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Dicas para startups de tecnologia e empresas que desejam lançar produtos inovadores.
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Blog do Nei
15/12/2012 POR NEI GRANDO
O ciclo de adoção de Novos Produtos pelos Consumidores
Introdução
Um desafio que as empresas enfrentam ao lançar novos produtos pode ser visto na figura abaixo que mostra
o ciclo de adoção de novos produtos pelo consumidor. Os gestores precisam tomar ciência que não existe
uma relação direta entre o lançamento do novo produto, a percepção de valor pelos clientes e a decolagem
das vendas. Pessoas de perfis diferentes assumem comportamentos diferentes em relação à compra de
produtos inovadores. Alguns consumidores adoram novidades e querem ser os primeiros a adotar o
lançamento, outros mais receosos esperam que o produto seja utilizado pela grande maioria das pessoas
antes de decidir pela compra e alguns mais céticos só adotam em último caso.
Os perfis consumidores do mercado e o possível abismo de vendas
Um dos primeiros a pesquisarem sobre tal ciclo de adoção em inovações foi Evertt M. Roger sociólogo,
escritor e professor, que criou a classificação de consumidores em inovadores (entusiastas), adotantes
iniciais (visionários), maioria inicial (pragmáticos), maioria tardia (conservadores) e retardatários (céticos).
Tais idéias foram posteriormente desenvolvidas por Geoffrey Moore, escritor do livro “Crossing the
Chasm”, que pesquisou a adoção de novas tecnologias pelas pessoas, conforme segue:
Os entusiastas, ou inovadores, representam os primeiros 2,5% dos consumidores na curva no
formato sino da figura, são os primeiros a assumir o risco de compra de novos produtos, com utilidade e/ou
qualidade ainda não comprovados. Este grupo exerce grande influência sobre os demais consumidores.
O segundo grupo é dos visionários, que também são adotantes iniciais representando 13,5% dos
consumidores. Eles têm os inovadores como referência e buscam utilizar a inovação como fonte de
vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes.
Os pragmáticos, ou maioria inicial, é o grupo de pessoas que representa 34% dos consumidores, adotam a
inovação somente após verificarem que tal produto tem um histórico de sucesso. Eles compram a tecnologia
pela capacidade que ela tem de viabilizar negócios.
Os conservadores, ou maioria tardia, representam outros 34% dos consumidores, que não veem vantagens
em adotar, principalmente considerando o retorno sobre o investimento. Estes valorizam a funcionalidade e
a praticidade do produto e são sensíveis ao preço.
Os céticos, ou retardatários, representam 16% dos consumidores, são inseguros em adotar novidades, não
gostam de experimentar coisas novas e não seguem modismos. Sendo tradicionalistas, costumam realizar
sempre da mesma forma e só adotam a inovação quando não tem outra alternativa.
Como podemos ver na figura, temos um mercado inicial composto pelos entusiastas e visionários e
um mercado principal, desenvolvido, composto pelos pragmáticos, conservadores e céticos.
Na figura podemos ver que entre o mercado inicial, do lançamento do produto, e o principal que mostra
sucesso e o crescimento de vendas, existe o risco de ocorrer um abismo (chasm) de vendas, e
consequentemente de geração de receitas. Isto pode ocorrer porque não é fácil convencer os consumidores
pragmáticos e conservadores, pois eles desejam ver primeiro exemplos de reais benefícios de tal inovação
antes de decidirem pela compra, ou seja, eles desejam que a proposição de valor forneça resultados
concretos. Por isso, para superar tal desafio, é recomendado aos empreendedores buscarem um nicho
atrativo de mercado antes de desenvolverem uma solução diferenciada e útil.
Os tipos de mercado e o abismo de vendas
Steve G. Blank também comenta em seu livro “The Startup Owner’s Manual” sobre a relação entre tipos de
mercado para Startups e esta lacuna ou abismo de vendas iniciais após o lançamento do produto.
Em um mercado existente temos: clientes conhecidos, necessidades mais fáceis de identificar, muitos
concorrentes. Como riscos temos: a marca (nova e desconhecida) e possíveis dificuldades em distribuição e
vendas. Se a Startup fez um bom trabalho, as receitas virão logo e com crescimento linear (sem
abismo/lacuna na curva do ciclo de vida do produto). Mas os operadores estabelecidos vão defender seus
territórios.
No mercado resegmentado temos: clientes possivelmente conhecidos, necessidade de produto que melhor
se ajuste aos clientes, muitos competidores, se estiver errado e, poucos se estiver certo. O risco está na
própria redefinição do mercado e do produto. Exemplo Southwest, companhia aérea que reduziu serviços e
os preços para se diferenciar e atingir outras classes sociais.
Os elementos de resegmentação podem estar relacionados com: eliminar o que tem sido a causa de
competição na indústria/setor, ser reduzido bem abaixo dos padrões da indústria, ser elevado bem acima dos
padrões da indústria, ou criar algo que a indústria nunca ofereceu.
Neste caso a lacuna entre clientes (entusiastas, visionários) e (pragmáticos, conservadores e céticos) é maior.
E neste ponto a curva de vendas pode cair e a empresa quebrar, ou pode estacionar um pouco e depois subir
acentuadamente.
Em um novo mercado temos: clientes realmente desconhecidos, necessidade de inovação (melhoria
transformacional) e nenhuma concorrência inicial. Como risco temos a evangelização e o ciclo de educação
do cliente (criar a cultura). Exemplo: GroupOn.
Questões:
Como os “possíveis” clientes vão saber sobre sua empresa/produto?
Como eles tomarão ciência da “necessidade”?
Como você sabe que o tamanho do mercado é atraente?
Que fatores serão criados que a industria nunca ofereceu?
Neste caso a lacuna na curva do ciclo de vida é bem grande, ou seja, pode haver muito boas vendas iniciais
com os entusiastas e visionários, mas uma demora muito grande (com mínimas vendas) até atingir
os prospects pragmáticos, conservadores e céticos, que são a maioria. A receita ascendente pode levar anos
para ocorrer. Para este mercado decolar, muitas coisas externas tem que acontecer, como: novas
regulamentações, plataforma que precisam se tornar mais baratas, “gostos” dos potenciais clientes tem que
mudar. Existe o risco de se fazer muitos gastos prematuros (com marketing/publicidade e outros) na
tentativa de conseguir clientes em um mercado que ainda não existe.
Em um mercado clone (cópia em outro país ou região): clientes possivelmente conhecidos com
necessidades de uma versão local e sem concorrência inicialmente. O risco é subestimar as necessidades
locais como dificuldades de adaptação/customização do produto. No Brasil chamamos isso de tropicalização
e envolve língua, cultura, legislação, restrições de importação de algum componente, etc.
Conclusão
Neste artigo procurei mostrar aos empreendedores e inovadores a importância de conhecer as diferenças do
mercado composto por pessoas entusiastas e visionárias e do composto pelos pragmáticos, conservadores e
céticos. Assim como a existência de uma possível lacuna entre os consumidores iniciais e os demais que
pode variar de tamanho no tempo.
Classificando os tipos de mercado em relação ao tempo necessário para obter lucratividade, temos do menor
para o maior: 1-Existente, 2-Clone, 3-Resegmentado, 4-Novo.
Veja alguns comentários ao final do artigo em: O ciclo de adoção de Novos Produtos pelos Consumidores
Veja também:
A relação de Produtos com Canais nos novos modelos de negócio
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