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[Os homens] estão mais passivos e indolentes; deixaram de lutar para conquistar raparigas, pedem-lhes apontamentos e copiam-lhes as cábulas, encostam- -se ao saber delas» BOLSAS DE RESISTÊNCIA mens; entre os 25 e os 34 anos, esse valor é de 11,5% e 6,9%, respectivamente). Luís Pedro Nunes, 41 anos, Cronista 22 DE JANEIRO DE 2009 v 69 Gabriela Silva, 57 anos, Professora FOTOS: REUTERS (EM CIMA), JOSÉ CARIA (EM CIMA À DIREITA) E D.R.
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22 DE JANEIRO DE 2009 v 69
EstereótiposNos mais de 100 anos de 7.ª Arte, vários actores deram corpo a tipos masculinos que serviram de exemplo a milhões de jovens em todo o mundo. Intrépidos, solitários, misóginos, misteriosos, violentos mas sedutores e com nobreza de carácter – Harrison Ford, Humphrey Bogart, Brad Pitt, John Wayne, Clint Eastwood e Robert de Niro fazem parte da constelação de estrelas que melhor sintetizaram modelos de masculinidade no grande ecrã
Entre os anos 60 e os 80 assistimos àhermafroditização da sociedade»Luís Pedro Nunes, 41 anos, Cronista
Da escola para o mercado de trabalho, a vida fica menos fácil. «Assistimos a um equilíbrio entre sexos, apesar de existir uma cultura machista, na qual subsiste a ideia de controlo pelo poder, pelo domínio do outro», afirma Elza Pais, 50 anos, pre-sidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. Segundo o Eurostat, a taxa de actividade feminina em Portugal era, há dois anos, de 68 por cento.
As estatísticas do emprego (INE, 2006) referem uma taxa de feminização de 45,9%, com o «sexo fraco» a conquistar lugares nos quadros superiores das empresas. E nas taxas de desemprego, elas só levam uma desvantagem de quatro a cinco pontos percentuais (até aos 24 anos, estavam sem emprego 18,4% de mulheres e 14,5% de ho-
mens; entre os 25 e os 34 anos, esse valor é de 11,5% e 6,9%, respectivamente).
BOLSAS DE RESISTÊNCIANos escritórios travam-se batalhas pelas promoções e, tal como em casa, a compe-tição é a doer. A violência doméstica mata mais de 30 mulheres por ano, mas eles também já entram na categoria de vítimas. Em Já Ninguém Morre de Amor, Domingos Amaral, 41 anos, dá a conhecer os dilemas existenciais de quatro gerações da família Palma Lobo. Bisavô, avô, pai e filhos com problemas na gestão dos afectos com as mulheres (paixões, traições) que os colo-cavam à beira de um ataque de nervos.
«Há uma violência no amor com que os homens têm dificuldade em lidar, entrando em processos autodestrutivos», acentua o autor. Prestes a ser pai pela terceira vez, o di-rector da revista masculina GQ fala de uma adaptação a contragosto. «Não temos outro remédio senão levar em conta o poder de decisão delas [deixá-las sair à noite e abdicar do sentimento de posse, por exemplo]; por-que se ficarem insatisfeitas, vão-se embora.» Domingos fala da «sensação de desnorte», da divisão de poder indefinida e que é preci-so ir descobrindo. «O carro que é meu, por exemplo, sou eu que o conduzo, mas se ela o quer cinzento, compro cinzento», remata.
Do outro lado do Atlântico, os ecos de revolta contra a revolução dos saltos altos assumem formas inesperadas. O escritor Pedro Mexia, 36 anos, fala do «regresso ao darwinismo sexual», ilustrado no filme Magnólia, com Tom Cruise na pele do mentor dos cursos Seduce and Destroy, que conduz a plateia masculina ao delírio com uma simples máxima: «Respeitem o pénis.» Fora da tela, a luta continua, com oferta de soluções à medi-da para aumentar o falo [com comprimidos à venda na Net ou cirurgia]. Como que a dizer: «Quem os tem nas calças sou eu», ao estilo da obra O Macaco Nu, de Desmond Morris.
Numa edição especial, inteiramente de-dicada ao homem, há quatro anos, a revista brasileira Veja refere que a «crise do ma-cho» foi decretada nos anos 90, com uma revolução de costumes iniciada cinco déca-das antes. A ameaça que os novos modelos de homem trazem ao velho e confortável figurino cultivado pelos avós é hoje levada a brincar e a rir, para não chorar.
O actor Bruno Nogueira, 26 anos, está con-victo de que as gerações mais jovens estão a re-lativizar esta crise de identidade, mas verifica que a maioria dos homens passa a vida a tentar perceber «o que é de homem e o que não é». O personagem Panisga, d’Os Contemporâneos,
[Os homens] estão mais passivos e indolentes; deixaram de lutar para conquistar raparigas, pedem-lhes apontamentos e copiam-lhes as cábulas, encostam--se ao saber delas»Gabriela Silva, 57 anos, Professora
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