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Página 1 de 30 Área de Competências-Chave Cultura, Língua e Comunicação RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário Núcleo Gerador 5 – TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO DR1 – Tema: Comunicações Rádio

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Área de Competências-Chave

Cultura, Língua e Comunicação

RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário

Núcleo Gerador 5 – TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

DR1 – Tema: Comunicações Rádio

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Tema 1: Comunicações rádio

COMPETÊNCIA: Operar com as comunicações rádio em contexto doméstico adequando-

as às necessidades da organização do quotidiano e compreendendo de que modo

incorporam e suscitam diferentes utilizações da língua.

A tecnologia nas sociedades contemporâneas

A descoberta de que vivemos hoje numa sociedade global e as novas formas de compreender o

mundo surpreendem-nos, encantam-nos e atemorizam-nos. O mundo não é mais compreendido como

um conjunto de nações e o seu elemento central e principal não é mais o indivíduo na sua singularidade

ou organizado coletivamente. O componente humano é agora concebido dentro de uma sociedade

global, de um espaço mundializado pelas configurações e movimentos da globalização. (...)

É no âmbito de um espaço ou ambiente global que vamos considerar as novas tecnologias de

informação e a sociedade que tem nelas um de seus sustentáculos: a sociedade da informação e do

conhecimento.

A expressão "Sociedade da

Informação" quer significar uma

nova forma de organização social

em que a aquisição,

armazenamento, processamento,

valorização, transmissão,

distribuição e disseminação de

informação adquirem primazia na

criação de conhecimento e na

potencial satisfação das

demandas da sociedade atual. Tal

sociedade corresponde a uma

nova estrutura social, cujo

funcionamento recorre

crescentemente a redes digitais

de informação. As alterações daí

advindas resultam do

desenvolvimento de novas

tecnologias da informação, audiovisuais e das comunicações com as suas importantes ramificações e

impactos no trabalho, na educação, na ciência, na saúde, no lazer, nos transportes e no ambiente, entre

outros.

A transição para esta nova sociedade, motivada pela revolução informacional, possui um traço

diferencial em relação às outras revoluções tecnológicas, que tinham por base a energia, a matéria e a

força muscular. O que caracteriza a transição em curso (da sociedade industrial para a pós-industrial) é o

domínio da informação e do conhecimento. (...)

Nesse espaço de primazia da informação e do conhecimento, as novas tecnologias desenvolvidas para

seu manejo e uso vieram dar novo impulso ao trato do elemento informacional, de como aceder-lhe,

recuperá-lo, transmiti-lo. Os média adquirem novos recursos ao contar com uma comunicação global e

instantânea que se lhe potencializa como veículo de transmissão de notícias. A "Aldeia Global" indica a

formação de uma comunidade mundial, materializada "com as realizações e as possibilidades de

Imagem disponível em: http://alinemmf.blogspot.pt/

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comunicação, informação e fabulação abertas pela Eletrónica". Com esse recente espaço aberto, além das

mercadorias convencionais, a informação aparece como um novo produto a ser comercializado: "As

informações, os entretenimentos e as ideias são produzidos, comercializados e consumidos como

mercadorias".

A explosão dessas novas tecnologias da informação e da comunicação, a qual tem hoje como emblema

a Internet, vem acompanhada do surgimento da sociedade da informação e do conhecimento. Essas

tecnologias, que intervêm na quase totalidade das atividades humanas, estruturam modos de aprender,

de pensar, de produzir, de trocar, de decidir e de se representar o mundo.

A Sociedade da Informação, portanto, desenha-se como um novo ambiente global, alicerçado na

comunicação, cujas regras de operação, serviços e aplicações estão sendo discutidas e construídas

atualmente no âmbito mundial.

Diante desse fluxo mundializado de informações, percebemos que o fenómeno global e a sociedade

informacional possuem um nexo particular: as novas tecnologias de informação e comunicação. A nova

realidade que se configura coloca-nos algumas questões fundamentais sobre suas consequências e

efeitos, de entre as quais destacamos as seguintes indagações: aderir à era da informação e do

conhecimento, assim como entrar no ritmo da globalização, pode significar o progresso social ou o

aniquilamento das culturas locais, regionais e nacionais? Até que ponto estar inserido nesta nova rea-

lidade é benéfico ou maléfico para as nações sob o ponto de vista de suas tradições culturais? Seria p

excesso de informação algo ameaçador para as sociedades contemporâneas?

Sara Andrade, 2001, A informação na sociedade contemporânea: uma breve abordagem sobre a sociedade da

informação, o fenómeno global e o mundialização da cultura, Revista Farn:, Natal, v.1 n.º 1 (adaptado)

Comunicações rádio

A rádio é um sistema de comunicação que usa ondas eletromagnéticas que se propagam pelo

espaço. As ondas de luz visível são muito mais curtas. No espaço as radiações eletromagnéticas

propagam-se em forma de ondas a uma velocidade uniforme de quase 300 000 quilómetros por segundo

(km/s). Utilizam-se ondas radiofónicas de diferentes comprimentos (comprimento de onda) para distintos

fins. Em geral as ondas eletromagnéticas distinguem-se pela sua frequência (número de ciclos por

unidade de tempo) que é inversa ao comprimento de onda.

As ondas mais curtas têm frequência mais alta e um

comprimento de onda mais baixo, enquanto as ondas de

frequência mais baixa têm um comprimento de onda mais

elevado.

O nome do pioneiro da rádio alemão Heinrich Hertz serviu

para batizar a

unidade de

medida da

frequência:

hertz (Hz).

Assim, um ciclo

por segundo

equivale a 1 Hz (hertz), 1 kHz é igual a 1000 Hz, ou 1000

ciclos por segundo e assim sucessivamente. As ondas de

rádio vão de alguns kHz (kilohertz) a vários gigahertz (GHz). As ondas de rádio utilizam-se não só na radiodifusão,

Subsistem na nossa sociedade diferentes tipos de comunicação rádio que podem ser utilizadas em diversos âmbitos, podendo ir desde o uso na esfera privada, à esfera social e profissional.

As diferentes formas de comunicação passam agora pelo uso de telemóvel, de rádio, de PDAs, de televisões, de computadores, de pagers, entre outros. Todos estes tipos de comunicações estão moldados às diferentes necessidades de utilização, que vão desde o campo pessoal, ao campo profissional e/ou campo sociocultural. Existem atualmente distintas maneiras de comunicar, podendo-se utilizar ondas rádio ou ondas eletromagnéticas.

Disponível na Internet: http://www.alnoticias.com.br/ministerio-das-comunicacoes-

abre-selecao-para-radios-comunitarias-em-

alagoas/=14&visual=5e+futebol&gs_l=img.3...3146.3146.0.456

8.1.1.0.0.0.0.76.76.1.1.0....0...1.1.64.img..1.0.0.Vw7IzgqrC9E#i

mgrc=aANWUmhFKyl8PM%3A

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mas também em telegrafia sem fios, telefones, televisão, radar, sistemas de navegação e comunicação

espacial. Na atmosfera as características físicas do ar originam pequenas variações do movimento

ondulatório que provocam erros nas comunicações, como, por exemplo, no radar. Além disso as

tempestades e as perturbações elétricas provocam fenómenos anormais na propagação das ondas de

rádio.

As ondas eletromagnéticas numa atmosfera uniforme propagam-se em linha reta e, como a superfície

terrestre é praticamente esférica, a comunicação a grande distância é possível graças à reflexão das ondas

de rádio na ionosfera. As ondas de rádio de comprimento de onda inferior a 10 m, chamadas de

frequências muito altas (VHF), ultra altas (UHF) e super altas (SHF), não se refletem na ionosfera. Assim,

na prática, estas ondas muito curtas só se captam à distância visual.

Os sistemas normais de radiocomunicação constam de dois componentes básicos: o transmissor e o

recetor. O transmissor gera oscilações elétricas

com uma frequência de rádio denominada de

frequência portadora. Pode-se amplificar a

amplitude da própria frequência para variar a

onda portadora. Um sinal modulado em

amplitude compõe-se da onda portadora mais

as bandas laterais, produto da modulação. A

frequência modulada (FM) produz mais do que

um par de bandas laterais para cada frequência

de modulação, graças às quais são possíveis as

complexas variações que se emitem em forma

de voz, em radiodifusão, ou em variações de

luminosidade, na televisão.

As oscilações de radiofrequência e o sinal de

frequência de áudio são amplificados de forma independente e a modulação efetua-se antes de transmitir

as oscilações à antena. O sinal pode sobrepor-se à portadora mediante modulação de frequência (FM) ou

modulação de amplitude (AM).

O desenvolvimento da técnica da transmissão de ondas contínuas em impulsos de elevada potência,

como no caso do radar, permitiu a criação de uma nova forma de modulação - a modulação por impulsos

de tempo, em que o espaço entre os impulsos varia com o sinal.

A informação transportada por uma onda modulada é restituída à sua forma original através do

processo inverso chamado "desmodulação" ou "deteção". As emissões de ondas de rádio a frequências

baixas e médias são moduladas em amplitude. Para frequências mais altas utilizam-se tanto a AM como a

FM. Na televisão dos nossos dias, por exemplo, o som é modulado em FM e a imagem em AM. Nas

emissões de televisão em frequências ultra elevadas e super elevadas, uma vez que a largura de banda é

mais alta, a imagem é modulada em FM.

A antena de transmissão não necessita de estar unida ao próprio transmissor. Na radiodifusão

comercial em frequências médias, a antena é muito grande e deve estar localizada fora da povoação. No

entanto o estúdio deve estar no centro da cidade. A FM, a televisão e outras transmissões que usam

frequências muito elevadas necessitam de antenas muito altas. Se é necessário cobrir uma grande área

não resulta muito prático ter as antenas juntas do estúdio de emissão. Em todos estes casos a ligação

entre o estúdio e o emissor é feita por cabo. Na maioria dos casos o cabo telefónico é suficiente. Para as

emissoras de alta-fidelidade usam-se cabos coaxiais.

Como funciona o sistema de radiodifusão, in www.locutor.info. Julho de 2010 (adaptado), In Costa, Raquel; Lima, Fernando. (2010) Sociedade Tecnologia e ciência Redes de informação e Comunicação. Porto: Areal Editores

Disponível na Internet: http://comomontarradiocomunitaria.blogspot.pt/2013/03/novas-regras-para-

radios-

comunitarias.htmlalagoas/=14&visual=5e+futebol&gs_l=img.3...3146.3146.0.4568.

1.1.0.0.0.0.76.76.1.1.0....0...1.1.64.img..1.0.0.Vw7IzgqrC9E#imgrc=aANWUmhFKyl8

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A emergência da rádio e afirmação de uma cultura de massas

A rádio, primeiro meio de comunicação a entrar nos lares, alterou profundamente as relações

sociais e familiares, transformou as rotinas estabelecidas e

instituiu outras que haveriam de perdurar ao longo de todo o

século XX. Ainda que a chamada Idade de Ouro da rádio tivesse

sido efémera, muitos dos hábitos que se criaram com a

introdução da radiodifusão haveriam de manter-se por várias

décadas. A centralidade inicialmente adquirida por este meio foi

substituída pela televisão, mas a rotina da reunião familiar à

volta de um aparelho de som (e, mais tarde, de som e imagem)

haveria de perdurar, com um profundo impacto nas formas de

organização familiar e comunitária.

Tal como Woody Allen retrata em Os Dias da Rádio, após ficar conhecida como meio de divulgação de

entretenimento e de informação, a telefonia ocupou um lugar central na vida dos indivíduos, cuja

imaginação passou a ser estimulada pelas mensagens emitidas nas diversas estações. Com espaço

reservado ao centro da sala de estar, o aparelho recetor de rádio, de início, um luxo apenas acessível a

alguns, rapidamente se tornou o primeiro

meio de comunicação a entrar nos lares não

só das elites, mas também nos de todas as

classes sociais. Graças a este novo media, foi

possível sentir a vibração de uma voz

empolgante a quilómetros de distância,

recuperando a tradição oral da retórica que

a imprensa quase havia condenado à morte.

Foi também com a rádio que a música, a

comédia, as novelas, os concursos, os

noticiários, o desporto e as notícias do

então recém-criado star system entraram no quotidiano dos ouvintes. Pese embora o facto de a rádio

na Europa ter inicialmente apostado na transmissão de concertos de música erudita e de palestras

sobre arte e literatura, pouco tempo levou até começar a dedicar-se sobretudo ao entretenimento, com

o objetivo de aumentara sua aceitação pelas massas. Ao oferecer entretenimento diário, a radiodifusão

foi o ponto de partida para o processo de «comodização» do lazer, o qual viria a tornar-se uma das

características da sociedade de massas do século XX.

Durante séculos, a produção e o consumo de entretenimento estiveram circunscritos a espaços

criados para o efeito, como os estádios, as arenas, os anfiteatros e os teatros. (...) A afirmação da rádio

enquanto meio de comunicação alterou as práticas sociais tradicionais e deu início ao processo de

estandardização dos produtos culturais, característico da sociedade de massas. Enquanto a imprensa e o

cinema levavam os mesmos textos e as mesmas imagens a todos os recetores, a rádio foi mais longe: foi o

primeiro media a introduzir este processo de homogeneização no lar. (...)

Pela primeira vez, um meio de comunicação tinha a capacidade de esbater as fronteiras entre o

público e o privado, o que era algo aliciante tanto para a indústria publicitária como para os regimes que

pretendiam utilizar a radiodifusão como um instrumento de promoção ideológica. A rádio, ao alterar de

forma significativa o consumo de entretenimento e de informação, abriu caminho a uma sociedade

massificada, que alteraria profundamente as relações sociais tradicionais: A rádio é sem dúvida a mais

importante invenção eletrónica do século xx. Cognitivamente, revolucionou os hábitos de perceção da

Disponível na Internet: https://www.google.pt/search?noj=1&tbm=isch&sa=1&q=radio+e+futebol&oq=radio+e

+futebol&gs_l=img.3...3146.3146.0.4568.1.1.0.0.0.0.76.76.1.1.0....0...1.1.64.img..1.0.0.

Vw7IzgqrC9E#imgrc=aANWUmhFKyl8PM%3A

Disponível na Internet: http://www.xavierpeytibi.com/2013/04/21/la-historia-

politica-de-la-radio/

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nação. Tecnicamente, cultural e economicamente preparou o terreno para a televisão. Derrubou para

sempre as fronteiras entre as esferas pública e privada.

(...) Ao fazer chegar conteúdos informativos e de entretenimento aos lares, a rádio alterou o

quotidiano da vida familiar, respondendo às necessidades de “comodização” do lazer que cresceram

em paralelo com o aumento do tempo disponível, resultado de novas formas de organização do

trabalho. Ao permitir o consumo de entretenimento em casa, algo que até então era exclusivo dos

espaços públicos próprios para o efeito, a rádio atenuou a fronteira entre as esferas pública e privada, e

contribuiu para a abertura das comunidades locais ao contacto com o exterior. Contudo, este seria

apenas o início da afirmação de um novo tipo de cultura: a de massas.

Na Europa do pós-guerra, com a recuperação da economia e a expansão da produção de massa, a

maioria da população passou a ter mais tempo livre, bem como acesso à televisão, à rádio, aos discos, ao

cinema e à imprensa a uma escala inimaginável alguns anos antes. A sociedade de consumo que emergiu

após a Segunda Guerra Mundial contribuiu para a oferta em larga escala de novas formas culturais. Estas

vieram romper com as noções tradicionais de «alta» e de «baixa» cultura, originando um interesse pela

análise da nova realidade cultural e abrindo a discussão sobre a sociedade de massas e sobre a cultura

industrializada. Esta discussão viria a opor os otimistas – defensores da sociedade dominada pelos meios

de comunicação de massa – aos críticos radicais, que produziriam um discurso apocalíptico sobre as

consequências das novas formas de cultura introduzidas pelos media, tal como descrito por Umberto Eco

em Apocalípticos e Integrados.

In Comunicação e Cultura, n.º 10 (2010). A emergência da rádio e a vulgarização do entretenimento no lar” [consultado 2015-05-19 20:19:59].

Disponível na Internet em: http://comunicacaoecultura.com.pt/wp-content/uploads/07.-Nelson-Ribeiro.pdf, adaptado

Como a rádio mudou o mundo

Até bem pouco tempo, o fim do mundo conhecido ficava ali, logo depois da curva da estrada, na

saída da aldeia. A travessia da fronteira entre o

conhecido e o mundo estranho era coisa para

vagabundos e forasteiros, sujeitos de comportamento

excecional que se permitiam vaguear, percorrer

caminhos ou, para reis que faziam as guerras ou

partiam em busca de alianças políticas ou comerciais.

(…)

O conhecimento e a informação estavam

limitados pelo ambiente, com consequências

significativas para a produção de significados para os

homens desse tempo. Cada uma das suas ações,

girava em torno desse parco conhecimento do

mundo. A produção e difusão da informação, reduzida

às poucas centenas de metros quadrados da aldeia,

baseavam-se na tradição da cultura oral, na escrita

manuscrita e nas leituras coletivas de um número

reduzido de textos. A leitura era mais intensiva, onde

o leitor era confrontado com um corpus limitado e fechado de textos, lidos e relidos, memorizados e

recitados, ouvidos e conhecidos de cor, transmitidos de geração em geração.

Disponível na Internet: https://varzea.milharal.org/2011/11/22/historia-radiolivres-europeias/

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Será a partir do desenvolvimento dos meios de transporte e do comércio no século XV (embora as

raízes deste desenvolvimento sejam mais antigas, situadas ainda no século XII, no surgimento das

primeiras universidades) que as

distâncias geográficas são “reduzidas”,

alargando o mundo conhecido,

quebrando a relação espácio-temporal

em vigor. As alterações porém não

ocorrem apenas nos campos da política e

da economia, elas multiplicam-se por

todas as áreas. Juntamente com a

expansão do mundo conhecido, ocorrem

mudanças na forma da escrita e da

leitura que afetam e são afetadas por

essas alterações.

Graças a Gutenberg (1450), ocorreu

uma verdadeira revolução que

modificou a técnica de produção do

texto, com a adoção dos tipos móveis

para impressão e constitui em si mesma

uma forma altamente especializada de comunicação. Na segunda metade do século XV as técnicas de

impressão espalharam-se rapidamente e foram criadas oficinas em quase todas as grandes cidades da

Europa medieval. Este movimento constituiu-se como o início da era da comunicação de massa. (…)

Nessa fase, aparece um segundo tipo de homem, o homem leitor. Com as facilidades proporcionadas

pela imprensa, surge o leitor compulsivo, visto como um perigo para a ordem política, como um

narcótico. Esse furor de ler, choca os observadores contemporâneos. Ele tem um papel essencial nos

distanciamentos críticos que, em toda Europa, afasta os súbditos de seu príncipe e os cristãos das suas

igrejas.

Já no séculos XIX e XX o desenvolvimento da indústria do jornal foi marcado por duas tendências

principais: de um lado, o crescimento e consolidação da circulação massiva de jornais, e de outro, a

crescente internacionalização das atividades de recolha e distribuição das notícias. Esta expansão dos

meios de comunicação impressos (jornais) foi resultado da modernização dos métodos de produção e

distribuição, incorporação de inovações tecnológicas como o uso das máquinas, da divisão social do

trabalho, pelo desenvolvimento dos meios de transporte e aumento do nível geral de alfabetizados.

O grande salto na difusão e produção da informação ocorre no século XIX com o desenvolvimento

do telégrafo. As primeiras linhas telegráficas foram instaladas nos EUA no início de 1840 e rapidamente

expandiram-se pelo interior e serviram como fator de colonização e modernização para muitas regiões do

país. O telégrafo permitiu pela primeira vez que a informação se dissociasse dos meios de transportes.

Até aqui, estradas, barcos e mensageiros estavam intimamente ligados à palavra escrita. O telégrafo vai

dar nova redação ao conceito de informação.

No fim do século XIX, iniciam-se as primeiras experiências de um novo tipo de telégrafo, sem fios,

onde a informação circula através de ondas eletromagnéticas. Esta tecnologia foi empregada a princípio

para fins militares: comunicação com navios em alto-mar, troca de mensagens entre bases militares, etc.

Porém a utilização mais importante que foi dada ao rádio não foi prevista por seus inventores. Após a 1.ª

Guerra Mundial, empresas como Westinghouse, G&E e RCA começaram a produzir aparelhos recetores

domésticos e a instalar as primeiras estações de transmissão.

Disponível na Internet: http://www.radioenvenezuela.com/rafael-sarria-diazradios-venezolanas-construyen-el-

oyente-participativo/

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Na década de 1920 há uma verdadeira explosão dessas emissoras de rádio. Em 1928, nos Estados

Unidos, as emissoras já possuíam cobertura nacional – redes – numa estrutura competitiva, onde o lucro

era proveniente da venda de espaços na programação para a publicidade. (…) Nos EUA, na década de

1930, milhões de ouvintes recebiam diariamente noticiários radiofónicos e programas de entretenimento.

Na Inglaterra, o sistema rádio tomou uma outra forma de organização. Em 1926 foi fundada a BBC

(British Broadcasting Company), empresa de caráter público, resultado da união da iniciativa privada

(fabricantes de aparelhos de rádio) e do governo e que permitiu o desenvolvimento de um ‘serviço

público de difusão’ como um princípio básico para o setor. Cabe observar como o rádio acelera a

expansão da sociedade e a extensão dos limites da identidade e interesses provocando a transferência da

atenção do próximo (local) para o distante (global). “Os ouvintes se tornaram residentes de uma

comunidade etérea, povoada de presenças familiares, ainda que não alcançáveis, cuja voz era acessível

em qualquer parte”.

A implantação das primeiras emissoras de televisão nas décadas de 1940 e 50 nos EUA e na Europa –

especialmente na Inglaterra – vai proporcionar uma nova revolução nos sistemas de produção e difusão

da informação. O crescimento acelerado da importância dos media televisão trouxe consequências

importantes para os outros segmentos dos meios de comunicação social, embora seja difícil avaliar a

natureza e a exata dimensão do impacto.

Ferreira, Jorge Carlos Felz (2003) Mutações Sociais e Novas Tecnologias: O potencial radical da Web“. Disponível em

http://www.bocc.ubi.pt/pag/felz-jorge-potencial-radical-da-web.pdf

A rádio e a génese da sociedade de massas em Portugal

A universalidade e a capacidade de transmissão

em tempo real, características intrínsecas da rádio,

permitiram que este meio tivesse na época um

impacto social tão grande quanto o que tem hoje o

computador, provocando alterações nas relações

interpessoais e na forma de gestão do tempo. No

Sul da Europa, a rádio foi efetivamente o primeiro

meio de comunicação a chegar a um número

significativo de indivíduos: ao contrário do que

sucedeu no Norte do continente e nos Estados

Unidos da América, onde no final do século XIX a

imprensa se desenvolveu como uma indústria de massas, em países como Portugal, Espanha, Itália e

França seria necessário esperar até meados do século XX para se assistir à massificação dos jornais. A

verdade é que, aquando do aparecimento da rádio, a taxa de circulação da imprensa era bastante

reduzida no Sul da Europa. A expansão do número de leitores pressupunha a existência de uma classe

média instruída, que não existia quando a rádio se desenvolveu: o analfabetismo era um dos principais

entraves à massificação da imprensa. Em 1939, 52% da população portuguesa não sabia ler nem escrever.

Devido às más vias de comunicação, os jornais chegavam muito tardiamente às localidades fora dos

distritos de Lisboa e do Porto. (...) Por estes motivos a rádio ter sido o primeiro meio de comunicação de

massas em Portugal.

Na realidade, é a ela que se deve a alteração significativa das formas de entretenimento e de obtenção

de informação, ainda que o seu desenvolvimento em Portugal tivesse sido tardio quando comparado com

os restantes países ocidentais – a Emissora Nacional, estação oficial, iniciou as suas emissões em Agosto

Disponível na Internet: http://www.rtp.pt/arquivo/?tm=43&headline=14&visual=5http://www.rtp

.pt/arquivo/?tm=43&headline=14&visual=5http://www.rtp.pt/arquivo/?tm

=43&headline=14&visual=5e+futebol&gs_l=img.3...3146.3146.0.4568.1.1.0

.0.0.0.76.76.1.1.0....0...1.1.64.img..1.0.0.Vw7IzgqrC9E#imgrc=aANWUmhFK

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de 19351. O número reduzido de aparelhos recetores então existentes também levou a que apenas se

pudesse falar de massificação da rádio durante o período da Segunda Guerra Mundial. Foi já nos anos de

40 que este meio de comunicação alterou a forma como a população portuguesa recebia informação e

entretenimento, originando transformações nas rotinas

familiares e na própria gestão do tempo. Nas classes altas

e média alta, passaram a ser habituais as reuniões de

família em silêncio, em redor do aparelho recetor, para

escutar as transmissões das emissoras nacionais e

estrangeiras. Nos estratos sociais mais baixos, ouvir rádio

provocou alterações ainda mais significativas na

organização quotidiana, por ser uma atividade inicialmente

coletiva: muitas pessoas saíam dos seus lares logo após o

jantar e reuniam-se nos cafés, nas lojas, em casa de amigos

e nas associações recreativas e desportivas para ouvir

diversos programas. Tal hábito vulgarizou-se

principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, o que

aumentou de forma expressiva o interesse do público pelas emissões que transmitiam conteúdos sobre a

evolução do conflito. (...)

A alteração de hábitos desencadeada pela rádio não se limitava às formas de gestão dos horários;

estendia-se também à relação com as formas mais tradicionais de entretenimento. Após a vulgarização

deste novo meio de comunicação, deixaria de ser necessário aguardar pelas datas das festividades

tradicionais ou deslocar-se aos espaços públicos onde decorriam espetáculos para ter acesso a

entretenimento. Paulatinamente, este foi ficando acessível no interior dos lares, os quais passaram a

incorporar uma dimensão até então exclusiva do domínio público, com claras repercussões na vida

familiar e comunitária.

Para a maioria da população portuguesa, o aparecimento da rádio foi sinónimo de acesso à

informação e ao entretenimento, que de outra forma lhe estariam vedados. Portugal era um país

marcado tanto pela ruralidade como pelo analfabetismo. Ter acesso a um aparelho recetor significava a

possibilidade de partilhar com os seus concidadãos os mesmos acontecimentos desportivos e políticos, as

notícias de maior relevo e os programas de entretenimento, d os quais desde cedo se destacaram as

emissões musicais, que granjeavam inúmeros elogios por parte dos ouvintes.

A massificação da rádio como meio de comunicação também trouxe consigo os primeiros sinais do

starsystem. Ainda antes de os chamados «artistas de rádio» se popularizarem por apresentarem as suas

músicas ao microfone, já os locutores eram objeto de admiração por parte dos ouvintes, que se

habituaram a escutar tanto as notícias como os programas de entretenimento apresentados pelas vozes

das estações.

A possibilidade de ouvir as mesmas músicas, as mesmas notícias, os mesmos acontecimentos

desportivos e as mesmas vozes, independentemente de viver no Norte ou no Sul, no Litoral ou no

Interior, contribui de forma fundamental para o aprofundamento do sentimento nacional. A disseminação

dos valores nacionalistas do Estado Novo foi, aliás, uma das primeiras preocupações da Emissora

Nacional. (...) A utilização dos meios de comunicação para promoção das festividades que os diversos

poderes consideram ser essenciais à unidade nacional manteve-se até aos nossos dias: as

comemorações e os acontecimentos oficiais merecem habitualmente uma ampla cobertura mediática.

In Comunicação e Cultura, n.º 10 (2010). A emergência da rádio e a vulgarização do entretenimento no lar” [consultado 2015-05-19 20:19:59].

Disponível na Internet em: http://comunicacaoecultura.com.pt/wp-content/uploads/07.-Nelson-Ribeiro.pdf . Adaptado

Disponível na Internet: http://www.dailykos.com/story/2012/03/10/1072994/-Right-

wing-pyramid-comes-crashing-down

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Os primeiros passos da rádio em Portugal

A rádio só chega a Portugal em 1914, por iniciativa de Fernando Cardelho de Medeiros que conseguiu

que as suas palavras fossem ouvidas num recetor colocado à distância de cem metros. Mas a utilização no

nosso país de recetores de rádio com altifalante, designados por telefonias, só se verificou por volta de

1923, três anos após o estabelecimento da primeira estação de rádio importante, a KDKA, na Pensilvânia,

um ano após ter sido fundada, no Reino Unido, a British Broadcasting Company (BBC) e oito anos após a

primeira transmissão de voz transatlântica, efetuada entre uma estação da Marinha de Guerra

Americana, na Virgínia, e um posto militar francês

localizado na Torre Eiffel.

No início dos anos 20 assistimos, em Portugal, ao

aparecimento de vários postos emissores e recetores

de TSF, ainda que todos se devam à paixão de

radioamadores que, inclusivamente, se dedicavam ao

fabrico dos seus próprios equipamentos. Foi a CT1AA

- Rádio Portugal que em outubro de 1925 inaugurou

um posto emissor cujas características principais

eram a existência de programação regular e a

continuidade das emissões, sendo a primeira estação

enquadrada no conceito de radiodifusão moderna.

Seguiram-se as inaugurações da Rádio Condes, Rádio

Lisboa, Rádio Porto e Rádio Coimbra e, em 1928, a CT1DY, que estaria na origem do Rádio Clube

Português. Várias outras emissoras nasceram nesta altura, com períodos de atividade mais ou menos

alargados, até que em 1930 o Governo português entregou ao Estado o monopólio de "todos os serviços

de radiotelefonia", decretando a proibição da emissão de publicidade e acelerando o fim de muitas

estações pioneiras. O movimento radioamador passou, assim, a estar submetido à fiscalização e regulação

da Direção dos Serviços Radioelétricos.

Em 1933 foi publicado um estudo, sob a égide do Estado Novo, que situava nos dezasseis mil o número

de radiouvintes portugueses, concentrados nos centros urbanos devido à inexistência de eletricidade nos

meios rurais. Este número era já indicador do enorme potencial do meio para chegar às massas, tanto

assim que, em 1935, nasceu por iniciativa estatal a Emissora Nacional de Radiodifusão, que viria a ser

designada, mais tarde por Radiodifusão Portuguesa (RDP). Significava isto o reconhecimento por parte

das elites políticas do imenso poder da rádio enquanto veículo de propaganda, encontrando assim um

poderoso aliado no controlo da informação e da opinião pública, à semelhança, aliás, do que acontece em

outros pontos do globo, tal como na Alemanha nazi.

Ainda em 1935 seria emitido em Portugal o primeiro relato de futebol, um dos formatos de rádio mais

popularizados e destinado a atingir grandes audiências. Entretanto, duas evoluções técnicas deram nova

configuração à rádio, não só pela possibilidade de novos usos como também pela melhoria substancial

das condições de receção: o autorrádio, em 1932, e a Modulação de Frequência, em 1933.

O panorama radiofónico nacional conheceria novo e importante impulso no decorrer do ano de 1938,

altura em que, após um longo período experimental, nasceu oficialmente a Rádio Renascença, emissora

católica cuja criação foi alvo de grande entusiasmo por parte da hierarquia da Igreja. (...)

Em Portugal, há uma íntima ligação entre a rádio e a reconquista da democracia. Durante anos

controlada de modo a que apenas informação enquadrada nos objetivos da governação fosse difundida,

através de uma apertada censura que a transformou num aparelho técnico e discursivo ao serviço dos

interesses do poder e um instrumento para a legitimação d ditadura, a rádio viria ironicamente a ser o

Disponível na Internet: http://media.rtp.pt/80anosradio/historia/criacao-da-emissora-nacional/

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meio utilizado para que a libertação do antigo regime se iniciasse, pondo fim a quarenta anos de Estado

Novo. Através das antenas da Emissora Nacional, foi difundido o sinal que iniciou a operação militar que

derrubou Marcelo Caetano do poder e, algumas horas mais tarde, a Rádio Renascença emitia a senha que

ordenava o início efetivo do golpe libertador, na madrugada de 25 de Abril de 1974, tornando irreversível

o curso da revolução dos cravos.

in Portela, Pedro.(2011) Rádio na Internet em Portugal. Ribeirão: Edições Húmus, Lda

Os dias dourados da rádio

O período dourado da rádio, enquanto meio de massas, começou a ser escrito em 1925 com a

introdução do altifalante e duraria até à dominação do espaço mediático por parte da televisão, que

chegou ao nosso país a 7 de março de 1957. A introdução daquele aparelho possibilitou a mudança de

atitude geral face ao fenómeno, bem como do seu uso social - ouvir rádio passou a ser uma atividade

quotidiana que se enraizou rapidamente nos hábitos sociais, abrindo no lar uma larga janela por onde o

mundo podia entrar. Foi assim que "a rádio

formou a opinião pública no domínio privado",

tornando-se progressivamente no primeiro

meio verdadeiramente de massas.

Nos anos iniciais as pessoas sentavam-se nos

salões a ouvir rádio, em busca de informação,

educação e distração, que chegava na forma de

peças dramáticas ou cómicas. No nosso país, e

um pouco por todo o mundo, eram frequentes

as reuniões de amigos ou vizinhos, para se

dedicarem à escuta das suas grandes paixões

radiofónicas: a música, as radionovelas e o

teatro radiofónico. Referindo-se aos tempos em que a televisão ainda não ocupava o centro das atenções

mediáticas, Fernando Peixoto (1980) recorda que "a rádio era um instrumento mágico que nos

transportava para um universo de fuga e fantasia".

Mas mais do que pelo valor de participação cívica, mesmo constituindo para muitos o ponto única de

contacto com uma realidade social mais abrangente, foi pelo valor do entretenimento que a rádio se

impôs em definitivo, provocando mesmo uma redefinição popular dessa noção, até aí reduzida à partilha

de passeios, conversas e jogos. E o elemento mais importante nos anos dourados da rádio foi essa

capacidade de ajudar a distrair as pessoas do seu quotidiano.

Foi a exploração da vertente do entretenimento e fantasista da rádio de um modo nunca antes

tentado que levou o mundo a perceber o seu verdadeiro poder massivo e a sua enorme capacidade de

influência social e abrangência. Em 30 de Outubro de 1938, Orson Welles encenou A Guerra dos Mundos,

acabando por confundir a realidade dos seus ouvintes a um ponto que seguramente não estaria à espera,

provando a capacidade do meio enquanto artefacto com potencialidade para criar não só fábulas como

realidades paralelas.

Este episódio viria a inspirar Matos Maia, um apresentador da Rádio Renascença, para a realização da

radionovela A Invasão dos Marcianos. Na noite de 25 de julho de 1958, esta história ficcionada foi

relatada em formato jornalístico, interrompendo a transmissão de música interpretada por orquestras

ligeiras para anunciar a chegada dos marcianos ao nosso país. A enorme confusão provocada pela

Orson Welles - Disponível na Internet: http://media.rtp.pt/80anosradio/historia/criacao-da-emissora-nacional/

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aceitação do fictício como real teve como consequência o estado de pânico vivido por milhares de

pessoas e a detenção do seu autor por parte da PIDE.

O realismo da produção de Matos Maia é um dos momentos mais altos do teatro radiofónico, levando-

o até onde nunca ninguém tinha ousado - ou sequer imaginado - em Portugal. No espaço de uma década

e meia assistir-se-ia ao declínio da era dourada da rádio no nosso país, que seria progressivamente

subalternizada pela crescente implantação da televisão, obrigando a uma redefinição do seu

posicionamento.

in Portela, Pedro. (2011) Rádio na Internet em Portugal. Ribeirão: Edições Húmus, Lda

Do salão para o bolso

Uma inovação tecnológica foi determinante para que a rádio conseguisse encontrar o seu espaço na

era da imagem, provocando uma mudança importante no seu papel social e individual: a invenção do

rádio de transístores.

A partir do momento em que os aparelhos de rádio

abandonaram as válvulas e passaram a ter o transístor no seu

coração, assistimos ao desenvolvimento simultâneo de dois

fenómenos interligados, também facilitados pelo drástico

abaixamento dos preços dos recetores verificado a partir de

1938 - o que possibilitou que, em 1957, existissem 537 mil

aparelhos de receção e que em 1975 esse número já

ultrapassasse o milhão e meio. Por um lado, uma crescente

miniaturização dos recetores, que continua nos nossos dias e

que abriu a hipótese à portabilidade, criando a possibilidade de

estarmos permanentemente acompanhados por uma emissão

de rádio; por outro lado, a progressiva individualização do

processo de escuta, que conduziu a audição radiofónica do salão (agora dominado pela caixinha mágica)

para o quarto e deste para qualquer lado, com a ajuda de pequenos auriculares.

Foram estas as principais respostas da ao império da imagem, que impôs rapidamente a fragilização

do ouvir e atribuiu ao som um papel secundário enquanto produtor do sentido, reduzindo-lhe a

capacidade de tocar a imaginação e a memória dos ouvintes. Neste novo enquadramento, tornado cada

vez mais evidente à medida que a década de 60 avançava, a rádio torna-se presente em diferentes horas

do dia, procurando responder de um modo abrangente às necessidades individuais dos ouvintes e

inscrevendo-se de um modo muito efetivo na sua vida quotidiana, dando origem a uma nova função que

lhe passou a ser atribuída: a rádio-companhia.

Quem muito beneficiou deste novo posicionamento do meio foi a mulher, que nele encontrou um

importante agente socializador. Culturalmente destinada a um papel social menos interventivo e de

subalternização ao homem, tradicionalmente com acesso mais limitado à formação escolar e

normalmente arredada das grandes discussões sociais, a mulher viu abrir-se um novo horizonte. Pelo

facto de se fazer acompanhar pelo recetor de rádio no desempenho das suas tarefas domésticas, a dona-

de-casa e mãe ganhou acesso a um conjunto de temáticas que até aí apenas eram do domínio masculino,

abrindo-lhe inclusivamente a possibilidade de expandir o seu leque de interesses ao do seu marido e

filhos, aumentando a sua participação nos debates familiares e consolidando a sua intervenção nas

decisões mais importantes. Isto porque o contacto com o mundo, via rádio, é mais aprofundado que o

possibilitado aos restantes membros do agregado.

Disponível na Internet: https://historia-radio-

tv.wikispaces.com/El+Radioteatro+argentino?response

Token=532ab6318f36e00b91d55040ccbbe70a

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Uma das necessidades mais plenamente endereçadas pela rádio pós-TV foi a do relacionamento

interpessoal via informação. Através do conhecimento das notícias praticamente no momento em que

elas o são, dos acidentes de viação e sua

influência no tráfego ou do estado do tempo,

o ouvinte sente-se parte de mundo alargado,

ao qual se sente referente. (...) A rádio-

entretenimento deu lugar à rádio-

necessidade que fez dos ouvintes reféns da

ilusão de uma maior proximidade aos centros

de poder. A informação acelerada ajudou a

reduzir o mundo a uma aldeia, tornando

virtualmente próximos os acontecimentos do

outro lado do globo e íntimos dos

protagonistas sociais mais relevantes.

Com o aparecimento do gravador

portátil, a rádio tornou-se ainda mais

próxima do ouvinte ao sair para a rua em reportagem, colhendo opiniões anónimas mas com um rosto de

familiaridade derivado da afinidade com o homem comum, cuja opinião conheceu assim uma importante

ponte para a efetiva intervenção social. A entrevista reforçou o papel do ouvinte enquanto voz

participante na construção e relato da realidade. Com O início das transmissões em direto, o tempo entre

o acontecimento e a sua difusão em forma de notícia foi praticamente anulado, aumentando a intensi-

dade da vivência da realidade através da escuta radiofónica e da sensação de inclusão nos principais

cenários de fervilhação social.

Ao mesmo tempo que o interesse individual ganhou consistência enquanto medula óssea da

estruturação da rádio pós-TV, assistimos à progressiva industrialização dos seus serviços, buscando a

contínua segmentação de audiências segundo grupos intrinsecamente homogéneos, e oferecendo-lhes

programação radiofónica destinada ao consumo imediato. (...)

in Portela, Pedro.(2011) Rádio na Internet em Portugal. Ribeirão: Edições Húmus, Lda

Rádio: apanhada na rede

A rádio é uma função de originalidade. Não se pode repetir. Deve criar a cada dia”. Estas palavras de

Gaston Bachelard, originalmente publicadas em 70, servem como uma luva ao atual momento em que à

rádio se exige uma resposta criativa ao enorme desafio colocado pela internet e pela convergência entre

os diversos media, naquela que é a maior transformação tecnológica sofrida pelo meio desde a

introdução da frequência modulada, nos anos 60. (...)

A primeira estação que encarou a internet como veículo permanente de difusão da sua emissão,

de um modo contínuo e em direto, foi a americana KLIF, de Dallas, nos Estados Unidos, já em 1995. De

então para cá, é crescente o número de estações que se lhe seguiram por todo o mundo, adaptando a sua

presença na rede ao modo ditado pelo seu engenho, modelo de negócio ou capacidade de perceber a

mudança em curso.

Em Portugal, é importante notar que esse papel pioneiro coube à Rádio Comercial, que assim ajudou a

impulsionar o fenómeno no nosso país, acabando por fazer da rádio o meio que "melhor explorou as

potencialidades da internet ao conseguir perceber quais as formas de conjugar “as suas características

inatas e as características oferecidas pela internet”. (...)

Disponível na Internet em: http://www.questaodecritica.com.br/2014/12/radio-loquaz/

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Ao expandir-se para a rede, a rádio procura incorporar elementos que até aqui lhe eram estranhos e

refunda-se num espaço em que a multiplicidade de linguagens abre novas possibilidades de comunicação,

incita a audiência à adoção de diferentes comportamentos e abre caminho para novas formas de

consumo. Estas mudanças deverão ser encaradas não como uma desesperada estratégia de

sobrevivência, mas, principalmente, como uma redefinição de posicionamento que lhe permita manter a

vitalidade e desafiar pela segunda vez em quarenta anos as muitas vozes que lhe vaticinam o fim. (...)

Ser ou não ser: a rádio em crise de identidade? A pergunta torna-se inevitável para quem assiste ao

processo de crescente adaptação da rádio ao espaço aberto pela internet: a partir do momento em que o

texto e a imagem se imiscuem no seu universo, terminando com a exclusividade da expressão sonora que

historicamente a caracteriza, e em que ocorre toda uma série de outras mudanças significativas, haverá

motivos para encarar esta transformação como o fim da rádio e o nascimento de algo ainda inominável,

mas que configura um eventual novo meio?

Esta dúvida está na base de um debate pertinente, em que vários autores têm vindo a participar,

balizado por dois pólos opostos, ainda que não necessariamente irredutíveis: de um lado, estão aqueles

que se recusam a aceitar como sendo rádio um meio que desvirtuou algumas das suas características

constituintes; do outro, encontramos os entusiastas da mudança em curso, que aceitam com naturalidade

a alteração daquele que durante anos a fio constituiu o paradigma radiofónico e encaram as novas

morfologias como consequência direta da sua

adaptação às novas necessidades, ditadas não só

pela crescente influência social da internet, mas

também por um público progressivamente

adaptado a mediações mais interativas,

impulsionadas pelo online e, mais recentemente,

pela denominada web-social. (...)

A redefinição da rádio neste novo paradigma de

funcionamento faz-se pela aproximação às

especificidades essenciais da comunicação na

internet, como sejam a hipertextualidade, a

interatividade e a expressão multimédia, mantendo

a difusão sonora como fio de ligação ao passado. E é exatamente por isso que alguns defendem que a

rádio na internet é, efetivamente, um novo meio, uma vez que "apresenta características próprias que a

distinguem da rádio hertziana. (...)

De toda a discussão empreendida, podemos ser tentados a advogar que "a tendência da rádio na

internet é seguir para um quarto meio", mas, mesmo sem querer tomar partido, talvez seja mais

prudente afirmar que essa forma de expressão continuará a ser rádio "desde que mantenha a linguagem

radiofónica, isto é, permitindo que o público apenas ouça a emissora, mesmo que haja opções de outros

signos visuais".

in Portela, Pedro.(2011) Rádio na Internet em Portugal. Ribeirão: Edições Húmus, Lda

História sumária da televisão

Tecnicamente, a televisão baseia-se em dois princípios: a persistência das imagens na retina, que

permite que uma sucessão de imagens fixas dê a sensação de continuidade do movimento, e a

decomposição de imagens em pontos passíveis de serem transmitidos através de ondas hertzianas. Um

sistema de televisão completo incluirá uma câmara, que transforma as imagens em sequências de pontos,

Disponível na Internet em: https://historia-radio-

tv.wikispaces.com/El+Radioteatro+argentino?responseToken=532ab6318f

36e00b91d55040ccbbe70a

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um emissor, que faz a difusão em ondas hertzianas, e um recetor, em que as ondas hertzianas são

captadas e descodificadas numa sequência de pontos, que reproduzem num ecrã as imagens originais. Embora existisse já desde 1926 um sistema mecânico de transmissão de imagens, desenvolvido pelo

escocês John Baird, foi apenas a partir de 1934, quando Vladimir Zworykin, um russo a viver nos Estados

Unidos, criou o iconoscópio, que surgiram as primeiras aplicações práticas. O iconoscópio, precursor dos

atuais tubos de imagem das câmaras de televisão, permitia decompor uma imagem em milhares de

pontos, convertidos num sinal

modulado. A invenção do iconoscópio

levou ao desenvolvimento do

televisor, que utilizava o tubo

catódico inventado em 1897 pelo

alemão Karl Braun, e em 1936

surgiram as primeiras emissões

regulares de televisão, feitas em

Londres pela BBC.

A existência de diferentes normas

de definição (usualmente medida em

linhas por ecrã), primeiro, e de

codificação de cor, depois, dificultou o

estabelecimento de transmissões internacionais e, sobretudo, intercontinentais. No entanto, o esforço

feito no sentido de estabelecer normas internacionais e o desenvolvimento de novas soluções técnicas

permitiu que, a partir da década de 60, fossem estabelecidas ligações internacionais e intercontinentais

através de satélites geoestacionários, uma solução hoje em dia frequentemente utilizada.

O desenvolvimento das emissões a cores, atualmente banais, baseia-se na capacidade de reproduzir

uma cor através da combinação de três cores-base, vermelho, verde e azul. Desta forma, qualquer

imagem pode ser decomposta em três imagens, uma para cada cor, e estas decompostas por sua vez

numa sequência de pontos por um processo idêntico ao utilizado nas câmaras de televisão

monocromáticas. O primeiro sistema de codificação de cor a surgir foi o NTSC, americano, em 1953;

posteriormente surgiram o

SECAM, francês, e o PAL, alemão.

Todos estes sistemas,

incompatíveis entre si, coexistem

atualmente. O sistema PAL foi o

adotado no nosso país.

Atualmente está já disponível a

tecnologia para fazer a

codificação, emissão e receção do

sinal de televisão sob a forma

digital, em que a modulação de

onda é substituída por uma

sequência numérica. Este

processo permite melhorar

significativamente a qualidade de

receção, pois esta deixa de depender da inexistência de ruídos parasitas. Embora haja já algumas

experiências de emissões comerciais desta natureza, a implantação desta tecnologia é, previsivelmente,

morosa, devido aos custos inerentes à substituição dos equipamentos. A televisão tem um papel

Disponível na Internet em: http://www.business2community.com/social-media/not-

your-grandfathers-tv-social-tv-experience-ropes-in-viewers-for-latest-hit-shows-0429502

Disponível na Internet em: https://historia-radio-http://www.techtube.com.br/historia-da-

televisao/

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importantíssimo na sociedade atual, sendo o meio de comunicação de maior impacto junto da opinião

pública.

Até ao final da II Guerra Mundial, assistiu-se

ainda à era da rádio. A televisão só se expandiu

definitivamente na década de 50, com a

multiplicação das vendas de aparelhos.

Diversificaram-se as produções (que eram

ainda todas ao vivo, por imperativo de ordem

técnica), aumentou o número de programas

transmitidos diariamente e de horas de

emissão. A rápida expansão da televisão às

mais variadas regiões do mundo provocou, sem

uma rutura aparente, uma verdadeira mutação

qualitativa e quantitativa dos meios de

comunicação de massas. A televisão fez-se

agente de uma revolução que impôs o

audiovisual como uma realidade central da

cultura e do quotidiano de larguíssimas camadas da população.

Como veículo de informação e instrumento lúdico, a televisão influencia a vida dos cidadãos, modela-

lhes as crenças e os valores. Pelas suas características técnicas, acaba por condicionar o espetador a uma

atitude de observação passiva das mensagens que

recebe. Ao mesmo tempo, a própria força

audiovisual dessas mensagens impõe-se de tal

forma que os analistas chamam frequentemente a

atenção para os perigos de manipulação que

podem advir do contacto exclusivo com um meio

de comunicação de massas tão imediato e, por

isso, tão pouco estimulador da reflexão

independente.

Mas, por outro lado, a dimensão informativa e

democratizante da televisão no mundo atual não

pode deixar de ser apreciada. Com a revolução das

telecomunicações, ligada à utilização de cabos e

satélites, multiplicaram-se as possibilidades de envio de informações à escala mundial. As populações

podem manter-se informadas muito rapidamente, tanto quanto os órgãos de decisão. Assim, torna-se

mais difícil o exercício de um poder único e central. Mas também existe o risco, nos regimes

democráticos, de o poder político considerar demasiado a opinião pública no processo de tomada de

decisões.

Em Portugal, a televisão deu os primeiros passos, a preto e branco, a 4 de setembro de 1956. As

emissões regulares tiveram início a 7 de março de 1957. Nessa altura, só podia ser captada na região de

Lisboa. Nos anos seguintes, a Radiotelevisão Portuguesa (RTP) chegaria ao Porto, à Madeira e aos Açores,

e depois cobriria todo o território nacional, com delegações nas diversas regiões. Em 1968 tiveram início

as emissões do segundo canal da RTP.

As fases da sua evolução no nosso país confundem-se com os ciclos políticos, económicos e sociais.

Durante o Estado Novo, a RTP pertencia ao Estado, à Igreja e à Rádio Renascença, e era o aparelho

ideológico do regime. Depois do 25 de abril de 1974, procedeu-se à nacionalização da empresa. Foi

Disponível na Internet em: http://eyesofageneration.com/RCA_Cameras_TK11_31.php

Disponível na Internet em: http://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2015_10_01_archive.html

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através da RTP que o país assistiu ao maior duelo político a seguir ao 25 de abril, durante quatro horas, a

6 de outubro de 1975, entre o líder do PS, Mário Soares, e o líder do PCP, Álvaro Cunhal. É em 1977 que

se inaugura a era das telenovelas, com a transmissão da telenovela brasileira Gabriela, que fez parar o

país. A transmissão a cores começou em 1980.

Em 1992, com Cavaco Silva como primeiro-ministro, arrancaram as emissões da Sociedade

Independente de Comunicação (SIC), o primeiro canal privado de televisão, e em 1993 tiveram início as da

Televisão Independente (TVI), canal também privado e inicialmente de inspiração cristã. Estes canais

conseguiram em pouco tempo impor mudanças no estilo da informação e da programação em geral.

A transmissão da televisão por cabo surgiu em Portugal em 1994 e permitiu o aparecimento de mais

canais televisivos nacionais e estrangeiros, proporcionando ao telespetador um leque mais variado de

escolhas.

in Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-05-19 23:19:59]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/$televisao

Televisão e consumos culturais

Numa sociedade urbana fortemente condicionada pelo escasso tempo disponível e por distintas

apetências para consumos ligados à cultura, a televisão ocupa o espaço determinante no campo do

lazer, substituindo-se a salas de cinema, teatros, leitura de jornais e livros, intervindo na construção da

identidade da pessoa e no processo de socialização. Não porque ofereça tudo o que se pode encontrar

noutros locais ou meios, mas porque oferece entretenimento e informação com comodidade e

economia. (...)

A presente reflexão, teve por base um estudo realizado em Portugal com uma amostra distribuída pela

cova da beira e pela Grande Lisboa, chegando-se desde logo a algumas constatações.

Os consumos culturais dos portugueses são consideravelmente baixos, sendo que o contributo da

televisão para este panorama de absentismo tem um peso relativo. (...).

A televisão é uma das componentes da centralidade que o lar assume para o indivíduo enquanto

espaço de individualidade ou de partilha. Aí, o mundo vem acoplado às tecnologias, à televisão, à

internet, ao telemóvel; o mundo está num

mero aparelho de rádio ou numa simples

folha de um jornal ou revista. O mundo que

se procura, o mundo que interessa a cada

um pode estar imediata e facilmente no

premir de um botão do comando de

televisão, no clicar no botão do rato do

computador, no folhear de uma página. Sair

deste espaço, deste cómodo contexto, da

centralidade que é o lar, implica algo de

exceção. Daí que se possa ler a relação

entre a televisão e os locais públicos onde

se exercem as diversas manifestações culturais como um conflito entre dois blocos distintos e

antagónicos, de tal forma que o consumo de um implica a negação do outro. Mas isso não significa, de

forma alguma, que frequentar um obrigue a abdicar do outro.

Disponível na Internet em: http://tecnologias-

aula.blogspot.pt/2015/01/desliga-e-se-liga.html

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A televisão não é intrinsecamente portável e a sua plena fruição não permite a dispersão da atenção.

Um livro, um jornal, a rádio são portáveis e permitem que a atenção seja repartida. Mas o facto de a

televisão exigir a captura da audição e da visão não é sinónimo de conflito, porque só há conflito quando

há interesse idêntico nos polos em questão. E tal não é, manifestamente, o caso, porque as apetências

culturais são baixas, ao contrário do tempo despendido no consumo televisivo.

A tese, mais ou menos corrente, de que os espaços públicos de cultura teriam muito a ganhar sem a

concorrência da televisão, não é, efetivamente, suportada pelo estudo referido. A convivência social com

família ou amigos é quem mais perde com a

televisão, não a cultura; apenas o cinema e

os concertos musicais podem reclamar algum

prejuízo. (...) De facto, a cultura em espaços

exteriores ao lar é um ato de exceção. É o

cruzamento dos baixos valores da

conflitualidade entre o visionamento de

televisão e a fruição da cultura em espaços

exteriores e a frequência efetiva desses

espaços que nos dá a real dimensão do

alheamento cultural.

Infere-se, também, do estudo no terreno

que o próprio meio televisão não é procurado como forma preferencial de aceder à cultura. A informação

e o entretenimento são os "produtos" mais procurados pelos telespetadores. É no lar que se concretiza o

contacto essencial com "objectos" de cultura, nomeadamente na sua forma escrita. Livros e jornais

representam os principais suportes de ligação ao universo cultural, a par do cinema visionado na

televisão, quer através do agendamento direto dos operadores, quer através do suporte DVD. A leitura de

jornais, independente do formato em papel ou digital, e a leitura de livros representam os atos culturais

que se praticam com maior assiduidade. (...)

Mesmo num cenário de privação de televisão, os espaços públicos de cultura não ganhariam

significativas mais-valias. Há apenas duas ressalvas intermédias: o cinema e, em menor escala, os

concertos musicais que, neste contexto, seriam as hipóteses culturais exteriores ao lar, ponderadas por

uma fração relevante de inquiridos. Teatros ou museus seriam opções meramente residuais por parte

dos telespetadores, quando privados de televisão no lar. A leitura de livros e de jornais seriam

alternativas mais fortes do que estas opções. A televisão não é obstáculo à fruição dos espaços

dedicados à cultura. Mais visível se torna esse facto quando, num cenário hipotético de omissão de

televisão, isso levaria, em primeira instância, e abrindo o leque de opções para além das questões

estritamente culturais, a um incremento da socialização dos indivíduos com a família. (...)

Num cenário de privação de televisão, o meio ideal para a substituir é a internet. Neste ponto,

poder-se-á explicar esta opção pelo facto de muitos dos produtos televisivos constantes das grelhas

estarem disponíveis na quase totalidade no universo da internet, alguns nos próprios sítios das

operadoras: quer em livre acesso e sem restrições de agendamento em grelha, quer em opções

periféricas, como o Youtube. Uma escolha que não deixa de causar surpresa, tendo em conta os níveis de

audiência, é a de que apenas uma ínfima minoria defende a televisão como sendo um meio insubstituível.

Se, para os inquiridos, a internet é o óbvio substituto para a televisão, já os media tradicionais, como a

rádio e a imprensa, recolhem pouca simpatia num eventual processo de substituição da televisão. Apesar

Disponível na Internet em: http://tecnologias-

aula.blogspot.pt/2015/01/desliga-e-se-liga.html

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desta constatação, dos "velhos media" é a rádio que tem mais preferências. Se tivermos em conta que

muitos dos formatos da televisão foram decalcados da rádio e, ainda, que esta faz da informação um dos

seus pontos de relevo, a mesma informação que os inquiridos procuram preferencialmente na televisão,

este resultado não é, de todo, estranho. Perante esta sucessão de resultados, a cultura também não é,

visivelmente, uma prioridade para quem vê televisão. Como se viu, o que se procura no ecrã é, acima de

tudo, informação e entretenimento, uma procura que se adequa perfeitamente à oferta televisiva dos

canais generalistas e temáticos nacionais. O conceito de cultura não se enquadra com o que a maioria

procura na televisão. (...)

Chegados aqui, conclui-se que a televisão interfere marginalmente nos comportamentos culturais,

mas não assume um caráter decisivo na subtração de público aos espaços públicos de cultura. Não

pode ver-se o consumo de televisão como fator decisivo das eventuais faltas de comparência em

espaços culturais. O problema estará, provavelmente, a montante. As apetências culturais formam-se e

fomentam-se numa educação cívica;

cimentam-se num trajeto de vida que apele

para esses consumos, para esses gostos. Os

conteúdos televisivos são disso um reflexo. São

produtos que respondem aos substanciais

desejos da audiência. Os operadores trabalham

para uma massa que não veem, mas que

contabilizam diariamente, com o objetivo de

serem o mais abrangentes possível, captando

para as suas propostas de programação as

audiências que lhes permitirão "vender" esse

tempo à publicidade pelo melhor preço

possível, e sustentando, assim, o seu negócio.

Portugal conheceu muitas polémicas com os

críticos televisivos a alvitrarem contra

realityshows que colocariam em causa a

dignidade dos participantes e insultariam a

inteligência dos telespetadores. Muito se falou

que os limites já teriam sido ultrapassados. À

memória vem, a título de exemplo, a primeira

edição do Big Brother que, apesar da polémica que suscitou, foi um tremendo sucesso de audiências,

apostando no formato, inovador em Portugal, de um programa que permitia aceder à vida real de um

grupo de jovens retidos numa casa durante meses. Os condimentos de ver um grupo de jovens anónimos

dentro de uma casa que, à partida, poderiam parecer esparsos como chamariz, acabaram por dar

resposta a um dos grandes enigmas do ser humano: o voyeurismo e a curiosidade, o espreitar pelo buraco

da fechadura através do ecrã do televisor na nossa sala, cozinha ou quarto.

Para desconsolo de muitos críticos, a realidade da audiência falou mais alto. Como fala e falará.

Porque audiência foi, é, e será sinónimo de lucro. E porque a televisão vive de novidades, ou, pelo menos,

de ideias e formatos recauchutados e repescados a outros dias de glória. Surgirão outros formatos que

indignarão críticos televisivos e voltará a falar-se em fronteiras transpostas; fronteiras que cada vez mais

são empurradas para novos limites. Em 2012, um Big Brother já não causaria grandes sentimentos de

Disponível na Internet em: http://eds-impactotv.blogspot.pt/

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repulsa ou de desagrado. Já foi feito e já foi visto. E é a novidade que alimenta as novas fronteiras. O show

tem que continuar, sempre. De

preferência no conforto do lar,

o habitat natural da televisão.

Assim, mais do que ser um

obstáculo - o que

manifestamente não é, como

vimos - à presença em

atividades culturais, esse

processo de substituição ou de

abdicação pontual poderá

construir-se precisamente por

um forte apelo à comodidade e

ao entretenimento fácil no lar.

A televisão acaba por preencher, desse modo, a quase totalidade dos nossos espaços de lazer, e que

ocupam essencialmente a parte noturna do nosso quotidiano. Libertos das responsabilidades laborais, o

lazer e o descanso assumem o seu tempo nas nossas dinâmicas sociais. (...)

A televisão constrói-se nas nossas rotinas. E nós retribuímos, encarando-a como uma rotina, como

uma presença não invasora nem perturbadora no lar. O apelo deste objeto que acolhemos em casa é

suficientemente forte para questionarmos, inclusive, se é determinante ao ponto de abdicarmos de

momentos de exceção, como sempre serão, para a esmagadora maioria, uma ida a um cinema, a um

museu ou a um teatro. Não a televisão como substituto direto de conteúdos culturais mais exigentes,

mas como meio que manieta vontades e disposições de presença. A rotina poderá conseguir interferir

na disposição para atos de exceção, como é o caso dos consumos culturais em espaço público. A televisão

generalista de grande audiência é avessa a complexidades narrativas e de estilo. A facilidade de acesso e

de interpretação dos seus conteúdos é a sustentação de muita da sua vitalidade e influência. E aqui o

contraste com algumas manifestações culturais é absolutamente evidente em termos de complexidade,

de profundidade narrativa e de expressão. A questão centra-se, precisamente, no enleio que este meio

cria, aliando a facilidade de acesso, o conforto do lar e o baixo custo económico. A televisão, como meio

de relevante centralidade no lar acrescenta argumentos de lazer a baixo custo às vantagens inerentes ao

lar. Encaremos este meio, pois, como uma poderosa âncora que, na sua simplicidade expressiva, poderá

ter efeitos colaterais no atenuar de outras disponibilidades para outras fontes de lazer,

independentemente do seu cariz estrutural mais ou menos complexo. (...)

In Televisão e Consumos Culturais. Francisco, Nuno Alexandre de Oliveira Marques. Covilhã, 2012. [Consultado em

2015-05-0511:13:00]. Disponível na Internet: https://ubithesis.ubi.pt/handle/10400.6/2815

História do telemóvel

O conceito mais básico de telemóvel (telefone celular) teve o seu início em 1947, quando alguns

pesquisadores se aperceberam que, recorrendo a pequenas células,

poderiam aumentar a capacidade de tráfego dos telefones móveis. No

entanto, apesar de aqui estar a base do conceito, ainda não existia a

técnica nem a possibilidade de alargar o tráfego de conversação, já que

a quantidade de chamadas possíveis de realizar ao mesmo tempo era

muito reduzida.

Disponível na Internet em: http://www.marcocimmino.net/2011/06/22/concerto-30-seconds-to-

mars/

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Foi necessário chegar a 1968, para que se compreendesse que era fundamental incrementar as

comunicações móveis, dando frequências e possibilitando a

existência de uma rede de comunicações móveis avançada.

Ainda em 1973, Martin Cooper, que era diretor de projeto na

Motorola, criou um local em Nova Iorque, onde se trabalhou pela

primeira vez um protótipo de um telemóvel. Na altura a sua ideia

de criar um telefone que poderia ser transportado para todo o

lado parecia um pouco inconcebível e pouco rentável, mas o

tempo veio a dar-lhe razão. Foi precisamente em 1973 que a

Motorola lançou as bases da primeira geração de telemóveis ao

anunciar o DynaTACTM Cellular Phone, que pesava 1089 gr.

Entretanto, em 1975, é registada a patente do sistema de rádio-

telefone de Martin Cooper para a empresa Motorola, que, desta

forma, é amplamente considerado o pai do telemóvel.

Anos depois, em 1979, no Japão, foi instalada a primeira rede

para telemóveis. Na Europa, o serviço de telemóveis foi

introduzido em 1981, nos países nórdicos. Em 1984, a Motorola

também anunciou um dos telemóveis que terá sempre um lugar

na história das comunicações móveis, o DynaTACTM 8000XTM,

que pesava 850 gr.

Os primeiros telemóveis estavam muito confinados aos seus

próprios países e caracterizavam-se pela existência de

comunicações analógicas, que não tinham grande qualidade. Na

segunda geração de telemóveis, o sistema GSM (Global System for

Mobile) passou a desempenhar um papel muito importante,

permitindo a melhoria das comunicações móveis. Começou a

haver mais qualidade nas comunicações assim como surgiu a

hipótese de utilizar o roaming internacional (possibilidade de a

partir de um telemóvel realizar e receber chamadas num país

estrangeiro). Em 1998, a popularidade do GSM continuou a

acentuar-se, com a existência de 100 milhões de subscritores,

cinco milhões de novos utilizadores/mês, 120 países envolvidos,

com 300 operadores e com uma percentagem de 60% de

telemóveis digitais com GSM.

Por todo o mundo proliferam as marcas e os modelos de

telemóveis. Com o passar dos anos, o simples ato de usar

telemóvel deixou de ser um fator decisivo em termos de

importância social, já que entre cada modelo as diferenças não

são muito grandes. Assim, sendo, as características, o formato, o

tamanho e o peso é que são fatores determinantes para associar os utilizadores a determinados estilos de

vida.

Marcas como a Motorola, a Ericsson, a Nokia ou mesmo a Philips e a Siemens foram as primeiras a

controlar o mercado de telemóveis. Hoje a Apple, a LG, a Samsung, a Sony, a Huawei, a Nexus, etc. foram

ganhando ascendência nos diferentes mercados. O telemóvel deixou de ser usado apenas para conversas

telefónicas tradicionais, possibilitando, a partir de determinada altura, receber e enviar e-mails, tirar

fotografias e fazer apresentações, filmar e produzir vídeos, partilhar ficheiros, interagir com terceiros

Disponível na Internet em: http://pplware.sapo.pt/smartphones-tablets/a-

evolucao-dos-telemoveis-em-31-anos/

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através das redes sociais, aceder à Internet para ler livros e jornais, ver televisão, visualizar filmes, entre

outras funções.

Assim, os telemóveis são cada vez mais associados aos computadores, contribuindo todas estas

características para a natural convergência das telecomunicações. A TMN - Telecomunicações Móveis

Nacionais foi a primeira operadora de telemóveis a trabalhar em Portugal, tendo sido constituída em 22

de março de 1991. Seguiram-se a também a Telecel e, mais tarde, a Optimus. O serviço digital foi lançado

em Portugal a 8 de outubro de 1992, sendo a TMN a primeira a fazê-lo e também uma das pioneiras a

nível europeu. Esta operadora também foi a responsável pela introdução, a nível mundial, do conceito de

telemóvel pré-pago, ao lançar o cartão Mimo.

in Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2016. Disponível na

Internet: http://www.infopedia.pt/$telemovel

O impacto do telemóvel na sociedade contemporânea

A capacidade de criar artefactos faz parte da essência do ser humano, que sempre viveu/sobreviveu

apoiando-se em tecnologias. Na sociedade contemporânea, o telemóvel destaca-se pela sua

generalização, expressa por taxas de penetração muito

elevadas, e também pela rapidez com que esta

tecnologia foi globalmente adoptada e por tender a ser

utilizada com frequência crescente. Além disso, é uma

tecnologia integrada no quotidiano, isto é, os seus

utilizadores consideram-na natural e sempre

disponível, mas com profundos impactos sociais.

A adopção da tecnologia do telemóvel é motivada

pela possibilidade de satisfazer necessidades:

segurança, conveniência na coordenação,

intensificação da sociabilidade, mobilidade, diversão,

elevado estatuto social, etc. Nos adolescentes,

destacam-se as necessidades de afirmação da

identidade e de pertença ao grupo. Além disso, os

utilizadores pressionam os não-utilizadores a adoptarem esta tecnologia e motivam a utilização frequente

através de contactos que requerem reciprocidade.

As investigações sobre a utilização do telemóvel incidem sobretudo nos jovens, entre os quais se

encontram práticas próprias e originais. Distinguem-se pelo

pioneirismo, pela utilização intensa, pela comunicação com

os pares e por preferirem mensagens SMS às chamadas. A

troca intensa de SMS é importante para a manutenção e

dinamização das relações no grupo, reforçando a coesão, e

por isso é considerada um ritual. Deste ritual faz parte uma

linguagem própria, económica e emotiva, que se aproxima

da oralidade e que resulta da interacção entre as limitações

da tecnologia e a criatividade dos jovens. Por outro lado, a

utilização intensa de SMS pode dificultar o

desenvolvimento de competências sociais.

Relativamente à adopção diferenciada do telemóvel, os principais factores explicativos sugeridos são a

Disponível na Internet em: http://artefactogeracional.blogspot.pt/

Disponível na Internet em: http://dinheirodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=232095

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idade e o género. A idade é inversamente proporcional à adopção do telemóvel e à frequência da sua

utilização. Os jovens são os utilizadores mais frequentes desta tecnologia, e também os mais

competentes. No que diz respeito ao género, as práticas dos homens tendem a ser mais instrumentais e

as das mulheres mais emotivas. Os primeiros utilizam o telemóvel sobretudo por motivos profissionais, ao

passo que as segundas se servem dele para coordenar o quotidiano profissional, doméstico e familiar.

Entre os jovens, os rapazes interessam-se mais

pela dimensão lúdica, e utilizam-no sobretudo

para coordenação. Já as raparigas recorrem a

esta tecnologia para manter e reforçar as

relações com os pares e para expressar emoções,

e personalizam mais os seus aparelhos.

Outro factor a considerar é a classe social,

sendo que entre as classes mais baixas a

utilização desta tecnologia tende a ser mais

ostensiva, correspondendo a uma tentativa de

identificação com um estatuto social mais

elevado.

Podemos encontrar cinco perfis de utilizadores, consoante a utilização: consciente dos custos (o

telemóvel permite poupar), consciente da segurança (o telemóvel proporciona segurança), dependente (o

telemóvel possibilita contacto constante), sofisticado (o telemóvel expressa estilo de vida) e prático (o

telemóvel é útil).

A principal função do telemóvel é a comunicação. Por isso, o seu impacto social reflecte-se

sobretudo na conectividade. A maioria das investigações sobre este tema observa um aumento da

conectividade social, que consideram consequência da utilização generalizada e frequente do telemóvel.

Algumas investigações comparam a interacção face a face com a mediada através do telemóvel,

advogando que as diferenças no processo comunicacional se reflectem nas redes de relações. A

interacção mediada por telemóvel é mais frequente, curta e informal e tem um conteúdo menos

complexo. A sua frequência reforça as relações, porque estas são percepcionadas como permanentes. O

aparelho representa, portanto, a presença virtual daqueles com quem permite contactar. Este tipo de

interacção também se caracteriza pela expectativa de reciprocidade.

Apesar de aumentar a conectividade social, o telemóvel não a expande, isto é, os utilizadores desta

tecnologia comunicam mais, mas com as mesmas pessoas. As

interacções são mais frequentes, mas no âmbito da rede social

próxima já existente; o telemóvel não propicia o surgimento de

novas relações

Como conclusão, podemos afirmar que a necessidade de

comunicar inerente ao ser humano é a principal justificação para

a imprescindibilidade do telemóvel na sociedade

contemporânea, e as características desta tecnologia reflectem-

se nas relações sociais.

O telemóvel poupa tempo ao facilitar a gestão do quotidiano

e preenche tempos de espera, mas, por outro lado, também

preenche o tempo livre ao aumentar a frequência das

interacções e ao permitir mais actividades em simultâneo. Assim,

acelera o ritmo do quotidiano. Quanto ao espaço, o telemóvel

possibilita mobilidade, mas também pode reduzi-la, se um contacto mediado substitui uma deslocação.

Disponível na Internet em: http://www.tecmundo.com.br/samsung-

galaxy-gran-prime/64819-galaxy-gran-prime-smartphone-selfies-samsung-

chegara-mes-vem.htm

Disponível na Internet em: http://www.snpcultura.org/dificil_convivencia_entr

e_celebracoes_liturgicas_e_telemoveis.html

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O conceito de espaço muda na medida em que deixa de ser percepcionado como uma limitação e

também porque o telemóvel cria um espaço privado que acompanha sempre o utilizador.

A utilidade na coordenação, conjugando comunicação e mobilidade, é uma das principais motivações

para adquirir e utilizar o telemóvel. O acréscimo de mobilidade tem como consequência uma maior

dificuldade de coordenação, mas esta é solucionada com a flexibilidade possibilitada pelo próprio

telemóvel, que permite reajustes de horários e locais de encontro. Esta tecnologia tornou-se parte da

rotina quotidiana e é imprescindível para que esta decorra sem perturbações.

Os conteúdos do telemóvel, como o número de contactos e as mensagens e fotografias armazenadas,

não só têm valor afectivo, como são indicativas

de estatuto e popularidade. Também a

personalização do aparelho e o modo como é

utilizado expressam a identidade e o estilo de

vida do utilizador.

O primeiro aspecto relacionado com o

telemóvel que chamou a atenção dos cientistas

sociais foi o surgimento de novas situações nas

quais os espaços público e privado se

sobrepõem, causando dilemas sobre a forma

correcta de (inter)agir. O telemóvel esbate as

fronteiras sociais, porque separa a

comunicação do seu contexto espacial, dando

origem à interpenetração de espaços reais e

virtuais, e à crescente flexibilidade das fronteiras sociais.

Inicialmente, o telemóvel foi considerado intrusivo, porque entrava em conflito com as regras sociais

vigentes nos locais públicos, por exemplo, proporcionando, em simultâneo, interacções através do

telemóvel e face a face. Outros aspectos incomodativos são o ruído, a obrigação de ouvir as conversas

alheias, a indiferença, a inveja do estatuto social expresso através do telemóvel e a obrigação profissional

de estar contactável em tempo de lazer. Paradoxalmente, o telemóvel é considerado incomodativo, mas é

cada vez mais utilizado, e à medida que surgem mais regras e os utilizadores são mais cumpridores, são

também cada vez mais tolerantes perante o desrespeito pelas mesmas por parte de outros. Alguns

exemplos de regras sociais emergentes são: colocar o telemóvel no modo «silêncio» em vez de desligar;

novos rituais de início e fim das interacções, em que a identificação dos interlocutores é substituída pela

identificação do espaço em que se encontram.

Relativamente à comunicação, o telemóvel é uma

ferramenta que aumenta a sociabilidade e que,

devido ao contacto permanente, representa a

presença virtual da rede de relações próxima. No

que se refere à coordenação, por facilitar a gestão

de tarefas, actividades e relações, o telemóvel é

comparado a uma bússola e às chaves.

Sendo uma tecnologia pessoal, privada, próxima

do seu utilizador, e que representa a presença

virtual da sua rede de relações, este desenvolve uma

ligação emocional em relação ao aparelho. Por isso,

o telemóvel é comparado a um animal de estimação e a um ursinho de pelúcia.

Uma das principais motivações para a sua adopção é o facto de esta tecnologia proporcionar

Disponível na Internet em: http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2014/03/voce

-usa-o-celular-durante-refeicoes-que-faz-com-o-seu-filho.html

Disponível na Internet em: http://www.techenet.com/2015/09/uso-de-telemovel-e-criticado-mas-

nao-se-pode-evitar/

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segurança. O telemóvel é uma baby-sitter, quando facilita as tarefas de cuidar de crianças, doentes e/ou

idosos e é um escudo protector e/ou um guarda-costas, quando utilizado para indicar indisponibilidade

para interagir.

O telemóvel, como extensão do corpo, está sempre próximo deste. Devido ao seu carácter íntimo,

pessoal e privado, surgiu a necessidade/possibilidade de o personalizar. Assim, o telemóvel não é

apenas uma extensão do corpo, é também extensão da personalidade, da identidade, do estilo de vida,

do estatuto social. Como extensão do corpo, o telemóvel influencia a linguagem corporal e a postura;

como extensão da personalidade, influencia as competências comunicacionais, a imagem pública e,

sobretudo, a expressão de emoções. A relação emocional que surge entre o utilizador e o telemóvel é

uma característica distintiva desta tecnologia, e que

se traduz por uma elevada valorização da mesma.

Poderá causar o telemóvel dependência? Nas

Ciências Sociais, a dependência relaciona-se com a

satisfação de necessidades e tem um carácter

psicológico, referindo-se a necessidades intrínsecas ao

ser humano. As investigações sobre o telemóvel

preferem termos mais moderados, como uso

excessivo, problemático ou indícios de dependência,

pois pressupõem que tecnologia e sociedade

interagem.

Vários investigadores observam comportamentos

que consideram indícios de dependência, sendo os

seguintes os mais recorrentes: uso frequente desta tecnologia; utilização em qualquer lugar e momento,

independentemente do tempo, do espaço, da companhia, das proibições e dos riscos; relutância em

desligar o aparelho; contactabilidade constante e expectativa de reciprocidade na disponibilidade e nas

interacções; percepção do telemóvel como intrusivo mas crescente tolerância à sua intrusividade;

verificação constante se alguém ligou ou se foi recebida alguma mensagem; sensação de desconforto e

ansiedade quando o telemóvel não está perto do corpo e/ou quando não pode ser usado; gastar

excessivamente e dificuldade em controlar os gastos; elevada ansiedade em caso de impossibilidade de

utilizar o telemóvel; imperceptibilidade da influência do telemóvel no quotidiano e sentimento de

controlo incoerente com os comportamentos. (…)

Dias, Patrícia. O impacto do telemóvel na sociedade contemporânea: panorama de investigação em Ciências Sociais, in

Comunicação e cultura. Disponível na Internet em http://cc.bond.com.pt/wp-content/uploads/2010/07/03_04_Patricia_Dias.pdf

Pára de olhar para o telemóvel!

Quando o marido comprou o telemóvel com acesso à Internet, a mesa de jantar em casa de Ana,

designer de 48 anos, tornou-se um campo de batalha. Ele passava a hora da refeição a mandar

mensagens aos amigos e a escrever posts no Facebook. Os dois filhos, adolescentes, imitavam-no, e Ana,

habituada em casa dos pais a conversar durante as refeições, começou a ganhar raiva aos pequenos

aparelhos. "Até o toque das mensagens me tirava do sério", conta à Sábado.

Todas as noites havia discussão. Porque um dos filhos atendia o telemóvel e, quando era repreendido,

respondia que o pai também estava ao telemóvel. Porque não havia lugar na mesa, ocupada com os

aparelhos, para colocar a travessa. Porque ninguém conversava e Ana sentia-se sozinha rodeada pela

Disponível na Internet em: http://www.maissuperior.com/2016/01/05/a-bolsa-que-te-tranca-o-

telemovel-quando-estas-num-espetaculo/

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família. "O meu casamento esteve à beira da ruptura por causa de um telemóvel", conta. "Até na cama

éramos três: eu, ele e o telemóvel."

Ana não sabia, mas estava a ser vítima de phubbing. O comportamento disseminou-se com os

smartphones e, em 2012, phubbing – a junção das palavras inglesa snubbing (ignorar em português) e

phone (telefone) – ganhou

existência gramatical. A

palavra, que define o acto de

ignorar o parceiro com o

telemóvel, foi inventada por

um grupo de lexicógrafos e

de poetas, convidados por

uma agência publicitária

australiana, que depois

utilizou a palavra numa

campanha para promover

um dicionário.

Mas os efeitos nos

relacionamentos só foram

conhecidos agora, e não são

bons. James Roberts e Meredith E. David, investigadores na Universidade Baylor, nos Estados Unidos,

decidiram estudar aquilo que viam em todo o lado. "Nos restaurantes, por exemplo, é tão comum verem-

se casais que não falam um com o outro porque um deles está distraído com o telemóvel", conta à

Sábado Meredith E. David.

Em My life has become a major distraction from my cell phone: partner phubbing and relationship

satisfaction among romantic partners (o telemóvel alienou-me da minha vida: o phubbing e a felicidade

em relações amorosas), os investigadores entrevistaram 308 pessoas, elaboraram uma escala de

phubbing, e chegaram a conclusões alarmantes. Cerca de 46% dos entrevistados admitiram já terem sido

vítimas de phubbing e 22,6% confessaram que o comportamento provocava discussões entre o casal.

Pior: as vítimas de phubbing sentem-se deprimidas e os relacionamentos tendem a romper -se. Apenas

32% dos entrevistados garantiram estar muito satisfeitos com a sua relação. O estudo será publicado na

revista Computers in Human Behaviour em Janeiro de 2016. "Quando somos vítimas de phubbing estão a

dizer-nos que o telemóvel é mais importante do que nós", explica à SÁBADO James Roberts.

Foi o que Ana sentiu. "Os pacientes que se queixam do telemóvel dos parceiros sentem-se

abandonados. A sua auto-estima fica posta em causa", garante a psicóloga clínica, Bárbara Ramos Dias.

Na Clínica Sabeanas, em Carcavelos, a especialista ouve queixas tanto de mulheres como de homens.

"Antes, o problema era a televisão, depois vieram os videojogos e agora são os telemóveis", diz a

psicóloga à Sábado.

Há pacientes que acordam durante a noite e encontram os maridos na casa de banho agarrados ao

telefone. "Tenho pacientes que já enviaram mensagens no WhatsApp ao companheiro, com ele sentado

ao lado no sofá." Mas há solução. "É preciso ser frontal, dizer ao outro o que se está a passar e negociar

regras", explica a psicóloga. Ana confessou à família o que sentia e pediu-lhes que os telemóveis fossem

proibidos à mesa. "Agora, conversamos sobre o dia de cada um; eles estão a descobrir o prazer de estar

em família", garante. Não foi fácil. "Fazem um esforço", admite Ana. Passou a ser o marido quem, em

jantares de amigos, anuncia que o uso de telemóveis só será permitido na varanda, tal como o cigarro.

Susana Lúcio, in Revista Sábado. Publicado em 7 de novembro de 2015.Disponível na Internet em

http://www.sabado.pt/vida/familia/detalhe/para_de_olhar_para_o_telemovel.html

Disponível na Internet em: http://www.sabado.pt/vida/familia/detalhe/para_de_olhar_para_o_telemovel.html

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Mews: as notícias e o telemóvel numa cultura de convergência

O termo “novos media”, associado à passagem dos conteúdos da imprensa, da rádio e da televisão

para web, começa a ser

associado a um novo modelo, o

telemóvel. Este, para além da

conectividade, permite ainda a

mobilidade, realidades que não

são de agora, mas quem têm

marcado a evolução de uma

sociedade em rede, desde as

primeiras travessias marítimas,

passando pelas terrestres, pelas

aéreas e a própria web. Uma

relação inevitável, como

preconiza Castells (2004):

“Mesmo que você não se

relacione com as redes, as redes vão relacionar-se consigo. Quem quiser continuar a viver em sociedade,

neste tempo e neste lugar, terá que lidar com a sociedade em rede.” Chegados aos dias de hoje, a rede

que se afirma cada vez mais é a que utiliza o telemóvel, registando uma elevada taxa de penetração no

mercado, claramente superior à da Internet. (…)

No ano de 2003, no mundo, o número de telemóveis já ultrapassava o de telefones fixos. Até mesmo

o continente africano registou uma adesão notável, com um dispositivo móvel por cinquenta habitantes,

no ano 2000, para um em cada três, em 2008. (…) Em Portugal, a tendência também se verificou, como

comprovam os estudos da ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações, que apontava já em 2009

para uma taxa de penetração de 146,2 por 100 habitantes, referente aos cerca de 15,5 milhões de

assinantes do serviço telefónico móvel.

Os telemóveis começaram por ser volumosos, pesados e acrescentavam às funcionalidades de um

vulgar telefone, a mobilidade. Mas rapidamente os telemóveis evoluíram. Passaram a ser mais pequenos,

leves e alargaram os leque de funções, possibilitando o envio de SMS‟s (Short Message Service), MMS‟s

(Multimedia Message Service), de captar áudio e vídeo, de consultar agenda/lista telefónica, registar

eventos, efectuar cálculos e conversões. Um estudo publicado pelo Internet Pew & American Live Project,

aponta os dispositivos móveis como principais meios de acesso à Internet em 2020.

O telemóvel é, pois, um elemento cada vez mais presente no quotidiano das pessoas, sobretudo pela

ubiquidade e transversalidade aos vários sectores da sociedade. Está presente, por exemplo, no

entretenimento, em que, por meio das SMS, o utilizador pode subscrever produtos (toques de telemóvel,

jogos ou wallpapers) ou participar em passatempos; na moda, em que algumas marcas de roupa e

acessórios já dispõem de espaços (bolsos e/ou bolsas) para o transporte de dispositivos móveis; na

cultura, com a possibilidade de consulta de agendas de espectáculos ou reserva de bilhetes; no desporto,

com a subscrição de produtos relacionados, como golos em directo (utilizador recebe SMS quando a sua

equipa marca), disponibilizado por algumas operadoras; no sector automóvel, em que as diferentes

marcas já integram no sistema electrónico acessórios como kit mãos livres (permite conversação aquando

da condução); no marketing, em que as empresas ou marcas publicitam os seus serviços ou produtos,

enviando SMS…

Com a evolução da Internet e a disseminação dos dispositivos móveis, as fronteiras em diferentes

dimensões entre produtores, utilizadores e consumidores tem vindo a esbater-se. Este fenómeno

representa um novo desafio também para os sectores da imprensa, rádio e televisão, isto é, os mass

media. É para eles que iremos olhar de seguida, nomeadamente, os portugueses. Que reconhecimento e

rentabilização de potencialidades? E que relação com as audiências?

Disponível na Internet em: http://tek.sapo.pt/mobile/apps/artigo/650_mil_portugueses_vao_ao_banco_no_telemovel-43400cvi.html

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A circulação de jornais, no seu formato tradicional (papel), tem registado um decréscimo acentuado

nos últimos anos, nomeadamente em países como os Estados Unidos da América, tendência também

verificada nos últimos anos em Portugal, (…)

Cerca de 20 anos após as primeiras versões para a web dos media portugueses, o balanço feito,

através dos últimos estudos, não é animador. Segundo alguns

estudiosos, os jornais generalistas portugueses aproveitam pouco o

potencial da Internet (intereactividade, hipertextualidade,

multimedialidade, instantaneidade, ubiquidade, memória,

personalização e criatividade). Uma realidade que também se

reflecte nos media locais/regionais, de forma mais acentuada.

Contudo hoje é possível observar uma maior presença dos media

portugueses na WEB. (…)

O acesso à Internet tem vindo a crescer, tendência que se verifica

quando analisamos a sua utilização para ler, ver ou ouvir notícias.

Entretanto, estamos perante um novo paradigma na comunicação e

difusão de notícias. É neste contexto que surge o telemóvel, que

pode transportar a totalidade do conteúdo da versão original, em

papel, ao qual se associa a instantaneidade, da web, e a ubiquidade,

que os dispositivos móveis permitem. E em Portugal está em franco

crescimento.

A adopção do telemóvel, por parte dos media, introduz um novo

conceito de mobilidade no acesso e consumo da informação. Com o

aparecimento da imprensa, os interessados iam ao encontro das

notícias (mesmo que aliciados pelos ardinas), transportavam o

suporte difusor e sujavam as mãos com a tinta das letras e das

imagens. Com a rádio, surgiu uma nova forma de difusão, igualmente

num único meio (áudio), porém, sem possibilidade de mobilidade, tal

como sucedeu com a televisão, que ainda assim, permitia o acesso à informação através de duplo sentido

(visão e audição). Com a Internet, a web, foi possível integrar todos os meios anteriores, privilegiando-se

o aspecto visual. Passou-se ainda a uma nova relação entre produtor e consumidor, em que os mass

media deixaram de exercer, com a sua audiência, uma comunicação unidireccional, para passarem a

contar com a participação desta (comunicação bi-direccional), antes, durante e após o processo de

produção de notícias. Que esperar, então, do novo

media, cuja função primordial era o áudio, mas que

integra outros meios (texto e imagem), através do

qual se pode aceder à Internet (comunicação de

um para muitos), consultar e produzir informação,

bem como realizar outras tarefas, quer de âmbito

pessoal, quer profissional? (…)

O telemóvel é uma ferramenta muito útil

também na actividade jornalística, ao permitir

armazenar contactos, consultar e editar agendas,

funções que foram sendo acrescentadas ao longo

dos anos. A possibilidade de captar som e imagem

(estática e dinâmica), introduziram novos desafios

às rotinas de produção noticiosa.

Como vimos, o telemóvel é uma presença permanente na vida das pessoas, na medida em que integra

uma série de utilitários, do dia-a-dia (contactos, agenda, conversor de unidades, jogos, mapas…), o que

leva a um esbatimento das fronteiras de utilização (entretenimento, pessoal, profissional). Passamos mais

Disponível na Internet em: http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/det

alhe/negoacutecios_lanccedila_nova_versatild

eo_mobile.html

Disponível na Internet em: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/209/celular-liberadosem-

conseguir-conter-o-uso-dos-smartphones-em-sala-326798-1.asp

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tempo consumindo medias no mundo ocidental do que fazendo qualquer outra coisa (até dormir)”. É esta

“omnipresença” que os media podem

ganhar, com o conhecimento e os meios

de que dispõe a sua audiência que, por

sua vez, pode consultar as notícias, que

procura por iniciativa própria (pull), ou

que lhe são enviadas, de forma alheia

(push).

Tal como web representou (e ainda

representa) um desafio para a indústria

dos media, também os dispositivos

móveis estão a “mexer” com

empresários e profissionais (no caso, os

jornalistas). Em Portugal o principal

papel desempenhado pelos telemóveis tem sido essencialmente aquele que está relacionado com a sua

função primária: efectuar/receber chamadas. Exemplos de adopção do mesmo na produção de notícias,

nomeadamente, a partir de smartphones, como o iPhone, que são “tudo em um”, são ainda residuais.

Apenas a RTP, como vimos, já desenvolveu acções jornalísticas pensadas a partir de dispositivos móveis.

Por outro lado, as audiências, nomeadamente as digitais, têm demonstrado maior familiaridade na

utilização do referido dispositivo, com o qual produzem conteúdos, que posteriormente distribuem nos

seus blogues e nas redes sociais, como o Facebook ou o Twitter. Inclusivamente é lá que muita da

informação se dissemina, sendo por vezes ponto de partida para a notícia (“fragmentos” que o jornalista

reúne, para contar a estória… que deixa de ser “sua”, em exclusivo). O que se tem verificado ainda, é os

media a reduzirem recursos, nomeadamente jornalistas, alegando o factor crise. Ora, poderia ser este um

motivo extra para olharem para a audiência, não só como destino final do seu produto, mas como parte

integrante do mesmo. O facto da esmagadora maioria dos cidadãos dispor de pelo menos um telemóvel,

que do ponto de vista cultural tende a ser dos modelos mais recentes, permite-lhe captar som e imagens

(estáticas ou dinâmicas), que podem vir a integrar o processo jornalístico. É uma nova mobilidade que a

notícia ganha. Não só porque pode ser consultada em qualquer lugar, como pode ser produzida a partir

de qualquer lugar, por qualquer pessoa (não substitui o jornalista, mas, também neste caso, é uma

extensão dele, como preconizou Marshall McLuhan).

É a falta de noção destas possibilidades, que tem estagnado o ciberjornalismo, em primeiro lugar, e,

possivelmente, o jornalismo móvel. E não há

como (continuar) a ignorar a realidade. Olhe-

se para a penetração dos dispositivos móveis,

que tem sido a mais altas da história. A

convergência representa uma mudança no

modo como encaramos nossas relações com

as medias, porém, também estes (media)

devem repensar, a sua relação com as

audiências. Os primeiros, deixando de olhar

para os segundos como meros elementos

passivos, que consomem o que lhes dão,

enquanto estes, devem ponderar antes de exigirem aos media digitais conteúdos a custo zero, como

dispõem na web. Para continuar rumo à convergência, ambos devem (re)pensar as direcções que

pretende tomar.

Jerónimo, Pedro, Aluno de Doutoramento da Universidade de Aveiro (2010), disponível na Internet em

http://revistas.ua.pt/index.php/prismacom/article/view/722, adaptado

Disponível na Internet em: http://www.muitofixe.pt/tens-estes-aplicativos-

instalados-telemovel-nao-devias-estao-prejudicar-teu-smartphone/

Disponível na Internet em: http://lifestyle.sapo.pt/fama/noticias-

fama/artigos/judite-sousa-estou-em-casa-bem