20
Página 1 de 20 Área de Competências-Chave Cultura, Língua e Comunicação RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário Núcleo Gerador 6 – URBANISMO E MOBILIDADE DR1 – Tema: Construção e Arquitetura

6 URBANISMO E MOBILIDADE DR1 Tema: Construção e …cqepdesantotirsodoaetp.yolasite.com/resources/NG6-UM-DR1... · 2017-12-04 · Página 3 de 20 Tema 1: Construção e Arquitetura

Embed Size (px)

Citation preview

Página 1 de 20

Área de Competências-Chave

Cultura, Língua e Comunicação

RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário

Núcleo Gerador 6 – URBANISMO E MOBILIDADE

DR1 – Tema: Construção e Arquitetura

Página 2 de 20

Página 3 de 20

Tema 1: Construção e Arquitetura

COMPETÊNCIA: Participar no processo de planeamento e construção de edifícios recorrendo

a terminologias próprias e procurando garantir condições para as práticas de lazer. Definição de urbanismo

De uma forma simplificada define-se urbanismo como o desenho e estudo das cidades.

O urbanismo é uma operação cujo objetivo é a transformação do espaço visando uma melhoria estética e

da qualidade de vida, transmitindo sensações de segurança e conforto. Define as regras de interligação entre

os elementos construídos e as várias partes da cidade, ou seja a forma urbana.

Para além de um instrumento de projeto, o urbanismo é uma ação política, económica e social, prolongada

no tempo. Os instrumentos de gestão urbanística pressupõem, hoje em dia, uma rentabilização do espaço e a

geração de lucros.

Em arquitetura o estudo da

urbanística recai sobre a análise

da forma urbana. No entanto,

para se poder analisar uma

cidade é preciso o contributo de

outras disciplinas tais como a

história, a sociologia, a geografia

e a ecologia. O urbanismo é,

assim, uma área multidisciplinar.

Devido a esta

interdisciplinaridade e à

dependência do poder político e

económico, a diferentes períodos

históricos correspondem

diferentes formas de fazer

cidade. Assim, nas cidades atuais

portuguesas, com largos séculos

de história, encontramos

diferentes malhas urbanas

correspondentes a estratos

históricos diferenciados

O urbanismo enquanto disciplina surge no final do séc. XIX, num período pós revolução industrial, em que

se verifica um grande êxodo rural, com a população a fixar-se nos meios urbanos em busca de oportunidades

de trabalho e de uma melhor qualidade de vida.

Face ao aumento populacional, as condições de vida, especialmente a das classes operárias, deterioram-se.

Existe uma franja de população a viver em casas insalubres e sem condições de higiene. A taxa de mortalidade

torna-se mais elevada.

O urbanismo surge como um meio de resolver os problemas que afetam as cidades, qualificando os

espaços, criando infraestruturas e promovendo a melhoria das condições de vida.

A nível europeu, destaca-se duas grandes operações urbanísticas: a intervenção de Haussmann em Paris e a

de Cerdá em Barcelona. Estas tornam-se modelos de intervenção copiados noutras cidades europeias, como

Lisboa. Têm em comum a criação de vias de comunicação como elementos de organização do espaço; mas

Cidade de Santo Tirso, zona envolvente à Praça 25 de Abril. Imagem disponível em: http://santotirsodigital.pt/3-horas-noturnas-de-btt-em-santo-tirso/

Página 4 de 20

enquanto que em Paris se reordena a cidade existente, em Barcelona elabora-se um plano de expansão da

nova cidade. (...)

O urbanismo contemporâneo analisa e estuda estas diferentes formas de fazer cidade, da urbe histórica à

cidade moderna. Procura integrá-las numa estratégia de planeamento que valorize o que elas têm de melhor,

requalificando as áreas que entretanto se degradaram por ação do tempo, do uso ou pela desarticulação com

novas exigências funcionais.

As várias intervenções devem interligar-se entre si e com os planos de ordenamento vigentes, tendo como

base o desenho e preocupações sócio-económicas e ambientais.

Hoje procura-se criar espaços esteticamente apelativos, capazes de constituir-se como polos dinamizadores

e de atração a atividades economicamente lucrativas e promotores de uma convivência social equilibrada.

In Arquitetura portuguesa. “Definição de urbanismo” (2012) disponível na Internet em:

http://www.arquiteturaportuguesa.pt/definicao-de-urbanismo/

O urbanismo em Portugal

(...) O início do séc. XX marca a consolidação do urbanismo como disciplina autónoma. A prática urbanística

desta altura designa-se urbanística formal.

Em Portugal o Ministro das Obras Públicas Duarte Pacheco cria, em 1934, os “Planos Gerais de

Urbanização” a serem aplicados a cidades com mais de 2500 habitantes. Pretende-se instalar infraestruturas,

construir equipamentos e simultaneamente transformar cidades de crescimento orgânico em urbes com uma

imagem representativa da ideologia do Estado Novo.

As intervenções efetuadas pelo Estado Novo implicam expropriações de vastas áreas, transformando solo

privado em propriedade pública, sendo uma intervenção de grande escala e de caráter unitário. A destruição

de parte da Alta de Coimbra, o seu centro histórico, para a instalação do campus universitário é um exemplo

paradigmático deste tipo de operação urbanística.

Nos anos 50, em Portugal, a urbanística formal é abandonada com a adesão ao movimento moderno. O

desenho urbano denota preocupações funcionalistas, com a hierarquização de vias e a criação de quarteirões

formados por blocos paralelos, ou torres, baseados na Carta de Atenas.

A partir das décadas de 60/70 começam a surgir críticas à cidade moderna, em particular quando este

modelo é aplicado em larga escala, o que faz com que o conjunto se torne monótono. Outra crítica apontada é

de que a construção em altura prejudica a relação do Homem com o meio envolvente.

Alta de Coimbra, antes da intervenção do Estado Novo (à esq.) e atualmente numa imagem google maps (à dta.)

Página 5 de 20

Verifica-se então uma redescoberta da cidade histórica e das formas urbanas tradicionais. Os autores pós

modernistas privilegiam o desenho de pormenor e a pequena escala para conseguir ambientes qualificados e

atraentes. Nas intervenções são preservados os edifícios de maior valor arquitetónico e procura-se respeitar a

morfologia e cérceas tradicionais.

A partir da década de 80 enceta-se uma nova etapa na forma de desenhar a cidade a que Garcia Lamas,

autor do livro “Morfologia urbana e desenho da cidade”, chama novo urbanismo. Verifica-se uma conciliação

do Homem com a natureza e uma relação harmoniosa com o espaço construído. Em termos morfológicos são

aplicados elementos da cidade tradicional tanto na reabilitação dos centros históricos como em novas

realizações.

Com algum distanciamento temporal e crítico consegue-se avaliar os contributos dos vários estratos

históricos e retirar lições a aplicar ao projeto da cidade atual. Contudo, a cidade atual integra uma nova

dimensão, a ecologia urbana. São valorizadas questões ambientais, com o aproveitamento de recursos

naturais e a construção de edifícios inteligentes. Procura-se encontrar um equilíbrio entre o Homem e o Meio,

entre o natural e o artificial.

Surge o conceito de ecourbanismo, o desenvolvimento de comunidades sustentáveis em ambientes

edificados harmónicos e equilibrados.

A cidade atual apresenta problemas relacionados com a sua grande extensão e o uso massivo do

automóvel. Há um conflito entre peões e veículos. As vias rápidas, circulares externas e internas e IP’s são

verdadeiros cortes na paisagem, constituindo-se limites e obstáculos da cidade.

Outro problema enfrentado pelas cidades é a especulação imobiliária que leva a que as zonas centrais

detenham um elevado valor de preço de solo e de construção por m2, que empurra as populações para a

periferia. Estas crescem em mancha de óleo, muitas vezes desordenadas, desqualificadas e com confronto de

tipologias e escalas. Por outro lado, a desertificação dos centros históricos, com reduzida função residencial,

introduz problemas de segurança pela propagação de atividades marginais.

Face a estes problemas têm surgido planos de intervenção na cidade existente, reabilitando as zonas

centrais e na medida do possível promovendo uma distribuição equilibrada de habitação, comércio e serviços

na malha urbana. Para além da recuperação de monumentos são criados programas de incentivo à

reabilitação dos edifícios particulares.

A Expo 98 foi um marco importante na renovação urbana de grande escala promovida pelo Estado. Este

programa no Parque das Nações permitiu a conversão de uma zona industrial desativada, junto ao Tejo,

primeiro num parque de exposições e depois numa qualificada área residencial, de equipamentos comerciais,

culturais e amplas áreas de lazer.

Parque das Nações, planta pós Expo98

Página 6 de 20

Em 2000 foi lançado o programa Polis que permite a reabilitação urbana em muitas cidades portuguesas e

contribui para criação de espaço público, que melhora significativamente a imagem e qualidade de vida.

Também a candidatura a Capital da Cultura de algumas cidades, como o Porto em 2001 e Guimarães em

2012, é uma forma de promover uma reabilitação urbana em larga escala.

Em 2008 o polis litoral é um programa lançado com o objetivo de requalificar e valorizar a orla costeira. São

recuperadas zonas de risco e áreas degradadas na faixa costeira, em particular no litoral norte.

Todos estes programas são financiados pela administração central e pelas autarquias.

Dado que a população portuguesa é predominantemente urbana, intervir na cidade é melhorar a qualidade

de vida de todos nós. In Arquitetura portuguesa. “Urbanismo em Portugal” (2012) disponível na Internet em:

http://www.arquiteturaportuguesa.pt/urbanismo-em-portugal/

Construção sustentável

“Um edifício bom não é aquele que fere a paisagem, mas aquele que faz a

paisagem mais bonita do que era antes da construção do edifício.”

Frank Lloyd Wright

O desenvolvimento sustentável é o equilíbrio entre as necessidades de desenvolvimento e o meio

ambiente, visando melhorar as condições de vida atuais sem comprometer as gerações futuras.

Desde que o Homem se torna sedentário, passa a ter necessidade de construir abrigos que lhe ofereçam

proteção e sejam duráveis. Na sua construção são utilizadas alvenarias de blocos de terra e pedra. É também

usada a madeira e outros materiais naturais.

Com o aumento das exigências de

resistência das construções, os materiais

deixam de ser aplicados tal como são extraídos

da natureza e passam a envolver transformação

de matérias-primas, o que implica maior

consumo energético.

Nos finais do séc. XIX surge um novo

material de construção, o betão. Mais tarde,

com o objetivo de otimizar as suas

características mecânicas, é introduzido o aço

em varão tornando-se o betão armado no

material mais utilizado na construção até hoje.

Na 2ª metade do séc. XX verifica-se um

grande aumento da construção mas, muitas

vezes, o crescimento das cidades faz-se de uma

forma desordenada e com baixa qualidade

construtiva. São ocupadas zonas rurais e

destruídas zonas verdes. São utlilizados recursos

naturais em grande escala, provocando feridas

na paisagem e danos ambientais avultados.

Face a esta realidade, começam a surgir

críticas a este modelo de desenvolvimento

urbano e o despertar da consciência coletiva de

que se nada se fizer para inverter esta tendência, rapidamente se esgotarão os recursos naturais, estando em

causa a própria existência da espécie humana.

O The Change Initiative Building – TCI, Dubai, Emirados Árabes Unidos

é considerado o edifício comercial mais sustentável do mundo.

localizado em. O prédio é uma grande loja de 4.000 metros quadrados

que fornece soluções sustentáveis e as aplica. A maioria dos materiais

utilizados na construção do prédio são sustentáveis. O teto é equipado

com painéis solares, há reaproveitamento da água, a pintura é

reflexiva termicamente e fornece 40% de energia ao edifício, a

estrutura externa tem isolamento três vezes maior do que os demais

edifícios.

In Engenharia e Construção, disponível na Internet em : http://www.engenhariaeconstrucao.com/2014/11/o-predio-mais-sustentavel-do-

mundo.html

Página 7 de 20

Neste contexto, no final dos anos 60, emerge uma corrente ecológica que defende a preservação da

natureza e dos seus recursos. A crise do petróleo, na década de 70, veio também despertar a ideia da

necessidade de poupança de energia.

O conceito de desenvolvimento sustentável surge pela primeira vez na década de 80, defendendo-se um

modelo em que haja um equilíbrio entre as necessidades de desenvolvimento e o meio ambiente, visando

melhorar as condições de vida atuais sem comprometer as gerações futuras.

O Protocolo de Montreal, de 1987, é um acordo internacional que estabelece metas para o controlo de

emissão de substâncias que destroem a camada de ozono.

Em Portugal, em 1990, é apresentado um 1º Regulamento de Comportamento Térmico dos Edifícios, sendo

lançada em 2006 nova legislação, RCCTE e RSECE, aplicada a todos os edifícios e sendo a sua aprovação

efetuada por peritos qualificados em térmica.

Em 1998, é estabelecido o Protocolo de Quioto (Kyoto), resultante de uma série de eventos, que visa a

redução de emissão de gases poluentes responsáveis pelo efeito de estufa e o aquecimento global. Entra em

vigor em 2005, englobando 141 países entre os quais Portugal. O protocolo não é aplicado aos EUA, o maior

poluidor do mundo, o que leva países como o Canadá a questioná-lo.

Hoje o crescimento sustentável é uma prioridade de atuação e assenta em três vetores: desenvolvimento

economicamente eficaz, socialmente equitativo e

ecologicamente sustentável.

Esta perspetiva de sustentabilidade é aplicada ao

setor da construção, uma vez que este é o

responsável por grandes danos sobre o meio

ambiente.

O uso do betão começa a ser questionado pela

sua durabilidade limitada e por envolver a utilização

de grande quantidade de recursos naturais e

elevados consumos energéticos no fabrico dos

materiais que o compõem.

Em alternativa aparecem novos sistemas

construtivos como as estruturas metálicas leves

(LSF), em betão celular autoclavado (ACC) e

ressurgem tecnologias em desuso, como a construção em taipa ou adobe e em terra.

São adotados progressivamente um conjunto de procedimentos com vista à diminuição do impacte

ambiental das construções. Promove-se o uso de energia a partir de fontes renováveis, a recolha da água da

chuva e reutilização de água, passa a ter-se um maior cuidado na escolha dos materiais construtivos e

estabelecem-se normas para os resíduos da construção e da demolição.

Princípios básicos de uma construção sustentável:

- reduzir o consumo energético durante a fase de obra e de utilização usando fontes de energia

renováveis, minimizando os consumos energéticos e otimizando a iluminação e ventilação natural;

- diminuir o consumo de água principalmente a envolvida na produção de águas residuais, instalando

autoclismos com sistemas de descarga diferenciados, uso de bases de duche em vez de banheiras e

instalação de torneiras mono comando, entre outros;

- assegurar a salubridade dos edifícios maximizando a iluminação e ventilação natural e criando, se

possível, aberturas para o exterior em todos os compartimentos;

- potenciar a durabilidade das construções usando materiais e sistemas construtivos que ampliem o seu

ciclo de vida

- promover ações de manutenção e reabilitação do edificado;

A ZeroHouse é uma construção prefabricada, completamente autossuficiente, de 60,4m², idealizada pelo atelier Specht Harpman Imagem disponível em: http://www.csustentavel.com/faq-2/vou-

construir-uma-casa-o-que-e-que-devo-fazer-para-que-seja-um-edificio-mais-sustentavel/

Página 8 de 20

- usar materiais ecoeficientes, isto é, materiais não nocivos à camada de ozono, duráveis, com baixa

manutenção, com baixa energia primária, localizados próximo do local da obra e serem fabricados a

partir de materiais reciclados ou que no futuro possam a vir a ser reciclados

- aproveitar as condições e recursos locais;

- diminuir a área de implantação e o volume de construção;

- apostar em inovações tecnológicas amigas do ambiente;

- proceder a uma gestão sustentável da obra;

- reduzir, reutilizar e reciclar resíduos sólidos;

- promover um custo de obra economicamente vantajoso.

O desafio atual para a arquitetura é então procurar criar soluções inovadoras que aliem uma estética

atraente, a uma boa eficiência energética e um impacte ambiental reduzido.

Novembro 15, 2012 In Arquitetura portuguesa. “Construção Sustentável” (2012) disponível na Internet em:

http://www.arquiteturaportuguesa.pt/construcao-sustentavel/

Vou construir uma casa. O que é que devo fazer para que seja um edifício

mais sustentável?

Página 9 de 20

Para começar dever-se-á ter em consideração essa pretensão logo na fase de projeto, pois é o principal

para que a jusante tenha uma casa mais sustentável. Antes de mais, logo na fase de estudo prévio, é

necessário ter em consideração a envolvente, nomeadamente a topografia do terreno, para dela poder tirar

partido, bem como a vegetação existente, tendo em conta que a devemos conservar e aproveitar se

necessário para técnicas de sombreamento, por exemplo. A exposição solar, será senão o mais importante, um

fator determinante na eficiência energética da casa.

Na fase de projeto dever-se-á então apontar sempre para uma iluminação natural das áreas habitáveis,

equilibrando as proporções entre aberturas para o exterior (vãos) e superfícies opacas da fachada. Deve

igualmente promover-se o aquecimento e arrefecimento passivos (através da luz solar), conseguindo-o

abrindo vãos envidraçados com exposição solar a sul, aproveitando a orientação Norte para instalações

sanitárias, circulações e arrecadações, não descuidando igualmente o controle de encandeamento e o

sobreaquecimento, especialmente nas fachadas a Este e Oeste. É muito importante que este controle seja

feito através de proteções solares colocadas do lado exterior das janelas (estores, persianas, palas ou recuos

nas fachadas), para evitar o chamado efeito de

estufa.

Na fase de construção é importante que o

isolamento seja aplicado de forma eficaz,

isolando a casa num todo e de forma

continuada. Há no entanto mais alguns fatores

que influenciam a habitação: a existência ou

não de água no terreno, que possa ser

aproveitada para usos diversos, a previsão de

canalizações duplas para que as águas dos

banhos e lavatórios águas cinzentas, possam ser

reutilizadas nas descargas de autoclismos. No

planeamento da habitação deve-se ter sempre

em consideração a área de implantação, e

consequentemente a proporção de terreno a

impermeabilizar, bem como a boa drenagem da

água que passaria no terreno que vai ser

ocupado. Há também a opção de reencaminhar a água para um depósito de forma a aproveitá-la para rega ou

outros fins.

IN Portal da Construção Sustentável. http://www.csustentavel.com/faq-2/vou-construir-

uma-casa-o-que-e-que-devo-fazer-para-que-seja-um-edificio-mais-sustentavel/

Construção: fases de um projeto

A importância dos projetos na execução de obras tem vindo a ser reconhecida como um meio de garantir a

qualidade, a prevenção de anomalias e o controlo do custo final da obra. Um projeto é constituído por diferentes fases, em que cada uma detém uma importância específica para

que a obra final seja bem executada do ponto de vista técnico e corresponda às expectativas do dono de obra

em termos estéticos, funcionais e económicos.

As principais fases de um projeto são: programa, estudo prévio, licenciamento, projeto de execução e

assistência técnica.

A autarquia de Idanha-a-Nova apostou no desenvolvimento de uma casa sustentável, económica e 100% portuguesa. A pensar nos jovens que procuram um novo estilo de vida e querem instalar-se na região, a 'Casa Sustentável Modelo Idanha' tem um custo entre 25.000 e 30.000 euros e é construída em menos de duas semanas.

Imagem disponível em: http://boasnoticias.pt/mobile/noticias.php?id=16820

Página 10 de 20

Programa

Definição por parte do cliente do programa de projeto, ou seja, definição do que vai ser projetado: tipo de

edifício, tipologia, limite orçamental e localização.

Cabe ao arquiteto fazer uma análise sumária da pretensão e elucidar o cliente sobre as condicionantes

técnicas e legais. Apresentará uma proposta de honorários sendo celebrado um contrato onde constem os

valores da arquitetura e especialidades incluídas, faseamento de pagamentos e prazo de elaboração do

projeto.

O cliente deverá fornecer levantamento topográfico do terreno e em caso de reabilitações, levantamento

do existente.

Estudo prévio

Desenvolvimento, pelo arquiteto, da ideia do projeto. Reuniões com o cliente para apresentação de

desenhos, maquete ou simulação 3D para acerto da solução final.

Pode ser pedido à Câmara Municipal um parecer – Pedido de Informação Prévia – que, ao ser favorável,

tem caráter vinculativo pelo período de um ano.

Projeto base

Também denominado como pedido de licenciamento, é a fase em que o arquiteto elabora todas as peças

escritas e desenhadas exigidas pela Câmara com vista à aprovação do projeto.

Em simultâneo ou após a aprovação da arquitetura serão entregues todas as especialidades, algumas das

quais terão que ser pré-aprovadas por entidades exteriores à Câmara Municipal.

Projeto de execução

Após a aprovação do pedido de licenciamento, o arquiteto prepara o projeto de execução, destinado a

constituir o processo a apresentar a concurso para adjudicação da empreitada.

É constituído por:

– plano de trabalhos

– memória descritiva

– mapa de quantidades / medições

– caderno de encargos com especificações técnicas (condições a que devem obedecer os materiais e

execução de trabalhos)

– peças desenhadas com representação pormenorizada (arquitetura)

– peças desenhadas e escritas das várias especialidades

Este projeto, ao definir e quantificar de antemão todos os materiais e equipamentos constituintes da obra,

permite um ajuste da obra ao limite orçamental do cliente e evita grandes derrapagens em fase de obra.

Se até há pouco tempo esta fase só era normalmente feita para obras públicas, hoje cada vez mais se

percebe que a sua importância é fundamental mesmo para pequenas obras privadas.

Assistência técnica

Página 11 de 20

Escolhido o empreiteiro que irá realizar a obra deve efetuar-se junto à Câmara o pedido de emissão da

licença de construção e posteriormente comunicar ao Autoridade para as condições de trabalho (ACT) a

abertura do estaleiro de obra.

Deverá ser designado um diretor técnico de obra, pertencente ao quadro da empresa de construção, e um

diretor de fiscalização.

No âmbito da assistência técnica, o arquiteto que realizou o projeto deverá preparar o processo descrito

anteriormente prestará esclarecimentos sobre dúvidas de projeto e dará assistência na verificação da

qualidade dos materiais utilizados e execução de trabalhos. Não inclui direção técnica, fiscalização ou

administração de obra. In Arquitetura portuguesa. “Construção sustentável” (2012) disponível na Internet em:

http://www.arquiteturaportuguesa.pt/fases-de-projeto/

Certificação Energética de edifícios

A presença de Portugal na União Europeia, conduziu à padronização de procedimentos e regras a cumprir

nas mais diversas áreas da sociedade. Uma delas é a certificação energética de edifícios que se enquadra como

sendo uma medida obrigatória na diretiva europeia para o desempenho energético dos edifícios.

Já todos vimos nas superfícies comerciais, aquelas etiquetas que vão da letra “A” à “G” que nos dão

informação acerca do consumo energético dos eletrodomésticos novos? Pois bem, um certificado

energético de um edifício, em termos bastante simplificados, é algo muito parecido. Também é classificado em

oito categorias de “A+” a “G”, sendo “A+” muito eficiente e “G” pouco eficiente.

No fundo pretende-se avaliar da eficácia energética de uma habitação e dar conta disso a quem a compra

ou arrenda. Em suma, é um procedimento legal que vem colocar mais justiça nas relações comerciais que

envolvam imóveis e ao mesmo tempo atesta da “qualidade

energética” dos mesmos.

Se pretendermos adquirir um novo apartamento, ou uma casa

nova, com o certificado energético temos uma noção mais clara

acerca do valor da mesma. Deixará de se ter de confiar cegamente

nos agentes que envolvem esta atividade, sendo muito mais difícil

valorizar imóveis na base da especulação e não naquilo de que

realmente dispõe a fração. A insonorização e isolamento térmico

correspondem ao que se pretende? E a qualidade do ar? Enfim, todas

estas questões são importantes, ou deveriam ser na hora de avaliar o

investimento enorme que se faz quando se adquire ou arrenda um

imóvel. Caso contrário as consequências, nomeadamente financeiras

podem ser desastrosas.

São várias as vantagens da certificação energética. Em primeiro

lugar importa recordar que a certificação, desde Janeiro de 2009,

passou a ser obrigatória, portanto se se pretende transacionar um

imóvel, ou arrendá-lo terá de se proceder à sua certificação. Mas,

apesar da obrigatoriedade, existem de facto benefícios advindos da

certificação energética de edifícios em domínios como a fiscalidade, a

poupança de energia e a proteção do ambiente, contribuindo ainda

para a valorização do imóvel e para tornar o mercado imobiliário

mais justo.

Imagem disponível em: http://www.deco.proteste.pt/casa/comprar-vender-casa/noticia/certificado-energetico-obrigatorio-nos-

anuncios-de-venda-ou-arrendamento

Página 12 de 20

Casas certificadas com classificações de A ou A+ garantem no IRS um aumento de 10% no limite de

estabelecido para dedução à coleta no item “Juros e amortizações de dívidas” ou “Juros e amortizações de

dívidas contraídas com a aquisição”.

Em termos de IMI (para imóveis no concelho de Lisboa), obtém uma redução de 10% no valor a pagar e 5 a

10% de diminuição no valor da avaliação por altura do primeiro registo nas Finanças.

Em alguns casos, e falamos de edifícios cuja eficiência energética é baixa, os ganhos na poupança de

energia podem ir até os 80%. Tal deve-se essencialmente a fatores de construção energeticamente eficiente

que antes não eram tidas em consideração em muitas habitações.

Assim, Ao certificarmos a nossa casa e procedermos a obras que conduzam à melhoria da sua eficiência

energética, podemos esperar enormes poupanças no que toca ao consumo de energia. Essas indicações serão

fornecidas pelo perito ou empresa de certificação aquando da requisição do seu certificado energético.

Obviamente poupar energia diminui as emissões de carbono para a atmosfera, e, desta forma contribuiu para

a proteção do ambiente. Espera-se com esta medida aumentar os níveis de eficiência energética em cerca de

30%, fazendo com que consigamos respeitar o Protocolo de Kyoto, ou cuja margem de incumprimento seja

muito baixa.

Na perspetiva de venda ou arrendamento de um imóvel, ter um certificado energético por si só não

valoriza o nosso imóvel. Mas, dispor de um que seja por exemplo A+, A, ou até B, garante-nos como

proprietários uma maior valorização do nosso imóvel, colocando-o ao preço justo de mercado. Assim imóveis

de semelhante configuração (tipologia, áreas e até localização) e pior desempenho energético, terão de ser

necessariamente transacionados a preços inferiores.

Além disso, o comprador estará mais confiante ao saber que o imóvel que irá adquirir está de acordo com

as mais modernas normas de respeito ambiental e eficiência energética, dando ao vendedor maiores

probabilidades de consumar o negócio.

Como é de conhecimento geral, o mercado imobiliário é muito atreito à especulação. É muito frequente

comprar um imóvel que está sobrevalorizado. Tal deve-se essencialmente aos muitos agentes do setor que de

forma algo injusta, elevam os preços dos imóveis que transacionam, sem que haja uma justificação plausível

para tal.

Ora, a certificação energética de edifícios, embora não signifique de todo a eliminação da especulação,

afinal não será este o método para a combater, nem é o propósito da certificação, acaba por criar no mercado

imobiliário relações comerciais mais justas. Assim ao adquirir uma habitação, terá outro poder negocial caso o

certificado energético da mesma não corresponda ao que pretende e compra sabendo o que está a adquirir e

valorizará o imóvel em conformidade com as suas reais características.

In Protécnicos, Perguntas frequentes. Disponível em http://protecnicos.com/c/empresa.html (adaptado)

Imagem disponível em: http://greenworld.pt/

Página 13 de 20

O que é preciso de saber antes de construir ou fazer uma intervenção num edifício para habitação

1. Antes do projeto

Alguém tem um terreno e quer construir. Como pode saber se pode construir, o que pode construir

e as regras para o fazer?

A capacidade construtiva de um terreno depende da conjugação de vários fatores, de ordem técnica, que

impossibilita uma resposta imediata. Para saber sobre a viabilidade de construção é necessário conhecer o

terreno onde se pretende construir e consultar os instrumentos de gestão territorial, designadamente o PDM.

Que cuidados se devem ter antes de comprar o terreno para construção?

Além de confirmar a viabilidade de construção, em situações específicas é aconselhável remeter à Câmara

Municipal um pedido de informação prévia.

O que é um pedido de informação prévia?

Um pedido de informação prévia consiste na elaboração e submissão à apreciação da entidade licenciadora

(C.M.) por qualquer interessado, a título prévio, informação sobre a viabilidade de realizar determinada

operação urbanística ou conjunto de operações urbanísticas, bem como sobre os respetivos condicionamentos

legais ou regulamentares, nomeadamente relativos a infraestruturas, servidões administrativas e restrições de

utilidade pública, índices urbanísticos, cérceas, afastamentos e demais condicionantes aplicáveis à pretensão.

A informação prévia favorável por parte da Câmara Municipal, vincula esta na decisão sobre um eventual pedido de licenciamento, ou

seja, se a Câmara Municipal se pronunciou favoravelmente no processo de pedido de informação prévia, não pode, após submetido o

projeto para licenciamento e no período de um ano (mantendo-se os mesmos pressupostos do anterior) proceder á sua rejeição.

Em quantas fases se subdivide um processo de construção?

Um processo de construção inicia-se quando o cidadão toma a decisão de construir, e desenvolve-se pelas

seguintes fases até à obtenção do alvará de utilização (licença de utilização):

1- Escolha do terreno, com eventual pedido de viabilidade;

2- Anteprojeto;

3- Projeto;

4- Execução dos trabalhos;

5- Processo de conclusão da obra, com vista à obtenção do Alvará de Utilização.

É necessário celebrar algum contrato para a elaboração de um projeto?

Sim, é celebrado um contrato de prestação de serviços.

Nos termos do n.º 1 do artigo 7.º da Lei 31/2009 de 3 de julho, “ A elaboração de projeto é contratada por escrito, contendo, sob pena de nulidade, a identificação completa do coordenador de projeto, se for exigido nos termos do artigo seguinte, e dos autores de projeto, a especificação das funções que assumem e dos projetos que elaboram,….”

1. Projeto

O que é um anteprojeto?

O anteprojeto é um conjunto de desenhos técnicos de plantas, layout, setorizações, cortes, fachadas,

implantação, animações 3D tipo maquete eletrónica ou seja todos os desenhos necessários para que o cliente

tenha a real perceção do projeto.

Página 14 de 20

É nesta fase que nasce o projeto, uma fase muito importante onde o cliente participa ativamente no processo,

onde se definem os traços gerais do edifício, como volumetrias, compartimentação, funcionalidades, tendo

como plataforma de trabalho o levantamento topográfico ao terreno e sua envolvente.

É importante que todas as solicitações e mudanças sejam realizadas nesta fase, pois mudanças à posterior podem implicar alterações em todos os projetos.

O que é o projeto de arquitetura?

O projeto de arquitetura é o processo pelo qual uma obra de arquitetura é concebida e também a sua

representação final. Dele fazem também parte desenhos técnicos como plantas, alçados, cortes e

pormenorizações, que representas as linhas gerais do projeto, de onde através destes se consegue obter uma

interpretação geral do que se pretende executar, como a sua implantação no terreno, o n.º de pisos, tipo de

cobertura, vãos e acabamentos, entre outras características.

O que são os projetos das especialidades?

Os projetos das especialidades, como o seu nome indica, são projetos técnicos, onde em cada um são definidas

as soluções construtivas adaptadas na base do projeto de arquitetura. Definem p. ex: o tipo de armaduras do

betão, a qualidade do betão, o isolamento térmico/acústico, sistemas de climatização, painéis solares, o tipo

de caixilharia, os traçados das redes de águas, esgotos, gás, etc…

Quais os projetos necessários para o licenciamento de uma moradia unifamiliar?

Os projetos estão consagrados na Portaria 232/2008, além do projeto de arquitetura, terão de fazer parte do

processo os seguintes projetos:

Projeto de estabilidade, escavação e contenção periférica

Projeto de alimentação e distribuição de energia elétrica (*)

Projeto de instalação de gás (**)

Projeto de redes prediais de águas e esgotos

Projeto de águas pluviais

Projeto de arranjos exteriores

Projeto de instalações telefónicas e de telecomunicações

Estudo de comportamento térmico e respetiva aprovação por Perito Qualificado

Projeto de instalações eletromecânicas e transporte de pessoa e mercadorias (elevadores caso estejam previstos) (*)

Projeto de segurança contra incêndios (*) (Ficha de Segurança Contra Incêndio)

Projeto acústico (em habitação normalmente é substituído por declaração de conformidade)

(*) Facultativo (**) Pode ser solicitada a dispensa da sua apresentação se for uma moradia unifamiliar destinada exclusivamente a habitação do(s) requerente(s), não inserida em área urbanizada ou sujeita a planos de urbanização dotados de infraestruturas exteriores de gás.

Qual o valor das taxas a pagar na Câmara Municipal pela apreciação do meu projeto?

Os valores a pagar constam no RMEU – Regulamento Municipal de Urbanização e de Edificação ou no

Regulamento Geral de Taxas Municipais. Constituindo estes regulamentos legislação Municipal, não existe

uma linha diretriz, contudo existem Municípios em que este procedimento é isento de qualquer taxa.

Após dar entrada de um projeto na Câmara Municipal, há alguma obrigação a cumprir?

Sim. No prazo de 10 dias deve publicitar o pedido que apresentou mediante colocação de um aviso no local da

obra e ali permanecer até à conclusão das obras.

Página 15 de 20

A Câmara Municipal aprova um projeto de uma só vez?

Não. Não obstante existir a possibilidade de dar entrada do projeto de arquitetura e das especialidades

simultaneamente, o que se traduz numa maior celeridade de aprovação geral do processo, a Câmara

Municipal, numa primeira fase, aprova o projeto de arquitetura, e só após receber o despacho de aprovação do

projeto de arquitetura é que são apreciados os projetos de especialidades, sendo-lhe comunicado também o

resultado da sua apreciação.

Como é que se sabe se a Câmara Municipal já aprovou um projeto?

Após o interessado ter recebido o despacho de aprovação do projeto.

Existe algum prazo para solicitar a emissão do Alvará de Construção (licença de construção)?

Sim. Deve-se, no prazo de um ano a contar da data da notificação do ato de licenciamento, requerer a emissão

do respetivo alvará, apresentando para o efeito os elementos solicitados pela Câmara Municipal.

Se ao fim de um ano após notificação da aprovação do projeto, não se solicitar a emissão do Alvará

de Construção, o processo pode caducar?

Sim. Contudo, antes de terminar o referido prazo poder-se-á, por uma única vez, solicitar através de

requerimento fundamentado a prorrogação do referido prazo, mantendo-se o processo válido após despacho

favorável.

2. Execução dos trabalhos (obra)

Quando se pode iniciar as obras?

No caso de se ter apresentado um pedido de licenciamento apenas poder-se-á dar início às obras após se ter

levantado o alvará de construção/titulo de admissão e após se comunicar o seu início à Câmara Municipal, o

que deve fazer até 5 dias antes, através de requerimento.

Qual o valor das taxas a pagar na Câmara Municipal pela emissão do Alvará de Construção?

Os valores a pagar constam no RMEU – Regulamento Municipal de Urbanização e de Edificação ou no

Regulamento Geral de Taxas Municipais. Constituindo estes regulamentos legislação Municipal, não existe

uma linha diretriz, contudo o valor a pagar depende de vários fatores, dos quais a áreas e o prazo para

execução das obras.

De quem é a responsabilidade do pagamento das taxas pela emissão do Alvará de Construção?

O alvará é emitido em nome do dono da obra, como tal, será o responsável por esse pagamento e respetiva

renovação se a ela houver lugar, contudo poderá acordar em sede de contrato que tais despesas são da

responsabilidade do Industrial de Construção Civil responsável pelas obras.

Após emissão do Alvará de Construção por parte da Câmara Municipal, há alguma obrigação que se

deva cumprir?

Sim. No prazo de 10 dias deve proceder à afixação de um aviso que deverá ficar visível do exterior, e ali

permanecer até à conclusão das obras.

Que cuidados deve o proprietário do prédio ter enquanto as obras estão a ser executadas?

Entre vários deveres impostos por lei, e além daqueles que decorrem da obra em si, há dois que são muito

importantes:

Página 16 de 20

1. Não se deverá proceder à execução de obras de alteração da implantação ou do projeto aprovado sem

que as mesmas sejam previamente sujeitas a licenciamento ou a comunicação prévia na Câmara Municipal.

2. Deve-se ainda ter sempre presente o prazo para concluir as obras, o qual consta do alvará ou da

admissão da comunicação prévia, devendo solicitar sempre, antes do seu termo, a respetiva prorrogação,

sob pena de ter de se efetuar novo licenciamento.

É necessário pedir a verificação dos alinhamentos da construção na fase inicial da obra?

Sim. É importante pedir a verificação de alinhamentos na fase inicial da obra, tendo em consideração que é

uma das fases fundamentais para a constatação do cumprimento da obra com o projeto licenciado.

Que tipo de fiscalização está sujeita a obra durante a execução?

Está sujeita a inspeções e a vistorias, não só do Diretor de Fiscalização de Obra, de acordo com o pré-

estabelecido, como de diversas Entidades.

Todas as edificações estão sujeitas a vistoria?

As edificações estão sujeitas a vistoria caso haja elementos, indícios, ou suspeitas de desconformidade da obra

com o projeto licenciado.

Pode-se fazer obras a qualquer hora, mesmo no interior de uma fração?

Não. As obras de recuperação, remodelação ou conservação realizadas no interior de edifícios, apenas podem

ser realizadas em dias úteis, das 08:00h às 20:00h. O responsável pela execução das obras deverá afixar, em

local acessível aos utilizadores do edifício a duração prevista das obras e, quando possível, o período horário no

qual se prevê que ocorra a maior intensidade de ruído.

De acordo com o art.º 14.º do Regulamento Geral do Ruído é proibido o exercício de atividades ruidosas temporárias na proximidade de:

- Edifícios de habitação, aos sábados, domingos e feriados e nos dias úteis entre as 20:00h e as 08:00h; - Escolas, durante o respetivo horário de funcionamento; - Hospitais ou estabelecimentos similares. O exercício destas atividades ruidosas temporárias pode ser autorizado, em casos excecionais e devidamente

justificados, mediante o pedido de emissão de licença especial de ruído.

O que se deve fazer se não se conseguir acabar a obra dentro do prazo?

Deve-se solicitar a prorrogação de prazo do alvará de licença, mas deve fazê-lo antes de terminar o prazo

deste.

Quantas prorrogações de licença é possível solicitar?

É possível solicitar uma prorrogação de prazo para as obras por uma única vez, por período não superior a

metade do prazo inicial. Pode ser concedida nova prorrogação pelo Presidente da Câmara, apenas quando a

obra se encontrar em fase de acabamentos, mediante formulação de novo pedido, desde que devidamente

fundamentado pelo interessado.

Quando se termina a obra deve-se pedir vistoria à Câmara Municipal?

Não. Apresenta-se unicamente o pedido para emissão do Alvará de Utilização(1). Não tem prazo para fazer este

pedido, uma vez terminada a obra, mas sem esta autorização e respetivo alvará de utilização não poderá

ocupar o edifício, ficando sujeito a contraordenação.

(1) Alvará de utilização – Documento emitido pela Câmara Municipal, do qual consta a caracterização da fração e sua utilização. A

partir do momento em que detém este documento pode fazer uso da fração.

Página 17 de 20

3. Certificação energética

O que é a Certificação Energética?

É a avaliação da eficácia energética de uma habitação para dar conta disso a quem a compra ou arrenda.

Que informações contêm um certificado energético?

As informações contidas num certificado energético são de vários tipos. Poderá conter:

1. Informações detalhadas acerca do edifício;

2. Necessidades de aquecimento, arrefecimento e produção de águas quentes sanitárias;

3. Sugestões de melhoria energética;

4. Descrições detalhadas das soluções construtivas.

Como é atribuída a classe energética?

A classe energética é atribuída comparando as necessidades de energia para aquecimento, arrefecimento e

preparação de águas quentes sanitárias da habitação ou serviços com valores de referência estipulados.

Quais as vantagens da certificação energética? Valerá a pena estar a requerer a certificação

energética para a sua casa, ou estabelecimento comercial?

Em primeiro lugar devemos dizer que a certificação, desde Janeiro de 2009, passou a ser obrigatória, portanto

se pretende transacionar o seu imóvel, ou arrendá-lo terá de proceder à sua certificação.

Quem tem competência para realizar a certificação energética?

O processo de certificação energética deve estar a cargo de um Perito Qualificado (PQ) que é um técnico

devidamente habilitado e reconhecido pela sua Ordem ou Associação Profissional para desempenhar as

funções previstas no âmbito da Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior dos Edifícios.

Qual a validade de um CE - Certificado Energético?

A validade de um CE depende do tipo de edifício e dos requisitos regulamentares a que está sujeito. Assim

temos:

1. 10 anos, para edifícios ou frações de habitação e para edifícios ou frações de serviços que não estejam

sujeitos a auditorias periódicas à energia e a QAI no âmbito do RSECE;

2. 2, 3 ou 6 anos, para edifícios ou frações de edifícios sujeitos a auditorias periódicas à energia ou à QAI no

âmbito do RSECE.

Existe a necessidade de afixar o certificado energético junto à porta de casa?

Não, visto se tratar de um edifício ou fração autónoma de habitação. Apenas os proprietários dos edifícios de

serviços abrangidos pelo RSECE são responsáveis pela afixação de cópia de um certificado energético e da

qualidade do ar interior, válido, em local acessível e bem visível junto à entrada.

Pode-se consultar on-line alguma informação relativa ao Certificado Energético?

Sim, basta aceder a este link e no campo inferior (certificado) colocar o n.º da DCR ou CE.

Quer-se construir uma moradia. É necessário instalar um sistema de Aquecimento Central, ou

pode-se apenas deixar a pré-instalação?

Página 18 de 20

Não é obrigatório, salvo o constante no projeto, a instalação de qualquer sistema de aquecimento ou

arrefecimento, contudo ficará com um edifício onde a classe energética será inferior (B ou B-), o que se

traduzirá num maior consumo energético anual. Se proceder à pré-instalação do sistema de aquecimento ou

arrefecimento, este para efeitos de Certificado Energético é como se não existisse, dado que para ser tido em

conta terá de estar em perfeito funcionamento como todos os mecanismos associados.

Quer-se construir uma moradia, tem de se instalar Painéis Solares ou pode-se optar por um outro

sistema de energia renovável?

A instalação de painéis solares não é obrigatória, poderá substituir essa fonte de energia por uma outra

renovável, o que á priori se traduzirá em custos de instalação superiores.

Quantos Painéis Solares se tem de instalar numa habitação?

O dimensionamento do sistema solar depende de diversos fatores, o que impossibilita uma resposta linear,

contudo o número de Painéis Solares depende essencialmente do n.º de ocupantes da habitação.

O que é mais vantajoso em termos de painéis solares, o sistema de KIT com coletor e termoacumulador instalado na cobertura, ou os coletores na cobertura e o termoacumulador num outro local da habitação (ex: cave)?

Cada solução deverá responder às exigências de cada edifício, cada sistema tem prós e contras em função do

outro.

Pode-se beneficiar em termos de IMI por ter uma habitação com a classe A ou A+ ?

Sim. Em termos do Imposto Municipal sobre Imóveis, existem autarquias que por sua iniciativa, premeiam a

eficiência energética dos edifícios. Isto é, no caso de imóveis que disponham de técnicas ambientalmente

sustentáveis, algumas autarquias premeiam tal eficiência energética com reduções no valor do imposto a

pagar que se cifra entre os 5 a 10%.

Pode-se beneficiar em sede de IRS por ter uma habitação com a classe A ou A+?

Se recorreu ao crédito para comprar habitação própria e permanente, pode deduzir anualmente 30% dos

encargos com a amortização de capital e juros até 586 euros. Se o imóvel pertencer às classes A ou A+, aquele

valor é elevado para 10 por cento, ou seja, o fisco deduz até 644,60 euros.

Pode-se beneficiar em sede de IRC?

A certificação energética não é aplicável apenas a habitações. Também estabelecimentos comerciais, como

lojas, escritórios, entre outros, estão por lei obrigados a obter tal certificado.

Assim, as empresas que pretendam investir em equipamento solar para as suas instalações, podem amortizar o

valor investido até ao máximo de 4 anos, uma vez que o limite para a reintegração destes equipamentos

segundo o código do IRC, é de 25%. Estes valores são válidos, mesmo que a empresa tenha beneficiado de

outros incentivos, como por exemplo para aquisição dos ditos equipamentos.

4. Diversos

Precisa-se de pedir cópias do processo de obras para o IMI. Que dados é necessário apresentar?

Para efeitos de IMI são necessárias cópias das plantas do edifício, ou fração do qual é proprietário, com o

carimbo de aprovado, e caso se trate de uma edificação instituída em regime de propriedade horizontal,

precisa de cópia do auto de vistoria e certidão de propriedade horizontal.

Página 19 de 20

É necessário apresentar algum documento da Câmara se for fiscalizado numa obra/demolição que

não necessita de licença camarária? (Exemplo: alteração de caixilharia)

Não. Este tipo de obras enquadra-se nas obras de escassa relevância urbanística e não é titulada por qualquer

documento. No entanto, é obrigatório comunicar o início dos trabalhos com a antecedência mínima de 5 dias

úteis da data de trabalhos pretendida, mesmo para as obras isentas de licença municipal.

Pode-se realizar obras de conservação, restauro, reparação e limpeza sem pedir licença à Câmara

Municipal?

Sim. Conforme definido no Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, com a redação que lhe foi dada pelo

Decreto-Lei n.º 26/2010, de 30 de Março (RJUE), pode-se realizar obras de conservação sem pedir licença ou

aguardar decisão da Câmara Municipal. Para executar este tipo de obras apenas é necessário comunicar à

Câmara Municipal o início dos trabalhos 5 dias úteis antes do início da obra.

É-se obrigado a conservar uma habitação?

Conforme definido no Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, com a redação que lhe foi dada pelo

Decreto-Lei n.º 26/2010, de 30 de Março (RJUE), onde se estabelece o Regime Jurídico da Edificação e

Urbanização (RJUE), cabe ao proprietário realizar todas as obras necessárias à manutenção da segurança,

salubridade e arranjo estético da sua edificação, com uma periodicidade máxima de oito em oito anos.

É necessária licença para se pintar ou arranjar a fachada e telhado de uma casa?

Não. Para executar este tipo de obra – obras de conservação, restauro, reparação e limpeza - apenas é

necessário comunicar à Câmara Municipal o início dos trabalhos 5 dias antes do início da obra, se se não

modificar os materiais e estruturas do telhado, e se não se tratar de Imóvel Classificado.

Pode-se fazer obras de alteração no interior de edifícios ou frações sem pedir licença à Câmara

Municipal?

Sim, desde que não impliquem modificações na estrutura de estabilidade, das cérceas, da forma das fachadas

e da forma dos telhados, e não incidam sobre imóveis classificados ou em vias de classificação.

Para executar este tipo de obra apenas é necessário comunicar à Câmara Municipal o início dos trabalhos 5

dias úteis antes do início da obra.

Pode-se realizar pequenas edificações contíguas ou não a outro edifício sem pedir licença à Câmara

Municipal?

Sim, desde que não tenham altura superior a 2.20 m ou, em alternativa, à cércea do rés-do-chão do edifício

principal, com área igual ou inferior a 10.00 m2, e que não confinam com a via pública, se não for previsto

outras disposições no Regulamento Municipal (RMUE). Para executar este tipo de obra apenas necessita de

comunicar à Câmara Municipal o início dos trabalhos 5 dias úteis antes do início da obra.

É precisa licença para construir uma estufa?

Não, desde que se construa uma estufa com altura inferior a 3 m e área igual ou inferior a 20 m2.

Para executar este tipo de obra apenas necessita de comunicar à Câmara Municipal o início dos trabalhos 5

dias úteis antes do início da obra.

Tem de se pedir autorização à Câmara para construir uma piscina?

Sim. Conforme definido no Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, com a redação que lhe foi dada pelo

Decreto-Lei n.º 26/2010, de 30 de Março (RJUE), as piscinas estão sujeitas ao regime de comunicação prévia de

obras.

Página 20 de 20

Pode-se proceder à edificação de muros de vedação sem pedir licença à Câmara Municipal?

Sim, desde que não ultrapassem 2.00 m de altura e que não confinam com a via pública.

Para executar este tipo de obra apenas e necessário comunicar à Câmara Municipal o início dos trabalhos 5

dias úteis antes do início da obra.

É possível legalizar uma construção que foi realizada sem se pedir licença à Câmara?

Sim. Há todo o interesse em regularizar as obras clandestinas. Não é possível a venda ou doação de prédios

não licenciados, pois não possuem alvará de utilização, documento obrigatório para poder transmitir o prédio.

Aconselha-se, assim, uma análise prévia da situação a fim de aferir da possibilidade de poder apresentar o

projeto para a legalização das obras.

É possível destacar uma parcela do um terreno?

Os destaques de parcela encontram-se previstos nos nºs 4 e 5 do artigo 6º do RJUE em vigor.

Assim, nos termos do nº 4 do artigo 6º, os atos que tenham por efeito o destaque de uma única parcela de

prédio com descrição predial, que se situe em perímetro urbano, estão isentos de licença, desde que as duas

parcelas resultantes do destaque confrontem com arruamentos públicos. Por outro lado, nas áreas situadas

fora dos perímetros urbanos, o destaque de parcela também se encontra isento de licença desde que,

cumulativamente, se mostrem cumpridas as seguintes condições:

1. Na parcela destacada só seja construído edifício que se destine exclusivamente a fins habitacionais e

que não tenha mais de dois fogos;

2. Que na parcela restante a área mínima fixada no projeto de intervenção em espaço rural em vigor ou,

quando aquele não exista, a área de unidade de cultura fixada nos termos da lei geral para a região

respetiva, seja respeitada.

Que tipo de vistoria se pode fazer nas construções em más condições de conservação?

Poderá ser solicitada vistoria de segurança e salubridade.

No caso de não se ser proprietário de uma edificação pode-se solicitar vistoria de salubridade?

Pode ser solicitada vistoria pelos intervenientes diretos (arrendatários, confrontantes) ou intervenientes

indiretos (vizinhos).

Em que situação a câmara poderá efetuar obras nas edificações?

Caso haja risco de ruína ou de afetar as condições de segurança de pessoas e bens, ou caso a Câmara

Municipal determine a execução de obras de conservação e as mesmas não sejam executadas pelo

proprietário.

In Protécnicos, Perguntas Frequentes. Disponível em http://protecnicos.com/c/empresa.html (adaptado)