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O Encontro Julho de 2011 A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita Bhagavan Sri Ramana Maharshi No Guru Purnima, Dia do Guru, comemorado na lua cheia do mês de julho, são oferecidas homena- gens a todos os mestres espirituais na figura de Mestre Vyasa que, ao compilar os Vedas, transmitiu ao mundo a sabedoria da Sanatana Dharma (Religião Eterna). Guru significa “mestre” e Pur- nima significa “lua cheia”. Assim como a lua recebe a luz do sol, o Guru está totalmente imerso na luminosidade do Ser Real; está “cheio” da luz do espírito. O nosso Guru, Bhagavan Sri Ramana Mahar- shi, veio ao mundo para dissipar a escuridão de nossas mentes e nos libertar da incerteza, do so- frimento e da infelicidade, frutos de nossa própria ignorância. Certa vez, corrigindo um devoto, explicou que a benção concedida através de Seu olhar não fluía simplesmente de Seus olhos, mas que era pro- jetada por Ele em benefício dos devotos. Irmãos, alegremo-nos pela nossa salvação. Ele projetou sobre nós o Seu sagrado olhar de luz. Guru Purnima é, para nós, dia de agradecimento. Hare Ramana, Hare Ramana, Ramana Hare! A luminosidade do Ser Real Por Marcos Garcia Quem quiser falar com Deus pode dirigir seu pensamento a Ele, pode orar, pode cantar. Quem quiser estar com Deus pode colocar amor nos seus atos, aprender falando com Ele, apreender ouvindo a Ele. E o que falar dos intercessores. Há tantos. Mas conhecemos um que é maravilhoso. Ele está em nós; é o próprio silêncio e a própria resposta. Parece ser essencial, o próprio ar. Oh Guru, entrego-me a Ti, oh de doce olhar, olhar reconfortante, como um colo. A Unidade se faz presente quando reconhecemos que Ele está em nós e que a busca está na direção certa. Não tenhamos dúvida, duvidar é não ter fé. Acreditar que podemos cres- cer espiritualmente, que este é o caminho direto de diálogo com o Pai, com o Mestre, com Nossa Senhora e tantos avatares, faz de nós seres especiais, espa- ciais, sem planetas, sem frontei- ras. Isso porque a semente da vida, a raiz, a razão de nossa existência, o caule, o tronco, as flores e os frutos têm o melhor adubo chamado fé. Eu converso com Deus a todo instante. Deus não abandona ninguém. Eu não abandono Deus. Falar com Deus Por Lêda Fraga Agenda Editorial

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O EncontroJulho de 2011A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita

Bhagavan Sri Ramana Maharshi

No Guru Purnima, Dia do Guru, comemorado na lua cheia do mês de julho, são oferecidas homena-gens a todos os mestres espirituais na figura de Mestre Vyasa que, ao compilar os Vedas, transmitiu ao mundo a sabedoria da Sanatana Dharma (Religião Eterna).

Guru significa “mestre” e Pur-nima significa “lua cheia”. Assim como a lua recebe a luz do sol, o Guru está totalmente imerso na luminosidade do Ser Real; está “cheio” da luz do espírito. O nosso Guru, Bhagavan Sri Ramana Mahar-shi, veio ao mundo para dissipar

a escuridão de nossas mentes e nos libertar da incerteza, do so-frimento e da infelicidade, frutos de nossa própria ignorância. Certa vez, corrigindo um devoto, explicou que a benção concedida através de Seu olhar não fluía simplesmente de Seus olhos, mas que era pro-jetada por Ele em benefício dos devotos. Irmãos, alegremo-nos pela nossa salvação. Ele projetou sobre nós o Seu sagrado olhar de luz. Guru Purnima é, para nós, dia de agradecimento. Hare Ramana, Hare Ramana, Ramana Hare!

A luminosidade do Ser RealPor Marcos Garcia

Quem quiser falar com Deus pode dirigir seu pensamento a Ele, pode orar, pode cantar. Quem quiser estar com Deus pode colocar amor nos seus atos, aprender falando com Ele, apreender ouvindo a Ele. E o que falar dos intercessores. Há tantos.

Mas conhecemos um que é maravilhoso. Ele está em nós; é o próprio silêncio e a própria resposta. Parece ser essencial, o próprio ar. Oh Guru, entrego-me a Ti, oh de doce olhar, olhar reconfortante, como um colo.

A Unidade se faz presente quando reconhecemos que Ele está em nós e que a busca está na direção certa. Não tenhamos dúvida, duvidar é não ter fé.

Acreditar que podemos cres-cer espiritualmente, que este é o caminho direto de diálogo com o Pai, com o Mestre, com Nossa Senhora e tantos avatares, faz de nós seres especiais, espa-ciais, sem planetas, sem frontei-ras. Isso porque a semente da vida, a raiz, a razão de nossa existência, o caule, o tronco, as flores e os frutos têm o melhor adubo chamado fé. Eu converso com Deus a todo instante. Deus não abandona ninguém. Eu não abandono Deus.

Falar com DeusPor Lêda Fraga

Agenda Editorial

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O Encontro julho, 2011

O despertar da consciênciaO primeiro indício da iniciação

de Sri Bhagavan foi um vislumbre do Arunachala. O escolar Venkatara-man não havia lido qualquer teoria religiosa. Sabia apenas que o Aruna-chala era um local muito sagrado e deve ter sido um pressentimento do seu destino aquilo que o abalou.

Certo dia encontrou-se com um idoso parente que conhecera em Ti-ruchuzhi e perguntou-lhe de onde vinha. O velho respondeu-lhe: “Do Arunachala”. E a súbita compreensão de que a montanha sagrada era verdadeira e tangível podendo ser visitada por qualquer ser humano encheu Venkataraman de assombro. Sri Bhagavan fez referência ao epi-sódio, mais tarde:

Escutai! Parece tratar-se de uma montanha insensível. Sua ação é misteriosa, ultrapassando a com-preensão humana. Desde os meus primeiros dias vislumbrei vagamente que o Arunachala era algo de trans-cendente grandeza (…). Quando a montanha me atraiu para si, aquie-tando-me a mente, aproximei-me e vi-a em sua imobilidade.

Esse fato aconteceu pouco an-tes do décimo sexto aniversário de Venkataraman pe-los padrões euro-peus, décimo séti-mo pelos hindus.

A segunda premonição veio logo após. Uma vez mais esta-beleceu-se uma onda de des-lumbrante ale-gria à percep-ção de que o divino podia man i fes ta r -se na Terra. O tio do jo-

vem havia tomado emprestado um exemplar do Periapuranam, hagio-grafia dos 63 santos tâmiles. Venka-taraman, ao mergulhar na leitura, foi possuído de extático espanto ante a existência de tanta fé, amor e fervor divino. Os relatos de renúncia levando à União Divina inspira-ram

nele pasmo e emulação. Essa cor-rente de compreensão, estimulada por um esforço contínuo, torna-se cada vez mais forte e constante até levar finalmente ao sahaja-samadhi, aquele estado em que a mais pura e abençoada compreensão é cons-

tante e ininterrupta, sem que se impeça, contudo, as percepções e ativida-des normais da vida. Ele próprio descreveu-a:

Foi cerca de seis sema-nas antes que eu deixasse Madura de vez que aconte-ceu a grande mudança em minha vida. Eu estava a sós numa sala do primeiro an-dar da casa de meu tio. Ra-

ramente fico doente e na-quele dia mi-nha saúde era

Filosofia

perfeita, mas um repentino temor da morte apossou-se de mim. Nada no meu estado de saúde justificava tal coisa e eu não tentei encontrar qualquer explicação nem tampouco s a b e r se havia alguma razão

para aquele temor.

Sentia apenas que ia morrer e comecei a pensar no que deveria fazer.

O choque produzido pelo temor da morte fez com que minha mente se voltasse para dentro e eu disse com meus botões, sem chegar na verdade a articular as palavras: “A morte chegou; o que significa ela? O que estará morrendo? Este corpo morre”. E, imediatamente, dramatizei a ocorrência da morte. Deitei-me com os membros distendidos como se o rigor mortis já houvesse tomado conta de mim e imitei um cadáver a fim de emprestar maior realismo à investigação. Sustei a respiração e mantive os lábios bem apertados de modo que nenhum som escapasse. “Pois bem”, disse de mim para co-migo, “este corpo está morto. Será transportado para o crematório e ali queimado e reduzido a cinzas. Mas

• Hagiografia (biografia) dos 63 santos.

• Templo de Meenakshi, em Madura.

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O Encontrojulho, 2011

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O despertar da consciênciacom a morte deste corpo estarei eu morto? Serei eu este corpo? Ele está silencioso e inerte, mas sinto toda a força da minha personalidade e até mesmo ouço a voz do eu dentro de mim, totalmente apartada do corpo. De modo que sou Espírito transcen-dendo ao corpo. O corpo morre, mas o Espírito que o transcende é imune à morte. Quer isto dizer que sou um Espírito imortal”.

Os pensamentos coriscavam den-tro de mim tão vividamente como a verdade que eu percebia direta-mente, prescindindo quase de um processo de raciocínio. Eu era a única coisa real no estado em que me encontrava e toda a atividade consciente ligada ao meu corpo es-tava centralizada nesse eu. Daquele momento em diante, o Eu ou Si passou a atrair sobre si a atenção com poderoso fascínio. O temor da morte desaparecera para sempre. Outros pensamentos poderiam vir e ir como as diferentes notas de uma melodia, mas o Eu continuava como a nota sruti. Ainda que o corpo estivesse ocupado em falar, ler ou qualquer outra coisa, eu continuava sempre centralizado no Eu.

Todo este sadhana não durou mais do que meia hora, mas é da maior importância para nós que te-nha sido um sadhana, uma tentativa de alcançar a luz e não um des-pertar isento de esforço; pois um guru normalmente guia seus discí-pulos através dos caminhos que ele próprio palmilhou.

Esta compreensão naturalmente acarretou uma modificação na es-cala de valores e hábitos de vida de Venkataraman. A adaptação da vida a este novo estado de cons-ciência não pode ter sido fácil no caso de alguém que não passava de um escolar e a quem faltava toda

espécie de conhecimentos teóricos sobre a vida espiritual. Também isto é descrito:

As consequências dessa nova consciência cedo se tornaram paten-tes na minha vida. Em primeiro lugar, perdi o pequeno interesse que tinha no meu relacionamento externo com amigos e parentes e entreguei-me mecanicamente aos estudos. No tra-to com as pessoas tornei-me humil-de e submisso. Qualquer que fosse o trabalho dado, qualquer que fosse a provocação, eu a tolerava calado. O ego anterior, que se ressentia e retaliava, tinha desaparecido.

Uma das características do meu novo estado foi a mudança da mi-nha atitude relativamente ao Templo de Meenakshi. Depois do Despertar, eu para lá me dirigia quase todas as noites. Costumava ir só e per-manecer estático durante longo tempo diante de uma imagem de Shiva ou Meenakshi ou Nataraja e os 63 santos, e, ali estando, ondas de emoção se apossa-vam de mim. No mais das vezes, eu não chegava a rezar, mas permitia que o silêncio que o profundo interior fluísse e penetras-se no profundo ul-terior. Mais tarde, em Tiruvannamalai, percebi que os li-vros davam nome ao que eu havia sentido intuitiva-mente.

Era bastante diferente do estado do místico que é levado ao êxta-se por um instante fugidio, após o qual as sombrias muralhas do cérebro voltam a cingir-se em torno dele. Sri Bhagavan já possuía uma consciência constante e ininterrupta do Si e disse explicitamente que já não havia sadhana, nem esforço espiritual depois disso. Já não havia luta no sentido de penetrar no Si, pois o ego, cuja oposição ocasiona a luta, tinha sido dissolvido e já não havia com quem lutar.

Trecho do livro “Ramana Maharshi e o Caminho do Autoconhecimento”, de Arthur Osbourne. Sri Ramanasramam, 1970.

• Venkataraman, aos 16 anos, já possuía a consciência do Si.

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O Encontro julho, 2011

A Luz no Caminho - Associação Espiritualista | Rua Maxwell, 145 - Vila Isabel - Rio de Janeiro, RJ - CEP 20541-100 | (21) 2208 5196 | Horário de funcionamento (inclusive dias santos e feriados): segundas e quartas, das 14h30 às 20h30 - terças e quintas, das 14h30 às 21h00 - sábados, das 14h00 às 20h00 | Mais informações no site: www.aluznocaminho.org.br | Site da Casa de Ramana: www.casaderamana.org.br | Notícias da Casa: www.casaderamana.blogspot.com

Previ que tudo em mim ia mudarDepois de lutar para se libertar

de tantas amarras, do controle ex-cessivo dos pais até o preconceito machista da sociedade, era natural que Esther Reis adotasse uma pos-tura mais rígida. E foi assim que ela, em 1974, chegou até Bhaga-van. A princípio, não era mais que um retrato para ela. Mal sabia que, como uma presa, acabara de ser “abocanhada” pelo tigre que nele estava representado.

Convidada por sua prima, Es-ther foi aos poucos se envolvendo com a filosofia do Mestre, atra-vés das reuniões conduzidas por Daura França. E também com as atividades administrativas de A Luz no Caminho, que ainda não estava estabelecida no atual endereço. Foi a terceira presidente da associação, depois vice e não parou mais. A advogada com importante cargo no

governo não se importava em co-locar a mão na massa para ajudar.

Quando mudou-se para a Rua Maxwell, a casa tinha apenas um andar, onde costumava ficar o al-tar. Estava tudo por consertar, mas, embora fossem poucos, nunca fal-taram braços para isso. Para se manter, a associação contava, assim como hoje, com doações dos devotos e pequenas festas. “Era comum a Teca (Thereza de Jesus) cantar e eu acompanhá-la no violão”, lembra Esther, deixan-do escapar um lado artístico que poucos conhecem.

Nesse intervalo, Esther foi con-vidada por Daura a desenvolver a própria espiritualidade e recebeu orientação para as-sumir outro nome, o qual deveria ser usa-do daquele dia em

diante, enquanto estivesse à servi-ço de Ramana: Senhora Premiada. O verdadeiro prêmio dessa vida, ela percebeu mais tarde, é outro. “Não sou mais a mesma pessoa que chegou aqui. Compreendi que a realidade não é material. Essa foi a luz no meu caminho”.

• Senhora Premiada.

Nossa História

Assistência social é um termo amplo que oculta tanto trabalho! Queremos revelar a nossos amigos a bela tarefa de atender em am-bulatório, com consultas mensais e remédios gratuitos, 30 idosos exter-nos e nove senhoras internas.

Imaginem o que é receitar, com-prar e separar os medicamentos para tantas pessoas. É claro, conta-mos com preciosos voluntários, que pacientemente catalogam, compram

Casa de Ramana

e preparam as remessas mensais a serem entregues. Eles fazem um mapa de controle para cada idoso e o estoque é rigorosamente con-trolado para não se comprar de-mais, nem de menos.

Usamos também a Farmácia Po-pular para os remédios com gratui-dade e com descontos oferecidos pelo governo federal. Também o Posto de Saúde do Grajaú vem até nós. Na campanha de vacinação,

veio até a Casa de Ramana e imu-nizou em domicílio todas as avós internas. Nem eu escapei!

Tratamos muito da saúde dos nossos assistidos e parte expressi-va de nossa tarefa social aparece neste ponto. Como se vê, a assis-tência social esconde muitos braços fortes. Venha nos visitar aos se-gundos sábados de cada mês, pela manhã e conheça nosso trabalho. Até lá!

Iniciativa garante acesso de idosos à saúdePor Lucíola Ferreira