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O homem que dividiu histórias

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Uma breve reflexão sobre os relatos a respeito do homem que dividiu a História.

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O HOMEM QUE DIVIDIU HISTÓRIAS

Por Joel Mozart

Foi uma sexta-feira vermelha, cor de sangue. Um grito doloroso cortou os céus escuros de Jerusalém em plena tarde: “Deus meu, porque me abandonaste?” A esperança acabou. “Jesus de Nazaré, profeta, homem poderoso em palavra e obras diante de Deus e do povo (...) morreu. (...) e nós que pensávamos que ele traria a redenção a Israel (...)”, disse um discípulo.

1. O HOMEM QUE DIVIDIU A HISTÓRIA

Mar

cos

15:3

4Lu

cas

24:1

9-21

1

O povo de Israel fora dominado pelos babilônios, persas, por gregos, lutou por independência, mas voltara a ser dominado, dessa vez pelos romanos.

Mas algo novo estava para acontecer. As profecias antigas diziam que surgiria um rei justo, que retomaria para sempre o poderoso legado do rei Davi, o grande rei de Israel.

O profeta Daniel deu uma data para o surgimento do Messias: 69 x 7 (483) anos após a ordem para reconstruir Jerusalém, que aconteceu por volta de 450 a.c. , durante o reinado do rei persa Dario II.

Por isso, Jesus gerou uma grande expectativa no povo: um filho de Davi, na época do messias, mobilizando o povo, curando enfermos, expulsando demônios, ressuscitando mortos... ah, pobres romanos.

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Daniel 9:25João 12:12-18

Jeremias 33:15

Mas os romanos não estavam tão preocupados com Jesus. Ao menos não tanto quanto os próprios líderes judeus. Jesus atraía a atenção do povo, muitos falsos profetas já causaram problemas antes dele.

Ele dizia ser o caminho para Deus, mas parecia não se importar com certas tradições religiosas. Além disso, chegou ao absurdo de dizer que “não restaria pedra sobre pedra” no templo.*

Ele não podia ser o Messias. Mas se por acaso fosse, não se renderia tão facilmente. O Messias seria bem sucedido, nada poderia impedi-lo.

Luca

s 21

:6Jo

ão 1

2:36

*O templo de Jerusalém foi destruído em 70 D.C. pelo general romano Tito.3

Imagine a confusão na mente dos discípulos. certa vez Jesus perguntou a eles: quem vocês pensam que eu sou? Pedro respondeu: o Cristo*, filho do Deus vivo. Pedro certamente cria nele.

Ao ver seu mestre solitário, Pedro disse: não te abandonarei.Ao ver seu mestre cercado, Pedro disse: lutarei por ti.Mas ao ver Jesus se render, Pedro disse: não conheço este homem.

Duas vezes ele repetiu, até ouvir o galo cantar. Foram só dois cacarejos, mas o que

Pedro ouviu foi o eco da voz de seu mestre:

“na verdade, três vezes

me negarás”.

*Cristo é o nome grego para “messias”, que significa “consagrado”. 4

Marcos 14

Mateus 16:16

Pedro realmente acreditava que Jesus fosse o Messias, mas assim como os líderes judeus, ele se recusava a imaginar um Messias passivo, derrotado e morto. A única pessoa que parecia insistir numa ideia assim era... o próprio Jesus.

No dia anterior, Jesus partiu o pão e disse: “tomem, este é o meu corpo”Depois pegou o cálice e disse: “esse é o meu sangue, que é derramado em favor de muitos”.

O anseio por um herói nacionalista e guerreiro, semelhante ao rei Davi, não permitiu que os Judeus reconhecessem nas escrituras alguns aspectos do Messias:um frágil cordeiro que salvaria pessoas do mundo todo do pecado e da morte por meio da própria morte.

5

Mar

cos

14:2

2

O profeta Isaías (700 a.c.) descreveu o sofrimento e a morte do Messias. De uma maneira interessante, o capítulo 53 do livro de Isaías começa dizendo:

“Quem creu em nossa mensagem?”.

“nós o considerávamos castigado por Deus (...) mas pelas suas feridas fomos curados”

“como um cordeiro foi levado para o matadouro”

“Ele derramou sua vida até a morte (...) pois levou o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.”

Jesus conhecia bem esse texto. Assim como o Salmo 22, de Davi (1000 a.c.), que diz:

“Deus meu, porque me abandonaste?”

“Todos os que me vêem, caçoam de mim (...) dizem: “Recorra ao seu Senhor, que Deus te livre.”

“perfuraram minhas mãos e meus pés (...) eles me olham com desprezo.”

“Louvem-no, vocês que temem o Senhor! (...) pois não menosprezou o sofrimento do aflito (...) mas ouviu seu grito de socorro”

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“Todos os confins da terra se lembrarão e se voltarão para o Senhor.”

“Gerações futuras ouvirão falar do Senhor, e a um povo que ainda não nasceu proclamarão seus feitos de justiça, pois ele agiu poderosamente”.

E quem sou eu, se não um homem dos confins da terra, de uma geração futura, louvando ao Deus de Davi, por crer na morte redentora e na ressurreição de Jesus?

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2. O HOmem qUe DiviDiU minHa História

Em maio de 2008, um jovem ateísta se pergunta: como pode uma pessoa esclarecida do século XXI acreditar em livros sagrados e seres sobrenaturais? Era algo que lhe parecia incoerente e fora da sua realidade. Jesus teria sido um homem sábio, à frente do seu tempo, que entendeu como era importante ser bondoso e respeitar o próximo. Jesus lhe era admirável, mas acreditar em milagres, anjos e profecias não fazia sentido.

Esse jovem ateísta era eu. Tinha uma vida legal: boas notas, obedecia meus pais, praticava esportes. A única coisa que me incomodava era um sentimento profundo de solidão. Mas eu sabia que assim que eu arranjasse uma namorada esse sentimento passaria.

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Eu precisava conhecer pessoas novas. Talvez tenha sido por isso que eu aceitei o convite do meu irmão mais novo pra ir à igreja com ele. Lá eu vi dezenas (talvez centenas) de jovens cujos olhos brilhavam de paixão por alguém que eu pensava estar morto.

Quando voltei pra casa, começei a falar sozinho: “Eu não acho que exista Deus... mas se houver, deve ser onisciênte e estar me ouvindo. Eu não consigo acreditar em Deus, é algo que a ciência não pode verificar... Mas se existir Deus, e for onipotente, pode me fazer provar a sua existência? Por que se Deus existir, eu quero saber. E se eu puder provar, eu gostaria de mostrar isso para outras pessoas...”.

Passaram alguns dias e eu voltei à igreja com o meu irmão. Lá eu aceitei o desafio de um jovem pastor e fiz uma simples oração: “Deus, mostra os meus pecados”. Eu, que me considerava um bom menino, comecei a me lembrar de atitudes egoístas, injustas, ingratas, entre outras coisas que eu teria vergonha de citar aqui.

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Eu achava que se por acaso houvesse céu eu iria pra lá, mas nessa hora eu vi que eu não era tão digno quanto eu me julgava.

Na minha oração silenciosa eu pedi perdão e, surpreendentemente me senti perdoado pelo Deus que há poucos minutos eu pensava não existir. Ainda em oração, eu disse que queria seguir o exemplo de Jesus, e se Jesus acreditava em Deus eu estava disposto a acreditar também. Pedi que Jesus fosse meu mestre e meu salvador.

A partir desse dia, em junho de 2008, muitas coisas interessantes aconteceram. Em menos de um ano li a Bíblia inteira, fiz vários amigos, comecei um blog, comecei a trabalhar como desenhista, compus músicas, pensei em desistir da faculdade, desisti de desistir… A namorada só chegou em 2010, mas chegou em bom momento. Em novembro de 2012 nós nos casamos.

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Não encontrei uma fórmula matemática que prove a existência de Deus. O que eu encontrei foi um homem que mudou o rumo da História e mudou também o rumo da minha história. Conhecer Jesus mais profundamente, me deu convicção de que Deus é Deus. Jesus me deu confiança para fazer orações com sinceridade e ler a Bíblia com o coração aberto.

Esse livreto é uma expressão daquilo que eu considero mais precioso. Espero que você possa ser incentivado a conhecer mais de Jesus. Que a sua jornada em se relacionar com o nosso Criador seja cada vez mais intensa e profunda.

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sObre O aUtOr

Joel Mozart é ilustrador, formado em Design Gráfico pela UFPR. Apaixonado pela família, por arte e pela fé cristã.

[email protected]

joelmozart.com