O Demônio da Distração - Wolfgang Smith

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  • 8/3/2019 O Demnio da Distrao - Wolfgang Smith

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    O Demnio da Distrao

    Autor: Wolfgang SmithTraduo: Murilo Resende Ferreira

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    A distrao crnica uma das maiores ameaas de nosso tempo pode ser caracterizada como uma condio passiva na qual umhomem habitualmente se alimenta de estmulos externos, como seeles por si s pudessem constituir um fim suficiente para a existnciahumana. um estado que viola um princpio fundamental: aobrigao de limitar e assimilar seu prprio alimento mental atravsdo exerccio de um poder determinado o mesmo poder, de fato, quenos torna humanos.

    O mais assombroso no que essa condio de gula e indigestomental no seja salutar, mas que possa ser tolerada frequentementecom to grande facilidade. A explicao para esse desconfortoaparente reside no fato de que a distrao, depois de certo tempo, levaa uma dissipao das energias mentais e a uma reduocorrespondente dos nveis de concentrao, de tal forma que oprocesso em si mesmo cria a insensibilidade necessria. As

    percepes sutis, esses vislumbres de reinos transcendentes aoslimites estreitos do universo convencional, so a primeira coisa adesaparecer. Longe de ser um mero empobrecimento, esse evento noanunciado significa a perda de nossa inteligncia mais elevada, denossa liberdade real e, em certo sentido, de nossa humanidade.

    Entre os inmero fatores em nossa civilizao contempornea, quetendem a agravar esse problema, o primeiro lugar deve ser dado aosmeios de comunicao de massas, e especialmente televiso, cujoimpacto sobre a disposio e a vida mental do pblico em geral

    virtualmente incalculvel. S precisamos considerar a profuso deentretenimento, notcias, propaganda, tragdia, vulgaridade e purafofoca que essa verdadeira caixa de Pandora libera aleatoriamente emcada casa, para maravilhar-nos sobre como o pblico foi capaz desobreviver a essas incurses sem sofrer uma perda completa dasanidade! Alguns dizem que as plantas podem ser mortas por umaoverdose de rock , e podemos assumir que se um animal pudesse serforado a se interessar por uma avalanche similar de estimulaodesarmnica, colapsaria imediatamente. E ainda assim o homem

    parece florescer com tal rao.

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    Em face aos graves perigos, especialmente para a vida espiritual,resultantes dessa dominao sem precedentes da sociedade pelamdia, surpreende-nos quo pouco as lideranas crists buscaramavisar os fiis. Ainda que o ato de ingesto de programas de TV a basede vintes e trs horas por semana possa no implicar em si mesmo,

    digamos, um pecado venal, seria necessria uma falta monumentalde perspiccia para se concluir que tal estilo de vida compatvel atmesmo com um mnimo de espiritualidade! Deixando de lado ocontedo efetivo desses programas ao qual voltaremos na ltimaparte gostaramos de apontar neste artigo que a disperso em simesma categoricamente oposta ao ethos Cristo. E o de tal formaque o problema a nos confrontar toca o prprio corao da doutrinacristo.

    Consideremos as palavras de Cristo em Mateus 12:30: quem comigono ajunta, espalha. Agora, de acordo com a interpretaotradicional, quem no ajunta comigosignifica Sat, e o que est sendoespalhado a coletividade das almas humanas. Assim como asovelhas so espalhadas por um lobo predador, tambm as almas soespalhadas pelos incontveis atalhos do erro, que divergem em todosos sentidos da nica verdade central. Mas h tambm outrainterpretao, mais diretamente relacionada ao nosso tpico, deacordo com a qual quem comigo no ajunta o prprio homem, namedida em que tenha divergido do caminho da salvao, e o que

    espalhado sua alma, ou melhor , os mltiplos poderes de sua alma.Nos caminhos desse mundo, esses poderes se dispersamindefinidamente, como um monte de poeira lanado ao ar.

    Nesta perspectiva, aquele que ajunta com Cristo tambm o queentrapela porta estreita(Mateus 7:13), o mesmo que passapelo caminho apertado , que leva at a vida. De fato, o caminhoapertadoe aporta estreitasugerem a idia de concentrao, deajuntamento de muitas coisas em uma s, assim como aporta largae

    ocaminho espaososugerem expanso ou disperso. Osadjetivos espaosoe largopodem,portanto, ser uma referncia nosimplesmente escassez ou abundncia respectiva de viajantes, mastambm condio da alma enquanto viaja por cada um dessescaminhos. Para substanciar essa interpretao, observemos queaporta estreitacorresponde evidentemente ao buraco de agulhanaparbola do homem rico, que achava difcil entrar no reino dos cus.Agora, quem esse homem rico, e qual a natureza dessaspossesses, que obstruem sua entrada? A resposta dada peloprprio Senhor quando Ele diz, Bem aventurados os pobres deesprito, porque deles o reino dos cus. Aqui somos informados deque a pobreza atravs da qual algum pode passar pelaporta

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    estreita tambm passar atravs do buraco de agulha umapobreza espiritual, uma pobreza referente condio da alma. Defato, no pode haver dvida de que nossa alma, em seu presenteestado, eminentemente comparvel ao homem rico. E por isso, aoescutarem essa parbola, os discpulos de Jesus ficaram

    excessivamente assustados, dizendo, Quem ento pode sersalvo?Eles ficaram profundamente preocupados, poispresumivelmente entenderam em seus coraes que aquilo que foramchamados a atingir era humanamente impossvel. Ento nossoSenhor lhes confortou, e a ns, acrescentando quepara Deus todasas coisas so possveis. Atravs de mais encorajamento, Ele nos fezentender que aquelas possesses interiores, as quais todos queseguem Cristo devem abandonar, so na verdade um fardo para aalma. Por elas ns trabalhamos e ficamos sobrecarregados, e disso

    somos liberados quando andamos nas pegadas de Cristo. Porque meujugo suave, e meu fardo leve (Mateus 11:30).

    O abandono de tudo que estranho essncia da alma no somente uma purificao e uma catarse, mas tambm, ao mesmotempo, um ato de descanso e concentrao, atravs do qual ospoderes espalhados da alma so recolhidos de todas as direes, paraserem reintegrados no centro luminoso de qual irradiaram. Essecentro o corao mstico do qual os profetas e os santos falaram, otemplo interno onde Deus reside em segredo, e ,em ltima

    instncia, o oratrio ao qual Cristo alude em Mateus 6:6, quando Elenos exorta: entra no teu aposento e, fechando a porta, ora a Teu paique est em secreto. Finalmente, esse abrigo ntimo de nossa alma tambm a porta estreita que leva ao Reino de Deus. Pois como SoIsaac da Sria escreveu Tenta entrar em tua casa do tesouro interiore vers a casa do tesouro dos cus. Pois uma e a outra so a mesma,e uma e a mesma entrada revela as duas.

    O contexto de Mateus 6:6, no entanto, no deixa dvidas de que a

    idia de entrada no santurio interior deve admitir graus, de formaque muito antes que a perfeio completa da santidade seja atingida,ns, que ainda estamos sujeitos corrupo do mundanismo,possamos experimentar um descanso parcial, e alguns momentos derepouso espiritual. Ns podemos transformar nosso corao em umoratrio, escreve o Irmo Lawrence em seu estilo simples e doce, onde nos retiramos de tempo em tempo para conversar com Ele emsua mansido, humildade e amor. Todos so capazes dessaconversao familiar com Deus, alguns mais, outros menos. Quantomais profunda e habitual essa conversao se tornar, maisharmoniosa e frutfera tambm ser nossa vida exterior. Na verdade,o grande segredo levar a paz e interioridade da contemplao at a

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    vida ativa, para que estivermos onde estivermos, ou qualquer que sejaa tarefa que nos chamar, permaneamos concentrados, com nossoolhar interno fixo em Cristo. nesse estado, quando seus olhos

    forem bons (Lucas 11:34), que um homem realiza seu grandetrabalho, ou melhor, nesse estado que nosso trabalho santificado,

    pois ento ns obramos as obras de Deus(Joo 6:28). Tendoiluminadouma candeiaao acender nossa alma com o amor de Deus, somosexortados pelo Prprio Cristo a colocar essa candeia ardente sobre ocandelabro, para que os que entram vejam a luz. (Lucas 11:33).

    Dessa reflexo sobre os ensinamentos de nosso Senhor emerge o fatode que a vida crist necessariamente oposta a tudo que espalha edissipa os poderes da alma, a tudo, em outras palavras, que atrais ohomem para longe de seu centro, que o faz esquecer Deus. O queest em jogo aqui, seja dito, vai muito alm do pecado ou da

    concupiscncia da carne, ou pelo menos da forma como essestermos so ordinariamente compreendidos. Pois existe um tipo detendncia pecaminosa, um modo sutil de concupiscncia, inerente anossa natureza sensorial e imaginativa, que como uma voz clamorosaperturba e agita com sua tagarelice incessante. Apesar de toda suainocncia enganosa, esse demnio da distrao interior pertence herana infernal que chegou at nos como consequncia do pecadooriginal. O que mais a iniquidade, declara Santo Agostinho, seno um desvio da vontade de Vs, Deus, que a Suprema

    Substncia: ela joga fora o que mais interior e inchagananciosamente pelas coisas exteriores. Como expressiva essafrase incha gananciosamente, pois em verdade essa paixo pelascoisas exteriores realmente incha a alma excessivamente, comopodemos aprender do camelo na parbola do Evangelho.

    O crescimento em massa ao mesmo tempo uma disperso dasenergias psquicas, como j foi apontado anteriormente, assim comoum aumento das magnitudes espaciais no caso de uma expanso

    centrfuga envolve uma disperso concomitante do raio concntrico.De acordo com essa analogia, o movimento caracterstico da vidaespiritual contrativo e centrpeto, um recolhimento em um pontocentral, o qual, no tendo magnitude, , de fato, como um gro demostarda(Mateus 13:31). Aqui, na menor de todas assementes, repousa escondida a realidade eterna de tudo que pode serencontrado atravs da vastido do espao csmico, e na verdade, detudo que j foi e tudo que ser. Verdadeiramente, todas essas coisasvs sero acrescentadas, e nada vs ser impossvel (Mateus 6:33,17:20).

    , no entanto, a tragdia do homem decado que ele no tenha fcomo um gro de mostarda, pois como Santo Agostinho lamenta,

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    nossa f est nas coisas exteriores. Essa a situao deplorvel eperversa, da qual devemos nos libertar, com a ajudar de Deus Todo-Poderoso. A perfeio da alma, declara Mestre Eckhart, consistena libertao da vida que parcial e a admisso vida que completa. Tudo o que est espalhado nas coisas inferiores recolhido

    e ajuntado quando a alma se eleva at a vida onde no h oposies.O que presentemente conhecemos por experincia aquela vida que parcial, uma vida dispersa, se assim podemos dizer, por umainfinitude de momentos temporais, e limitada em cada ponto pelosopostos inescrutveis do passado e do futuro. A outra vida nos noconhecemos, pois no manifesto o que devemos ser(Joo 3:2). Entreas duas existe uma ponte, e esta ponte Jesus Cristo. ele queajunta tudo o que est disperso nas coisas inferiores, e atravs Deleque alma se eleva at a vida eterna. Mas permita-nos relembrar isto

    tambm: aquele que comigo no ajunta, espalha.Idealmente, essa concepo de comunho com Cristo implica nadamenos que uma total integrao de nossa vida atravs da lembranaincessante de Deus. Como os Tessalonicenses, ns tambm somoschamados a rezar sem cessar, e isso a despeito da enormidade denossas incapacidades. No esqueamos nunca, em Deus todas ascoisas so possveis e mesmo que se admita que o objetivo quaseinatingvel, isso no legitimaria o tipo confortvel de Cristianismomeio-perodo que est em alta demanda, no mais do que a

    afirmao de So Joo de que todos os homens so pecadores podeser tomada por uma legitimao do pecado. Independentemente doque qualquer um possa sentir sobre o assunto, permanece o fato deque no bastar, seguindo os costumes de Penelope, reunir-se comCristo em ocasies especiais, somente para espalhar com o mundotodo o tempo restante. Para um vislumbre do que significa seguirCristo na prtica, ns devemos consultar as vidas e ensinamentos dossantos, no esquecendo que longe de serem anormais os santosso em verdade as nicas pessoas completamente ss nesta terra.

    Apesar de nossos sentimentos democrticos, somos obrigados aadmitir que as opinies da maioria tm pouco peso quanto se trata doReino de Deus, pois como o Prprio Senhor declarou, so poucos, eno muitos, os que conhecem o caminho estreito, que leva at avida. No sejamos enganados ento por ensinamentos diludos, noimportando quo vociferante for sua proclamao, lembrando que muito melhor mirar alto e fracassar do que negar o ideal desde oprincpio ao rebaix-lo. A despeito da interminvel propaganda sobrereformas, os ideais cristos continuam intocveis, e se acontecer

    desses ideais no se conformarem ao esprito dos tempos, pior para acivilizao que os abandonar!

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    Na realidade, nada poderia ser mais certo, ou mais auto evidente, doque a oposio do esprito desse mundo ao Cristianismo, assim comoa do prprio Cristianismo ao esprito desse mundo. De fato, quempoderia ler o Evangelho segundo So Joo, por exemplo, e aindaassim ter dvidas sobre isso? Pois Cristo estava certamente falando

    para todos ns a todos que seriam verdadeiros Cristos e no saos Seus discpulos imediatos, quando disse: Se o mundo vos odeia,sabei que, primeiro do que a vs, me odiou a mim. Se vs fsseis domundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque no sois domundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso que o mundo vosodeia. No podemos deixar de nos perguntar, as vezes, se essaspalavras ainda esto sendo lidas, ou se ainda so levadas a srio.

    Talvez algum estudioso erudito, sob a inspirao de um Teilhard deChardin ou um Hans Kung, tenha persuadido seus pares e

    estudantes de que essas palavras pertencem a uma fase anterior da histria da salvao, ou que porventura elas no atingem os critriosexigentes da moderna crtica textual! O que mais, deveras, poderia tercalcado o caminho para pretensas teologias, nas quais a inspiraode Darwin , Freud ou Marx , digamos, pode ser mais apreciada doque o ensinamento de Cristo.

    Uma das principais fontes de autoridade em que estas teologias doprogresso supostamente se sustentam a cincia moderna,comeando pela fsica cosmolgica. Mas aqui, tambm, temos espao

    para questionamentos. Pois o que a cincia nos revela nos termosmais inequvocos um panorama de mudana contnua, um universoHeracletiano no qual todas as coisas esto irremediavelmente em umestado de fluxo. Isso verdadeiro, alm disso, at mesmo para ouniverso como um todo, o espao csmico em si mesmo, do qual dito constituir-se de uma hiperesfera em expanso, uma bolhatridimensional, cujo raio est aumentando velocidade da luz. Apesarde o centro dessa hiperesfera, o ponto central a partir do qual ocosmos inteiro est decaindo em tal incrvel velocidade, no estar em

    qualquer lugar do espao fsico, ele pertence ,de qualquer forma , aolimite matemtico do espao-tempo de quatro dimenses. A partirdessa perspectiva, que essencialmente o ponto de vista dacosmologia relativista, o cosmos se aparenta uma onde esfricaexpansiva se expandindo para fora, para longe do centro primordial,em direo periferia do ser, o limite ltimo ou circunferncia, aondea existncia como tal chega a um fim. Uma imagem similar emerge nodomnio biolgico, pois vemos que a vida est inevitavelmenteassociada com a assimilao e o crescimento, que so modos da

    expanso, e todo processo vital move-se inexoravelmente em direo auma periferia, na qual termina em morte. A Cincia nos prov pelo

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    menos com uma grande certeza: tudo o que pertence a este mundo,desde as partculas elementares at as culturas e civilizaes,passar; nada permanece.

    Contra esse panorama, no contraste mais incisivo concebvel a essalei aparentemente inexorvel, ergue-se o Cristianismo com sua

    incrvel reinvindicao, a reinvindicao da religio: a grande lei destemundo pode ser quebrada, sua tendncia irresistvel pode serdominada, a prpria morte pode ser conquistada vitoriosamente! Maso caminho que leva a essa conquista estreito e difcil de ser cruzado

    como a ponta de uma lmina, declara um antigo texto Oriental! pois no o caminho das riquezas, mas da pobreza; no do prazer,mas da Cruz. Como a prpria palavra indica, religio (re + ligare) defato uma religao; religao, isto , ao Centro perdido, Origemperdida, de volta a Deus.

    O esprito de nosso tempo, ou o que tambm pode ser chamado demundo moderno, , fundamentalmente, nada menos que o mundo,no sentido Bblico j mencionado, mas que agora se manifestacompletamente. o mundo enfim se glorificando em suas prpriaspossibilidades, desembaraado de qualquer escrpulo intelectualsobre a transcendncia, ou de qualquer nostalgia restante de umparaso perdido. o mundanismo alimentando-se de si mesmo,organizado e mobilizado; de fato, o mundanismo elevado ensima

    potncia , preparando-se para o ataque final contra os ltimosbasties remanescentes da religio autntica contra Ele que ousoudizer, Eu venci o mundo.

    Como concluso, gostaramos de tocar uma vez mais no tema damdia, mesmo que seja somente porque o impacto da mdia sobrenossas vidas assumiu propores pantagrulicas At mesmo asestatsticas nuas nos dizem isso: apenas com a TV, vinte e trs horaspor semana nos Eua, e de acordo com uma pesquisa britnica, oitoanos de vida. Oito anos retirados daquele resqucio precioso de vida

    que resta depois do trabalho montono do escritrio e da fbrica, oudepois do agregado potencial de diverso que poderia ser dedicado acoisas mais elevadas, e acima de tudo, ao crescimento espiritual.

    Em conexo com isso gostaramos de indicar um livro penetrante ebrilhante, publicado em 1977 sob o ttulo significativo de Cristo e aMdia, por Malcom Muggeridge, jornalista veterano e celebridadetelevisiva da BBC. O livro baseado em trs palestras proferidas emLondres, e eis como Muggeridge comeou: um trusmo dizer que amdia em geral, a TV em particular, e a BBC especificamente, so

    incomparavelmente a maior influncia singular em nossa sociedadeatual, exercida em todos os nveis sociais, econmicos e culturais.

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    Essa influncia , devo adicionar, , em minha opinio, exercida deforma irresponsvel, arbitrria, e sem referncia a qualquer refernciamoral, intelectual e muito menos espiritual.

    Ademais, se o caso, como eu acredito, de que aquilo que aindachamamos de civilizao Ocidental est se desintegrando

    rapidamente, ento a mdia temo um importante papel no processo aolevar a frente, apesar de faz-lo inconscientemente na maior parte dotempo, uma poderosa operao de lavagem cerebral, atravs da qualos padres e valores tradicionais esto sendo denegridos atdesaparecerem, deixando um vcuo moral no qual os prpriosconceitos de Bem e Mal deixaram de ter validade.

    A mdia reflete a mentalidade nossa era. disso que ela se alimenta, o que ela amplifica mil vezes com a ajuda de uma tecnologia

    incrvel, e eventualmente retransmite para um mundo deespectadores. Tendo emprestado uma voz e um corpo eletrnico paraa mente coletiva, para assim dizer, ela avana impondo essamentalidade ao pblico com uma fora e uma fria sem precedentes.Certamente Muggeridge no exagera ao notar que os historiadoresfuturos nos vero como criando na mdia um monstro Frankensteinque ningum sabe como controlar e direcionar, e se espantaro sobrecomo submetemo-nos to docilmente a sua influncia destrutiva emuitas vezes maligna.

    interessante que Muggeridge veja a mdia principalmente como umfabricante de fantasias. Atravs do tubo de TV nos fugimos para umreino inventado, uma terra de conto de fadas, que mais e mais usurpao lugar da realidade em nossas vidas. A impresso prevalente que eutenho da cena contempornea a de um abismo sempre em expansoentre a fantasia que a mdia nos induz a desejar viver, e a realidadede nossa existncia como imagem de Deus, como residentestemporrios cujo habitat verdadeiro a eternidade.. Como umobservador astuto, que passou a maior parte de sua vida nos

    bastidores da mdia, e que atravessou e reatravessou inmeras vezesesse abismo, Muggeridge conhece muito bem o seu tema. Oabismo est l, est se alargando em uma velocidade acelerante e osvalores esto sendo denegridos at desaparecerem... Isto constituium dos maiores problemas a confrontar o Cristianismo hoje, aindamais por ser insuficientemente reconhecido.

    Fonte: http://seminariodefilosofia.org

    http://seminariodefilosofia.org/http://seminariodefilosofia.org/