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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MATEMÁTICA FORMAÇÃO DE PROFESSOR O DETERMINANTE DE UMA MATRIZ João Pereira Bonfim FOZ DO IGUAÇU - PR FEVEREIRO DE 2011

O DETERMINANTE DE UMA MATRIZ - Educadores · Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Matemática – Formação de Professores da Universidade Federal de Santa

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Page 1: O DETERMINANTE DE UMA MATRIZ - Educadores · Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Matemática – Formação de Professores da Universidade Federal de Santa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MATEMÁTICA

FORMAÇÃO DE PROFESSOR

O DETERMINANTE DE UMA MATRIZ

João Pereira Bonfim

FOZ DO IGUAÇU - PR FEVEREIRO DE 2011

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O DETERMINANTE DE UMA MATRIZ

Por:

João Pereira Bonfim

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Matemática – Formação de Professores da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para o obtenção parcial do grau de Especialista em Matemática.

Orientador: Prof. Licio Hernanes

Bezerra.

FOZ DO IGUAÇU - PR FEVEREIRO DE 2011

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O DETERMINANTE DE UMA MATRIZ

JOÃO PEREIRA BONFIM

Aprovado em ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Profº Licio Hernanes Bezerra (orientador)

Doutor em Matemática (PUC – Rio)

__________________________________________________

Profª Sônia Elena Palomino Bean

Doutora em Engenharia de Controle e Automação (UFSC)

__________________________________________________

Profº Celso Melchiades Dória

Doutor em Matemática (University of Warwick)

CONCEITO FINAL: _____________________

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Licio Hernanes Bezerra, que me

acompanhou, dando-me orientações preciosas para que

esse trabalho pudesse ser concluído.

A Jesus Cristo, amigo sempre presente, sem o

qual nada teria feito.

Aos amigos, que sempre incentivaram meus

sonhos e estiveram sempre ao meu lado.

Ao meu tutor Gilberto, aos meus colegas de classe

e demais formandos pela amizade e companheirismo que

recebi.

À minha esposa Leir e minha filha Mônica por abrir

mão de momentos preciosos, pois só assim pude chegar

até aqui.

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RESUMO Neste trabalho definimos o determinante de uma matriz a partir da expansão

de Laplace. Mostramos, então, que o determinante definido dessa forma é uma

função multilinear alternada (em relação às linhas da matriz) e assume o valor 1 na

matriz identidade. Ou seja, o Teorema de Laplace é equivalente à definição usual de

determinante. O determinante aparece em estudo de volumes de sólidos

tridimensionais, mudança de coordenadas, inversibilidade de matrizes, resolução de

equações lineares etc. Há várias formas equivalentes de se definir determinante, o

que fornece formas alternativas de cálculo, adequadas para diferentes formas de

matrizes. O nosso objetivo é mostrar que podemos definir determinante como um

procedimento indutivo, que é uma forma direta e acessível a um aluno de ensino

médio, além de ser um modo matematicamente rigoroso.

Palavras chaves: Determinante, matrizes, expansão de Laplace.

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NOTAÇÕES:

MATRIZES:

11 12 1

21 22 2

1 2

n

n

m m mn

a a a

a a aA

a a a

1:1:

i mijj n

A a

ou (1: ,1: )A A m n

MATRIZ IDENTIDADE:

1 0 0 0

0 1 0 0

0 0 0 1

nI

.

TRANSPOSTA DE UMA MATRIZ:

Seja A uma matriz mxn . A transposta de A é a matriz B , nxm , tal que ij jiB A .

Notação: TB A .

Então:

11 12 1

21 22 2

1 2

n

n

n n nn

a a a

a a aA

a a a

11 21 1

12 22 2

1 2

n

nT

n n nn

a a a

a a aA

a a a

.

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INVERSA DE UMA MATRIZ:

i) Dizemos que A é matriz inversível se existir uma matriz B tal que . .A B B A I .

ii) Dada uma matriz inversível A , chama-se inversa de A a matriz 1A (que é única)

tal que 1 1. .A A A A I .

SOMA DE MATRIZES:

A B C

ij ij ijc a b

PRODUTO DE UM ESCALAR POR UMA MATRIZ

k e kA B

ij ijb ka

SUBMATRIZ

Sejam:

1, ,v i ir , 1 1i ir m

1, ,w j js , 1 1j js n

1 1 1

1

,

s

r r s

i j i j

i j i j

a a

A v w

a a

Exemplo:

1 2 3

4 5 6

7 8 9

A

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2

(1,3),28

A

.

Obs:

i) 1 2 3

(1,3),: (1,3), (1,2, ,7 8 9

A A n

.

ii) :, (1,2, , ), 1: ,A w A m w A m w .

iii) :,A j é a coluna j de A .

iv) ,:A i é a linha i de A .

v) 1: 1,2, ,m m e 1: 1,2, ,n n .

vi)

9 8 7

(3,2,1), (3,2,1) 6 5 4

3 2 1

A

.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 09

1. DEFINIÇÕES ........................................................................................................ 11

1.1 – Matriz ............................................................................................................... 11

1.2 – Determinante ................................................................................................... 11

1.3 – Matriz dos Cofatores ....................................................................................... 12

2. PROPRIEDADES ................................................................................................ 15

2.1 – Propriedade 1 ................................................................................................. 15

2.2 – Propriedade 2 ................................................................................................. 16

2.3 – Propriedade 3 ................................................................................................. 17

2.4 – Propriedade 4 ................................................................................................. 17

2.5 – Propriedade 5 ................................................................................................. 18

2.6 – Corolário 1 ...................................................................................................... 20

2.7 – Propriedade 6 ................................................................................................. 21

2.8 – Corolário 2 ...................................................................................................... 22

2.9 – Proposição 1 .................................................................................................. 23

3. OUTRAS PROPRIEDADES ................................................................................ 24

3.1 – Fórmula de Leibniz........................................................................................... 24

3.2 – Teorema 1 ....................................................................................................... 25

3.3 – Determinante de Matriz Transposta................................................................. 26

4. DETERMINANTES DE MATRIZES EM BLOCOS .............................................. 27

4.1 – Determinante de Matrizes em Blocos 1............................................................ 27

4.2 – Determinante de Matrizes em Blocos 2 ........................................................... 28

5. APLICAÇÃO DE DETERMINANTES .................................................................. 29

5.1 – Definição de Vetores ....................................................................................... 29

5.2 – Propriedades de Vetores ................................................................................. 29

5.3 – Definição de Produto Vetorial .......................................................................... 29

5.4 – Propriedades de Produto Vetorial ................................................................... 30

5.5 – Definição de Produto Misto ............................................................................. 30

5.6 – Propriedades de Produto Misto ....................................................................... 30

5.7 – Área de Região Triangular .............................................................................. 30

5.8 – Equação da Geral Reta ................................................................................... 32

5.9 – Volume de Tetraedro ....................................................................................... 33

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 36

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9

INTRODUÇÃO

O sistema de equações lineares pouco apareceu na matemática Ocidental

antiga ao contrário do que ocorreu no extremo Oriente, onde recebeu maior atenção.

Os chineses representavam os sistemas lineares por meio de seus coeficientes

escritos com barras de bambu sobre os quadrados de um tabuleiro. Assim,

acabaram descobrindo o método de resolução por eliminação, que consiste em

anular coeficientes por meio de operações elementares.

Contudo, apenas em 1683 a idéia de determinante como um número que se

associa a um matriz quadrada de números se concretizou, com um trabalho de Seki

Kowa. Considerado o maior matemático japonês do sec. XVII, Kowa chegou a essa

conclusão através do estudo de sistemas lineares, sistematizando o velho

procedimento chinês (para o caso de duas equações apenas).

O uso de determinantes no Ocidente começou dez anos depois em um

trabalho de Leibniz sobre sistemas lineares. Em resumo, Leibniz estabeleceu a

condição de compatibilidade de um sistema de três equações a duas incógnitas em

termos do determinante de ordem 3, formado pelos coeficientes e pelos termos

independentes (este determinante deve ser nulo)

Autor de textos matemáticos de sucesso em seu tempo, o francês Étienne

Bézout (1730 -1783) sistematizou em 1764 o processo de estabelecimento dos

sinais dos termos de um determinante. E coube a outro francês, Alexandre

Vandermonde (1735 -1796), em 1771, empreender a primeira abordagem da teoria

dos determinantes independente do estudo dos sistemas lineares, embora também

os usasse na resolução destes sistemas.

O termo determinante foi introduzido pelo matemático alemão Carl Friedrich

Gauss em 1801, que o utilizou para ‘determinar’ as propriedades de certos tipos de

funções. Mas foi em 1812 que surgiu o termo com o sentido atual num trabalho de

Cauchy sobre o assunto. Neste artigo, apresentado à Academia de Ciências,

Cauchy resumiu e simplificou o que era conhecido até então sobre determinantes.

Além de Cauchy, quem também contribuiu para consolidar a teoria dos

determinantes foi o alemão Carl G. J. Jacobi (1804 -1851). Deve-se a ele a forma

simples como essa teoria se apresenta hoje.

O conceito de determinante desempenha um importante papel em muitas

aplicações da Álgebra Linear à Geometria e à Análise. Hoje em dia, embora não

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10

sejam um instrumento prático para resolução de sistemas via regra de Cramer, os

determinantes são utilizados, para caracterizar certas operações algébricas, ou

mesmo para sintetizar certas expressões matemáticas complicadas.

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11

1 – DEFINIÇÕES:

1.1 - Matriz

Seja ijA a uma matriz quadrada de ordem n com elementos em , então:

nxn {matrizes complexas nxn }.

Exemplos:

1 1x x x

2 2 , , ,xa b

a b c dc d

11 12 1

21 22 2

11 12 1

1 2

, , ,

n

nnxn

n

n n nn

a a a

a a aa a a

a a a

1.2 – Determinante

Seja nxnA , uma matriz complexa de ordem n , tal que:

11 12 1

21 22 2

1 2

n

n

n n nn

a a a

a a aA

a a a

Então:

a) Se 1 1 detxA A a A a .

b) Se nxnA , >1n

1 1 (1,1) 1 2 (1,2) 1 (1, )

11 12 1det ( 1) . .det ( 1) . .det ( 1) . .detn n

nA a A a A a A .

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12

11 1, 1 1, 1 1

1,1 1, 1 1, 1 1,( , )

1,1 1, 1 1, 1 1,

1 , 1 , 1

j j n

i i j i j i ni j

i i j i j i n

n n j n j nn

a a a a

a a a aA

a a a a

a a a a

.

Exemplos:

i) 11 12

11 22 12 21 11 22 12 21

21 22

det .det .det . .a a

a a a a a a a aa a

.

ii)

11 12 13

22 23 21 23 21 22

21 22 23 11 12 13

32 33 31 33 31 32

31 32 33

det .det .det .det

a a aa a a a a a

a a a a a aa a a a a a

a a a

11 22 33 23 32 12 21 33 23 31 13 21 32 22 31.( . . ) .( . . ) .( . . )a a a a a a a a a a a a a a a

11 22 33 11 23 32 12 21 33 12 23 31 13 21 32 13 22 31. . . . . . . . . . . .a a a a a a a a a a a a a a a a a a .

1.3 – Matriz dos Cofatores

B é a submatriz de A , que se obtém retirando-se a linha i e a linha j de A

(matriz dos cofatores).

( )B cof A é uma matriz, tal que:

( , )( 1) .deti j i j

ijB A

Exemplo:

Seja

1 3 0

2 5 2

1 1 3

A

Então ( , )( ) ( 1) .deti j i j

ijcof A B A

1 1

11

5 2( 1) .det 1.17 17

1 3B

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13

1 2

12

2 2( 1) .det 1.4 4

1 3B

1 3

13

2 5( 1) .det 1.( 7) 7

1 1B

2 1

21

3 0( 1) .det 1.9 9

1 3B

2 2

22

1 0( 1) .det 1.3 3

1 3B

2 3

23

1 3( 1) .det 1.( 4) 4

1 1B

3 1

31

3 0( 1) .det 1.6 6

5 2B

3 2

32

1 0( 1) .det 1.2 2

2 2B

3 3

33

1 3( 1) .det 1.( 1) 1

2 5B

17 4 7

9 3 4

6 2 1

B

e

17 9 6

4 3 2

7 4 1

TB

.

Note que:

1 3 0 17 9 6

. 2 5 2 . 4 3 2

1 1 3 4 4 1

TA B

1.17 3.( 4) 0.( 7) 1.( 9) 3.3 0.4 1.6 3.( 2) 0.( 1)

2.17 5.( 4) 2.( 7) 2.( 9) 5.3 2.4 2.6 5.( 2) 2.( 1)

1.17 ( 1).( 4) 3.( 7) 1.( 9) ( 1).3 3.4 1.6 ( 1).( 2) 3.( 1)

5 0 0 1 0 0

0 5 0 5. 0 1 0

0 0 5 0 0 1

.

Também:

5 2 2 2 2 5det 1.det 3.det 0.det

1 3 1 3 1 1A

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14

1.17 3.4 0.( 7) 17 12 0 5

det 5A .

Assim concluímos que o produto de uma matriz A pela transposta da matriz dos

cofatores de A cof A é igual ao produto da determinante de A pela matriz

identidade de A , ou seja,

1 0 0 det 0 0

. det . 0 1 0 0 det 0

0 0 1 0 0 det

T

A

A cof A A A

A

.

Obs: Este teorema está demonstrado no livro de Hoffman (pp. 152-154).

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15

2 – PROPRIEDADES

2.1 Propriedade 1

,B kA k det .detnB k A

Demonstração:

Por indução na ordem da matriz.

Provemos que a propriedade vale para 1n

Sejam 11A a e 11B kA ka

1

11det .det .detB ka k A k A

Suponha válido para 1n

Seja 1m n

11 1, 1

1,1 1, 1

n

n n n

ka ka

B

ka ka

(1,1) (12) 1 1 (1, 1)

11 12 1, 1det .det .det ( 1) .( ).detn n

nB ka B ka B ka B

( , ) ( , )( ), i j i jj B kA

( , ) ( , )det .deti j n i jB k A

Logo,

(1,1) (1,2) 2 (1, 1)

11 12 1, 1det . .det . .det ( 1) .( ). .detn n n n n

nB ka k A ka k A ka k A

1 (1,1) 1 (1,2) 2 1 (1, 1)

11 12 1, 1. .det . .det ( 1) . .( ).detn n n n n

nk a A k a A k a A

1 (1,1) (1,2) 2 (1, 1)

11 12 1, 1.( .det .det ( 1) .( ).det )n n n

nk a A a A a A

1.detnk A .

Exemplo:

Se 3k , 2 1

4 5A

e 6 3

12 15kA

, temos:

2det 54 3 .6 .detnkA k A

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16

2.2 - Propriedade 2

Seja A uma matriz de ordem 2n . Se trocarmos de posição duas linhas

paralelas entre sí, obteremos uma nova matriz B e det detB A .

Demonstração:

Por indução na ordem da matriz.

i) Provemos que a propriedade vale para 2n .

Seja 11 12

11 22 12 21

21 22

det . .a a

A A a a a aa a

Trocando de posição as linhas, obtemos:

21 22

21 12 22 11

11 12

det . . deta a

B B a a a a Aa a

.

ii) Vamos supor que a hipótese seja verdadeira para todas as matrizes 1 2.m n

Seja A uma matriz tal que,

( )i k , ( 1)i k e 1 1k n , então:

( ,:) ( ,:)B i A i , ( ,:) ( 1,:)B k A k e ( 1,:) ( ,:)B k A k .

Desenvolvendo det A e det B pela linha i , teremos:

( , )

1

det .n

i j

ij

j

A a A

e ( , )

1

det .n

i j

ij

j

B b B

Como cada cofator ( , )i jB é obtido de ( , )i jA trocando de posição duas linhas e, por

hipótese de indução, ij ijB A , 1,2, ,j n , segue que ( , ) ( , )i j i jB A ,

1,2, ,j n e, portanto, det detB A .

Exemplo:

Sejam

1 3 0

4 1 3

1 2 2

A

e

1 2 2

4 1 3

1 3 0

B

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17

1 3 4 3 4 1det 1.det 3.det 0.det 1.( 4) 3.11 0.9 37

2 2 1 2 1 2A

1 3 4 3 4 1det 1.det 2.det 2.det 1.( 9) 2.( 3) 2.11 37

3 0 1 0 1 3B

det 37 det .B A

2.3 - Propriedade 3

Se uma A matriz de ordem 2n tem duas linhas formadas por elementos

respectivamente iguais, então det 0A .

Demonstração:

Suponha que ( ,:) ( ,:)A i A j

Seja B a matriz formada pelas linhas de A , permutando-se as linhas i e j .

Logo, det detB A B A

Mas pela propriedade anterior,

det detB A , ou seja, det det det 0A A A .

Exemplo:

3 1 4

2 5 3

3 1 4

A

5 3 2 3 2 5det 3.det 1.det 4.det

1 4 1 4 3 1A

3.17 1.( 1) 4.( 13) 51 1 52 0.

2.4 - Propriedade 4

Se as linhas de uma matriz A são linearmente dependentes, isto é, se A tem

uma linha que é combinação linear das outras, então det 0.A

Demonstração:

Suponha que 1l é combinação linear, então:

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18

1 2 2 3 3. . .n nl k l k l k l

11 12 1 2 21 22 2 3 31 32 3 1 2. . . .n n n n n n nna a a k a a a k a a a k a a a

(1,1) (1,2) 1 (1, )

11 12 1det .det .det ( 1) . .detn n

nA a A a A a A

(1,1) (1,2) 1 (1, )

2 21 1 2 22 2 2 2 2( . ).det ( . ).det ( 1) .( . ).detn n

n n n n n nnk a k a A k a k a A k a k a A (1,1) (1,2) 1 (1, ) (1,1) (1,2) 1 (1, )

2 21 22 2 1 2.( .det .det ( 1) . .det ) .( .det .det ( 1) . .det )n n n n

n n n n nnk a A a A a A k a A a A a A

21 22 2 1 2

21 22 2 21 22 2

2

1 2 1 2

.det .det

n n n nn

n n

n

n n nn n n nn

a a a a a a

a a a a a ak k

a a a a a a

2.0 .0 0.nk k

Exemplo:

Seja

11 16 21

1 2 3

4 5 6

A

, em que 1 2 33. 2.l l l (linha 1 é combinação linear das linhas 2

e 3).

2 3 1 3 1 2det 11.det 16.det 21.det

5 6 4 6 4 5A

11.( 3) 16.( 6) 21.( 3) 33 96 63 0.

2.5 - Propriedade 5

Seja nxnA , 1,2, ,k n

Seja B a matriz tal que ( )i k ,

( ,:) ( ,:)B i A i e ( ,:) . ( ,:)B k x A k , x ;

Seja C a matriz tal que ( )j k ,

(:, ) (:, )C j A j e (:, ) . (:, )C k y A k , y ;

Então:

i) det .detB x A

ii) det .detC y A

Demonstração (i):

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19

Para 1k , teremos:

11 12 1

21 22 2

1 2

. . . n

n

n n nn

x a x a x a

a a aB

a a a

(1,1) (1,2) 1 (1, )

11 12 1det . .det . .det ( 1) . . .detn n

nB x a A x a A x a A

(1,1) (1,2) 1 (1, )

11 12 1.( .det .det ( 1) . .det ) .detn n

nx a A a A a A x A

Para 2k (por indução na ordem da matriz):

Se 2n , então:

11 12

21 22. .

a aB

x a x a

11 22 12 21 11 22 12 21det . . . . .( . . ) .detB a x a a x a x a a a a x A

Vamos supor que a hipótese de indução seja verdadeira para todas as matrizes

1 2m n .

Seja A uma matriz tal que ( )i k

( ,:) ( ,:)B i A i e ( ,:) . ( ,:)B k x A k , x ;

Assim,

(1,1) (1,2) 1 (1, )

11 12 1det .det .det ( 1) . .detn n

nB a B a B a B (*)

Seja 1 j n

Sejam (1, )j

jB B e (1, )j

jA A

Então ( 1)i k

( ,:) ( ,:)j jB i A i e ( 1,:) . ( 1,:)j jB k x A k

( )j jB é de ordem 1n e, pela hipótese de indução

(1, ) (1, ).detj jB x A , substituindo em (*):

(1,1) (1,2) 1 (1, )

11 12 1det .( .det ) .( .det ) ( 1) . .( .det )n n

nB a x A a x A a x A

(1,1) (1,2) 1 (1, )

11 12 1.( .det .det ( 1) . .det .detn n

nx a A a A a A x A .

A demonstração (ii) é análoga à (i).

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20

Exemplo:

Seja

1 2 3

4 3 2

3 3 2

A

e 2x

2 4 6

4 3 2

3 3 2

B

, (1,:) 2. (1,:)B A

Então:

det .detB x A

1 2 33 2 4 2 4 3

2.det 4.det 6.det 2.det 4 3 23 2 3 2 3 3

3 3 2

1 2 3

2.0 4.2 6.3 2.det 4 3 2

3 3 2

3 2 4 2 4 310 2. 1.det 2.det 3.det

3 2 3 2 3 3

10 2.(1.0 2.2 3.3) 2.5 10 .

2.6 - Corolário 1

Seja B uma matriz cuja k-ésima linha é nula. Então det 0B .

Demonstração:

Seja A uma matriz tal que ( )i k

( ,:) ( ,:)A i B i

Logo,

( ,:) 0. ( ,:)B k A k

Pela propriedade anterior,

det 0.det 0B A

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21

11 12 1

1 2

0 0 0

n

n n nn

a a a

B

a a a

21 22 2, 122 23 2 21 23 24 2

1

11 12 1

1 2 , 12 3 1 3 4

0 0 0det .det 0 0 0 .det 0 0 0 0 ( 1) . .det

nn n

n

n

n n n nn n nn n n n nn

a a aa a a a a a a

B a a a

a a aa a a a a a a

1

11 12 1.0 .0 ( 1) . .0 0n

na a a .

Exemplo:

Seja

1 4 5

0 0 0

5 1 2

B

0 0 0 0 0 0det 1.det 4.det 5.det 1.0 4.0 5.0 0

1 2 5 2 5 1B

2.7 - Propriedade 6

Seja nxnA e seja 1 k n

Seja nxnB uma matriz tal que ( )i k

( ,:) ( ,:)B i A i e 1 2( ,:) ( ,:) . nB k A k t x x x

Então:

11 12 1

1 2

1 2

det det .det

n

n

n n nn

a a a

B A t x x x

a a a

Demonstração:

Para 1k , teremos:

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22

11 1 12 2 1

21 22 2

1 2

. . .n n

n

n n nn

a t x a t x a t x

a a aB

a a a

(1,1) (1,2) 1 (1, )

11 1 12 2 1det ( . ).det ( . ).det ( 1) .( . ).detn n

n nB a t x B a t x B a t x B

( )j (1, ) (1, )j jB A , logo

(1,1) (1,2) 1 (1, ) (1,1) (1,2) 1 (1, )

11 12 1 1 2det ( .det .det ( 1) . .det ) .( .det .det ( 1) . .det )n n n n

n nB a A a A a A t x A x A x A

1 2

21 22 2

1 2

det .det

n

n

n n nn

x x x

a a aA t

a a a

Se 2k , basta trocar as linhas de ordem de forma que 1k (propriedade 2).

2.8 - Corolário 2

11 12 1 11 12 1 11 12 1 11 12 1

1 2 1 2

1 2 1 2 1 2 1 2

det . 1 0 0 . 0 1 0 . 0 0 1

n n n n

k k k n k k kn

n n nn n n nn n n nn n n n

a a a a a a a a a a a a

a a a a a a

a a a a a a a a a a a a

n

Exemplo:

1 2 3 1 2 3 1 2 3

det 4 5 6 det 4 5 6 9.det 4 5 6

7 8 9 7 8 0 0 0 1

1 2 3 1 2 3 1 2 3

det 4 5 6 8.det 4 5 6 9.det 4 5 6

7 0 0 0 1 0 0 0 1

1 2 3 1 2 3 1 2 3

7.det 4 5 6 8.det 4 5 6 9.det 4 5 6 .

1 0 0 0 1 0 0 0 1

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23

2.9 - Proposição 1

1 0 0

0 1 0det 1

0 0 1

Demonstração:

i) det1 1 .

ii) Se nI é uma matriz identidade nxn , com 1n

Então det nI , por definição, é igual a

(1,1) (1,2) 1 (1, )1.det 0.det ( 1) .0.detn nI I I

(1,1)1.det 1.1 1.I

Portanto, o determinante definido a partir da expansão de Laplace é uma

função multilinear (em relação às linhas da matriz), alternada e tal que o seu valor na

matriz identidade é 1. Como só existe uma única função multilinear alternada que

aplicada em 1 0 0 0 , 0 1 0 0 , , 0 0 0 1 é igual à 1,

concluímos que o procedimento indutivo de Laplace define rigorosamente a função

determinante. Podemos obter, então, a fórmula de Leibniz para o determinante.

Essa fórmula expressa o determinante de uma matriz quadrada como um somatório

de n! parcelas, cada uma igual a um produto de n elementos da matriz, que não

podem estar em uma mesma linha ou coluna. Essa exigência se traduz em uma

permutação de n elementos. O sinal da parcela é dado pela paridade dessa

permutação.

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24

3 – OUTRAS PROPRIEDADES

3.1 – Fórmula de Leibniz

Adet ,

1

sgn( ) ; 1 e 1 .n

n

i i

N i

A i n n

OBSERVAÇÕES:

i) ,

1

n

i i

i

A

= 1 (1) 2 (2) ( ). . . n na a a , em que é uma permutação do conjunto nN .

Nesse produto aparece apenas um elemento de cada linha de A (pois os primeiros

índices não se repetem) e apenas um elemento de cada coluna de A (pois os

segundos índices também não se repetem).

ii) sgn: é a função sinal de permutações no grupo de permutações que retorna 1

para permutações pares e -1 para permutações ímpares (sugerimos ao leitor que

faça uma leitura de teoria de permutações – Callioli, pg. 197).

iii) O número de permutações em um conjunto 1,2, ,nN n é

! .( 1).( 2). .3.2.1n n n n . Teremos portanto !n parcelas na somatória

1 (1) 2 (2) ( )( ). . . . n nsgn a a a

.

iv) A demonstração da fórmula de Leibniz pode ser vista, por exemplo, em Hoffman

(pg.149-152).

Exemplo:

Seja

11 12 13

21 22 23

31 32 33

a a a

A a a a

a a a

.

As permutações do conjunto 1,2,3 e respectivos sinais são:

1 2 3 1 2 3 (+1) (-1)

1 2 3 1 3 2

1 2 3 1 2 3 (+1) (-1)

2 3 1 3 2 1

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25

1 2 3 1 2 3 (+1) (-1)

3 1 2 2 1 3

Logo,

11 22 33 12 23 31 13 21 32 11 23 32 13 22 31 12 21 33det . . . . . . . . . . . .A a a a a a a a a a a a a a a a a a a .

3.2 - Teorema 1

Sejam A e B matrizes de ordem n . Então det( ) det( )det( ).AB A B

Demonstração:

Sejam ( )ijA a , ( )ijB b e ( )ijC AB c . Logo

1

( , 1, , ).n

ij ik kj

k

c a b i j n

1

( , 1, , ).n

ij ik kj

k

c a b i j n

Então

1 1 2 2

1 1 2 2

1 1 1 2 1

1 2

det( ) det

n n

n n

k k k k k k n

nk k nk k nk k n

a b a b a b

C

a b a b a b

1 1 2 2

1 2

1 1 2 2

1 1 1 2 1

1 2

det n n

n

n n

k k k k k k n

k k k

nk k nk k nk k n

a b a b a b

a b a b a b

1 2

1 2

1 )

1 2

1 1 1

1 2

( , ,

det

n

n

n

n

k k k

k k k n

k k

nk nk nk

a a a

b b b

a a a

1 2

1 2 )

1

1 1 1

1 2

( , , ,

det

n

n

n

n

k k

k k k n

k k k

nk nk

a a

b b b

a a

, onde i jk k

1 2 1 21 2 1 2sgn( )det det sgn( )n nk k k n k k k nb b b A A b b b

11det sgn( ) . . det( ).det( ).nk k nA b b A B

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26

3.3 – Determinante da Matriz Transposta

Se M é a matriz de ordem n e TM sua transposta, então det detTM M .

Demonstração:

Vamos usar o princípio da indução finita.

1ª parte

Para 1n , a propriedade é imediata.

2ª parte

Suponhamos a propriedade válida para matrizes de ordem ( 1)n e provemos que

ela também será válida para determinantes de ordem n . Temos:

11 12 13 1

21 22 23 2

31 32 33 3

1 2 3

n

n

n

n n n nn

a a a a

a a a a

M a a a a

a a a a

11 12 13 1

21 22 23 2

31 32 33 3

1 2 3

n

n

T

n

n n n nn

b b b b

b b b b

M b b b b

b b b b

em que ij ijb a 1,2, ,i n e 1,2, ,j n .

11 11 21 21 31 31 1 1det . . . .n nM a A a A a A a A (pela 1ª coluna)

' ' ' '

11 11 12 12 13 13 1 1det . . . .T

n nM b A b A b A b A (pela 1ª linha)

Mas, por definição de matriz transposta, temos:

11 11a b , 21 12a b , 31 13a b , , 1 1n na b

e pela hipótese da indução temos: '

11 11A A , '

21 12A A , '

31 13A A , , '

1 1n nA A .

Logo det detTM M .

Portanto, a propriedade é válida para matrizes de ordem n , 1n .

Exemplo:

1 0 2 1 3 4

det 3 1 3 det 0 1 5 9

4 5 2 2 3 2

.

Obs: A importância dessa propriedade reside no fato de que toda propriedade válida

para as linhas de uma matriz também é válida para as colunas e vice-versa.

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27

4 - DETERMINANTES DE MATRIZES EM BLOCOS

4.1 – Determinante de Matrizes em Blocos 1

1 1det det .det . . det .det . .A B

A D C A B D A B D CC D

Demonstração:

i) Seja nxn

A BM

C D

, tal que nxnA é inversível.

Logo,

1 1

0.

. 0 . .

I A B A B

C A I C D D C A B

Então:

1 1

0det .det det

. 0 . .

I A B A B

C A I C D D C A B

Isto é, 11.det det .det . .A B

A D C A BC D

.

ii) Seja nxn

A BM

C D

, tal que nxnD é inversível.

Logo,

1 1 0.

0

A BI BD A BD C

C DI C D

Então:

1 1 0det .det det

0

A BI BD A BD C

C DI C D

Isto é, 11.det det .det . .A B

D A B D CC D

.

1 1det det .det . . det .det . . .A B

A D C A B D A B D CC D

Obs: Desse resultado segue que o determinante de uma matriz de bloco triangular é

o produto dos determinantes dos blocos diagonais.

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28

Exemplo:

4.2 – Determinante de Matrizes em Blocos 2

det . det . det . det .T T T TI A B I A B I B A I B A

Demonstração:

i) det . det . det .T

T T TI A B I A B I B A , pois det detTM M (2.11).

ii) det . det .det . . detT T

T

I BI A B I I A I B

A I

det .det . . det .T TI I B I A I B A (3.1).

iii) Assim, det . det . det . det .T

T T T TI A B I B A I B A I A B .

det . det . det . det .T T T TI A B I A B I B A I B A

1 2 1 1

3 4 1 2 1 2 3 5det det .det ( 2).( 30) 60.

0 0 3 5 3 4 6 0

0 0 6 0

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29

5 – APLICAÇÃO DE DETERMINANTES:

Antes de colocarmos algumas aplicações de determinantes, daremos algumas

notações com definições e propriedades sobre vetores.

5.1 – Definição de Vetores

Sejam , ,a a ax y z e , ,b b bx y z as coordenadas cartesianas de dois pontos do

espaço, A e B , respectivamente. O vetor AB é, por definição, a classe de

equivalência de todos os segmentos orientados de mesma direção, de mesmo

sentido e mesmo tamanho que o segmento orientado que vai de A até B . Definimos

as coordenadas do vetor AB como sendo , ,b a b a b ax x y y z z .

5.2 – Propriedades de Vetores

i) Soma de Vetores: Se 1 2 3, ,V v v v , 1 2 3, ,W w w w , então definimos a soma de

V W , por: 1 1 2 2 3 3, ,V W v w v w v w .

ii) Diferença de Vetores: 1 1 2 2 3 3, ,V W v w v w v w .

iii) Módulo de um Vetor: 2 2 2V x y z

5.3 – Definição de Produto Vetorial

Dado os vetores 1 2 3, ,V v v v e 1 2 3, ,W w w w , definimos o produto vetorial entre V

e W por VxW , como o vetor obtido pelo objeto matemático que não é um

determinante, mas que pode ser calculado como se fosse um determinante:

1 2 3

1 2 3

det

i j k

VxW v v v

w w w

.

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30

5.4 – Propriedades de Produto Vetorial

i) VxW WxV

ii) Ux V W UxV UxW

5.5 – Definição de Produto Misto

Dado os vetores 1 2 3, ,U u u u , 1 2 3, ,V v v v e 1 2 3, ,W w w w , definimos o produto

misto entre U , V e W , que é denotado por , ,U V W , do seguinte modo:

, , .U V W U VxW .

Observe que o produto misto é um número real e que pode ser obtido a partir do

seguinte determinante:

1 2 3

1 2 3

1 2 3

, , . det

u u u

U V W U VxW v v v

w w w

.

5.6 – Propriedades de Produto Misto

i) , , , ,U V W V U W .

ii) , , , , , ,U V W V W U W U V .

5.7 – Área de Região Triangular

Uma aplicação na geometria analítica relacionada com determinantes está no

cálculo da área de um triângulo ABC conhecidas as coordenadas de seus vértices.

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31

No caso da geometria plana, sejam ( , , )O i j

um sistema ortogonal de coordenadas e

,A AA x y , ,B BB x y e ,c cC x y três pontos não colineares.

A área do triângulo ABC será dada por:

.S=

2

AC h

Sendo ( , )C A C AAC x x y y e h BC distância do ponto B ao ponto C, vem:

2 2

C A C AAC x x y y

e

11

. det 12

1

A A

B B

C C

x y

S x y

x y

, que é a expressão analítica da área do triângulo no plano.

Exemplo:

Determine a área do triângulo ABC de vértices: A(1,4) , B(2,3) e C( 1, 2) .

1 4 13 1 2 1 2 3

det 2 3 1 1.det 4.det 1.det 1.5 4.3 1.( 1) 8.2 1 1 1 1 2

1 2 1

1A= . 8 4.

2

2 2

1

det 1

1

A A

B B

C C

C A C A

x y

x y

x yh BC

x x y y

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32

5.8 – Equação Geral da Reta

Através do determinante nulo formada pelas coordenadas de dois pontos no plano

cartesiano podemos encontrar a equação geral da reta.

Considere uma reta originada pelos pontos 1 1A(x , )y e 2 2B(x , )y . Podemos destacar

um ponto P(x, )y nessa mesma reta e assim obtermos as seguintes equações:

1 2 1 1 2 1( )x x x x x x x x

1 2 1 1 2 1( )y y y y y y y y

Assim:

1 11 2 1 1 2 1

2 1 2 1

( ).( ) ( ).( )x x y y

x x y y y y x xx x y y

1 2 1 1 2 1[( ).( )] [( ).( )] 0x x y y y y x x

1 1

2 1 2 1

det 0x x y y

x x y y

Esta última equação pode ser transformada na seguinte:

1 1

2 1 2 1

1

det 1 0

1

x y

x x y y

x x y y

Ao calcularmos o determinante nulo dessa matriz de ordem 3 formada pelas

coordenadas dos três pontos acrescentada por uma coluna formada por numero 1

encontraremos a equação ax + by + c = 0, que é denominada equação geral da

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33

reta, onde a e b são números não nulos e x e y são pontos de coordenadas da

retas.

1 1 1 1

1 1

2 2 2 2

2 2

x 11 1

det x 1 0 .det .det 1.det 01 1

x 1

yy x x y

y x yy x x y

y

1 2 1 2 1 2 1 2. . 1. . . 0x y y y x x x y y x

1 2 1 2 1 2 1 2. . . . 0

a b c

y y x x x y x y y x .

Exemplo:

Obtenha uma equação da reta que passa pelos pontos: A(1,3) e B(-2,8) .

1

det 1 3 1 0

2 8 1

x y

3 1 1 1 1 3.det .det 1.det 0.

8 1 2 1 2 8x y

.( 5) .3 1.14 0 5 3 14 0x y x y

A equação geral da reta é 5 3 14 0x y

5.9 – Volume do Tetraedro

Em 1773, Lagrange, em um trabalho sobre Mecânica, mostrou que o volume de um

tetraedro ABCD de vértices 0 0 0A(x , , )y z , 1 1 1B(x , , )y z , 2 2 2C(x , , )y z , e 3 3 3D(x , , )y z pode

ser dado por 1

V= . D6

, em que D é o módulo do determinante

0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

x 1

x 1det

x 1

x 1

y z

y z

y z

y z

.

Seja ( , , , )O i j k um sistema ortogonal de coordenadas.

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34

0 0 0( , , )A x y z , 1 1 1( , , )B x y z ,

2 2 2( , , )C x y z e 3 3 3( , , )D x y z quatro pontos do espaço

três a três não colineares e os quatro não situados no mesmo plano, conforme figura

abaixo.

O volume do tetraedro ABCD será igual à sexta parte do volume do paralelepípedo que é dado por:

, ,AB AC AD

Nestas condições o volume do tetraedro ABCD será:

1. , ,

6V AB AC AD

Como

1 0 1 0 1 0

2 0 2 0 2 0

3 0 3 0 3 0

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

AB x x i y y j z z k

AC x x i y y j z z k

AD x x i y y j z z k

e

1 0 1 0 1 0

2 0 2 0 2 0

3 0 3 0 3 0

1. det

6

x x y y z z

V x x y y z z

x x y y z z

ou:

0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

1

11. det

16

1

x y z

x y zV

x y z

x y z

que é a fórmula analítica do volume de um tetraedro no espaço.

Exemplo:

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35

Determine o volume do tetraedro ABCD de vértices A(1,0,0) , B(2,3,1) , C(-1, 2,3) e

D(5, 1, 2) .

1 0 0 1

2 3 1 1det 1.23 1.64 41

1 2 3 1

5 1 2 1

1 41V= . -41

6 6 .

Page 37: O DETERMINANTE DE UMA MATRIZ - Educadores · Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Matemática – Formação de Professores da Universidade Federal de Santa

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REFERÊNCIAS

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