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NÚCLEO PREPARATÓRIO DE EXAME DE ORDEM
X Exame de Ordem Unificado - 2ª Fase Penal
1 | P á g i n a
PEÇA 04 – SIMULADO 03
(FGV/OAB – IX EO) Gisele foi denunciada, com recebimento ocorrido em 31/10/2010, pela
prática do delito de lesão corporal leve, com a presença da circunstância agravante, de ter o crime
sido cometido contra mulher grávida. Isso porque, segundo narrou a inicial acusatória, Gisele, no
dia 01/04/2009, então com 19 anos, objetivando provocar lesão corporal leve em Amanda, deu um
chute nas costas de Carolina, por confundi-la com aquela, ocasião em que Carolina (que estava
grávida) caiu de joelhos no chão, lesionando-se.
A vítima, muito atordoada com o acontecido, ficou por um tempo sem saber o que fazer, mas foi
convencida por Amanda (sua amiga e pessoa a quem Gisele realmente queria lesionar) a noticiar o
fato na delegacia. Sendo assim, tão logo voltou de um intercâmbio, mais precisamente no dia
18/10/2009, Carolina compareceu à delegacia e noticiou o fato, representando contra Gisele. Por
orientação do delegado, Carolina foi instruída a fazer exame de corpo de delito, o que não ocorreu,
porque os ferimentos, muito leves, já haviam sarado. O Ministério Público, na denúncia, arrolou
Amanda como testemunha.
Em seu depoimento, feito em sede judicial, Amanda disse que não viu Gisele bater em Carolina e
nem viu os ferimentos, mas disse que poderia afirmar com convicção que os fatos noticiados
realmente ocorreram, pois estava na casa da vítima quando esta chegou chorando muito e narrando
a história. Não foi ouvida mais nenhuma testemunha e Gisele, em seu interrogatório, exerceu o
direito ao silêncio. Cumpre destacar que a primeira e única audiência ocorreu apenas em
20/03/2012, mas que, anteriormente, três outras audiências foram marcadas; apenas não se
realizaram porque, na primeira, o magistrado não pôde comparecer, na segunda o Ministério
Público não compareceu e a terceira não se realizou porque, no dia marcado, foi dado ponto
facultativo pelo governador do Estado, razão pela qual todas as audiências foram redesignadas.
Assim, somente na quarta data agendada é que a audiência efetivamente aconteceu. Também
merece destaque o fato de que na referida audiência o parquet não ofereceu proposta de suspensão
condicional do processo, pois, conforme documentos comprobatórios juntados aos autos, em
30/03/2009, Gisele, em processo criminal onde se apuravam outros fatos, aceitou o benefício
proposto.
Assim, segundo o promotor de justiça, afigurava-se impossível formulação de nova proposta de
suspensão condicional do processo, ou de qualquer outro benefício anterior não destacado, e, além
disso, tal dado deveria figurar na condenação ora pleiteada para Gisele como outra circunstância
agravante, qual seja, reincidência.
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Nesse sentido, considere que o magistrado encerrou a audiência e abriu prazo, intimando as partes,
para o oferecimento da peça processual cabível.
Como advogado de Gisele, levando em conta tão somente os dados contidos no enunciado, elabore
a peça cabível. (Valor: 5,0)
QUESTÕES 13-16
QUESTÃO 13 (OAB 2.2011) João e Maria iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de
janeiro de 2012. No dia 19 de janeiro do corrente ano, o casal teve uma séria discussão, e Maria,
nitidamente enciumada, investiu contra o carro de João, que já não se encontrava em bom estado de
conservação, com três exercícios de IPVA inadimplentes, a saber: 2009, 2010 e 2011. Além disso,
Maria proferiu diversos insultos contra João no dia de sua festa de formatura, perante seu amigo
Paulo, afirmando ser ele “covarde”, “corno” e “frouxo”. A requerimento de João, os fatos foram
registrados perante a Delegacia Policial, onde a testemunha foi ouvida. João comparece ao seu
escritório e contrata seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas as medidas legais cabíveis.
Você, como profissional diligente, após verificar não ter passado o prazo decadencial, interpõe
Queixa-Crime ao juízo competente no dia 18/7/12.
O magistrado ao qual foi distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-a, afirmando
tratar-se de clara decadência, confundindo-se com relação à contagem do prazo legal. A decisão foi
publicada dia 25 de julho de 2012 (quarta-feira).
Com base somente nas informações acima, responda:
a) Qual é o recurso cabível contra essa decisão?
b) Qual é o prazo para a interposição do recurso?
c) A quem deve ser endereçado o recurso?
d) Qual é a tese defendida?
QUESTÃO 14 - (FGV – VIII EO Unificado) Abel e Felipe observavam diariamente um
restaurante com a finalidade de cometer um crime. Sabendo que poderiam obter alguma vantagem
sobre os clientes que o frequentavam, Abel e Felipe, sem qualquer combinação prévia,
conseguiram, cada um, uniformes semelhantes aos utilizados pelos manobristas de tal restaurante.
No início da tarde, aproveitando a oportunidade em que não havia nenhum funcionário no local, a
dupla, vestindo os uniformes de manobristas, permaneceu à espera de suas vítimas, mas, agindo de
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modo separado. Tércio, o primeiro cliente, ao chegar ao restaurante, iludido por Abel, entrega de
forma voluntária a chave de seu
carro. Abel, ao invés de conduzir o veículo para o estacionamento, evade-se do local. Narcísio, o
segundo cliente, chega ao restaurante e não entrega a chave de seu carro, mas Felipe a subtrai sem
que ele o percebesse. Felipe também se evade do local. Empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda às questões a seguir.
A) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Abel ao praticar tal conduta? (responda motivando sua
imputação) (Valor: 0,65)
B) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Felipe ao praticar tal conduta? (responda motivando
sua imputação) (Valor: 0,60)
QUESTÃO 15 - (FGV - VI EXAME DE ORDEM UNIFICADO/3.2011) Caio, Mévio, Tício e José,
após se conhecerem em um evento esportivo de sua cidade, resolveram praticar um estelionato em
detrimento de um senhor idoso. Logrando êxito em sua empreitada criminosa, os quatro dividiram os
lucros e continuaram a vida normal. Ao longo da investigação policial, apurou-se a autoria do delito
por meio dos depoimentos de diversas testemunhas que presenciaram a fraude. Em decorrência de tal
informação, o promotor de justiça denunciou Caio, Mévio, Tício e José, alegando se tratar de uma
quadrilha de estelionatários, tendo requerido a decretação da prisão temporária dos denunciados.
Recebida a denúncia, a prisão temporária foi deferida pelo juízo competente.
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Qual(is) o(s) meio(s) de se impugnar tal decisão e a quem deverá(ão) ser endereçado(s)? ‘
b) Quais fundamentos deverão ser alegados?
QUESTÃO 16 - Atanagildo estava dirigindo seu veículo na rodovia que liga Campo Largo a
Curitiba, para levar sua esposa Rosélia ao hospital. Rosélia estava grávida de oito meses e,
naquele dia, estava sofrendo fortes dores de cabeça decorrentes da hipertensão. Com o temor de
que aquela crise pudesse afetar o filho do casal e com o intuito de chegar o quanto antes no
hospital, Atanagildo empregou velocidade superior a permitida na rodovia, mesmo porque o
movimento de carros naquele horário era baixo. A estrada apresentava excelentes condições e
ele já era um motorista experiente. Inesperadamente, uma fila de veículos se formou na frente do
carro conduzido por Atanagildo, o que fez com que ele jogasse o veículo para o acostamento.
Porém, como a velocidade era muito alta, o carro acabou capotando. Em virtude do acidente,
Atanagildo perdeu três dedos da mão direita. A sua esposa morreu. O acidente causou também o
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aborto do filho que o casal esperava. Diante da situação exposta, responda de maneira
fundamentada:
a. Em relação a Rosélia, Atanagildo praticou algum crime? Qual(is)? (0,25)
b. Em relação ao filho que era esperado por Rosélia, Atanagildo praticou algum crime?
Qual(is)? (0,25)
c. É possível, no caso narrado, a aplicação do perdão judicial? (0,25)
d. Atanagildo poderá ser punido pelas lesões que ele próprio sofreu em decorrência do
acidente? (0,25)