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O Encontro Maio de 2012 A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita Bhagavan Sri Ramana Maharshi Orientação Mensagem Por Daura França Algum dia, se com amor plantei sementes que me confiaram, como aquelas que foram distribuídas pelo Pai Observador, tenho tido a imensa felicidade de ver que os brotos co- meçam a surgir e antegozo a Gran- de Graça que embala as almas com- promissadas que estão em busca de uma nova oportunidade no caminho do eterno aprendizado. Algum dia, se o sofrimento foi a oportunidade de algum aprendizado, posso dizer que minh’alma em festa nunca sofreu! Guardo de todos que foram e são meus instrutores, embo- ra muitos os chamam de “algozes”, a real efetiva libertação! Não nos é permitido saborear conquistas e muito menos nos preo- cuparmos com poderes latentes que nos acompanharam todo o tempo. “Sabemos”, simplesmente isso, que todos somos um e que nenhum po- der conduz o homem inquieto a lu- gar algum. É acertado dizer que o caminho nos abre novos horizontes, isto por- que, cada etapa vencida é um novo princípio no caminho do infinito! Os que param a pensar que venceram e ficam desprevenidos são agarrados por aqueles que espreitam e estão prontos a devorá-los e saborear a vaidade que os consumiu. Tudo nos é dado, após esforço e contínua vigilância, mas a quem importa tudo fazer pela troca? Se- ríamos tolos se alimentássemos esta ilusão. Melhor procurarmos acomo- dação entre os leigos e aprendermos com eles que a união é que nos conduz à autorealização! Por isso, estamos aqui, na expectativa de que a Suprema Sabedoria sinta nosso pe- queno e sincero esforço! Um dia, após ser provada no di- fícil campo das lutas controvertidas, compreendi que o sonho perdeu seu encanto – o encanto de maya (ilu- são) – e o mundo todo era esse sonho. O caminho me pareceu estar com vislumbres de luz que pareciam evitar meus tropeços e “senti” que tudo havia mudado radicalmente! Continuei no mundo sem “viver” no mundo. Tudo está terminado en- tão. Digo melhor, tudo começa agora! Sempre e eternamente agora! Quando iniciei esta mensagem, minha inten- ção era agradecer-lhe a constante generosidade em brindar-me com sua sincera amizade, nun- ca esquecendo que o “tempo” passa rápido para esta “velha milenar”. Mesmo assim, sou muito grata pela oportunidade de encontrá-los no sopé da montanha – que jun- tos procuramos tentar subir e espe- ro que possam sentir, sem reservas, toda a gratidão que tenho para dar em retribuição à amizade de todos. Não peço, mas espero humilde- mente, que ninguém procure sen- tar-me no “banco dos réus” e faça contra mim nenhuma justiça; não porque não a mereça, mas porque não desejo vê-los sentados no mes- mo “banco” onde devo ter sentado em muitas experiências e sofrendo as mesmas ou piores incompreensões. Permitam-me expurgar o que ficou para trás e ajudem-me a evitar no- vos compromissos. Não cabe à Dau- ra a responsabilidade de torná-los santos e sim mostrar-lhes o caminho para que o sigam com sabedoria. i

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O EncontroMaio de 2012A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita

Bhagavan Sri Ramana Maharshi

Orientação

MensagemPor Daura França

Algum dia, se com amor plantei sementes que me confiaram, como aquelas que foram distribuídas pelo Pai Observador, tenho tido a imensa felicidade de ver que os brotos co-meçam a surgir e antegozo a Gran-de Graça que embala as almas com-promissadas que estão em busca de uma nova oportunidade no caminho do eterno aprendizado.

Algum dia, se o sofrimento foi a oportunidade de algum aprendizado, posso dizer que minh’alma em festa nunca sofreu! Guardo de todos que foram e são meus instrutores, embo-ra muitos os chamam de “algozes”, a real efetiva libertação!

Não nos é permitido saborear conquistas e muito menos nos preo-cuparmos com poderes latentes que nos acompanharam todo o tempo. “Sabemos”, simplesmente isso, que todos somos um e que nenhum po-der conduz o homem inquieto a lu-gar algum.

É acertado dizer que o caminho nos abre novos horizontes, isto por-que, cada etapa vencida é um novo princípio no caminho do infinito! Os que param a pensar que venceram e ficam desprevenidos são agarrados por aqueles que espreitam e estão prontos a devorá-los e saborear a vaidade que os consumiu.

Tudo nos é dado, após esforço

e contínua vigilância, mas a quem importa tudo fazer pela troca? Se-ríamos tolos se alimentássemos esta ilusão. Melhor procurarmos acomo-dação entre os leigos e aprendermos com eles que a união é que nos conduz à autorealização! Por isso, estamos aqui, na expectativa de que a Suprema Sabedoria sinta nosso pe-queno e sincero esforço!

Um dia, após ser provada no di-fícil campo das lutas controvertidas, compreendi que o sonho perdeu seu encanto – o encanto de maya (ilu-são) – e o mundo todo era esse sonho. O caminho me pareceu estar com vislumbres de luz que pareciam evitar meus tropeços e “senti” que tudo havia mudado radicalmente! Continuei no mundo sem “viver” no mundo. Tudo está terminado en-tão. Digo melhor, tudo começa agora! Sempre e eternamente agora!

Quando iniciei esta mensagem, minha inten-ção era agradecer-lhe a constante generosidade em brindar-me – com sua sincera amizade, nun-ca esquecendo que o “tempo” passa rápido para esta “velha milenar”. Mesmo assim, sou muito grata pela oportunidade de encontrá-los no sopé da montanha – que jun-tos procuramos tentar subir e espe-

ro que possam sentir, sem reservas, toda a gratidão que tenho para dar em retribuição à amizade de todos.

Não peço, mas espero humilde-mente, que ninguém procure sen-tar-me no “banco dos réus” e faça contra mim nenhuma justiça; não porque não a mereça, mas porque não desejo vê-los sentados no mes-mo “banco” onde devo ter sentado em muitas experiências e sofrendo as mesmas ou piores incompreensões. Permitam-me expurgar o que ficou para trás e ajudem-me a evitar no-vos compromissos. Não cabe à Dau-ra a responsabilidade de torná-los santos e sim mostrar-lhes o caminho para que o sigam com sabedoria. i

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O Encontro maio, 2012

No dia 3 de maio de 2012, a Casa faz 40 anos. Parece muito, mas o tempo na vida espiritual é detalhe. Quem vivencia o dia a dia na Casa pode achar que se pas-sou muito tempo, mas para quem acredita na continuidade do servir e conhece o que é desapego, 40 anos é uma etapa.

Claro, muitas coisas boas aconte-ceram nesta etapa. Aprendemos, cres-cemos, servimos, erguemos e mante-mos esta casa san-ta e sua obra assistencial – Casa de Ramana. Ao comemorarmos 40 anos, às vezes dizemos: Ufa! Con-seguimos. Certamente não foi fácil. Mas a vida da Casa continua, por-que a vida continua e o Mestre permanece.

A história de A Luz no Cami-nho vai passando de pessoa para

Aos quarenta anos Por Marcos Garcia

Editorial

pessoa, tornando vivos os princi-pais passos, como viva é a história, a vida do Bhagavan Sri Ramana Maharshi. E foi se disseminando os ensinamentos do Mestre. E foi se espalhando a notícia que havia uma Casa que falava, que mostrava, quem era um Guru que disse para

buscarmos nos co-nhecer, sermos do-nos de nossa mente e assim transformar uma estrada tortu-osa, nebulosa, em um caminho sinali-zado pela graça e na direção do Pai.

O Mestre sempre está conos-co; sua morada é dentro de nos-so coração. Quando unidos em um só propósito criamos uma Casa; é grande sinal de comunhão na fé. E esta fé não tem tamanho, não tem tempo, não tem idade. Temos muitos anos pela frente. Só temos 40 anos.

02 Orientação

MensagemContinuação

As instruções são as mesmas para todo aquele que é convocado para o Grande Plantio. No Mestre encon-tramos todas as respostas às nossas necessidades e somente Ele nos po-derá conduzir com segurança!

Quem permanecer preso às con-ceituações do ego e nelas encontrar apoio para ditar normas e fazer re-presálias destrutivas está perdendo a

preciosa graça de uma oportunidade que não se repetirá tão cedo. Já que estamos juntos na estrada da ascensão, procuremos nela permane-cer alheios a tudo quanto nos possa prejudicar e conduzir à infelicidade e às garras do egoísmo. Ninguém é melhor do que ninguém. Somen-te aqueles que se colocam nessa posição de semelhança é que, com discernimento, saberão que não so-mos iguais enquanto não atingirmos o Todo - o Ser - Deus!

Pelo muito que gostaria de tes-temunhar diante de todos, façamos um pacto de tolerância – se não

existe amor – que exista respeito mútuo para que reine entre nós o mínimo de fraternidade a fim de que permaneçam conosco aqueles que, na obscuridade, se juntam a nós pela graça de Sri Bhagavan Ramana Maharshi!

Sem qualquer distinção, inspiro a todos aqui reunidos maior progresso para alcançarmos uma “vida” melhor e de Bhagavan espero a generosida-de de Seu olhar, a fim de merecer-mos a Sua infinita graça.

Guanabara, Janeiro de 1974.

O Mestre sempre está conosco; sua morada é dentro de nosso coração.

Quarenta anosPor Sônia Prada

Bendito És Tu

Hare Om!

Ampara Seu devoto

Garras de tigre abençoadas,

Amando sempre a todos,

Vitória do “Quem sou eu?”

A Bem-aventurança está em Ti.

Nada há para falar: Silêncio!

Sua Presença é constante

Responde: Quem és Tu?

Índia da montanha sagrada Arunachala!

Revitaliza o coração do devoto

Amor é Seu nome

Mãos benditas curam.

A Graça se faz!

Nós Seus filhos, o reverenciamos

Amados somos em Ti!

Mestre amado, Ramana

A Sua Casa faz 40 anos

Hoje e sempre bendiremos

A Paz, amor em A Luz no Caminho

Ricos somos pela Sua escolha.

Seja feita a Vossa Vontade

Há em nós um sentimento Fraterno,

Inclino-me diante de Ti, Ó Guru

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O Encontromaio, 2012

E assim surgiu A Luz no Caminho Por Vera Carolina de Mello

Quando Daura Silva França so-freu um acidente, os médicos pre-conizaram que ela dificilmente vol-taria a falar. Entretanto, ainda no hospital, ela recebeu, por três noites seguidas, a “visita” de um velhinho, grande responsável por sua cura. Somente mais tarde ela veio a saber ser Bhagavan Sri Ramana Maharshi. Fez então, a si mesma, a promessa de que sua voz estaria a serviço daquele Mestre.

Em Curitiba, onde morava, a se-nhora Leonides Doblins teve a opor-tunidade de conhecer Mouni Sadhu, autor de Dias de Grande Paz. Trans-ferindo-se para o Rio de janeiro, ela e duas amigas passaram a fre-quentar, na Sociedade Teosófica, as palestras ministradas pelo discípulo do Maharshi.

Veio-lhes, então, a ideia de for-mar um grupo a que chamaram Grupo Arunachala, cuja finalidade

seria o estudo e a tradução das obras sobre Ramana Maharshi, raras àquela época. A primeira reunião realizou-se em 9 de junho de 1960 e, três meses depois, elas já contavam com sete pessoas.

Após o acidente que sofreu, Daura foi conduzida ao Grupo, onde não apenas au-xiliava na datilografia das traduções como estudava com afinco tudo o que se refe-ria ao Maharshi. Mas, à medida que o tem-po passava, Daura via surgir dentro de si a necessidade de er-guer um templo no

qual se fizesse uma maior divulga-ção desses ensinamentos. E assim surgiu A Luz no Caminho!

• Daura Silva França

SimbologiaCírculo de Estudos

O Deus Vishnu – o Preserva-dor – é representado deitado em uma serpente de mil cabeças (shesha). Nesse caso, é chamado de narayana – “aquele que mora nas águas cósmicas”. A serpente repre-senta a eternidade e suas mil ca-beças, o ego com seus mil desejos e pensamentos. Nesse aspecto, do seu umbigo cresce uma flor de ló-tus. Seus vários braços simbolizam suas muitas qualidades. É também representado sobre uma flor de ló-

tus, trazendo em suas mãos uma concha. O som da concha é uma arma contra os demônios. Como se sabe, Vishnu teve múltiplas reencar-nações e, em cada uma delas, viu-se na contingência de lutar contra um demônio. Empunha uma flecha, aljava ou arco. A flecha representa a energia masculina. A aljava e o disco luminoso são armas para combater aqueles que ferem a ordem cósmica. Vaikuntha é o lugar onde mora e seu veículo é o pássaro Garuda.

Próxima palestra

Tema: O Começo

Palestrantes:

Senhora Dona da Casa

Senhora Premiada

Irmão Joaquim

Data: 26 de maio, às 19h

Por Vera Carolina de Mello

Especial 40 Anos

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O Encontro maio, 2012

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Aproximando-nos da Verdade Divina

Entre as muitas formas de nos conectarmos ao Ser Supremo - que habita nossa própria existência - uma das práticas

mais difundidas nos quatro cantos da Terra é a prece. A grande maio-ria das religiões coincide com esta máxima: orando chegamos a Deus!

Em A Luz no Caminho não po-deria ser diferente. Em nosso tem-plo há dois expressivos momentos que se revestem dessa oportunida-de de nos ligar ao Grande Cria-dor. Desde a fundação da Casa, as reuniões têm em seus roteiros os textos conhecidos como a “Ora-ção” e a “Invocação”. Cada uma delas, com as suas histórias e suas gêneses, merece comentários mais pormenorizados:

Os versos da oração “Que Deus ressurja” foram extraídos do livro Concentração (editora Pensamento), de Mouni Sadhu que era devoto de Ramana. No capítulo nove, o autor ao fazer referência a algu-mas tradições ocidentais, descreve uma poderosa prece do cristianis-mo usada como forma de clamar o poder de Deus. Além de estar literalmente transcrita no livro de Sadhu, como até hoje é recitada na Casa, sabemos que os fundamentos dessa oração se encontram nos três primeiros versículos do Salmo 68 da Bíblia Sagrada. Segundo consta em algumas especulações que ten-tam recriar a origem dos salmos, parece ser que David ao compor esse poema quis traduzir, em forma de louvor, uma passagem bíblica que remonta o período da peregri-nação do povo de Israel, liderados por Moisés, por ocasião de sua li-bertação da escravidão do Egito. Uma das interpretações que se tem sobre esse episódio descreve a ca-minhada no deserto em direção à

terra prometida. Durante esse tem-po de agrúras em um terreno tão árido, os homens levavam consigo a “Arca da Aliança” feita entre Deus e o seu povo. Conta-se que todos os dias, ao anoitecer, os homens armavam as tendas para o descan-so e recuperação das forças. Na manhã seguinte, recolhiam o acam-pamento, levantavam a “arca” nos ombros e oravam a seu Deus so-licitando ajuda para o novo cami-nho. Por essa razão é que no texto que configura essa oração vemos uma espécie de “apelo” para que o Senhor seja o farol e a proteção.

O outro momento de contrição é uma “oração” (vamos chamá-la assim) feita na Casa que tem por objetivo levar o devoto à consciên-cia do que ele verdadeiramente é, ou seja, fazê-lo reconhecer a Divindade que nele habita.

Na déca-da de 1960, houve no Brasil um Grupo que, após entrar em conta-to com a f i l o s o f i a de Rama-na, foi for-mado prin-cipalmente para traduzir livros sobre Bhagavan e também es-tudar a Sua Doutrina. Dos muitos textos escolhidos, o Grupo Arunachala nos brindou com

a tradução de um belo poema in-titulado Vivekachudamani (“A Joia Suprema do Discernimento”), de Sri Sankara.

Nesse livro é que vamos encon-trar as bases conceituais da “nossa” “Invocação”. O texto representa um diálogo entre o Mestre e o dis-cípulo, onde as linhas fundamen-tais do Advaita Vedanta (a doutrina da “não-dualidade”) são explicadas pelo Guru para o seu seguidor.

Em síntese, o que “A Joia Su-prema” revela é o encontro que o homem tem a descobrir dentro de si: o Deus que habita o seu pró-prio ser. O lirismo do longo poe-ma de Sankara, ao abordar temas como a ilusão do mundo (maya) e o ciclo das encarnações (a Roda do Samsara), incentiva os discípulos

a buscarem a superação das dores do mundo através

da submissão ao Mestre (“eu me inclino diante

de Ti” como diz um dos versos da “In-

vocação”).

Especial 40 Anos

Por Daniel Soares

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O Encontromaio, 2012

Filosofia

Você nem imagina quanta liber-dade nosso irmão esquilo tem com Bhagavan! Dois ou três anos atrás, entre os esquilos, havia um muito ativo e travesso. Um dia aconteceu que quando ele veio buscar comida, Bhagavan estava lendo e, portanto, ocupado e, por isso, demorou um pouco a dar comida para ele. Esse indivíduo travesso não comia nada a menos que o próprio Bhagavan colocasse na sua boca.

Talvez por causa de sua irrita-ção pela demora, ele abruptamente mordeu o dedo de Bhagavan, mas Bhagavan ainda lhe ofereceu mais. Ele achou graça e disse: “Você é uma criatura malcomportada! Você mordeu meu dedo! Não vou lhe dar mais comida. Vá embora!” Assim di-zendo, parou de alimentar o esquilo por alguns dias.

E aquele indivíduo ficaria quieto?

Não, ele começou a pedir perdão a Bhagavan rastejando para lá e para cá. O Mestre colocou os amendoins no peitoril da janela e no sofá e disse-lhe que se servisse. Mas não, ele nem mesmo os tocaria. Bhaga-van fingiu ficar indiferente e não ter notado. Mas ele trepou pelas pernas de Bhagavan, pulou no seu colo, trepou até seus ombros e fez muitas coisas para chamar atenção.

Então, Bhagavan disse a todos nós: “Olhem, este indivíduo está me pedindo que perdoe sua travessura de morder meu dedo e desista de minha recusa em alimentá-lo com minhas próprias mãos.” Alguns dias se passaram e Bhagavan finalmente teve que admitir sua derrota por causa de sua infinita misericórdia por seus devotos. Ocorreu-me então que é assim que os devotos alcan-çam a salvação, através da persis-tência.

Salvação através da persistência05

O esquilo não parou aí. Ele jun-tou um grupo de seu bando, e juntos começaram a construir um ninho no teto do salão, exatamente sobre o sofá. Todos os esquilos começaram a meter entre as vigas pedaços de corda, fibras e coisas assim. Sempre que ventava, essas coisas caíam; por isso, as pessoas ficavam zangadas e começaram a expulsá-los. Entretanto, Bhagavan se sentia muito aflito ao pensar que não havia espaço suficiente para que os esquilos construíssem um ninho e que as pessoas do salão os estavam expulsando. Bastava-nos ver o rosto de Bhagavan nessas ocasi-ões para compreender a profundi-dade de seu amor e afeto por esses seres.

Do livro Cartas do Sri Ramanasraman, de Suri Nagama. Traduzido por José Stefanino Vega.

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O Encontro maio, 2012

“Quando entrei em tua Casa, todos cantavam para Ti!”

Já conhecia Ramana através de dois grandes amigos: Vera e José Stefanino. Entretanto, só fui conhecer a Casa em 1984. Era dia 14 de abril e ninguém me avisou! O primeiro impacto, numa casa muito cheia, foi grande. Sentada na cadeira do diri-gente, uma jovem senhora de olhar penetrante e violeta: era Daura. Ao

ver o retrato de Ramana na parede, não houve dúvida: era ali o meu lugar!

Frequentava as reuniões sempre muito calado, até que um dia, Eva-ne e Bethania, jovens que dirigiam a reunião das crianças, me convidaram para conhecer a reunião dos jovens. Tinha eu meus 19 anos! De lá para cá, muita coisa aconteceu. Tive o pri-vilégio de ser o último presidente da Casa indicado por Daura. Seria o terceiro homem da sucessão, de-pois das sete mulheres. Fui “Jovem de Ramana”, sob a batuta de meu querido Celso. Tive a ventura de di-rigir esse grupo também por sete anos. Quando completei 21 anos, no dia de meu aniversário, em uma reunião de segunda-feira, tive minha primeira grande experiência sensitiva.

Nossa História

A Luz no Caminho - Associação Espiritualista | Rua Maxwell, 145 - Vila Isabel - Rio de Janeiro, RJ - CEP 20541-100 | (21) 2208 5196 | Horário de funcionamento (inclusive dias santos e feriados): segundas e quartas, das 14h30 às 20h30 - terças e quintas, das 14h30 às 21h00 - sábados, das 14h00 às 20h00 | Mais informações no site: www.aluznocaminho.org.br | Site da Casa de Ramana: www.casaderamana.org.br | Notícias da Casa: www.casaderamana.blogspot.com

Nas mãos de Vera e Daura, naquele dia desabei em prantos! Fui então convidado a ingressar no Grupo de Iniciados, dirigido naqueles tempos por minha amada Neuza (uma linda orquídea, com quem aprendi muito).

Chegou o tempo de ser presi-dente. A responsabilidade era imensa, mas o amor por Bhagavan e pela Casa superava o temor. Três anos passaram voando. Tendo sido con-vidado para integrar a Diretoria, na gestão anterior à minha, nunca mais deixei as questões administrativas também. Hoje, o menino deu lugar ao homem, mas, no fundo, na pre-sença de meu amado Maharshi hei de ser eternamente o filho que se aconchega nos braços do Pai. Não sei ver a história de minha vida sem A Luz no Caminho!

Por Daniel Soares

Festival de VesakComemora-se na lua cheia do

mês de Vesak, primeiro do calen-dário hindu (de meados de abril a meados de maio) o nascimento, a iluminação e também o passamento do Senhor Buda - é o Festival de Vesak. Durante o festival, os devo-tos oferecem flores, simbolizando a impermanência dos acontecimentos humanos, e acendem velas ou lan-ternas coloridas, que simbolizam a iluminação do Buda.

O último avatar de Vishnu nasceu como Sidarta Gautama, um príncipe

cercado de luxo e riqueza que, ao perceber a dor, o desespero e a efe-meridade inerentes à vida no mundo material abandonou a tudo e partiu em busca da libertação. Depois de seis anos de buscas e penitências, Gautama entregou-se à meditação profunda e alcançou a iluminação sentado aos pés da árvore conhecida como árvore-Bo.

O Senhor Buda trouxe ao mundo o nobre caminho do meio a ser trilhado por aqueles que buscam a libertação. Este caminho é também

conhecido como a senda óctupla da compreensão correta, pensamento correto, linguagem correta, ação cor-reta, modo de vida correto, esforço correto, vigilância correta e concen-tração correta.

Ao reverenciar O Buda nestes dias auspiciosos do Festival, nós de-votos de Sri Ramana agradecemos profundamente ao Maharshi por Sua infinita graça.

Baseado em texto de Nissim Cohen.

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Agenda