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Autarquias sobre endividadas conseguem dinheiro a 3,31% a 10 anos FAM FUNDO DE APOIO MUNICIPAL DESCONGELAMENTO PARCIAL ACESSO ANTECIPADO À REFORMA VOLTA A SER POSSÍVEL MAS “JANELA DE OPORTUNIDADE” ESGOTA EM 2015 OPA à PT SGPS cai com venda da PT Portugal Aveiro, Cartaxo, Nazaré e Vila Nova de Poiares já avançaram com pedido ao FAM. Fundo ajuda ainda a renegociar taxas e prazos com banca P8 P8 Número 1725 | 5 de dezembro de 2014 | Preço 50 cênt. | Diretor Vítor Norinha PUB PUB OJE SEXTA-FEIRA PUB 5 601073 001144 01725 P16 P15 SAÚDE Cancro mete medo. Nas mulheres o receio é a mama e nos homens os pulmões Gabriela Canavilhas escreve sobre soundbytes e a retórica em política E agora sr. ministro? ERC dá razão a Alberto da Ponte, presidente do CA da RTP, na compra dos jogos da Champions P3 Negócio da Oi com a Altice dita o fim da OPA de Isabel dos Santos Terra Peregrin não admite que CMVM lhe imponha novo preço P3

Número 1725 | 5 de dezembro de 2014| Preço 50 cênt.| Diretor … OJE edição 05DEZ14.pdf · O rastilho da revolta popular voltou a acender nos EUA. Um grande júri de Nova Iorque

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Autarquias sobre endividadasconseguem dinheiro a 3,31% a 10 anos

FAM

FUNDO DE APOIO MUNICIPAL DESCONGELAMENTO PARCIAL ACESSO ANTECIPADO À REFORMA VOLTA A SER POSSÍVEL MAS “JANELA

DE OPORTUNIDADE” ESGOTA EM 2015

OPA à PT SGPS cai com venda da PT Portugal

Aveiro, Cartaxo, Nazaré e Vila Nova de Poiares

já avançaram com pedido ao FAM.

Fundo ajuda ainda a renegociar taxas e prazos

com banca

P8

P8

NNúúmmeerroo 1725 | 5 de dezembro de 2014 | PPrreeççoo 50 cênt. | DDiirreettoorr Vítor Norinha

PUB

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OOJJEESEXTA-FEIRA

PUB

5 6 0 1 0 7 3 0 0 1 1 4 4

01725

P16

P15

SAÚDE Cancro mete medo.Nas mulheres o receio é a mama e nos homens os pulmões

Gabriela Canavilhas escreve sobresoundbytes e a retórica em política

E agorasr. ministro?ERC dá razão a Alberto da Ponte,

presidente do CA da RTP,

na compra dos jogos da Champions

P3

Negócio da Oi com a Altice dita o fim da OPA de Isabel dos Santos

Terra Peregrin não admite que CMVM lhe imponha novo preço P3

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| 2 | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | www.oje.pt

NNaattaall ee AAnnoo NNoovvoo GOVERNO CONCEDE 2 DIAS O Executivo concede tolerância deponto aos funcionários públicos a 24de dezembro e noutro dia à escolha,entre 26, 31 de dezembro e 2 de ja-neiro. O ministro da Presidência, LuísMarques Guedes, justificou a decisãocom o facto de os feriados do Natal,25 de dezembro, e do Ano Novo, 1 de janeiro, serem à quinta-feira.

FFuutteebboollRONALDO COM MAIS UM PRÉMIO Desta feita, de melhor goleador emcompetições continentais de clubese seleções em 2013, atribuído pelaFederação Internacional de Históriae Estatística do Futebol (IFFHS).Cristiano Ronaldo marcou, em 2013,

16 golos pelo Real Madrid na Ligados Campeões e nove pela Seleçãode Portugal, num total de 25 tentos.

RReeffuuggiiaaddooss ssíírriioossJRS PEDE MAIS VISTOSO Serviço Jesuíta aos Refugiados(JRS) apelou ao Governo que

receba mais refugiados sírios em Portugal e emita mais vistoshumanitários, lembrando que ospaíses vizinhos da Síria estão aficar sem capacidade de resposta.

CCeennttrrooss ccoommeerrcciiaaiissAPELO AO VOLUNTARIADOMais de 20 shoppings têm um es-paço onde as instituições de cadaregião podem apelar ao voluntaria-do, indicando as tarefas para asquais precisam de candidatos. Assinalando o Dia Internacional doVoluntariado (hoje) o projeto “HelpSpot - Liga-te ao Voluntariado” resulta de uma parceria entre a Entrajuda e a Sonae Sierra, e quertirar partido do número de pessoasque visita os centros comerciais.

Ponto 1 – A 4.ª missiva enviada pelo ex-primeiro-ministro JoséSócrates, de Évora, contém uma mensagem de fundo excecional-mente relevante. Primeiro é preciso dizer que era expetável queo ex-governante se defendesse no palco onde melhor combate,ou seja, na comunicação. Cada carta enviada a um órgão de co-municação social representa “um furo” jornalístico. O mais re-cente “bafejou” o DN. O mediatismo de Sócrates é evidente eatrai forte interesse, não apenas política, mas sociológica.

Mais importante é uma mensagem inserida nesta recentecarta, escrita à mão e a tinta vermelha, e onde o político subli-nha que a partir do momento em que se está detido, a “tuapalavra já não vale o mesmo que a nossa (das autoridades)”.Isto só pode significar que o poder tem um valor intrínsecorelevante e que é preciso preservá-lo custe o que custar. Semo poder, que pode ser exercido de múltiplas facetas, a palavratem muito menos valor e pode chegar ao ponto de não terqualquer valor. A detenção permite chegar a essa conclusão,o que significa que liberdade e democracia são outros valoressupremos e que alguns não dão o suficiente contributo paraa sua preservação.

Não é preciso ser filósofo para per-ceber estes grandes valores.

Ponto 2 – O tema destituição daadministração da RTP ainda vai fa-zer passar muita água por baixo daponte. O presidente da RTP quer fa-lar com o ministro da tutela, PoiaresMaduro e, concerteza, irá explicar--lhe por que é que fez tudo “comomandam os livros” e acaba dispensa-do. Este é um nítido sinal de quecontinua a haver interesses e valoresque não são os das empresas com dinheiros públicos, mas ale-gadamente outros. Não sabemos quais. O tempo dará a respos-ta. Fica o aviso de que seguir a linha reta e transparente não ésinónimo de garantia do cargo. Faz falta “alguma ginástica demanutenção”, sob pena de inadequação ao posto de trabalho.

Ponto 3 – Ontem saiu um relatório sobre desemprego e sobresalário mínimo, com recomendações a Portugal. No mesmodia, Merkel afirma que a Europa não é o local apropriado paraos jovens. É estranha a mensagem, quando é dada por quemmanda. Parece um atestado de incapacidade!

Editorial de Vitor [email protected]

PPuubblliiccaaddoo ddiiaarriiaammeennttee ddee tteerrççaa aa sseexxttaa--ffeeiirraa •• PPrroopprriieeddaaddee - Megafin Sociedade Editora S.A., Registo na ERCS N.º 223731, N.º

de Depósito Legal: 245365/06 • SSeeddee - Avenida Casal Ribeiro, n.º 15 – 3.º, 1000-090 Lisboa, Tel.: 217 922 070 • DDiirreettoorr - Vítor

Norinha • RReeddaaççããoo - Armanda Alexandre, Almerinda Romeira, Sónia Bexiga e José Carlos Lourinho; Catarina Santiago (revisão)

• ÁÁrreeaa CCoommeerrcciiaall - Diretor João Pereira – 217 922 088 ([email protected]). Gestores de Contas Isabel Silva – 217 922 094,

Claudia Sousa – 217 922 073 • AAssssiinnaattuurraass Alexandra Pinto – 217 922 096 ([email protected]) • ÁÁrreeaa FFiinnaanncceeiirraa - Florbela

Rodrigues • CCoonnsseellhhoo ddee AAddmmiinniissttrraaççããoo - Vitor Francisco e João Pereira • IImmpprreessssããoo - Empresa Gráfica Funchalense, SA, Rua

Capela N. Sr.ª Conceição, 2715-029 Morelena • DDiissttrriibbuuiiççããoo - Notícias Direct, Lda, Tapada Nova Capa Rota - Linhó 2711-901

Sintra e Urbanos Press S.A., Rua 1º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga • TTiirraaggeemm - 12.200

• Nenhuma parte desta publicação, incluindo textos, fotografias e ilustrações, pode ser reproduzida por quaisquer meios sem

prévia autorização do editor.

Membro da:

O valor do poder

OO rraassttiillhhoo da revolta popular voltou a acender nos EUA. Um grande júri de Nova Iorque decidiu não acusarum polícia branco pela morte de um indivíduo negro, Eric Garner, aquando da sua detenção por venda ile-gal de cigarros (em que Garner, que sofria de asma, foi apertado pelo pescoço)

EPA/ERIK S. LESSER

“Merkel afirma que a Europa

não é o local apropriado para os

jovens. É estranha a mensagem,

quando é dada por quem

manda. Parece um atestado

de incapacidade!

asúltimas

sóriros jornais não são todos iguais

DR

destaque

CCLLAARROO.. BBAASSTTAA QQUUEE OO MMIILLHHÃÃOO EE MMEEIIOO

QQUUEE VVOOTTOOUU EEMM JJOOSSÉÉ SSÓÓCCRRAATTEESS AAPPRREESSEENNTTEE

UUMM HHAABBEEAASS CCOORRPPUUSS!!

EENNTTÃÃOO?? AAFFIINNAALL HHÁÁ SSOOLLUUÇÇÃÃOO??JJÁÁ SSEEII CCOOMMOO RREEDDUUZZIIRR OO DDÉÉFFIICCEE!!

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á se percebeu que ointeresse de Isabel dosSantos é a PT Portu-gal. Para os que aindanão tinham percebidoque a OPA à PT SGPSera uma forma de con-

dicionar a liberdade de opção dosacionistas da Oi, ficou ontemtudo devidamente esclarecido.

O preço da OPA não será mexi-do, mantém-se nos 1,35 euros e aCMVM não poderá obrigar a TerraPeregrin a lançar uma segundaoferta. O regulador é, desta for-ma, condicionado na sua opção.Para os acionistas a única certezaé uma não certeza, pois a justifi-cação do preço está no facto deesta ser uma proposta firme quelhes garante uma contrapartida,sem terem de esperar pela “in-certeza” e “risco” do processo deconsolidação da Oi no Brasil.

Mário Silva, o administrador daTerra Peregrin, a oferente da PTSGPS disse, citado pela Lusa, queum dos pressupostos é que nãohaja venda de ativos relevantes eestratégicos. “Se houver a vendada PT Portugal, muito provavel-mente (a Terra Peregrin) deixarácair a oferta", sobre a PT SGPS.

Esta detém 25,6% da operadoraOi, que, por sua vez, detém a PTPortugal desde o aumento de ca-pital de 5 de maio, um ativocobiçado pelo grupo francêsAltice e pelo consórcio dos fundosApax/Bain com a empresa portu-guesa Semapa.

Mário Silva lembrou que o obje-tivo da Terra Peregrin sempre foi"manter a unidade do universoPT" e instou os acionistas da PTSGPS a aprovar a aquisição.

"O que os acionistas têm dedecidir é se pretendem ter umaoferta firme e que permita umcash imediato das suas ações adois reais por ação/Oi, que com-

para com o 1,36 reais de ontem(quarta-feira) e que tem um pré-mio muito substancial, ou se pre-ferem esperar por um eventualprocesso de consolidação", frisou.

Mário Silva sublinhou que aTerra Peregrin está "totalmentecomprometida" em que a OPAchegue ao mercado e com sucessoe lembrou que retirou todas ascondições que não foram aceitespela Oi, frisando que cabe agoraaos acionistas da PT SGPS adecisão.

"Estamos totalmente convenci-dos de que este é de longe o mel-hor projeto que os acionistas têmnuma perspetiva de valorizaçãodas suas ações no médio prazo",disse Mário Silva, acrescentandoque a sua empresa tem mantido"conversas bastante positivas eanimadoras" com os acionistas daempresa portuguesa.

Assim, este administrador daTerra Peregrin afirmou que aempresa tem como objetivo"retomar o projeto industrial decriação de um operador líder de

telecomunicações, com basegeográfica na lusofonia, quecobre 260 milhões de habitantes etem mais de 110 milhões declientes".

A Terra Peregrin entregou oprojeto de prospeto e o pedido deregisto da OPA na 2ª feira naCMVM , devendo a aprovação doprospeto, o registo ou a suarecusa serem comunicados noprazo de oito dias corridos.

www.oje.pt | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | 3 |

destaque

J

PT SGPS

Isabel dos Santos sobe

parada. OPA em causaMário Leite Silva, administrador da empresa de Isabel dos Santos que lançou a OPAà PT SGPS é taxativo: sem a PT Portugal, tudo o resto cai.

GGoovveerrnnooIInnccoonnssiisstteenntteeAfinal as alterações do IRS não serão para

2015. Voltam as deduções tal como em anos

anteriores. Para o Governo esta foi a única

saída possível pois estava a criar um “mons-

tro” fiscal e com a possibilidade de gerar

menos receita. Eleições oblige.

RRTTPPDDeemmiittiiddooss??O CGI da RTP foi desautorizado pela ERC. Se

aplicar a mesma bitola a si mesmo que aplicou

ao conselho de administraçã da empresa,

demite-se?

PPooiiaarreess MMaadduurrooIInnccoonnsseeqquueenntteePoucos percebem o “lavar das mãos” de

Poiares Maduro no caso da RTP. Assinou de

cruz aquilo que a entidade que o atual gover-

no criou, lhe colocou à frente. Vai perder um

bom gestor e ganhar uma dor de cabeça

EETTEEAA ddeessiisstteenntteeVai a todas. A Empresa de Tráfego e Estiva já

manifestou interesse no terminal de con-

tentores do Barreiro. Deverá ter pela frente

gigantes como a Fosun e a Maersk, mas con-

tinua. O risco é ganhar e “embrulhar” o negó-

cio à semelhança do que já fez na concessão

da Silopor onde, depois de ganhar quis rene-

gociar.

farpasemimos

RRTTPPLLiibbeerrddaaddeeOs diretores da RTP queixaram-se

à ERC da intromissão do CGI na

sua liberdade. A ERC, por unanim-

idade, deu-lhes razão. E agora?

AAllbbeerrttoo ddaa PPoonntteeOO iinnccoorrrriiggíívveellEstá sempre disponível para

abraçar grandes projetos. Só lhe

dão os difíceis. Na RTP “deu a

volta” à empresa e depois foi tru-

cidado. Ainda não aprendeu.

Sendo a esperança a última a

morrer, apenas se espera que lhe

destinem rapidamente um novo

caso bicudo.

EEdduuaarrddoo SSttoocckk ddaa CCuunnhhaaOO vviirrttuuoossooNa entrevista dada à TVI, o

gestor justifica-se com a herança

para a necessidade de um trabal-

ho mais longo. O banco perdeu

5100 milhões de euros em depósi-

tos, o que explica a campanha de

rua para captar poupanças.

Percebe-se que não havia alterna-

tiva.

�A justificação do preço

está no facto de esta ser

uma proposta firme que

lhes garante uma contra-

partida, sem terem de

esperar pela “incerteza”

e “risco” do processo de

consolidação da Oi no

Brasil

DR

A Terra Peregrin está “totalmente comprometida”

em que a OPA chegue ao mercado e com sucesso MÁRIO LEITE DA SILVA, ADMINISTRADOR NÃO EXECUTIVO DA NOS

VÍTOR NORINHA [email protected]

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nacional

A “atratividade da oferta finan-ceira” será o principal critério deescolha entre as propostas apre-sentadas para compra do NovoBanco, cujo procedimento de ven-da terá quatro fases: manifesta-ções de interesse, propostas não-vinculativas, propostas vinculati-vas e decisão final.

Nos termos do anúncio de lan-çamento da venda ontem publica-do na imprensa pelo Fundo deResolução, que detém 100% doNovo Banco, o segundo critériomais valorizado na escolha docomprador será a “disponibili-dade […] para adquirir a totali-dade dos ativos colocados à vendana operação”.

Seguem-se os “planos estratégi-cos e de desenvolvimento para oNovo Banco e quaisquer compro-missos com estes relacionadosassumidos pelos potenciais com-pradores” e o “impacto geral daoperação na concorrência e esta-bilidade financeira do setor ban-cário em Portugal”.

Segundo se lê no convite paraapresentação de manifestações deinteresse com vista à aquisição doNovo Banco, estas têm de sercomunicadas até às 17h00 do últi-mo dia deste ano, 31 de dezembrode 2014.

A fase II, de apresentação deproposta não-vinculativas, abran-gerá os pré-qualificados na fase I,“podendo haver lugar a negocia-ção e à exclusão de potenciaiscompradores”.

Os potenciais compradorescujas propostas não-vinculativastenham sido selecionadas serão,depois, convidados a apresentarpropostas vinculativas “em umaou mais rondas sucessivas”,podendo novamente “haver lugara negociação e à exclusão” dealgum/alguns deles.

Já na fase IV, acontecerá umapré-seleção de proposta(s), negoci-ação (se aplicável) e decisão final.

Os potenciais compradores de-vem apresentar “uma única man-

ifestação de interesse”, mas“indicar se estão a participar noprocedimento em conjunto comoutros interessados”, sendo que,na fase de apresentação das pro-postas, estas “devem ser submeti-das individualmente ou, caso ospotenciais compradores estejam aatuar em conjunto com outrosinteressados, de forma conjunta”.

Nenhuma entidade interessadapode, simultaneamente, integrar

mais do que um agrupamento depotenciais compradores, nemparticipar no procedimento indi-vidual e conjuntamente.

Duas ou mais entidades queestejam numa relação de controloou de domínio “serão conside-radas a mesma entidade”, acres-centa o documento.

Uma vez que a compra do NovoBanco pode estar sujeita a contro-lo de concentrações pela Co-missão Europeia, o Fundo deResolução determina que, se aautoridade da concorrência com-petente não emitir uma decisãode não oposição à concentração,“o Banco de Portugal poderádecidir se atribui a adjudicação àsegunda melhor proposta”.

Os líderes do Banco BPI e doSantander Totta já revelarampublicamente a intenção de ana-lisar a possibilidade de compra doNovo Banco, cujo capital é total-mente detido pelo Fundo deResolução.

Na quarta-feira, o presidente doNovo Banco, Eduardo Stock daCunha, considerou, em entrevistaà TVI, uma eventual oferta dogrupo chinês Fosun "uma exce-lente notícia", por revelar inte-resse na instituição.

O ativo consolidado do Grupo

Novo Banco é de 72.465 milhõesde euros, os capitais próprios de5,6 mil milhões de euros e o ráciode solvabilidade de 9,2%, reveloua instituição em comunicadodivulgado na quarta-feira.

Os depósitos de clientes tota-lizam 25,1 mil milhões de euros ea carteira total de crédito bruto aclientes 43,8 mil milhões deeuros, dos quais 31,5 mil milhõesde euros de crédito a empresas(72%) e 12,4 mil milhões de eurosde crédito a particulares (28%).

Entretanto, o Novo Banco está anegociar a venda do BancoEspírito Santo de Investimento(BESI) com a empresa chinesaespecializada em serviços finan-ceiros Haitong, foi ontemanunciado pela Comissão doMercado de Valores Mobiliários(CMVM). O Novo Banco ressalva,no comunicado, que a celebraçãodo contrato de compra e venda doBESI, cuja capital é totalmentedetido pelo Novo Banco, dependede autorização prévia do Banco dePortugal.

A Haitong International Se-curities Company Limited é umasubsidiária integralmente detidapela Haitong Securities, uma so-ciedade cotada na bolsa de Shan-ghai e Hong Kong.

MERCADOS

VENDA

Novo Banco sujeito à “atratividade

da oferta financeira”A corrida de fundo pela compra do Novo Banco começou esta quinta-feira. Stock da Cunha, o CEO que tem adifícil incumbência de manter o ativo com valor, espera “uma fila (de compradores) à porta”.

PPrriivvaattiizzaaççããoo TTAAPPPETIÇÃO PELASUSPENSÃO A Plataforma Sindical dogrupo TAP entregou on-tem na Assembleia daRepública uma petiçãopública a pedir a suspen-são da privatização daTAP, considerando que oGoverno “em fim de man-dato” não pode avançarcom a operação. Na peti-ção que reuniu 5159assinaturas, o conjunto desindicatos representativosdos trabalhadores da TAPargumenta que “esta pri-vatização, tal como jádemonstrado noutras em-presas do Estado, públicasou não, não protege osinteresses nacionais”.Apontam um modelo que“não protege adequada-mente as RegiõesAutónomas, o HUB deLisboa, as rotas ultrama-rinas ou a diáspora”.

eeaassyyJJeettVOA PARA OS AÇORES EM MARÇOA easyJet começa a voarpara os Açores no final demarço de 2015, com qua-tro voos semanais entreLisboa e Ponta Delgada,anunciou o diretor comer-cial da companhia aéreaem Portugal.“Finalmentetemos todas as garantiasde que necessitávamospara a abertura da rotaLisboa/Ponta Delgada, quevai ser real a partir de fi-nal de março do próximoano”, afirmou José Lopesem Ponta Delgada, apósreunião com o secretárioregional do Turismo eTransportes, Vitor Fraga.

BBaannccoo FFiinnaannttiiaaPROCESSOS SEMFUNDAMENTOO Banco Finantia e algunsgestores condenados peloBanco de Portugal (BdP)em processos de contraor-denação contestaram adecisão do supervisor,confirmando que estão arecorrer em tribunal. OTribunal da Concorrência,Regulação e Supervisão,em Santarém, está a jul-gar o recurso apresentadopor sete dos oito arguidosno âmbito deste processo,incluindo o Banco Finantiae a Finantipar, condena-dos pelo supervisor acontraordenações num va-lor global superior a trêsmilhões de euros.

LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

3,6A 3 de agosto, o Banco

de Portugal tomou o

controlo do BES, após a

apresentação de

prejuízos semestrais de

3,6 mil milhões de euros,

e anunciou a separação

da instituição em duas

entidades

Eduardo Stock da Cunha, o CEO do Novo Banco, está a revitalizar uma instituição que perdeu 10,8 mil milhões de euros em depósitos em 1 mês.

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| 5 | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | www.oje.pt

entrevista

O que levou a esta candidatura?As razões da minha candidaturaresidiram na constatação de quenão existia um projeto verdadeira-mente renovador, distante dosdois polos que têm dominado opartido e a Região nestes últimos36 anos: Jardim e Jaime Ramos. Es-se espaço de verdadeira indepen-dência não estava ocupado e, aomesmo tempo, tinha muitas pes-soas a me incentivar. Muitos apeli-davam-me de “reserva moral doPSD/M” e, de certa forma, identifi-co-me com essa designação. Nãopodia deixar de responder ao apelode muitos, daquilo que era umaobrigação da minha parte de ofere-cer aos militantes uma alternativaverdadeiramente desalinhada.

O que pensa do Partido?O partido sempre foi sentido comouma família. Infelizmente, nos úl-timos anos, a cúpula que se apro-priou do PSD/M sentiu o receiopróprio de quem está no poder hádemasiado tempo. O medo de o

perder. Dessa forma afastou-se dasbases e retirou-lhe voz, participa-ção. Poder. A forma como se termi-naram com as comissões conce-lhias é bem sintomática. Houveclaramente o receio de que repre-sentantes locais tivessem autorida-de de questionar quem ainda lide-ra o partido. Daí decorreu o afasta-mento de muitos militantes e,igualmente, opções políticas desas-trosas. A forma como foram esco-lhidos os candidatos autárquicospara as eleições de 2013, ao arrepiodas vontades locais, foi o pontobaixo desta deriva. O partido preci-sa de se reconciliar com os seusmilitantes mas também com osseus muitos simpatizantes que seforam transferindo para outrospartidos e para a abstenção. O par-tido tem igualmente de começar aviver com menos dinheiro, pois éinaceitável que se prossiga com oatual financiamento por via da As-sembleia Regional, pertinente-mente intitulado de jackpot.

Se ganhar as eleições internas,convoca eleições antecipadas?Sem dúvida. É impensável envere-darmos num pântano político, on-

de não se sabe quem tem a iniciati-va política, se o Presidente do Go-verno, que aparentemente se quermanter, ou o novo presidente daComissão Política do PSD. Tam-bém não faz sentido que o vence-dor da eleição interna do PSD assu-ma a liderança do Governo.

Que modelo de organização polí-tica espera para a Madeira?

Proponho uma reforma do siste-ma político. De uma forma muitodireta tenho oito propostas nessesentido. A reforma da AssembleiaLegislativa da Madeira, sendo quenesta proponho a redução do nú-mero de deputados; redução subs-tancial do “jackpot”; e alteração doregimento. Por outro lado, defen-do a alteração da lei eleitoral, a li-

mitação de mandatos, referendosregionais e iniciativa legislativa po-pular, referendos revogatórios e ofim das subvenções vitalícias esubsídios de reintegração. Mastambém a alteração do regime deincompatibilidades e a refundaçãoda relação entre o poder político epoder económico.

Como se resolve o problema dagestão da dívida pública?A melhor forma de resolver a dívi-da é crescer economicamente. Douo exemplo do País: se Portugal ti-vesse crescido ao nível da médiaeuropeia, neste últimos anos, te-ríamos uma dívida pública de 66%ou invés dos actuais 133%. É cru-cial tudo fazermos para executarna uma estratégia de desenvolvi-mento em consonância com a Es-tratégia Europeia 2020 de cresci-mento inteligente, inclusivo e sus-tentável e que se encontra já bemplasmada no Plano de Desenvol-vimento Económico e Social recen-temente aprovado no ParlamentoRegional. Com este propósito háque utilizar com muito rigor oscerca de 500 milhões de euros quea UE colocou à nossa disposição.

ELEIÇÕES PSD MADEIRA

“É inaceitável o financiamento partidário via Assembleia Regional”

O antigo deputado europeu, Sérgio Marques, diz ser a “reserva moral” do PSD/Madeira. Acusa o partido de serdominado por Jardim e Jaime Ramos e espera ganhar as eleições internas no próximo dia 19 de dezembro.

“A cúpula que se

apropriou do PSD/M

sentiu o receio próprio

de quem está no poder

há demasiado tempo

PPSS aalleerrttaaDÍVIDA DE 7,5 MIL M€O presidente do GrupoParlamentar do PartidoSocialista (PS) na Assem-bleia Legislativa daMadeira (ALM), Carlos Pe-reira, alertou ontem que oGoverno Regional que re-sultar de eventuaiseleições regionais anteci-padas vai herdar umadívida de 7,5 mil milhõesde euros. O socialistaCarlos Pereira, após aaudiência do secretárioregional do Plano e Fi-nanças do GovernoRegional da Madeira naComissão EspecializadaPermanente de Economia,Finanças e Turismo daALM sobre a proposta deorçamento regional para2015, no valor de 1,6 milmilhões de euros, foi taxa-tivo ao afirmar que “opróximo Governo Regionalque tomar posse a meiodo ano que vem tem já, àcabeça, 7,5 mil milhões deeuros de responsabilida-des financeiras a pagar,feitas por este governo doPSD”.

AAllbbeerrttoo JJooããooDEMISSÃO EM JANEIROO líder do PSD-Madeiraenviou uma carta aos can-didatos a informar que sedemite depois do congres-so; e uma outra aosmilitantes onde apela àsaída do partido se o re-sultado das eleições nãofor o desejado. AlbertoJoão Jardim informou osseis candidatos a líder dossociais-democratas madei-renses que se demite a 12de Janeiro de 2015, umdia depois da tomada deposse da nova comissãopolítica regional. O futuro,explica na carta que en-viou aos candidatos, quecaberá ao novo líder quemcompete decidir se com-pleta o mandato ou seconvoca eleiçõesantecipadas. Mas, estaterça-feira começou a che-gar à caixa de correio dosmilitantes do PSD umaoutra, também assinadapor Jardim. O ainda presi-dente da comissão políticaregional despede-se dosmilitantes, lembra os anosde luta e o combate con-tra "os poderes ocultos",mas alerta contra os peri-gos que rondam o PartidoSocial Democrata daMadeira.

ASPRESS/HÉLDER SANTOS

CARLOS [email protected]

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| 6 | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | www.oje.pt

entrevista

ADOLFO MESQUITA NUNES, SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO

Adolfo Mesquita Nunes está confi-ante em mais um ano recorde naindústria do turismo em 2014. Oministro Pires de Lima avança comcrescimentos na indústria superio-res a 11% para este ano. MesquitaNunes realçou o esforço de promo-ção para que Lisboa esteja na mo-da e frisou a não cobrança de ta-xas, um tema que domina a atuali-dade e opõe Governo e edilidadede Lisboa.

Quais são os números para o fi-nal deste ano em termos de cres-cimento no setor do turismo?O que posso dizer é que 2013 foium ano de recordes em Portugal e2014 está a crescer face a 2013. Es-

tamos a crescer mais do que as mé-dias mundial, europeia e da Euro-pa mediterrânica. Tudo indica queteremos um ano muito positivo.

As perspetivas em termos derevpar (receita por quarto dispo-nível) não é assim tão otimista?O crescimento do setor do turismoem agosto ficou acima de 10% einclui o revpar. No crescimentoacumulados até julho o revparcresce 9%, as dormidas mais de10%, os proveitos de hotelariatambém mais de 10% e o númerode hóspedes igual nível. O que éimportante dizer dos proveitos poraposento é que estão a crescer aci-ma das subidas das dormidas, ouseja, os turistas estão a deixar maisdinheiro por aposento e por esta-dia em Portugal.

Lisboa está bater recordes e estáconcentrar volume de turismo.Isso é uma tendência?O país todo está a bater recordes.Até há dois anos tínhamos apenastrês regiões de turismo com quo-tas de mercado superiores a 10%,mas de há dois anos para cá o Por-to e norte também já alcançaramessa fasquia, o que significa que es-tamos a diversificar os nossos des-tinos e produtos. Já não somos sole mar, também somos turismo decidade, turismo cultural e de natu-reza.

Lisboa tem um grande númerode hotéis em construção com li-cenças pedidas. Não existe o ris-co de Lisboa poder vir a ser umaBarcelona, com um rácio desajus-tado entre a população residente

e o número de turistas?Não podemos passar de um anoque se diz que temos que apostarno turismo para outro que diz quetemos turismo a mais. Sou absolu-tamente contra condicionamentoindustrial ou limitações à oferta.Caberá à indústria encontrar oequilíbrio entre oferta e procurasendo que a nossa função, e temostrabalhado para isso, é criar condi-ções para a procura. Porque, friso,é esta que garante a sustenta-bilidade do setor e isso temos feitocom alterações que fizemos aomodelo de produção que tem esta-do a resultar.

Quais são os números de promo-ção externa? Relativamente aoque esta a acontecer em 2014/2015 vai-se manter o mesmo vo-lume de investimento?Haverá um ligeiro acréscimo, em-bora com alterações na proporçãode cada tipo de investimento. Va-mos reforçar o investimento queestamos a fazer no marketing di-gital, que tem sido bastante bemsucedido e na captação de impren-sa internacional para vir a Portu-gal. Aliás, esta presença de Portu-gal na imprensa não surgiu donada, surgiu do esforço que o tu-rismo de Portugal e as regiões deturismo fizeram.

A questão do IVA de 23% na res-tauração não prejudicou?A hotelaria tem o segundo IVAmais baixo de toda a Europa: 6%, eo Estado manteve essa taxa assimcomo não criou quaisquer novastaxas como chegou a ser referido,quer sobre as dormidas quer sobreas passagens aéreas. Isso quer di-zer que o Governo está ciente daimportância económica que o tu-rismo tem tido e este orçamento ésinónimo disso.

O setor que peso tem neste mo-mento no PIB?Temos que fazer contas no finaldo ano, mas andará entre os 9% eos 10%.

Turistas deixam mais dinheiro

por aposento e por dia

Os turistas gastam em Portugal mais de um milhão de euros por hora e injetam na economia mais de 28 milhõesde euros por dia, disse o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes.

Adolfo Mesquita Nunes, SET, diz que todo o país está a bater recordes em termos de regiões de turismo.

CDS

VÍTOR [email protected] “Sou absolutamente

contra condicionamento

industrial ou limitações à

oferta. Caberá à

indústria encontrar o

equilíbrio entre oferta e

procura

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As autarquias sobre endivi-dadas estão já a preparar osseus programas de ajustamen-to municipal (PAM). Entretan-to, apenas quatro câmaras re-correram ao apoio transitóriode urgência previsto no Fundode Apoio Municipal (FAM), pre-sidido por Miguel Almeida, cu-jo prazo de candidatura termi-nou no passado dia 30 de no-vembro. As quatro autarquiassão Aveiro, Cartaxo, Nazaré eVila Nova de Poiares, as quaisse conseguiram financiar, comcaracter de urgência, à taxamédia do endividamento daRepública portuguesa, de3,16% a dez anos, acrescida deum spread de 0,15 pontos per-centuais. A taxa conseguida adez anos é assim de 3,31%.

Segundo o presidente da Câ-mara de Aveiro, José Ribau Es-teves, em declarações ao OJE,“tudo correu bem e depressa.O Tribunal de Contas deu-noso visto em oito dias”.

A autarquia de Aveiro rece-beu a sua primeira tranche, dafase de apoio transitório, a 3 denovembro e a segunda a 18 domesmo mês, num total de oitomilhões de euros, “ficando es-tabelecido que as duas próxi-mas tranches serão entreguesa 15 de janeiro e 15 de março,

num valor de 2,5 milhões deeuros”, explica Ribau Esteves.No total, a ajuda de emergên-cia a Aveiro é de 10,5 milhõesde euros.

Também o presidente da au-tarquia de Vila Nova de Poia-res, João Miguel Henriques, semostra satisfeito com o proces-so. “Tudo o que for pedido àcâmara neste momento é alto,mas é o melhor a que podemosaceder neste momento”, poisface às taxas “que nos são pedi-das pela banca, pode-se consi-derar uma boa oferta”, afirmao autarca ao OJE.

A autarquia de Vila Nova dePoiares tem vários emprésti-mos bancários “com taxas dejuro bastante baixas, que fo-ram feitas há alguns anos, masoutros com spread de 7% e 9%.E há alguns empréstimos emque as condições são muitoexigentes face às capacidades

da câmara. Renegociar agora éuma excelente oportunidade”,explica João Miguel Henriques.

Mas o recurso ao FAM é umaespécie de troika dos municí-pios e há que fazer alguns sa-crifícios, tais como a limitaçãoda despesa corrente, incluindoum plano detalhado e quanti-ficado de redução de custoscom pessoal e com a aquisiçãode bens e serviços, e o aumen-to de taxas e impostos, como oIMI.

“Até ao momento não foi co-locado em cima da mesa a ne-cessidade de despedir funcio-nários”, garante o presidenteda Câmara de Vila Nova dePoiares, acrescentando no en-tanto que “há que reduzir oscustos com os recursos huma-nos, que é uma exigência quevimos a cumprir há algumtempo, porque somos já ummunicípio intervencionado”.

Já Ribau Esteves explica quecom o recurso ao FAM, a autar-quia de Aveiro “vai ter um pro-grama de ajustamento, que éum compromisso em que a câ-mara tem de fazer medidas dereequilíbrio orçamental, vaiter acordos de pagamentoscom os maiores credores, in-cluindo a banca”. “No quadrodas obrigações, a única que te-mos de cumprir é a do aumen-to da taxa do IMI, que tem depassar dos atuais 0,3% para ataxa máxima 0,5%”, diz RibauEsteves.

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nacional

O Conselho de Ministros anun-ciou ontem a aprovação do levan-tamento da suspensão do acessoantecipado à pensão de velhice,no âmbito do regime geral e deuainda conta das condições estabe-lecidas, as quais vão vigorar tran-sitoriamente durante o próximoano.

Na habitual conferência de im-prensa que se segue às reuniõesdo Conselho de Ministros, o mi-nistro da presidência MarquesGuedes afirmou ter sido “levanta-da a suspensão decretada em2012” e adiantou que o objetivodesta medida é o de criar “umgradualismo na reposição do re-gime das reformas antecipadas”.

Marques Guedes precisou que odiploma agora aprovado cria umregime transitório em 2015 e pre-vê que em 2016 se retome a legis-lação do regime geral da Seguran-ça Social.

Para o o ministro da presidên-cia importa sublinhar que, desdesempre, o Governo deixou claroque a suspensão do acesso anteci-pado à pensão da velhice era devi-do à situação de emergência dopaís. E por isso frisou que “foi di-to, desde sempre, que era umamedida transitória porque as re-formas antecipadas bloqueiam oacesso dos mais jovens ao merca-do de trabalho”.

Assim, no comunicado do Con-selho de Ministros, o Governo es-clarece que durante 2015 os bene-ficiários com idade igual ou supe-rior a 60 anos e, pelo menos, 40anos de carreira contributiva, po-dem aceder antecipadamente àpensão de velhice.

Mas as mudanças não se ficampor aqui. Segundo o regime tran-sitório agora aprovado, sofreigual alteração a regra da reduçãodos meses de antecipação emfunção dos anos de carreira con-tributiva, para efeitos de determi-nação da taxa global de reduçãoda pensão. “Tornando-a mais jus-ta e equitativa”, frisa o Executivo.

Em comunicado sobre esta ma-téria, o Governo elucida tambémque, no que diz respeito aos me-ses de antecipação, estes “passama ser reduzidos em quatro mesespor cada ano de carreira contribu-tiva que exceda os 40 anos, emvez do modelo atual de reduçãode 12 meses por cada período detrês anos”.

Desta forma, o Governo defen-de que, com esta alteração, “todosos anos da carreira contributiva”superiores a 40 anos passam, con-trariamente ao que acontecia atéà data, a ser “relevantes” paraefeitos da redução do número demeses de antecipação, benefician-do as carreiras contributivas maislongas.

A nota final vai no sentido desublinhar que o regime regra quefoi suspenso “é assim retomadoem 2016”, conclui o Governo.

PENSÕES POR VELHICE

Volta o acesso

aos 60 anos com

40 de descontos

Governo sublinha “gradualismo” e na prática levantasuspensão do acesso antecipado.

Câmaras pagam 3,31% ao FAM

e renegoceiam dívida à banca

DR

CARLOS [email protected]

SÓNIA BEXIGAcom LUSA [email protected]

Diploma cria um regime

transitório em 2015

e está previsto que

em 2016 se retome

a legislação do regime

geral da Segurança

Social

�O FAM tem por objeto a

recuperação financeira

dos municípios que se

encontrem em situação

de rutura financeira, bem

como a prevenção de

situações de rutura

financeira

Câmara Municipal de Aveiro.

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| 10 | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | www.oje.pt

economia

O Banco Central Europeu (BCE)“não tolerará desvios significati-vos” face à meta de inflação, pre-cisa no entanto de mais tempopara avaliar se procede à aquisi-ção de dívida pública, disse on-tem o presidente da entidade,Mario Draghi. E protela assimpara o “início” de 2015 a decisãosobre se avança com mais es-tímulos, depois de ter anuncian-do um corte nas estimativas deinflação e de crescimento eco-nómico para os próximos anos.

O presidente do BCE revelouem conferência de imprensa quea entidade baixou as suas pers-petivas de crescimento da econo-mia da zona euro, não só paraeste ano mas também para 2015e 2016. Assim, em 2014 o cresci-mento será de 0,8%, e não 0,9%,como previsto em setembro, aopasso que para 2015 a perspetivaé de um aumento de 1% – e não1,6%, e em 2016 estima-se umavanço de 1,5%, abaixo dos 1,9%previstos há alguns meses.

Mario Draghi declarou aindaque a entidade baixou as previ-sões de inf lação para a zona eu-ro. O BCE perspetiva agora inf la-ções de 0,5% em 2014, 0,7% em2015 e 1,3% em 2016, abaixo dos0,6%, 1,1% e 1,6%, respetiva-mente, previstos em setembro.“A fraca atividade económica nazona euro, juntamente com oselevados riscos geopolíticos, têmo potencial de afetar a confiançae o investimento, especialmenteprivado”, declarou o presidentedo Banco Central Europeu.

A revisão em baixa da inf laçãodeve-se sobretudo à queda nospreços da energia, em concretodo petróleo. “Será importantepara avaliar o impacto mais am-plo da evolução recente dos pre-ços do petróleo”, reconheceu oresponsável.

O Conselho de Governadoresdo Banco Central Europeu deci-diu também manter a taxa de ju-ro diretora da zona euro no mí-nimo histórico de 0,05% e a taxade depósitos nos -0,20%. De re-ferir que a 4 de setembro o BCEdecidiu cortar a taxa de juro di-retora para o novo mínimo his-tórico de 0,05% e baixar a taxade depósitos para os -0,20%.

No que diz respeito a medidasadicionais de estímulo monetá-rio na zona euro, Mario Draghiafirmou que precisa de maistempo para analisar o impactoda recente descida do preço dopetróleo nas expectativas de in-f lação na região, bem como dasnovas medidas de estímulo apli-cadas em 2014 (referindo-se àaquisição de dívida privada eempréstimos de longo prazo). Eacrescentou que o banco centralpoderá levar a cabo novos pro-gramas de compras de ativos,mesmo sem unanimidade entreos governadores.

Portugal deve aumentar o salá-rio mínimo nacional (SMN), ali-nhando-o com a evolução docusto de vida; alargar os poten-ciais beneficiários do Rendi-mento Social de Inserção (RSI);aumentar os esforços para redu-zir o desemprego dos jovens eabandonar as medidas de auste-ridade de forma progressiva, dizo Comité dos Direitos Económi-cos, Sociais e Culturais das Na-ções Unidas (ONU).

O Conselho refere num rela-tório que “toma nota do au-mento da proporção de empre-gados que recebem o saláriomínimo, que passou de 5,5%em abril de 2007 para 12% emoutubro de 2013 e, apesar deelogiar a decisão do Estado deaumentar o salário mínimo de485 para 505 euros em outu-bro, depois de ter sido congela-do desde 2011, continua preo-cupado que continue a não sersuficiente”. Por isso, os peritosrecomendam a Portugal “quegaranta que o salário mínimoassegure aos trabalhadores efamílias uma vida decente eque seja periodicamente revis-to e ajustado em linha com ocusto de vida”.

A ONU, depois de lembrarque a taxa de pobreza atingiu18,7% em 2012, o nível mais

elevado desde 2005, sublinha asua preocupação com os “altosníveis de desigualdade no ren-dimento” e recomenda a Portu-gal que “fortaleça os esforçospara combater a pobreza”, no-meadamente as falhas na co-bertura da proteção social e aadequação dos subsídios, ga-rantindo que o sistema de se-gurança social incida efetiva-mente sobre os que estão emalto risco. Os peritos da ONUconsideram que o nível de refe-rência do RSI deve “ser aumen-tado progressivamente para ga-rantir o aumento do númerode beneficiários elegíveis”.

O Conselho refere tambémque Portugal deve “aumentaros esforços para reduzir o de-semprego, principalmente en-tre os jovens”. Para tal, reco-menda que se ataque as causas,crie oportunidades de empregopara os mesmos e melhore aqualidade a formação vocacio-nal e profissional tendo emconta as oportunidades de em-prego, e reforce o apoio aos queprocuram trabalho, sobretudoentre os desempregados de lon-ga duração, com formação paramelhorar as suas capacidades.

A ONU considera ainda quea ajuda externa teve um “im-pacto adverso” nos direitoseconómicos, sociais e culturaisem Portugal, defendendo oprogressivo abandono das me-didas de austeridade com a re-cuperação económica. A este

respeito, recomenda uma “re-visão” das políticas adotadasdurante e depois do programade ajustamento, “com vista agarantir que as medidas deausteridade são progressiva-mente abandonadas e que aproteção efetiva dos direitosno âmbito do Tratado seja me-lhorada em linha com o pro-gresso atingido na recuperaçãoeconómica pós-crise”.

BCE

Estímulos?

Falamos no início

do próximo ano

O Banco Central Europeu adiou para o arranque de 2015 a decisão sobre se avança com mais estímulos.

ONU: Portugal deve subir SMN

e reduzir desemprego jovem

LUSA/ANTÓNIO COTRIM

ARMANDA ALEXANDREcom [email protected]

“EUROPA NÃO É TERRADE FUTURO PARA OSJOVENS”

A chanceler alemã Angela Merkel reconhe-ceu ontem que osjovens europeusvivem um momento di-fícil, segundo o El País.A governante germâni-ca voltou a indicar asnovas tecnologias comoas áreas em que a Euro-pa deve apostar no sen-tido de inverter o ele-vado nível de desem-prego, nomeadamenteentre os jovens. Ereforçou que “não éuma oportunidade, masuma necessidade”investir “na economiadigital como motor decrescimento da UniãoEuropeia”.

“A fraca atividade

económica na zona euro,

juntamente

com os elevados

riscos geopolíticos, têm o

potencial de afetar a

confiança

e o investimento,

especialmente privado

MARIO DRAGHI

PRESIDENTE DO BCE

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| 12 | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | www.oje.pt

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economia

PLANO JUNCKER

Infraestruturas e transportes

podem estar na calha para apoiosPires de Lima recusa avançar lista detalhada de projetos que poderão ser incluídosno financiamento. Diz que se trata de um “trabalho interativo” ainda em curso.

No final do Conselho da Com-petitividade, em Bruxelas, Piresde Lima afirmou que “estão a sertrabalhados projetos. Há trabalhode casa feito na área da Economiamuito profundo, e já aprovadoem Conselho de Ministros, ao ní-vel do plano estratégico paratransportes e infraestruturas.Portugal tem perfeitamente defi-nidas as 59 prioridades para ospróximos anos e muitas delas têmencaixe neste plano”.

O governante referia-se assimao conjunto de 59 investimentosprioritários que o Governo apro-vou este ano e que quer concreti-zar nos próximos anos, num in-vestimento global de 6067 mi-lhões de euros, a maioria dosquais nos setores marítimo-por-tuário e ferroviário.

Para o ministro da Economia, oplano de investimentos da Comi-ssão Europeia (CE) poderá serimportante no financiamento deprojetos que tenham “impactoeconómico supranacional”, mas

também de outros projetos setori-ais e que, disse, estão a ser traba-lhados no âmbito da AICEP -Agência para o Investimento e Co-mércio Externo de Portugal.

O Conselho da Competitividadecontou com a presença do vice-presidente da CE, Jyrki Katainen,que explicou aos governantes dos28 Estados-membros as principaislinhas do plano de investimentoda CE e que, segundo Pires de

Lima, foi importante para perce-ber que os fundos “não distingui-rão os países percecionados demaior risco”, o que poderia preju-dicar Portugal.

“Isso é importante porque emPortugal temos ótimos projetos,não só de infraestruturas, quemuitas vezes têm dificuldade emencontrar financiamento pelaperceção de Portugal ser um paísde algum risco”, afirmou.

O Governo Regional da Madeiravai pagar uma dívida de 53,4 mi-lhões de euros a duas construto-ras num prazo de seis anos, reve-lou o Jornal Oficial da Região(JORAM).

De acordo com as duas resolu-ções publicadas no JORAM, aZagope, Construções e Engenha-ria e a Soares da Costa, detêm cré-ditos sobre a região, “decorrentesde serviços prestados e fatura-dos”, no valor total de 53,4 mi-lhões de euros.

O executivo madeirense está aassinar acordos de regularização

de dívidas (ARD) com 13 constru-toras ao abrigo deste mecanismo,desde setembro de 2014. Até àdata, são oito as construtoras comas quais o executivo já assinou es-tes acordos.

O valor total apurado ascenderáaos 98,18 milhões de euros, mon-tante referente exclusivamente àsfaturas de trabalhos já executa-dos pelas 13 construtoras.

A partir do próximo ano e até2019 - já que estes ARD são pluri-anuais - a região terá de desem-bolsar mais 122,04 milhões de eu-ros para pagar os juros de mora,uma forma encontrada para es-tancar a subida do valor dos mes-mos juros.

Estes pagamentos estão a serfeitos em linha com a estratégiade pagamentos apresentada pelaregião e aprovada pelo Ministériodas Finanças.

Governo Regional regulariza dívidas a construtoras no valor de 53,4 milhões de euros

As empresas europeias detopo continuaram a aumen-tar o investimento em inves-tigação e desenvolvimento(I&D) em 2013, embora a umritmo mais brando, tendo asempresas portuguesas caídona tabela.

O painel de avaliação anualda Comissão Europeia, apre-sentado na sede do executivocomunitário pelo comissárioportuguês Carlos Moedas, re-vela que, entre as 633 empre-sas com sede na UE que con-stam da lista de 2500 empre-sas de todo o mundo quemais investiram em I&D, re-gistou-se um aumento doinvestimento de 2,6% face aoano anterior, representandoum abrandamento do cresci-mento (de 6,8% em 2012 facea 2011). Neste grupo das que

mais investiram, estão qua-tro portuguesas. A melhorcolocada continua a ser a Por-tugal Telecom (PT), que, noentanto, prossegue uma tra-jetória descendente: com uminvestimento de 130 milhõesde euros, menos 22,2% doque no ano anterior, encon-tra-se no 183.º posto, quandoem 2012 era 142.ª, e em 2011estava no top-100 (97.ª).

Seguem-se a farmacêuticaBial, que reduziu o investi-mento em 10% (de 59,1 para53,1 milhões), caindo do307.º para o 327.º posto; aCaixa Geral de Depósitos, querecuou 14,5% (de 42,3 para36,2 milhões), descendo do367.º para o 409.º lugar; e aEDP que caiu do 445.º para453.º posto face a uma ligeiradiminuição (2,1%) do investi-mento de 31,7 para 31 mi-lhões de euros.

Empresas portuguesasinvestem menos em I&D

COMISSÃO EUROPEIA

MADEIRA

Nesta visita a Bruxelas, Pires de Lima reuniu-se ainda com o Comissário Carlos Moedas.

LUSA/MÁRIO CRUZ

A Madeira está, desde

2012, sob um Plano de

Ajustamento Económico

e Financeiro, um acordo

celebrado entre os go-

vernos central e regional

SÓNIA BEXIGAcom [email protected]

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www.oje.pt | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | 13 |

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A Efanor, holding pessoal de Bel-miro de Azevedo, passou a deter(direta e indiretamente) 68,6% daSonae Indústria, “em resultado dasubscrição de ações no aumentode capital social” da empresa.

A Sonae Indústria diz em comu-nicado que passaram a ser imputá-veis à Efanor 7.787.566.161 ações,representativas de 68,6083% docapital social e dos direitos de voto.

O empresário Belmiro de Azeve-do é assim o “ultimate beneficialowner”, por deter “mais de 99%do capital social e dos direitos devoto da Efanor”.

No mês passado a Efanor tinhaefetuado uma subscrição antecipa-da do aumento de capital da SonaeIndústria, por 77,034 milhões deeuros. A empresa recebeu entãofundos do acionista Efanor Investi-mentos e da sociedade por si con-trolada, no valor de 77.034.262,49euros, “a título de realização ante-cipada da subscrição das respeti-vas participações no aumento decapital atualmente em curso”.

Desta forma a Efanor, que deti-nha 51% da Sonae Indústria, cum-priu o compromisso assumido derealizar direta e indiretamente umvalor mínimo de 75 milhões deeuros no aumento de capital.

Holding de Belmiro de Azevedoreforça na Sonae Indústria

A Entidade Reguladora para a Co-municação Social (ERC) “clarifi-cou” que o conselho de adminis-tração da RTP “não tinha o deverde comunicar ao Conselho GeralIndependente (CGI)” a compra dosdireitos de transmissão da Liga dosCampeões de futebol, um negóciono valor de 15,9 milhões de euros.

Em comunicado, o conselho re-gulador dos media considera que“não cabe ao CGI definir os con-teúdos a incluir nas grelhas deprogramas do operador público,desde que enquadrados na lei e nocontrato de concessão, sob penade grave violação da independên-cia, e é a resposta ao pedido de cla-rificação das competências” do

órgão supervisor, “dirigido ao re-gulador pelos diretores de conteú-dos da RTP”. O parecer foi dadopor unanimidade.

Em causa está o facto de o CGI,órgão supervisor da administra-ção da RTP, ter acusado a equipaliderada por Alberto da Ponte deter violado o princípio da lealdadeinstitucional e dever de colabora-ção com o CGI por não ter infor-mado sobre os direitos da Liga dosCampeões, já que considera queesta é também uma matéria denatureza estratégica.

A análise da ERC vem na se-quência de um pedido dos cincodiretores editoriais de informaçãoe programação da RTP para que oregulador esclarecesse com “ur-gência” os poderes do CGI sobre osconteúdos, por considerarem queteria havido uma “violação graveda autonomia editorial”.

ERC dá razão a Alberto da Ponte:não cabe ao CGI definir conteúdos

CONSTRUÇÃO

ARMANDA ALEXANDREcom [email protected]

DR

negócios

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| 14 | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | www.oje.pt

Nestas duas semanas, enquanto o nosso país entravaem processo de catarse judicialmente incentivada,tive a feliz oportunidade de me escapar para oestrangeiro.

A recente participação na Conferência de 2014 daInveste Nordeste permitiu-me confirmar muito doque referi, em entrevista recente ao Jornal OJE, acer-ca dos erros cometidos no processo de investimentoportuguês no Brasil, nomeadamente a necessidadede uma melhor preparação prévia, de estudo dosmercados alvo e de evitar a dispersão e o excesso deconfiança, sendo fundamental ter uma noção clarado que são as reais possibilidades dos investidores,mesmo que, para tal, seja necessário contemplar cus-tos mais elevados e prazos de retorno mais alargados.

No entanto, a possibilidade apresentada pelaInveste Nordeste 2014 para a recolha de informaçãoe a análise efetuada sobre o potencial de negócios naregião do nordeste, aliado ao conhecimento demuitos importantes stakeholders da região, permiti-ram desenvolver uma perceção de que o Nordeste(nove Estados com mais de 50 milhões de habi-tantes), por uma questão de escala e de competitivi-dade, constitui um Brasil ideal para os investimentosportugueses e até para investimentos lusófonos.

A localização geográfica de proximidade emrelação a Portugal e à Europa, bem como a ÁfricaOcidental e Angola, dos principais polos económicosnordestinos, aliados às enormes infraestruturas por-tuárias e aeroportuárias, às condições naturais e à jámuito bem-sucedida implantação da comunidadeportuguesa empresarial, contribuirão, certamente,para que a região se torne no destino prioritário dosprincipais investimentos de Portugal e de alguns dospaíses lusófonos.

Por exemplo o reforço das ligações aéreas entreLisboa e o Porto e as principais cidades nordestinas eo estabelecimento de uma ligação preferencial entreo Porto de Suape e o de Sines (e outros) permitirãocriar a ponte, para o transporte de pessoas e mer-cadorias, mais rápida entre os dois continentes. Eesta situação pode facilmente ser extrapolada para osaeroportos e portos angolanos potenciando o triân-gulo virtuoso da lusofonia económica no Atlântico.

Seria conveniente que as autoridades públicas por-tuguesas olhassem para esta região com a devidaatenção no sentido de reforçarem e expandirem osseus instrumentos de ação, nomeadamente a redeconsular e a estrutura da AICEP, e que tivessem par-ticular atenção à rede informal de bem-sucedidosempresários portugueses com um profundo conhe-cimento dos processos de investimento na região.

Em Dakar, onde atualmente me encontro, a con-vite do United Nations Office on Drugs and Crime(UNODC) para fazer uma palestra sobre cooperaçãotransfronteiriça no combate ao terrorismo a um gru-po alargado de magistrados, polícias e militares dospaíses da África Ocidental e do Sahel, tenho tido apossibilidade de revisitar assuntos aos quais dediqueigrande parte da minha vida profissional.

A África Ocidental e o Sahel são hoje as regiões deorigem das maiores e mais sérias ameaças à segu-rança dos países da Europa ocidental, onde Portugalse insere. Do terrorismo e extremismo de inspiraçãoislâmica, ao tráfico de droga e do tráfico de pessoasao de armas, passando pelos fluxos de emigração ile-gal, estas regiões colocam desafios sérios à segurançainterna e externa dos países europeus, em geral, e dePortugal, em particular.

Não se refere o interesse estratégico português naregião, consubstanciado na existência de dois paísesda lusofonia e outros com os quais tem laços históri-cos únicos, mas apenas o impacto securitário direto.

Lamenta-se o quase total desinvestimento secu-ritário preventivo do nosso país nestas regiões, justi-ficado parcialmente pela importância sedutora deoutras regiões mais orientais do mundo, hoje tão emvoga no nosso panorama mediático-judicial. Nofundo uma verdadeira opção entre segurança e inter-esse, no qual o último triunfou.

Esta excelente iniciativa da UNODC, numa áreafundamental que é a da capacitação das autoridadeslocais, e a recetividade e interesse dos participantespelo nosso país, são indicadores de que Portugalpoderia ter um papel, securitário mas tambémeconómico, relevante na região.

Nordeste do Brasil e África Ocidental

primeira câmaraJorge Silva CarvalhoConsultor especialista em inteligênciacompetitiva e estratégia

A África Ocidental e o Sahel

são hoje as regiões de

origem das maiores e mais

sérias ameaças à segurança

dos países da Europa ociden-

tal, onde Portugal se insere

opinião

O espaço urbano europeu, a cidade europeia, é o resultado deuma “permanente orquestração”, de permanentes negociaçõescomplexas e descontínuas. Reconheça-se, no entanto, que em-bora a “permanente orquestração” seja causa de demoras e adi-amentos na tomada de decisões, importa compreender que asimperfeições no sistema decisional, ao invés de se traduziremexclusivamente em perceção de limitações objetivas, podemconfigurar oportunidades de relevo, melhor, um recurso viá-vel. A imperfeição é o produto de um sistema que, embora to-lere um certo grau de conflito interno e autonomia relativa acada um dos seus componentes, tem a tendência para mantera solidez direcional, graças a um enquadramento, a um dese-nho, que embora pareça distante e confuso, é por todos partil-hado.

Assim, a convocação da liderança metropolitana, em sólidaarticulação institucional com o Governo da República e com aslideranças municipais ématéria e (do mesmo pas-so) proposta incontorná-vel, desde logo face aos de-safios irrenunciáveis decriação de valor. De cresci-mento económico, no con-texto agressivo da globali-zação.

A capitalidade competi-tiva não é compatível coma ausência de projeto es-tratégico integrador, não écompatível com impulsoscentrais ou locais que nãocorrespondam a um exer-cício comum reconhecívele mobilizador da socieda-de.

O contrato regional re-querido deve traduzir-seem documento de nature-za prospetiva, estratégica eintegradora, é, deve ser,um documento sintético ecompreensível, sugerindouma compreensão e concertação comuns, um balanço real deoportunidades sobre os ativos existentes e onde a região, pola-rizada e irradiando da capital, se reconheça, sublinhando a sub-sidiariedade, a descentralização e a responsabilidade social ten-dente ao reforço de processos decisionais democráticos, legíti-mos e representativos, mediante contratos sérios de gover-nança contemporânea e competitiva.

Importa assim firmar um contrato regional integrador,assente numa visão e programas de projetos exequíveis (centra-dos nos ativos existentes e nas oportunidades atrativas sobremercados globais), em exercício de intergovernamentabilidade,envolvendo governo e municípios de âmbito metropolitano eos consequentes programas de atuações coordenadas, enquan-to condição necessária ao sucesso de afirmação de capitalidadereconhecível e competindo por posicionamento regional eglobal.

Contrato regional

raios e luzFernando SearaAdvogado

Importa assim firmar um

contrato regional integrador,

assente numa visão

e programas de projetos

exequíveis

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A retórica na política é de tal forma ensurdecedora que pode pare-cer que vale por si só. A voragem do combate político apoiado em“soundbytes” corre o risco de deixar para 2º plano a substância, tala preocupação em valorizar a forma. Este estilo é particularmentedominado pelos ministros do CDS, que têm em Paulo Portas ummestre inexcedível (que é, a todos os títulos, o verdadeiro profis-sional em exercício neste governo).

Sobre a ministra da Agricultura Assunção Cristas pouco há adizer, passada a euforia dos primeiros meses. Ainda me recordo doanúncio, aclamado com setas ao alto em toda a imprensa, relativoà decisão, a 19 de Agosto de 2011, de alienação da Parque Expo. Es-tamos em Dezembro de 2014 e ainda vai longe uma resolução clarapara esta empresa, que terá que implicar uma definição sobre ofuturo do Oceanário e sobre o destino do Pavilhão de Portugal, parareferir apenas dois dos seus mais emblemáticos ícones, cujaimportância, quer como expressão arquitetónica de referência,quer como memória da Expo 98,merecem tratamento condigno.

De Pires de Lima só me ocorrede momento o seu discurso sobreas “taxas e taxinhas” no Parla-mento. Julgo que terá que se es-forçar duplamente nos mesesque lhe faltam para nos fazer es-quecer esse momento constran-gedor. Quanto a Mota Soares, mi-nistro dos pobres e dos desempre-gados, alargou de forma extraor-dinária o seu leque de ação: hojehá mais 750 mil pessoas abaixoda linha de pobreza do que em2009. Em 2013, quase 11% dosportugueses viviam em privaçãomaterial severa, i.e., pobreza extrema. Os grupos da populaçãomais atingidos são os idosos, crianças e jovens, que só este anocresceram 3,8% e já atingem 31,6% da população portuguesa emestado de pobreza.

O fosso entre os mais ricos e os mais pobres aumenta – a criseem Portugal já gerou mais 85 novos milionários, no mesmo paísonde em cada quatro crianças, uma vive abaixo do limiar depobreza. É este o país que sonhámos ter em 1974? Era este o paísque queríamos consolidar quando aderimos à Comunidade Eco-nómica Europeia? E quando mergulhámos, entusiastas, no gruporestrito da moeda única da União Europeia?

Mas, se ouvirmos os discursos do governo, somos levados a crerque sim.

A moralização dos costumes, a penalização pelos excessos, a for-matação das ambições à dimensão paroquial de quem não temdireito à esperança, são estas as normas que nos têm conduzidonestes anos de chumbo.

Da Democracia-cristã do pós-Guerra, que reconstruiu a Europa eque, com a Social-democracia, inventou o Estado Social, já poucoresta.

Vale-nos, felizmente, o Papa Francisco, que nos lembra que“alguns entendem que o crescimento económico provocado pelaliberalização do mercado provoca uma maior equidade e inclusãosocial, mas esta opinião, nunca confirmada, expressa uma con-fiança absurda e ingénua na bondade de quem detém o poder eco-nómico e financeiro”.

Ingenuidades e enganos

O que leva uma mulher a colocar a vida em risco, sóporque acha que ficará mais bonita?

Andressa Urach, vice-Miss Bumbum 2012 - con-hecida por garantir ter tido um caso com CristianoRonaldo - está há vários dias internada, em estadograve. Motivo? Uma infeção generalizada após umaaplicação de hidrogel nas coxas (produto usado paraaumentar o tamanho das ditas), que correu terrivel-mente mal.

Tudo começou com a vontade de ter pernas maisvolumosas e torneadas, há cinco anos. A aplicação dasubstância começou a trazer-lhe problemas háalguns meses, quando teve uma infeção e foi interna-da para retirar parte do produto. Agora, corre riscode amputação da perna, ou pior, de vida.

Andressa recebeu 400 ml de líquido preenchedorem cada coxa. A recomendação dos especialistas é de2ml. “Utilizar 400ml é a mesma coisa que implantaruma bomba-relógio”, diz um cirurgião plástico.

Honestamente, se fosse o primeiro caso do género,estaria absolutamente boquiaberta, mas é apenasmais um, infelizmente.

Aliás, nos tribunais brasileiros está em curso o jul-gamento de uma falsa biomédica, de apenas 27 anos,que fazia procedimentos estéticos sem estar qualifi-cada para isso. A sua falta de conhecimentos na áreaterá, inclusivamente, levado à morte uma mulher de39 anos, que escolheu a “médica” como especialistaem aplicação de hidrogel.

Com tantos casos noticiados pela imprensa,pasmo-me com a capacidade do ser humano de igno-rar o óbvio. Porque será que tudo acontece aos ou-tros, mas nunca a nós?

O concurso de Miss Bumbum é uma luta desmedi-da pelo maior par de glúteos. Com o caso deAndressa, algumas concorrentes admitiram ter abu-sado de procedimentos estéticos e serem “escravasda beleza”. O tom é quase de autoelogio. Será queelas sabem o que foi a escravidão?

A ditadura da beleza é uma linha transversal àsociedade. Nada de novo. Mas brincar à roleta russa,por estética, parece-me abusivo.

Sou mulher e vaidosa, mas existem limites. Sealgumas pessoas começassem a morrer por comersaladas ou por ir ao ginásio, eu deixaria (de bomgrado) a minha vida saudável, em nome dos meusqueridos batimentos cardíacos. Mesmo que issoimplicasse ficar menos em forma do que gostaria,paciência.

As mulheres precisaram de séculos para supe-rarem os paradigmas da sociedade machista.Ganharam voz, o direito de votar, lugares de topo emgrandes empresas, cargos públicos. Hoje, vivem nabusca incessante pela perfeição, que acreditam seruma liberdade delas. Elas querem ser perfeitas. Masperfeitas para quem? Perfeitas para que padrão?Infelizmente, receio que estas mulheres estejam ape-nas a ser manipuladas pelo consumismo.

A procura da beleza é inerente ao ser humano.Igualmente verdade é que o ser humano está eterna-mente insatisfeito. A combinação pode ser perigosa.

Não deveria, mas surpreendo-me, com o caso daAndressa Urach. Não bastaram as próteses de sili-cone, as plásticas, as lipoaspirações e outros procedi-mentos mais comuns e consolidados, do ponto devista da medicina. Não. Foi necessário aventurar-senuma prática absolutamente duvidosa e arriscada,que já deformou e matou dezenas. E para quê? Parater mais uns míseros centímetros de circunferênciade coxa? Lamentável.

Permitam-me estender o meu desabafo. Mas comopodem mulheres adultas, com acesso a informação,correr o risco de morrer para serem chamadas de“gostosas” por mais dois ou três homens na rua?

Vale a pena ser linda de morrer, literalmente?

Linda de morrer, literalmente?

do outro ladoJuliana Pereira MartinsJornalistaCorrespondente no Brasil

de passagemGabriela CanavilhasPianista, deputada e ex-ministra da Cultura

Como podem mulheres

adultas, com acesso

a informação, correr o risco

de morrer para serem

chamadas de “gostosas”

por mais dois ou três homens

na rua?

A moralização dos costumes,

a penalização pelos excessos,

a formatação das ambições à

dimensão paroquial de quem

não tem direito à esperança,

são estas as normas que nos

têm conduzido nestes anos

de chumbo

opinião

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análise

A prevalência e a mortalidade, emconjunto com a dificuldade e/ouinexistência de cura, são as razõesmais apontadas para justificar oelevado receio associado a estadoença.

Estas são conclusões apuradasno estudo sobre perceções em on-cologia desenvolvido pela GFK,apresentado, recentemente, na2.ª edição do Think Tank InovarSaúde, uma iniciativa da EscolaNacional de Saúde Pública daUniversidade Nova de Lisboa e daRoche.

Assim sendo, no universo dosseus maiores receios, para a maio-ria dos portugueses a grande prio-

ridade deverá ser investir notratamento de doenças oncológi-cas, mais do que nas doenças car-diovasculares ou na diabetes.

Os dados reunidos através de1192 inquéritos presenciais mos-tram que o cancro foi referido es-pontaneamente como a doençamais preocupante por 63% dos in-quiridos. Quando sugerido, 75%avaliam a doença no ponto máxi-mo da escala de preocupação.

É ainda de salientar que nasrespostas dadas, não é claro que otratamento do cancro seja de me-lhor qualidade no privado do queno público. Isto porque mais deum terço dos inquiridos admitemnão estar em condições de fazer acomparação. Os restantes divi-dem-se de forma mais ou menosequitativa.

Por outro lado, no que concer-

ne ao investimento público, os in-quiridos consideram que a saúdeé a segunda área em que mais seinveste (a seguir à administraçãoe função pública). Mesmo assim, éa área face à qual mais defendemque o investimento atual é insufi-ciente (85% dos inquiridos). Po-rém, dentro da saúde, a oncologiaé vista como sendo a área que re-cebe maior investimento público,ainda que mais de metade dosportugueses considera que o Esta-do investe menos agora na áreado cancro do que investia há trêsanos.

Neste contexto, António Go-mes, da GFK, sublinha que, de ummodo geral, os portugueses assu-mem-se empenhados no combateao cancro, ainda que consideremque este empenho faz pouco ecojunto do poder político. É de res-

salvar que a maioria da populaçãoconsidera que está mal ou mode-radamente informada sobre ocancro, pedindo mais informaçãosobre prevenção, diagnóstico erastreio.

Sobre os resultados obtidos nes-te estudo, Luís Costa, diretor doServiço de Oncologia do CentroHospitalar Lisboa Norte, conside-

ra “interessante” que os inquiri-dos afirmem que esta é frequen-temente uma doença para a qualnão existe cura. “Claramente, de-ve haver um maior esforço dosprofissionais de saúde e tambémdos meios de comunicação paraesclarecer quando é que o cancropode ser curável, como o é de fac-to na maioria das vezes. A perce-ção sobre esta doença tem de sermelhor”, frisa.

Luís Costa deixa ainda umanota para a pertinência do factode os portugueses terem expres-sado vontade em serem maisesclarecidos sobre os programasde prevenção.

“Trata-se de uma atitude muitosaudável com grande abertura pa-ra programas de informação. Re-almente, cerca de 25% dos can-cros são evitáveis”, conclui.

Atualmente, o cancro é a doença que os portugueses acreditam ter maior prevalência e taxa de mortalidade. O cancro da mama é o que mais preocupa as mulheres e o do pulmão os homens.

8 EM CADA 10 PORTUGUESES DÁ PRIORIDADE AO INVESTIMENTO EM ONCOLOGIA

Portugueses “morrem de medo”

de morrer de cancro

27%ASMA

22%GRIPE

38%ARTRITEREUMATÓIDE

50%ESCLEROSEMÚLTIPLA

48%DIABETES

41%HEPATITES

59%ALZHEIMER

55%DEPRESSÃO

53%SIDA

85%CANCRO

66%DOENÇASDO CORAÇÃO

7%TODOS

5%CABEÇA

5%LEUCEMIA

7%PELE

Nível de preocupaçãopessoal com o cancro

Nível de preocupaçãopessoal com as doenças

18%INTESTINOS

19%COLO DO ÚTERO

20%PRÓSTATA

37%PULMÃO

43%MAMA

30% 1ª referência | 13% 2ª ref.

11% 1ª ref.9% 2ª ref.

5% 1ª ref.15% 2ª ref.

2% 1ª ref.5% 2ª ref.

13% 1ª Ref.13% 2ª Ref.

5% 1ª ref.13% 2ª ref.

18% 1ª ref. | 18% 2ª ref.

11%ESTÔMAGO3% 1ª ref.7% 2ª ref.

1% 1ª ref.4% 2ª ref.

1% 1ª ref.4% 2ª ref.

34%COLITEULCEROSA

8%FÍGADO1% 1ª ref.7% 2ª ref.

6%PÂNCREAS3% 1ª ref.3% 2ª ref.

SÓNIA BEXIGA [email protected] “Realmente, cerca de 25%

dos cancros são evitáveis

LUÍS COSTA, DIRETOR DOSERVIÇO DE ONCOLOGIA DOCENTRO HOSP. LISBOA NORTE

FONTE: GFK

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www.oje.pt | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | 17 |

Lisboa sempre foi fustigada por intempéries ocasionais. Masnunca como agora o efeito da chuva persistente prejudicoutanto o quotidiano dos seus habitantes. A tal ponto que as pes-soas já começam a encarar com apreensão cada aguaceiro maisforte, receosas dos seus efeitos nas praças e nas ruas da cidade.Algo impensável em qualquer outra capital desta Europa quese pretende evoluída e civilizada.

É inaceitável vivermos tão dependentes dos humores oca-sionais da meteorologia. Noutras urbes europeias, onde chovemuito mais do que em Lisboa, não nos chegam imagens semel-hantes às que se tornaram familiares a quem vive ou trabalhana capital portuguesa.

Imagens pungentes de pessoas que em poucos minutosviram os seus carros afogados em súbitas enxurradas de água elama - algumas das quais tiveram as próprias vidas em risco.Certamente nenhuma delas esquecerá os sustos experimenta-dos nessas tardes depesadelo.

Imagens dramáticasde comerciantes em cho-que ao verem os seus es-tabelecimentos alaga-dos, com prejuízos incal-culáveis, não por alguminsondável desígnio dosdeuses mas pela inacei-tável incúria dos home-ns. Incúria que, neste ca-so, tem um responsávelevidente. Refiro-me aopresidente da CâmaraMunicipal de Lisboa,responsável máximo pe-los destinos da cidade,que por estes dias andatão desfigurada. Um au-tarca que tem feito dacapital mero trampolimpara outros voos políti-cos, revelando uma indi-ferença por vezes arrepi-ante face ao infortúniodos seus munícipes.

É legítimo que Antó-nio Costa sonhe com ou-tros cargos, mas é into-lerável que o faça mani-festando tamanha insen-sibilidade pela popula-ção de Lisboa. Ao afirmar, como já afirmou, que “não existesolução” para as cheias alfacinhas, o autarca não se limita auma surpreendente confissão de impotência: passa tambémum inaceitável atestado de incompetência a toda a sua vastaequipa. Problemas sem solução só é uma fatalidade para quemnão quer resolver os problemas da cidade.

Se Lisboa falasse, gritaria aos quatro ventos um protesto bemsonoro ao ver-se tão maltratada por aqueles que juraram cuidardela.

Lisboa e a ver se chove

Como de costume, nessa tarde de 25 de Outubro oSantiago Barnabéu está cheio. Mas hoje mais do quenunca. Se ganhar o jogo, o Real Madrid passa para afrente do campeonato, cuja liderança pertence nessajornada ao eterno rival Barcelona, com um ponto deavanço.

O encontro nem começa bem para as hostes dos'merengues'. Logo aos 3 minutos, o astro Neymarmarca para os catalães. Mas Cristiano, Pepe eBenzema hão-de dar a volta ao assunto. E, no final, oresultado é 'um' para a cidade condal e 'três' para oresto do mundo – já perceberam, eu se fosse espan-hol era do Madrid!

O Real Madrid, de vitória em vitória – é o clubeeuropeu com mais Taças dos Campeões e o espanholcom mais títulos nacionais -, não tem, em termoshistóricos, rival desportivo no Velho Continente, e éuma das marcas mais conhecidas do mundo. Aadministração do clube investe milhões todos osanos para que os hinchas festejem nas Cibeles, a'magna mater' do espírito madridista.

Mas, apesar da modernização, o futebol europeuainda vive muito dos adeptos e das suas con-tribuições. A mundialização do desporto-rei, comoâncora de grandes investimentos – uma final da Ligados Campeões ou do Campeonato do Mundo são dastransmissões televisivas mais vistas do planeta -,trouxe a visibilidade a que as grandes marcas de con-sumo precisam de estar associadas.

Pouco a pouco, os clubes da paixão passaram a'apaixonar' magnatas. E são bons para dar um aspec-to simpático a dinheiro que, de outro modo, nãoteria bom perfume. O petróleo é pioneiro nessas'refinarias'. Seja russo ou árabe, ataca a Europa – etambém a América do Sul, onde pontificam outrosgrandes emblemas do futebol. E dá jeito às depaupe-radas finanças dos grandes clubes.

No futebol, não se fazem muitas perguntas deonde é que vem o dinheiro. O que é preciso é que nofinal do ano ele se transforme em campeonatos,como Midas poderoso e feiticeiro da sociedade mo-derna. Mas tem um preço. E o Real Madrid pode estarprestes a pagá-lo.

A IPIC-International Petroleum InvestmentCompany, criada pelo Governo de Abu-Dhabi em1984 para projectos no exterior, é hoje o principalparceiro económico do Real Madrid. À empresa glo-bal - que detém, entre outras participações, mais de4% da EDP - juntou-se no passado mês de Novembroo Banco de Abu-Dhabi, controlado, como quase tudopor aqueles lados, pela família real do emirato.

E aqui é que a porca torce o rabo. O emblema doReal Madrid, com excepção de um breve interregnodurante a República dos anos 30, sempre teve naparte de cima uma coroa (real), encimada pela cruzcristã, à semelhança da que era usada por AfonsoXIII, o rei que é dado como o unificador do futebolespanhol na segunda década do século passado.

Agora pode estar prestes a perdê-la. É que os sóciosmuçulmanos não vêem com bons olhos um símboloque lhes lembra as Cruzadas. E Florentino Pérez, opresidente do Real, meteu o rabo entre as pernas,como cachorro assustado e obediente – vai-se a cruz,ficam os dólares! Os adeptos mais tradicionais é queparece que não estão a gostar nada do negócio.

O problema nem sequer é novo – até atacouprimeiro o rival. O FC Barcelona, que orgulhosa-mente demorou tempo a chegar à época dospatrocínios, lá se 'vendeu' à Qatar Sports Investment,e hoje usa o símbolo da Qatar Airways. A cruz deSant Jordi, que aparecia na parte superior esquerdado emblema, desapareceu nos equipamentos vendi-dos nos países árabes e outros muçulmanos.

Um qualquer Nasser também comprou a maioriado capital do Paris Saint-Germain (PSG). E o símbolocatólico de Luís XV, que fazia parte do emblema, foiapagado. Os grandes clubes do mundo estão todos aser comprados pelo petróleo árabe, que um dia vaidesaparecer, e há que 'diversificar' investimentos.Arsenal, Milan, Hamburgo e Flamengo já constam doport-folio da Fly Emirates. O Manchester City foirecuperado das cinzas pelo sheik Mansour e o seuAbu Dahbi United Group.

Há muitas maneiras de conquistar uma civiliza-ção. E nem todas têm que ser à bomba. Há muitasmaneiras de glorificar a Deus. Às vezes, basta umainflexão ortográfica para perverter uma invocaçãoantiga ¡Hala Madrid!

(Por vontade expressa do autor, este texto não segueo novo acordo ortográfico)

¡Hala Madrid!

claque quenteMárcio Alves CandosoJornalista

miradouro do AdamastorMauro XavierGestor

Ya salen las estrellas

Mi viejo Chamartín

De lejos y de cerca

Nos traes hasta aquí.

Madrid, Madrid

¡Hala Madrid!

Y nada más.

(Hino do Real Madrid)

É legítimo que António Costa

sonhe com outros cargos,

mas é intolerável que o

faça manifestando tamanha

insensibilidade pela

população de Lisboa

opinião

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“Um novo poder cibernético glo-bal emergiu. E já comprometeualgumas das infraestruturasmais importantes do mundo”.Estas são as primeiras frases norelatório “Operação Cleaver”,realizado pela empresa america-na de segurança eletrónica Cy-lance, e que “lança luz sobre osesforços de um grupo coordena-do e determinado que trabalhapara minar a segurança de pelomenos 50 companhias de 15 se-tores em 16 países”. O grupo éiraniano, denuncia. O documen-to revela as táticas, técnicas eprocedimentos utilizados numacampanha na internet que, frisa,ainda está em curso.

O IRÃO É A NOVA CHINA

Nos últimos dois anos, hackersiranianos infiltraram-se nos sis-temas de grandes companhias,alerta o relatório da Cylance(www.cylance.com). E adverteque, “se deixarem esta operaçãocontinuar livremente sem oposi-ção, será apenas uma questão detempo até que a equipa (de hack-ers) consiga produzir impacto nasegurança do mundo real”. Mais:após dez anos em que se conside-rou o país mais populoso do mun-do como a principal ameaça noque diz respeito à informação, osespecialistas em segurança onlinetêm de interiorizar que “o Irão é anova China”, sublinha a Cylance.

Os dados recolhidos pela em-presa da Califórnia mostram quealguém sediado no Irão está alançar um ataque cibernético or-ganizado a um grande númerode alvos. O objetivo é espiar e re-colher informação. E que a sofis-ticação aponta para apoio esta-tal, ou seja, que Teerão estará aorquestrar a investida. Aliás, aCylance diz que se trata do mes-mo grupo que em 2013 conse-guiu perpetrar um ataque eletró-

nico contra a Marinha dos EUA. O documento não identifica as

companhias-alvo, referindo noentanto que os ataques estão di-recionados a aeroportos, empre-sas aerospaciais, de aviação co-mercial, de defesa/inteligênciamilitar, de eletricidade, de gás epetróleo, hospitais, universida-des ou operadores de telecomu-

nicações. E os países visados sãoa Alemanha, Arábia Saudita, Ca-nadá, China, Coreia do Sul, Emi-rados Árabes Unidos, EUA (só emsolo americano foram invadidosdez alvos), França, Índia, Ingla-terra, Israel, Kuwait, México, Pa-quistão, Qatar, Turquia.

Como tal, o documento indicaque a abrangência dos ataqueslevados a cabo “demonstra aomundo que o Irão já não se con-tenta em retaliar apenas contraos EUA ou Israel. Tem intençõesmais incisivas: posicionar-se pa-ra impactar infraestruturas crí-ticas a nível global.

A Cylance explica ainda quetornou o relatório público antesdo previsto porque acredita serimportante expor “o crescenteexpertise do Irão”. E acrescentaque já terá prevenido alguns dosatingidos pelos ciberataques, as-sim como o FBI.

CIBERAMEAÇA N.º 1

A Cylance diz que iniciou a inves-tigação depois de um cliente lheter pedido assistência num ata-que de malware (software instala-do no sistema sem consentimen-to). Com o passar do tempo, os in-vestigadores da empresa foramapercebendo-se de que outrosclientes tinham sido alvo de ata-ques semelhantes. Em qualquerdos casos a informação que estavaa ser retirada dos sistemas infor-máticos era encaminhada paraum servidor em particular, a quea Cylance conseguiu aceder e fezo download de todos os dados aque teve oportunidade de deitarmão. Entre os documentos retira-dos estão, por exemplo, diagra-mas de centrais elétricas, listas depasswords e registos de utilizado-res ou imagens de um sistema desegurança de uma energética noMédio Oriente.

| 18 | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | www.oje.pt

análise

CIBERATAQUES

O Irão nuclear é perigo de ontem.

Hoje a ameaça é mais insidiosa: online

Nos últimos dois anos, hackers iranianos infiltraram-se em companhias de defesa, aerospaciais ou energéticas,entre outras, numa campanha orquestrada que poderá causar sérios danos no mundo real, revela a Cylance.

PAÍSES E SETORESATINGIDOSAlemanha

TelecomunicaçõesArábia Saudita

Gás e petróleoAeroportosCanadá

Energia & utilitiesGás e petróleoHospitaisChina

AerospacialCoreia do Sul

AeroportosCompanhias aéreasEducaçãoTecnológicasIndústria pesadaEmirados Árabes Unidos

GovernoCompanhias aéreasEUA

Companhias aéreasEducaçãoQuímicosTransportesEnergia & utilitiesMilitar/GovernoBase de defesa França

Gás e petróleo Índia

EducaçãoInglaterra

EducaçãoIsrael

AerospacialEducaçãoKuwait

Gás e petróleo TelecomunicaçõesMéxico

Gás e petróleo Paquistão

AeroportosHospitaisTecnológicasCompanhias aéreasQatar

Gás e petróleo GovernoCompanhias aéreasTurquia

Gás e petróleo

OJE

�O relatório “lança luz

sobre os esforços de

um grupo coordenado

e determinado que

trabalha para minar a

segurança de pelo menos

50 companhias de 15

setores em 16 países

CYLANCE

ARMANDA [email protected]

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EPA/JEROME FAVRE

www.oje.pt | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | 19 |

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Estudantes

recusam rendiçãoEstão nas ruas desde 28 de setembro e nem as cargaspoliciais ou os apelos de quem os lidera os demove.

Benny Tai, Chan Kin-man e ChuYiu-ming, os três fundadores domovimento Occupy Central, en-tregaram-se, tal como tinhamanunciado, às autoridades polici-ais de Hong Kong.

Passadas algumas horas comu-nicaram, aos media que os aguar-davam junto à esquadra, que nãoreceberam ordem de prisão e quepreenchida a papelada que asituação exige, foram informadosque responderão pelo crime deatividades ilegais. E uma vez maisdeixaram o apelo aos manifes-tantes no sentido de abandona-rem as ruas e os pontos de mani-festação. “A rendição não é umato de cobardia, é a coragem deagir. Render não é falhar, é adenúncia silenciosa de um Gover-no sem coração”, disse Tai. Eacrescentou que a polícia “estáfora de controlo” e é chegada ahora de os manifestantes aban-donarem “estes locais perigosos”.

Porém, os estudantes do Scho-larism já fizeram saber que nãopretendem parar os protestos.

Desde segunda-feira, três estu-dantes, incluindo o líder do movi-mento Scholarism, Joshua Wonginiciaram uma greve de fome.silenciosa de um governo sem co-ração”, disse Tai.

Importa sublinhar que os líde-res do movimento de desobediên-cia civil Occupy Central, criadoem 2013 para pressionar refor-mas políticas, nas últimas sema-nas assumiram uma posição maisdiscreta à medida que os estu-dantes radicalizaram as suasações (ainda que o número de pes-soas nas ruas tenha diminuídosignificativamente desde o finalde setembro). Esta decisão de ren-dição teve como base a noite dopassado domingo, altura em quecentenas de manifestantes entra-ram em confronto com a políciaem Admiralty, junto à sede do Go-verno, ao tentarem forçar os cor-dões de segurança e invadir edifí-cios governamentais.

Quanto à posição do Governocentral chinês, é de insistência deque os candidatos a chefe do exe-cutivo em 2017 sejam pré-selecio-nados por um comité, condiçãorejeitada pelos manifestantes.

SÓNIA [email protected]

Os mais recentes con-

frontos em Admiralty

são apontados como os

mais graves registados

desde o início dos

protestos

internacional

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cultura EDITADO POR ARMANDA ALEXANDRE

Festival

com bastião

lusófono nos

quatro cantos

do mundo

Se acha que é impossível realizar um festival que fala a língua de Camões em cerca de 20 países, 70 locais, 100 eventos e com a participação de cercade 400 intervenientes, esteja atento à primeira edição do Festival 6 Continentes – O Festival!, que se realiza amanhã.

O primeiro franzir de olhos surgequando lemos o nome do evento:Festival 6 Continentes – O Festi-val! “Sim, estamos a falar de seiscontinentes, umas teorias apon-tam para sete, outras para seis,mas nós assumimos a Américado Norte e a América do Sul co-mo dois continentes distintos”,esclarece Filipe Larsen, organiza-dor do evento. A dimensão inter-continental está esclarecida, res-ta perceber como se monta esteambicioso festival, de perio-dicidade anual, que acontecenum único dia – este ano, a 6 dedezembro – e em praticamentetodos os pontos do globo ondeexistem comunidades lusófonas.Com o objetivo de chegar a cercade 250 milhões de lusófonosestão programadas várias ativi-dades culturais que incluem con-certos, encontros de poesia, ex-posições de arte, peças de teatro,dança, lançamentos de livros,eventos gastronómicos, coló-quios, mostras de artesanato, mo-da e todo o género de expressõesartísticas relacionadas com alusofonia.

São 20 os países que aderiramao evento: Portugal, Espanha,França, Suíça, Bélgica, Luxembur-

go, Reino Unido, Brasil, Uruguai,Argentina, Cabo Verde, África doSul, Índia, Japão, China, Timor--Leste, Austrália, Alemanha, Ve-nezuela e Líbano. Cada um destespaíses faz-se representar por lo-cais (cidades ou vilas) que preten-dam mostrar a sua produção cul-tural realizada no âmbito do temalusófono. As produções são locaise autónomas, devendo apenascumprir o requisito obrigatório dedefender a identidade e a culturalusófona. “Cada local apresenta oseu programa e eu confirmo se as-senta nos pressupostos de perso-nalidade do festival. Os progra-mas devem focar-se, essencial-mente, na qualidade e em con-teúdos culturais que tenham aver com a lusofonia”, explica. Fi-lipe Larsen acrescenta ainda que“a qualidade da programaçãotambém é um requisito do qualnão prescindimos”.

A ponte com as comunidadesdos países envolvidos é feita atra-vés de uma espécie de embaixa-dores locais, que podem ser artis-tas, produtores ou outro tipo deestruturas artísticas, que subme-tem as várias propostas ao festi-val. Nesta primeira edição estáprevista a realização de mais de

Filipe Larsen

organizador do evento

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uma centena de eventos. Apesarde o organizador estar a léguas dedistância da maioria dos paísesque integram o festival, a internetencurtou quilómetros, tendo sidofeito um acompanhamento próxi-mo de todos os projetos.

Se a internet reduz as distân-cias, a vontade, a resiliência e oamor à arte tiveram de encurtar,por força da necessidade, o cami-nho aos cerca de 200 mil eurosque seriam precisos para produ-zir um festival desta dimensão,nas contas feitas por Filipe Lar-sen. Com zero apoios financeirosde entidades institucionais, o fes-tival conta apenas com o patro-cínio da Delta Cafés e o afinco deuma equipa de quatro pessoasque trabalha, desde março desteano, uma média de 14 horas pordia para que o encontro se realizeamanhã com sucesso. “Estamos afalar de muitos milhares de horasinvestidas e dedicadas à causa cul-tural da lusofonia, sem apoios deespécie nenhuma”, ressalva. Por-quê? “Fiz questão de mostrar queum evento mundial pode aconte-cer sem a ajuda de ninguém, sejaem termos financeiros seja insti-tucionais, não quis estar a pedin-char. A primeira edição do Festival

6 Continentes – O Festival! serviráde montra para os próximos festi-vais”, acrescenta. As várias mani-festações que ocorrem em simu-ltâneo nos quatro cantos do mun-do vão ser registadas e veiculadasatravés da página oficial do even-to no Facebook e através do canalYoutube. “Será impossível ter-seuma perceção de todos os eventos

que decorrem em todo o mundoneste festival, mas o conceito épromover o encontro localmente,não interessa estar em cada locala dar uma injeção de progra-mação de outros sítios que as pes-soas não vão assistir”. No entanto,Filipe Larsen adianta que nestemomento estão a ser desenvolvi-dos um livro e um documentáriosobre o festival para que hajauma visão global da iniciativa.

No caso português, aderiram aoevento cerca de 40 cidades, denorte a sul do país. Na capital,destaque para a performance“Ter ou não ter”, resultante dasoficinas de teatro da Fábrica deAlternativas em Algés, e que seráapresentada no Café Teatro da Co-muna, pelas 17h00; o espetáculo“B.Léza” de homenagem ao poetae compositor cabo-verdiano Fran-cisco Xavier da Cruz, que terá lu-gar às 20h00 na Associação Cabo--Verdiana; e o evento gastronómi-co “Adega Wine Marquet”, prota-gonizado pelo chef Joe Best, noHotel Florida.

Filipe Larsen acredita que, parao próximo ano, os cerca de 70 lo-cais que integram o encontro vãocrescer para 200, e existirão maismeios e apoios.

www.oje.pt | sexta-feira 5 de dezembro de 2014 | 21 |

EDITADO POR ARMANDA ALEXANDRE

Projeto Paraíso no Maria MatosDepois de “What I Heard About the World” ter tido mais

de 100 apresentações em Portugal, Reino Unido, Brasil,

Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Bósnia e Herzegovina,

Líbano e Polónia, o Teatro Maria Matos volta a receber uma

colaboração entre a mala voadora (de Lisboa) e os Third Angel

(de Sheffield). Em palco, duas pessoas – uma inglesa e outra

portuguesa – manejam instrumentos e materiais que ora

destroem o velho, ora erguem um novo mundo.

Data: 4 a 13 dezembro

nãoperca

Concertos de Natal em LisboaO “Natal em Lisboa” está de volta para a encher de música as

igrejas da cidade, com concertos de entrada livre que aliam a

arte à espiritualidade típica desta época do ano. Nesta edição,

o Cinema São Jorge e o São Luiz Teatro Municipal juntam-se

às igrejas de São Nicolau, de São Roque, das Mercês, da Graça

de São Domingos, que todos os anos são palco desta iniciativa.

Os Músicos do Tejo são os primeiros a atuar, dia 7, às 16h00,

na Igreja de São Nicolau. Para encerrar, o São Luiz recebe

no dia 21 de dezembro a Orquestra Metropolitana de

Lisboa & Coro Sinfónico Lisboa Cantat, num concerto

de Natal com a inconfundível assinatura de Mozart.

Data: 7 a 21 de dezembro

CCB acolhe exposição de Arquitetura daBienal de VenezaA exposição “Homeland, News from Portugal”, que este ano

representou Portugal na 14.ª Exposição Internacional de

Arquitetura - La Biennale di Venezia, é apresentada em Lisboa,

no Centro Cultural de Belém (CCB). Organizada e produzida pela

Trienal de Arquitetura de Lisboa e comissariada pelo arquiteto

Pedro Campos Costa, esta apresentação no CCB resume

o exercício de reflexão e trabalho prático desenvolvidos

ao longo dos seis meses na Bienal de Veneza.

Data: 9 de dezembro a 28 de fevereiro

Concerto Live Freedmon III no Teatro TivoliO concerto Live Freedom volta a decorrer no dia 10

de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos,

no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa. Esta terceira edição

do evento é apresentada pelo humorista Ricardo Araújo Pereira

e conta com as atuações de Xutos & Pontapés e Linda Martini.

O objetivo do Live Freedom III é promover a Maratona

de Cartas da Amnistia Internacional, que todos os anos

mobiliza milhões de pessoas a enviar cartas em nome

de indivíduos cujos direitos humanos foram violados.

O ano passado Portugal foi o sexto país que mais contribuiu,

superando as 96 mil cartas com apelos. A Maratona de Cartas

é a maior iniciativa global da Amnistia Internacional.

Data: 10 de dezembro

cultura

FUNCHAL PONTA DELGADA

PRAIA DA VITÓRIA

JOÃO PESSOAFORTALEZASÃO GONÇALONITERÓIMONTEVIDEUBUENOS AIRESCARACASCIDADE DA PRAIAJOANESBURGODAMÃONAGOYAMACAUDÍLIPERTH

LISBOA

PORTO

GONDOMAR

TAVIRA

SINTRAODIVELAS

LEIRIA

LOULÉ

LOURES

MAIA

ÉVORA

VILA REAL

SETÚBAL

FIGUEIRA DA FOZ

ESPINHO

ALCOCHETE

CHARNECA DA CAPARICA

FELGUEIRAS

BRAGA

SEIA

VILA DO CONDEPAÇOS DE FERREIRA

MAFRA

ALMANCIL

CORROIOS

VISEU

FARO

RIO TINTO

ESTORIL

SANTIAGO DO CACÉM

VILA NOVA DE GAIA

SERTÃ

MONTIJO

AMARANTE

SANTO TIRSO

PINHAL NOVO

TOMAR

COSTA DE CAPARICA

MADRIDPARISLUCERNAMAINZBRUXELASLUXEMBURGOLONDRESCARDIFFWREXHAMS.PAULORIO DE JANEIROMARICÁARACAJUSALVADOR DA BAHIA

“Quebra-Nozes” no Teatro CamõesA Companhia Nacional de Bailado (CNB) apresenta no Teatro

Camões, em Lisboa, “O Quebra-Nozes”, um clássico do bailado

associado ao culto nórdico da árvore de Natal. Adaptado por

Alexandre Dumas para um conto infantil, o “Quebra-Nozes”

conta a história de uma menina que recebe como presente

de Natal um boneco de madeira. O bailado criado pela dupla

Petipa e Tchaikovsky (libretista e compositor, respetivamente)

foi coreografado pela primeira vez por Lev Ivanov, em 1892.

A CNB leva-a agora a palco com coreografia de Fernando

Duarte, encenação e dramaturgia de André e. Teodósio

e interpretação musical da Orquestra Sinfónica Portuguesa,

sob direção de José Miguel Esandi.

Data: 5 a 21 de dezembro

Estamos a falar de

muitos milhares de horas

investidas e dedicadas

à causa cultural da

lusofonia, sem apoios

de espécie nenhuma

FILIPE LARSEN

ORGANIZADOR DO EVENTO

JOÃO F. B. TAVARES

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A Moka Express, inventada em 1933

por Alfonso Bialetti, permitiu preparar

café expresso em casa

A atual mostra patente na RocaLisboa Gallery faz uma viagempela evolução da relação entre osobjetos e o dia a dia das civiliza-ções. A exposição “Objetos quemudaram o mundo” divide-se emquatro temas: lar, escritório, rua ePortugal. O visitante pode ver so-bretudo dois tipos de artigos. Porum lado, algumas das primeiraspeças produzidas industrialmen-te, em que “o design é a expressãodireta da invenção”, dado quepermitiram suprir necessidadesbásicas graças à sua utilidade e setornaram pioneiras no processode evolução marcado por cons-tantes melhorias tecnológicas.Por outro lado, peças que se man-

têm inalteradas em termos de de-sign original, destacando a “natu-reza claramente transcendental”.

Entre os objetos que mudarampor completo o nosso quotidiano,de destacar a bicicleta Rover Safe-ty (deixou de ser um item de des-porto exclusivo das classes altaspara se converter num meio detransporte universal e barato), aPolaroid Land Camera Model 95(cuja revelação instantânea revo-lucionou a fotografia do séc. XX),ou o Macintosh 514 K (informáti-ca doméstica para todos, em quenão era necessário ser um peritopara o utilizar). E depois há ou-tros marcos icónicos de design einovação que se mantiveram atéhoje, como o clip, a caneta BIC, ozipper, o tupperware, a cafeteiraMoka ou os jeans.

ESPAÇO DE DIÁLOGOInaugurada em junho de 2011, aRoca Lisboa Gallery ocupa um an-tigo palacete no início da Avenidada Liberdade, na Praça dos Restau-radores, n.º 46. E assenta numconceito de flexibilidade, ondeprodutos do grupo espanhol Roca(que fabrica e comercializa artigospara o espaço de banho, pavimen-tos e revestimentos cerâmicos)partilham o mesmo edifício “comexposições, apresentações, encon-tros de profissionais e eventos deinteresse, que dinamizam a ofertasociocultural de Lisboa”. A mostra“Objetos que mudaram o mundo”encontra-se no 4.º e último piso,até março de 2015.

Objetos que mudaram a forma

como nos relacionamos com o mundoSabia que, quando tira o invólucro de um Chupa Chups, tem nas mãos arte de Salvador Dalí? Ou que a criação da simples borracha que utilizamos para apagar os nossos erros é atribuída a um português? Pode ficar a par destas e de outras curiosidades na exposição “Objetos que mudaram o mundo”, na Roca Lisboa Gallery até março.

BRUNO DE SOUSA

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cultura EDITADO POR ARMANDA ALEXANDRE

�As Roca Galleries

(presentes em Londres,

Xangai, Barcelona, Madrid

e na capital portuguesa)

são “ponto de encontro

e um espaço de diálogo

aberto a interioristas,

designers e arquitetos

de todo o mundo”

VESPA PIAGGIO 125

“Bello, sembra una vespa”

(Linda, parece uma vespa), foi

o que disse Enrico Piaggio ao ver

o desenho da scooter que tinha

encomendado ao engenheiro aero-

náutico Corradino d’Ascanio, que

não era grande aficionado de mo-

tas, considerando-as incómodas

e difíceis de conduzir. Pelo que

concebeu um veículo para quebrar

o tradicional, reunindo a “popula-

ridade de uma bicicleta, o desem-

penho de uma motocicleta e a

elegância e conforto de um carro”.

A primeira Vespa foi lançada em

1946, e a marca rapidamente

se converteu num mito.

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cultura

Mercado de Natal

de origem portuguesa

A Arena do Campo Pequeno, emLisboa, recebe até segunda-feira,dia 8 de dezembro, mais de 120expositores com artigos de autore peças de artesanato e design ex-clusivamente de origem portu-guesa, maioritariamente inspira-dos nas artes e ofícios tradicio-nais. Das 11h00 às 21h00, os visi-tantes “podem encontrar peçasoriginais, do tradicional ao con-temporâneo, a preços atrativos,contribuindo para a sustentabili-dade de pequenos ofícios e para odesenvolvimento da microecono-mia nacional”.

Uma das novidades desta quar-ta edição são os workshops e ate-liês temáticos: da construção deum presépio em barro à elabora-ção de essências e óleos aromáti-cos, passando pela recuperaçãode móveis à arte da costura, nãofaltam sugestões para experi-mentar em família. Outra novi-dade é o espaço gourmet, com pe-tiscos e tapas com assinatura, ela-borados com os produtos existen-tes no mercado. MedTastes com achef Justa Nobre, Charcutaria deLisboa, Gourmeceria e Tradiçõesdo Campo são alguns dos nomesconfirmados. Há ainda o Espaçoda Brincadeira, sob supervisãodas educadoras da Casa da Crian-ça de Tires, com pinturas faciais,balões e jogos, e onde os mais pe-quenos aprendem a criar enfeitespara a árvore de Natal e presen-tes personalizados.

Filipe Frazão, responsável pelaorganização, refere que a iniciati-va “tem como objetivo a divulga-

ção, estímulo e sustentabilidadede pequenos ofícios, artesãos emicro atividades produtivas na-cionais que, apesar da sua quali-dade, não têm oportunidades dese apresentar junto do grande pú-blico”. E recria-se assim “o espíri-

to dos mercados antigos portu-gueses, onde se podia encontrarum pouco de tudo, maioritaria-mente de autor”. Celebra-se “oque de melhor se faz em Portugalcom uma vertente solidária mui-to vincada”. Isto porque estãopresentes Instituições Particula-res de Solidariedade Social, comoa Make-a-Wish, Reklusa, Vale deAcór, APPDA, Casa da Criança deTires e a Helpo, que divulgam asua obra e podem angariar recei-tas extraordinárias.

O bilhete de entrada custa 1euro, dedutível em qualquercompra de valor igual ou supe-rior a 8 euros.

O Museu do Oriente, em Lisboa,sugere que este Natal demos maissignificado ao ato de embrulharos presentes. Para tal, realiza umworkshop na próxima quarta-fei-ra, dia 10 de dezembro, das 15h00às 17h00, em que é dada a conhe-cer uma técnica ancestral japone-sa, o orikata. “Através desta formade arte conseguem desvendar-seaspetos da cultura nipónica e per-

ceber os pontos comuns com atradição portuguesa que, afinalnão é assim tão distinta”.

O objetivo é levar os participan-tes a aprender o significado dascores e a dobrar corretamente opapel, de maneira a transformaros presentes de Natal “em ofertasrepletas de significado.” A forma-ção estará a cargo de Susana Do-mingues, e destina-se a adultos apartir dos 16 anos (com um míni-mo de dez participantes e um má-ximo de 15). Por 20 euros.

Presentes embrulhados com significado

WORKSHOP

LAZER

DR

DR

Crê-se que a borracha de apagarfoi inventada em meados do séc.XVIII pelo físico português Maga-lhães ou Magellan (1722-1790), sebem que o químico inglês JosephPristley parece ter sido o primei-ro a falar dela, em 1770. Mas nemMagalhães nem Joseph Priestleypensaram nas possibilidades eco-nómicas do invento apagador. Foio engenheiro londrino EdwardNaine quem, em 1770, já comer-

cializava os blocos de caucho na-tural ou “borracha de apagar”.Após algumas afinações/melho-rias no material até se chegar aoprocesso de vulcanização, foi aGoodyear que patenteou a borra-cha permanente, em 1844.

Borracha de apagar,invenção portuguesa?

A empresa de armamento Reming-ton & Sons fabricou a primeiramáquina de escrever da históriaproduzida industrialmente, em1874. Tratava-se da Sholes & Glid-den type writer, ou Remington

n.º1, inventada por ChristopherLatham Sholes, que, com CarlosGlidden, tinha trabalhado emmais de 30 protótipos desde mea-dos da década de 1860. As seisprimeiras letras no teclado forma-vam a palavra “qwerty”, e cujadisposição – que permitia escre-ver a palavra “typewriter” (má-

quina de escrever) comas letras da fila superiordo teclado – se conver-teu na norma interna-

cional, e foi herdada para oteclado do computador, quetambém recebeu desta má-quina o símbolo @ e a fór-mula CC (cópia). A máquinadespertou o interesse deescritores como Marc Twa-in, que na sua autobiografiaenaltecia o facto de ser aprimeira pessoa do mundo aaplicar a máquina de escre-ver à literatura.

Remington,a origem do teclado Qwerty

No sentido de evitar que as crian-ças ficassem com os dedos pega-josos depois de comerem doces, ocatalão Enric Bernat, descendentede uma família de doceiros, acres-centou, em 1958, um pau de ma-deira ao doce. E assim nascia oChups, que passou a chamar-se

Chupa Chups devido ao slogan derádio “Chupa un caramelo chu-pa, chupa, chupa Chups” (Chupaum doce, chupa, chupa, chupaChups). Anos mais tarde o pau demadeira foi substituído por umde plástico. Mas era necessáriauma imagem que assegurasse o

êxito internacional,tendo o desenho damesma ficado a car-

go de Salvador Dalí, queem 1969 criou o logótipo co-

lorido e floral que hoje nos é tãofamiliar.

Chupa Chups,sem dedos pegajosos

O evento recria o espírito

dos mercados antigos,

onde se podia encontrar

um pouco de tudo,

maioritariamente

de autor

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