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 1 O homo cyber : projeção social, reificação e fetichismo digital Benito Eduardo Araujo Maeso 1 Resumo Trata-se de analisar de que forma o advento da sociedade capitalista de informação (ou, usando a terminologia deleuziana, sociedade de controle) altera as formas de contato entre os indivíduos e de que forma o processo de fetichização ocorre neste cenário, observando de forma mais atenta o surgimento de uma nova dimensão do indivíduo e a localização de um elemento fetichista na relação deste com o que é externo a ele (com a alteridade) em dispositivos-chave desta nova conformação so- cial: o contato humano via computador (redes de relacionamento, sites, blogs, foruns e outros mecanismos similares), assim como observar de que forma este processo reproduz e perpetua a lógica do capital neste modelo social. Palavras-chave: sociedade de controle, sociedade da informação, sociedade admi- nistrada, fetichismo, duplo, imagem, homo cyber, Ad orno, Deleuze  ________ O conceito de fetichismo tem origem no livro de Charles De Brosses “O Culto dos Deuses-fetiche”, de 1760, onde ao analisar os códigos socio-religiosos de tribos africanas, o autor lança mão da palavra “feitiço”, ou no português arcaico “fe- tisso”, para significar o processo de atribuir poderes sobre ou supernaturais a ani- mais ou objetos inanimados. De Brosses usa o conceito como um fator de clivagem entre a sociedade europeia “esclarecida” e as sociedades “primitivas” da África, Ásia ou America Latina. Deixando-se de lado o fato de que a transubstanciação na missa é um processo no qual propriedades mágicas são atribuídas a seres inanimados, o conceito de De Brosses encontrou rápido abrigo no pensamento ocidental a partir de seu surgimento. Mais tarde, é invocado com o devido reposicionamento por Marx, Freud e Adorno. Fetichismo passa a ser o posicionamento do objeto de fetiche em um grau no qual ele transcende sua “materialidade” e passa a significar muito mais do que é. A característica ”suprasensível” da mercadoria em Marx é um bom exem- plo disso, assim como a análise freudiana do desejo voltado a partes específicas do corpo (ou objetos) - quando o desejo pela parte oblitera a noção de T odo na sexuali- dade - e a crítica adorniana ao surgimento da racionalidade voltada a fins (a razão instrumental), ao “endeusamento” da técnica e ao movimento de pastichização das manifestações culturais, incluindo-se aí a música, a linguagem e a comunicação. A 1  Aluno do programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade de São Paulo – PPGDF/FFLCH/USP

O homo cyber: projeção social, reificação e fetichismo digital

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Artigo apresentado no III Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFPR

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O homo cyber : projeção social, reificação e fetichismo digital

Benito Eduardo Araujo Maeso1

ResumoTrata-se de analisar de que forma o advento da sociedade capitalista de informação(ou, usando a terminologia deleuziana, sociedade de controle) altera as formas decontato entre os indivíduos e de que forma o processo de fetichização ocorre nestecenário, observando de forma mais atenta o surgimento de uma nova dimensão doindivíduo e a localização de um elemento fetichista na relação deste com o que éexterno a ele (com a alteridade) em dispositivos-chave desta nova conformação so-cial: o contato humano via computador (redes de relacionamento, sites, blogs, forunse outros mecanismos similares), assim como observar de que forma este processoreproduz e perpetua a lógica do capital neste modelo social.

Palavras-chave: sociedade de controle, sociedade da informação, sociedade admi-nistrada, fetichismo, duplo, imagem, homo cyber, Adorno, Deleuze

 ________ 

O conceito de fetichismo tem origem no livro de Charles De Brosses “O

Culto dos Deuses-fetiche”, de 1760, onde ao analisar os códigos socio-religiosos de

tribos africanas, o autor lança mão da palavra “feitiço”, ou no português arcaico “fe-

tisso”, para significar o processo de atribuir poderes sobre ou supernaturais a ani-

mais ou objetos inanimados. De Brosses usa o conceito como um fator de clivagem

entre a sociedade europeia “esclarecida” e as sociedades “primitivas” da África, Ásia

ou America Latina. Deixando-se de lado o fato de que a transubstanciação na missa

é um processo no qual propriedades mágicas são atribuídas a seres inanimados, o

conceito de De Brosses encontrou rápido abrigo no pensamento ocidental a partir de

seu surgimento. Mais tarde, é invocado com o devido reposicionamento por Marx,

Freud e Adorno. Fetichismo passa a ser o posicionamento do objeto de fetiche em

um grau no qual ele transcende sua “materialidade” e passa a significar muito mais

do que é. A característica ”suprasensível” da mercadoria em Marx é um bom exem-

plo disso, assim como a análise freudiana do desejo voltado a partes específicas do

corpo (ou objetos) - quando o desejo pela parte oblitera a noção de Todo na sexuali-

dade - e a crítica adorniana ao surgimento da racionalidade voltada a fins (a razão

instrumental), ao “endeusamento” da técnica e ao movimento de pastichização das

manifestações culturais, incluindo-se aí a música, a linguagem e a comunicação. A

1 Aluno do programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade de São Paulo – PPGDF/FFLCH/USP

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semicultura, o saber de almanaque, o pensamento por imagens e a fragmentação

promovidas pela Indústria Cultural também seguem, dentro desta perspectiva, a

mesma dinâmica.

Ao olharmos a contemporaneidade - e suas mutações na forma de

apresentação e funcionamento dos dispositivos econômicos da sociedade e a

consequente mudança nas superestruturas que as rodeiam - é possível localizar 

diversos elementos de fetiche na relação do indivíduo com o que é externo a ele

(com a alteridade). Neste artigo, busca-se a localização deste processo em um

dispositivo-chave desta nova conformação social: o contato humano via computador 

(redes de relacionamento, sites, blogs, foruns e outros mecanismos similares).

Trata-se de analisar de que forma o advento da sociedade capitalista de informação

(ou, usando a terminologia deleuziana, sociedade de controle) altera as formas de

contato entre os indivíduos e de que forma o processo de fetichização ocorre neste

cenário.

Mudanças estruturais, velhos e novos fetiches

O advento da sociedade da informação traz consigo uma mutação na

forma de apresentação e funcionamento dos dispositivos econômicos da sociedade.

Se, como observa Deleuze2, o capitalismo se tornou de sobreprodução e dirigido

para o produto - tendo a fábrica cedido seu lugar à empresa - este novo capitalismo,

dito cognitivo ou informacional e onde há a necessidade de circulação rápida dos

valores pelos mercados mundiais, exige o desenvolvimento de um arsenal que

permita este fluxo: as novas tecnologias de comunicação e informação, expressas

na machina machinarum, o computador pessoal, presente hoje em tantas instâncias

quanto possível em nossas vidas. Conforme DELEUZE,

”É fácil fazer corresponder a cada sociedade certos tipos de máquina(…) porque elas exprimem as formas sociais capazes de lhesdarem nascimento e utilizá-las. (…)as sociedades disciplinares re-centes tinham por equipamento máquinas energéticas, com o perigopassivo da entropia e o perigo ativo da sabotagem; as sociedades decontrole operam por máquinas de uma terceira espécie, máquinas deinformática e computadores, cujo perigo passivo é a interferência, e oativo a pirataria e a introdução de vírus. Não é uma evolução tec-

2 Em Post-scriptum sobre as Sociedades de Controle, publicado em Conversações: 1972-1990. RJ, Ed 34, 1992

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nológica sem ser, mais profundamente, uma mutação docapitalismo.”3

A mutação também se torna visível na mensagem das ferramentas deformação de consciências da Indústria Cultural, onde presenciamos o deslocamento

do discurso do pertencimento, que refletia a massificação e uniformização da

sociedade “administrada”, para a promoção de uma segmentação maior: da ideia de

coletividade, passamos às demandas de grupos específicos e por fim à valorização

exacerbada do individualismo. Apesar da mudança na forma do discurso, seu

conteúdo e significado permanecem os mesmos. Não à toa, Adorno nos lembra que

“para todos, algo está previsto; para que ninguém escape, as distorções sãoacentuadas e difundidas4”. Hoje, esse discurso glorifica não mais a simples inclusão

econômica no sistema, mas sim uma pretensa liberdade de ação e escolha. A

liberdade é prometida (seja a de selecionar produtos, ideologias, informação ou

acesso à tecnologia), mas ela só se dá na escolha de opções que já estão definidas

previamente e que adquirem um caráter quase mágico para aquele que escolhe. O

próprio conceito de democracia tecnológica on-line só pode ser experienciado pelo

indivíduo que tenha o acesso ou posse da máquina que define esta sociedade e quefunciona como uma franqueadora a uma nova realidade, dita virtual. A possibilidade

de acesso às novas TICs é o que autoriza o ingresso neste novo sistema, e ambos

são posicionados no espaço (o meio físico – a máquina), no trabalho (tangível –

hardware - ou intangível  – softwares) e no tempo, uma mercadoria comercializada

de forma limitada ou contínua (pacotes de acesso, uso de lan houses, etc.): uma

relação de capital. Ou como diria Adorno, "os reis não controlam a técnica mais do

que os comerciantes: ela é tão democrática quanto o sistema econômico no qual se

desenvolve"5.

Para entender como este processo ocorre, é necessário o resgate do

conceito marxiano do fetichismo da mercadoria, ou quando esta se mostra não como

resultado da relação de produção e trabalho e sim como uma realidade autônoma,

deificada e determinante da vida dos homens. Ao retirarmos da mercadoria seu valor 

3

DELEUZE, op.cit, p. 2524 ADORNO, T.W. Dialética do Esclarecimento, pág. 116

5 ADORNO, T. W. Dialética do Esclarecimento, pg. 20.

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de uso e a traduzirmos pelo valor de troca, desaparecem dela os traços do próprio

trabalho humano envolvido em sua confecção. Mais do que isso, a mercadoria

passa a ter um valor sígnico que transcende o objeto em si, que representa muito

mais do que o valor de produção ou o valor de revenda.

O fascínio que os produtos do avanço tecnológico exercem sobre as

pessoas é considerado por Adorno como exemplo deste fato: nossa relação com tais

produtos ganha até mesmo certa dimensão emocional - as filas antes do lançamento

do novo telefone ou as brigas de cada usuário com seu computador em um

momento de pane são exemplos interessantes deste contato. Do sítio de notícias ou

de relacionamentos ao mais novo gadget , não se consomem produtos, mas sim

estilos de vida cristalizados em tais objetos.

Atribuir características humanas ou poderes sobrehumanos (ou até estilos

de voda) a objetos inanimados é, por definição, o processo do fetichismo,

perceptível nas mercadorias, bens de consumo, culturais ou tecnológicos. Mas a

mudança trazida pela sociedade da informação permite ampliar esta operação para

além da mercadoria e diagnosticá-la até mesmo na inter-relação humana.

 

O fetichismo da imagem/informação do Eu/Outro

A sociedade da informação é, em sua essência, um exemplo claro do que

Debord chamou de espetacular: tudo se mostra de forma clara, sem nuances, e si-

multaneamente. A velocidade, o volume e a facilidade de acesso a todo tipo de in-

formação sobre empresas, governos e pessoas - características basilares deste sis-

tema - modificam a percepção das pessoas em relação ao que é externo a elas. A

ideia de privacidade sofre uma profunda modificação e passamos a julgar os outros -

e estabelecer conceitos sobre os demais - de acordo com o que nos é mostrado ou

está disponível para consulta. Da mesma forma, você é julgado pelo que mostra,

não pelo que é. No mundo dos negócios, se diz que Imagem não é aquilo que se vê

de uma empresa, e sim o que esta projeta ao público. Analogamente, a imagem de

uma pessoa pode ser entendida como a forma pela qual ela se mostra ao outro.

Esta mediação na relação do ser com o real afeta o indivíduo em três

frentes: consigo mesmo, com o outro e com o espaço que o cerca. Ao mesmo tempo

que a nossa sociedade se integra cada vez mais, ela gera tendências de

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desagregação em seu tecido, abaixo da aparência de evolução. Adorno considera

isto a "claustrofobia das pessoas no mundo administrado, um sentimento de

encontrar-se enclausurado numa situação cada vez mais socializada, como uma

rede densamente interconectada6". O apaziguamento desta tendência de

desagregação, antes que esta gere algum tipo de ameaça ao sistema vigente, se dá

por meio de uma virtualização, um "tornar-se abstrato em relação ao real"7, uma

perda de conexão entre o ser e sua representação.

É interessante observar que o capitalismo informacional promove

também um rearranjo na disposição espaço-temporal e cognitiva dos mundos do

trabalho e lazer na vida do individuo: cada vez mais as pessoas abdicam do espaço

público para exercer seu tempo de trabalho e usufruir seu tempo livre sem sair de

casa, até mesmo simultaneamente, usando as ferramentas de conexão com o

mundo exterior (TV, computador, programas de mensagens instantâneas, telefone).

Ao mesmo tempo, estes meios permitem a geração de redes de relacionamento

virtual onde as pessoas se aproximam por afinidade de interesses, mas fisicamente

estão separadas por distâncias imensas.

O resultado é uma transformação nas formas de interação humana e

reconhecimento do outro: a experiência do contato físico com o externo é precedida,

substituída ou complementada pelo contato virtual, um simulacro. Não vamos ao

museu, visitamos seus sítios na Internet ou recebemos fotos das obras em arquivos

por correio eletrônico. Por mensagens instantâneas, redes de relacionamento e

universos paralelos, criamos, reproduzimos e substituímos a inter-relação pessoal.

Este processo chama a atenção por operar simultaneamente nas esferas

racional e pulsional. A reprodutibilidade e difusão da informação, além de modificar 

a relação da massa e do indivíduo frente a ela8, agora é aplicada na relação

interpessoal, gerando (comparativamente) a perda da aura de cada indivíduo pela

banalização da experiência emocional, ou a transformação das emoções em objetos

seriais. Conforme VIRILIO,

6 ADORNO, T. W.  Educação após Auschwitz , pág 122

7 J A P P E , A n s e l m , O R e i n o d a C o n t e m p l a ç ã o P a s s i v a . K r i s i s . D i s p . e m .http://antivalor.vilabol.uol.com.br/textos/krisis/jappe/tx_jappe_010.htm

8 Um conceito emprestado da idéia de aura e reprodutibilidade em Walter Benjamin. A reprodução seriada da arte modifica arelação do espectador com a obra. Em vez da reverência e assombro que se sente perante a contemplação da obra de arte emsi, temos uma banalização do objeto, que perde seu caráter único. A reprodução transcende o objeto reproduzido. Analoga-mente, a replicação via tecnologia das relações entre sujeitos hiper-reais (super-expostos) banaliza a relação real em si. Isso é

 possível ao aproximarmos arte e emoção como estímulos de informação.

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“A partir do século 19 assistimos à emergência de um fenômenoimportante, que foi a padronização. Ocorreu a padronização dosobjetos com a Revolução Industrial. Ocorreu uma padronização de

opiniões, que falseia a democracia na medida em que a informação éapresentada de uma só maneira. Entramos agora no século 21 comalgo bem mais agudo, bem mais grave, que é a "sincronização dasemoções"9 

Busca-se no contato com o semelhante a mesma coisa que se busca nos

bens culturais e nos produtos do capital - estímulo10 e sincronia11 emocional. Se, por 

um lado, o estímulo para o consumo se dá pelo imperativo do gozo12, este se torna

produto do mercado, pois é produzido ou estimulado artificialmente para que gere o

consumo desejado. O direito ao prazer passa a estar diretamente relacionado ao

dever de consumir.Analogamente, o produto-emoção precisa ser constantemente

(re)produzido serialmente para satisfazer o que Adorno chama de “pseudo-individua-

lização13”: a homogeneidade sob uma impressão de diferença. Nisso, a seara do

ciberespaço se mostra um campo fértil para esta tarefa: um terreno onde é possível

agir de modo a satisfazer pulsões e instintos antes reprimidos. Para interagir nos

ambientes virtuais, o indivíduo cria racionalmente uma identidade ou avatar, uma

projeção de seu ideal de aparência, êxito econômico ou bagagem cultural – ou

talvez a de seus desejos e conflitos rumo a um apaziguamento - e joga suas

frustrações, as nega ou sublima no ideal que cria para si, uma persona gerada para

interagir em um terreno inexplorado, sem substrato concreto mas com influência real

e no real. Um package de dados como o de todos os que operam no meio, mas ao

qual atribuímos significado único. Na esfera virtual todos os homens podem ser 

atléticos e todas as mulheres possuírem medidas corporais dignas de uma modelo,

9 VIRILIO, P. Entrevista à Folha de SP, 2003

10 Para nós

11 Em relação aos outros

12 "Lembremos que o discurso do capitalismo contemporâneo precisa da procura ao gozo que impulsiona a plasticidade infi-

nita da produção das possibilidades de escolha no universo do consumo. Ele precisa da regulação do gozo no interior de umuniverso mercantil estruturado. Ou seja, não mais a repressão ao gozo, mas o gozo como imperativo". SAFATLE, V. Pós-modernidade: utopia do capitalismo. Trópico, 2007

13 ADORNO, T. W. Moda Intemporal – sobre o jazz . In Prismas: critica cultural e sociedade.

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ou pelo menos podem declarar isto para que os outros acreditem no que é dito, ao

buscarem emoção e interação com o próximo14.

A inserção do indivíduo no universo virtual-real se dá através de um

processo complexo de criação de um duplo-perfeito, um alter-ego que corresponde

simultaneamente ao ideal imaginado pelo indivíduo para si e ao que ele tenta

permitir aos outros acreditar que corresponda a ele. Esta projeção é transportada

conscientemente a um terreno (o universo paralelo/virtual) onde se transforma em

real por reconhecimento. Desejamos ser vistos como permitimos aos outros nos

verem e como desejamos ver o outro.  Paradoxalmente, ao preencher ambas as

categorias, este objeto virtual fracassa em atingir o objetivo inicial de seu criador,

pois o receptor da mensagem também pode projetar emoções e características

ideais para si sobre este objeto, que teoricamente representa o ideal de perfeição de

outra pessoa.

Assim, o objeto é visto como perfeito (mesmo em suas falhas) tanto para

quem o cria como para quem o vê, pois se torna foco da projeção destes ideais de

cada uma das partes envolvidas nessa relação. Entendendo a imagem como o que

transmitimos ao outro, pode-se supor que o contato entre duas pessoas foi

substituído neste terreno pelo contato entre duas imagens, mas simultaneamente o

indivíduo tenta projetar a sua imagem e se relacionar com a projeção que faz sobre

o que é a imagem do outro. Ou seja, a relação se dá entre o que o ser deseja

projetar de si com aquilo que se projeta sobre o outro, o que gera uma terceira

imagem dissociada de ambas, na qual se toma a projeção como realidade.

Isto é, em si, uma operação na qual se atribuem características

sobrenaturais (entendendo este termo, agora, como as expectativas irrealizáveis,

idealizadas e projetadas sobre seu duplo/avatar ou sobre o de outrem) ou até

mesmo humanas a este objeto que não é concreto, mas imaginário, imagético e real.

O fetichismo na relação com o outro chega, ao limite, a uma relação de si consigo

mesmo, pois toda a percepção da alteridade nesse caso passa por despir o outro de

suas características reais (ou ao menos do que este outro busca comunicar: sua

imagem) e substitui-las pelo que projetamos a respeito deste outro, criando um novo

14 Online Dating Survey, NetRatings, 2006: 33% dos entrevistados usam a web como meio para estabelecer e buscar relaci-onamentos emocionais. Na pesquisa, foram perguntados os motivos pelos quais a pessoa se dispõe a contatar a outra visandoaprofundar a relação: os homens declararam terem gostado da foto da outra pessoa e as mulheres, a descrição pessoal. Basi-camente, estímulo visual e uma pressuposição de veracidade da fonte, o que lhe dá credibilidade: ambas experiências deimpressão. Experiências virtuais.

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objeto imaginário a partir de nós mesmos, mas com um tipo de mediação externa,

como um retorno da pulsão após ser direcionada ao mundo. Não nos relacionamos

com o outro, e sim com aquilo que projetamos nesta imagem do outro, o que

corresponde a uma ficção - um relacionar-se com o Eu sob a ilusão de um Outro

que, para todos os efeitos, não existe.

Ao abarcar ao mesmo tempo dois ideais de perfeição, o duplo assume as

características projetadas por quem o manuseia. Simultaneamente, ele pode

expressar os anseios tanto de seu criador como de seu receptor. Esta dualidade

acaba por expor, inadvertidamente, o divórcio interno do sujeito, separado entre sua

auto-imagem e sua imagem social, na busca desta interação com o outro15.

Assim, concretiza-se a passagem do “ser” para o “parecer”: a

individualidade passa a ser definida por referências externas voláteis e o homem sai

da esfera pública de ação para “agir” em um campo onde se sente acolhido, tendo a

ilusão de relevância. Agora as relações humanas são administradas e transformadas

em um fetiche só alcançável a quem detiver seu objeto mágico.

O agir social e a falsa projeção

A aglutinação crescente das pessoas/cidadãos/consumidores nas

proto-sociedades e em redes de relacionamento - nas suas relações de trabalho,

sociais ou culturais - se dá por interesses, visões e gostos semelhantes e cumpre

uma dupla função: sua divisão em mercados-alvo e o apaziguamento da dimensão

social do ser. A idéia de coletividade passa a ser virtual também, e este novo terreno

proto-social embute em sua constituição a mesma relação capital-trabalho do antigo

sistema, porém acrescida da manipulação da emoção em prol do capital e acaba por 

eliminar as interferências no fluxo de informação e mercadoria: a relação

capital-consumidor se dá sem mediadores16 ou regulação.

A promessa de igualdade do capitalismo clássico se metamorfoseia na

igualdade perante a @, uma "igualdade" financeira, informacional, cultural e também

15“Estudo realizado nos Estados Unidos concluiu que 81% das pessoas que buscam parceiros em sites de namoros virtuaismentem sobre suas características. Os homens mentem mais sobre a sua altura, enquanto as mulheres preferem mentir sobreo peso. Já a idade real não motiva tanta mentira. A pesquisa indica que‘os participantes tentam equilibrar a tensão entreparecer atraente e passar a impressão de honesto’. GAZETA DO POVO, pág 1. Edição 28.352. Data: 19/06/2007

16 Citando Lévy, um dos principais teóricos deste novo modelo integrado de sociedade, “O público poderá influenciar asgrandes empresas através de suas compras (...). As grandes empresas fornecerão uma espécie de serviços públicos plane-tários controlados pelo mercado virtual e regulamentados pelas leis de um governo mundial ciberdemocrático. Asque não conseguirem fazer isso desaparecerão.”

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emocional. Todos podem sentir as mesmas emoções “únicas”. Todos escolhem o

que quiserem dentro de todo o caldo de informação. Todos podem e cada um pode

chegar lá, desde que façam parte do sistema. A santa paz dos consumidores se

desenha nos objetos-alvo do fetiche: a pulsão domesticada e a troca entre capital e

informação, emoções, bens e serviços. Tudo isso sem interferências, através de

uma cultura de consumo com sinais trocados: inclusão e singularidade, unidos pela

onipresente e confiável democracia técnica17. Como as emoções se tornam produto

do mercado – ou as necessidades emocionais são produzidas e trocadas livremente

neste mercado social – a sua “sincronização” se assemelha a um comportamento

tribal, onde o consumo do bem cultural ou físico serve como amálgama da

identidade do grupo e tanto da igualdade como da singularidade de seus

participantes. O próximo objeto de consumo necessariamente gera novas tribos. A

nova febre de relacionamento necessariamente gera novas comunidades virtuais.

Assim, a identidade (como idéia de unidade e estabilidade do ser) é substituída pela

lógica da identificação ou referência em mutação constante.

Esta busca de referencial é movida pela condição de desamparo em que

se encontra o sujeito contemporâneo e pelos estímulos do mercado virtual-social.

Cria-se, nesta relação entre estrutura, informação e psicologia, uma espécie de

indiferença a si e ao outro: a indiferenciação, a pressão social por essa

homogeneização de pensamento, a administração de massas fornecendo um

simulacro de individualidade que no final é um individualismo, uma individuação. O

homem desconectado/hiperconectado e coisificado não é sujeito da sua própria

história. Não se reconhece como ser: “não se está mais diante do par 

massa-indivíduo. Os indivíduos tornaram-se dividuais, divisíveis, e as massas

tornaram-se amostras, dados, mercados ou 'bancos”18.

Da mesma forma, as reações do indivíduo dentro desta coletividade

passam a seguir uma dinâmica semelhante à descrita anteriormente: se o Outro não

possui mais atributos próprios e sim os que são a ele atribuídos pelo indivíduo, tendo

17 Paul Virilio diria que “A grande ameaça da Internet para a democracia é a sua aparência de idéia, um megacérebro ondetodo mundo está conectado com todo mundo e é suficiente fazer uma pergunta para obter uma resposta. (...) As tecnologiasda interatividade conduzem-nos a uma democracia cibernética que, deixando de ser representativa, se torna presentativa, dedemonstrativa se torna mostrativa, quer dizer alucinante, como a mídia”. Podemos expandir esta análise pegando emprestadoum conceito da Semiótica: estaríamos no alvorecer da sociedade do índice, onde o sujeito e o objeto estão ligados por uma

relação funcional que dá autenticidade ao significado. Se, comparativamente, devemos acreditar que o relógio indica corre-tamente as horas, pois esta é sua função, o estímulo de consumo, informação ou emoção enviado nada mais é que a expres-são autêntica de uma verdade inquestionável, pois a transmissão deste estímulo é apenas a função do meio eletrônico.

18 DELEUZE, Giles. Post-scriptum sobre as sociedades de Controle, Pág.3

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sido transformado em objeto, estes novos significados tem o potencial de justificar 

qualquer ação do indivíduo ou seu grupo em relação a este objeto. Se esta operação

projetiva/fetichista é visível, por exemplo, na cópia ou na obsessão em relação aos

atos das ditas celebridades - cujo comportamento esta sempre submetido ao

escrutínio e julgamento de seus assim chamados fãs - pode ser detectada também

em comportamentos totalitários ou de intolerância ao diferente, nos quais a ânsia de

destruição do que lhe é estranho é o que dá coerência ao grupo.

A análise de Adorno e Horkheimer sobre o anti-semitismo e a falsa

projeção é certamente pedagógica para entendermos o que leva um sujeito a

desenvolver uma conduta que se assujeite ao pensamento e à prática totalitária - ou

assumi-la como sua individualidade:

“O anti-semitismo baseia-se numa falsa projeção. Ele é o reverso damimese genuína, profundamente aparentada à mimese que foi recal-cada, talvez o traço caracterial patológico em que esta se sedimenta.Só a mimese se torna semelhante ao mundo ambiente, a falsa pro- jeção torna o mundo ambiente semelhante a ela”19 

A interdição do reconhecimento do outro via falsa projeção, ou “a

estrutura paranóica do Eu moderno que projeta compulsivamente par a f ora de si sua

própria infelicidade, sua própria impossibilidade de se reconhecer no que não se

conforma à imagem de si20” tem, como contrapartida, a ilusão de controle e de con-

formação do mundo ao Eu, fazendo o indivíduo ignorar completamente as relações

estruturais presentes no corpus social e produzir uma falsa segurança de si e para

si. A negação da mimese e dos impulsos do id acaba por fazer o indivíduo projetá-

los como características do objeto de seu ódio, atribuindo a este objeto o poder de

ameaça à integridade do indivíduo. A confusão se forma pelo fato de que, a partir de

um determinado ponto, é impossível determinar o que é projeção e o que é intrínse-

co ao objeto.

A cólera é descarregada sobre os desamparados que chamam aatenção. E como as vítimas são intercambiáveis segundo a conjuntu-ra: vagabundos, judeus, protestantes, católicos, cada uma delas pode

19 ADORNO, T..Dialética do Esclarecimento, pg. 174

20 SAFATLE, V. Para introduzir a experiência intelectual de Theodor Adorno, publicado em ALMEIDA, Jorge e BADER,Wolfgang; Pensamento alemão contemporâneo, São Paulo: Cosac e Naify, 2009.

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tomar o lugar do assassino, na mesma volúpia cega do homicídio, tãologo se converta na norma e se sinta poderosa enquanto tal 21.

De certa forma, isso permite o entendimento de fenômenos como o

cyberbullying ou a dificuldade dos indivíduos em estabelecerem, nas redes sociais e

foruns, chats que não desemboquem em insultos. Ao pensarmos no objeto a ser 

percebido dentro da dialética Eu/Outro, percebe-se a ausência de reflexão do Outro

no Eu. Se a compreensão de si passa por compreender a alteridade, neste compor-

tamento isto não ocorre: o Outro se torna apenas o objeto da projeção fetichista do

Eu. Consequentemente há apenas a auto-referência e a falsa projeção do Eu sobre

o mundo. O não-compreender a si impede até a tentativa de compreensão do que

lhe é estranho. O ódio passa a ser a única possibilidade, pois o Eu projeta compulsi-

vamente a sua própria infelicidade sobre o outro e assume o discurso de que a culpa

por tal infelicidade é da vítima, justificando qualquer ação hostil: desde palavras até

ataques. Adorno e Horkheimer chamarão este mecanismo, na Dialética do Esclare-

cimento, de projeção patológica: o escape para impulsos agressivos do id como a

única ”reação” possível ao “mal” que o mundo exterior ainda não conformado a si

reserva ao indivíduo ou grupo. O outro é de certa forma endeusado, mas como um

deus maligno: o inimigo e necessário para a própria afirmação do Eu, este protegido

pela falsa sensação de anonimato e liberdade de ação da rede. A paranóia, ideia fixa

que não encontra apoio no real e mesmo assim, de tão repetida assume valor de

verdade, gerando a ânsia de destruição daquilo que denuncia o vazio da ideia, é a

principal consequência do mecanismo de falsa projeção. Fala-se para si apenas, e

mesmo aquele que em teoria concorda com o que o indivíduo fala ou escreve é visto

como inimigo. Preso em sua própria mônada, o indivíduo que se forma a partir da

interseção do mundo real com o virtual - o homo cyber - encontra-se acrítico, aliena-

do e sem possibilidade de atuação no concreto, iludido pela falsa liberdade e igual-

dade prometida no novo mundo onde “tudo é possível e nada é real”22, onde o Ou-

tro, o objeto mais desejado, é também o foco de seu maior temor e ódio. Aparente-

mente felizes e acomodados neste processo (seja por não crer na possibilidade de

mudança como por não saber realmente como proceder), estes novos seres - ou

novas capas sociais, não “percebem o quanto não são livres lá onde mais livres se

21 ADORNO, T. Dialética do Esclarecimento, pg. 160

22 LIVING COLOUR, "Type" Letra: Reid/Glover 

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sentem, porque a regra de tal ausência de liberdade foi abstraída delas”23. Tanto a

liberdade foi negada ao homem que sua inexistência, além de norma, passa a ser o

desejado, o reconhecido como certo, a despeito do discurso que a glorifica.

A subjetivação operada pelas novas tecnologias de comunicação traz um

movimento de "homogeneização universalizante e reducionista da subjetividade e

uma tendência heterogenética, quer dizer, um reforço da heterogeneidade e da sin-

gularização de seus componentes", o que nos leva a uma encruzilhada - a produção

cultural pode ir para "a criação, a invenção de novos Universos de referência" ou

para a "mass-midialização embrutecedora, à qual são condenados hoje em dia mi-

lhares de indivíduos24. Como subverter este processo, a partir de que fator é

possível realizar a crítica ao modelo vigente em uma sociedade onde “a felicidade e

satisfação pulsional são subordinadas à produtividade social25” é uma pergunta

extremamente atual e cuja resposta é tarefa da Filosofia, com o resgate de sua tra-

dição critica e se debruçando sobre as articulações existentes entre o mundo e sua

problemática. Citando Deleuze, “não cabe temer ou esperar, mas buscar novas ar-

mas”.

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23 ADORNO, T. W. Tempo Livre, pág 108

24 GUATTARI, Felix. In FERES NETO, Alfredo,  Produção de subjetividades: subjetivação e objetivação. Disp. Emhttp://www.efdeportes.com/efd64/virtual.htm

25 MARCUSE, Herbert. Eros e Civilização. 2004. De acordo com Marcuse, uma das falácias da sociedade do capital está ematrelar a idéia de felicidade a um prêmio futuro pelo sacrifício do ser nesta vida, uma “recompensa irreal para o sofrimentoreal” que só pode ser atingida ao executarmos com perfeição os papéis predefinidos, nos quais até mesmo nossos impulsossão administrados. (  p.115)

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