O Construcionismo Como Inovação Pedagógica Vuldembergue Farias

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    O Construcionismo como Inovação Pedagógica

    Vuldembergue Farias1

    Resumo

    Este artigo se dedica a uma reconstituição da teoria do Construcionismo associada ao conceitode Inovação Pedagógica, tendo como pano de fundo, as práticas pedagógicas, notadamenteauelas com forte apelo inovador em ue se baseia o Construcionismo na perspectiva de maisaprendi!agem com menos ensino, sem, contudo e"cluir totalmente a didática da sala de aula,ou !erar a uantidade de ensino, mas promovendo uma pedagogia na ual os alunos tornem#sesen$ores e autores da construção dos seus con$ecimentos, cabendo ao professor a função

    facilitadora ou motivadora%

    Palavras#c$ave& Construtivismo, Construcionismo, Inovação Pedagógica, 'prendi!agem%

    Introdução

    Considerando ue Construcionismo e Inovação Pedagógica podem ser sin(nimos

    e ue estes entes praticamente não sobrevivem num mundo educacional tradicionalista, e

    ainda ue o recon$ecimento das teorias psicogen)ticas, psicossociais, psicológicas,aprendi!agens significativas, etc%, representam avanços cient*ficos colocando o paradigma

    educacional em confronte com a realidade, necessária se fa! uma revisão das causas ue

    indu!em a escola clássica a continuar tradicional num mundo em transformação, altamente

    tecnológico, desenvolvido, globali!ado, mutante e imprevis*vel e ue +ustifiuem tal

    invariante cultural educacional, +á ue esse mundo não ) definitivo e portanto a escola

    tamb)m necessita se adeuar a ele e especialmente ci-ncia ue afirma não ser a

    aprendi!agem conseu-ncia do ensino%

    .egundo as teorias, a aprendi!agem não decorre do ato de ensinar e nesse sentido,

    /a escola não tem em sua mente institucional ue os professores e"ercem um papel criativo0

    ela os v- como t)cnicos fa!endo um trabal$o t)cnico %%%23 4P'PE56, 1778, p% 9:; e por esse

    motivo a escola adota o paradigma instrucionista abdicando do construcionismo ue permite a

    aprendi!agem significativa, tornando o professor um criador ao inv)s de um t)cnico e"ecutor%

    1 'ntonio Vuldembergue Carval$o Farias, doutorando em Ci-ncia da Educação # InovaçãoPedagógica, da

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    's funç?es facilitadoras da aprendi!agem, por meio de caracter*sticas

    construcionistas 4bricolagem, aprender fa!endo; ou atrav)s de práticas pedagógicas ue

    envolvam as teorias sobre a forma cient*fica de construção do con$ecimento fa!em parte do

    conceito de /inversão epistemológica3, de Papert 41778; ue invoca a ideia de transformação

    do paradigma fabril de escola para uma nova escola ou mesmo para uma não#escola em ue o

    aluno se+a realmente o sen$or de sua aprendi!agem ao adotar seu próprio curr*culo 4ou não#

    curr*culo;%

    Construcionismo

    Iniciando pela teoria Construtivista ideali!ada por Piaget 41@79#17@A;, segundo aual o indiv*duo não nasce +á inteligente, contudo não ) indiferente ao meio, mas reage aos

    est*mulos e"teriores atuando sobre estes com o ob+etivo de organi!ar e construir seu próprio

    con$ecimento, elaborando#o e reelaborando#o, Papert desenvolveu e reconstruiu o conceito

    Construcionista%

    'ssim, o Construcionismo, min$a reconstrução pessoal do Construtivismo,apresenta como principal caracter*stica o fato de ue e"amina mais de perto do ueoutros ismos  educacionais a ideia da construção mental% Ele atribui especial

    importBncia ao papel das construç?es no mundo como um apoio para o ue ocorreuna cabeça, tornando#se, desse modo, menos uma doutrina puramente mentalista4P'PE56, 1778, p% 1>:#1>@;%

    'inda, para Papert 41778, p% 1>8;, a escola atual, sem a devida compreensão do

     processo de aprendi!agem, fortalece a crença de ue /a via para uma mel$or aprendi!agem

    deve ser o aperfeiçoamento da instrução3%

    Para Fino 4>AA8, p% ;, o Construcionismo ) uma /teoria segundo a ual a

    aprendi!agem acontece uando os aprendi!es se ocupam na construção de ualuer coisac$eia de significado para si próprios3% Dá para 'usubel et al 417:@, p% 17; /o aprendi!ado

    significativo acontece uando uma informação nova ) aduirida mediante um esforço

    deliberado por parte do aprendi! em ligar a informação nova com conceitos ou proposiç?es

    relevantes pree"istentes em sua estrutura cognitiva3% Concordando, Comenius 4>AA1, p% 11;

    afirma ue /nós, ao contrário, formamos $omens, e dese+amos formá#los com economia de

    tempo e de fadiga, o ue acontecerá se, em toda a aprendi!agem andarem +untamente as

     palavras com as coisas, e as coisas com as palavras3%

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    Complementando, Comenius 4>AA1, p% 7>; assegura ue /aumentar#se#á ao

    estudante a facilidade da aprendi!agem, se se l$e mostrar a utilidade ue, na vida cotidiana,

    terá tudo auilo ue se l$e ensina3%

    Para Piaget 4179;, a criança pensa e constrói suas estruturas cognitivas ainda ue

    não se+am ensinadas% Para Papert 41778, p% 8; /a aprendi!agem, por)m, ) um ato natural

    como comer, por e"emplo, ou como conversar face a face3 significando ue não fa! sentido

    ensinar com o ob+etivo de ue a criança aprenda% ' partir desse conceito, pergunta#se& como

    criar condiç?es para ue essa criança construa seu con$ecimento ' ideia de Papert foi criar 

    essas condiç?es para ue a criança aprenda mais com menos ensino% =as, ao se afirmar ue o

    aluno pode construir suas estruturas cognitivas sem o ensinamento de um professor não

    significa di!er ue se+am constru*das a partir do /!ero3% Papert 41779; afirma ue a criança se

    apropria de ob+etos e construç?es próprias, e, de modo significativo das situaç?es do

    cotidiano, nascendo dessa situação a ideia da interação social, fundamental para o

    aprendi!ado%

    Gi!er ue estruturas intelectuais são constru*das pelo aluno, ao inv)s de ensinadas por um professor não significa ue elas se+am constru*das do nada% Pelo contrário,como ualuer construtor, a criança se apropria, para seu próprio uso, em materiais

    ue ela encontra e, mais significativamente, em modelos e metáforas sugeridas pelacultura ue a rodeia 4P'PE56, 1779, p% ;%

    Papert 41778; percebeu a importBncia do computador no processo de

    aprendi!agem ao afirmar ue /a presença do computador irá indubitavelmente modificar a

    vida das crianças e, se temos o direito de estar esperançados numa mudança positiva, não

    estamos autori!ados a assumir isso no interesse da geração seguinte3 4P'PE56, 1779, p% >1; e

    assim, criou a linguagem Hogo em ue o computador não ensina criança, mas esta ensina ao

    computador, invertendo toda a lógica ou o paradigma didático, considerando como paradigmas /as reali!aç?es cient*ficas universalmente recon$ecidas %%%23 4J

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    al)m do curr*culo3 4.L

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     Kesse sentido, uma das t)cnicas mais destacadas na facilitação da aprendi!agem )

    a bricolagem% Papert 41778, p% 1>7; afirma& /uso aui o conceito de bricolage  para servir 

    como uma fonte de ideias e modelos para mel$orar a $abilidade de fa!er # e de consertar e de

    mel$orar # construç?es mentais3% Por outro lado, Hevi#.trauss 4177:, p% 9; afirma ue /el

     bricoleur es capa! de e+ecutar um gran nNmero de tarefas diversificadas0 pero, a diferencia del

    ingeniero, non subordina ninguna de ellas a la obtención de materias primas O de instrumentos

    concebidos O obtenidos a la medida de sus proOecto3%

    5esumindo, sabendo#se ue de acordo com VOgotsRO 417:@; cada pessoa tem seu

     próprio potencial de aprendi!agem cognitivo 4SGP # Sona de Gesenvolvimento Pro"imal;

     para cada assunto 4do curr*culo; não faria sentido o professor repassar con$ecimentos como se

    todos fossem iguais e tivessem as mesmas SGP%

    Fino 4>AA8, p% >; destaca uma /concepção vOgotsROana construtivista3&

    Ls aprendi!es são activos e gostam de ter iniciativa e escol$er entre váriasalternativas0 # os aprendi!es são tão competentes como activos na tarefa dacompreensão, sendo poss*vel ue construam con$ecimento baseado na sua própriacompreensão, ultrapassando esse con$ecimento a informação disponibili!ada pelo

     professor, ou indo mesmo al)m da própria compreensão do professor0 # a construçãode con$ecimento pelo aprendi! ) facilitado pelas interacç?es $ori!ontais e pelas

    interacç?es verticais0 # a disponibilidade de mNltiplas fontes de informação potenciaa construção de con$ecimento 4FIKL, >AA8, p% >;%

    L catedrático afirma ainda ue /o con$ecimento ) aduirido atrav)s de construção

    e não apenas por transmissão3 4FIKL, >AA8, p% 8; e, portanto, não $á espaço para um tipo de

     pedagogia ou de didática centrado no professor como participante ativo da aprendi!agem%

    Parafraseando Papert, os aprendi!es não aprendem mel$or pelo facto do professor ter encontrado mel$ores maneiras de os instruir, mas por l$es ter proporcionado

    mel$ores oportunidades de construir% Como +á se referiu, a esta visão da educaçãodeu Papert o nome de Construcionismo %%%2 4FIKL, >AA8, p% ;%

    Gesse conceito nasceu a ideia paperteana # /o construcionismo tamb)m possui a

    conotação de Tcon+unto de construçãoQ3 4P'PE56, 1778, p% 1>:; # de edificação ou

    simplesmente de Construcionismo para ualificar as práticas pedagógicas ue incentivem o

    SGP # Sona de Gesenvolvimento Pro"imal # /definida como a distBncia ue medeia entre on*vel actual de desenvolvimento da criança, determinado pela sua capacidade actual de

    resolver problemas individualmente, e o n*vel de desenvolvimento potencial, determinadoatrav)s da resolução de problemas sob orientação de adultos ou em colaboração com paresmais capa!es 4VOgotsRO, 17:@;3 4FIKL, >AA1c, p% ;%

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     protagonismo do aluno em ue ele próprio aprenda com o au"*lio de seus pares ou at) de um

     professor%

    Inovação pedagógica

    L conceito de inovação pedagógica alia#se com as ideias de =at)tica de

    Comenius 4>AA1, p% 8; # /a proa e a popa da nossa  Didática será investigar e descobrir o

    m)todo segundo o ual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais3 e de

    Papert 41778, p% 1>; # /a meta ) ensinar de forma a produ!ir a maior aprendi!agem a partir 

    do m*nimo de ensino3 ue consistem em fa!er mais com menos recursos, ou com os mesmos

    recursos, avaliando ue inovação na área pedagógica não se reali!a ao acaso, mas ) plane+ada,dese+ada e implementada de forma consciente% Fino 4>AA@, p% >; afirma ue /o camin$o da

    inovação raramente passa pelo consenso ou pelo senso comum, mas por saltos premeditados e

    absolutamente assumidos em direcção ao muitas ve!es inesperado% 'liás, se a inovação não

    fosse $eterodo"a, não era inovação3%

    Lra, enuanto ouve o professor, o aluno promove as suas con+ecturas mentais,

    reelaborando auilo ue ) transmitido e apreendendo somente auilo ue l$e interessa%

    /=esmo uando voc- parece estar transmitindo com sucesso informaç?es contando#as, se

    voc- pudesse ver os processos cerebrais em funcionamento, observaria ue seu interlocutor 

    está TreconstruindoQ uma versão pessoal das informaç?es ue voc- pensa estar TtransmitindoQ3

    4P'PE56, 1778, p% 1>:;%

    Então, não faria sentido um curr*culo elaborado por terceiros, em ue as

    autoridades imp?em uma grade de saberes e con$ecimentos ue +ulgam interessar aos alunos,

    delimitando não apenas a capacidade intelectual destes, mas tamb)m a própria ci-ncia atrav)s

    da departamentali!ação como se um assunto não fosse ligado aos demais% /'l)m disso,

    normalmente, o conteNdo oficial do curr*culo, %%%2 não cala nem estimula os interesses e

     preocupaç?es vitais da criança e do adolescente% Converte#se assim numa aprendi!agem

    acad-mica para passar nos e"ames e esuecer depois %%%23  4MU=ES, >AAA, p%1:;% Para Fino

    4>A18, p% >; /nen$uma alteração curricular provoca inovação pedagógica% Ken$uma lei de

    4diretri!es e; bases ou ualuer te"to legal imposto de cima para bai"o provoca mudanças

    ualitativas nas práticas pedagógicas3%

    .e pensarmos agora na escola pNblica, tal como foi criada, vemos como aaprendi!agem dei"a, de facto, de ser uma actividade espontBnea e natural para

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     passar a ser uma actividade organi!ada, a decorrer num local próprio, com $oramarcada, com tempos distribu*dos para mat)rias logicamente diferenciadas, umlocal especificamente criado para o efeito, não a fábrica, mas a escola, onde astarefas são altamente especiali!adas, um local ue congrega o maior nNmero

     poss*vel de crianças e +ovens, de acordo com a lógica de produção em s)rie, de ue

    resulta o ensino em massa 4.L, p% 7:#7@;%

    Para Fino 4>AA@, p% 1; o conceito de inovação pedagógica está ligado a mudanças

    importantes ue /envolvem sempre um posicionamento cr*tico, e"pl*cito ou impl*cito, face s

     práticas pedagógicas tradicionais3 e acrescenta ue /pressup?e um salto, uma

    descontinuidade3%

    'ssim, a escola teve suas origens no paradigma fabril no ual, segundo Fino

    4>AAA, p% >:;, /a nova ordem industrial precisava de um novo tipo de $omem, euipado com

    aptid?es ue nem a fam*lia nem a igre+a eram capa!es, só por si, facultar3% Então ter#se#ia,

    conseuentemente, o nascimento de uma nova instituição ue fosse capa! de dar respostas

    essa pend-ncia e essa entidade foi a escola% /uando a escola pNblica foi inventada, no auge

    da 5evolução Industrial, ela tin$a por missão dar resposta a necessidades relacionadas com profundas alteraç?es nas relaç?es de produção emergentes nesse tempo3 4FIKL, >AA1b, p% 1;%

    'l fin O al cabo, la escuela es una institución social creada O mantenida por lasociedad para rendir a )sta una serie de beneficios% Ko es de e"traWar, pues, ue unasociedad ue aprecia ante todo los bienes materiales, preste una atención cuidadosaal cultivo de valores relativos a la eficiencia O a la rentabilidad como algo deseableen s* mismo% Consiguientemente, no puede sorprender ue esos mismos valores seconviertan en directrices básicas de una institución ue, como ocurre con la escolar,tiene ue servir a la sociedad de la ue depende% 4.'C5I.6XK, 177A, p% ;%

    Esse modelo tradicional de instituição educacional ue se transformou em um

    invariante cultural ou em um paradigma imutável ue para $un 4177@, p% 8; /%%%2 um

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     paradigma ) um modelo ou padrão aceitos3, e no ual se assenta a escola como sendo uma

    /%%%2 esp)cie de il$a mergul$ada na sociedade& os seus muros, incluindo os muros simbólicos,

    são, tamb)m, pontos de contacto com a sociedade, cu+a dinBmica não pode ser ignorada

    uando se procura compreender a escola3 4FIKL, >AA7, p% >; e confundindo com o adágio

     popular ue afirma& /pau ue nasce torto, morre torto3, fe! surgir o seguinte uestionamento&

    Como desactivar esta visão aprior*stica de escola, uer nas nossas mentes, uer nasmentes dos pais dos alunos, dos decisores escolares e dos pol*ticos, para ue auestão da inovação dei"e de ser uma esp)cie de e"centricidade de /cientistas daeducação3, ou, pior ainda, uma absoluta falsificação destinada a /vender3 o vel$o

     paradigma utili!ando novos meios ' escola fabril, ao consolidar um determinadotipo de organi!ação e de rotinas, tem tamb)m dado origem a um discursolegitimador, %%%2 4FIKL, >AA7, p% 1;%

    6endo como proposta pedagógica o paradigma fabril de educação e utili!ando

    apetrec$os tradicionais como instrumental didático, a escola tende a re+eitar os avanços

    tecnológicos ue poderiam oferecer um salto de ualidade na aprendi!agem, conforme Papert

    41778, p% ; ao afirmar ue /%%%2 o isolamento da presença do computador deve ser visto

    como um tipo de Tresposta imunológicaQ da Escola a um corpo estran$o3, ainda ue&

    's tecnologias tradicionais serviam como instrumentos para aumentar o alcance dos

    sentidos 4braço, visão, movimento etc%;% 's novas tecnologias ampliam o potencialcognitivo do ser $umano 4seu c)rebroYmente; e possibilitam mi"agens cognitivascomple"as e cooperativas 4'..='KK, >AAA, p% 7;%

    Fino 4>AA7, p% 18; lembra ue a tecnologia pode at) contribuir para sedimentar 

    ainda mais o status quo, ou se+a, pode fomentar o modelo tradicional, uando afirma&

    =as a tecnologia não ) a inovação& se incorporada atabal$oadamente e revelia deuma refle"ão esclarecida, ela pode redundar em novo constrangimento% Podealimentar o invariante% Pode contribuir para fa!er tardar a reorgani!ação

     paradigmática% Pode servir para dar continuidade escola fabril por novos meios%

    Para $aver ruptura desse paradigma educacional, a relação professor#aluno num

    conte"to de aprendi!agem deve se configurar como uma relação proativa de ambos os lados,

    mas na perspectiva de uma aprendi!agem maior ue uma ensinagem e, sendo um ato natural

    4Papert, 1778;, não ) poss*vel uma adeuação 4ensino nos moldes tradicionais; fora dos

     padr?es psicológicos de cada um% Lu se+a, o professor não pode transferir seu con$ecimento

     posto ue o receptor 4o aluno; não o recebe, mas cria suas próprias estruturas psicológicas e

    cognitivas ue l$e permitem aprender somente auilo ue l$e interessa%

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    ' possibilidade de uma mudança de postura do professor ) algo imperioso +á ue

    a aprendi!agem não decorre da /ensinagem” $a+a vista ue de acordo com .ousa e Fino

    4>AA1, p% 7; /$á muito tempo ue os construtivistas v-m reclamando a nature!a activa da

    cognição e tornando clara a ine"ist-ncia de um v*nculo de causalidade entre o ensino e a

    aprendi!agem3% 

    Considerando ue o con$ecimento não pode ser transmitido porue ele ) pessoal,

    e, portanto constru*do por cada su+eito 4FIKL, >AA1;, então, espera#se uma transformação nas

     práticas pedagógicas, especialmente nas relaç?es entre professores e alunos, /mesmo

    reflectindo do interior da escola organi!ada em torno do paradigma fabril3 4.LAA1, p% 1A ), /Papert 417@A; afirma ue o

     papel do professor deve consistir, fundamentalmente, em saturar o ambiente de aprendi!agemcom os nutrientes cognitivos dos uais os alunos constroem con$ecimento3% Kesse caso,

    torna#se evidente ue as funç?es do professor não são de /ensinador 3, transformando os

    alunos da condição passiva de apenas ouvir e memori!ar para a proatividade na construção do

    con$ecimento ou como di! 'lves 4>A18; /a missão do professor ) provocar a intelig-ncia, )

     provocar o espanto, ) provocar a curiosidade3%

     Kesse sentido, Fino 4>AA@; dei"a claro ue são as práticas pedagógicas ue devem

    ser ob+eto da transformação, da mudança, sobretudo se mediadas pela tecnologia em ue aaprendi!agem se+a o foco principal%

    %%%2 inovação envolve obrigatoriamente as práticas% Portanto, a inovação pedagógicanão deve ser procurada nas reformas do ensino, ou nas alteraç?es curriculares ou

     programáticas, ainda ue ambas, reformas e alteraç?es, possam facilitar, ou mesmosugerir, mudanças ualitativas nas práticas pedagógicas% 4FIKL, >AA@, p% >;%

    Evidencia#se a necessidade de um inovar pedagógico, da reciclagem docente

    atrav)s de uma mudança na postura tradicional, transformando o professor num

     problemati!ador do con$ecimento, ou se+a, especiali!ando#se em matética, termo ue se

    vincula aprendi!agem em contraposição ao termo didática ue tem *ntima relação com o

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    ensino, isto ), na arte de construir con$ecimento ou na /arte de aprender” 4P'PE56, 1778, p%

    :7;% 'inda de acordo com Papert 41778, p% 1>9;, /o princ*pio mais importante da =at)tica

     pode ser o incitamento revolta contra a sabedoria aceita ue vem de saber ue voc- pode

    aprender sem ser ensinado, e com freu-ncia, aprender mel$or uando ) menos ensinado3%

    Z interessante observar ue o aluno, consciente ou não, +á se insurgiu contra a

    tradicional postura pedagógica da escola, $a+a vista ue ele se recusa a ser ensinado conforme

    demonstra atrav)s da agressão, da evasão, da renNncia, do comportamento inadeuado, da

    aus-ncia de limites, da transgressão, da falta de respeito, da não aprendi!agem, ou se+a, não

    constrói seu con$ecimento e pouco ou nada contribui para a construção geral atrav)s da

    interação com seus pares%

    'l)m disso, na educação da +uventude, usou#se uase sempre um m)todo tão duroue as escolas são consideradas como os espantal$os das crianças, ou as cBmaras detortura das intelig-ncias% Por isso, a maior e a mel$or parte dos alunos, aborrecidoscom as ci-ncias e com os livros, preferem encamin$ar#se para as oficinas dosartesãos, ou para ualuer outro g-nero de vida 4CL=EKIAA1, p% 1;%

    Isso força a escola e o professor a modificarem os planos de aula e suas práticas

     pedagógicas, transformando $ábitos em possibilidades reais de aprendi!agem, ou se+a,

    invertendo o conceito ensinar#aprender, utili!ando ou não as modernas 6IC, aproveitando ocon$ecimento +á tra!ido com os alunos e ue só necessitam de um m*nimo de criatividade

     para ue estes possam, de fato, ser protagonistas dos seus próprios con$ecimentos% /'l)m

    disso, ve+o a necessidade dessa inversão não apenas no conteNdo do ue ) aprendido, mas

    tamb)m no discurso dos educadores3 4P'PE56, 1778, p% 1>;%

    Lu se+a, o ue Papert 41778; c$amou de inversão epistemológica ) a inversão do

    modo instrucionista para o construcionista% Kesse sentido se visuali!a uma provável inovação

     pedagógica% Lu se+a, a /metamorfose, ruptura, revolução, são, em con+unto, sinónimas demudança de paradigma, auilo ue provoca a reorgani!ação de todo o sistema de pensamento

    anterior, neste caso sobre o destino do Jomem%3 4.L

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    uais os envelopes, na teoria de Freie 417:A;, ou se+a, Construcionismo tem a ver com o

     processo cognitivo da aprendi!agem, e de outro, # Inovação Pedagógica # modificando

     propositadamente as práticas pedagógicas nas uais o aluno passe a ser orientado ou motivado

    e o professor se+a apenas um provocador da curiosidade dauele, isto ), Inovação Pedagógica

    se relaciona com as práticas pedagógicas com as uais a aprendi!agem ) facilitada%

    ;, /o Construcionismo ) gerado

    sobre a suposição de ue as crianças farão mel$or descobrindo 4/pescando3; por si mesmas o

    con$ecimento espec*fico de ue precisam3 e a metáfora de ue para /pescar3 bem são

    necessárias boas iscas e boas varas de pescar 4ob+etos; e con$ecimento de águas f)rteis

    4ambientes favoráveis;, então conclui#se ue Construcionismo e Inovação Pedagógica são

    inseparáveis sendo um o refle"o ou sin(nimo do outro e vice#versa%

    Referências

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     ]]]]]]% ./gots0/ e a 1ona de Desenvolvimento Pro2imal +1DP, três implicaç3espedagógicas% 5evista Portuguesa de Educação, vol% 18, n^ >, pp% >:#>71, >AA1%c%

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     ]]]]]]% Convergência entre a teoria de ./gots0/ e o construtivismo4construcionismo4draft;% Il$a da =adeira 4P6;& AA8%

     ]]]]]]% Inovação Pedagógica 5ignificado e campo +de investigação," In 'lice =endonça

    _ 'ntónio V% \ento 4Lrg;% Educação em 6empo de =udança% Func$al& Mrafimadeira, p% >::#>@:, >AA@%

     ]]]]]]% Inovação e invariante 4cultural;% In Hiliana 5odrigues _ Paulo \ra!ão 4Lrg%;%Políticas educativas discursos e pr&ticas 4pp%17>#>A7;% Func$al& Mrafimadeira, >AA7%

     ]]]]]]% 6eses e dissertaç3es em inovação pedagógica uma c7ec0list +." 8"9," 4te"to emelaboração, a pensar em orientadores e orientandos;% A18%

    F5EI5E, Paulo% 'm :ncontro Ines!uecível entre Paulo ;reire e 5e/mour Papert % >A11%Gispon*vel em `$ttp&YYmigre%meYrH'5% 'cesso em 1@#A7#>A1%

     ]]]]]]% Pedagogia da autonomia sa%eres necess&rios < pr&tica educativa" .ão Paulo&Pa! e 6erra, >AA>%

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  • 8/16/2019 O Construcionismo Como Inovação Pedagógica Vuldembergue Farias

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