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Celso Cerqueira Rocha Filho Ilzeliane Machado Setúbal
Ieda Mendes Bomfim Marco Antonio Ruschel Nunes
Marcos Strassburg
O GRAU DE DISFUNÇÃO BUROCRÁTICA NO BANCO DO BRASIL: Estudo de Caso na Agência Rua da Holanda, situada no Comércio, em
Salvador (BA)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Escola de Administração
Núcleo de Pós-Graduação em Administração – NPGA Programa de Capacitação Profissional Avançada - CPA
O GRAU DE DISFUNÇÃO BUROCRÁTICA NO BANCO DO BRASIL: Estudo de Caso na
Agência Rua da Holanda, situada no Comércio, em Salvador (BA)
Autores: Celso Cerqueira Rocha Filho Ilzeliane Machado Setúbal Ieda Mendes Bomfim Marco Antonio Ruschel Nunes
Orientador: Robinson Tenório
Monografia apresentada ao curso de Especialização em Administração, promovido pelo Programa de Capacitação Avançada, do Núcleo de Pós-Graduação em Administração, da Universidade Federal da Bahia, para obtenção do título de Especialista em Administração.
Salvador 2002
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“Ter uma boa idéia não é nada até que você a realize”
Roberto Shinyashiki
“Se o homem não sabe a que ponto se dirige, nenhum vento lhe será favorável”
Sêneca
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AGRADECIMENTOS
Nossos especiais agradecimentos aos colegas do Banco do Brasil, Agência Rua
da Holanda pela colaboração nas respostas tempestivas dos questionários submetidos, ao
Núcleo de Pós-Graduação em Administração da UFBA (NPGA), Cristina, Eliana, Giovana e
Vanessa pelo apoio, simpatia e presteza e, finalmente, aos nossos familiares, pela
compreensão e dedicação, tornando possível atingirmos os nossos objetivos.
5
RESUMO
Este trabalho apresenta um estudo da organização burocrática, com ênfase na
análise das disfunções da burocracia, e suas conseqüências visíveis no dia-a-dia da
organização. É apresentado o caso do Banco do Brasil S/A, Agência Rua da Holanda,
localizada em Salvador, na Bahia. A pesquisa desenvolvida buscou agregar novos
conhecimentos sobre o tema e, principalmente, apontar as disfunções mais relevantes e
possíveis caminhos para melhoria dos processos em uso naquela organização.
Palavras Chaves: Administração, Burocracia, Organização, Banco do Brasil
6
ABSTRACT
This study shows a research about the bureaucratic organization, with an emphasis in
the bureaucracy’s disfunction and its consequences in the daily activities.
It’s the case of Banco do Brasil S.A., Rua da Holanda Branch, located in Salvador,
Bahia. The research developed tried to add new concepts about the subject and, mainly,
outline the most important disfunctions and the alternative ways to improve the organization’s
process.
Keywords: Administration, Bureaucracy, Organization, Banco do Brasil.
7
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 9 2. FUNDAMENTOS DA BUROCRACIA 12 2.1. MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO 12 2.2. ORIGENS DA BUROCRACIA 13 2.3. O ENFOQUE SOCIOLÓGICO 14 2.3.1. MAX WEBER 14 2.3.2. CARACTERISTICAS DA BUROCRACIA SEGUNDO MAX WEBER 16 2.3.3. ROBERT KING MERTON 23 2.4. BUROCRACIA E OS TIPOS DE DOMINAÇÃO 27 2.4.1. A TEORIA DA AUTORIDADE 27 2.4.2. OS TIPOS DE DOMINAÇÃO 28 2.5. O CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICA 30 2.6. BUROCRATIZAÇÃO E DESBUROCRATIZAÇÃO 31 2.6.1. AS LEIS DA BUROCRATIZAÇÃO 32 2.7.TENDÊNCIAS ORGANIZACIONAIS DESBUROCRATIZANTES 34 3. QUESTÕES OPERACIONAIS 38
8
4. METODOLOGIA 39 4.1. LOCAL 39 4.2. POPULAÇÃO 39 4.3. AMOSTRA 40 4.4. INSTRUMENTO DE PESQUISA 41 5. ESTUDO DE CASO: DISFUNÇÕES BUROCRÁTICAS NO BANCO DO BRASIL 42 5.1. O PRIMEIRO BANCO DO BRASIL 42 5.2. O SEGUNDO BANCO DO BRASIL 42 5.3. O BANCO DO BRASIL ATUAL 43 5.4. O PLANO CRUZADO: O FIM DA CONTA MOVIMENTO 44 5.5. A DÉCADA DE 1990 46 6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO 49 7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55 APÊNDICE 57 ANEXOS 68
9
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como um dos seus objetivos analisar e identificar o grau de
disfunção burocrática existente na Agência Rua da Holanda - Banco do Brasil S.A, agência
situada no Bairro do Comércio, Salvador - Bahia. Essa agência tem uma característica
especial por atuar exclusivamente no segmento Pessoa Jurídica, cujos processos requerem ou
demandam uma maior agilidade no processo decisório, inclusive a assistência creditícia, para
atender às empresas enquadradas neste segmento de mercado de forma ágil e,
principalmente, competitiva.
Todas as organizações têm a sua razão de ser, o seu objetivo a ser alcançado e seus
próprios caminhos para alcançar os resultados esperados. “A burocracia nasceu em função de
um tempo em que os valores da vida estavam todos associados à estabilidade. A permanência
era o objetivo: hábitos, costumes, rotinas, como símbolo de status e segurança. Porém hoje o
mundo vive o fenômeno da aceleração dos processos de mudança. A ciência e a tecnologia
forçam transformações” (Francisco Gomes de Matos, 1987, pág. 20).
Divulgado por Max Weber, na década de 20, o modelo burocrático foi concebido
como reação às oligarquias feudais e aos sistemas patriarcais vigentes, responsáveis pela
ineficiência organizacional. Daí, para atingir seus objetivos, cada organização cria um
conjunto de meios adequados à sua área de atuação, suas próprias regras em relação ao seu
funcionamento interno e externo, em busca da racionalidade e eficiência administrativa.
Segundo Robert K. Merton (citado por Edmundo Campos, pág. 99, 1966) a burocracia
é um tipo de administração que evita quase por completo a discussão pública de seus
procedimentos, ainda que seja possível que se critiquem seus fins. Merton enfatizou em seus
estudos as disfunções burocráticas, isto é, as características de uma organização burocrática e
os fatores que desvirtuam a ordem estabelecida, transformando a organização numa escrava
de suas próprias normas. Estas disfunções podem levar ao stress organizacional que, em
última análise, pode levar ao fim da organização.
Neste trabalho, temos ainda como objetivos específicos:
a) Definir burocracia;
10
b) Definir os tipos de disfunção burocrática mais comuns;
c) Identificar as disfunções burocráticas na Agência Rua da Holanda - Banco
do Brasil S.A.
d) Propor melhorias nos processos internos da agência
O tema desta monografia é o estudo das disfunções da burocracia a partir das teorias
quanto aos fundamentos da organização burocrática estudadas por Max Weber e suas
estruturações.
Nos últimos anos temos visto muitos programas de melhoria organizacional em voga
cujo foco essencial é fazer a burocracia funcionar melhor. Para tanto vamos buscar oferecer
uma visão clara do funcionamento da burocracia que rege o Banco do Brasil.
Como todo fenômeno complexo, a burocracia precisa ser entendida em todas as suas
dimensões, no tema desta monografia o que pretendemos é empreender um esforço de
incursão na dimensão da disfunção burocrática dentro da Agência Empresarial Rua da
Holanda.
O Banco do Brasil é uma organização bicentenária na área financeira, cujo maior
acionista é o governo federal. Até o final da década de 80 o Banco do Brasil possuía
características eminentemente de banco público, firmemente arraigado na imagem de
segurança, ética e especialização em serviços financeiros/bancários.
A partir de 1990, uma série de mudanças estruturais na organização desencadeou um
processo de transformação da cultura em todas as áreas da empresa, processo esse visando,
principalmente, tornar a organização competitiva de forma a atender as novas exigências do
mercado.
O Banco do Brasil, nesse momento, decidido a permanecer como referencial no
sistema financeiro nacional, reconhece a necessidade de interagir com as atuais mudanças que
influenciam de modo profundo sua estrutura organizacional e busca difundir por toda a
organização um novo conceito de administração.
Com esta pesquisa pretende-se identificar qual o grau de burocratização existente, e
mais importante, qual a origem e as conseqüências visíveis das disfunções burocráticas
11
existentes no Banco do Brasil, em uma agência empresarial considerada pelo Banco como
agência laboratório, onde são testadas novas práticas de gestão e novos processos, cujas
experiências com resultados satisfatórios são exportadas para toda a rede de agências no País,
composta por mais de três mil pontos de atendimento. A Agência Rua da Holanda é o local
escolhido face a sua importância para o futuro do Banco do Brasil como organização.
Espera-se que esse estudo venha contribuir para avaliar a evolução do conceito de
burocracia, desmistificando o termo burocracia, produzindo conhecimento novo sobre a
matéria, em relação ao Banco do Brasil, sua colocação no mercado e as possíveis
conseqüências adversas que as disfunções burocráticas, caso existentes, possam trazer ao
futuro da Organização Banco do Brasil.
12
2. FUNDAMENTOS DA BUROCRACIA
Ao longo da história do homem, o termo burocracia tem sido usado para designar uma
administração racional e eficiente, para designar o seu contrário, para designar o governo de
altos executivos ou ainda para designar organização. Na verdade, Burocracia é tudo isso, na
medida que Burocracia pode ser descrita como uma estrutura social na qual a direção das
atividades coletivas fica a cargo de um aparelho impessoal hierarquicamente organizado, que
deve agir segundo critérios impessoais e métodos racionais. Normalmente esse aparelho
dirigente, isto é, esse conjunto de burocratas, que é economicamente privilegiado, são
recrutados de acordo com regras que o próprio grupo cria e aplica.
2.1 MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO
Só podemos entender bem a questão da burocracia na medida que analisarmos sua
história. O Egito é um bom exemplo de um processo social onde uma burocracia surge das
necessidades técnicas de coordenação e supervisão (irrigação da terra arável) , para deter o
monopólio de um poder político que tem no faraó o seu símbolo máximo de poder. O tipo de
produção comandada pelo Estado que caracteriza o Egito antigo é chamado de modo de
produção asiático.
O modo de produção asiático surge quando a sociedade produz mais do que consome,
isto é, gerando excedente econômico, que é apropriado por uma minoria de indivíduos que
tratam da supervisão centralizada. A sociedade cultiva as terras e constrói monumentos
gigantescos como as pirâmides. A propriedade das terras era do Faraó, o representante de
Deus na Terra, que era dono de tudo e de todos. O produtores estavam dispersos em
comunidades geograficamente distantes. A cultura de irrigação, da horticultura, da quantidade
de produção traz consigo a necessidade de planejar a produção, função que é assumida pela
burocracia. O Rio Nilo desempenhou papel fundamental na centralização burocrática, na
medida que o controle da água em grande escala tornou-se dirigido pelo Estado, e seu caráter
despótico e centralizado pode também ser visto na Mesopotâmia, China, no México dos
Astecas, na Índia e no antigo Peru pré-colombiano, habitado pelos Incas. O camponês chinês,
por exemplo, não se organiza: apenas cultiva a terra segundo um plano elaborado por
13
funcionários intelectualizados, que também controlam a execução do plano. Os funcionários
letrados chineses, que controlavam a produção de alimentos e os escribas egípcios servem de
exemplo clássico de burocracia patrimonial, baseada na propriedade.
Neste contexto surgiu a cooperação em grande escala, caracterizando a cooperação
simples. Este tipo de cooperação refere-se a todas aquelas operações que não permitem por
natureza a decomposição em partes, mas que, por outro lado, só podem ser realizadas por
muitas mãos, como por exemplo o transporte de uma pedra para a construção de uma
pirâmide. Em suma, tudo o que não pode ser feito se não houver a cooperação simultânea de
muitas mãos na execução do mesmo ato indiviso.
Conceitos mais modernos, criados principalmente após a revolução industrial, como a
cooperação de manufatura e a cooperação de indústria nos trazem uma divisão metódica do
trabalho e cada trabalhador realiza apenas uma parcela muito pequena do trabalho. É o que
chamamos de divisão parcelar do trabalho. Esta divisão é muito esclarecedora para a
compreensão da burocracia, já que de fato separam-se claramente as funções de direção das
funções de execução, o trabalho intelectual do trabalho manual.
A burocracia contemporânea tem sua base na razão instrumental, isto é, na capacidade
de atingir fins propostos de forma eficiente e racional, sob a garantia de um sistema adequado
de leis. Em comum com a burocracia patrimonialista bem caracterizada no Antigo Egito,
podemos destacar a separação das funções produtivas ou operacionais das funções de
coordenação ou de concepção. A burocracia caracteriza-se pela separação entre os que
executam e os que planejam, organizam, dirigem e controlam. A história da burocracia é em
grande parte a história do divórcio entre o trabalho manual e o trabalho intelectual.
2.2 ORIGENS DA BUROCRACIA
A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade
administrativa, isto é, na adequação dos meios aos fins pretendidos, a fim de garantir a
máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. As origens da burocracia – como
forma de organização humana – remontam à época da Antigüidade, quando o ser humano
elaborou e registrou seus primeiros códigos de normatização das relações entre o Estado e as
pessoas e entre as pessoas, em lugares como o antigo Egito e a China. Contudo, a burocracia
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– tal como existe hoje, teve sua origem nas mudanças religiosas verificadas após o
Renascimento. Nesse sentido, salienta Max Weber que o moderno sistema de produção,
eminentemente racional e capitalista, não se originou das mudanças tecnológicas nem das
relações de propriedade, como afirmava Karl Marx, mas de um novo conjunto de normas
sociais morais, às quais denominou "ética protestante": o trabalho duro e árduo, a poupança e
o ascetismo que proporcionaram a reaplicação das rendas excedentes, em vez de seu
dispêndio e consumo em símbolos materiais e improdutivos de vaidade e prestígio.
Weber , em seus escritos, concluiu que o capitalismo, a organização burocrática e a
ciência moderna constituem três formas de racionalidade que surgiram a partir dessas
mudanças religiosas ocorridas inicialmente em países protestantes – como Inglaterra e
Holanda – e não em países católicos. As semelhanças entre o protestantismo e o
comportamento capitalista são impressionantes, porquanto essas três formas de racionalidade
se apoiaram nas mudanças religiosas.
2.3 O ENFOQUE SOCIOLÓGICO
Os fundadores da Administração foram quase todos engenheiros e industriais,
interessados na sua concepção como “ciência” e “técnica”, e usando principalmente a
matemática e a engenharia como base de suas especulações e ações. Ou então eram pessoas
preocupadas com aspectos específicos do trabalho industrial, especialmente de suas
conseqüências psicofísicas e econômicas. Fayol pode ser considerado uma exceção a essa
regra, em face de sua visão da Administração como função geral, existente em todo e
qualquer empreendimento humano. Mas Fayol não cogitou de suas implicações sociais,
dentro da estratégia do sistema aberto, nem poderia fazê-lo diante da situação conjuntural da
época em que viveu.
2.3.1 - MAX WEBER
Weber alinhavou novos caminhos na perspectiva administrativa, introduzindo o estudo
do seu aspecto institucional, partindo da ciência política, do direito e da sociologia.
15
Completou assim todo o escopo da natureza da Administração, fornecendo-lhe o
comportamento necessário à consolidação da doutrina clássica da Administração, oferecendo-
lhe um modelo de aplicação e comparação.
O núcleo central da contribuição weberiana relaciona-se com a organização
burocrática, ou seja, com o estudo da Administração como um fato natural e institucional.
Nesse particular, a sua concepção constitui uma das bases fundamentais da doutrina clássica,
à qual acrescentou nova dimensão, pois retirou a Administração do quase total envolvimento
que até então mantinha com a indústria, para ampliar-lhe o escopo, dando-lhe um caráter mais
amplo e geral, e aproximando-a sobretudo do Estado, do Governo e da Administração
Pública. Convém ressaltar que as concepções de Weber tiveram influência fundamental no
estudo da Administração Pública que, por ser uma instituição e adotar a forma de organização
burocrática nas suas atividades típicas e essenciais, constitui o campo lógico e natural de
aplicação do enfoque weberiano. Mas não é só nas repartições governamentais onde o
fenômeno burocrático se manifesta. Todos os tipos de atividade administrativa utilizam a
burocracia como forma de se organizar, ou seja, partem de um conjunto básico de normas de
funcionamento, onde os processos e as funções são explicitados, cuja finalidade precípua é a
consecução dos objetivos propostos por essas organizações.
A fonte do pensamento teórico de Weber é a sociologia da burocracia do Estado,
inaugurada por Marx e a análise marxista da economia. Aqui se origina a idéia de uma
sociologia das organizações. Os grupos humanos foram, primeiramente, objeto de
preocupações práticas, de ordem industrial (Elton Mayo) e políticas (Hegel e Marx). Depois,
sobre essas práticas, elabora-se, lentamente, uma dinâmica dos grupos, cuja hipótese
fundamental, necessária à constituição de uma ciência universal, consiste em que, todo grupo,
qualquer que seja seu objetivo, deve, em princípio, obedecer às mesmas leis de
funcionamento e que a tarefa científica é descobrir essas leis. O mesmo se passa com a
dinâmica das organizações: chega um momento em que se percebe que devem existir
características comuns ao conjunto de organizações sociais.
Weber chamou seu método de "construção de tipos ideais". Partindo da ação social,
categoria construída como unidade analítica básica, constrói unidades lógicas mais
abrangentes, sempre apontando tipologias similares, implícita ou explicitamente, em cada
unidade. Para Weber burocracia é o sistema de administração ou de organização que tende à
racionalidade integral. O interessante em Weber é que ele, apesar de ser considerado o maior
16
teórico da burocracia, nunca emitiu um conceito do que seria burocracia. Weber definiu uma
série de características da burocracia, salientou os traços da personalidade burocrática e as
vantagens técnicas da administração burocrática. Portanto, Weber criou um “modelo” de
organização burocrática, que seja: uma descrição tipológica, um esquema ideal que mostra a
estrutura da organização. Encontramos, porém, em Weber, uma segunda dimensão, que não
pode ser separada da primeira: Weber lembrou que quando existe um poder burocrático,
supremo, a massa da população fica reduzida à condição de “governados”, idéia que é uma
das bases do sistema capitalista moderno.
F. E. Kast e J. E. Rosenzweig (citados por Chiavenatto, pg 215, 2000) afirmam que o
modelo burocrático de Weber constitui "a moldura teórica e o ponto de partida para grande
parte da teoria moderna e da pesquisa empírica em organizações complexas".
2.3.2 - CARACTERÍSTICAS DA BUROCRACIA SEGUNDO MAX WEBER
Segundo Max Weber (citado por Idalberto Chiavenatto, pág. 198, 2000), a burocracia
tem as seguintes características principais:
a) Caráter Legal das Normas e Regulamentos
A burocracia é uma organização ligada por normas e regulamentos previamente
estabelecidos por escrito. Em outros termos, é uma organização baseada em uma espécie de
legislação própria (como a Constituição para o Estado, os estatutos para a empresa privada
etc.) que define antecipadamente como a organização burocrática deverá funcionar. Essas
normas e regulamentos normalmente são escritos. Também são exaustivos porque procuram
cobrir todas as áreas da organização, prever todas as ocorrências e enquadrá-las dentro de um
esquema previamente definido capaz de regular tudo o que ocorra dentro da organização. As
normas e regulamentos são racionais porque são coerentes com os objetivos visados. Neste
sentido, a burocracia é uma estrutura social racionalmente organizada. As normas e
regulamentos são legais porque conferem às pessoas investidas da autoridade um poder de
coação sobre os subordinados e também os meios coercitivos capazes de impor a disciplina.
As normas e regulamentos são escritos para assegurar uma interpretação sistemática e
unívoca. Desta maneira, economizam esforços e possibilitam a padronização dentro da
organização.
17
b) Caráter Formal das Comunicações
A burocracia é uma organização ligada por comunicações escritas. As regras, decisões
e ações administrativas são formuladas e registradas por escrito. Daí o caráter formal da
burocracia: todas as ações e procedimentos são feitos para proporcionar comprovação e
documentação adequadas. Além disso, a interpretação unívoca das comunicações também é
assegurada. Como muitas vezes certos tipos de comunicações são feitos reiterada e
constantemente, a burocracia lança mão de rotinas e de formulários para facilitar as
comunicações e para rotinizar o preenchimento de sua formalização.
c) Caráter Racional e Divisão do Trabalho
A burocracia é uma organização que se caracteriza por uma sistemática divisão do
trabalho. Essa divisão do trabalho atende a uma racionalidade, isto é, ela é adequada aos
objetivos a serem atingidos: a eficiência da organização. Daí o aspecto racional da burocracia.
Há uma divisão sistemática do trabalho, do direito e do poder, estabelecendo as atribuições de
cada participante, os meios de obrigatoriedade e as condições necessárias. Cada participante
passa a ter o seu cargo específico, as suas funções específicas e a sua específica esfera de
competência e de responsabilidade. Cada participante deve saber qual a sua tarefa, qual é a
sua capacidade de comando sobre os outros e, sobretudo, quais são os limites de sua tarefa,
direito e poder, para não ultrapassar esses limites, não interferir na competência alheia nem
prejudicar a estrutura existente. Assim, as incumbências administrativas são altamente
diferenciadas e especializadas e as atividades são distribuídas de acordo com os objetivos a
serem atingidos.
d) Impessoalidade nas Relações
Essa distribuição de atividades é feita impessoalmente, ou seja, é feita em termos de
cargos e funções e não de pessoas envolvidas. Daí o caráter impessoal da burocracia. A
administração da burocracia é realizada sem considerar as pessoas como pessoas, mas como
ocupantes de cargos e de funções. O poder de cada pessoa é impessoal e deriva do cargo que
18
ocupa. Também a obediência prestada pelo subordinado ao superior é impessoal. Ele obedece
ao superior, não em consideração à sua pessoa, mas ao cargo que o superior ocupa. A
burocracia precisa garantir a sua continuidade ao longo do tempo: as pessoas vêm e vão, os
cargos e funções permanecem. Cada cargo abrange uma área ou setor de competência e de
responsabilidade.
e) Hierarquia da Autoridade
A burocracia é uma organização que estabelece os cargos segundo o princípio da
hierarquia. Cada cargo inferior deve estar sob o controle e supervisão de um posto superior.
Nenhum cargo fica sem controle ou supervisão. Daí a necessidade da hierarquia da autoridade
para fixar as chefias nos diversos escalões de autoridade. Esses escalões proporcionarão a
estrutura hierárquica da organização. A hierarquia é a ordem de subordinação, a graduação de
autoridade correspondente às diversas categorias de participantes, funcionários, classes e
outras divisões criadas. Todos os cargos estão dispostos em graduações hierárquicas que
encerram determinados privilégios e obrigações, estreitamente definidos por meio de regras
limitadas e específicas. A autoridade - o poder de controle resultante de uma posição
reconhecida – é inerente ao cargo e não ao indivíduo específico que desempenha o papel
oficial. A distribuição de autoridade dentro do sistema serve para reduzir ao mínimo o atrito,
por via do contato (oficial) amplamente restritivo, em relação às maneiras previamente
definidas pelas regras de organização. Desta forma, o subordinado está protegido da ação
arbitrária do seu superior, dado que as ações de ambos se processam dentro de um conjunto
mutuamente reconhecido de regras.
f) Rotinas e Procedimentos Padronizados
A burocracia é uma organização que fixa as regras e normas técnicas para o
desempenho de cada cargo. O ocupante de um cargo - o funcionário - não pode fazer o que
quiser, mas o que a burocracia impõe que ele faça. As regras e normas técnicas regulam a
conduta do ocupante de cada cargo, cujas atividades devem ser executadas de acordo com as
rotinas e procedimentos fixados pelas regras e normas técnicas.Toda a estrutura da burocracia
é projetada intencionalmente de acordo com princípios racionais: a disciplina no trabalho e o
19
desempenho no cargo são assegurados por um conjunto de regras e normas que tentam ajustar
completamente o funcionário às exigências do cargo e às exigências da organização: a
máxima produtividade. Essa racionalização do trabalho encontra sua forma mais extremada
na Administração Científica, que "atingiu os maiores trunfos no condicionamento e
treinamento racionais do desempenho no trabalho. Todas as atividades de cada cargo são
desempenhadas segundo padrões claramente definidos, nos quais cada conjunto de ações está
funcionalmente relacionado com os propósitos da organização, segundo uma maneira ideal.
Esses padrões facilitam a pronta avaliação do desempenho de cada participante.
g) Competência Técnica e Meritocracia
A burocracia é uma organização na qual a escolha das pessoas é baseada no mérito e
na competência técnica e não em preferências pessoais. A admissão, a transferência e a
promoção dos funcionários são baseadas em critérios, válidos para toda a organização, de
avaliação e de classificação, e não em critérios particulares e arbitrários. Esses critérios
universais são racionais e levam em conta a competência, o mérito e a capacidade do
funcionário em relação ao cargo ou função considerados. Daí a necessidade de exames,
concursos, testes e títulos para admissão e promoção dos funcionários.
h) Especialização da Administração
A burocracia é uma organização que se baseia na separação entre a propriedade e a
administração. Os membros do corpo administrativos devem estar completamente separados
da propriedade dos meios de produção. Em outros termos, os administradores da burocracia
não são os seus donos ou proprietários. O dirigente não é necessariamente o dono do negócio
ou um grande acionista da organização, mas um profissional especializado na sua
administração. Com a burocracia surge o profissional que se especializa em gerir a
organização, e daí o gradativo afastamento do capitalista da gestão dos negócios,
diversificando as suas aplicações financeiras de capital. Os meios de produção, isto é, os
recursos necessários para desempenhar as tarefas da organização, não são propriedades dos
burocratas, mas estão acima destes. O funcionário não pode vender, comprar ou herdar sua
posição ou seu cargo, e sua posição e seu cargo não podem ser apropriados e integrados ao
20
seu patrimônio privado. Essa estrita separação entre os rendimentos e os bens privados e os
públicos é a característica específica da burocracia e que a distingue dos tipos patrimonial e
feudal de administração. Existe um princípio de completa separação entre a propriedade que
pertence à organização e a propriedade pessoal do funcionário.
i) Profissionalização dos Participantes
A burocracia é uma organização que se caracteriza pela profissionalização dos seus
participantes. Cada funcionário da burocracia é um profissional, pelas seguintes razões:
ü É um especialista: cada funcionário é especializado nas atividades do seu cargo.
Sua especialização varia conforme o nível onde está situado. Enquanto os que
ocupam posições no topo da organização são generalistas, à medida que se desce
nos escalões hierárquicos, os que ocupam posições mais baixas vão-se tomando
gradativamente mais especialistas.
ü É assalariado: os funcionários da burocracia percebem salários correspondentes ao
cargo que ocupam. Quanto mais elevado o cargo na escala hierárquica, maior o
salário e, obviamente, o poder. Os funcionários devem ser recompensados
exclusivamente por salários e não devem receber pagamentos de clientes, a fim de
preservarem sua orientação para a organização, suas normas e regulamentos. O
trabalho na burocracia representa geralmente a principal ou única fonte de renda
do funcionário.
ü É ocupante de cargo: o funcionário da burocracia é um ocupante de cargo e seu
cargo é a sua principal atividade dentro da organização, tomando todo o seu tempo
de permanência nela. O funcionário não ocupa um cargo por vaidade ou por
honrada, mas sim porque é o seu meio de vida, o seu ganha-pão.
ü É nomeado por superior hierárquico: o funcionário é um profissional selecionado e
escolhido por sua competência e capacidade, nomeado (admitido), assalariado,
promovido ou demitido da organização pelo seu superior hierárquico. O superior
hierárquico tem plena autoridade (autoridade de linha) sobre seus subordinados.
Em outros termos, é o superior quem toma decisões a respeito de seus
subordinados.
21
ü Seu mandato é por tempo indeterminado: quando um funcionário ocupa um cargo
dentro da burocracia, o seu tempo de permanência nesse cargo é indefinido e
indeterminado. Não que o cargo seja vitalício, mas porque não existe uma norma
ou regra que determine previamente o tempo de permanência de um funcionário,
seja no cargo, seja na organização.
ü Segue carreira dentro da organização: à medida que um funcionário revela mérito,
capacidade e competência, ele pode vir a ser promovido para outros cargos
superiores. Em outros termos, o funcionário na burocracia também é
recompensado por uma sistemática promoção, através de uma carreira dentro da
organização. O funcionário é um profissional que faz do trabalho a sua carreira, ao
longo de sua vida.
ü Não possui a propriedade dos meios de produção e administração: o administrador
administra a organização em nome dos proprietários, enquanto o funcionário, para
trabalhar, precisa das máquinas e dos equipamentos fornecidos pela organização.
Como essas máquinas e equipamentos vão-se tornando sofisticados pela tecnologia
e, portanto, caros, somente as grandes organizações passam a ter condições
financeiras de adquiri-los. Daí as organizações gradativamente assumem o
monopólio dos meios de produção. O administrador administra a organização, mas
não é o proprietário dos meios de produção. O funcionário utiliza as máquinas e
equipamentos mas não é o dono delas.
ü É fiel ao cargo e identifica-se com os objetivos da empresa: o funcionário passa a
defender os interesses do seu cargo e da sua organização, em detrimento dos
demais interesses envolvidos.
ü O administrador profissional tende a controlar cada vez mais completamente as
burocracias, pelas seguintes razões:
ü aumento do número de acionistas das grandes organizações, ocasionando dispersão
e fragmentação da propriedade das suas ações;
ü os proprietários que, em função de sua riqueza, controlavam uma única
organização, concentrando nela toda a sua fortuna, passaram a dispersar o risco do
seu investimento em muitas outras organizações. Em decorrência disso, hoje em
22
dia, o controle acionário está subdividido e diminuído com o crescimento do
número de acionistas;
ü os administradores profissionais, através de sua carreira dentro da organização,
chegam a posições de comando e de controle, sem possuírem a propriedade da
coisa comandada e controlada. Assim, um administrador pode ter mais poder sobre
a organização do que um grande acionista.
i) Completa Previsibilidade do Funcionamento
A conseqüência desejada da burocracia é a previsibilidade do comportamento dos seus
membros. No modelo de Weber, todos os funcionários se comportam de acordo com as
normas e regulamentos da organização, a fim de que esta atinja a máxima eficiência possível,
conforme apresentado na tabela 1. Tudo na burocracia é estabelecido no sentido de prever
antecipadamente todas as ocorrências e rotinizar sua execução, para que a máxima eficiência
do sistema seja plenamente alcançada.
Aparentemente, Weber não previu nenhuma diferenciação no comportamento humano
dentro da organização. Antes, pelo contrário, a burocracia parece assentar-se numa visão
padronizada do comportamento humano. Weber não considera a organização informal. Parece
simplesmente ignorá-la. Na verdade, a organização informal não é prevista por Weber, ou
seja, não está considerada nas conseqüências desejadas das organizações. A organização
informal aparece como um fator de imprevisibilidade das burocracias, pois o sistema social
racional puro de Weber pressupõe que as reações e o comportamento humano sejam
perfeitamente previsíveis, uma vez que tudo estará sob o controle de normas racionais e
legais, escritas e exaustivas. A organização informal surge como uma derivação direta do
sistema burocrático, como uma conseqüência da impossibilidade prática de se bitolar e
padronizar completamente o comportamento humano nas organizações.
23
Eficiência da Organização – Tabela 1
A burocracia é baseada em: Conseqüências previstas: Objetivo:
1. Caráter legal das normas.
2. Caráter formal das comunicações.
3. Divisão do trabalho.
4. Impessoalidade no relacionamento.
5. Hierarquização da autoridade.
6. Rotinas e procedimentos.
7. Competência técnica e mérito.
8. Especialização da administração.
9. Profissionalização.
10. Previsibilidade do funcionamento.
Previsibilidade do
Comportamento humano.
Padronização do desempenho
dos participantes.
Máxima eficiência
da organização
2.3.3 - ROBERT KING MERTON
Para Weber (citado por Chiavenatto, pg 205, 2000), a burocracia é uma organização
cujas conseqüências desejadas se resumem na previsibilidade do seu funcionamento no
sentido de obter a maior eficiência da organização. A Teoria de Merton procura destacar as
“disfunções” no nível dos aprendizados entre os membros da organização burocrática. A
conduta administrativa, de um modo geral, realiza-se dentro do limite de normas
preestabelecidas pela organização. Assim, há, de parte da hierarquia dirigente, uma exigência
de controle que assume a forma de uma insistência crescente em fidelidade de
comportamento. Equivale dizer que a hierarquia deseja estar em posição que lhe permita
prever os comportamentos esperados através do cumprimento das normas da organização.
Assim, a insistência na fidelidade de comportamentos vai provocar a rigidez inesperada dos
comportamentos e, por causa disso, uma série de conseqüências não intencionais.
Merton (citado por Francisco Gomes de Matos, pág. 79, 1979), ao estudar as
conseqüências previstas da burocracia que a conduzem à máxima eficiência, notou também as
conseqüências imprevistas (ou indesejadas) podem levar a organização à ineficiência e às
imperfeições. A estas conseqüências imprevistas, deu-lhes o nome de disfunções da
burocracia, que designam as anomalias de funcionamento responsáveis pelo sentido
pejorativo que o termo burocracia adquiriu junto aos leigos no assunto.
24
As disfunções da burocracia são basicamente as seguintes:
a) Internalização das Regras e Exagerado Apego aos Regulamentos
As diretrizes da burocracia, emanadas através das normas e regulamentos, para atingir
os objetivos da organização, tendem a adquirir um valor positivo, próprio e importante,
independentemente daqueles objetivos, passando a substituí-los gradativamente. As normas e
regulamentos passam a se transformar de freios em objetivos. Passam a ser absolutos e
prioritários: o funcionário adquire "viseiras" e esquece que a flexibilidade é uma das
principais características de qualquer atividade racional. Com isto, o funcionário burocrata
torna-se um especialista, não por possuir conhecimento de suas tarefas, mas por conhecer
perfeitamente as normas e os regulamentos que dizem respeito ao seu cargo ou função. Os
regulamentos, de meios, passam a ser os principais objetivos do burocrata;
b) Excesso de Formalismo e de Papelório
A necessidade de documentar e de formalizar todas as comunicações dentro da
burocracia a fim de que tudo possa ser devidamente testemunhado por escrito pode conduzir à
tendência ao excesso de formalismo, de documentação e, conseqüentemente, de papelório.
Aliás, o papelório constitui uma das mais gritantes disfunções da burocracia, o que leva o
leigo, muitas vezes, a imaginar que toda burocracia tem necessariamente um volume inusitado
de papelório, de vias adicionais de formulários e de comunicações.;
c) Resistência a Mudanças
Como tudo dentro da burocracia é rotinizado, padronizado, previsto com antecipação,
o funcionário geralmente se acostuma a uma completa estabilidade e repetição daquilo que
faz, o que passa a lhe proporcionar uma completa segurança a respeito de seu futuro na
burocracia. Atendendo às normas e regulamentos impostos pela burocracia, o funcionário
torna-se simplesmente um executor das rotinas e procedimentos, os quais passam a dominar
com plena segurança e tranqüilidade com o passar do tempo. Quando surge alguma
possibilidade de mudança dentro da organização, essa mudança tende a ser interpretada pelo
funcionário como algo que ele desconhece, e, portanto, algo que pode trazer perigo à sua
25
segurança e tranqüilidade. Com isto, a mudança passa a ser indesejável para o funcionário. E,
na medida do possível, ele passa a resistir a qualquer tipo de mudança que se queira implantar
na burocracia. Essa resistência à mudança pode ser passiva e quieta, como pode ser ativa e
agressiva através de comportamentos de reclamação, tumultos e greves.
d) Despersonalização do Relacionamento
A burocracia tem com uma de suas características a impessoalidade no relacionamento
entre os funcionários. Daí o seu caráter impessoal, pois ela enfatiza os cargos e não as pessoas
que os ocupam. Isto leva a uma diminuição das relações personalizadas entre os membros da
organização: diante dos demais funcionários, o burocrata não os toma mais como pessoas
mais ou menos individualizadas, mas como ocupantes de cargos, com direitos e deveres
previamente especificados. Daí a despersonalização gradativa do relacionamento entre os
funcionários da burocracia. Os funcionários passam a conhecer os colegas não pelos seus
nomes pessoais, mas pelos títulos dos cargos que ocupam. Algumas vezes, o conhecimento é
feito pelo número do registro do colega ou por qualquer outra forma de identificação das
pessoas imposta pela organização.
e) Categorização como Base do Processo Decisório
A burocracia se assenta em uma rígida hierarquização da autoridade. Portanto, quem
toma decisões em qualquer situação será aquele que possui a mais elevada categoria
hierárquica, independentemente do seu conhecimento sobre o assunto. Quem decide é sempre
aquele que ocupa o posto hierárquico mais alto, mesmo que nada saiba a respeito do problema
a ser resolvido. Por outro lado, categorizar significa uma maneira de classificar as coisas,
estereotipar , a fim de lidar com elas com mais facilidade. Quanto mais se lançar mão da
categorização no processo decisório, menor será à procura de alternativas diferentes de
solução.
26
f) Superconformidade às Rotinas e Procedimentos
A burocracia baseia-se em rotinas e procedimentos, como meio de garantir que as
pessoas façam exatamente aquilo que delas se espera. Como uma burocracia eficaz exige
devoção estrita às normas e regulamentos, essa devoção às regras e regulamentos conduz à
sua transformação em coisas absolutas: as regras e rotinas não mais são consideradas como
relativas a um conjunto de objetivos, mas passam a ser absolutas. Com o tempo, as regras e as
rotinas tornam-se sagradas para o funcionário. O impacto dessas exigências burocráticas sobre
a pessoa provoca profunda limitação em sua liberdade e espontaneidade pessoal, além da
crescente incapacidade de compreender o significado de suas próprias tarefas e atividades
dentro da organização como um todo.
g) Exibição de Sinais de Autoridade
Como a burocracia enfatiza a hierarquia de autoridade, torna-se necessário um sistema
capaz de indicar, aos olhos de todos, aqueles que detêm o poder. Daí surge a tendência à
utilização intensiva de símbolos ou de sinais de status para demonstrar a posição hierárquica
dos funcionários, como o uniforme, a localização da sala, do banheiro, do estacionamento, do
refeitório, o tipo de mesa etc., como meios de identificar quais são os principais chefes da
organização. Em algumas organizações - como o exército, a Igreja etc. - o uniforme constitui
um dos principais sinais de autoridade.
h) Dificuldade no Atendimento a Clientes e Conflitos com o Público
O funcionário está completamente voltado para dentro da organização, para suas
normas e regulamentos internos, para suas rotinas e procedimentos, para seu superior
hierárquico que avalia o seu desempenho. Essa sua atuação interiorizada para a organização
geralmente o leva a criar conflitos com os clientes da organização. Todos os clientes são
atendidos de forma padronizada, de acordo com os regulamentos e rotinas internos, fazendo
com que o público se irrite com a pouca atenção e descaso para com os seus problemas
particulares e pessoais. Com as pressões do público, que pretende soluções personalizadas que
a burocracia padroniza, o funcionário passa a perceber essas pressões como ameaças à sua
própria segurança
27
2.4 BUROCRACIA E OS TIPOS DE DOMINAÇÃO
O fenômeno da burocracia está intimamente ligado a construção de um aparelho
hierárquico que domina e define os rumos da organização. Neste capítulo, vamos abordar os
preceitos deixados por Weber em sua literatura, no que tange ao estudo da Autoridade dentro
da organização e os tipos de dominação daí oriundos.
2.4.1 A TEORIA DA AUTORIDADE
Uma das duas concepções fundamentais de Weber é a sua teoria da autoridade (ou
estrutura da autoridade ou sistema de controle social), da qual o estudo das organizações
formais é parte fundamental. Inicialmente, Weber distingue o conceito de "autoridade", em
confronto com outras formas de influência social, ou seja, com o "poder" e com a
"persuasão", da seguinte maneira:
a) Poder é a probabilidade da pessoa executar sua vontade, apesar das resistências
opostas. Inclui o controle da situação, mediante uso ou ameaça de coação física, ou
através da manipulação das condições de sorte tal a obter obediência. No primeiro
caso, pode-se exemplificar com um assaltante; e no segundo caso, com um monopólio.
Ambos estes podem exercer o poder, mas não a autoridade.
b) Persuasão é a faculdade da pessoa influenciar a decisão ou a ação de outra, mediante a
razão, a lógica e a argumentação.
Para Weber (citado por Chiavenatto, pg 199, 2000) , a essência da autoridade,
portanto, é que as suas ordens ou decisões são obedecidas voluntariamente. A obediência
surge livre e espontaneamente, porque a fonte de onde aquelas emanam é considerada
legítima e porque envolve a prévia suspensão do julgamento da sua natureza. Por outro lado,
de acordo com Blau e Scott, (citados por Chiavenatto, pg 232, 2000) a disposição do
subordinado de espontaneamente obedecer à ordem do superior resulta, em grande parte, das
repressões ou sanções sociais que o grupo, no qual está incluído tal subordinado, possa
exercer sobre ele.
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Em suma, a autoridade, para Weber, apresenta os seguintes traços distintivos:
a) Caracteriza-se por implicar em obediência voluntária e não por coação. Na
definição de Weber, a autoridade é "a possibilidade das ordens recebidas serem
cumpridas".
b) Distingue-se por ser legítima e legal;
c) Implica numa "suspensão antecipada do julgamento pelo subordinado da ordem
recebida", isto é, o subordinado obedece automaticamente à ordem do superior;
d) É induzida pelo grupo.
2.4.2. OS TIPOS DE DOMINAÇÃO
Segundo Weber (citado por Chiavenatto, pg 198, 2000), a cada tipo de sociedade
corresponde a um tipo de autoridade. Autoridade significa a probabilidade de que um
comando ou ordem específica seja obedecido. A autoridade representa o poder
institucionalizado e oficializado. Poder implica potencial para exercer influência sobre as
outras pessoas. O poder, portanto, é a possibilidade de imposição de arbítrio por parte por
parte de uma pessoa sobre a conduta das outras. A autoridade proporciona o poder: Ter
autoridade é ter poder, e o poder conduz à dominação. Dominação, por sua vez, significa que
a vontade manifesta do dominador influencia a conduta dos outros de tal forma que o
conteúdo da ordem, por si mesma, se transforma em norma de conduta, para os subordinados.
A dominação é uma relação de poder na qual o governante - ou a pessoa que impõe seu
arbítrio sobre as demais - acredita ter o direito de exercer o poder, e os governantes
consideram como obrigação dos governados obedecer-lhes as ordens. Às crenças que
legitimam o tipo de dominação. Weber estabeleceu uma tipologia de autoridade, baseando-se
nas fontes e tipos de legitimidade aplicados.
A dominação requer um aparato administrativo, quando exercida sobre um grande
número de pessoas e um vasto território, ou seja, um pessoal administrativo para executar as
ordens e servir como ponto de ligação entre o governo e governados. Segundo Weber, há três
tipos de autoridade:
29
a) Autoridade Tradicional
Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque
esse sempre foi a maneira pela qual as coisas foram feitas. O poder tradicional não é racional,
pode ser transmitido por herança e é extremamente conservador. A legitimação do poder na
dominação tradicional vem da crença no passado eterno, na justiça e na pertinência da
maneira tradicional de agir. O líder tradicional é o senhor, que comanda em virtude de seu
status de herdeiro ou sucessor. Embora suas ordens sejam pessoais e arbitrárias, seus limites
são fixados pelos costumes e hábitos, seus súditos obedecem-no por respeito ao seu status
tradicional. A dominação tradicional - típica da sociedade patriarcal - quando se estende sobre
um grande número de pessoas e um vasto território, pode assumir duas formas de aparato
administrativo para garantir sua sobrevivência: forma patrimonial, na qual os funcionários são
os servidores pessoais do senhor - parentes, favoritos, empregados etc. - e são dependentes
economicamente dele; e forma feudal, na qual o aparato administrativo apresenta maior grau
de autonomia com relação ao senhor. Os funcionários, na qualidade de vassalos ou suseranos,
são aliados ao senhor e lhe prestam um juramento de fidelidade.
b) Autoridade Carismática
Quando os subordinados aceitam as ordens do superior com justificativa, por causa da
influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se identificam. “Carisma”
provém do grego e significa graça ou dom divino, e é uma qualidade que exerce atração e
naturalmente impõe respeito, obediência, crença e até adoração. Weber usou o termo com o
sentido de qualidade extraordinária e indefinível de uma pessoa. Evidentemente, a sociedade e
a autoridade carismática se opõem à sociedade e à autoridade burocrática e legal. O poder
carismático é um poder sem base racional, é instável e facilmente adquire características
revolucionárias. Não pode ser delegado, nem recebido em herança, como a tradicional. O líder
se impõe por ser alguém fora do comum, possuindo habilidades mágicas ou revelações de
heroísmo ou poder mental da locução e não devido a sua posição ou hierarquia. É uma
autoridade baseada na devoção afetiva e pessoal e no arrebatamento emocional dos seguidores
em relação à sua pessoa. A legitimação da autoridade carismática provém das características
pessoais carismáticas do líder e da devoção que impõe aos seguidores. O aparato
30
administrativo da dominação carismática envolve grande número de seguidores e discípulos
leais e devotados, no papel intermediário entre o líder carismático e massa. O pessoal
administrativo é escolhido e selecionado segundo a confiança que o líder deposita nos
subordinados, Daí a inconstância e instabilidade do aparato administrativo na dominação
carismática.
c) Autoridade Legal, Racional ou Burocrática
Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque
concordam com um conjunto de preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais
deriva o comando. É o tipo de autoridade técnica, meritocrática e administrada. Baseia-se na
promulgação. O conjunto governante é eleito e exerce o comando de autoridade sobre os
comandados, seguindo normas e leis. A obediência não é devida a uma pessoa em si, mas em
um conjunto de regras e regulamentos legais previamente estabelecidos. A legitimidade do
poder racional e legal baseia-se nas normas legais racionalmente definidas. Na dominação
legal, a crença na justiça da lei é o sustentáculo da legitimação. O povo obedece às leis porque
acredita que elas são decretadas por um procedimento escolhido tanto pelos governados como
pelos governantes. O aparato administrativo de dominação legal é a burocracia e fundamenta-
se nas leis e na ordem legal. A posição dos funcionários burocratas e suas relações com o
governante, os governados e seus próprios colegas burocratas são definidas por regras
impessoais e escritas, que delineiam de forma racional e hierárquica do aparato administrativo
e dos direito e deveres inerentes a cada posição.
2.5 O CONCEITO DA ORGANIZAÇÃO BUCROCRÁTICA
Para Weber as instituições humanas são estruturadas segundo um modelo
característico, ao qual denominou de burocracia. Burocracia significa um sistema social,
organizado mediante normas escritas, visando à racionalidade e à igualdade no tratamento de
seus públicos: clientes e participantes. Bresser Pereira (pág. 13, 1980) buscou uma definição
mais precisa de organização: “é o sistema social em que a divisão do trabalho é sistemática e
coerentemente realizada, tendo em vista os fins visados; é o sistema social em que há procura
deliberada de economizar os meios para se atingir os objetivos.
31
Bresser (pág. 14, 1980) dá ênfase ao conceito de racionalidade, que, segundo ele, “um
ato será racional na medida que represente o meio mais adaptado de para se atingir um
determinado objetivo, na medida em que sai coerência em relação aos seus objetivos se
traduza na exigência de um mínimo de esforços para se chegar a esses objetivos.”
2.6 BUROCRATIZAÇÃO E DESBUROCRATIZAÇÃO
Segundo Francisco Gomes de Matos (1979, pág. 15), a empresa, ao expandir-se,
enfrenta as dificuldades provenientes de compromissos diversificados, novos e intensos
desafios, perplexidades diante de opções conflitivas e estruturas que se tornam
crescentemente rígidas e complexas. Daí, diante desse quadro inquietante o poder personalista
procura preservar-se, hipertrofiando o sistema de centralização administrativa, instalando-se,
então, a burocratização.
Comumente, ao falar-se em burocratização, pensa-se em empresa e, particularmente,
na organização pública. Todavia, isso não passa de mais um erro de percepção burocrática;
mera visão preconceituosa, já que, fundamentalmente, a burocratização é uma atitude mental.
O homem, em si, tem inclinações burocratizantes; logo, as instituições tendem a tornar-se
burocratizadas.
O mal generaliza-se, traduzindo na ação humana padronizada, estereotipada e
rigidamente condicionada por normas e formalidades.
O fenômeno da burocratização está calcado em erros educacionais. Daí porque a
burocracia se tornou a mais grave das doenças da eficácia (Francisco Gomes de Matos, 1979,
p. 17).
Os sintomas mais ostensivos da patologia burocrática são: o apego à rotina, a cega
obediência a normas e procedimentos padronizados, a formalidade e não a essencialidade, a
eficiência e não à eficácia, o processo e não o resultado, a fabricação e não o produto, a
aparência e não o conteúdo, o relatório e não o plano de ação, o passado, o presente, mas
quase nunca o futuro.
Para Francisco Gomes de Matos (1979, pág. 16), a burocratização, via de regra,
começa no lar: pais burocratas que adotam a didática do não. O Não por princípio: “não
32
pode”, “não deve”, “não faz bem”, “não é bonito”, etc. A conseqüência dessa distorção
pedagógica é: não-iniciativa, não-criatividade, não-combatividade, não realização.
O conceito da burocratização é ligado às exigências decorrentes da grande dimensão
atingida pela estrutura organizacional e a grande complexidade que caracteriza suas
responsabilidades.
2.6.1 AS LEIS DA BUROCRATIZAÇÃO
Para Francisco Gomes de Matos (1979, pág. 71), a burocratização tem suas leis; leis
não escritas, mas talvez por isso, catastroficamente eficientes. Os executivos dominados por
elas tornam-se seus seguidores e defensores entusiásticos, numa entorpecência administrativa
que os priva de percepção e sentido de objetividade. Nesse sentido, a partir de observações em
trabalhos de consultoria empresarial formulou as seguintes leis:
a) Lei da não-criatividade
Para matar uma sugestão e liquidar de vez com os criativos, transforme sempre o
autor da sugestão em executor da idéia.
O resultado é infalível. Em pouco tempo o funcionário estará “enquadrado”: afinal
quem é pago para ter idéias é o chefe! Pelo menos é isso que sugere a chefia com más atitudes
e comportamentos.
b) Lei da saturação ou do “encher pneu”
Solicite sempre, ao autor de uma idéia, tantas informações, pareceres, pesquisas, até
que ele “estoure”e se atenha, exclusivamente, às ordens transmitidas.
Muito talento jovem ficou embotado em função desse expediente burocrático. Por
desconhecer a força da Lei da Saturação, surpreendemo-nos amiúde, ao vermos grandes
potenciais de inteligência criativa totalmente fecundos, mediocrizados pela rotina
administrativa. São frustrações irrecuperáveis, por traumas decorrentes de tentativas mal
sucedidas.
33
c) Lei dos pequenos grandes problemas
Para não se envolver em dificuldades, as pessoas tendem a tornar grandes os
pequenos problemas.
As coisas importantes, para os funcionários medíocres, não são as relevantes, pois
estas envolvem comprometimento e responsabilidade. Como racionalização apelam, então,
para questiúnculas. Daí porque suscetibilidades e interpretações fantasiosas, sobre intenções,
geram conflitos interpessoais, muitas vezes insustentáveis.
Desperdiça-se tempo precioso em impasses estéreis por incompatibilidades de
significação desprezível.
Tais fenômenos de disfunção ocorrem em todos os níveis, inclusive, na alta direção.
d) Lei da acumulação de papéis
Acumule papel para dar a impressão de muito trabalho, justificar atrasos e
fundamentar solicitações de mais subordinados.
Uma mesa entulhada de documentos, relatórios, correspondências, expedientes vários,
só significa, na realidade, uma coisa: ineficiência. Só pode iludir os incautos. Na realidade
demonstra desperdício, improdutividade.
Revela incapacidade de dirigir, de delegar, de disciplinar e hierarquizar
responsabilidades, de agir com método e com presteza.
e) Lei da queixa permanente
Reclame, reclame, para não ter que realizar; afinal, não há meios, não há pessoal
suficiente, não há tempo disponível, não há ...
A queixa é excelente recurso para justificar a omissão. As “urgências”, por sua vez,
são forma sutil de mascarar a fuga ao essencial. Dá-se atenção, muitas vezes, a tarefas
irrelevantes e não se realiza o básico, tornando-se, ao longo do tempo, insignificantes as
verdadeiras significâncias.
Com isso “atarefados executivos” julgam-se excusados pela inobservância em relação
a problemas essenciais que exigem maior esforço e competência.
34
f) Lei da atitude agressiva ou “estou trabalhando, não se aproxime!”
Conserve a fisionomia séria, preocupada, gestos neurastênicos, voz irritadiça,
palavras ásperas e inquietação permanente e todos o terão em conta de chefe dinâmico.
É recurso bastante utilizado pelas chefias para fugirem de suas responsabilidades, ao
mesmo tempo que dão a impressão de dinamismo, justificador de sua inacessibilidade.
Afinal, um chefe, com tanto trabalho e tantas preocupações, não pode estar ao alcance
fácil para receber solicitações e resolver problemas.
g) Lei da irresolução por supersimplificação
Simplifique para resolver a ansiedade, deixe o problema resolver-se por si mesmo.
Simplificar é muitas vezes uma forma de resolver a ansiedade, não o problema.
Quando o problema é complexo, inquietante, demandando esforço de reflexão e ação
exaustivas, há tendência em supersimplificá-lo.
Deste modo, a aparência de solução serve para amenizar a angústia.
Em vez de atacar a questão em essência, agarra-se em algumas variáveis acidentais,
em premissas inconsistentes, embora atraentes, pela sua ilusória exeqüibilidade.
Desenvolvimento gerencial, delegação de autoridade, avaliação de desempenho,
incentivo, motivação e integração são algumas áreas em geral, equacionadas de modo
simplista e inócuo.
2.7 TENDÊNCIAS ORGANIZACIONAIS DESBUROCRATIZANTES
A eficácia administrativa, hoje, está inteiramente identificada com o Desenvolvimento
Organizacional, que é o processo desburocratizante, por excelência. Enquanto a burocracia,
com ênfase na estrutura formal, produz normas e tecnologias rígidas, o Desenvolvimento
Organizacional, por sua natureza dinâmica e estruturação flexível, tem produto a adaptação
inovativa contínua. Daí, por conseqüência, o papel marcante da Gerência inovadora.
35
O Desenvolvimento Organizacional segundo Francisco Gomes de Matos (1979, pág.
117), leva o administrador a reagir à mudança como realidade de empresa, a ter estratégias
para enfrentá-la eficazmente, a reconhecer nela salutar desafio à criatividade e ao
crescimento.
O impacto da mudança sobre a empresa ocorre, basicamente em duas direções:
a) em relação às variáveis do ambiente (interno e externo);
b) em relação ao comportamento de seu pessoal.
É necessário considerar as condições e pressões do meio ambiente, as exigências
sociais, as transformações no mercado, a concorrência, a nova tecnologia, a legislação, as
tendências manifestas, os estudos sobre a realidade futura da empresa e o comportamento
esperado de toda a estrutura humana da organização.
Assim, exige-se do gerente que seja fundamentalmente um diagnosticador, tal ênfase
que se empresta à gestão situacional. As forças da situação, as variáveis conjunturais que
condicionam a ação do executivo, indicam que sua eficácia funcional depende de acurada
percepção sobre acontecimentos e tendências.
Desenvolvimento Organizacional faz-se com gerência inovadora, que é a
administração voltada para a mudança como oportunidade, ou seja, como uma realidade
palpável a ser considerada, em termos de sobrevivência, sustentação e crescimento.
A habilidade em perceber, planejar e gerir mudanças é exigência básica para a eficácia
do administrador, tal a aceleração impressa às transformações que se tornaram abrangentes,
envolvendo todas as áreas das atividades e conhecimento humanos.
Fundamentam a estratégia de Desenvolvimento Organizacional:
a) o aproveitamento máximo de energia humana na empresa;
b) a organização montada na plena utilização de modelos organizacionais
flexíveis que procurem integrar objetivos da empresa e do indivíduo. Da
compatibilização entre ambos, resultam motivação e eficácia. Cresce a
organização e crescem seus membros.
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Um processo contínuo de Desenvolvimento Organizacional – Análise, Diagnóstico,
Intervenção, Acompanhamento – está fortemente embasado em princípios das ciências
comportamentais. Daí apreciações ligeiras levarem a distorções, conduzindo a um mero
comportamentalismo que comumente deturpa os objetivos, desintegrando e desacreditando o
processo.
Em nossa época, marcada pela trasitoriedade, em que se exige de homens e
organizações capacidade adaptativa e inovadora, novos sistemas e novas técnicas estão sendo,
sucessivamente, introduzidos.
Formas matriciais, força-tarefa, gerência de projetos procuram dar flexibilidade
desejável às estruturas para as adaptações e ajustamentos a uma eficaz organização
administrativa para resultados.
Objetivos conseguidos, indicadores com parâmetros atualizados, suportes
motivacionais e gerência participativa e inovadora são requisitos básicos para um
comportamento executivo dinâmico, voltado para as realidades relevantes da empresa.
Para Francisco Gomes de Matos (1979, pág. 118), Desenvolvimento Organizacional
significa tratamento não ortodoxo, desburocratizado, não preso a fórmulas, mas dirigido à
situação estudada e diagnosticada. Para o problema equacionado, a solução adequada. Em vez
das concepções inalteráveis e dos rígidos organogramas, as estruturas flexíveis. Não mais a
preocupação pela forma como condicionamento da função, mas esta determinando o modelo
mais conveniente, após experimentações.
Francisco Gomes de Matos salienta, ainda, que estruturas temporárias, matriciais,
sobrelevam a ênfase máxima que antes se atribuía à unidade de comando e controle. A
importância é o resultado, não a forma.
Igualmente, aos índices máximos atribuídos à especialização, contrapõe-se o
enriquecimento das tarefas, como recurso motivacional para despertar o interesse e prevenir
bloqueios à iniciativa, oriundos da rotina esterilizante.
A descentralização desloca-se da consideração convencional de onde está a
autoridade para onde está a informação. É a autoridade do conhecimento que conduz à
decisão. Deste modo, o que antes era a obediência cega à hierarquia, hoje tende para a
autodireção e o autocontrole.
37
Desenhar um organograma, determinar funções e descrevê-las, que eram as
tradicionais recomendações preliminares à estruturação de uma organização, não mais
satisfazem.
A inovação, que era considerada ameaça à segurança e à normalidade, reprimindo-se
as idéias novas como manifestações contrárias aos objetivos fixados, hoje, é a própria garantia
de sobrevivência.
A organização precisa ser inovadora, o que exige que a gerência seja criativa.
38
3. QUESTÕES OPERACIONAIS
Para identificar as possíveis disfunções burocráticas existentes na Agência Rua da
Holanda, elaboramos 6 questões operacionais que embasaram a análise do ambiente e a
criação do questionário de pesquisa.
a) Os funcionários da Agência Rua da Holanda atualmente encontram-se voltados para
dentro da organização, podendo tal situação gerar/criar conflitos com os clientes?
b) Existe ainda nessa Agência um excesso de formalismo e papelório?
c) Os funcionários resistem a qualquer tipo de mudança organizacional?
d) As normas e regulamentos deixam de serem meios e passam a serem fins de si
mesmo?
e) O apego exagerado às normas e regulamentos conduzem a uma rigidez do
comportamento?
f) As decisões são sempre tomadas por aqueles que ocupam o posto mais alto
independentemente do conhecimento ou não do assunto?
39
4. METODOLOGIA
Foi utilizado como tipo de pesquisa o estudo de caso, através de aplicação de
questionário no local de pesquisa. A análise estatística utilizada visa ao estudo dos aspectos da
disfunção burocrática que interferem fortemente no atendimento ao público e agilidade dos
processos internos e ainda, identificar os comportamentos e condutas que estão em
consonância com o conceito de burocracia.
A exploração do tema na Referência Bibliográfica utilizada, o conhecimento da
estrutura da agência e do banco e da condução dos processos internos e a experiência
profissional dos autores desta monografia, indicaram o caminho e serviram como ferramenta
para o estabelecimento dos diversos graus de implicação de cada interpretação dos resultados
analisados. Abaixo, veremos aspectos mais detalhados da metodologia utilizada
4.1 LOCAL
O local escolhido para o estudo de caso é a Agência Rua da Holanda , do Banco do
Brasil S.A, situada no bairro do Comércio, na cidade de Salvador-BA. A Agência Rua da
Holanda é uma agência voltada especificamente para o segmento de Pessoa Jurídica,
considerada uma agência exportadora de práticas de gestão e processos para a rede de
agências do Banco do Brasil. Para a apresentação dos resultados, foi realizada uma análise
dos dados de forma quantitativa ou estatística.
4.2 POPULAÇÃO
A agência tem em seu quadro funcional 36 funcionários, assim distribuídos:
a) Administração da Agência: composta por um Gerente de Agência, responsável
pela administração geral da agência, e um Gerente de Negócios, responsável pela
condução e incremento de negócios junto a clientes. Como negócios, podemos
definir como todos os produtos e serviços financeiros constantes do portfólio do
40
Banco do Brasil, desde a venda de seguros, previdência privada , capitalização,
prestação de serviços de cobrança bancária, folhas de pagamentos e assessoria
financeira, até ao oferecimento das mais diversas modalidades de crédito,
direcionado principalmente para o Mercado de Pessoas Jurídicas dos Segmentos de
Middle e Small Business;
b) Gerência Média: composta por 5 Gerentes de Contas, responsáveis pela condução
do relacionamento com clientes de maior aproximação negocial, enquadrados em 5
Carteiras oferecendo serviços personalizados e voltados para o relacionamento
mais próximo com clientes cujo perfil necessite de acompanhamento mais
detalhado. Também fazem parte da Gerência Média 4 Gerentes de Expediente,
mais voltados para o lado operacional e administrativo do Banco;
c) Corpo Técnico: composto por 5 assistentes de negócios, que auxiliam os Gerentes
de Contas na Condução dos negócios dos clientes encarteirados;
d) Nível de Execução: composto por 8 caixas executivos e 12 postos efetivos, nome
dado aos escriturários do Banco. São os executores das tarefas, o chão de fábrica
do Banco do Brasil.
Ao todo 36 funcionários, sendo 11 diretamente no atendimento ao público, 5
assistentes de negócios prestando atendimento reativo a clientes encarteirados, 5 gerentes de
contas realizando contatos de negócios proativos, inclusive com visitas a clientes, e 15
funcionários distribuídos nos serviços de controles administrativos e tarefas de rotina A
Agência Rua da Holanda possui em seu quadro 36 funcionários,
4.3 AMOSTRA
Para esta análise foram aplicados questionários (instrumento de coleta de dados) junto
a trinta e cinco funcionários do quadro da agência, não sendo considerada a função exercida.
A amostra não obteve 100% de efetividade junto a população em razão da ausência
prolongada de um funcionário.
Nessa amostragem, tomou-se o cuidado de contemplar todas as áreas da agência, bem
como os funcionários que trabalham em horário administrativo. Os questionários foram
41
distribuídos para todos os trinta e cinco funcionários presentes, independente da função que
exerciam. Houve representação de todas as áreas: atendimento, suporte, gerência e
operacional.
Foi adotado o critério de não identificação dos funcionários que responderiam aos
questionários garantindo-se assim uma maior confiabilidade e fidedignidade das respostas dos
entrevistados. A pesquisa foi aplicada no dia 11/04/2002 e não tivemos dificuldades no
retorno por trabalharmos no próprio âmbito da agência.
4.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA
Como instrumento de pesquisa foram utilizados questionários com questões fechadas
e com alternativas de múltipla escolha, disponibilizado no apêndice.
As perguntas foram escolhidas considerando a atual estrutura da agência, identificando
os aspectos chaves da burocracia que estão favorecendo ou dificultando o atendimento e a
condução dos processos internos. O principal objetivo foi constatar se havia ou não disfunção
burocrática e, caso houvesse, qual o seu grau e quais os aspectos em que a burocracia
organizacional estava adequada.
Preliminarmente, foi realizado um teste piloto na Agência Estados Unidos, situado no
bairro do Comércio, Salvador-BA, para se verificar a adequabilidade dos questionários.
Foram feitos muitos ajustes na formulação das perguntas, enfocando uma abordagem mais
positiva, visando obter uma maior sustentabilidade nas respostas.
Depois dos dados coletados, apresentados no apêndice, esses foram agrupados e
tabulados através da simples contagem e classificação. Foram utilizados métodos estatísticos
descritivos para resumir os dados obtidos e indutivos para avaliar as generalizações ou
assegurar as inferências. Os dados coletados foram analisados com estratificação das
respostas, tabulação dos resultados e análise geral final.
Não houve necessidade de se fazer uma correlação entre as variáveis. A interpretação
dos resultados foi feita considerando, principalmente, processos analíticos de lógica indutiva.
Como não se obteve inconsistências, nem dados inesperados, não houve necessidade de um
aprofundamento de outras técnicas estatísticas.
42
5. ESTUDO DE CASO: DISFUNÇÕES BUROCRÁTICAS NO BANCO
DO BRASIL
O Banco do Brasil é uma organização bicentenária, que ao longo de sua história serviu
de alavanca ao desenvolvimento econômico do País. Na realidade, o Banco teve três fases
distintas, cada qual com suas características próprias, sendo o controle acionário pelo
Governo Federal o elo de ligação entre essas três fases,como veremos a seguir.
5.1 O PRIMEIRO BANCO DO BRASIL
Instituído intencionalmente como organização comercial autônoma, o Banco contava
com a captação de recursos privados para dar início às atividades. Suas ações, entretanto,
foram dificilmente subscritas, vendo-se o governo na contingência de cumular os acionistas
de favores para que, ao final de um ano, pudesse arrecadar a parcela mínima de capital
necessário à sua instalação. As notas emitidas pelo banco circulavam no Rio de Janeiro e as
suas emissões cobriam os déficits orçamentários provocados pela manutenção de uma corte
numerosa e pela política externa expansionista de dom João VI. Na verdade, nesta primeira
fase o Banco do Brasil servia como caixa do Tesouro da Família Real Portuguesa, que não
tinha escrúpulos em efetuar retiradas para arcar com as pesadas despesas da Corte. Eram
aproximadamente 15 mil pessoas para serem sustentadas, entre nobres e agregados.
Como não houveram subscritores em número suficiente para capitalizar o Banco, a
Coroa “concedia” títulos nobiliárquicos aos adquirentes de um lote de ações. Com esse
desvirtuamento de função, não durou muito: criado em 12 de outubro de 1808, foi liquidado
em 23 de setembro de 1829.
5.2 O SEGUNDO BANCO DO BRASIL
A discussão sobre a conveniência de criar um novo Banco do Brasil tomou grande
fôlego em 1853, depois das palavras de Dom Pedro II perante a Assembléia Legislativa:
"Recomendo-vos a criação de um banco solidamente constituído, que dê atividade e expansão
43
às operações do comércio e da indústria. Nas circunstâncias que já nos achamos, semelhante
instituição é elemento indispensável de nossa organização econômica."
O debate polarizou, de um lado, uma corrente que defendia a existência de um banco
emissor único, respaldada pelo visconde de Itaboraí, e, de outro, uma corrente que sustentava
a conveniência de coexistir uma pluralidade de bancos emissores localizados nos centros de
circulação monetária regionais, baseada na leitura de Sousa Franco. O governo desejava
impor seu poder de gestor da moeda, atribuindo a um banco o monopólio de emissão.
Pela Lei nº. 638, de 5 de julho de 1853, foi criado o segundo Banco do Brasil. Suas
operações básicas seriam as de depósitos, descontos e emissão de notas. O presidente seria
nomeado pelo Imperador dentre os acionistas que tivessem mais de 50 ações. A emissão
deveria ser inferior ao dobro do fundo de capital, a não ser que houvesse autorização especial
do governo.
Em 17 de dezembro de 1892, o Presidente da República baixou o decreto nº 1.167, em
que autorizou a fusão do Banco do Brasil com o Banco da República dos Estados Unidos do
Brasil, desde que a decidissem, por maioria de votos, as respectivas assembléias de acionistas.
A nova instituição, com faculdade emissora, foi denominada Banco da República do Brasil.
5.3 O BANCO DO BRASIL ATUAL
O Banco do Brasil atual surgiu em 1905, quando uma crise bancária levou seu
predecessor direto, o Banco da República, à beira da falência. Devido à importante posição
que o Banco da República ocupava no sistema financeiro do País e a seu papel semi-oficial
como banqueiro do governo, o Tesouro Federal interveio para apoiá-lo.
O banco reorganizado, agora chamado Banco do Brasil, ficou sob controle direto da
União. O Tesouro comprou aproximadamente 1/3 das ações da nova instituição, o maior lote
único de votos. Além disso, os novos estatutos do banco autorizavam o presidente da
República a nomear o presidente do Banco do Brasil (o que já se fazia com o Banco da
República) e um dos seus quatro diretores.
O Governo Federal gozava de grande influência no Banco não só por ser o seu maior
cliente, mas também por ter poderes para conceder ou negar privilégios especiais. Embora o
44
Tesouro se tornasse o acionista majoritário apenas em 1923, quando comprou ações
adicionais, o Banco do Brasil já vinha atuando como uma instituição pública desde a sua
reorganização.
Quando o Governo Federal assumiu o controle, ele o fez com o objetivo de empregá-
lo para estabilizar o câmbio. O Tesouro depositou seus fundos no Banco do Brasil, que se
tornou o único agente do governo em transações com moeda estrangeira; o banco era o maior
negociante naquele lucrativo negócio e, desse modo, debilitava a dominação dos bancos
estrangeiros nas operações de câmbio.
5.4 O PLANO CRUZADO: FIM DA CONTA MOVIMENTO
A aceleração da inflação, no final de 1985, que elevou a taxa ao patamar de 15% ao
mês, forçou o governo a instituir um novo plano de estabilização, divulgado em 28 de janeiro
de 1986. De início, obteve grande sucesso, em termos de controle da inflação e de níveis de
crescimento econômico. Baseou-se no congelamento dos preços, dos salários e do câmbio, na
desindexação da economia, na criação de um novo padrão monetário, o cruzado, e no
aumento de taxas de juros para conter a demanda.
Como parte do Plano Cruzado, foram introduzidas alterações fundamentais no
relacionamento do BB com o Banco Central e o Tesouro Nacional. Por meio do voto 45/86,
de 30 de janeiro de 1986, foi feito o congelamento da conta movimento, que o Banco Central
mantinha no Banco do Brasil para contabilizar as operações de interesse do governo federal,
com as novas operações ocorrendo dentro da sistemática de prévio suprimento de recursos.
O Banco perdeu, ainda, os recursos originários do fluxo de caixa do orçamento do
Tesouro. Em contrapartida, foi autorizado a praticar todas as operações permitidas às
instituições financeiras.
O crescimento de um segmento financeiro não monetário foi viabilizado pelas leis de
reforma bancária e de mercado de capitais (a Lei no 4.728, de 1964). O fato de que não era
permitido ao Banco do Brasil participar desse segmento contribuiu, ao lado do
contingenciamento de suas operações pelo Governo, para a queda de sua participação nos
empréstimos ao setor privado.
45
O primeiro passo do Banco foi criar a BB DTVM, implantando-se o Fundo Ouro de
Ações em junho de 1986. Já desde o início, não foi possível ao Tesouro fornecer ao Banco do
Brasil os recursos necessários para este atender às operações de crédito agrícola. O Banco
cobriu cerca de 25% com recursos próprios, sob promessa de receber o montante
correspondente à equalização de juros, o que só veio a ocorrer no ano seguinte. A
incapacidade do Governo de suprir os recursos requeridos iria se transformar num problema
recorrente, com graves repercussões.
A expansão das operações do Banco e o comportamento da concorrência permitiram
ampliar a participação dos empréstimos do Banco no sistema financeiro nacional, que caíra
para 7,5% em março de 1985, atingindo 14,8% ao final do primeiro semestre de 1986,
participação que, a grosso modo, seria mantida nos anos seguintes.
A momentânea eliminação da inflação afetou o sistema bancário pela perda dos
ganhos inflacionários, em parte compensados pela maior monetarização da economia e pela
expansão das operações ativas. Muitos bancos deram início a um processo de ajuste, com
revisão de política de pessoal, cobrança por serviços antes gratuitos e fechamento de pontos
de atendimento. O sucesso do plano foi curto e iniciou-se período de grande instabilidade
econômica, com a implantação fracassada de diversos planos de estabilização.
Em 1987, o banco continuou a ocupação do novo espaço de mercado, com a criação da
financeira, da empresa de leasing, da corretora de seguros e da administradora de cartões de
crédito. Foi lançado o cartão de crédito Ourocard, o Fundo Ouro de Renda Fixa e a caderneta
de Poupança Ouro, para direcionar recursos para o financiamento do crédito rural,
substituindo o aporte de recursos do Tesouro. Criada em fevereiro, a Poupança Ouro já
acumulava ao final do ano 7,5% de toda a captação do sistema.
Esse ano marcou ainda o início das atividades da Fundação Banco do Brasil, que
passou a centralizar as atividades de apoio às áreas científica, tecnológica e social.
As atividades do BB-Banco de Investimentos iniciaram-se em julho de 1989, e em
outubro inauguram-se as instalações do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio, entidade que
em pouco tempo passou a registrar a presença de mais de dois milhões de visitantes por ano.
Por decisão do Governo Federal, todas as empresas estatais e de economia mista
tiveram o número de diretores reduzido a cinco, mais o presidente, independentemente de seu
46
porte. O banco, que tinha quatro vice-presidentes e dez diretores, viu esse número reduzido a
seis, porque conseguiu um a mais por conta da Cacex. Na oportunidade, foi realizada uma
reformulação administrativa.
A rede do Banco do Brasil alcançou 4.449 unidades domésticas ao final de 1989, das
quais 2.377 eram agências, somando-se 46 dependências no exterior. O número de
funcionários atingiu 134 mil.
5.5 A DÉCADA DE 1990
O início de 1990 foi marcado por mais um plano econômico, o chamado Plano Collor,
que aumentou ainda mais o grau de distorção existente na economia, com o congelamento de
depósitos de clientes e de parte do capital de giro das instituições financeiras.
Para o Banco, esse ano representou também o fim da Cacex, com a transferência de
suas funções para o então Ministério da Economia. Passou ainda o Banco por reformulação
administrativa. Sua estrutura foi alterada, reduzindo-se a administração central e o número de
funcionários em cerca de 10%.
Além disso, a necessidade de controle da inflação tendeu a depreciar os preços
mínimos, ao passo que os altos juros reais, típicos dos sucessivos planos econômicos,
aumentavam bem mais os custos dos financiamentos, gerando descompassos que tiveram
sérias repercussões nas atividades do banco.
Com o fracasso do plano, houve rápida aceleração das taxas de inflação, gerando
receita adicional, o que reduziu o estímulo a continuar o processo de ajuste. Voltou a crescer a
rede de dependências e o número de funcionários atingiu 126 mil em 1993.
As mudanças que ocorreram nos últimos anos ficaram refletidas na estrutura de
recursos: enquanto em 1985 apenas 34% das operações de crédito com o setor privado tinham
sua fonte em operações de mercado, o restante provindo basicamente do Tesouro e do Banco
Central, ao final de 1994, 80% tinham sua fonte no mercado, e apenas 8% fornecidas pelo
Tesouro. A dependência das condições de mercado ficou ainda mais patente com as
modificações efetuadas por ocasião do Plano Real.
47
O Plano Real foi anunciado em 1º de julho de 1994, abrangendo as áreas fiscal,
monetária e cambial, além de engenhoso e eficaz mecanismo de desindexação da economia,
via efetiva amarração do valor da nova moeda, o real, ao dólar norte-americano. Caracterizou-
se por aumento no nível de taxas de juros e sobrevalorização do câmbio, viabilizada pela
entrada de capital decorrente do diferencial entre os juros domésticos e os internacionais.
Destacou-se ainda por, pela primeira vez, não se basear em controle e tabelamento de preços.
Em nível mais estrutural, aprofundou-se o programa de abertura comercial, já em
andamento, e pôs-se ênfase na privatização e na reforma da Constituição, com vistas a
viabilizar a privatização de diversas áreas e o controle de gastos governamentais.
O impacto no Banco do Brasil foi imediato. A queda da inflação para níveis abaixo de
2% a.m. já ao final do ano implicou a perda dos expressivos ganhos inflacionários. A
valorização do real frente ao dólar gerou perdas adicionais, dado que o Banco tinha mais
ativos do que passivos naquela moeda.
De início, houve uma certa euforia com a expansão do volume de crédito, mas tal
situação se alterou, em vista do ajuste que o Governo foi forçado a fazer nos rumos da
economia, em função de nova crise externa mexicana. As novas condições de baixa inflação e
aumento do nível de inadimplência levaram a uma situação de crise no sistema financeiro,
tornando clara a situação de insolvência de diversos bancos, tanto privados quanto estaduais.
Uma crise financeira mais séria só foi evitada com a assunção, pelo Banco Central, de
perdas expressivas no saneamento do sistema, que incluiu a intervenção em três dos dez
maiores bancos privados. O Banco do Brasil, historicamente o que mais emprestava ao setor
produtivo, detinha uma carteira de ativos com muitos problemas, que veio agravar suas
dificuldades operacionais. Registrou-se um prejuízo de 4,2 bilhões de reais em 1995, e outro
ainda maior de 7,5 bilhões de reais no ano seguinte, todo ele ocorrido no primeiro semestre,
em parte decorrente do aumento de provisões para atender o crescimento da inadimplência.
A fim de manter sua integridade patrimonial, o Banco fez um aumento de capital de
oito bilhões de reais no primeiro semestre de 1996. Uma conseqüência de chamada de capital
tão expressiva foi o aumento da participação do Tesouro no capital total do Banco, que de
cerca de 30% passou a 73%.
48
O ajuste às novas condições abrangeu ações em variadas áreas. Buscou-se aumento de
receitas com a cobrança por serviços prestados, a ampliação do leque de produtos oferecidos e
a exploração do potencial da rede de vendas, via criação de novas empresas na área de
seguros e capitalização, em sociedade com empresas privadas.
Em termos de redução de custos, entre 1995 e 1996, racionalizou-se a rede de
dependências, com redução de seu número em 541 unidades, das quais 170 eram agências;
redução de porte de muitas outras e diminuição do número de funcionários em 34 mil,
representando o rompimento do modelo de relações trabalhistas até então existente. Ao final
de 1996, eram 85 mil funcionários e 4.443 pontos de atendimento, dos quais 2.931 eram
agências.
As perdas decorrentes do descompasso cambial e da alta inadimplência levaram o
Banco à substancialmente aprimorar seus sistemas de administração de risco e de concessão
de crédito. Definiu-se nova estrutura administrativa, com a criação de unidades de negócios e
unidades de suporte. As nove de negócios cobrem as áreas comerciais, de distribuição, de
governo, internacional, de mercado de capitais e investimentos, de recuperação de créditos,
rural e agroindustrial, de seguridade, de varejo e negócios.
Com isso, procurou-se não somente orientar melhor a atuação do Banco, mas com a
criação do cargo de superintendente executivo para cada área de negócios e de suporte deu-se
mais profundidade à estrutura executiva, restrita aos sete membros do conselho diretor.
Procurou-se, também, isolar o Banco de influências políticas em suas operações, com a
redução do poder dos representantes do Governo nos conselhos de administração e fiscal.
As prioridades de atuação do Banco do Brasil voltaram-se para o varejo, a área de
seguridade e a de mercado de capitais. Foram criadas várias empresas em parceria com o setor
privado em que o Banco, embora com a maioria do capital, não detém o controle, como a
Brasilprev, na área de previdência privada, a Brasilcap, empresa de capitalização, a Brasil
Saúde, na área de seguro de saúde, a Brasil Veículos, no ramo de seguro de veículos e a
Brasilseg, na área de seguros, posteriormente desdobrada em Aliança do Brasil, atuando nos
ramos vida e elementares.
49
6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO
Serão apresentados os resultados da pesquisa realizada junto ao corpo funcional da
agência do Banco do Brasil, denominada Rua da Holanda, localizada no Bairro do Comércio,
tradicional bairro comercial e financeiro de Salvador (BA), com o objetivo de analisar a
eventual existência de disfunções burocráticas com base nos conceitos firmados por Max
Weber, Robert King Merton e Francisco Gomes de Matos.
As questões aplicadas nos questionários foram agrupadas conforme sua vinculação as
questões operacionais e tratadas e compiladas conforme abaixo:
a) Os funcionários da Agência Rua da Holanda atualmente encontram-se voltados
para dentro da organização, podendo tal situação gerar/criar conflitos com os
clientes?
De acordo com a pesquisa 65% dos funcionários da agência observam que há um
equilíbrio na distribuição dos membros da equipe entre as diversas áreas de atuação da
agência; percebem a interação entre os setores e a capacidade de mobilidade entre os
componentes de uma equipe para outra, dando ênfase total no atendimento aos clientes.
Segundo Max Weber, a burocracia é baseada na racionalidade administrativa, onde os meios
se adequam aos fins pretendidos para garantir a eficiência máxima dos objetivos. Partindo
deste conceito e em relação aos tipos de disfunções analisados conclui-se não existir
disfunção burocrática.
b) Existe ainda nessa Agência um excesso de formalismo e papelório?
Na análise, 78,1% dos funcionários acreditam existir excesso de papéis e formalidades
nas tarefas por eles executadas. Para Merton frequentemente as organizações formais
exageram na tentativa de regulamentar tudo que for possível, a respeito do comportamento
humano, desde o formato da correspondência e o horário de trabalho até os carimbos e
assinaturas que devem ser colocados num documento ...” De acordo com Merton, o papelório
constitui uma das mais gritantes disfunções da burocracia, o que leva o leigo, muitas vezes, a
50
imaginar que toda burocracia tem necessariamente um volume inusitado de papelório, de via
adicionais de formulários e de comunicações.
c) Os funcionários resistem a qualquer tipo de mudança organizacional?
Na análise, 59% dos funcionários da agência têm a percepção de que as mudanças
decididas em reunião poucas vezes são facilmente implementadas. Esta situação nos reporta a
disfunção burocrática “resistência a mudança” Apontada por Merton quando surge alguma
possibilidade de mudança dentro da organização, essa mudança tende a ser interpretada pelo
funcionário como algo que ele desconhece, podendo trazer perigo à sua tranquilidade e
segurança e com isso, passando a ser indesejável para o funcionário e, na medida do possível
ele passa a resistir a qualquer tipo de mudança que se queira implantar na burocracia.
d) As normas e regulamentos deixam de serem meios e passam a serem fins de si
mesmo?
A burocracia eficaz exige devoção estrita às normas e regulamentos. Com isso, as
regras e rotinas podem deixar de ser relativas a determinado conjunto de objetivos. Passam a
Ter uma acepção de absoluto, de sagrado, tornando-as um trilho, não uma trilha para se
chegar aos objetivos propostos. Em nossa pesquisa, denotamos um alto grau de disfunção
neste item, reflexo dos mecanismos de compliance recentemente adotados pelo banco em
obediência ao Acordo de Basiléia, referido nesta monografia.
e) O apego exagerado às normas e regulamentos conduzem a uma rigidez do
comportamento?
Na análise, 75% dos funcionários afirmaram que cumprem o LIC (Livro de Instruções
Codificadas) integralmente; 69% acreditam que o cumprimento rigoroso das normas e
controles melhoram o seu desempenho e 81% não acreditam que o cumprimento do LIC
agilize o atendimento ao cliente.
51
O que acontece neste caso é a burocracia na sua essência. O funcionário trabalha de
acordo com as diretrizes traçadas para a atuação do cargo por ele exercido.
f) As decisões são sempre tomadas por aqueles que ocupam o posto mais alto
independentemente do conhecimento ou não do assunto?
Na análise, 69% dos funcionários da agência concordam que as decisões na agência
são tomadas em comitê, em colegiado, onde a equipe é consultada e acreditam que as ditas
decisões levam a agência a atingir suas metas. Neste caso, não há disfunção burocrática, ao
contrário, a gestão é participativa.
52
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
De acordo com a pesquisa, identificamos que o grau de disfunção burocrática existente
na Agência Rua da Holanda – Banco do Brasil S.A. é pequeno, manifestando-se,
principalmente, quanto ao “excesso de formalismo e de papelório” e “resistência à mudança”.
Excesso de formalismo e papelório se caracterizam principalmente pelos processos do
Banco se basearem na cultura do papel. Os produtos que o Banco vende são, em sua essência,
intangíveis: Seguros, Planos de Previdência e Saúde, Títulos de Capitalização, Fundos de
Aplicação Financeira, Poupança, Empréstimos e Financiamentos. Com a evolução dos
direitos do Consumidor, o Sistema Bancário, em geral, buscou maior segurança em suas
relações com os clientes, e, neste momento, a solicitação de documentos comprobatórios das
informações prestadas pelos clientes no momento do cadastramento de suas contas tornou-se
imperiosa para assegurar uma maior eficácia no processo de crédito, minimizando os riscos,
inerentes à atividade bancária. Risco, na atividade bancária, é aceitável e mensurável,
enquanto incertezas e inseguranças não o são. A maneira mais eficaz de minimizar os riscos é
assegurar-se que os documentos apresentados pelos clientes têm legitimidade. Neste
momento, a percepção dos clientes e dos próprios funcionários, acerca das formalidades
exigidas e documentos necessários, podem se tornar distorcidas pela quantidade de atos do
processo, que incluem diversas pesquisas e verificações, o que não torna o processo rápido,
mas seguro para o Banco. Essa necessidade de segurança deve-se, principalmente, pela
introdução dos mecanismos de controle, representado pelos princípios de compliance, (vide
anexo), e de fatos mais recentes, como o atentado terrorista ocorrido em Nova York (EUA),
em 11 de setembro de 2001, que aumentou os controles sobre os crimes de ocultação e
lavagem de dinheiro no mundo.
As constantes mudanças, ocorridas no Brasil e no Mundo, nos últimos anos, podem
explicar, em parte, a disfunção burocrática verificada no que tange a “resistência à mudança”,
observada em nossa pesquisa. Desde a última década, o Banco do Brasil vem implementando
novos modelos estruturais, tecnológicos e de gestão. O quadro do Banco do Brasil era ,em
1995, de 120 mil pessoas e hoje são 78 mil funcionários. Neste meio tempo, o Banco
implementou um PDV – Plano de Demissão Voluntária, onde saíram 34 mil funcionários,
reestruturou sua rede de dependências, investiu maciçamente em tecnologia, ocorreram
53
processos de divisão de grandes agências em agências menores, criação dos projetos de
segmentação de clientes, com criação de redes de agências adequados ao perfil de
atendimento de clientes, em quatro pilares negocias: Varejo, Atacado, Governo e Recursos de
terceiros. Todas essas mudanças colocam em xeque a capacidade dos funcionários de se
adaptarem as novas exigências do mercado. A raiz da resistência a mudança tem muito a ver
com a insegurança da manutenção do emprego e das novas habilidades exigidas pelo mercado
para o profissional bancário. Novos tempos exigem novas atitudes, e muitas vezes a aceitação
dessas mudanças torna-se difícil em função de situações de acomodação, as chamadas zonas
de conforto. Some-se a isso o fato que a resistência a mudanças é inerente ao ser humano e
encontramos uma equação difícil de resolver.
As disfunções observadas foram consideradas de pouco relevância, devido ao nível de
complexidade do segmento trabalhado pela Agência, onde são desenvolvidas diariamente
atividades que requerem um alto grau de conhecimento técnico-negocial e uma perfeita
relação Banco-Cliente. Considerando essa complexidade existente nos processos dessa
Agência, a pesquisa mostrou apenas mínimos sintomas do que aqui denominamos de
disfunção burocrática de acordo com os conceitos e linhas de pensamento trabalhadas nesta
monografia em relação a Max Weber e Robert King Merton
Entendendo-se ser essa Agência direcionada para um segmento de atendimento a
cliente Pessoa Jurídica, onde se verifica ser um segmento altamente exigente e bastante
assediado pela concorrência, faz-se necessário que os processos sejam dinâmicos e que
demonstrem um nível de resposta que atenda de prontidão as demandas tão diferenciadas que
são apresentadas constantemente por esses clientes.
Embora não tenha sido especificamente objeto de nossa pesquisa, observados, como
aspecto positivo na análise dos resultados da pesquisa a perfeita sintonia entre os níveis
hierárquicos e, principalmente, entre os diversos setores da dependência. Outro ponto objeto
de destaque apresentado na pesquisa que faz funcionar o modelo burocrático na sua essência,
onde a distribuição de tarefas e os objetivos a serem alcançados para atingimento dos
resultados traçados pelo Banco nessa dependência, verificado na análise dos questionários, é
a administração totalmente participativa onde todos os funcionários são constantemente
consultados e direcionados para a tomada de decisões sempre em colegiado, fazendo um
perfeito elo de ligação entre a administração propriamente dita e os funcionários da gerência
média e da área técnico-negocial.
54
A mentalidade do administrador de ontem era fazer concessões e manter as coisas em
ordem, o que tendia a gerar negligência. Os lideres de amanhã, por outro lado, levantam
questões, debatem-nas, buscam soluções. Eles não temem ir contra a corrente de hoje porque
sabem que sua clientela está no futuro. Eles unem forças em torno de um projeto para a
empresa.
Para Jack Welch (citado por Robert Slater, 2001, pág. 173 a 175) existem algumas
dicas que devem ser seguidas para tornar uma organização mais eficiente, e por conseguinte,
lucrativa que são:
- Manter-se receptivo a mudança; os lideres empresariais que tratam as mudanças como
um inimigo fatalmente fracassarão.
- Lembrar-se que resistir as mudanças é fácil; a postura confortável para a maioria dos
lideres empresariais é fazer o mais fácil , resistir a mudança, presumir que o status quo
é satisfatório, o que Jack discorda, o status quo pode ser melhorado.
- Ter certeza que seus funcionários estão envolvidos na mudança , fazer com que eles
encarem as mudanças como uma oportunidade, encarando como um desafio que pode
ser vencido com muito trabalho e dedicação.
- Fazer da busca de novas idéias uma prioridade de todos os funcionários.
- Promover regularmente reuniões de partilhamento de idéias.
- Recompensar os funcionários que partilharem seus conhecimentos.
55
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Brasiliense, 1984.
MOTTA, Fernando C. Prestes, O que é burocracia. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MOTTA, Fernando C. Prestes, Organização e poder; empresa, estado e escola. São Paulo:
Atlas, 1986.
NUNES, Edson, A gramática política do Brasil: clientelismo e insulamento burocrático.
Jorge Zahar; ENAP. Rio de Janeiro: Brasília, 1999.
O`DONNELL, Guillermo A., Reflexões sobre os estados burocrático-autoritários. São Paulo:
Vértice, 1987.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser, A sociedade estatal e a tecnoburocracia. São Paulo:
Brasiliense, 1982.
PINCHOT, Grifford, O poder das pessoas: como usar a inteligência de todos dentro da
empresa para conquista de mercado. Trad. Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
ROSSI, Augusta Alves Correa, Desburocratização e comportamento social. Rio de Janeiro:
Instituto Brasileiro de Administração Municipal, 1980.
SLATER, Robert, Os 29 Segredos de Jack Welch. São Paulo: Campus, 2001.
TRATGENBERG, Maurício, Burocracia e ideologia. São Paulo: Ática, 1977.
WRIGHT, Erik Olin, Classe, crise e o estado. Trad. Nathanael C. Caaixeiro. Rio de Janeiro:
Zahar, 1981.
57
APÊNDICE
58
MODELO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
APRESENTAÇÃO
Finalizando o curso de Especialização em Administração de Empresas na
Universidade Federal da Bahia, elegeu-se para o monografia o tema “O Grau de
Disfunção Burocrática no Banco do Brasil: Estudo de Caso na Agência Rua da
Holanda, situada no Comércio, em Salvador, Bahia”. Com este questionário, deseja-se
verificar a existência e o nível de disfunções burocráticas observados na agência.
O questionário em anexo é composto por 20 questões de múltipla escolha,
cujas respostas buscam aferir o grau de disfunção burocrática, caso existente, na
agência, e não necessita de identificação nas respostas. Análise cada questão e reflita
sobre a alternativa que apresenta, em sua percepção, o que ocorre mais freqüentemente
em seu local de trabalho.
Agradecemos antecipadamente sua colaboração, com nosso compromisso de
apresentação sucinta da monografia e resultados da pesquisa para V. Sas.
Atenciosamente,
Celso Cerqueira Rocha Filho
Ilzeliane Machado Setúbal
Ieda Mendes Bomfim
Marco Antonio Ruschel Nunes
59
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
1 – Noto que as mudanças decidias em reunião são facilmente implementadas?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
2 - A minha carga horária é suficiente para cumprir as tarefas sob minha responsabilidade?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
3 - As novas instruções do LIC são lidas e compreendidas por todos?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
4) Existe excesso de formalidades e papelórios nas tarefas que executo?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
5) Noto a preocupação dos funcionários em fazer cumprir o LIC, mesmo que desagrade o cliente?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
6) As decisões são tomadas individualmente pelo meu superior imediato?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
7) O cumprimento rigoroso das normas e execução de controles fazem que eu tenha um desempenho melhor?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
8) Tenho tempo de ler o LIC?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
9) Percebo mais funcionários trabalhando em atividades de suporte do que no atendimento ao cliente?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
10) Noto que meus colegas atendem o telefone rapidamente?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
11) A quantidade de papéis que circulam no Banco é excessiva?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
12) Seguir o LIC a risca agiliza o atendimento ao cliente?
60
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
13) Meu superior toma as decisões consultando toda a equipe?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
14) Sinto que as decisões tomadas pela Gerência levarão a agência a atingir suas metas?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
15) As instruções do LIC são bem entendidas e vejo todos trabalhando da mesma forma?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
16) Os processos internos fluem com a rapidez desejada?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
17) As promoções são definidas com critérios claros e bem definidos?
18) Os bancos concorrentes são mais agéis em fazer negócios?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
19) Vejo que a quantidade de novas instruções é maior que minha capacidade de leitura?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
20) Sinto insegurança frente às mudanças constantes que ocorrem?
( ) Nunca ( ) Poucas Vezes ( ) Muitas Vezes ( ) Sempre
61
TABULAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA EM GRÁFICOS DE ANÁLISE
3 - As novas instruções do LIC são lidas e compreendidas por todos?
0%
56%38%
6% Nunca
Poucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
2 - A minha carga horária é suficiente para cumprir as tarefas sob minha
responsabilidade?
3%28%
56%
13% Nunca
Poucas Vezes
Muitas VezesSempre
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
1- Noto que as mudanças decididas em reunião são facilmente implementadas?
0%
59%
38%
3% Nunca
Poucas Vezes
Muitas VezesSempre
62
6) As decisões são tomadas individualmente pelo meu superior
imediato?
9%
60%
31%
0%Nunca
Poucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
5) Noto a preocupação dos funcionários em fazer cumprir o LIC, mesmo que desagrade o clinete?
0% 25%
69%
6%Nunca
Poucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
4) Existe excesso de formalidades e papelórios nas tarefas que executo?
0% 22%
72%
6% Nunca
Poucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
63
9) Percebo mais funcionários trabalhando em atividades de suporte do
que no atendimento ao cliente?
6%
54%
34%
6% NuncaPoucas VezesMuitas VezesSempre
8) Tenho tempo de ler o LIC?
6%
63%
25%
6%NuncaPoucas VezesMuitas VezesSempre
7) O cumprimento rigoroso das normas e execução de controles fazem que eu
tenha um desempenho melhor?
3%28%
53%
16% NuncaPoucas VezesMuitas VezesSempre
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
64
12) Seguir o LIC a risca agiliza o atendimento ao cliente?
13%
68%
16%
3%NuncaPoucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
11) A quantidade de papéis que circulam no Banco é excessiva?
0% 9%
78%
13% NuncaPoucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
10) Noto que meus colegas atendem o telefone rapidamente?
13%
68%
19%
0%
NuncaPoucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
65
15) As instruções do LIC são bem entendidas e vejo todos trabalhando da
mesma forma?
6%
60%
34%
0%
Nunca
Poucas Vezes
Muitas VezesSempre
14) Sinto que as decisões tomadas pela Gerência levarão a agência a atingir suas
metas?
0%3%
88%
9% Nunca
Poucas Vezes
Muitas VezesSempre
13) Meu superior toma as decisões consultando toda a equipe?
0%
34%
57%
9% NuncaPoucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
66
18) Os bancos concorrentes são mais agéis en fazer negócios?
0% 19%
78%
3% NuncaPoucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
17) As promoções são definidas com critérios claros e bem definidos?
9%
69%
22%0%
NuncaPoucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
16) Os processos internos fluem com a rapidez desejada?
0%
78%
22%
0%
NuncaPoucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
67
20) Sinto insegurança frente às mudanças constantes que ocorrem?
6%
47%44%
3% NuncaPoucas Vezes
Muitas Vezes
Sempre
19) Vejo que a quantidade de novas instruções é maior que minha
capacidade de leitura?
0% 19%
62%
19% Nunca
Poucas Vezes
Muitas VezesSempre
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
Fonte: Elaboração própria, com base em pesquisa de campo, Abril/2002
68
ANEXOS
69
COMPLIANCE
Atender a Resolução 2554 é enquadrar as instituições em todos os regulamentos internos
e externos e formalizar os controles internos de processos, produtos e pessoas.
Resolução 2.554 do Bacen - Data publicação: 24/09/1998
Dispõe sobre a implantação e implementação de sistema de controles internos voltados
para as atividades por elas desenvolvidas, seus sistemas de informações financeiras,
operacionais e gerenciais e o cumprimento das normas legais e regulamentares a elas
aplicáveis.
Divulgação
Tais disposições devem ser acessíveis a todos os funcionários da instituição de forma a
assegurar que sejam conhecidas as respectivas funções no processo e as responsabilidades
atribuídas aos diversos níveis da organização;
Controles Internos
Devem prever:
- definição de processos
- definição de responsabilidades
- segregação das atividades
- meios de identificar e avaliar fatores internos e externos que possam afetar adversamente;
Meios de Divulgação - a existência de canais de comunicação que assegurem aos
funcionários, segundo o correspondente nível de atuação, o acesso a confiáveis,
tempestivas e compreensíveis informações consideradas relevantes para suas tarefas e
responsabilidades;
Acompanhamento
acompanhamento sistemático das atividades desenvolvidas, testes periódicos de segurança
para os sistemas de informações, atenção aos meios eletrônicos.
70
Também se os limites estabelecidos, as leis e regulamentos aplicáveis estão sendo
cumpridos, além de assegurar que quaisquer desvios possam ser prontamente corrigidos;
Atualização
a continua avaliação dos diversos riscos associados as atividades da instituição;
os controles internos devem ser periodicamente revisados e atualizados;
Formalização
O acompanhamento sistemático das atividades relacionadas com o sistema de controles
internos deve ser objeto de relatórios, no mínimo semestrais, contendo:
- as conclusões dos exames efetuados;
- as recomendações a respeito de eventuais deficiências, com o estabelecimento de
cronograma de saneamento das mesmas, quando for o caso;
- a manifestação dos responsáveis pelas correspondentes áreas;
Procedimento
As conclusões, recomendações e manifestações referidas devem ser submetidas ao
conselho de administração ou, na falta desse, a diretoria, bem como a auditoria externa da
instituição e, também, devem permanecer a disposição do Banco Central do Brasil pelo
prazo de 5 (cinco) anos;
Cultura Organizacional
Incumbe a diretoria da instituição, além das responsabilidades enumeradas, a promoção de
elevados padrões éticos e de integridade e de uma cultura organizacional que demonstre e
enfatize, a todos os funcionários, a importância dos controles internos e o papel de cada
um no processo;
Cronograma
até 31.01.99: definição das estruturas internas;
até 30.06.99: definição e disponibilização dos procedimentos pertinentes;
até 31.12.99: implementação;
71
Poderes do Banco Central
- determinar a adoção de controles adicionais imputar limites operacionais mais restritivos,
baixar as normas e adotar as medidas julgadas necessárias a execução do disposto nesta
Resolução;
Resolução 2554
Dispõe sobre a implantação e implementação de sistema de controles internos.
O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9. da Lei n. 4.595, de 31.12.64,
torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em
24.09.98, tendo em vista o disposto no art. 4., inciso VIII, da referida Lei, nos arts. 9. e
10 da Lei n. 4.728, de 14.07.65, e na Lei n. 6.099, de 12.09.74, com as alterações
introduzidas pela Lei n. 7.132, de 26.10.83, R E S O L V E U:
Art. 1. Determinar as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central do Brasil a implantação e a implementação de controles
internos voltados para as atividades por elas desenvolvidas, seus sistemas de informações
financeiras, operacionais e gerenciais e o cumprimento das normas legais e
regulamentares a elas aplicáveis.
Parágrafo 1. Os controles internos, independentemente do porte da instituição, devem ser
efetivos e consistentes com a natureza, complexidade e risco das operações por ela
realizadas.
parágrafo 2. São de responsabilidade da diretoria da instituição:
I - a implantação e a implementação de uma estrutura de controles internos efetiva
mediante a definição de atividades de controle para todos os níveis de negócios da
instituição;
II - o estabelecimento dos objetivos e procedimentos pertinentes aos mesmos;
III - a verificação sistemática da adoção e do cumprimento dos procedimentos definidos
em função do disposto no inciso II.
Art. 2. Os controles internos, cujas disposições devem ser acessíveis a todos os
funcionários da instituição de forma a assegurar sejam conhecidas a respectiva função no
72
processo e as responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da organização, devem
prever:
I - a definição de responsabilidades dentro da instituição;
II - a segregação das atividades atribuídas aos integrantes da instituição de forma a que
seja evitado o conflito de interesses, bem como meios de minimizar e monitorar
adequadamente áreas identificadas como de potencial conflito da espécie;
III - meios de identificar e avaliar fatores internos e externos que possam afetar
adversamente a realização dos objetivos da instituição;
IV - a existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o
correspondente nível de atuação, o acesso a confiáveis, tempestivas e compreensíveis
informações consideradas relevantes para suas tarefas e responsabilidades;
V - a continua avaliação dos diversos riscos associados as atividades da instituição;
VI - o acompanhamento sistemático das atividades desenvolvidas, de forma a que se
possa avaliar se os objetivos da instituição estão sendo alcançados, se os limites
estabelecidos e as leis e regulamentos aplicáveis estão sendo cumpridos, bem como a
assegurar que quaisquer desvios possam ser prontamente corrigidos;
VII - a existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em
especial para os mantidos em meio eletrônico.
parágrafo 1. Os controles internos devem ser periodicamente revisados e atualizados, de
forma a que sejam a eles incorporadas medidas relacionadas a riscos novos ou
anteriormente não abordados.
parágrafo 2. A atividade de auditoria interna deve fazer parte do sistema de controles
internos.
parágrafo 3. A atividade de que trata o parágrafo 2., quando não executada por unidade
especifica da própria instituição ou de instituição integrante do mesmo conglomerado
financeiro, poderá ser exercida:
I - por auditor independente devidamente registrado na Comissão de Valores Mobiliários
- CVM, desde que não aquele responsável pela auditoria das demonstrações financeiras;
73
II - pela auditoria da entidade ou associação de classe ou de órgão central a que filiada a
instituição;
III - por auditoria de entidade ou associação de classe de outras instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central, mediante convenio, previamente aprovado por este,
firmado entre a entidade a que filiada a instituição e a entidade prestadora do serviço.
parágrafo 4. No caso de a atividade de auditoria interna ser exercida por unidade própria,
deverá essa estar diretamente subordinada ao conselho de administração ou, na falta
desse, a diretoria da instituição.
parágrafo 5. No caso de a atividade de auditoria interna ser exercida segundo uma das
faculdades estabelecidas no parágrafo 3., devera o responsável por sua execução reportar-
se diretamente ao conselho de administração ou, na falta desse, a diretoria da instituição.
parágrafo 6. As faculdades estabelecidas no parágrafo 3., incisos II e III, somente
poderão ser exercidas por cooperativas de credito e por sociedades corretoras de títulos e
valores mobiliários, sociedades corretoras de cambio e sociedades distribuidoras de
títulos e valores mobiliários não integrantes de conglomerados financeiros.
Art. 3. O acompanhamento sistemático das atividades relacionadas com o sistema de
controles internos deve ser objeto de relatórios, no mínimo semestrais, contendo:
I - as conclusões dos exames efetuados;
II - as recomendações a respeito de eventuais deficiências, com o estabelecimento de
cronograma de saneamento das mesmas, quando for o caso;
III - a manifestação dos responsáveis pelas correspondentes áreas a respeito das
deficiências encontradas em verificações anteriores e das medidas efetivamente adotadas
para saná-las.
parágrafo único. As conclusões, recomendações e manifestação referidas nos incisos I, II
e III deste artigo:
I - devem ser submetidas ao conselho de administração ou, na falta desse, a diretoria,
bem como a auditoria externa da instituição;
74
II - devem permanecer a disposição do Banco Central do Brasil pelo prazo de 5 (cinco)
anos.
Art. 4. Incumbe a diretoria da instituição, alem das responsabilidades enumeradas no art.
1., parágrafo 2., a promoção de elevados padrões éticos e de integridade e de uma cultura
organizacional que demonstre e enfatize, a todos os funcionários, a importância dos
controles internos e o papel de cada um no processo.
Art. 5. O sistema de controles internos devera estar implementado até 31.12.99, com a
observância do seguinte cronograma:
I - definição das estruturas internas que tornarão efetivos a implantação e o
acompanhamento correspondentes - até31.01.99;
II - definição e disponibilização dos procedimentos pertinentes - até 30.06.99.
parágrafo único. A auditoria externa da instituição deve fazer menção especifica, em seus
pareceres, a observância do cronograma estabelecido neste artigo.
Art. 6. Fica o Banco Central do Brasil autorizado a:
I - determinar a adoção de controles adicionais nos casos em que constatada inadequação
dos controles implementados pela instituição;
II - imputar limites operacionais mais restritivos a instituição que deixe de observar
determinação nos termos do inciso I no prazo para tanto estabelecido;
III - baixar as normas e adotar as medidas julgadas necessárias a execução do disposto
nesta Resolução, incluindo a alteração do cronograma referido no art. 5..
Art. 7. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de setembro de 1998
Gustavo H. B. Franco
Presidente
75
13 PRINCÍPIOS PARA A AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE
CONTROLES INTERNOS
COMITÊ DA BASILÉIA
Controle pela administração e cultura de controle
Princípio 1:
O conselho de diretores deve responsabilizar-se pela aprovação das estratégias e
políticas; compreender os riscos incorridos pelo banco, ajustando-os a níveis aceitáveis e
assegurando-se de que a alta administração tome as medidas necessárias para identificar,
monitorar e controlar estes riscos; aprovação da estrutura organizacional; e assegurar-se de
que a administração sênior monitora a eficácia do sistema de controles internos.
Princípio 2:
A administração sênior deve ter a responsabilidade de executar as estratégias
aprovadas pelo conselho; ajustando as políticas internas apropriadas de controle; e
monitorando a eficácia do sistema de controles internos.
Princípio 3:
O conselho de diretores e a administração sênior são responsáveis pela promoção de
elevados padrões éticos e de integridade, e por estabelecer uma cultura dentro da organização
que enfatiza e demonstra a todos os níveis do pessoal a importância dos controles internos.
Todos os níveis do pessoal em uma organização bancária necessitam compreender seu papel
no processo de controles internos e estar inteiramente engajados no processo.
Avaliação de risco
Princípio 4:
A administração sênior deve assegurar-se de que os fatores internos e externos que
poderiam afetar adversamente a realização dos objetivos do banco estão sendo identificados e
avaliados. Esta avaliação deve cobrir todos os vários riscos que o banco enfrenta (por
76
exemplo, o risco de crédito, o risco do país e de transferência, o risco de mercado, o risco de
taxa de juros, o risco de liquidez, o risco operacional, o risco legal e o risco de reputação).
Princípio 5:
A administração sênior deve assegurar-se de que os riscos que afetam a realização das
estratégias e de objetivos do banco estejam sendo continuamente avaliados. Os controles
internos podem demandar revisão de modo a abranger apropriadamente novos riscos ou riscos
previamente não controlados.
Atividades de controle
Princípio 6:
As atividades de controle devem ser uma parte integral das operações diárias de um
banco. A administração sênior deve estabelecer uma estrutura apropriada de controle para
assegurar controles internos eficazes, definindo as atividades de controle em cada nível do
negócio. Estes devem incluir: revisões de alto nível; controles apropriados da atividade de
departamentos ou divisões diferentes; controles físicos; verificação periódica de aderência aos
limites de exposição; um sistema das aprovações e autorizações; e, um sistema da verificação
e reconciliação. A administração sênior deve periodicamente assegurar-se de que todas as
áreas do banco estejam aderentes às políticas e procedimentos estabelecidos.
Princípio 7:
A administração sênior deve assegurar-se de que existe segregação de funções
apropriada e que ao pessoal não foram atribuídas responsabilidades conflitantes. As áreas de
conflitos de interesse potenciais devem ser identificadas, minimizadas, e com cuidado ser
monitoradas.
Informação e comunicação
Princípio 8:
A administração sênior deve assegurar-se de que existem dados financeiros,
operacionais e de compliance internos adequados e detalhados, assim como informação do
mercado externa sobre os eventos e as circunstâncias que são relevantes ao processo de
77
tomada de decisão. A informação deve ser confiável, oportuna, acessível, e disponibilizada
em um formato consistente.
Princípio 9:
A administração sênior deve estabelecer canais efetivos de comunicação para
assegurar-se de que toda a equipe de funcionários esteja inteiramente ciente das políticas e
dos procedimentos que afetam seus deveres e responsabilidades e que outras informações
relevantes estejam alcançando o pessoal apropriado.
Princípio 10:
A administração sênior deve assegurar-se de que existe sistemas de informação
apropriados em funcionamento que cobrem todas as atividades do banco. Estes sistemas,
incluindo aqueles que mantém ou que se utilizam de dados em formato eletrônico, devem ser
seguros e testados periodicamente.
Monitoramento
Princípio 11:
A administração sênior deve monitorar continuamente a eficácia total dos controles
internos do banco, a fim de auxiliar no atingimento dos objetivos da organização. O
monitoramento dos riscos chaves deve ser parte das operações diárias do banco e deve incluir
avaliações independentes, de acordo com o caso.
Princípio 12:
Deve existir uma auditoria interna ampla e eficaz do sistema de controles internos
realizado composta por funcionários apropriadamente treinados e competentes. A auditoria
interna, como a parte da monitoramento do sistema de controles internos, deve reportar-se
diretamente ao conselho de diretores ou ao comitê de auditoria, e à administração sênior.
Princípio 13:
As deficiências identificadas nos controles internos devem ser relatadas de forma
tempestiva ao nível apropriado da administração e ser cuidadas prontamente. As deficiências
relevantes nos controles internos devem ser relatadas à administração sênior e ao conselho de
diretores.