

Unidas, a Agenda Global para o Desenvolvimento Sustentável

2030 é um plano de ação, tendo as pessoas, o planeta e a

prosperidade no seu epicentro, que procura a paz universal

através de parcerias verdadeiramente globais. Com 17 objetivos

e 169 metas, este programa, mais abrangente e ambicioso nos propósitos do que o anterior, assume a

sustentabilidade do planeta e dos seus modelos de desenvolvimento como sendo prioritária nos próximos 15

anos.

Os cientistas afirmam, com 95 por cento de certeza, que a atividade humana constitui a principal causa na

base do aumento de temperatura global.

Identificada como sendo uma das maiores ameaças ambientais, sociais e económicas que enfrentamos

atualmente, a questão das alterações climáticas discute-se em dezembro, na 21ª Conferência das Partes da

Convenção, resultante da Cimeira do Rio, de 1992, de onde se espera um novo acordo, juridicamente

vinculativo, em que todas as partes, países desenvolvidos ou em desenvolvimento, se comprometam a reduzir

a emissão de Gases com Efeitos de Estufa, conforme as respetivas Contribuições Nacionais Determinadas.

As propostas parecem simples mas exigem um mergulho na nossa essência e uma análise detalhada aos

nossos usos e costumes. Exigem que nos reposicionemos e repensemos as nossas escolhas. Exigem medidas

que implicam sacrifício e empenho.

O “Ter” tem-nos definido, mas com que consequências para a possibilidade do “Ser”, saudável, informado,

justo, feliz?

Poluição ameaça a

biodiversidade

Disponível na Internet:

http://knowledge.allianz.com/en

vironment/climate_change/?663

/how-biodiversity-protects-

against-climate-change-gallery

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O conceito de desenvolvimento sustentável tem origem no Relatório Brundtland publicado em 1987 (documento intitulado "Nosso Futuro Comum") que o define como o processo que "satisfaz as necessidades presentes. sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades".

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Vivemos escravos das nossas necessidades que, a solto galope, estão cada vez mais distantes de serem

consideradas básicas. A nossa lógica de consumo desenfreado subsidia esquemas de produção que cilindram

muitas vidas e constroem uma realidade muito injusta, muito desigual.

A servidão à economia tem sido o centro de todas as questões. E se tudo fosse diferente? E se a necessidade

de possuir desse lugar à possibilidade de usufruir? E se não exigíssemos mais à natureza do que aquilo que ela

nos pode dar? E se nos preocupássemos com a proveniência dos produtos que consumimos e com as condições

de trabalho das pessoas que os confecionam? E se

a produção estivesse ajustada às necessidades de

todas as pessoas?

“Temos nas mãos o terrível poder de recusar”.

E com essa liberdade uma enorme

responsabilidade. A força que temos enquanto

cidadãos e consumidores é gigante. E entre nós e

ela somente a nossa decisão, que, apesar de ser

individual, deve ser pensada globalmente.

É urgente a opção por modelos de consumo e

gestão informados e responsáveis.

O trabalho digno e produtivo no setor público e

privado é factos chave para a redução da pobreza e

fomenta uma globalização mais justa.

É preciso que cada país use consistente e

coerentemente modelos de consumo e de produção sustentável para criar oportunidades de trabalho de

qualidade para todas as pessoas, promover políticas de proteção social, fomentar a inclusão e fazer cumprir os

princípios e direitos fundamentais, com benefícios para as gerações atuais e futuras — só assim a paz e a

felicidade serão possíveis. Na construção de um mundo justo e livre, o investimento tem de ser nas pessoas.

Em todas as pessoas!

Aprendermos a pensar e agir em conformidade é o caminho mais direto para um mundo melhor.

CLÁUDIA SEMEDO, in jornal Público de 15/11/2015 *Embaixadora do Ano Europeu para o Desenvolvimento

Do velho se faz novo e bonito

Depois de falarmos de redução, reutilização e reciclagem, e

poderemos ainda, com alguma imaginação, fazer objetos artísticos a

partir do que é considerado velho e sem interesse. Podem construir-se

bonecos de pano, espantalhos e outros objetos com coisas velhas.

Um dia, o famoso pintor Picasso criou uma bela escultura, chamada

"Cabeça de Touro", com um guiador e um selim de uma velha bicicleta

que foram apanhados no lixo. Quer dizer, com muita imaginação,

aproveitou o que outros deitaram fora e construiu uma escultura. Mas

Picasso foi apenas um dos muitos artistas que procuraram aproveitar o

“lixo” para produzir obras artísticas, para passaram mensagens

ambientais e estéticas.

De seguida, poderá encontrar textos que abordam a relação entre o

ambiente e a cultura.

Este texto sobre resíduos foi essencialmente retirado de com adaptações: Moura, Carminda; Teixeira, V. Isabel. Eu e os outros (sd) Porto: Porto Editora

A Cimeira das Nações Unidas realizada em setembro de 2015

aprovou em uma agenda com 17 objetivos e 169 metas de

desenvolvimento sustentável até 2030.

Vaso decorativo feito de jornais e revistas

Imagem disponível na Internet: http://planetapegadaverde.blogspot.pt/

2011/04/o-velho-vira-novo.html

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A ARTE AO SERVIÇO DA SUSTENTABILIDADE

Arte e Ambiente: que conceitos, atitudes e ações estão por detrás desta dicotomia? Ao longo da história

do Homem e dos objetos têm sido atribuídos diferentes sentidos e significados ao conceito de Arte e ao

conceito de Ambiente. Desde os primeiros vestígios da pré-história, a arte passou a ser parte integrante da

cultura do homem, tornando-se, para muitos, uma necessidade e um modo de expressão perante o mundo

que os rodeia. A arte veio também enriquecer, embelezar e melhorar a qualidade de vida do homem,

completando-a.

Com o desenvolvimento das diversas culturas e sociedades, o ser humano criou diversos artefactos,

aproveitando e adequando matérias-primas encontradas na natureza, dando-lhes formas úteis, funcionais e

belas à medida e à vontade do homem, as quais proporcionaram satisfação ao fruidor, refletindo o modo de

pensar e os valores de cada cultura e de cada sociedade.

Hoje em dia, numa sociedade que integra no seu seio uma cultura materialista que cultiva o consumismo,

instalando a moda do “usar e deitar fora”, grande parte dos recursos materiais e energéticos necessários

para esta produção desenfreada ainda é considerada como

inesgotável e a natureza é entendida como tendo capacidade

infinita para suportar quaisquer agressões. Além disso, está à

nossa disposição uma enorme variedade e oferta de objetos e,

desde que lhes seja dada oportunidade, as pessoas gostam de

adquirir coisas.

No entanto, nos últimos anos apareceram diferentes

atores no campo artístico, com diferentes manifestações,

hoje designados por artistas, artesãos e designers que face

aos grandes problemas ambientais, criaram uma nova

relação com a Sociedade e com a Natureza.

Um dos inúmeros problemas ambientais tem a ver com a

poluição, que é uma palavra muito comum nos dias de hoje. O seu significado é muito claro e visível pelos

resíduos deixados na Natureza. A gestão dos resíduos está a tornar-se um problema complexo que requer a

participação de todos. Torna-se necessário aumentar a consciência global das pessoas relativamente às

questões relacionadas com o ambiente e tentar dar um novo sentido à responsabilidade individual.

Segundo o filósofo e educador J. Krisnamurti, “Qualquer viagem começa sempre com o primeiro passo”.

Todos os esforços para salvar o planeta devem começar em casa de cada um, a um nível pessoal e em cada

escolha que fazemos. Cada um de nós pode fazer a diferença. É necessária uma nova consciência de que a

nossa relação com o ambiente é uma questão de moralidade social, e é responsabilidade de cada geração

deixar aos seus sucessores um mundo melhor.

Para salvar o planeta e os seus hóspedes é necessária a construção de sociedades do conhecimento

baseadas na educação para a sustentabilidade e na educação para o futuro, que tenham um papel

importante na transformação da sociedade, que assente na mudança de valores e atitudes.

Cada dia aparecem mais projetos e iniciativas que aproveitam os resíduos, transformando-os em

recursos: energia, compostagem, matérias-primas e também em arte. Neste campo são inúmeras as

publicações, exposições, documentários e eventos que mostram esta nova tendência a uma audiência

internacional. Mostram o poder transformador individual e coletivo de artistas, artesãos e designers que

aproveitam o lixo que todos deitamos fora todos os dias para o transformarem em matéria-prima útil para

os seus projetos sustentáveis e de baixo impacto ambiental. São experiências que têm a ver com o dia-a-

dia, divertidas, criativas, funcionais, estéticas, úteis, de “fazer algo a partir do nada” e, acima de tudo,

amigas do ambiente. (...)

Artur Bordalo, um jovem lisboeta de 26 anos, que estudou Pintura na Faculdade de Belas-Artes, dedica-se a transformar lixo em animais, em Lisboa.

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Temos que contribuir para uma Cultura Material mais sustentável. É possível reutilizar criativamente

materiais de fácil acesso e consumo, na conceção de

artefactos, integrando-os na nossa vida quotidiana. (...)

Cada um de nós poderá encontrar função e beleza nos

objetos construídos a partir de materiais onde os outros

apenas o veem como lixo.

Será possível comprar e consumir menos, e criar mais?

Este é o grande desafio com o qual todos temos de nos

confrontar. “ Desenvolver a capacidade criativa e a

consciência cultural para o século XXI é uma tarefa

simultaneamente difícil e essencial. É necessário que todas

as forças da sociedade se empenhem na tentativa de

assegurar que as novas gerações deste século adquiram

os conhecimentos e capacidades e, o que é porventura

ainda mais importante, os valores e atitudes, os

princípios éticos e as normas morais necessárias para serem cidadãos responsáveis do mundo e garantes

de um futuro sustentável”.

Galante, Manuela (2009) Arte e Ambiente – Que conceitos, atitudes e acções estão por detrás desta dicotomia? Roteiro para a Educação Artística, Aspea – Associação Portuguesa de Educação Ambiental. Disponível na Internet em: http://www.aspea.org/XVIJ_Oficina%20Arte%20Ambiente%20Manuela%20Galante.pdf, data de consulta a 22-04-2015, adaptado.

A reutilização ao serviço da criação artística

"Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma",

Antoine Laurent de Lavoisier (1743 - 1794)

A célebre frase de Lavoisier “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” foi utilizada

como ideia basilar para a redação deste artigo.

(...)

Importa antes de mais clarificar os conceitos

de reutilização e de lixo: reutilização significa

pegar numa preexistência e dar-lhe uma nova

função; lixo é todo o material sólido sem

utilidade.

Recuperar e reutilizar lixo transformando-o

em obras de arte foi uma prática que atravessou

o século XX e que ganhou mais força nos últimos

anos. Artistas como Picasso, Tatlin e Marinetti,

Mimmo Rotella, Louise Nevelson, Marcel

Duchamp, Kurt Schwitters, Chirstian Boltanski e

Rauschenberg são alguns dos artistas que se

interessaram pelos materiais considerados lixo,

descartáveis e que os usaram como “matéria-

prima” para as suas criações artísticas.

O artista mexicano Alejandro Duran, utiliza resíduos

plásticos, e não só, que dão à costa no México, para

realizar as suas coloridas criações artísticas.

Nature morte à la chaise canée, 1912. Óleo e aplicações na tela

com corda ao redor, Pablo Picasso. Imagem retirada de VERGINE,

Lea 2007. p.129.

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Na verdade os artistas da vanguarda do início do século XX utilizaram “lixo” nas suas obras. O Futurismo, o

Cubismo e o Dadaísmo foram os

movimentos que mais se destacaram

neste contexto de arte, apenas mais tarde

considerado como tal. A intenção destes

artistas era deixar claro que utilizando,

papel de rascunho, cordas, cordéis, lixo,

bilhetes de navios e de comboio, ou seja,

material que foi considerado de baixo

valor, era possível fazerem-se criações

artísticas, idênticas àquelas que recorrem

a materiais tradicionais.

O dadaísta Marcel Duchamp, um dos

autores que mais fronteiras abriu para

uma nova forma de pensar a arte, retirava

peças do seu contexto original inserindo-

as num contexto de difusão de arte,

questionando profundamente o valor

implícito de arte moderna. As diversas formas de interpretação de peças, já existentes com uma

determinada função, obrigam a um processo complexo, mas claro e

objectivo – de tentar fazer entender o visitante como se pretende

que o objeto seja compreendido. (...) Duchamp atribuiu novos

significados a objetos que desempenhavam uma determinada

função quotidiana, pertencendo a uma nova definição de significado,

abrindo e expandindo o campo daquilo que poderia ser considerado

arte e sua definição.

Entre 1960 e 1970 o uso de “lixo” expandiu-se para quase todos

os trabalhos artísticos

como forma de

denúncia do

consumismo excessivo

e de crítica social

destas épocas,

considerando as

teorizações dos grupos

Fluxus, Poesia Visiva,

Nouveau Réalisme e

Pop Art. No entanto, os anos 1980 e 1990 foram de extrema

exploração poética. Os pós-modernistas continuaram a partir

de objetos usados, objetos desatualizados ou simplesmente de

lixo, continuaram a produzir objetos de arte.

O conceito de reutilização acabou por migrar para o

designe e hoje há imensos criadores que recorrem à

reutilização para produzirem os seus objetos.

Carreto, Filipe Cardoso; Carreto, Albuquerque Ferreira (sd) In Convergência 12: Revista de Investigação e Ensino das Artes. Disponível na Internet em: http://convergencias.esart.ipcb.pt/artigo.php?id=104, data de consulta a 22/05/2015, adaptado

Roda de bicicleta, ready-made,

1913. Marcel Duchamp,

Imagem retirada de Web Site:

http://fakeline.wordpress.com/2009

/10/, data de acesso 26 de Maio

2010].

Com Barulho Secreto, 1916. Reay-made: novelo de

cordel entre duas chapas de latão ligadas por quatro

parafusos. Se deslocar o ready-made ouve-se um barulho.

[Marcel Duchamp, Imagem retirada de Web Site:

picasaweb.google.com/fotosaula/Dadaismo#, data de acesso

24 de Março de 2010].

A Vitória, 1920, montagem,

colagem e óleo sobre cartão,

104.5 x 79 cm. [Kurt Schwitters,

Imagem retirada de Web Site:

http://mediaspin.com/blog/?p

=445, data de acesso 26 de

Maio de 2010].

Robert Rauschenberg, "Mercado Negro",

1961.

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Lixo que dá à costa transformado em arte contra o desperdício

O lixo de uns é a arte de outros. No caso de Alejandro Duran, para além de arte, o lixo dos outros é

também o seu manifesto.

O artista mexicano utiliza resíduos plásticos, e não só, que dão à costa no México para as suas coloridas

criações artísticas que se misturam e evidenciam no espaço em que se

encontram.

É um alerta para os efeitos da sociedade de consumo que afeta

também os locais mais remotos:

“Eu trabalho o tema do modo

como os resíduos viajam pelo do

oceano até às costas de Sian

Ka’na, a maior reserva

governamental do México”, refere. Este local, “património mundial

da Unesco, é também habitat de uma vasta panóplia de fauna e flora

e a segunda maior barreira de coral do mundo. Infelizmente, (…) é

também repositório para o lixo do mundo.”

Washed Up é mais do que arte, é um alerta. Apesar dos

resultados visualmente aprazíveis, o objeto artístico fala sobretudo das nossas preocupações ambientais e na

forma como lidamos com o desperdício.

In Lixo que dá à costa transformado em arte contra o desperdício [Consultado em 2015-03-17 22:09:00] Disponível na Internet em: http://charivari.pt/2015/04/19/lixo-que-da-a-costa-transformado-em-arte-contra-o-desperdicio/, adaptado

Vik Muniz: o homem que transformou lixo e a vida dos catadores em arte

Vik Muniz é um dos grandes nomes da arte contemporânea mundial sendo o artista brasileiro que mais

obras vende no estrangeiro. Radicado em Nova Iorque, tem obtido grande sucesso junto da crítica e do

público devido aos trabalhos e às obras de arte que tem produzido com recurso a materiais abandonados

pela sociedade.

Nascido numa família pobre, Vik resolveu fazer alguma

coisa para retribuir à sociedade tudo o que ganhou. Foi daí

que surgiu a ideia de transformar lixo em arte. No seu

documentário “Lixo Extraordinário”, de 2010, premiado nos

importantes festivais de Berlim e de Sundance, o artista

plástico revela o seu processo criativo, desde a seleção do

lixo que vai utilizar até à exposição das peças em museus e

mostras.

O documentário revela o outro lado dos resíduos

descartados pela sociedade, através da exposição do dia-a-

dia de sete catadores de material reciclável do aterro do

Jardim Gramacho, um dos maiores aterros controlados de

todo o planeta.

Auto-retrato de Vik Muniz à base de lixo lixo

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Vik passou dois anos na maior lixeira do mundo a trabalhar com os apanhadores, transformando os seus

retratos em obras gigantescas compostas por materiais abandonados. O dinheiro arrecadado com a venda

das obras foi doado à associação de catadores

local e a vida das pessoas que ajudaram Vik

mudou para sempre.

O documentário “Lixo Extraordinário”

(Waste Land no original) foi nomeado para um

Oscar, sendo uma bela reflexão sobre

felicidade, consumismo, pobreza e

solidariedade. Vik mostra os catadores como os

seres humanos que são (com sonhos, falhas e

alegrias) e devolve dignidade a esses homens e

mulheres invisíveis que prestam um grande

serviço ao país.

Obviamente que não precisamos ir tão

longe na realização de arte com o lixo. Nós

mesmos podemos reutilizar muitas coisas com

os resíduos que temos em casa. Para além da

beleza e sustentabilidade, a reutilização de

materiais pode ser de facto bastante interessante e divertida, uma vez que envolve a criatividade na criação

das peças. Garrafas PET, jornais, caixas de papelão, revistas velhas, enfim, quase tudo que descartamos

diariamente, se usado com criatividade e com bom gosto,

pode tornar-se numa peça de decorativa ou mesmo numa

obra de arte.

Os artigos eletrónicos também são bastante úteis para a

criação de peças decorativas. Após a remoção e a correta

separação dos componentes tóxicos (como as baterias, por

exemplo). O material plástico pode ser utilizado na

composição de muitas peças. Porta-joias, porta-retratos,

vasos, entre muitas outras coisas, podem ser criados

apenas com algumas partes desses de aparelhos.

Aqueles que querem aventurar-se no mundo artístico

de forma sustentável, devem preocupar-se em selecionar

apenas materiais ecologicamente corretos para a

realização das peças, priorizando tintas e solventes à base

de água, por exemplo, livrando-se corretamente de todos

os materiais, componentes ou partes de objetos que não

forem utilizados na criação das peças, de acordo com as

boas práticas da separação de resíduos.

In Gluck Project (2014). vik muniz: o homem que transformou lixo e a vida dos catadores em arte [Consultado em 2015-04-20 21:25:00] Disponível na Internet em: http://www.gluckproject.com.br/o-homem-que-transformou-lixo-e-a-vida-dos-catadores-em-arte/, adaptado e In Arte com lixo: uma bela atitude sustentável (2008) [Consultado em 2015-04-20 21:20:00] Disponível na Internet em : http://www.fragmaq.com.br/blog/arte-com-lixo-uma-bela-atitude-sustentavel/, adaptado

Uma das obras de Vik Muniz feita à base de lixo

Disponível na Internet: http://www.gluckproject.com.br/o-homem-que-

transformou-lixo-e-a-vida-dos-catadores-em-arte/

Uma das obras de Vik Muniz realizada com recurso a lixo

Disponível na Internet: http://www.gluckproject.com.br/o-homem-que-

transformou-lixo-e-a-vida-dos-catadores-em-arte/

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Arte sustentável: 10 artistas incríveis que transformam lixo comum em arte

Muitos artistas conseguem transformar lixo de todo o tipo – colheres velas, cabides usados, pedaços

de madeira encontrados na rua – em arte maravilhosa. Conheça dez exemplos de artistas que fazem arte

sustentável.

Para do brasileiro Vik Muniz, existem muitos outros artistas pelo mundo fora que fazem excelente uso do

lixo, transformando objetos fora de uso em obras de arte expressivas. O mais interessante é que a maioria

apropria-se da condição de lixo desses materiais, seja como memória do que foram um dia, ou pelo facto de

terem sido abandonados, e, portanto, libertados da sua condição anterior.

Sayatka kajita – A artista japonesa Sayaka Kajita cria figuras

dinâmicas e cheias de poesia usando peças de plástico

descartáveis, como colheres e copos. O mais impressionante é a

sensação de movimento que emana das suas esculturas, assim

como a natureza das formas que se situam no limiar entre o

orgânico e o artificial.

Ann P. Smith – A americana Ann P. Smith dedica-se a fazer

esculturas de peças de eletrodomésticos e equipamentos eletrónicas

abandonadas. Ela desmonta cada uma das máquinas e reutiliza-as

para criar as suas esculturas-robôs, em forma de animais. Além de

criar as peças, Ann ainda grava pequenos clipes de stop-motion com

robôs, numa alusão ao ciclo natural de todos os materiais da terra.

Haroshi – O artista japonês Haroshi empilha antigos skates para criar

esculturas tridimensionais, nas quais é possível notar as camadas

coloridas, a que dá ênfase. Às vezes, altera a forma de empilhar as

pranchas, criando novos padrões coloridos.

Jaime Prades – Nas

suas obras o artista brasileiro Jaime Prades usa pedaços de

madeira recolhidos das ruas, deles fazendo árvores que

evocam a memória e o nascimento. A árvore que foi

transformada em móvel, que se tornou lixo, que voltou a

ser árvore...

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Wim Delvoye – O belga Wim Delvoy trabalha uma ideia pouco usual:

esculpir pneus, criando belas figuras inesperadas. Ele esculpe à mão

delicados padrões florais, tornando um objeto descartado num objeto

decorativo. Wim trabalha com outros objetos reutilizados como botijas

de gás, que acabam parecendo porcelana pintada.

Jane Perkins – A britânica Jane Perkins

usa todo o tipo de quinquilharia (de pedaços de bijuteria quebrada, botões,

brinquedos de plástico, grampos de cabelo velho) para criar retratos de

pessoas famosas. Ela usa esses pequenos objetos como reminiscências: as

pessoas como retratos, são feitos de fragmentos de memórias.

Paul Villinski – Paul Villinsky, de Nova Iorque, usa materiais

descartados para criar figuras que evocam a liberdade. Com

pares de luvas usadas, cria belas asas, e com o que sobra das

latas de cerveja, faz borboletas. Segundo ele, a transformação

do lixo em arte é uma forma própria de meditação.

David Mach – David Mach usa materiais inusitados nas suas gigantescas esculturas

(cabides velhos, fósforos ou qualquer outro material usado) que as outras pessoas

poderiam considerar lixo.

Erika Iris Simmons – A

norte-americana Erika Iris

Simmons utiliza fitas de

cassete, símbolo do obsoleto, para construir uma

interessante metáfora de como elas ajudaram a

imortalizar o espírito dos ícones da música.

Robert Bradford – O artista Robert Bradford usa pequenos

brinquedos velhos ou estragados do filho para criar obras,

explicando que o que mais gosta no trabalho que faz é notar

que cada pequena parte que constituiu o todo tem uma

história, um passado.

In Arte sustentável: 10 artistas incríveis que transformam lixo comum em arte (sd), in Fala Cultura. [Consultado em 2015-03-23 15:10:00] Disponível na Internet em: http://falacultura.com/10-arte-lixo/, adaptado

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A reutilização de resíduos como uma prática criativa

O que pode ser feito, por exemplo, com um velho regador ou com uma cadeira de madeira que se partiu?

As casas e as gavetas dos nossos avós enchiam-se de objetos que já não estavam em condições de serem

usados nas funções para que haviam sido criados, mas, na hora certa, eles sabiam que destinos lhes dar,

faziam aquilo a que nós hoje chamamos reutilização.

Faziam isso porque viviam em tempos difíceis.

Não era fácil criar coisas novas e, por isso, cada

objeto era tratado com cuidado e moderação, de

modo a durar o mais tempo possível. Quando

deixava de ser usado na sua primeira função, havia

sempre um novo destino para lhes dar.

Hoje estamos dar novos usos às coisas, a reutilizá-

las por razões exatamente opostas às dos nossos

avós: temos uma grande oferta de novos objetos, de uso

singular e de baixo custo, que se não as reutilizarmos,

acabaremos por ficar rodeados de lixo.

A situação de emergência em que nos encontramos,

coloca-nos perante a necessidade de mudança radical de

perspetiva. É aqui que entra o ecodesign, assente em

princípios de sustentabilidade, que olha para os resíduos

como recurso e não apenas como um problema. O

ecodesign procura pensar a nossa relação com as coisas,

dando nova vida aos objetos quando eles deixam a sua utilização "oficial”.

In DIDATTICARTEBLOG-ensinar e aprender arte e criatividade (30 de junho, 2013) [Consultado em 2015-04-23

23:12:00] Disponível na Internet em: http://www.didatticarte.it/Blog/?p=693&lang=pt, adaptado

ECOD BÁSICO: ECODESIGN E DESIGN SUSTENTÁVEL

A vertente preza pelo design aliado à sustentabilidade/Foto: Luce Beaulieu

Uma nova filosofia de responsabilidade socioambiental está a mudar o conceito de design em todo o

mundo. Os profissionais e estudiosos mais atentos já estão a aderir ao ecodesign e ao design

sustentável para acelerar a mudança nos processos de

produção e consumo e ajudar a criar alternativas

sustentáveis para o desenvolvimento.

Diferente do design convencional, que procura

agregar valor a um produto apenas para alavancar o seu

potencial económico, o ecodesign e o design sustentável

procuram projetar soluções para o consumidor sem abrir

mão do respeito pelo meio ambiente e pela sociedade.

Para isso, são utilizadas técnicas específicas, tecnologias

limpas, materiais apropriados e estimuladas atitudes social e ecologicamente corretas.

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Para entendermos melhor como isso funciona, é preciso diferenciar ecodesign de design sustentável. O

primeiro termo começou a ser discutido na década de 80, com o aparecimento das primeiras discussões

sobre desenvolvimento sustentável. O seu objetivo era preservar ao máximo o meio ambiente por meio de

técnicas de design e assegurar que as gerações futuras tenham

direito a usufruir dos recursos naturais, como nós o fazemos hoje.

O design sustentável vai um pouco além. Engloba as vertentes

ambiental, social e económica ligadas ao desenvolvimento e à

utilização de um produto. Para isso, durante o processo de

planeamento e desenvolvimento do material, o profissional do

design sustentável estuda todo ciclo de vida do produto em causa,

desde a matéria-prima utilizada até ao seu abandono, e fica atento a

uma série de fatores que podem influenciar a forma como aquele

produto irá ter impacte no ambiente.

O conceito de design sustentável pode ser aplicado de diversas formas, como:

Por meio da recuperação de material. Os materiais utilizados devem estar o mais próximos possível

de seu estado natural para que sejam facilmente recuperados. Materiais compostos são de difícil

recuperação e reciclagem, pois muitas vezes não é possível a segregação dos componentes originais.

Desenvolvendo projetos “simples”. Os produtos desenvolvido de formas simples – sem descuidar do

fator estético – geralmente têm custo de produção menor, pois utilizam menos materiais e permitem

maior facilidade de montagem e desmontagem.

Reduzindo as matérias-primas na fonte. Esta atitude visa reduzir o consumo de materiais ao longo do

ciclo de vida do produto, o que reduz também a quantidade de resíduos gerados no final do ciclo de

vida.

Recuperando e reutilizando os resíduos. É um engano pensar que resíduos só são gerados na altura

de nos livramos dos objetos. Essa é apenas uma fração de tudo o que é deitado fora durante todo o

processo, o que inclui o fabrico e o uso de um produto. Por isso, é importante adotar tecnologias que

recuperem os resíduos, aproveitando ao máximo a matéria-prima e obtendo ganhos económicos e

ambientais.

Utilizando formas de energia renováveis. Esse é um dos pressupostos do desenvolvimento

sustentável, porém é preciso ficar atento ao ciclo de vida dos equipamentos que utilizam energias

renováveis para se determinar a viabilidade, tanto ambiental quanto económica, desses

equipamentos. Pode ocorrer que para o fabrico de um coletor solar, por exemplo, seja consumida uma

grande quantidade de recursos não renováveis e seja gerada uma grande quantidade de resíduos

perigosos.

Utilizando materiais eco-friendly. Os designers sustentáveis, sempre que possível, optam por utilizar

matérias-primas renováveis substituindo as não-renováveis. São materiais como o bambu, as tintas de

origem vegetal (substituindo as químicas), as madeiras de reflorestamento, os plásticos reciclados,

etc..

Optando por produtos com maior durabilidade. A extensão da vida útil de um produto contribui

significativamente para a ecoeficiência, já que um produto durável evita a necessidade de fabricação

de um substituto.

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Recuperando as embalagens. A aplicação desta prática prevê que as embalagens possam ser

reaproveitadas, seja na reutilização ou na reciclagem. Para isso, é importante que os fabricantes

assumam a responsabilidade pelas suas embalagens e desenvolvam sistemas de recolha que facilitem

a reutilização ou a reciclagem.

In EcoD. N. Ecodesign e design sustentável (2015) [Consultado em 2015-04-23 00:15:00] Disponível na Internet em: http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/profissionais-unem-design-e-sustentabilidade-numa#ixzz3cmyiUDSi, adaptado

São inúmeras as fontes disponíveis para abordar a temática dos resíduos. Deixamos aqui

dois documentos disponíveis na Internet, que abordam globalmente o tema:

- Guia do professor para educar para o ambiente (sd) Associação de Municípios de S. Miguel

- Manual de Gestão de Resíduos Industriais (2011) Associação Empresarial de Portugal