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63 Frutas do Brasil, 37 Maçã Produção 8 NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE POMARES Gilmar Ribeiro Nachtigall Clori Basso Cláudio José da Silva Freire INTRODUÇÃO Para a obtenção de boa produtividade e de frutas de qualidade, a macieira requer solos com boa fertilidade. O manejo dos nutrientes é fundamental para o bom desempenho do pomar. O estado nutricional da macieira é influenciado por uma série de fatores, como tipo de cultivar e porta-enxerto, tipo e manejo do solo, fatores climáticos, tipo de sistema de condução e de plantio, fatores climáticos, entre outros. O sucesso no cultivo da macieira, além dos aspectos relacionados à implantação do pomar, depende do manejo adequado de todos os fatores de produção. O manejo adequado da fertilidade do solo e o acom- panhamento do estado nutricional das plantas representam um destes fatores. De nada adianta utilizar cultivares e porta-enxertos adequados, realizar um bom manejo de plantas, pragas e doenças, se o solo não fornecer nutrientes de forma adequada e no momento correto. Mesmo não ocorrendo sintomas visíveis de deficiência nutricional, poderão ocorrer situações em que se tenha produção reduzida e baixa qualidade das frutas, trazendo prejuízo econômico ao produtor. Para que isso não ocorra, é necessário realizar o monitoramento periódico da fertilidade do solo e do estado nutricional das plantas, para que o fruticultor possa tomar medidas corretivas no caso de desequilíbrios. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS A extração anual de macronutrientes por uma planta adulta de macieira ocorre na seguinte ordem : potássio > nitrogênio > cálcio > magnésio > fósforo. Quanto à marcha de absorção de nutrientes, representada pelos teores nas folhas da brotação à colheita, observa-se uma tendência decrescente para nitrogênio, fósforo e potássio, e tendência crescente para cálcio e magnésio. Importância dos nutrientes Sob o ponto de vista nutricional, para a obtenção de plantas produtivas e com produção de qualidade, é necessário que haja disponibilidade e absorção dos nutrientes em proporções adequadas, tanto via solo como por suplementação via foliar. Qualquer desequilíbrio nessas proporções pode causar a deficiência ou o excesso de nutrientes. A deficiência de nutrientes caracteriza-se pelo suprimento insuficiente de um ou mais nutrientes, sendo provocada pela baixa disponibilidade deste(s) no solo, por características do solo (pH, capacidade de retenção do solo etc.), pelo antagonismo entre nutrientes ou por características da planta. Já o excesso de nutrientes, como o próprio nome diz, esta relacionado à presença em níveis elevados do nutriente, podendo causar ou não toxidez na planta. Nitrogênio Como o nitrogênio é um nutriente que desempenha importante papel no crescimento vegetativo, exercendo influência na formação inicial da planta bem como na renovação de brotações que

NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE POMARES - Ageitec · aumentou conforme aumentou o teor foliar de potássio. A deficiência aguda de potássio na macieira manifesta-se nas folhas na forma

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8 NUTRIÇÃO EADUBAÇÃO DEPOMARES

Gilmar Ribeiro NachtigallClori Basso

Cláudio José da Silva Freire

INTRODUÇÃO

Para a obtenção de boa produtividadee de frutas de qualidade, a macieira requersolos com boa fertilidade. O manejo dosnutrientes é fundamental para o bomdesempenho do pomar. O estadonutricional da macieira é influenciado poruma série de fatores, como tipo de cultivare porta-enxerto, tipo e manejo do solo,fatores climáticos, tipo de sistema decondução e de plantio, fatores climáticos,entre outros.

O sucesso no cultivo da macieira, alémdos aspectos relacionados à implantação dopomar, depende do manejo adequado detodos os fatores de produção. O manejoadequado da fertilidade do solo e o acom-panhamento do estado nutricional das plantasrepresentam um destes fatores. De nadaadianta utilizar cultivares e porta-enxertosadequados, realizar um bom manejo deplantas, pragas e doenças, se o solo nãofornecer nutrientes de forma adequada e nomomento correto.

Mesmo não ocorrendo sintomasvisíveis de deficiência nutricional, poderãoocorrer situações em que se tenha produçãoreduzida e baixa qualidade das frutas,trazendo prejuízo econômico ao produtor.Para que isso não ocorra, é necessáriorealizar o monitoramento periódico dafertilidade do solo e do estado nutricionaldas plantas, para que o fruticultor possatomar medidas corretivas no caso dedesequilíbrios.

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS

A extração anual de macronutrientespor uma planta adulta de macieira ocorre

na seguinte ordem : potássio > nitrogênio> cálcio > magnésio > fósforo. Quanto àmarcha de absorção de nutrientes,representada pelos teores nas folhas dabrotação à colheita, observa-se umatendência decrescente para nitrogênio,fósforo e potássio, e tendência crescentepara cálcio e magnésio.

Importânciados nutrientes

Sob o ponto de vista nutricional, paraa obtenção de plantas produtivas e comprodução de qualidade, é necessário quehaja disponibilidade e absorção dosnutrientes em proporções adequadas, tantovia solo como por suplementação via foliar.Qualquer desequilíbrio nessas proporçõespode causar a deficiência ou o excesso denutrientes. A deficiência de nutrientescaracteriza-se pelo suprimento insuficientede um ou mais nutrientes, sendo provocadapela baixa disponibilidade deste(s) no solo,por características do solo (pH, capacidadede retenção do solo etc.), pelo antagonismoentre nutrientes ou por características daplanta. Já o excesso de nutrientes, como opróprio nome diz, esta relacionado àpresença em níveis elevados do nutriente,podendo causar ou não toxidez na planta.

Nitrogênio

Como o nitrogênio é um nutrienteque desempenha importante papel nocrescimento vegetativo, exercendoinfluência na formação inicial da plantabem como na renovação de brotações que

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deste nutriente aumenta o crescimento, oteor foliar e a produção. Na faixa de excesso,a adição de nitrogênio aumenta o teorfoliar, porém causa pouco efeito nocrescimento e na produção. Os resultadosobtidos no sul do Brasil, com as cultivaresGolden Delicious e Fuji, mostram que aaplicação anual de nitrogênio não afeta ocrescimento, a produção, qualidade dasfrutas e a concentração de nutrientes nasfolhas e nas frutas. No entanto, obteve-seresposta à aplicação de N em solos rasosdas regiões mais frias.

Um dos aspectos a considerar no usode fontes nitrogenadas é seu efeito sobreas características químicas do solo.O sulfato de amônio e a uréia são fontesque acidificam o solo por liberaremhidrogênio para a solução do solo, enquantoo nitrato de cálcio e o nitrato de potássiotêm reação neutra a ligeiramente alcalina.

As fontes nitrogenadas podemfornecer outros nutrientes além donitrogênio, como o nitrato de cálcio, quefornece cálcio, e o nitrato de potássio, quesupre o potássio.

Fósforo

Até recentemente, poucos trabalhostêm mostrado resposta à aplicação defósforo ou descrito problemas dedeficiência na cultura da macieira. É umnutriente importante no metabolismovegetal, pois participa de inúmeras reaçõesbioquímicas como respiração e transfor-mação de energia, e também de várioscompostos orgânicos, além de participarda constituição de enzimas, que no caso damacieira pode se traduzir em estímulo àformação precoce de raízes, rápido evigoroso crescimento das plantas e boafloração. A deficiência de fósforo compro-mete o desenvolvimento da parte aérea edo sistema radicular. Essa baixa incidênciade problemas nutricionais relacionados aofósforo na cultura da macieira é atribuídaà exigência moderada da cultura e a suaadaptação aos solos com baixa disponi-

darão suporte à produção futura, estenutriente tem efeito direto na qualidadedas frutas e no balanço nutricional daplanta. Níveis crescentes de nitrogênioaumentam a produção de maçãs, proporcio-nando maior teor deste nutriente nas folhas,porém provoca maior incidência de russeting,redução da firmeza da polpa, maior retençãoda cor verde na película na colheita, alémda redução dos teores de fósforo, potássioe boro.

Entre os macronutrientes, o nitrogênioprovavelmente seja o que apresenta maiorvariabilidade quanto à definição de faixade teores pela análise foliar. Para pomaresde macieira do sul dos EUA, adotam-seteores entre 18 e 23 g kg-1 de nitrogêniocomo suficientes e acima de 24 g kg-1 comoteores que caracterizam excesso. No RioGrande do Sul e em Santa Catarina, ainterpretação dos teores foliares de nitro-gênio é feita segundo os valores e as faixasnutricionais apresentados na Tabela 2.Essas diferenças no estabelecimento defaixas de teores nas folhas indicam queexiste grande variação quanto a resposta àadubação nitrogenada. No Rio Grande doSul, até o ano de 1991, 2% dos pomarescomerciais encontravam-se com teores denitrogênio nas folhas entre 17 e 20 g kg-1 ,enquanto que 56% apresentavam teoresentre 20 e 25g kg-1.

A deficiência de nitrogênio caracte-riza-se pela coloração verde clara visívelem todas as folhas e pela redução docrescimento da planta. A caracterizaçãovisual de deficiência é mais evidente naparte final do ciclo vegetativo, pois a perdada cor verde escura das folhas aumenta nodecorrer do ciclo. As frutas são pequenase amadurecem cedo, acelerando a mudançada cor de fundo.

A produção total de frutas em relaçãoao teor de nitrogênio na folha tem respostacurvilínea. A aplicação de nitrogênioaumenta o crescimento e a produção, semalterar significativamente o teor foliar,quando a planta se encontra em estado decarência. Com teor normal, a aplicação

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bilidade de fósforo, em virtude da capacidadede absorção de fósforo do sistema radicularda macieira, provavelmente favorecida pelapresença de micorrizas.

Alguns trabalhos têm mostradoresposta à aplicação de fósforo em soloscom teores baixos deste. Problemas deprodução, distúrbios nas frutas ou atémesmo alterações na textura da frutapodem ocorrer em condições de baixosteores de fósforo na planta. Contudo, emtrabalho realizado com a cv. Fuji, no RioGrande do Sul, não houve resposta à níveise fontes de adubo fosfatado, em cincosafras estudadas.

Na África do Sul, teores de fósforoentre 1,3 e 1,9 g kg-1 são considerados normaisnas folhas de macieira. No RS e em SC, ainterpretação dos teores foliares de fósforo éfeita segundo os valores e as faixas nutricionaisapresentados na Tabela 2. No Rio Grandedo Sul, até o ano de 1991, 28% dos pomarescomerciais encontravam-se com teores defósforo nas folhas entre 1,0 e 1,5 g kg-1,enquanto que 71% apresentavam teores entre1,5 e 3,0 g kg-1.

A escolha da fonte de fósforo baseia-se na sua eficiência agronômica. Se a reaçãode uma fonte fosfatada for muito lenta, avelocidade de reposição de fósforo nasolução não será adequada ao crescimentodas plantas. Por sua vez, se a reação formuito rápida, haverá risco de partesubstancial do fósforo ser imobilizada.

Potássio

Entre os macronutrientes, o potássioprovavelmente seja o segundo nutrienteem termos de importância para a culturada macieira, sendo superado em algumassituações pelo nitrogênio e em outras pelocálcio. Sua função dentro da planta é regulara abertura e o fechamento dos estômatos,e o transporte de carboidratos, além deatuar sobre a transpiração e a qualidadedas frutas, entre outras. Mesmo sendo umelemento muito móvel na planta, o seuteor na folha permanece estável durante overão, decrescendo no começo da formação

das frutas e migrando para as folhas nofinal do ciclo anual. Em trabalho realizadono Rio Grande do Sul, com a cultivar Gala,a produção de frutas da categoria extraaumentou conforme aumentou o teor foliarde potássio.

A deficiência aguda de potássio namacieira manifesta-se nas folhas na formade queima-das-bordas das folhas velhas, apartir das pontas (Fig. 1). Na qualidade dasfrutas, os efeitos manifestam-se na formade frutas ácidas e de tamanho reduzido.O efeito da adubação potássica é facilmenteobservado em condições de deficiência depotássio, quando a adubação não somenteelimina os sintomas nas folhas, comotambém melhora a cor e o sabor das frutas.Estudos mostram que o diâmetro das frutasapresenta correlação positiva com os níveisde potássio nas folhas.

Fig. 1. Folhas de macieira cv. Fuji com sinto-mas de deficiência de potássio (A). Aspectogeral da planta da cv. Fuji com sintomas dedeficiência de potássio (B).

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Existe variabilidade quanto à defini-ção do nível crítico de potássio em folhas.Para as condições da Itália, um teor médiode potássio nas folhas de 10 g kg-1 é consi-derado ótimo. Para pomares de macieirado sul dos Estados Unidos, teores de 15 a18 g kg-1 são considerados suficientes,enquanto que plantas com teor de 10 g kg-

1 não apresentam sintomas visíveis nasfolhas. No entanto, as frutas não têm ta-manho, nem cor normal. No Rio Grandedo Sul e em Santa Catarina, a interpretaçãodos teores foliares de potássio é feita se-gundo os valores e as faixas nutricionaisapresentados na Tabela 2. No Rio Grandedo Sul, até o ano de 1991, 20% dos poma-res comerciais encontravam-se com teoresde potássio nas folhas entre 8,0 a 12 g kg-

1, enquanto que 28% apresen-tavam teo-res entre 12 e 15 g kg-1.

O potássio está intimamente relacio-nado com outros elementos, como cálcio emagnésio, onde existe competição naabsorção destes pelas raízes, de modo queé importante para a planta que exista umequilíbrio adequado entre estes nutrientesno solo. Vários trabalhos indicam que odesequilíbrio entre o potássio e o cálcio naplanta provoca distúrbios fisiológicos nasfrutas. Outra interação constatada para acultura da macieira é entre o potássio e onitrogênio, onde parece existir uma relaçãoN/K na folha ideal para a obtenção defrutas com cor, textura e durabilidade dearmazenamento adequadas.

Cálcio

O cálcio desempenha importantepapel na planta, já que é um nutrienteconstituinte da lamela média das paredescelulares e sua presença é indispensável aodesenvolvimento do sistema radicular.Na cultura da macieira, a disponibilidade ea absorção de cálcio são de grande interesse,pois baixas concentrações de cálcio naplanta, principalmente nas frutas, sãoconhecidas por estarem relacionadas adistúrbios fisiológicos como o bitter pit

(Fig. 2). Por seu turno, altos teores depotássio e de magnésio, oriundos deadubações com desequilíbrio dessesnutrientes, também podem causar bitterpit, tanto direta como indiretamente, jáque podem induzir a baixos teores de cálciona planta. Em condições extremas, estedistúrbio pode ocorrer até mesmo nopomar, quando se aproxima a colheita.Entretanto, a maioria dos sintomas éobservada durante ou após o armazena-mento das frutas. Baixas concentrações decálcio nas frutas são, principalmente,resultantes da ação de fatores ambientais eculturais, embora os teores de cálcio nosolo possam influenciar. A deficiência decálcio não é caracterizada por sintomasvisíveis nas folhas.

Fig. 2. Sintomas externos (A) e internos (B)de bitter pit em frutas de macieira.

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No Rio Grande do Sul e em SantaCatarina, a interpretação dos teores foliaresde cálcio é feita segundo os valores eas faixas nutricionais apresentados naTabela 2. No Rio Grande do Sul, até oano de 1991, 34% dos pomares comerciaisencontravam-se com teores de cálcio nafolha inferiores a 11 g kg-1, enquanto que

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62% apresentavam teores entre 11 e17 g kg-1. Já para a região produtora demaçã do Estado de Santa Catarina, osteores de cálcio nas folhas e nas frutas são,na maioria dos casos, baixos ou deficientes.Na fruta, considera-se que teores inferioresa 2,5 - 3,0 mg 100g-1 de polpa fresca podemser indicativos de incidência de bitter pit.

Pulverizações com cálcio via foliartêm sido utilizadas para evitar e/ou reduzirdistúrbios fisiológicos nas frutas demacieira. Quanto a fontes de cálcio, asmais utilizadas são o cloreto de cálcio, onitrato de cálcio e o cálcio quelatizado,todos com a mesma eficiência técnicaquando aplicada a mesma dose do elementocálcio.

Magnésio

Como o magnésio é um dos consti-tuintes da clorofila, sua presença é essencialpara a fotossíntese. Os sintomas dedeficiência são bem nítidos e ocorreminicialmente nas folhas mais velhas dabase dos ramos, caracterizando-se poramarelecimento das regiões internervaisdas folhas, cujas manchas, na forma de V,evoluem das margens da folha em direçãoà nervura central (Fig. 3). Este sintomaevolui para necrosamento dos tecidosatacados, culminando com a desfolhaprecoce da base do ramo. Os sintomas dedeficiência ocorrem normalmente nasegunda metade do ciclo vegetativo(meados de janeiro e fevereiro), epulverizações com magnésio via foliar têmsido utilizadas como meio de evitar e/oureduzir situações de deficiência.

No Rio Grande do Sul e em SantaCatarina, a interpretação dos teores foliaresde magnésio é feita segundo os valores e asfaixas nutricionais apresentados na Tabela2. No Rio Grande do Sul até o ano de 1991,13% dos pomares comerciais encontravam-se com teores de magnésio nas folhasinferiores a 2,0 g kg-1, enquanto que 74%apresentavam teores entre 2,5 e 4,5 g kg-1.No Estado de Santa Catarina, com bastante

Boro

O boro é um nutriente importantepara o metabolismo vegetal da macieira,pois pode estimular a formação de raízes,o rápido e vigoroso crescimento das plantase uma boa floração, porque atua nos ápicesvegetativos, na germinação do pólen e naabsorção de água. Por ser pouco móvel naplanta, os sintomas de deficiência de boroocorrem inicialmente nos pontos decrescimento, onde se observa redução nocrescimento das brotações, com encurta-mento dos internódios. Os sintomas dedeficiência nas frutas apresentam-se naforma de encortiçamento da polpa,evoluindo para rachaduras nas frutas, alémde provocar queda de frutas.

No Rio Grande do Sul e em SantaCatarina, a interpretação dos teores foliaresde boro é feita segundo os valores e as faixas

Fig. 3. Folhas de macieira, apresentando sintomas dedeficiência de magnésio. Observar o desfolhamento dabase dos ramos.

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freqüência, os teores de magnésio nas folhassão deficientes.

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Zinco

O zinco tem efeito sobre ometabolismo das plantas, pois é umativador enzimático. Os sintomas dedeficiência desse nutriente caracterizam-se pela formação de internódios curtos,que resultam em brotações pequenas emforma de roseta, decorrentes da ação dozinco sobre as auxinas. Os sintomas podemaparecer somente em alguns ramos daplanta. As folhas são menores, estreitas emais rijas que as normais, apresentadoclorose internerval (Fig. 5).

No RS e em SC, a interpretação dosteores foliares de B é feita segundo os valorese as faixas nutricionais apresentados naTabela 2. No Rio Grande do Sul, até o ano de1991, 12% dos pomares comerciaisencontravam-se com teores de zinco na folhainferiores a 20 mg kg-1, enquanto 77%apresentavam teores entre 20 e 100 mg kg-1.

nutricionais apresentados na Tabela 2.No Rio Grande do Sul, até o ano de 1991,15% dos pomares comerciais encontravam-se com teores de boro na folha inferiores a 30mg kg-1, enquanto que 83% apresentavamteores entre 30 e 50 mg kg-1.

Aplicações foliares de ácido bórico,bórax ou solubor são recomendadas paracontrolar a deficiência de boro em macieira,cujos resultados têm sido satisfatórios.Ademais, estudos sobre aplicações de borovisando controlar a incidência de bitter pittêm sido desenvolvidos. Contudo, deve-se evitar aplicações em excesso, já que afaixa de tolerância desta cultura entredeficiência e toxidez é muito estreita.

O boro, embora seja necessário paraa obtenção de boa produção e qualidadeda maçã, pode reduzir a qualidade dasfrutas quando presente em excesso. Existecorrelação entre altos teores de boro nafruta e aumento da incidência de distúrbiosinternos. Outros trabalhos relatam quealtos teores de boro nas frutas tambémpodem proporcionar desenvolvimentoprecoce de cor, aumento na incidência dedegenerescência e mudança na firmeza.Resultados obtidos no Brasil, com a cultivarGala, mostram que a aplicação de boroantecipa a colheita e aumenta a coloraçãodas frutas, sem afetar negativamente afirmeza da polpa e os teores de sólidossolúveis (Fig. 4).

Fig. 4. Influência de doses de boro, via foliar (0% -0,1% - 0,2% - 0,4% - 0,8%) sobre a coloração e oestádio de maturação de maçãs cv. Gala. Vacaria, RS.Nachtigall & Freire (1998).

Fig. 5. Deficiência de zinco em brotações efolhas de macieira.

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Para corrigir ou evitar deficiências dezinco são sugeridas duas diferentes épocasde aplicação do nutriente via pulverização.Alguns pesquisadores sugerem que estenutriente seja aplicado no período dedormência da macieira. Outros recomen-dam, tanto para a correção como para aprevenção de deficiência, a aplicação dezinco no período vegetativo da macieira,embora não descartem a aplicação na fasede dormência da planta. Quanto a fontes

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de zinco, as mais utilizadas são o sulfato dezinco, o óxido de zinco e o zincoquelatizado. Todas têm se mostradoeficientes no controle da deficiência dezinco nas condições de pomares em SantaCatarina. O sulfato de zinco é tido comofonte padrão de zinco, e apresenta maiorsolubilidade que o óxido de zinco.

Ferro

O ferro tem efeito sobre diversasreações de oxi-redução na planta, atuandocomo catalizador. Além disso, a presençade ferro está relacionada à formação daestrutura da clorofila. Os sintomas dedeficiência deste nutriente se caracterizampela clorose internerval nas folhas novas(Fig. 6). Este sintoma tende a desaparecerà medida que as folhas envelhecem.

No RS e em SC, a interpretação dosteores foliares de B é feita segundo os valorese as faixas nutricionais apresentados naTabela 2. No Rio Grande do Sul, até o ano de1991, 1% dos pomares comerciais encon-travam-se com teores de ferro na folhainferiores a 50 mg kg-1, enquanto 87%apresentavam teores entre 50 e 250 mg kg-1.

lismo de ácidos orgânicos. Os sintomas dedeficiência deste nutriente caracterizam-se por uma clorose sem áreas definidas.Nas condições de solos ácidos, podemsurgir sintomas de toxidez de manganês nacasca do tronco e nos ramos de mais de1 ano. Nestes casos, a casca apresentasuperfície irregular, com rachaduras.Em um corte superficial da casca podem-se observar pontuações escuras (Fig. 7).A planta apresenta envelhecimento pre-coce. A correção da toxidez é obtida pormeio da calagem do solo (elevação do pH).

Fig. 6. Deficiência de ferro em folhas demacieira.

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Manganês

O manganês tem efeito sobre diversosprocessos enzimáticos, atuando comoimportante ativador. Atua também narespiração, na fotossíntese e no metabo-

Os teores suficientes se situam entre30 e 130 mg kg-1. No RS e em SC, ainterpretação dos teores foliares de B éfeita segundo os valores e as faixasnutricionais apresentados na Tabela 2.No Rio Grande do Sul, até o ano de 1991,38% dos pomares comerciais encontravam-se com teores normais de manganês nafolha, enquanto que 62% apresentavamteores superiores a 130 mg kg-1.

Fig. 7. Sintomas de toxidez de manganês notronco de macieira.

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ADUBAÇÃO DECRESCIMENTO

A adubação de crescimento tem porobjetivo propiciar as condições nutricionaisideais para uma boa formação das plantasdurante os três primeiros anos, a qual darásuporte às produções futuras. Nesta faserecomenda-se aplicar somente adubonitrogenado, em doses variáveis conformea idade das plantas (Tabela 1).

Essas quantidades podem serajustadas para mais ou para menosconforme o acompanhamento da evoluçãodas plantas, por meio da análise visual docrescimento dos ramos, da coloração dasfolhas e da formação de órgãos defrutificação. Deve-se aplicar o fertilizantena área correspondente à projeção da copa.Nessa fase, a análise foliar é um indicativodo estado nutricional das plantas.

ADUBAÇÃO DEMANUTENÇÃO(PRODUÇÃO)

Os nutrientes e as quantidades aaplicar no pomar visam a atender asnecessidades da macieira. Devem-se evitaraplicações desnecessárias, para evitarprejuízos à planta, especificamente àqualidade das frutas e ao meio ambiente.

Tabela 1. Recomendações de adubação nitrogenada de crescimento para a cultura da macieira, parao Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Fonte: Adaptada e atualizada de Comissão (1995).

Ano

666

999

121212

kg N/ha

30 dias após a brotação60 dias após a 1ª aplicação45 dias após a 2ª aplicação

Inchamento das gemas60 dias após a 1ª aplicação45 dias após a 2ª aplicação

Inchamento das gemasQuedas das pétalasApós a colheita

ÉpocaAdubação nitrogenada

Tomando como base a exportação denutrientes do pomar contidos nas frutas econsiderando uma produtividade média de60 t/ha, tem-se, em média, uma remoçãoanual, por hectare, de 24 kg de nitrogênio,6 kg de fósforo, 57 kg de potássio, 2 kg decálcio e 2 kg de magnésio. Deste modo,principalmente para o potássio, devem-serepor pelo menos essas quantidadesexportadas, para não empobrecer os solos,que praticamente não têm potencial dereposição deste nutriente. Para o nitrogênio,a reposição depende principalmente dosteores de matéria orgânica do solo, que seforem bons a altos, podem suprir, por perío-dos longos, a exportação do nutriente.

A recomendação de adubação demanutenção deve considerar a análise foliare de frutas, a análise periódica do solo, aidade das plantas, o crescimento vegetativo,adubações anteriores, a produção, tratosculturais e a presença de sintomas dedeficiências nutricionais. Nas Fig. 8, 9 e 10são apresentados esquemas para auxiliar natomada de decisão quanto à aplicação denitrogênio, fósforo e potássio como adubosde manutenção da macieira.

Observar que na adubação nitrogenadada cv. Fuji, deve-se adotar, como crescimentodo ramo do ano crítico, o comprimento de35 cm. Além disso, para a indicação deadubação nitrogenada, deve-se levar emconta, também, a produção e o tipo de poda.A análise dos teores no solo referem-se àcamada de 0 a 20 cm.

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Fig. 8. Esquema de indicação de adubação de manutençãocom nitrogênio para a cultura da macieira (plantas adultas).Fonte: G. R. Nachtigall.

Fig.9. Esquema de indicação de adubação de manutençãocom fósforo para a cultura da macieira (plantas adultas).Fonte: G. R. Nachtigall.

Fig. 10. Esquema de indicação de adubação de manutençãocom potássio para a cultura da macieira (plantas adultas).Fonte: G. R. Nachtigall.

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Considerando a forma de distribuiçãodo sistema radicular e a distribuição dasplantas em filas, a aplicação dos adubos demanutenção poderá ser realizada na faixaque vai da linha de plantas até 0,5 m alémda projeção da copa, pois, assim, osnutrientes atingirão a maior parte dosistema radicular. A melhor época deaplicação dos adubos potássicos, fosfata-dos e orgânicos é durante o período hiber-nal, pois, no início da brotação, esses nu-trientes estarão disponíveis para as plan-tas. Para o adubo nitrogenado, a aplicaçãode pelo menos 50% da dose anual deveráser feita nos meses de março e abril, épocaem que não haverá riscos de indução denovos crescimentos e as plantas aindaestarão ativas para absorvê-lo e armazena-lo nos tecidos lenhosos para utilização nociclo seguinte.

ANÁLISE FOLIAR

Para a realização da análise foliar damacieira, devem ser colhidas folhascompletas (limbo com pecíolo) da porçãomédia dos ramos do ano, posicionados emaltura facilmente acessível, sem o uso deescada, em todos os lados das plantas, noperíodo de 15 de janeiro a 15 de fevereiro.Cada amostra deve ser composta de,aproximadamente, 100 folhas, podendorepresentar um grupo de plantas ou umpomar, dependendo da homogeneidade.Em pomares com mais de 100 plantas, seelas forem homogêneas, devem-se coletarquatro folhas por planta em 25 plantasdistribuídas aleatoriamente e represen-tativas da área. Cada amostra relaciona-sea uma condição nutricional. Assim, folhascom sintomas de deficiência nutricionalnão devem ser misturadas com folhas sadias.Cada amostra deve ser constituída de folhasde plantas da mesma idade e da mesmacultivar. Não devem ser coletadas amostrasde ramos ladrões, que não refletem ocrescimento médio dos ramos do ano.As folhas que compõem a amostra devemestar livres de doenças e de danos causados

por insetos e não devem entrar em contatocom embalagens usadas de defensivos,fertilizantes etc.

A amostra deve ser acondicionadaem saco de papel comum, perfurado eenviada ao laboratório o mais rapidamentepossível, acompanhada das respectivasinformações. Se o tempo previsto para achegada da amostra ao laboratório forsuperior a 2 dias, sugere-se fazer umaprévia secagem ao sol, sem retirar as folhasda embalagem, até que elas se tornemquebradiças.

Normalmente, não se recomenda alavagem das folhas, visto que as impurezassuperficiais pouco afetam sua constituiçãomineral e, também, porque os resíduos daaplicação foliar de nutrientes e/ou dedefensivos agrícolas são difíceis de sercompletamente removidos pela lavagem.Além disso, o contato prolongado comágua é capaz de retirar quantidadesapreciáveis de certos nutrientes das folhas,como é o caso do potássio, especialmenteno caso de folhas secas. Na Tabela 2constam os valores utilizados para ainterpretação dos resultados da análisefoliar, em amostras coletadas dentro doperíodo normal de 15 de janeiro a 15 defevereiro.

Um sistema informatizado apresentaos resultados de análise em termos deconcentração de nutrientes, interpretadosem cinco faixas nutricionais em forma degráfico. Isso permitirá aos produtores, quenão tiverem conhecimento dos teores dosnutrientes que correspondem a cada faixavisualizar o estado nutricional das plantasrelativo à amostra. Um exemplo decertificado e de interpretação dos resultadosde análise feito em microcomputador éapresentado na Fig. 11. No rodapé docertificado de análise são incluídas algumassugestões, que não constituem recomen-dações definitivas. Essas, sim, serão daresponsabilidade do técnico encarregadode orientar o pomar, o qual, de posse dosdados de análise foliar, de análise do soloe com o conhecimento das condições do

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Tabela 2. Interpretação dos resultados de análise foliar da macieira para amostras colhidas no períodode 15 de janeiro a 15 de fevereiro.

Fonte: Comissão (1995).

Insuficiente

Abaixo do normal

Normal

Acima do normal

Excessivo

Faixasnutricionais

Nutrientes

< 2,0

2,0 - 2,4

2,5 - 4,5

> 4,5

-

Mg

< 8,0

8,0 - 10,9

11,0 - 17,0

> 17,0

-

Ca

< 8,0

8,0 - 11,9

12,0 - 15,0

15,1 - 20,0

> 20,0

K

< 1,0

1,0 - 1,4

1,5 - 3,0

> 3,0

-

P

< 17,0

17,0 - 19,9

20,0 - 25,0

25,1 - 30,0

> 30,0

N

------------------------------------------------------ g kg-1 ------------------------------------------------------

Insuficiente

Abaixo do normal

Normal

Acima do normal

Excessivo

< 20

20 - 40

41 - 50

51 - 140

> 140

B

< 3

3 - 4

5 - 30

31 - 50

> 50

Cu

< 15

15 - 19

20 - 100

> 100

-

Zn

< 20

20 - 29

30 - 130

131 - 200

> 200

Mn

-

< 50

50 - 250

> 250

-

Fe

------------------------------------------------------ mg kg-1 ------------------------------------------------------

Nutrientes

pomar, terá, por certo, melhores condiçõespara elaborar uma recomendação deadubação mais ajustada à realidade local.

ANÁLISE DA FRUTA

A análise das frutas pode diagnosticar oequilíbrio nutricional durante a fase decrescimento das frutas e, próximo à colheita,permitir a tomada de decisão quanto aodestino a ser dado às frutas em pós-colheita.Este tipo de análise pode ser utilizado paraavaliar a possibilidade de incidência dedistúrbios fisiológicos nas frutas, como bitterpit, permitindo ao fruticultor decidir qual odestino que dará à fruta: comercializaçãoimediata (sem correr o risco de ter perdaspela incidência de distúrbios fisiológicos noarmazenamento), ou armazenamento ematmosfera convencional ou controlada.

Para a realização da análise de frutasde macieira, devem ser colhidas amostrasde 30 frutas da porção média da planta,

posicionadas em altura facilmenteacessível, sem o uso de escada, em todosos lados das plantas. Para que o resultadoretorne do laboratório em tempo hábilpara a tomada de decisão quanto ao destinoda produção, a amostragem deve serrealizada 15 a 20 dias antes da colheita.A amostra deve ser acondicionada emsaco de papel comum, perfurado, e enviadaao laboratório o mais rapidamente possível,acompanhada das respectivas informações.

A análise química das frutas é realizadaem amostras de polpa fresca, e os nutrientesnormalmente analisados são nitrogênio,fósforo, potássio, cálcio e magnésio.Os teores de nutrientes consideradosadequados são apresentados na Tabela 3.Nessa tabela são apresentados os teoresconforme três tipos de amostragem:a) fatia longitudinal com a casca da fruta;b) amostra na forma de cilindro de 0,5 cmde diâmetro e 1 cm de comprimento colhidona região equatorial da fruta sem casca;c) casca total da fruta.

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Fig. 11. Exemplo de certificado de análise foliar da macieira, de interpretação dos resultados e derecomendação de adubação feito em microcomputador.Fonte: C. J. de S. Freire.

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ANÁLISE VISUAL DO POMAR

A análise visual de um pomar é umvalioso instrumento para o diagnóstico dedeficiências ou de toxidez nutricionais.A deficiência indica uma condição aguda defalta de nutriente, já que os sintomas somentese evidenciam quando essa se encontra emestágio avançado, ocasionando, nesse caso,um retardamento do crescimento e prejuízosà produção e à qualidade das frutas, entreoutros .

Quando a observação das folhas reveladeterminadas características, pode se suspei-tar de uma deficiência nutricional. Tais pa-drões são mais ou menos específicos de cadanutriente. No entanto, os sintomas de carên-cia variam de acordo com a espécie, a cultivare os fatores ambientais. Lamentavelmente,não são ainda conhecidos os sintomas decarência de todos os nutrientes e culturas.Por vezes, acontece também de os sintomasvisuais de dois nutrientes serem idênticos.

ADUBAÇÃO FOLIAR

A adubação foliar tem por objetivosuprir nutrientes às folhas e às frutas deforma direta naqueles momentos em que sãonecessárias respostas rápidas por parte daplanta, caracterizando-se principalmentecomo uma prática para: a) corrigir eficiente erapidamente deficiências; b) complementara aplicação de nutrientes via solo; c) suple-mentar a adubação de solo, que visa utilizar

Tabela 3. Teores considerados normais de nitrogênio, potássio, cálcio e magnésio na fruta fresca demacieira em três diferentes tipos de amostragem.

Fonte: Adaptado de Argenta & Suzuki (1994) e Nachtigall & Freire (2000b).

NitrogênioPotássioCálcioMagnésio

NutrientesTipos de amostragem

40 – 60100 – 120

10,0 – 15,010,0 – 12,0

Película

25 – 4070 –1002,5 – 3,03,0 – 5,0

Amostra equatorial

30 – 4080 – 1004,0 – 5,04,0 – 6,0

Fatia longitudinal

------------------------------------------------------ mg 100 g-1 ------------------------------------------------------

um possível efeito da adubação foliar naabsorção radicular. Com exceção da aplicaçãovisando a correção de deficiências, existem,porém, poucos trabalhos que testam aeficiência da adubação foliar, e os resultadosainda são pouco consistentes.

Com relação à macieira, exceto parao cálcio, a adubação foliar deve serrealizada quando a análise foliar identificardeficiências nutricionais e este tipo deadubação for o mais indicado para corrigirtais situações de desequilíbrio. Nascondições brasileiras, a adubação foliarenvolve principalmente cálcio, magnésio,boro e zinco.

Recomenda-se realizar de 5 a 10 pulve-rizações com cálcio, conforme a cultivar,a intervalos de 15 dias, iniciando-se noestádio J (frutas com tamanho de umaazeitona). Utilizar cloreto de cálcio a 0,6%,ou nitrato de cálcio a 0,75%. Para magnésioe boro, quando necessários, realizar 2 a4 aplicações a intervalos quinzenais,iniciando-se também no estádio J. Aplicarsulfato de magnésio a 2% a 3% como fontede magnésio, e bórax a 0,4% ou solubor a0,2% como fonte de boro. Para deficiênciade zinco, utilizam-se duas a cinco pulveri-zações com sulfato de zinco a 0,2% ouzinco quelatizado conforme recomen-dação do fabricante, obedecendo ao mesmointervalo e ao período utilizados para cálcioe magnésio. Para aplicações de zincodurante o período de dormência damacieira, aplicar sulfato de zinco a 0,6% a1% no inchamento das gemas, após a

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quebra da dormência. Evitar aplicação desulfato de zinco no período crítico deocorrência de russeting em cultivaressuscetíveis a este problema.

A aplicação de boro via foliar, visandoà melhoria da cor e à antecipação decolheita, especificamente para a cultivarGala e suas mutações, deve ser feitautilizando-se 3 aplicações de bórax a 0,8%,em intervalos de 30 dias, iniciando-se1 mês após a plena floração. Para evitarexcesso de boro na planta, essa técnica nãodeverá ser utilizada por tempo superior a3 anos consecutivos na mesma área.Para isso, devem-se intercalar períodos de3 anos de aplicação com 2 sem aplicação,além de acompanhar os teores na plantaatravés da análise foliar e da análise visualde sintomas de excesso.

FONTES DE NUTRIENTES

Para a adubação de pomares demacieira, em cada uma das três etapas(adubação de pré-plantio, de crescimentoe de manutenção), não existem estudosque mostrem a superioridade de uma fontede nutrientes. Recomenda-se, portanto, a

aplicação da fonte mais econômica, sejaela mineral ou orgânica. A relação dosfertilizantes mais comuns no mercado erespectivas características é apresentadana Tabela 4.

Sempre que o produtor tiver disponi-bilidade de matéria orgânica, seu uso serádesejável em substituição à adubação mine-ral, desde que economicamente viável.As quantidades a aplicar devem ser compen-sadas considerando o teor em macronutrientese os respectivos índices de conversão. Sãovários os produtos que podem ser utilizados,sendo os principais representados por ester-cos e por resíduos de culturas.

Para a aplicação de uma mesmaquantidade de nutrientes, utiliza-se maiorvolume de esterco em relação ao adubomineral, em virtude da menor concen-tração no adubo orgânico. Além disso,grande parte dos nutrientes do estercoencontra-se na forma orgânica e necessitaser mineralizada para se tornar disponívelàs plantas.

Os índices de conversão apresentadosna Tabela 5 representam o percentualmédio de transformação do total denutrientes contidos nos adubos orgânicos

Tabela 4. Relação dos fertilizantes usuais para a cultura da macieira e respectivos teores de nutrientes.

Fonte: Comissão (1995).

UréiaSulfato de amônioNitrato de cálcioNitrato de amônioNitrato de potássio

Superfosfato simplesSuperfosfato triploFosfato monoamônio (MAP)Termofosfato magnesiano

Cloreto de potássio

Fertilizante Característica

44% de N20% de N15% de N32% de N13% de N

18% de P2O541% de P2O548% de P2O517% de P2O5

58% de K2O

------------------------------------------------------------- Fonte de Nitrogênio -------------------------------------------------------------

22% de S19% de Ca

44% de K2O

19% de Ca13% de Ca9% de N19% de Ca e 7% de Mg

------------------------------------------------------------- Fonte de Fósforo -------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------- Fonte de Potássio -------------------------------------------------------------

77Frutas do Brasil, 37 Maçã Produção

para a forma mineral, nos sucessivos cultivos.Verifica-se que todo o potássio aplicado naforma orgânica comporta-se como mineraldesde a aplicação, uma vez que não faz partede nenhum composto orgânico estável. Comrelação ao fósforo, observa-se que 60% estãodisponíveis para o primeiro cultivo e 20%,para o segundo. Quanto ao nitrogênio, osíndices são de 50% e 20% para o primeiro eo segundo cultivos, respectivamente. A partirdo terceiro cultivo, a totalidade de N, P2O5 eK2O aplicados já se encontra mineralizada.

Na Tabela 6, encontram-se a compo-sição média, em base seca, e o teor dematéria seca de alguns materiais orgâni-cos.

Para obter maior eficiência do fósforoe para evitar perdas de nitrogênio porvolatilização, os materiais orgânicosdeveriam ser incorporados ao solo. Comoisso só é facilmente exeqüível antes doplantio, quando aplicada como adubo demanutenção, a adubação orgânica empomares é feita em cobertura.

Tabela 5. Índices de conversão dos nutrientes aplicados na forma orgânica para a mineral em cultivossucessivos.

Fonte: Comissão (1995).

NP2O5K2O

NutrientesÍndices de conversão

---

Terceiro cultivo

0,20,2-

Segundo cultivo

0,50,61,0

Primeiro cultivo

Tabela 6. Concentração média de N, de P2O

5 e de K

2O em base seca e teor de matéria seca de alguns

materiais orgânicos.

*As indicações entre parênteses correspondem ao número de lotes que permanecem sobre a cama.Fonte: Comissão (1995).

Cama de aves (1 lote)*Cama de aves (3 lotes)Cama de aves (6 lotes)Esterco sólido de suínosEsterco fresco de bovinos

Esterco líquido de suínos

Material orgânico------------------------------------------------ % ------------------------------------------------

--------------------------------------- Kg m-3 de chorume ---------------------------------------

Matéria Seca

7070702515

6

K2O

2,02,53,02,91,5

1,6

P2O5

3,03,54,02,81,4

4,0

3,03,23,52,11,5

4,5

N