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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.ISBN: 978-85-7506-232-6
O CONTEXTO CLIMATOBOTÂNICO DA BACIAHIDROGRÁFICA VAZA-BARRIS-BA E SUAS
RELAÇÕES COM O PROCESSO DEDESERTIFICAÇÃO
Irialinne Queiroz Rios
Universidade Estatual de Feira de Santana
Raquel de Matos Cardoso do Vale
Universidade Estadual de Feira de Santana
INTRODUÇÃO
A Bahia possui 289 municípios classificados como Áreas Susceptíveis à
Desertificação — 86,8% do território — onde vive uma população de cerca de 3,7 milhões de
pessoas (BRASIL, 2004). Inserida nessa região, a Bacia Hidrográfica Vaza Barris (BHVB), com
#13.272# km2, está localizada no nordeste da Bahia, entre as coordenadas 39º46’12’’ e
37º46’15’’ W e 09º36’36’’ e 10º45’43’’ S e engloba total e/ou parcialmente 14 municípios
(Figura 01). Encontra-se sob a ação de clima semiárido, com forte intermitência hidrográfica
(AB’SABER, 1974, 1977) e incidência de secas entre 60 e 80% na maior parte de seu território
(BRASIL, 2004) que engendraram bases econômicas sustentadas predominantemente na
pecuária extensiva. Por sua vez, os processos de desertificação operantes na região estão
relacionados ou derivam desse contexto socioambiental.
Em 1997 foi promulgada a Lei Federal Nº 9433 para instituir a Política Nacional
de Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e, no seu
artigo 1º, inciso V, a bacia hidrográfica é descrita como a unidade territorial de atuação para
a referida Lei, o que demonstra sua importância para a gestão territorial dos recursos
hídricos. Concordando com essa premissa e, por entender que os recursos hídricos fazem
parte dos sistemas ambientais, tomar a bacia hidrográfica como uma unidade de análise
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espacial requer a adoção de uma abordagem sistêmica e se justifica na necessidade de se
considerar, além da rede de drenagem, os diferentes elementos da paisagem que a
compõe: solos, relevo, vegetação, clima, bem como a ação antrópica — uma vez que esta
ocasiona alterações na dinâmica natural — visto a estrita dependência, reciprocidade e
relações entre eles. Botelho (1999, apud VITTE et al, 2007) ratifica a ideia ao afirmar que
diversos pesquisadores chamam a atenção para a bacia hidrográfica como uma unidade
natural da superfície terrestre, na qual é possível reconhecer e estudar as inter-relações
existentes entre os diversos elementos da paisagem e os processos que atuam na sua
esculturação, tal como a erosão. Por sua vez, por via de conceituação, (GUERRA et al, 1999
apud SACRAMENTO, 2005 ) a bacia hidrográfica é reconhecida como unidade natural,
correspondendo a uma determinada área da superfície terrestre, cujos limites são criados
em função da drenagem — escoamento superficial e subsuperficial das águas. Num outro
âmbito, a bacia hidrográfica pode ser vista como recurso natural dotado de valor, de acordo
com o uso que dela pode ser feito.
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Figura 1
Para Lima e Zakia (2000, apud TEODORO et al, 2007) as bacias hidrográficas são
sistemas abertos, que recebem energia através de agentes climáticos e perdem energia
através do deflúvio, podendo ser descritas em termos de variáveis interdependentes, que
oscilam em torno de um padrão, e, desta forma, mesmo quando perturbadas por ações
antrópicas, encontram-se em equilíbrio dinâmico. Assim, qualquer modificação no
recebimento ou na liberação de energia, ou modificação na forma do sistema, acarretará em
uma mudança compensatória que tende a minimizar o efeito da modificação criada e a
restaurar o estado de equilíbrio dinâmico. No entanto quando essa restauração ou
capacidade de resiliência do sistema não é alcançada, o estado de equilíbrio é rompido,
acarretando em processos de dano e de degradação da bacia hidrográfica.
Dada à importância vital da água é interessante considerar, nos estudos sobre
áreas em desertificação, os recursos hídricos e a degradação ambiental, abordados sob o
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entendimento da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial própria para a gestão e
planejamento ambiental (NASCIMENTO, 2010) em especial por se tratar de um domínio
climático onde a água é elemento escasso. Junto a isso, levantar questões sobre manejo do
solo e conservação da cobertura vegetal também se mostram pertinentes.
A desertificação é um processo de degradação aguda que atinge as regiões
áridas e semiáridas, primeiras a serem povoadas em toda a história humana e, em muitas
delas, ergueram-se impérios e majestosas civilizações que forjaram a moderna cultura
ocidental e oriental (MATALLO JR, 2001). Tomando como exemplo o Brasil, observa-se que a
exploração extrativista e a dinâmica de produção do período colonial, trouxeram como
resultado, o isolamento das populações e das economias coloniais dos processos
capitalistas emergentes, baseados na crescente incorporação de tecnologias voltadas para o
aumento da produtividade e da produção. O autor ainda destaca que, por outro lado, as
economias coloniais se mantiveram em escalas de subsistência, com baixos níveis de
tecnologia e capitalização e, portanto, sem as condições mínimas para o desenvolvimento,
ou seja, atraso tecnológico e instauração de um padrão de exploração dos recursos naturais
insustentáveis, face às demandas a que deveriam atender. Um período marcado por ações
que contribuíram para ampla degradação ambiental, que se prolonga por mais de
quinhentos anos, em detrimento de ainda tímidas práticas sustentáveis.
O semiárido brasileiro apresenta susceptibilidade natural ao processo de
desertificação, não só em função do clima, mas também das classes de solo, mas os
principais fatores são as ações humanas, em virtude do manejo inadequado e insustentável
dos recursos naturais (SOARES et al., 2011). Ou seja, a degradação ambiental não só se
manifesta pela sensibilidade natural do sistema, mas pelos setores produtivos do meio
rural.
Adotado na Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação
(ONU/CCD, 1994), a degradação da terra refere-se à redução ou perda, nas zonas áridas,
semiáridas e subúmidas secas, da produtividade biológica ou econômica das lavouras
irrigadas, terras agrícolas ou grama, pasto, floresta e matas, resultantes de utilizações da
terra, ou a um processo ou combinação de processos, incluindo os que resultam de
atividades humanas e padrões de habitação, tais como, erosão do solo causada pelo vento
e/ou água; deterioração do produto químico, físico e biológico ou propriedades econômicas
e de solo; e, em longo prazo, perda de vegetação natural. Esta compreensão ampla e
integrada da natureza da degradação ambiental orientou os estudos sobre o contexto
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climatobotânico da BHVB e a identificação das formas em que se manifestam processos de
desertificação a ele associados.
Para tanto foi necessário analisar a cobertura vegetal e da terra (BRASIL, 2006)
por meio da fotointerpretação das imagens do sensor Landsat 5 TM em diferentes datas —
216/67 de 01.2007; 215/67 de 12.2006; 216/67 de 11.2008; 215/67 de 11.2008 — para
permitir avaliar as variações sazonais, pois o padrão das coberturas em região semiárida,
responde com muita evidência aos condicionantes climáticos. Após recortar a área da bacia
nas imagens, foram geradas composições coloridas, recorrendo ao ArcMap 10, a fim de
identificar a cobertura vegetal e da terra, bem como, superfícies em diferentes dinâmicas e
degradações. Optou-se por aplicar o Índice da Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI),
por ser mais adequado à localização geográfica tropical da bacia. Para este fim foi utilizado o
software ENVI 4.7.
O CONTEXTO CLIMATOBOTÂNICO NA BACIA HIDROGRÁFICAVAZA-BARRIS
A BHVB encontra-se em contato geológico de rochas Pré-cambrianas e
Mesozóicas, com ocorrências ígneas do Proterozóico Superior já bastante arrasadas e
pediplanadas, e tabuleiros dissecados onde afloram os sedimentos cretáceos da Bacia
Sedimentar Recôncavo-Tucano. Sob tais circunstâncias têm-se relevos fortemente
contrastados por estes fatores litoestruturais. A configuração climática do nordeste
brasileiro, elucidada inicialmente por Nimer (1989) está relacionada a quatro sistemas
atmosféricos oriundos de norte, leste, sul e oeste. Trabalhos mais recentes (MOLION e
BERNARDO, 2000, 2002; FERREIRA e MELLO, 2005; DANNI-OLIVEIRA e MENDONÇA, 2007;
MARENGO, 2008) atribuem a semiaridez regional à subsidência e inversão psicrotérmica, ou
seja, forte inversão de temperatura e de umidade, que ocorre sobre a região. A ZCIT e os
sistemas frontais inibem esta dinâmica e produzem chuvas. Perturbações ondulatórias nos
alísios, mais frequentes nos anos de La Niña, associadas às brisas de mar e de terra,
constituem mecanismos de mesoescala importantes para as chuvas locais e são
responsáveis por 30% a 40% dos totais anuais.
O regime pluviométrico na BHVB apresenta chuvas concentradas nos meses de
fevereiro a maio e seca de agosto a outubro, período marcado por NDVI muito baixo (-0.40 –
0.08, Figura 1). As maiores temperaturas na região da bacia encontram-se distribuídas entre
novembro e março, sendo janeiro e dezembro os meses mais quentes. A variação das
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médias anuais, de acordo com o balanço hídrico (BAHIA/SEI, 1999) está entre 22,7ºC e
24,6ºC, ou seja, baixa amplitude térmica anual. Apesar de janeiro e dezembro serem sempre
os meses mais quentes, não é necessariamente os mais chuvosos, o que confirma a
influência de outros elementos na dinâmica da atmosfera, nos diferentes setores da bacia,
pois as maiores precipitações ocorrem em fevereiro, março e maio. Assim, dezembro, mês
do solstício de verão, onde tem início a maior incidência de radiação solar sobre a região,
pode trazer fortes chuvas para o verão. Para Marengo (2011, pg. 388) “as variabilidades
temporais e espaciais das precipitações pluviométricas constituem uma característica
marcante do clima da região nordeste do Brasil, em particular sobre a porção semiárida”.
Janeiro e dezembro, na maioria dos municípios, são também os meses de maior
Evapotranspiração Potencial (EP), o que acarreta em maior perda de umidade para os
sistemas solo-planta e hídrico.
O mapa de isoietas e hipsometria (Figura 02) demonstra que há diferença
pluviométrica significativa na região — os maiores índices, entre 700 e 900mm, são
concentrados na porção leste da BHVB, de barlavento e de menor continentalidade. Ou seja,
os tabuleiros que ocupam o centro da bacia, com 776 a 926m de altitude, tornam-se uma
barreira à passagem de correntes atmosféricas úmidas para as depressões à oeste da bacia,
tornando-as mais secas, com valores pluviométricos entre 400 e 500mm. As repercussões
destas características climáticas regionais se refletem e podem ser entendidas pela análise
sazonal do NDVI.
A partir de uma análise conjunta da paisagem, compreende-se que as
características climáticas e geomorfológicas delimitam os tipos de vegetação, em função da
presença de tabuleiros, depressões e serras. VELOSO (2013) identificou nas superfícies
arrasadas do interior do nordeste brasileiro, a formação de caatinga caducifólia espinhosa,
condicionada às chuvas muito irregulares da frente intertropical de verão, sujeita a
prolongados períodos de estiagem; nos tabuleiros arenosos, caatinga arbustiva entremeada
por elementos arbóreos; nas depressões, caatinga arbustiva com raros elementos arbóreos;
e caatinga dos “inselbergs” e depressões, com caatinga em moitas esparsas recortadas por
crassos espinhosos.
A caatinga reveste um solo que, na época das chuvas, é protegido por incipiente
cobertura rasteira e, na estação seca, aflora nu entre profusa ramificação desfolhada, onde
a insolação e as enxurradas são os componentes da dinâmica de erosão em lençóis d’água
(VELOSO, 2013). É desta forma que a caatinga se constitui um ambiente ecologicamente
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vulnerável aos processos erosivos de perda solo. Apesar de compreender formações
caducifólias com serrapilheira, a umidade necessária para sua decomposição química é
baixa e não possibilita maior agregação dos nutrientes no solo, e, ao mesmo tempo, boa
parte é perdida por enxurradas.
Figura 2: Mapa de isoietas sobre hipsometria - BHBV
As mudanças sazonais que acompanham a dinâmica temporal da vegetação
podem ser observadas de modo mais claro por meio da análise comparativa entre as duas
estações que caracterizam a região. A Figura 3 mostra que os valores do NDVI no período
chuvoso são mais elevados (0.28 - 0.70), correspondendo a uma maior atividade
fotossintética da vegetação. Na ausência de chuvas (Figura 4) esses valores são muito
menores (-0.40 – 0.08), ampliando a área com baixa, ou quase nula, atividade da vegetação
— árvores desfolhadas e/ou solos expostos.
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Figura 3: Mapa do NDVI da BHVB no período chuvoso (01/2007 – 12/2006).
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Figura 04 – Mapa do NDVI da BHVB no período (11.2008 – 11.2008)
Entende-se que as áreas onde os valores de NDVI se mantêm elevados em
ambos os períodos — chuvoso e seco — podem constituir estratos de vegetação com baixa
caducifolia na estação seca, podendo ser setores mais úmidos ou menos secos. Da mesma
forma, áreas onde os valores de NDVI permanecem baixos no período chuvoso,
correspondem a solos expostos, lajedos, ou afloramentos, e/ou à caatinga sensu stricto com
alto grau de caducifolia. No entanto, as variações na intensidade da atividade fotossintética
podem estar associadas a fatores diversos, desde as características da cobertura vegetal, as
quais podem se diferenciar a partir da influência do relevo e dos solos ou dos
condicionantes climáticos, aos diferentes usos da terra nas várias porções da bacia.
USO E COBERTURA DAS TERRAS
Na escala de mapeamento deste estudo (1:150.000) foi possível discriminar 15
(quinze) classes de uso e cobertura das terras. Considerando que foi visualizado nas
imagens e verificado em levantamentos de campo a existência de superfícies erosivas
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passíveis de vetorização, optou-se por incluí-las no mapa. Esta decisão permitiu localizar
espacialmente tais superfícies e demonstrar a degradação dos solos da BHVB,
requalificando o trabalho de interpretação do mapa, tornando-o, mesmo que de forma
incipiente, um mapa para análise integrada.
Figura 5: Mapa de uso, cobertura e degradação dos solos na BHVH
O processo de vetorização das classes foi realizado por fotointerpretação das
imagens Landsat 5 TM, considerando as feições e elementos identificados, utilizando
algumas propriedades das imagens como, cor, textura e rugosidade. O mapa do NDVI foi
muito importante por exibir as diferenças sazonais na densidade da cobertura vegetal e,
desta forma, proporcionar melhor controle na interpretação das classes, sobretudo das
caatingas.
Em termos quantitativos, é predominante a classe Agropecuária, recobrindo
38,5% da bacia, distribuída em áreas de baixa declividade, entre 0 e 10% (RIOS e VALE, 2014).
Nestes espaços agro-ocupados são encontrados os mais baixos valores de NDVI (0.0 a 0.08)
tanto no período seco quanto no chuvoso, o que expressa menores índices de atividade
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fotossintética da cobertura vegetal e acentuada antropização. A agropecuária caracteriza-se
como uma matriz da paisagem na porção leste da bacia, principalmente sobre os
pedimentos da depressão sertaneja, entrecortada por manchas de remanescentes de
caatinga, que correspondem a aproximadamente 5% da área mapeada. A classe é
identificada também junto à borda oeste dos tabuleiros, onde existem declividades mais
suaves, diferentemente da borda leste, na qual acontece uma ruptura mais abrupta (RIOS e
VALE, 2014). Essa morfologia permite uma dinâmica de deposição de material
detrítico-sedimentar em pedimentos funcionais, nas partes mais deprimidas do relevo
(borda leste dos tabuleiros), caracterizando áreas aplainadas e com solos propícios para
desenvolver a agricultura. Identificou-se em campo grande número de propriedades que
praticam agricultura de sequeiro e familiar.
As caatingas ocupam 52,2% da BHVB, mas apresenta diferenças
fitofisionômicas , sobretudo quanto à densidade, estratificação e altura do dossel, bem
como de sua composição florística, aspectos que possibilitaram distinguir 04 classes.
A Caatinga Arbórea-arbustiva com muito alta antropização, recobre 22,3% da bacia
e está restrita ao seu alto curso, municípios de Uauá, Canudos e Jeremoabo. Caracteriza-se
por baixa, ou ausência de cobertura vegetal, devido à pecuária extensiva, além de
apresentar os mais baixos índices pluviométricos da bacia (Figura 2). A criação de caprinos e
ovinos é dominante, ocupa todos os espaços e é praticada em meio à caatinga, sem que
haja significativa supressão da vegetação, porém existem inúmeras manchas de solo
totalmente exposto e que não se recompõe na estação chuvosa. Os mapas do NDVI
demonstram esta situação que pode ser interpretada como resultante da maior aridez —
precipitações entre 400 e 500 mm anuais — solos mais pedregosos e caatingas mais
rústicas, do tipo hiperxerófila, com presença de cactáceas e bromeliáceas, que, numa ação
conjunta, impuseram uma menor capacidade de resiliência da vegetação, nesse setor da
bacia.
A Caatinga Arbórea-arbustiva com alta antropização, que ocupa 13,5% da bacia, e a
Caatinga Arbórea-arbustiva com média antropização, 5,3%, foram separadas levando-se em
conta, sobretudo, as características espectrais das imagens — textura e cor — que
permitiram identificar superfícies mais ou menos vegetadas. O NDVI foi muito relevante para
separar essas duas classes. Esta caatinga ocorre nas bordas e encostas dos tabuleiros e, na
dependência das declividades e da incidência da pecuária extensiva caprina e bovina,
podem apresentar maior ou menor superfície pisoteada e exposta à erosão e radiação solar
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direta.
Sobre os topos tabuleiros ocorre Caatinga Arbórea-Arbustiva com baixa
antropização, onde a densidade da cobertura é diretamente proporcional à altitude,
ocupando em conjunto, aproximadamente, 6,1% da área da bacia. Os espaços ocupados por
estas caatingas constituem parte dos maiores fragmentos deste bioma na região nordeste
da Bahia, por ser adaptado às chuvas irregulares e temperaturas elevadas, bem como às
condições morfopedológicas do semiárido. Parte desta caatinga encontra-se protegida na
Estação Ecológica Raso da Catarina, o que explica sua maior primitividade, apesar da ainda
presença de gado solto dentro dos seus limites.
Os Remanescentes de caatinga ocorrem sobre serras e constituem formações
arbustivas com presença de cactáceas, bromeliáceas e palmeiras, que se distribuem em
5,0% da área da bacia. Estas serras apresentam neossolos litólicos e pedregosidade, comum
na borda leste da bacia, cujo contexto ambiental, em conjunto com o grau de antropização,
ainda não provocou níveis elevados de degradação. Tais remanescentes, visualizados
também em campo, apresentam-se conservados, no entanto, podem também deixar de
existir em curto ou médio período de tempo, devido à sua dimensão espacial muito
pequena e ao seu isolamento espacial.
A classe Serras e afloramentos rochosos compõem 2,8% da área da bacia,
apresentando ora uma cobertura de caatinga com NDVI alto (0.4 a 0.7), mesmo em período
seco, ora valores muito baixos (-0.4 a 0.08) na porção oeste da bacia. A persistência destes
relevos rochosos está associada aos fatores geológicos — lineamentos estruturais derivados
de falhas (inversas e/ou de empurrão) em gnaisses, xistos, quartzitos e mármores do Gr.
Macururé (BAHIA, 1978). Encostas rochosas de alta declividade favorecem processos
termoclásticos e formação de tálus, sobre os quais, há certo adensamento da caatinga
arbustiva e arbórea.
Em menor dimensão espacial, apenas 0,2% da bacia, ocorre a classe Vegetação
de fundo de vale, desenvolvida nas ravinas, por vezes profundas, que recortam as encostas
dos tabuleiros. Destaca-se por apresentar uma cobertura vegetal mais densa do que sua
área de entorno, o que mantém, de certo modo, o equilíbrio ambiental da unidade, uma vez
que, a vegetação desacelera a erosão remontante. Assim, esperam-se ocorrer solos melhor
estruturado e maior potencial de recarga hídrica para a rede de drenagem.
A Agricultura irrigada, praticada em somente 0,5% da bacia, é atividade
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econômica rural muito relevante. É desenvolvida em propriedades de melhor infraestrutura
rural, no médio curso do rio Vaza-Barris — trecho mais largo do seu vale — aproveitando o
potencial dos solos da planície aluvial. A captação é feita diretamente no rio e é utilizada nos
cultivos de pimentão, tomate, cebola, melancia, milho e feijão, cuja produção é
comercializada na região. As práticas de manejo dessas culturas incluem adubação química
e defensivos e, no preparo do solo, máquinas agrícolas convencionais.
A classe Superfície de erosão remontante foi nitidamente identificada por meio das
cicatrizes de erosão dispostas nos tabuleiros. Ocorrem em 2,5% da bacia, sobre áreas
elevadas (561 – 650 m) e de maiores declividades (25 – 80%) em solos arenosos friáveis
(RIOS e VALE, 2014) fatores que promovem o recuo pluvial das cabeceiras das ravinas. Este
processo está relacionado à presença de conglomerados, arenitos e folhelhos da Formação
Marizal (BAHIA, 1978), cujas fácies mais inconsolidadas concorrem para maior erosão, que
desagrega os conglomerados e gera extensa cobertura rudácea de baixo NDVI (0,0 a 0,08).
As Superfícies de incisão linear localizadas ao sul do açude de Cocorobó, em
Canudos, correspondem ao que foi denominado por Ab’Saber (1977) como Altos Pelados
“interflúvios desnudos das colinas rasas, nos quais mais de 80% da cobertura vegetal foi
retirada, favorecendo a remoção da camada superficial do solo e o aparecimento de
fragmentos de quartzo”. Estas superfícies pedregosas exibem também afloramentos de filito
muito resistentes, vegetação esparsa predominantemente arbustiva, e sulcos difusos e
ramificados, que evoluem para ravinas. Apesar de corresponder a apenas 1% da bacia,
revela dinâmicas geomorfológicas importantes para se pensar no processo de
desertificação. A ocupação da bacia por rebanhos caprinos, ovinos e bovinos, promoveu
processos de erosão sobre solos friáveis, tornando-os fortemente vulneráveis à
morfogênese, que pode evoluir para desertificação.
Pode se considerar que a Mata ciliar inexiste, pois apenas 0,7% da bacia
apresenta algum tipo de vegetação ripária, cuja importância é vital para o fluxo gênico da
fauna e dispersão da flora. Constituem faixas estreitas e descontínuas de pouca relevância
ecológica e geomorfológica, considerando-se o regime sazonal do clima da região.
CONCLUSÃO
Os limites interfluviais da BHVB circunscrevem espaços biofísicos
significativamente diferenciados, os quais abrigam atividades produtivas dependentes das
características locais destes espaços. Dentre elas têm-se os totais pluviométricos que
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incidem na bacia — 700 a 900mm na porção leste e 400 a 500mm na oeste, relacionados à
barreira orográfica imposta pelos tabuleiros que ocupam o centro da bacia, com 776 a 926m
de altitude. As repercussões derivadas se refletem nas tipologias da cobertura das terras,
sobretudo, na fitofisionomia das caatingas e na produção do espaço, identificadas por meio
da análise sazonal do NDVI. Os valores do NDVI no período chuvoso são mais elevados (0.28
a 0.70), correspondendo a uma maior atividade fotossintética; no seco são muito menores
(-0.40 a 0.08) o que indica a magnitude da redução pluviométrica e dos efeitos da
sazonalidade sobre a vegetação. As superfícies vegetadas, total ou parcialmente
desfolhadas, as áreas de cultivo abandonadas, e os solos expostos, têm suas áreas
ampliadas, de tal forma, que os registros espectrais nas imagens de satélite, não deixam
dúvidas quanto à dimensão da sazonalidade presente na região.
Setores onde o NDVI se mantém elevado tanto na estão chuvosa quanto na seca
correspondem à caatinga com baixa caducifolia, podendo ser menos secos. Da mesma
forma, onde os valores de NDVI permanecem baixos no período chuvoso, correspondem a
solos expostos, lajedos, ou afloramentos, e/ou à caatinga sensu stricto ou com alto grau de
caducifolia. No entanto, as variações na intensidade da atividade fotossintética podem estar
associadas a fatores diversos, desde as características da cobertura vegetal, as quais podem
se diferenciar a partir da influência do relevo e dos solos, até aos diferentes usos da terra
nas várias porções da bacia.
A agropecuária é a atividade produtiva mais importante, em especial a pecuária
extensiva de caprinos, ovinos e, secundariamente de bovinos, e é praticada em 38,5% da
área da bacia, principalmente sobre os pedimentos da depressão sertaneja. Nestes espaços
são encontrados os mais baixos valores de NDVI (0.0 a 0.08) tanto no período seco quanto
no chuvoso, o que indica acentuada antropização. O manejo extensivo da pecuária
fragmenta a caatinga e “preserva” remanescentes em manchas irregulares, que
correspondem a aproximadamente 5% das áreas ocupadas. As caatingas — em diferentes
graus de antropização — ocupam 52,2% da bacia, mas apresenta importantes diferenças
fitofisionômicas, sobretudo quanto à densidade, estratificação e diâmetro do dossel, bem
como de sua composição florística. A capacidade de resiliência dessa vegetação depende de
vários fatores — relevo, solos e distribuição das chuvas — bem como do tipo de manejo
praticado nas atividades rurais.
É neste cenário que o processo de desertificação tem início. Constata-se que na
BHVB este processo é derivado de variáveis que envolvem desde a fragilidade ecológica e
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morfoclimática, até às atividades produtivas rurais, que em conjunto, aceleram a
degradação ambiental, reduzem a resiliência dos sistemas socioambientais e geram uma
dinâmica que retroalimenta e perpetua os danos que vêm atingindo a bacia. Processos mais
evidentes foram mapeados — superfícies de erosão remontante e de incisão linear — que
apesar de atingirem uma pequena área da bacia, menos de 4,0%, constituem processos
areolares persistentes e muito ativos, que têm gerado chãos pedregosos intitulados Altos
Pelados, por Aziz Ab’Saber, já em 1977.
REFERÊNCIAS
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O CONTEXTO CLIMATOBOTÂNICO DA BACIA HIDROGRÁFICA VAZA-BARRIS-BA E SUAS RELAÇÕES COM O PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO
EIXO 6 – Representações cartográficas e geotecnologias nos estudos territoriais e ambientais
RESUMO
A dinâmica de fragmentação da vegetação no semiárido é fator para pensar a desertificação. A
caatinga constitui ambiente vulnerável à erosão do solo e exposição da superfície aos efeitos
desagregadores da chuva. Os restos orgânicos necessitam de chuva e longo tempo para
decomposição, e podem permanecer íntegros na seca. Contudo, as chuvas torrenciais os remove
por lençóis d’água e inviabiliza sua incorporação aos solos. Assim, a evolução intrínseca
solo/planta torna-se comprometida. Nesse cenário, investiga-se a desertificação, à luz do contexto
climatobotânico e da dinâmica dos usos das terras e dos remanescentes de caatinga, essenciais
na análise da degradação dos solos e da irreversibilidade do processo.
Para avaliar a cobertura vegetal foram interpretadas imagens Landsat 5 nos períodos seco e
chuvoso por condicionarem a tipologia e o padrão de cobertura vegetal, e criado o Índice da
Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI). Os valores encontrados mostraram-se concordantes
com as realidades observadas na bacia. Com esse resultado e composições coloridas foi
construído o mapa de uso e cobertura das terras, recorrendo ao ArcMap 10, a fim de identificar
áreas em diferentes dinâmicas e níveis de degradação.
Em termos quantitativos predominou a Agropecuária, que recobre mais de 38% da bacia,
distribuídas em áreas de baixa declividade — entre 0 e 10% — e isoietas entre 400 – 500 mm.
Nessa, são encontrados os mais baixos NDVI (0.0 a 0.08) em ambas as estações, o que expressa
baixa, ou mesmo ausente, atividade fotossintética e acentuada antropização. A pecuária, com
supressão da vegetação, acelera o processo de erosão e perda do solo por processos pluviais
que carreiam o horizonte superficial, o mais fértil do manto pedológico, reduz o potencial de
produtividade e compromete a vegetação, inclusive de gramíneas. Estas são dinâmicas que
demonstram a fragilidade do sistema ambiental local/regional que, sob pressão antrópica, tem
desenvolvido processos de desertificação.
A segunda maior classe — Caatinga Arbóreo-Arbustiva com antropização muito elevada —
recobre mais de 22% da BHVB, restrita aos municípios de Uauá, Canudos e Jeremoabo.
Caracteriza-se por baixa ou ausência de vegetação, devido à pecuária extensiva predominante,
além de apresentar os mais baixos índices pluviométricos (400 – 500 mm). As áreas que
mantiveram altos valores de NDVI (0.41 – 0.70) e os mais baixos níveis de antropização, em ambos
os períodos, correspondem à Caatinga Arbóreo-Arbustiva (25% da bacia). A Caatinga
Arbóreo-Arbustiva com antropização média, Caatinga Arbóreo-Arbustiva com antropização alta,
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Agricultura Irrigada, Vegetação de fundo de vale, Serras e afloramentos rochosos, Superfície de
erosão remontante, Remanescentes de caatinga, Superfície de incisão linear, Mata Ciliar, atingem
15% da bacia.
A análise do processo de desertificação nessa bacia reúne variáveis que envolvem desde a
fragilidade ambiental natural morfoclimática, até às formas com que as atividades econômicas
rurais têm sido realizadas. Aceleram a degradação ambiental, via supressão da cobertura vegetal
e do manejo inadequado, bem como, há carência de tecnologias sociais capazes de estabelecer,
de forma eficiente, a convivência com o semiárido. Por consequência tem-se a geração de uma
dinâmica em cadeia que se retroalimenta e perpetua os aspectos negativos e danosos ao sistema
ambiental.
Palavras-chave: Cobertura vegetal, uso das terras, sistema ambiental.
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