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O despertar do guardião: a saga da legião branca – livro I

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No pequeno planeta Gondorle, o capitão da Guarda Real, Héricles Adalberon, vê-se diante de um dilema: manter-se ao lado do rei e tentar proteger o reino, ou sacrificar sua carreira e manter a princesa a salvo? Salvar o reino parecia o mais óbvio, mas sua intuição lhe dizia o contrário. Teria que se aliar ao inimigo do reino nessa empreitada sem cabimento e torcer para que seus propósitos fossem compreendidos. A história se inicia com uma decisão difícil, que reúne, pela pri¬meira vez, os personagens de uma trama muito maior. Enquanto aprendem a trabalhar juntos e a confiar uns nos outros, estreitam-se os laços entre eles. E quando uma força estranha desperta, em um incêndio monstruoso, eles descobrem que há muito mais em jogo do que apenas a busca pela salvação do reino. Uma narrativa envolvente e um enredo cheio de fantasia e mistérios. O despertar do guardião é apenas o início de uma aventura que desvendará os mistérios ao redor da lenda da grande Legião Branca.

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São Paulo 2015

D Á F N E F R E I T A S

A S A G A D A L E G I Ã O B R A N C A

L I v R o I

O despertar do

guardião

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O despertar do guardião - A saga da Legião Branca - Livro 1Copyright © 2015 by Dáfne Freitas Copyright © 2015 by Novo Século Editora Ltda.

gerente editorial

Lindsay Gois

editorial

João Paulo PutiniNair Ferraz Rebeca LacerdaVitor Donofrio

gerente de aquisições

Renata de Mello do Vale

assistente de aquisições

Acácio Alvesauxiliar de produção

Luís Pereira

produção editorial

SSegovia Editorial

preparação

Thiago Fraga

diagramação

Abreu’s System

revisão

Mary Ferrarini Silvia Segóvia

capa

Dimitry Uziel

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Freitas, DáfneO despertar do guardião – A saga da Legião Branca – Livro 1 / Dáfne Freitas. – Barueri, SP: Novo Século Editora, 2015. – (Coleção talentos da literatura brasileira)

1. Ficção brasileira 2. Ficção de fantasia I. Título. II. Série.

15-02860 cdd-869.93

Índice para catálogo sistemático:1. Ficção de fantasia: Literatura brasileira 869.93

novo século editora ltda.Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11º andar – Conjunto 1111 cep 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699-7107 | Fax: (11) 3699-7323 www.novoseculo.com.br | [email protected]

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 10 de janeiro de 2009.

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A Anamaria, Rui e Gilberto, por me ensinarem, desde cedo, a gostar de ler.

A Ana Claudia, por todo o apoio e torcida, e por ler e reler todas as versões escritas deste livro.

Ao Natan e ao Clarck, por todo o apoio e incentivo.E a Si, Carol e Bruna, que inspiraram e viveram esta história

antes mesmo de ela se tornar completa.

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“E ele foi nomeado Filho do Fogo, Guardião de Alátria e de Celestia, líder da grandiosa Legião Branca. Com a lâmina Akia em punho, guiou a Legião e expulsou os demônios de volta à Trevare.

E a Criação novamente se encheu de esperança, sem saber que o Fogo que aquece é também aquele que consome.”

Trecho extraído e traduzido do volume original do Livro da Luz.

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Sumário

1. O rapto ................................................................... 11

2. Um novo panorama ................................................ 33

3. A fuga ..................................................................... 56

4. Bedar ...................................................................... 86

5. O monstro .............................................................. 118

6. Entrega ................................................................... 141

7. Estádio de lutas ....................................................... 166

8. Entrando no jogo ................................................... 189

9. Primeiro passo ........................................................ 210

10. Confissão .............................................................. 231

11. Héricles ................................................................. 251

12. Convocação .......................................................... 270

13. Julgamento ............................................................ 290

14. Traição .................................................................. 312

15. Fogo ...................................................................... 341

16. Coroação .............................................................. 376

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O rapto

Eram exatamente dez horas quando o rei Luca, de Gondorle, planeta distante do Plano de Quinty, chamou à sala do trono

o capitão da Guarda Real, Héricles. – Capitão, preciso que você fique atento a todos os movi-

mentos de Nova – disse o rei Luca sem delongas.– Claro, majestade. Mas posso perguntar o porquê de tal

preocupação, já que ele foi considerado inocente das acusações?– Ele pode ter sido solto, porém ainda tenho minhas dúvidas.

Dimitri alertou-me a respeito do rapaz e de toda a sua gangue de marginais. Dimitri… Esse sim é um bom rapaz! Pena que já es-teja comprometido com lady Carol. Seria um ótimo partido para minha filha.

– Não é o que a princesa acha, majestade. Ela está apaixonada por Stanley Kelerman, filho e representante do presidente da União.

– Kelerman? Ora, a garota tem bom gosto! – O rei deu uma risadinha para si mesmo. – E você não deixa passar nada, não é?! Mas, voltando ao assunto, Dimitri andou especulando sobre algu-mas possíveis tentativas dos revolucionários para me atingir.

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– Desculpe-me a pergunta, majestade, mas… especulando so-bre o que exatamente? E como Dimitri tomou conhecimento de tais planos?

– Ah! Ele tem suas táticas! É um caçador. Sempre com cara de bom rapaz, mas é esperto como uma raposa. Ele me surpreende! E tenho de dar algum crédito a ele, não acha? Afinal, foi ele quem me alertou sobre a invasão ao Estádio de Lutas. E ele salvou minha filha quando estava presa naquele velho poço, não se lembra?

– Claro, majestade. Infelizmente, sim.– Você diz isso porque desejava ter salvado a princesa, confesse!

Não pode ficar com todas as glórias, capitão.– Desculpe a insistência, majestade, mas isso não responde à

minha pergunta. Onde ele consegue essas informações?– Pare de tentar me colocar contra o rapaz! Não é a primeira

vez que percebo sua implicância, capitão. Dimitri vem de uma fa-mília boa e merece minha confiança, como ele próprio já provou. Não me leve a mal, confio mais em você do que nele, afinal você é quem cuida de toda a segurança do palácio, da Capital e lidera as minhas tropas. E, por sinal, tem feito isso com muito sucesso. No entanto, isso não lhe dá o direito de discordar de minhas decisões. Dê uma chance ao rapaz!

– Desculpe-me, majestade.– Está desculpado. Bem, fique de olho nesse lobo imundo.

Nova… Ele vai nos dar trabalho. Dimitri me alertou que os re-volucionários estão se movimentando. Um espião infiltrado foi apanhado pela guarda pessoal dele. Estava pesquisando as plantas de alguns edifícios próximos ao Estádio e ao Palácio Real. Isso me preocupa muito, capitão. Você acredita que eles possam estar planejando uma invasão?

– Não, majestade. Acho improvável. Mesmo que invadissem, a Guarda Real é a mais bem treinada de todo o reino. E, além disso, o que justificaria essa invasão? Iriam tomar o trono à força? Não, não faz sentido. E o Estádio, bem, seria óbvio demais. Afinal, a

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primeira invasão aconteceu há menos de um ano. Eles sabem que a guarnição militar nesses locais está reforçada. Se me permite di-zer, provavelmente esse “espião infiltrado” esteja plantando provas. Talvez para distrair nossa atenção. Mas… – ele deixou a frase no ar, sem concluir o raciocínio. – Enfim, acho improvável.

– Mas? Você não consegue disfarçar, capitão. Por que você in-siste em não confiar em informações que venham da Província de Syndobli?

– Bem, vossa majestade acabou de lembrar-me de que não devo discordar de suas decisões.

O rei soltou uma gargalhada.– Insolente como sempre! Héricles, você me lembra muito o

seu pai. Mas tem um quê de ironia que ele não tinha! Sabe que admiro suas capacidades, sua lealdade. Confio em você mais do que em qualquer outra pessoa neste reino. E não é à toa, você sabe disso. Acredito, porém, que, no caso de Dimitri a coisa é pessoal. Ou há algo que eu deva saber?

Por um momento, Héricles hesitou. A conversa havia tomado um tom pessoal ao qual ele não estava mais acostumado. Fazia muito tempo que o rei Luca não o chamava pelo primeiro nome. E esse simples detalhe apertou um nó em sua garganta.

– Não há nada que deva saber, majestade. – Gostaria de acreditar em suas palavras, capitão – respondeu

o rei, observando atentamente todos os sinais contrários que ema-navam dele. – Se eu mesmo não o tivesse criado como a um filho, acreditaria. Mas conheço você, Héricles. Respeito que não queira me dizer agora, e deve ter seus motivos para isso. Mas amanhã conversaremos a respeito. Até lá, vigie todos os movimentos de Nova. E eu prometo que ficarei com uma pulguinha atrás da ore-lha quanto a Dimitri, e qualquer informação que venha de Syn-dobli. Por ora é só. Vá descansar. Soube que anda patrulhando o palácio em turnos de vinte horas. Não quero ter de apelar ao meu título real para fazê-lo descansar, capitão.

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– Sim, majestade. Com sua licença.O rei acenou com a cabeça, dispensando-o. Mas enquanto

Héricles deixava a sala do trono, o rei observava atentamente seus movimentos e sua expressão. Ele sabia, pelo olhar de seu capitão, que algo estava muito errado. E era algo que envolvia Dimitri.

Héricles saiu da sala e dirigiu-se à ala norte do palácio, onde ficavam os aposentos dos guardas reais. No caminho encontrou-se com lady Carol, uma das damas da corte e amiga pessoal da prin-cesa Si. Carol era uma jovem bela, de olhos e cabelos castanhos, e, apesar de não ser a mulher mais alta da corte, era uma das que possuíam mais curvas. Isso a tornou famosa entre os guardas reais. Não que ela permitisse qualquer tipo de intimidade, mas era quase impossível contê-los. Héricles se esforçava muito para repreender os buchichos de sua tropa, e lady Carol ou qualquer outro mem-bro da corte nunca desconfiaram dessa fama. No entanto, entre os subalternos era inevitável. Mas a preocupação de Héricles em frear os possíveis “comentários” estava prestes a acabar. Carol já estava comprometida com Dimitri. O casamento havia sido anunciado para o mês seguinte e, então, ela deixaria o palácio. O reino todo se preparava para a festa.

Carol, apesar de ser calma, sofria de uma radical alteração de humor quando encontrava Héricles. Nem sempre ela fora assim. Héricles a conheceu quando era mais nova, assim que veio mo-rar no palácio com sua mãe e a irmã. Eles costumavam ser bons amigos, mas em algum momento isso se perdeu. Agora Héricles a achava apenas uma garota mimada e irritante, que via todos os seus caprichos se realizar. Como Carol nunca conseguiu que ele deixasse o palácio, ficou frustrada. Héricles entendia isso. Mas sua paciência tinha limites e, depois de anos aturando esse comporta-mento, ele já não disfarçava mais sua antipatia pela moça.

– Não está muito tarde para uma volta no palácio, lady Carol? – perguntou Héricles, com o tom de ironia que Carol detestava.

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– E o que o senhor tem contra, capitão? Há algum toque de recolher que eu desconheça?

– Não chamaria assim, mas se preferir… Sabe muito bem que sua mãe a proibiu de sair do quarto depois do jantar. E até onde sei, o jantar é servido pontualmente às oito horas. São exatamente dez e cinquenta. Perdeu a hora?

– Não. Não perdi a hora. E, sim, eu me lembro da ordem de minha mãe. Mas você não deve se meter na minha vida, capitão! Você não é meu pai e muito menos meu noivo, o que é muita sorte minha! – acrescentou ela com uma expressão de nojo.

– Realmente eu não tenho de me meter na sua vida – disse ele em um tom irônico. – Mas devo avisar sua mãe sobre a sua desobediência. Afinal, sou o capitão da Guarda Real e esse é o meu dever. Quer voltar por si mesma ou serei obrigado a levá-la de volta à força?

– Seu bruto! Você não ousaria usar de força contra mim! – disse explodindo de raiva.

– Ah! Eu ousaria, sim.Héricles pegou-a pelo braço, forçando-a a voltar por onde veio.– Dimitri tem razão de não gostar de você! Você é um grosso e

insensível! – disse frustrada.– Se Dimitri dissesse que o Sol é gelado você também daria

razão a ele. Aliás, é só isso que você sabe fazer.– Não ouse me insultar, seu…– Não, não! Não diga nada do que possa se arrepender mais

tarde. Sabe o que sua mãe pensa sobre esse linguajar.– Droga! Vai me entregar à minha mãe mesmo assim?– Mas é claro.– Mas… Mas eu estou voltando, como me pediu! Não pode

me entregar!– Posso e vou.– Pago-lhe um salário a mais se mantiver segredo!

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– Não me insulte, lady Carol – ele riu. – Conhece-me o sufi-ciente para saber que não sou suscetível a suborno.

– E o que quer, então?– O que eu quero? Cumprir meu dever, e isso inclui entregá-la

à sua mãe. – Ele divertia-se com a situação.– Por favor, eu lhe imploro! Não conte nada a ela! Minha mãe

vai ficar uma fera! É capaz até de me mandar para o Estádio com aqueles lutadores monstruosos! Por favor! – apelou para o drama. Não podia ficar de castigo àquela altura.

– Ora, ora! Aprendeu boas maneiras de uma hora para outra?– Por favor! Farei tudo o que você quiser!– Não se rebaixe, lady Carol. – Por favor! Eu lhe suplico! – disse ela desabando em lágrimas.– Pode parar com esse choro falso! Isso funciona com Dimitri,

não comigo.– Seu estúpido! – disse ela enxugando as lágrimas. – Meu choro

não é falso! Choro de verdade, não vê?– Não. Não vejo. – Ele parou e a olhou nos olhos, fazendo-a

ficar mais nervosa ainda. – O que vejo é uma dama da corte mi-mada, que, chorando, sempre consegue tudo o que quer! Mas sinto informar-lhe, isso não funciona comigo. – Seguiu andando, puxando-a pelo braço. – E fique tranquila. Sua mãe não a enviará ao Estádio. Mesmo que enviasse, você não seria lançada à Arena. Afinal, não duraria nem um minuto lá dentro. E quem pagaria para assistir a uma luta tão ruim? – acrescentou ele com um sorriso maldoso.

Caminharam mais alguns metros e pararam em frente ao apo-sento de lady Doroti, mãe de Carol. Héricles bateu à porta e entre-gou a garota à sua mãe. Carol o olhava com muita raiva enquanto ouvia a bronca, mas nada que ele já não estivesse acostumado. Lady Doroti havia imposto a proibição quando soube que a filha se encontrava às escondidas com Dimitri enquanto ele se hospeda-va no palácio. Obviamente, o delator dos encontros fora Héricles.

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Carol pensava que ele o fizera apenas para atingi-la, mas ele queria protegê-la dos funcionários do palácio. Ela já era afamada por suas curvas, não precisava receber mais um apelido por suas escapa-das noturnas. Héricles só cumpria o seu trabalho, porém não fez questão de contar isso a ela. Afinal, era bom sentir o gostinho da “vingança”. Ele estava bem cansado do tratamento que recebia da moça.

Héricles pediu licença e dirigiu-se ao seu aposento. Não era muito grande, mas muito bem organizado. Possuía uma cama sim-ples, uma pilha de papéis com anotações sobre uma escrivaninha abarrotada de livros, e, entre eles, era possível localizar a pequena tela de um computador, ele andara pesquisando. A escrivaninha, apesar de pequena, suportava bastante peso, já que ali havia várias gavetas com infinitas folhas de papel com as mais diversas anota-ções, desde telefonemas grampeados a cartas de sua mãe – ela era adepta da escrita caligráfica e sempre incentivou os filhos a escrever. Havia um closet onde não existia uma grande variedade de roupas: oito uniformes de modelo padrão preto e azul da guarda; dois tra-jes de gala, preto e prata; vestes para o inverno e “roupas úteis”, a maioria preta ou de cores escuras. À esquerda ficava uma porta que levava a um banheiro também não muito grande. E atrás do grande espelho ficava a sua parte preferida do quarto: o armário de armas. Ao contrário do closet, possuía uma enorme diversidade de armas, desde o modelo de bastão simples, para luta corpo a corpo (seu preferido, por sinal), até o modelo mais avançado de arma de fogo.

Héricles caminhou até o banheiro e lavou o rosto. Apoiou-se na pia e suspirou de olhos fechados. Tirou o casaco e a camisa do uniforme e os jogou no cesto de roupas sujas. Ele tinha uma de-cisão difícil a tomar. Por alguns segundos, olhou o seu reflexo no espelho, esperando que ele lhe desse uma dica, um sinal de qual caminho tomar. Mas nada. Somente seu rosto cansado.

Héricles era jovem, apesar de tudo. Muito jovem. “O mais jovem que até hoje ocupou o cargo de maior confiança do rei:

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capitão da Guarda Real”, foram essas as palavras dos jornais lo-cais quando ele foi nomeado. Ninguém acreditava muito em sua capacidade, nem mesmo ele.

Quando Héricles veio para Gondorle, era muito novo. Uma criança adulta, como disse sua mãe. E foi praticamente adotado pelo rei. Criado nos corredores do palácio, conhecia cada canto e cada passagem daquele lugar. Sempre demonstrou interesse em seguir os passos do pai, que uma vez ocupou o cargo que hoje era dele. Mas Héricles teve uma ascensão rápida demais, e não era de surpreender que muita gente duvidasse das qualidades mentais do rei quando ele resolveu colocá-lo no cargo. Ele era apenas um jovem de quinhentos anos. Tinha pouco mais que a idade míni-ma para se alistar e já recebia tamanha responsabilidade. Afinal, Héricles já cruzava os corredores do palácio desde os duzentos e oitenta anos, e atuava na guarda desde os trezentos, extraoficial-mente, apenas como guarda-costas da princesa. Sempre o primei-ro em tudo, o primeiro e mais condecorado atirador, o primeiro em combate desarmado, em estratégia militar… Seu treinamento havia sido muito puxado, e ele correspondeu a todas as expectati-vas. Não queria decepcionar seu pai nem o rei. Apesar disso, houve críticas. Muitas. No início, a tropa não aceitava que Héricles os liderasse, e apenas obedeciam porque ele tinha aquela pequena estrela a mais no peito. No fundo, ele sabia que não poderia piscar sem que alguém tentasse derrubá-lo. Em duzentos anos conseguiu mudar essa imagem, e hoje era respeitado. Era realmente amado por suas tropas, e nem mesmo o mais velho dos guardas – que tinha idade para ser seu avô – duvidava que ele fosse a pessoa certa para o cargo. Héricles passou por quatro guerras, rebeliões e cons-pirações, não só em Gondorle. Foi também enviado para outros planetas do Plano, quando foi solicitado pela União, liderando as tropas de Gondorle em esforços militares contra possíveis terro-ristas. O rei não gostou muito de enviar seu melhor homem, seu “filho”… Mas o fez. Era obrigado pelas convenções.

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