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O Evangelho de João e você Nestes próximos três meses, quando estaremos celebrando o mês da EBD, somos contemplados com o estudo do Evangelho de João que é uma das mais belas pági- nas da revelação bíblica e será de grande proveito para o nosso crescimento espiritu- al, trazendo-nos um profundo conhecimento das Escrituras. O Evangelho de João é fundamental para o entendimento da “teologia de Jesus”, apresentada por ele mesmo. O propósito é mostrar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus e todos que acreditam nele terão vida eterna. Broadus David Hale, em seu livro Introdução ao Estudo do Novo Testamento, apresen- ta com muita propriedade que “nenhum outro livro levou tantas pessoas a Cristo e inspirou tantos a segui-lo e servi-lo como o Evangelho de João. A teologia foi coloca- da em termos tais, que até uma criança pode compreender a visão da grandeza do amor de Deus, como mostrado em Jesus”. João trata de temas tais como: Jesus como único Filho de Deus, vida eterna, o Espíri- to Santo, luz versus trevas, as declarações “Eu sou” de Jesus e tantos outros. Suas ênfases teológicas – revelação – Deus – cristologia – salvação – igreja – per- meiam todo o conteúdo do livro. Desafio a você, querido aluno, a neste período estudar com profundidade este maravilho- so Evangelho. Em cada estudo proposto em sua revista você encontrará os textos bíblicos “Dia a dia com a Bíblia”. Ao fazer essas leituras você poderá observar atentamente a quem Jesus se dirige quando fala. É aos seus discípulos? É aos seus oponentes? É às multidões? Jesus se dirige a cada grupo de ouvintes de uma forma específica. Durante a leitura dire- cione também sua atenção à forma como o escritor preparou a narrativa e seu significado. Ao final de cada estudo seu professor apresentará a frase-chave, resumo do estudo em questão, para que você possa compartilhar com alguém que ainda não teve a experiência de encontrar-se com Jesus. Esta atividade encontra-se também na parte final da sua revista. Será uma oportunidade para você cumprir o “ide” de Jesus. Que Deus o abençoe nesta caminhada. encontro COMPROMISSO 1

O Evangelho de João e você

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O Evangelho de João e você

Nestes próximos três meses, quando estaremos celebrando o mês da EBD, somos contemplados com o estudo do Evangelho de João que é uma das mais belas pági-nas da revelação bíblica e será de grande proveito para o nosso crescimento espiritu-al, trazendo-nos um profundo conhecimento das Escrituras.

O Evangelho de João é fundamental para o entendimento da “teologia de Jesus”, apresentada por ele mesmo. O propósito é mostrar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus e todos que acreditam nele terão vida eterna.

Broadus David Hale, em seu livro Introdução ao Estudo do Novo Testamento, apresen-ta com muita propriedade que “nenhum outro livro levou tantas pessoas a Cristo e inspirou tantos a segui-lo e servi-lo como o Evangelho de João. A teologia foi coloca-da em termos tais, que até uma criança pode compreender a visão da grandeza do amor de Deus, como mostrado em Jesus”.

João trata de temas tais como: Jesus como único Filho de Deus, vida eterna, o Espíri-to Santo, luz versus trevas, as declarações “Eu sou” de Jesus e tantos outros.

Suas ênfases teológicas – revelação – Deus – cristologia – salvação – igreja – per-meiam todo o conteúdo do livro.

Desafio a você, querido aluno, a neste período estudar com profundidade este maravilho-so Evangelho. Em cada estudo proposto em sua revista você encontrará os textos bíblicos “Dia a dia com a Bíblia”. Ao fazer essas leituras você poderá observar atentamente a quem Jesus se dirige quando fala. É aos seus discípulos? É aos seus oponentes? É às multidões? Jesus se dirige a cada grupo de ouvintes de uma forma específica. Durante a leitura dire-cione também sua atenção à forma como o escritor preparou a narrativa e seu significado.

Ao final de cada estudo seu professor apresentará a frase-chave, resumo do estudo em questão, para que você possa compartilhar com alguém que ainda não teve a experiência de encontrar-se com Jesus. Esta atividade encontra-se também na parte final da sua revista. Será uma oportunidade para você cumprir o “ide” de Jesus.

Que Deus o abençoe nesta caminhada.

encontro

COMPROMISSO 1

ISSN 1984-7475LITERATURA BATISTA • ANO CX • Nº 438

COMPROMISSO Destina-se a adultos (36 a 64 anos), contendo lições para a Escola Bíblica Dominical. Os adultos de 65 anos em diante podem, obviamente, usar esta revista, mas a CBB destina a eles a revista REALIZAÇÃO, cuidadosamente preparada para a faixa etária da terceira idade

Copyright © Convicção EditoraTodos os direitos reservados

Proibida a reprodução deste texto total ou parcial por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, fotográficos, gravação, estocagem em banco de dados etc.), a não ser em breves citações, com explícita informação da fonte

Publicado com autorizaçãopor Convicção EditoraCNPJ (MF): 08.714.454/0001-36

EndereçosCaixa Postal, 13333 CEP: 20270-972Rio de Janeiro, RJTelegráfico – BATISTASEletrônico – [email protected]

EditorSócrates Oliveira de Souza

Coordenação EditorialSolange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897)

RedaçãoEva Souza da Silva Evangelista

Produção EditorialOliverartelucas

Produção e DistribuiçãoConvicção EditoraTel.: (21) 2157-5567Rua José Higino, 416 – Prédio 16Sala 2 – 1º Andar Tijuca – Rio de Janeiro, RJCEP [email protected]

QUEM ESCREVEU – Alexandre Aló, pastor titular da Igreja Batista Missionária do Maracanã, Rio de Janeiro, RJ; Diretor Geral do Colégio Batista Shepard da Convenção Batista Carioca. Sua formação acadêmica consta de: Magistério/Professor; Bacharel em Teologia; Pós-graduado (Stricto Sensu); Mestre em Teologia; Bacharel em Psicanálise Clínica; Pós-graduado (Lato Sensu) em Capelania Educacional, Hospitalar e Prisional; Pós-graduado (Lato Sensu) em Aconselhamento Bíblico; Tecnólogo em Gestão Financeira; Pós-graduado (Lato Sensu) em Administração Escolar; Pós-graduado (Lato Sensu) em Supervisão Escolar; Pós-graduando (Lato Sensu) em Orientação Pedagógica – em curso.

2 COMPROMISSO

ESTUDOS DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

Introdução aos estudos da EBD __________________________________ 7

EBD 1 – A revelação de Deus ___________________________________10EBD 2 – As primeiras ações no ministério terreno de Jesus ________________ 14EBD 3 – O novo nascimento ____________________________________18EBD 4 – A missão de Cristo ____________________________________22EBD 5 – O ministério de Jesus se amplia ___________________________ 26EBD 6 – Graça e cura _______________________________________ 30EBD 7 – Jesus, o Bom Pastor __________________________________ 34EBD 8 – O início do fim – chegada a Jerusalém _______________________ 38EBD 9 – Um momento difícil ___________________________________42EBD 10 – A promessa do Espírito Santo ____________________________ 46EBD 11 – A missão do Consolador ________________________________50EBD 12 – Sofrimento e morte de Jesus ____________________________ 54EBD 13 – Ressurreição e vida __________________________________ 58

VARIEDADES

Para você pensar: Suprassumo de toda experiência cristã – Romanos 12.1 ________ 4Hino da EBD: Não sei por que – 377 do Cantor cristão ____________________ 5Ênfase do ano: Palavras de Jesus sobre o reino de Deus ___________________ 6Para saber mais: Crescimento é trabalho ____________________________62Lazer _________________________________________________63Atividades do suplemento _____________________________________64

sumário

COMPROMISSO 3

Para você pensar

Suprassumo de toda experiência cristã Romanos 12.1-8

Paulo inicia o capítulo 12 de Romanos com uma conjunção conclusiva, dando a ideia de que, uma vez que o ensino doutrinário teórico estava definido era, agora, a oportunidade de aplicá-lo na vida cotidiana. Em outras palavras, temos neste trecho os objetivos essen-ciais a serem almejados. Ele mostra o que a formação cristã deve visar:

1. Vida pessoal consagrada (12.1) – Entregar o corpo em sacrifício vivo significa desen-volver uma vida piedosa de inteira e incondicional submissão a Deus. O sacrifício, por sua natureza própria, indica morte, mas o texto informa que o sacrifício é vivo. Desta forma, o crente submete sua vida a Deus, considerando-a como morta, mas reconhece que está vivo para servi-lo em toda esfera ou âmbito de sua vida. Seus membros devem ser entregues como instrumentos da justiça, da retidão de Deus (Rm 6.13,19). Este tipo de vida é o verda-deiro culto a Deus. Um culto racional, isto é, um culto feito com autoconsciência.

2. Mudança dos valores éticos (12.2) – O cristão não forma os seus valores éticos pes-soais à luz dos valores deste mundo. Além de piedosa, a sua vida será transformada bem como o seu modo de pensar, a sua mente. A vontade de Deus somente estará à disposição de quem tiver uma mente transformada. Esta transformação é promovida pela interação da Palavra de Deus na estrutura mental e emocional da pessoa. Somente assim será possível que o crente seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.16,17).

3. Autoimagem e relacionamentos equilibrados (12.3) – O cristão deve ter equilíbrio espiritual na piedade, na mente, nas emoções, na ética e também em sua autoimagem.

4. Interdependência comunitária (12.4,5) – A igreja é comparada metaforicamente a um corpo, cujas partes, embora tenham funções diferentes, são interdependentes. Em 1Coríntios 12.26, Paulo nos ensina que se um membro sofre, todos sofrem com ele e, se um deles é honrado, com ele todos regozijam.

5. Ministério dedicado e aperfeiçoado (12.6-8) – Este trecho demonstra que os cren-tes são possuidores de diversos dons a serem exercidos com dedicação, esmero e aperfeiço-amento. Comparando-se com Efésios 4.7-16 e 1 Coríntios 12, temos a compreensão de que a estratégia de funcionamento da igreja é o exercício dos diversos dons para o crescimento equilibrado do corpo (extraído e adaptado de Diretrizes para o Plano Diretor da Educação Religiosa Batista no Brasil – Convenção Batista Brasileira).

4 COMPROMISSO

Hino da EBD

Não sei por que

Daniel Webster Whittle (1840-1901)Trad. Justus Henry Nelson (1819-1931)377, CC

EL NATHANJames McGranahan (1840-1907)

COMPROMISSO 5

ênfase do ano

Palavras de Jesus sobre o Reino de Deus

Os ensinamentos de Jesus concentravam-se principalmente na questão do reino de Deus. Mike Beaumont no Guia Prático da Bíblia afirma que assim como os judeus daquela época, a geração atual continua imaginando o reino de Deus como um lugar. Entretanto, não era nesse sentido que Jesus se referia a ele. O termo grego significa “governo”, e não “reino”, de modo que o reino de Deus se refere ao governo espiritual de Deus, e não a um governo terreno. Conforme declarou Jesus, quando Deus reina, tudo muda.

Entretanto, Jesus também disse que, embora seu reino estivesse “próximo”, era necessá-rio que as pessoas procurassem por ele, e uma vez encontrado, assim como a um tesouro, abandonassem tudo para adquiri-lo (Mt 13.44-46), participando dele e confiando em Deus do mesmo modo como as crianças confiam em seus pais (Mt 18.3).

No Evangelho de Mateus encontramos uma sequência de discursos de Jesus cha-mados parábolas. Essas parábolas proferidas por Jesus e registradas por Mateus ilustram o reino. Em cada parábola podemos observar a natureza do ministério de Jesus como Messias e a chegada do seu reino entre os homens.

Embora tenha iniciado a implantação do reino de Deus, Jesus disse que o melhor ainda estava por vir, quando ele retornasse, ao final da história do mundo. Mateus

também faz uma alusão a esse reino que ainda está por vir. Jesus, como “o Filho do homem”, virá novamente com grande poder e em juízo, e isto acontecerá logo. “Em verdade vos digo que alguns aqui se encontram que de maneira nenhuma pas-sarão pela morte até que vejam vir o Filho do ho-mem no seu reino” (Mt 16.28).

Eva Souza da Silva Evangelista Redatora

Ênfase: O reino de Cristo está entre nós

Tema: Transformados pelo poder do reino de Cristo

Divisa: “Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder” – 1Coríntios 4.20

Hino do trimestre: Não sei por que

– 377 do Cantor cristão

6 COMPROMISSO

Introdução aos estudos da EBD

João - Um Evangelho Diferente

Já nos primeiros parágrafos, percebe-se que João se diferencia notavelmente do estilo de Mateus, Marcos e Lucas. Os escritores dos outros Evangelhos fixaram a sua atenção nos acontecimentos e seguiam Jesus pelos ruidosos mercados e aldeias.

Diferentemente deles, João dava por certo que seus leitores conheciam os fatos fundamentais acerca de Jesus. Por isso, em vez de centrar sua atenção neste ou naquele fato, ele se aprofunda no significado do que Jesus dissera ou fizera.

Em seu primeiro parágrafo, salienta a natureza de Cristo. Não aparecem aí presépios, nem estábulos, nem pastores, nem sábios do Oriente. João nada conta do nascimento

COMPROMISSO 7

nem da infância de Jesus. Quando o apre-senta, ele já é o amadurecido Filho de Deus. Terminado o eloquente prólogo, este livro apresenta João Batista apontando humilde-mente para Jesus “do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca” (Jo 1.27).

OBJETIVOS

Ao lermos o livro de João percebemos que ele especifica com muita clareza os ele-mentos fundamentais da fé. Jesus dá pro-vas de sua identidade, diagnostica os pro-blemas da humanidade e descreve pura e simplesmente o que é preciso fazer para se converter, para mudar de atitude diante de Deus. É muito provável que ao ler o Evan-gelho de João, você reconheça certos versí-culos e frases deste extraordinário livro que chegaram a ser de conhecimento quase universal como, por exemplo, as sentenças iniciadas por “Eu sou”, que Jesus usa de vez em quando. João escolheu sete “sinais” ou milagres de Jesus (cinco dos quais não figu-ram em nenhum outro escrito). No decorrer destes próximos três meses você entrará em contato com esses milagres, cada um com suas peculiaridades.

JESUS FOI ENVIADO PARA CUMPRIR UMA MISSÃO

João limitou-se a escolher determinadas cenas que não abrangem, no total, mais que

20 dias da vida de Jesus, e as reuniu de forma a apresentar um Messias que sabe “donde vim, e para onde vou” (Jo 8.14). Jesus não é simplesmente um homem que apareceu na terra, mas, sim, o Filho de Deus, enviado para completar a obra do Pai. As repetidas referências àquele “que me enviou” impri-mem uma cadência especial a este livro.

Segundo João, Cristo participou do ato ori-ginal da criação. Mas no tempo próprio foi também enviado à terra como o Verbo – a Palavra divina – que resume tudo o que Deus desejava dizer. Deus se expressou na única forma com que realmente podemos compreendê-lo: tornando-se um de nós.

PROPÓSITOS TEOLÓGICOS

Dr. Broadus Hale (1983) apresenta alguns propósitos teológicos do Evangelho de João que certamente o leitor há de perceber no

Jesus dá provas de sua identidade, diagnostica

os problemas da humanidade e descreve pura e simplesmente o

que é preciso fazer para se converter, para mudar de

atitude diante de Deus

8 COMPROMISSO

conteúdo descrito no texto do aluno. Es-ses propósitos parecem ter influenciado o conteúdo do livro nos vários estágios de sua composição. A intenção do livro não foi perpetuar um corpo imutável de doutrinas, mas relatar algumas convicções cristãs, em face dos desafios surgidos na comunidade. Alguns desses propósitos são:

1. Interesses evangelísticos – O pro-pósito declarado do Evangelho em 20.31 é bem claro: “Estes, porém, foram escritos para que creiais”. O verbo “crer” é funda-mental não só para o contexto imediato, mas para o livro todo. Esta fé, dirá depois o autor, conduz à “vida” (eterna), outra ênfa-se importante do Evangelho. De modo bem claro, o objetivo primordial do livro foi faci-litar um relacionamento pessoal com Jesus que transformará o sentido da existência da pessoa. Ao mesmo tempo, o Evangelho está preocupado em estabelecer também a fé em Jesus, como o “Filho de Deus”.

2. Interesses eclesiásticos – João não se preocupou com as necessidades internas da igreja. O cristianismo estava penetrando em novas culturas. Novas pressões surgi-ram: formas sutis de heresia, aumento de atividades hostis da parte dos inimigos e desunião interna provocaram, em parte, uma crise na liderança ministerial. A pre-ocupação maior da igreja era descobrir a

relação devida entre a vida contemporânea e o ministério histórico de Jesus.

3. Interesses apologéticos – O Evan-gelho de João parece demonstrar um in-teresse especial na relação do velho Israel com o novo, particularmente nos capítulos 2-12. A superioridade do cristianismo não é uma substituição do judaísmo, mas sua verdadeira realização. Mais do que renun-ciar ao templo, no momento em que cor-ria perigo mortal, a igreja foi o verdadeiro templo, como o corpo de Jesus, em que a glória de Deus se tabernaculou na terra (1.14; 2.19-21). Para um povo privado de suas festas tradicionais, desenvolveu-se uma apresentação de Cristo como a páscoa, os tabernáculos e a dedicação verdadeiros. A igreja rejeitava somente as dimensões raciais e políticas de Israel, não sua identi-dade espiritual autêntica. Desse modo, os judeus foram convidados a aceitar Cristo, a fim mais de cumprir do que de rejeitar sua vocação bíblica.

REFERÊNCIAS

Bíblia Devocional de Estudo – Velho e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Versão revista e corrigida. Com referências. Revisão de 1997. Fecomex.

Hale, Broadus D. Introdução ao Novo Tes-tamento. Junta de Educação Religiosa e Publicações: Rio de Janeiro, 1983.

COMPROMISSO 9

DIA A DIA COM A BÍBLIA

SEGUNDA João 1.1-7

TERÇA João 1. 8-14

QUARTA João 1.15-18

QUINTA João 1.19-27

SEXTA João 1.18-34

SÁBADO João 1.35-42

DOMINGO João 1.43-51

JESUS, TODO PODEROSO ONTEM, HOJE E

ETERNAMENTE (1.1-5)

Quando lemos os primeiros versículos do Evangelho de João nos im-pressiona o quanto Deus quer que saibamos que sua presença no Filho é de eternidade em eternidade.

A declaração de que no princípio era o Verbo poderia ser classificada como antes de Gênesis 1.1. Moisés inicia sua exposição da revelação de Deus dizendo que no princípio Deus criou, porém, João relata o que era antes da criação. A afirmação de que Jesus estava no princípio, no ato da criação e sendo tudo realizado por ele (Jesus, o Verbo) é de causar uma emoção muito forte naquele que crê.

Por causa dessa declaração podemos sustentar muitas de nossas declarações doutrinárias, entre elas, a Trindade. Nestes versículos po-demos entender a mente e a percepção de João. Jesus não era um homem que foi ensinado a ser Deus, ou convencido que era Deus, ou que buscou ser Deus e, por isso, se declarou Deus, mas Jesus é Deus, indubitavelmente.

Há uma história a ser contada e ensinada que se instala com o nas-cimento virginal do Cristo, se desenvolve com sua vida entre nós e ascende com sua morte e ressurreição. Contudo, a história não aca-

TEXTO BÍBLICOJoão 1.1-51

TEXTO ÁUREOJoão 1.14

EBD 1

A revelação de Deus

10 COMPROMISSO

bou, pois Jesus virá. Devemos anunciar que Jesus é esse poderoso narrado por João; Verbo eterno, pelo qual tudo foi feito por sua Palavra.

JOÃO, O BATISTA, O TODO DEPENDENTE DE DEUS (1.6-28)

João escreve com muita propriedade a res-peito de João Batista, chamado assim para diferenciar e marcar a respeito de quem se fala. É um personagem relevante na passa-gem de Jesus entre nós.

Detalhes interessantes de João, o Batista, aguçam as discussões teológicas. Contudo, dois destaques podem ser práticos na vida cristã.

O primeiro destaque de João vem antes de seu próprio nascimento. Anunciado ao seu pai Zacarias que muitos se alegrariam no seu nascimento, seria grande diante do Senhor, converteria muitos dos filhos de Israel ao SENHOR seu Deus e iria adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto (Lc 1.14-17).

O nascimento de uma criança deve trazer benefícios ao reino de Deus. Existimos para a glória de Deus. Nossos filhos devem ser criados para esse mesmo propósito. O pro-blema é que criamos nossos filhos para se-

rem bons e produtivos. Nós os preparamos para viverem nesse mundo de maneira honrada e honesta. Investimos a fim de que vençam na vida, obtendo saúde, con-forto e realização. Mas, na prática, a vida cristã não tem sido prioridade no ensino de muitos pais. Crianças crescem sem a educação cristã de berço. Nossos filhos são para glória de Deus. Nós somos para glória de Deus. Nossos filhos e netos serão adul-tos, mas desde crianças devem entender que suas vidas são para servir a Deus. João aprendeu isto em casa. Os propósitos de Deus foram, inicialmente, ensinados por seus pais. Certamente, ao longo da vida, o próprio Deus falou de muitas maneiras com João. Contudo, João cresceu sob uma atmosfera de compromisso com Deus e seus objetivos.

Podemos imaginar João refletindo a res-peito da mensagem que Deus entregou

Jesus não era um homem que foi ensinado a ser Deus, ou convencido que era Deus, ou que

buscou ser Deus e, por isso, se declarou Deus,

mas Jesus é Deus, indubitavelmente

COMPROMISSO 11

a seus pais. Recebendo instrução da pro-messa de Deus à nação e dos propósitos divinos à humanidade inteira. João sabia, desde o berço, da importância da sua vida na sua própria existência. Deus tem falado conosco; nós devemos ensinar nossos fi-lhos a respeito da grande comissão deixada por Jesus. Um dia, eles ouvirão do próprio Deus a confirmação do que aprenderam e receberão novas instruções e passarão para seus próprios filhos e estes aos filhos dos filhos até a volta de Jesus.

O segundo destaque é igualmente im-pressionante. Está em torno da discus-são do início da vida. Alguns defendem que é preciso um coração pulsando e um cérebro funcionando, ou seja, a presença de sistema circulatório e nervoso em tor-no do segundo mês de gestação para que o feto seja considerado um ser vivo. Na contramão de muitos que dizem que não é um ser vivo antes de um determinado período, a Bíblia narra que João, com três meses de vida uterina, identifica Jesus na barriga de Maria, que vai se encontrar com Isabel a fim de compartilhar o evento milagroso em sua vida. Significa que Je-sus estava presente completamente no evento inicial dos primeiros dias de gra-videz de Maria. Os primeiros dias de vida são completamente vida; assim, diga não ao aborto.

Nossa discussão não deve estar pautada nas concepções humanas. Devemos per-

manecer com a Palavra de Deus, apesar das formulações e tratados humanos. Em muitas épocas, em muitos lugares, em muitas culturas, cristãos mudaram sua crença por causa dos conceitos humanos. Não é incomum encontrarmos pessoas defendendo o aborto porque alguém pro-vou que só é considerado vida após quan-tidade “X” de semanas (e entre eles não há uma data exata). O crente deve pautar sua convicção nos propósitos de Deus, ainda que a humanidade diga coisas em contrário.

A CONVICÇÃO DO PLANO REDENTOR DE DEUS – A IMPORTÂNCIA DAS PESSOAS (1.29-51)

“O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Essa declaração de João deve ter confundido muitos que ouviram, pois o cordeiro tirava o pecado do indivíduo, ou da família ou do judeu. Mas, tiraria de todos? Muitas perguntas estavam para serem fei-tas, o próprio João não compreendeu tudo e nem entendeu todas as questões. João sabia apenas o necessário para cumprir sua missão. Quando interrogado, demonstrou que tinha mais convicção a respeito do que não era: não era o Cristo; não era o Elias; não era o Profeta. Apenas refletia ser o que disse Isaías 40.3: “Voz do que clama no de-serto”.

12 COMPROMISSO

Apesar de serem primos, pela leitura bí-blica, entendemos que João não reconhe-ceria Jesus depois de adultos (ambos com 30 anos). Para os íntimos da família, havia muitas histórias em torno de Jesus, desde sua concepção pelo Espírito Santo, até as revelações que o próprio Nazareno dava no templo desde seus 12 anos. Mas, como identificá-lo? Por isso, Deus dá o sinal per-feito para identificar quem seria o Cristo (1.31-34). Daí seu espanto em batizar o Cristo (Mt 3.14). João Batista não tinha todas as respostas, mas tinha convicção da missão de fazer a vontade de Deus. Obedecia incondicionalmente. Precisamos de muitos como João, o Batista, mais obe-dientes que questionadores.

Aliás, ressalto o que ouvi de um pregador: “Se Adão e Eva permanecessem sem ques-tionar, apenas obedecessem incondicional-mente, ainda estaríamos no Éden”.

Hoje reunimos mais respostas que todos os apóstolos somados com João Batista. Te-mos às mãos muito mais que o necessário para cumprir a vontade de Deus. Aqueles homens obedeceram, mesmo tendo mais perguntas que respostas. Hoje, apesar das respostas e dos fatos, homens e mulheres ficam aquém daquelas convicções. Alguns declaram as palavras de João, mas não professam a mesma incondicionalidade. Querem o melhor de Deus, mas também querem a sincronização humana. Que-rem seguir o Cristo sem deixar a carne e

as coisas da carne. Enquanto Deus quer se mostrar descortinado, a fim de conduzir o homem de volta à intimidade no Éden, o homem quer ver aquilo que lhe traz proveito próprio, na semelhança de Adão. Enquanto Deus nos quer em obediência, a humanidade quer voltar à árvore para co-mer de frutos de pouco proveito.

O objetivo de Deus para criar o homem foi interrompido pelo pecado. O pecado conce-bido provocou a exclusão do homem, não só da presença de Deus, não só do paraíso, mas para longe do projeto original. O peca-do não arruinou os planos de Deus, mas o interrompeu por um breve momento.

Deus quer comunhão com o homem. Ape-sar do pecado, o Senhor agracia a huma-nidade com a possibilidade de elevá-lo à condição de criatura, a serem filhos de Deus. Para isso, habita entre nós, na for-ma humana, abrindo mão de sua glória a fim de nos resgatar definitivamente em sacrifício vivo, sendo o último e definitivo Cordeiro que tira o pecado de todo aquele que nele crer.

Por alguma razão, Deus não quer executar seus planos sem o homem. Poderia, mas não quer. Há uma frase que utilizo que entendo ser uma atitude de Deus: “Pessoas são mais importantes que coisas, fatos e frases”. Ora, se é assim para Deus, deve ser para nós também.

E você, querido leitor, tem esta convicção?

COMPROMISSO 13

DIA A DIA COM A BÍBLIA

SEGUNDA João 2.1-4

TERÇA João 2.5-8

QUARTA João 2.9-12

QUINTA João 2.13-15

SEXTA João 2.16-19

SÁBADO João 2.20-22

DOMINGO João 2.23-25

TEXTO BÍBLICOJoão 2

TEXTO ÁUREOJoão 2.11

EBD 2

As primeiras ações no ministério

terreno de jesus

“ Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todo tipo de doenças e enfer-midades. Vendo as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam atribuladas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: Na verdade, a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita” (Mt 9.35-38).

O TERCEIRO DIA

O terceiro dia do ministério de Jesus entre nós deve ter sido muito ani-mador, principalmente porque os dois dias que antecederam a festa de casamento foram totalmente diferentes daqueles que ele tinha vivido até então: um adolescente falando com doutores da lei admi-rados com sua inteligência e respostas; um jovem que trabalhava na carpintaria junto com o pai numa vila de pouca expressão social; e um adulto que, provavelmente, após a morte do pai, cuidara de sua mãe e de seus queridos irmãos.

O que mais Jesus poderia esperar nessa nova estrada que se apresen-tava? E a resposta foi perfeita! “Ainda não é chegada a minha hora!” Ou seja, ainda há um longo e árduo caminho para trilhar.

14 COMPROMISSO

OS DOIS DIAS ANTERIORES

Os dois dias anteriores foram marcados por encontros que mudaram a história da vida de alguns homens. A expressão “Eis aqui o Cordeiro de Deus”, articulada pela boca de João Batista, soava de for-ma semelhante à expressão de Jesus ao proclamar “Arrependei-vos porque está próximo o reino de Deus”. De origem le-vítica, podendo exercer, como seu pai Zacarias, o ofício de sacerdote, João Ba-tista preferiu morar nas montanhas e no deserto vestido de peles, alimentando-se de gafanhotos e mel e definitivamente decidido a obedecer à vontade de Deus que o escolhera antes dele nascer, e que respondia a inquietação de todos que em seus corações perguntavam “quem será, pois este menino?”

A resposta é resultado da criação dos seus pais, do conhecimento das Escrituras que foram iniciadas em casa e continuadas no templo e da influência do Espírito Santo na vida de João. Este é o resultado de uma série de ações.

Todos eles – André, João, Pedro, Filipe, Natanael e milhares de outros – ao ou-virem a expressão “Eis aqui o Cordeiro de Deus” entenderam que era um convite para considerar que a vida que levavam estava completamente diferente da vida que agora Jesus oferecia de forma perfei-ta e abundante.

Os discípulos de João já estavam ouvindo, do próprio João os ensinamentos proféti-cos a respeito do Cristo, e repentinamen-te ele está diante dos olhos. A reação foi rápida e clara: “Achamos Jesus de Nazaré”. E a resposta de Jesus também foi rápida: “Eu te vi debaixo da figueira, Natanael”; “Segue-me, Mateus”; “Desce depressa des-sa figueira, Zaqueu”; “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”; “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”; “Pedro, tu me amas?”

Jesus sempre tem uma resposta para cada ocasião, quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

A FAMÍLIA SE ENCONTRA

A emoção de Jesus foi muito forte ao en-contrar num casamento os seus irmãos e a sua mãe Maria, os quais, provavelmen-te, não via há algum tempo. Entretanto, mesmo que houvesse muitas dúvidas nos corações dos discípulos e de seus irmãos – alguns dos quais não criam nele – no coração de Maria ainda permanecia viva a visão e a promessa do anjo Gabriel: “Salve, agraciada! O Senhor é contigo! Bendita tu entre as mulheres! Não temas porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono

COMPROMISSO 15

de Davi, seu pai. E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1.28-33). Ela ainda guardava todas essas coisas, conferindo-as em seu coração (Lc 2.19). Jesus é Deus e sempre soube disso, Maria também, nós também; o mundo precisa saber disso. Estar em família é bom, mas compor a família de Deus é me-lhor ainda (Ef 2.19-22).

REBOLIÇO NO CASAMENTO

Que grande turbulência deve ter acontecido entre os demais convidados quando Jesus Cristo e seus primeiros discípulos chegaram ao casamento em Caná da Galileia! O alvo-roço ficou intensificado quando percebe-ram que o vinho tinha acabado. Apesar das boas intenções de Maria, Jesus esclarece seu foco e transmite uma verdade implíci-ta: “mulher, o momento é oportuno, mas o meu compromisso é com o Pai”. Foi nessa circunstância que ele iniciou o seu intenso e breve ministério. Seu primeiro milagre depois de encarnado. Não podemos perder de vista que Jesus sempre existiu. Sempre fez milagres, ainda faz milagres, mas ficou interrompido por breve momento.

OBEDECER É MELHOR

Os serventes, percebendo a autoridade di-vina em Jesus e considerando a soberania divina, obedeceram em tudo o que ele pediu. “Enchei d’água essas talhas! E eles

encheram-nas até em cima. Tirai agora e levai ao mestre-sala! E levaram.” E obede-ceram, e viram, e provaram, e glorificaram, e divulgaram sem entender a grandeza do que aconteceu verdadeiramente. Viram um milagre, mas ainda não enxergaram o Se-nhor do milagre.

O milagre aconteceu! Cerca de 700 litros de água transformaram-se em vinho.

O sinal aconteceu: o mineral (água) transformou-se em vegetal (vinho). Deus pode transformar pedras em homens, barro em homens. Não há impossível para Deus.

“Tudo foi feito por ele e sem ele nada do que foi feito se fez.”

O MINISTÉRIO DE TRANSFORMAÇÃO

Assim Jesus iniciou o seu ministério ma-nifestando a sua glória. E os seus discípu-los entenderam que seria o ministério de transformação de vidas porque as suas próprias vidas estavam em processo de transformação. Quando transcreveram os textos, suas vidas eram outras por causa do poder de serem transformadas. Os sinais ou milagres continuaram: mortos foram ressuscitados, endemoninhados foram li-bertos, leprosos ficaram limpos, cegos en-xergaram, mudos falaram, surdos ouviram, paralíticos foram curados.

16 COMPROMISSO

A PROFECIA

Mas Jesus já sabia que o seu ministério se-ria de transformação. Havia uma profecia a respeito disso. E ele aguardou 30 anos para que ela se cumprisse. Ele esperou desde o dia em que Adão pecou. Antes de tudo, aquele dia já era um fato. Não há surpresa para Deus.

“Chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou na sinagoga no dia de sábado, se-gundo o seu costume, e levantou-se para fazer a leitura. Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías; ele o abriu e achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos presos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhares de todos na sinagoga estavam fixos nele. Então ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4.16-21).

OS TRÊS TEMPLOS

Em João 2.13-25 encontramos três templos distintos:

O templo de Jerusalém (v. 14-16) – Por ocasião da festa da Páscoa dos judeus, Jesus Cristo decidiu ir a Jerusalém, onde

ficou tremendamente decepcionado com os homens que vendiam bois, ovelhas e pombos e outros homens cambistas. Ira-do e com um tipo de chicote ele expulsou todos do templo alegando que o templo – casa do Pai – não era lugar para aquelas coisas.

O templo do corpo de Cristo (v. 18-22) – Quando os judeus indagaram com que autoridade Jesus expulsava aqueles homens ele, referindo-se ao seu próprio corpo, declara que independentemente de destruírem esse templo, conforme estavam destruindo o templo de Jerusa-lém, ele o reconstruiria em três dias. Isto ele dizia com relação à sua ressurreição que aconteceria cerca de três anos de-pois.

O templo do nosso corpo (v. 23-25) – Assim como Jesus conhecia cada um daqueles homens e sabia das suas in-tenções, ele também nos conhece e sabe muito bem o que há em cada um de nós: “Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês e provas o meu coração para contigo” (Jr 12.3; Sl 139).

As primeiras ações designam os obje-tivos gerais. Tudo tem um tempo de-terminado e Jesus está no controle de todas as coisas. Deus quer reconciliar consigo o pecador, restaurar a imagem decaída por meio de uma transforma-ção genuína.

COMPROMISSO 17

DIA A DIA COM A BÍBLIA

SEGUNDA João 3.1-5

TERÇA João 3. 6-10

QUARTA João 3.11-15

QUINTA João 3.16-21

SEXTA João 3.22-26

SÁBADO João 3.27-30

DOMINGO João 3.31-36

TEXTO BÍBLICOJoão 3

TEXTO ÁUREOJoão 3.16

EBD 3

O novo nascimento

O NOVO NASCIMENTO

As muitas leituras e mensagens que acompanhamos ao longo da jor-nada cristã nos fazem, não poucas vezes, ignorar outros detalhes e pontos importantes que trazem ensinamentos significativos. Dentro dos grandes ensinos também residem partículas que devem ser con-sideradas a fim de fortificar as aprendizagens do grande cenário. Às vezes, na vida é assim, só valorizamos os grandes milagres, as grandes vitórias e desconsideramos o real fato de que Deus, a todo momento, abençoa em detalhes.

POR TRÁS DA MÁSCARA (3.1,2)

Ninguém pode ser filho de Deus sem fundamentação em Deus. Nico-demos, um fariseu, nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C. Opositores dos saduceus, acreditavam numa lei oral, em conjunto com a lei escrita, e foram os criadores da insti-tuição da sinagoga.

Portanto, para conhecermos esse doutor Nicodemos, precisamos ob-servar em que se baseava sua fé, suas convicções, seus conceitos reli-giosos, suas expectativas políticas e espirituais. Ele defendia algumas ideias e ideais que denotam sua personalidade, tais como:

18 COMPROMISSO

1) Expulsão de todos os estrangeiros dos arraiais judaicos;

2) Preservação e conservação da religião e cultura judaica;

3) Manutenção e organização das sinago-gas;

4) Poder como ferramenta de governo e de preservação do judaísmo;

5) A lei e os mandamentos de Moisés como base fundamental da vida judaica;

6) Defendia a ressurreição;

7) Confiava que Deus restauraria e salvaria Israel no modelo davídico.

Portanto, dentro do coração, em meio ao caos, confiava que o Messias estava por vir com a missão inicial de expulsar os ro-manos de forma definitiva e cabal. Ele era indubitavelmente fariseu. Se nos nossos dias a palavra fariseu é sinônimo de here-ge, em seu tempo, era sinônimo de zeloso.

Diante daquele povo, Nicodemos era uma autoridade de grande respeito e de promis-sora carreira religiosa. Algumas pessoas em nossos dias também são assim. Por causa de seus pontos de vista, das suas crenças e discursos, usufruem do nosso respeito. Principalmente aqueles que comungam da nossa fé e ordem. Alguns se esquecem do próprio Cristo a fim de apoiar essas pesso-as, mesmo em detrimento, em prejuízo, do próprio evangelho, pois falam em nome de Deus, apesar de contrariá-lo.

Há muitos “Nicodemos” entre nós, que de-fendem uma ideia, um conceito, do qual o fazem por tradição ou porque sempre foi assim, aprenderam sem questionar, ou pelo menos, sem pesquisar na Bíblia. Con-tudo, no fundo do seu coração está insegu-ro. Portanto, nosso olhar não deve estar fi-xado em homens, mas na Palavra de Deus.

Lembro-me de quando escrevi e dirigi a primeira peça teatral natalina, pesquisan-do nos Evangelhos e nos livros que falavam do Cristo. Meses de ensaio, equipamentos para a apresentação, mesa de iluminação, enfim, chega o dia da apresentação. Des-de Simeão e Ana até a morte de Herodes. Palmas! Ao final, fui questionado: “todos sabem que os pastores e os magos estavam presentes no nascimento de Jesus. Por que você os separou? De onde você tirou essa história de que os magos chegaram depois do dia do nascimento? É só olhar para os presépios. Você quer mudar o evangelho”? Foi muito difícil, com 21 anos, explicar que eles estavam equivocados.

Apesar das certezas religiosas, o coração de Nicodemos carregava dúvidas que os seus pares, seus estudos na Torá, suas orações e jejuns não respondiam. Em dado momen-to, ele ouve a respeito de Jesus, seus feitos, seus milagres, suas palavras que certamen-te abalaram suas convicções.

Possivelmente, Nicodemos tenha olhado e admitido em seu coração que mesmo alcançando e preservando suas persua-

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sões, ainda que houvesse uma maneira de expulsar os romanos e o pleno esta-belecimento do judaísmo em seu máximo exercício, o grande problema não seria resolvido. É bem possível que ele tenha contemplado uma nação livre e dominan-te. Com isso, ele pode ter lembrado que na era de Davi e Salomão o grande pro-blema não estava no poder, na religião ou na cultura. Não duvido que tenha surgido em seu coração uma grande interrogação. Então, ele ouve a respeito de Jesus. Seria ele o Cristo?

Muito antes do nascimento de Jesus, Deus prometeu o seu Cristo. É interessante fri-sar que “Messias” (de uma palavra hebrai-ca) como “Cristo” (de uma palavra grega), significa “ungido”. Este Prometido seria ungido, isto é, designado por Deus para um ofício especial, não por um sacerdo-te ou profeta, mas pelo próprio Deus. A pergunta que todos faziam, em todos os

séculos, em todas as eras e gerações era: Quem é o Messias?

Alguns já comentavam e anunciavam a divindade e autoridade de Jesus como, por exemplo, Lucas 3.12; João 1.29-34; João 1.37 a 39; João 1.41; João 1.44,45.

Os fatos narrados pela população alvoroça-vam todos, tanto os que estão nos átrios, quanto aqueles que são candidatos ao Santo dos santos. Para um melhor entendi-mento, ler: Mateus 3.1-3; 3.11-12; Marcos 1.7,8; Lucas 3.1-6; 3.15-18; João 1.6-28; Mateus 3.7-10; Lucas 3.7-14; Mateus 3.13-17; Marcos 1.9-11; João 1.29-34; João 2.1-11; João 2.13-20.

Nicodemos cria coragem, precisa ele mes-mo ouvir, ver e perguntar. São muitas ques-tões, mas ainda tem receios. Então monta uma estratégia que vai poupá-lo de alguns desconfortos: um encontro à noite, com menos possibilidade de ser visto. Durante o dia teria que concorrer com a multidão, entrar na fila e dar explicações da sua pre-sença, da sua consulta. Afinal, Nicodemos não deseja explicar nada, mas entender algumas coisas. E é assim que saúda Jesus, reconhecendo-o como Rabi, mestre.

CAINDO A MÁSCARA (3.3-21)

Jesus não censura Nicodemos pelo título de Mestre. E por causa dessa saudação, Jesus propõe: “Então vamos falar de Mestre para mestre: tudo visto e ouvido por você até

Não basta nascer numa família crente, crescer na igreja, viver num mundo cristão; é necessário ter

o próprio nascimento espiritual, a própria

experiência de conversão

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aqui não é suficiente para fazer parte do reino de Deus”. Nicodemos vê os milagres, ouve as palavras, mas não vê o mais impor-tante, a beleza, o poder, a autoridade, a paz e a eternidade do reino de Deus. As ideias, as convicções, as crenças, podem encher a mente e o pensamento, mas não satisfa-zem a alma.

Nicodemos sabe que sua religião não o liberta, não dá paz, não satisfaz, mas é a única coisa que tem. Sinceramente, ele não tem esperança. Precisa do Ungido de Deus. Jesus sacramenta esse sentimento ao afir-mar: de Mestre para mestre, “Digo a verda-de: ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo”.

Posso ver o olhar de perplexidade do fari-seu, ele que é nascido de Abraão, também é alcançado com aquela verdade dita aos seus colegas fariseus e aos saduceus: “Não pensem que vocês podem dizer a si mes-mos: Abraão é nosso pai. Pois eu digo que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão”. Isto não basta! Pena que muitos em nossos dias não se lembram disso. Não basta nascer numa família crente, crescer na igreja, viver num mundo cristão; é ne-cessário ter o próprio nascimento espiri-tual, a própria experiência de conversão. Nicodemos precisava ter essa experiência de conversão.

O conhecimento de Nicodemos não foi su-ficiente. O principal dos fariseus esperava, penso eu, um debate teológico, filosófico,

argumentativo, lógico, racional, afinal, eram dois mestres. Tantas perguntas; pas-mou diante da simplicidade objetiva de Jesus. É preciso fé. É preciso nascer nova-mente. Jesus foi direto ao assunto: nascer do Espírito.

Então, depois de impactar Nicodemos com a simplicidade, pois o evangelho é simples mesmo, Jesus, a partir do versículo 16 a 21, apresenta verdades nunca antes ditas a ninguém. Diante de Cristo tudo se fez novo. Sim, ele é o Messias prometido. O caminho. A verdade. A vida. Não há outro caminho. Não há outra verdade. Não há vida fora de Cristo.

Jesus vai embora, ou Nicodemos se retira, ou há uma despedida consensual. Contudo, as narrativas bíblicas em João 7.45-51 e João 19.39-42 demonstram que Nicode-mos encontrou uma razão para permane-cer entre os fariseus.

Se no primeiro encontro foi às escuras, na crucificação, foi abertamente. Sua in-fluência, sua atitude a favor do Mestre. Num extraordinário privilégio, tratou do corpo de Jesus. Ninguém mais que esses dois homens para dizer sobre a morte de Jesus e sua ressurreição. Nicodemos en-controu o que procurava, nasceu da água e do Espírito. Ao contrário de Arimateia, a Bíblia não fala que Nicodemos era dis-cípulo de Jesus, mas certamente a vida de Nicodemos havia sido alterada para sempre e não temos por que duvidar de sua conversão.

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