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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 57 Nº 670 Dezembro de 2009 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Allan Kardec Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê- la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é que se nos depara, nessa lei, o princí- pio dos deveres para com Deus e para com o próximo, base da sua doutrina. Quanto às leis de Moisés, propriamente ditas, ele, ao contrário, as modificou profundamente, quer na substância, quer na forma. Combatendo constantemente o abuso das práticas exteri- ores e as falsas interpretações, por mais ra- dical reforma não podia fazê-las passar, do que as reduzindo a esta única prescrição: “Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo”, e acrescentan- do: aí estão a lei toda e os profetas. Por estas palavras: “O céu e a Terra não passarão sem que tudo esteja cumpri- do até o último iota”, quis dizer Jesus ser necessário que a lei de Deus tivesse cum- primento integral, isto é, fosse praticada na Terra inteira, em toda a sua pureza, com todas as suas ampliações e consequências. Efetivamente, de que serviria haver sido promulgada aquela lei, se ela devesse consti- tuir privilégio de alguns homens, ou, sequer, de um único povo? Sendo filhos de Deus to- dos os homens, todos, sem distinção nenhu- O Cristo ma, são objeto da mesma solicitude. Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legis- lador moralista, tendo por exclusiva autorida- de a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina. Ele viera ensinar aos homens que a ver- dadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino con- duz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na mar- cha das coisas por vir, para a realização dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo, limitando-se, respeito a muitos pontos, a lan- çar o gérmen de verdades que, segundo ele próprio o declarou, ainda não podiam ser compreendidas. Falou de tudo, mas em ter- mos mais ou menos implícitos. Para ser apre- endido o sentido oculto de algumas palavras suas, mister se fazia que novas ideias e no- vos conhecimentos lhes trouxessem a chave indispensável, ideias que, porém, não podi- am surgir antes que o espírito humano hou- vesse alcançado um certo grau de madureza. A Ciência tinha de contribuir poderosamen- te para a eclosão e o desenvolvimento de tais ideias. Importava, pois, dar à Ciência tempo para progredir. (O Evangelho segundo o Es- piritismo, cap. I, itens 3 e 4.) O Natal traz-nos à mente Jesus e seus ensinamentos José Herculano Pires disse, cer- ta vez, que a Bíblia é a codificação da primeira revelação cristã, o Es- piritismo a codificação da terceira revelação, e o Evangelho represen- ta a segunda, “a que brilha no cen- tro da tríade dessas revelações”, tendo na figura do Cristo o sol que ilumina as duas outras, uma como que “intervenção direta do Alto para a reorientação do pensamen- to terreno(Introdução ao Livro dos Espíritos, LAKE, 3 a edição, abril de 1966, págs. 11 e 12). De fato, é essa a ideia que co- lhemos na questão 625 d´ O Livro dos Espíritos: – Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? “Jesus.” Comentando a resposta dada à pergunta acima, Kardec escreveu: Jesus Súplica de Natal Carmen Cinira Senhor, tu que deixaste a rutilante esfera Em que reina a beleza e em que fulgura a glória, Acolhendo-te, humilde, à palha merencória Do mundo estranho e hostil em que a sombra ainda impera! Tu que por santo amor deixaste a primavera Da luz que te consagra o poder e a vitória, Enlaçando na Terra o inverno, a lama e a escória Dos que gemem na dor implacável e austera... Sustenta-me na volta à escura estrelaria Da carne que me espera em noite rude e fria, Para ensinar-me agora a senda do amor puro! E que eu possa em teu nome abraçar, renovada, A redentora cruz de minha nova estrada, Alcançando contigo a ascensão do futuro. (Extraído do livro “Antologia Mediúnica do Natal”, psicografado por Francisco Cândido Xavier.) Amaral Ornelas Reis, juízes, heróis, generais e tiranos, Entre o ouro e o poder, de vitória em vitória, Comandaram na Terra a vida transitória, Erguendo sobre o povo os braços soberanos. E passaram fremindo, arrojados e insanos, Ébrios de ostentação e famintos de glória, Detendo-se, porém, nos túmulos da História, Relegados à dor de cruéis desenganos. Mas o Cristo, na palha, humilde e pequenino, Traz consigo somente o Coração Divino, Na exaltação do bem que ilumina e socorre... E, brilhando por sol generoso e fecundo, Em todas as Nações que engrandecem o mundo É sempre o Excelso Rei do amor que nunca morre. (Extraído do livro “Antologia Mediúnica do Natal”, psicografado por Francisco Cândido Xavier.) O grande doador André Luiz Ele não era médico e levan- tou paralíticos e restaurou lepro- sos, usando o divino poder do amor. Não era advogado e elegeu- se o supremo defensor de todos os injustiçados do mundo. Não possuía fazendas e esta- beleceu novo reino na Terra. Não improvisava festas e con- solou os tristes e reergueu o bom ânimo das almas desesperadas. Não era professor consagrado e fez-se o Mestre da Evolução e do Aprimoramento da Humanidade. Não era Doutor da Lei e criou a universidade sublime do bem para todos os Espíritos de boa vontade. Padecendo amarguras – re- confortou a muitos. Tolerando aflições – semeou a fé e a coragem. Ferido – curou as chagas mo- rais do povo. Jesus é para o homem o tipo da perfeição moral a que pode aspirar a humanidade na Terra. Deu no-lo oferece como o mais perfeito mode- lo, e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, por- que ele estava animado do Espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu sobre a Terra”. O comentário de Kardec acerca de Jesus prosseguiu no seu livro Obras Póstumas, págs. 136 e se- guintes: “Jesus era um messias di- vino pelo duplo motivo de que de Deus é que tinha a sua missão e de que suas perfeições o punham em relação direta com Deus” (...). “Para que Jesus fosse igual a Deus, fora preciso que ele existis- se, como Deus, de toda a eterni- dade, isto é, que fosse incriado” (...). “Digamos que Jesus é filho de Deus, como todas as criaturas, que ele chama a Deus Pai, como nós aprendemos a tratá-lo de nos- so Pai. É o filho bem-amado de Deus, porque, tendo alcançado a perfeição, que aproxima de Deus a criatura, possui toda a confian- ça e toda a afeição de Deus”. O Natal traz-nos à mente o ad- vento do nascimento na Terra des- sa criatura admirável, a quem de- vemos tanto, e é por isso que esta página é inteiramente dedicada a ele e ao seu aniversário. Aiglon Fasolo ....................... 15 André Luiz ........................... 13 Angélica Reis ......................... 6 Claudia Rojas ......................... 3 Crônicas de Além-Mar ......... 12 De coração para coração ........ 4 Divaldo responde ................. 15 Editorial .................................. 2 Emmanuel .............................. 2 Entrevista com Edson Luís dos Santos Cardoso ..... 16 Espiritismo para as crianças .. 14 Estudando a série André Luiz .. 5 Eugênia Pickina ................... 13 Grandes vultos do Espiritismo .. 7 Histórias que nos ensinam ... 10 Jane Martins Vilela .............. 13 Joanna de Ângelis .................. 2 José Carlos Monteiro de Moura .......... 8 e 9 José Viana Gonçalves .......... 12 Luís Roberto Scholl ............. 15 Palestras, seminários e outros eventos ................... 11 Pedro Almeida Lobo ............ 12 Ainda nesta edição Supliciado – expediu a men- sagem do perdão e do amor, em todas as direções. Esquecido pelos mais amados – ensinou a fraternidade e o re- conhecimento. Vencido na cruz – revelou a vitória da vida eterna em plena e gloriosa ressurreição, renovando os destinos das nações e santifi- cando o caminho dos povos. Ele não era, portanto, rico e engrandeceu os celeiros dos sé- culos. Quem oferecer, assim, o co- ração, em homenagem ao Divi- no Amor na Terra, poderá, desse modo, no exemplo de Jesus, em- bora anônimo, aflito, apagado ou crucificado, atender à santifica- da colaboração com Deus, a be- nefício da Humanidade. (Extraído do livro “Antolo- gia Mediúnica do Natal”, psi- cografado por Francisco Cân- dido Xavier.)

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 57 Nº 670 Dezembro de 2009 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Allan Kardec

Jesus não veio destruir a lei, isto é, a leide Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-laao grau de adiantamento dos homens. Porisso é que se nos depara, nessa lei, o princí-pio dos deveres para com Deus e para como próximo, base da sua doutrina. Quanto àsleis de Moisés, propriamente ditas, ele, aocontrário, as modificou profundamente, querna substância, quer na forma. Combatendoconstantemente o abuso das práticas exteri-ores e as falsas interpretações, por mais ra-dical reforma não podia fazê-las passar, doque as reduzindo a esta única prescrição:“Amar a Deus acima de todas as coisas e opróximo como a si mesmo”, e acrescentan-do: aí estão a lei toda e os profetas.

Por estas palavras: “O céu e a Terranão passarão sem que tudo esteja cumpri-do até o último iota”, quis dizer Jesus sernecessário que a lei de Deus tivesse cum-primento integral, isto é, fosse praticada naTerra inteira, em toda a sua pureza, comtodas as suas ampliações e consequências.

Efetivamente, de que serviria haver sidopromulgada aquela lei, se ela devesse consti-tuir privilégio de alguns homens, ou, sequer,de um único povo? Sendo filhos de Deus to-dos os homens, todos, sem distinção nenhu-

O Cristoma, são objeto da mesma solicitude. Mas, opapel de Jesus não foi o de um simples legis-lador moralista, tendo por exclusiva autorida-de a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimentoàs profecias que lhe anunciaram o advento; aautoridade lhe vinha da natureza excepcionaldo seu Espírito e da sua missão divina.

Ele viera ensinar aos homens que a ver-dadeira vida não é a que transcorre na Terrae sim a que é vivida no reino dos céus; vieraensinar-lhes o caminho que a esse reino con-duz, os meios de eles se reconciliarem comDeus e de pressentirem esses meios na mar-cha das coisas por vir, para a realização dosdestinos humanos. Entretanto, não disse tudo,limitando-se, respeito a muitos pontos, a lan-çar o gérmen de verdades que, segundo elepróprio o declarou, ainda não podiam sercompreendidas. Falou de tudo, mas em ter-mos mais ou menos implícitos. Para ser apre-endido o sentido oculto de algumas palavrassuas, mister se fazia que novas ideias e no-vos conhecimentos lhes trouxessem a chaveindispensável, ideias que, porém, não podi-am surgir antes que o espírito humano hou-vesse alcançado um certo grau de madureza.A Ciência tinha de contribuir poderosamen-te para a eclosão e o desenvolvimento de taisideias. Importava, pois, dar à Ciência tempopara progredir. (O Evangelho segundo o Es-piritismo, cap. I, itens 3 e 4.)

O Natal traz-nos à menteJesus e seus ensinamentos

José Herculano Pires disse, cer-ta vez, que a Bíblia é a codificaçãoda primeira revelação cristã, o Es-piritismo a codificação da terceirarevelação, e o Evangelho represen-ta a segunda, “a que brilha no cen-tro da tríade dessas revelações”,tendo na figura do Cristo o sol queilumina as duas outras, uma comoque “intervenção direta do Altopara a reorientação do pensamen-to terreno” (Introdução ao Livrodos Espíritos, LAKE, 3a edição,abril de 1966, págs. 11 e 12).

De fato, é essa a ideia que co-lhemos na questão 625 d´ O Livrodos Espíritos: – Qual o tipo maisperfeito que Deus tem oferecidoao homem, para lhe servir de guiae modelo? “Jesus.”

Comentando a resposta dada àpergunta acima, Kardec escreveu:

Jesus Súplica de NatalCarmen Cinira

Senhor, tu que deixastea rutilante esfera

Em que reina a beleza e emque fulgura a glória,

Acolhendo-te, humilde,à palha merencória

Do mundo estranho e hostilem que a sombra ainda impera!

Tu que por santo amordeixaste a primavera

Da luz que te consagrao poder e a vitória,

Enlaçando na Terra o inverno,a lama e a escória

Dos que gemem na dorimplacável e austera...

Sustenta-me na volta à escura estrelariaDa carne que me espera

em noite rude e fria,Para ensinar-me agora a

senda do amor puro!

E que eu possa em teunome abraçar, renovada,

A redentora cruz de minha nova estrada,Alcançando contigo aascensão do futuro.

(Extraído do livro “AntologiaMediúnica do Natal”, psicografado

por Francisco Cândido Xavier.)

Amaral Ornelas

Reis, juízes, heróis, generais e tiranos,Entre o ouro e o poder,de vitória em vitória,

Comandaram na Terra avida transitória,

Erguendo sobre o povoos braços soberanos.

E passaram fremindo,arrojados e insanos,

Ébrios de ostentação efamintos de glória,

Detendo-se, porém, nostúmulos da História,

Relegados à dor de cruéis desenganos.

Mas o Cristo, na palha,humilde e pequenino,Traz consigo somente

o Coração Divino,Na exaltação do bem

que ilumina e socorre...

E, brilhando por solgeneroso e fecundo,Em todas as Nações

que engrandecem o mundoÉ sempre o Excelso Rei

do amor que nunca morre.

(Extraído do livro “AntologiaMediúnica do Natal”, psicografado

por Francisco Cândido Xavier.)

O grande doadorAndré Luiz

Ele não era médico e levan-

tou paralíticos e restaurou lepro-sos, usando o divino poder doamor.

Não era advogado e elegeu-se o supremo defensor de todosos injustiçados do mundo.

Não possuía fazendas e esta-beleceu novo reino na Terra.

Não improvisava festas e con-solou os tristes e reergueu o bomânimo das almas desesperadas.

Não era professor consagradoe fez-se o Mestre da Evolução e doAprimoramento da Humanidade.

Não era Doutor da Lei e crioua universidade sublime do bempara todos os Espíritos de boavontade.

Padecendo amarguras – re-confortou a muitos.

Tolerando aflições – semeoua fé e a coragem.

Ferido – curou as chagas mo-rais do povo.

“Jesus é para o homem o tipo daperfeição moral a que pode aspirara humanidade na Terra. Deu no-looferece como o mais perfeito mode-lo, e a doutrina que ele ensinou é amais pura expressão de sua lei, por-que ele estava animado do Espíritodivino e foi o ser mais puro que jáapareceu sobre a Terra”.

O comentário de Kardec acercade Jesus prosseguiu no seu livroObras Póstumas, págs. 136 e se-guintes: “Jesus era um messias di-vino pelo duplo motivo de que de

Deus é que tinha a sua missão ede que suas perfeições o punhamem relação direta com Deus” (...).“Para que Jesus fosse igual aDeus, fora preciso que ele existis-se, como Deus, de toda a eterni-dade, isto é, que fosse incriado”(...). “Digamos que Jesus é filhode Deus, como todas as criaturas,que ele chama a Deus Pai, comonós aprendemos a tratá-lo de nos-so Pai. É o filho bem-amado deDeus, porque, tendo alcançado aperfeição, que aproxima de Deusa criatura, possui toda a confian-ça e toda a afeição de Deus”.

O Natal traz-nos à mente o ad-vento do nascimento na Terra des-sa criatura admirável, a quem de-vemos tanto, e é por isso que estapágina é inteiramente dedicada aele e ao seu aniversário.

Aiglon Fasolo ....................... 15André Luiz ........................... 13Angélica Reis ......................... 6Claudia Rojas ......................... 3Crônicas de Além-Mar ......... 12De coração para coração ........ 4Divaldo responde ................. 15Editorial .................................. 2Emmanuel .............................. 2Entrevista com EdsonLuís dos Santos Cardoso ..... 16Espiritismo para as crianças .. 14Estudando a série André Luiz .. 5Eugênia Pickina ................... 13Grandes vultos do Espiritismo .. 7Histórias que nos ensinam ... 10Jane Martins Vilela .............. 13Joanna de Ângelis .................. 2José CarlosMonteiro de Moura .......... 8 e 9José Viana Gonçalves .......... 12Luís Roberto Scholl ............. 15Palestras, semináriose outros eventos ................... 11Pedro Almeida Lobo ............ 12

Aindanesta ediçãoSupliciado – expediu a men-

sagem do perdão e do amor, emtodas as direções.

Esquecido pelos mais amados– ensinou a fraternidade e o re-conhecimento.

Vencido na cruz – revelou avitória da vida eterna em plena egloriosa ressurreição, renovandoos destinos das nações e santifi-cando o caminho dos povos.

Ele não era, portanto, rico eengrandeceu os celeiros dos sé-culos.

Quem oferecer, assim, o co-ração, em homenagem ao Divi-no Amor na Terra, poderá, dessemodo, no exemplo de Jesus, em-bora anônimo, aflito, apagado oucrucificado, atender à santifica-da colaboração com Deus, a be-nefício da Humanidade.

(Extraído do livro “Antolo-gia Mediúnica do Natal”, psi-cografado por Francisco Cân-dido Xavier.)

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O IMORTALPÁGINA 2 DEZEMBRO/2009

EditorialEMMANUEL

O que é interessante no Natal éa mensagem associada à data quese representa em cada povo, mes-mo entre os não-cristãos.

Paz, esperança, renovação eamor – eis os característicos uni-versais ligados à imagem do Me-nino Jesus descansando na manje-doura. E nós, espíritas, sabemosque a psicosfera do planeta setransforma a cada Natal, o quemostra que essas ideias se esprai-am em todos os continentes, emquase todos os povos.

A paz que o Natal nos propõe éuma paz serena, semelhante à queadvém da consciência tranquila edo dever cumprido.

É uma paz que nos permite re-frear nossas manifestações acalo-radas decorrentes de pura irrefle-xão. É uma paz que, exatamentedevido a isso, modifica, ao menosum pouco, o comportamento doshomens, porque tudo respira pazquando se aproxima o dia do Se-nhor, de tal modo que os homensem geral são, nessa ocasião, maiscordiais e atenciosos, menos ansi-osos e precipitados.

A esperança, uma das virtudesteologais, faz-se também presentenos corações humanos por ocasião

A inquietação, vez que ou-tra, apresenta-se, inesperada-mente, e toma corpo, terminan-do por gerar desconforto e de-pressão. Aparece como dúvidaou suspeita e ganha forma, pas-sando por diferentes fases, atécontrolar a emotividade que setranstorna, levando a estadosgraves.

Aqui, se apresenta na condi-ção de medo em relação ao futu-ro. Ali, se expressa em forma de

Obsessor, em sinonímia correta,quer dizer “aquele que importuna”.

E “aquele que importuna” é, quasesempre, alguém que nos participou a con-vivência profunda, no caminho do erro,a voltar-se contra nós, quando estejamosprocurando a retificação necessária.

No procedimento de semelhantecriatura, a antipatia com que nos se-gue é semelhante ao vinho do aplausoconvertido no vinagre da critica.

Daí, a necessidade de paciênciaconstante para que se lhe regenerem asatitudes.

*Considerando, desse modo, que o

presente continua o pretérito, encontra-mos obsessores reencarnados, na ex-periência mais íntima.

Muitas vezes, estão rotulados combelos nomes.

Vestem roupa carnal e chamam-sepai ou mãe, esposo ou esposa, filhosou companheiros familiares na lareiradoméstica.

Em algumas ocasiões, surgem paraos outros na apresentação de santos,sendo para nós benemerentes verdugos.

Sorriem e ajudam na presença deestranhos e, a sós conosco, dilacerame pisam, atendendo, sem perceberem,ao nosso burilamento.

E, na mesma pauta, surpreendemosdesafetos desencarnados que nos par-tilham a faixa mental, induzindo-nos àcriminalidade em que ainda persistem.

Espreitam-nos a estrada, à feição decúmplices do mal, inconformados como nosso anseio de reajuste, recompon-

Nataldo Natal e nos dias que o precedem.Irmã da fé e da caridade, a esperan-ça é, como sabemos, a profunda es-pera de algo melhor, de justiça, debondade, de amor entre os homens.

Renovação é outro sentimentoligado às comemorações do dia doSenhor, isso porque o próprio nas-cimento de uma criança remete àideia de renovação. E o nascimen-to de Jesus está relacionado a umarenovação sublime, capaz de sal-var o homem da materialidade domundo e de renová-lo para o beme para o comprometimento com osobjetivos maiores da reencarnação.

A mensagem trazida por Jesusé um convite permanente à reno-vação. E, para tanto, o Senhorpede-nos apenas que tomemos anossa cruz e o sigamos.

Ora, tomar a cruz é responsa-bilizar-nos pelos nossos própriosatos, não apenas os atos presentesmas também os atos passados, que,de acordo com a lei de causa e efei-to, apresentar-nos-ão no momentodevido a sua conta.

Seguir os passos do Mestre sig-nifica fazer a vontade do Pai, a qualse expressa na lei do amor – amora Deus e amor ao próximo.

O quarto sentimento a que nos

referimos é o do amor ou da cari-dade. Caridade significa amor deirmão ou amor fraterno. Trata-sede outra virtude teologal, que se-ria, na concepção de Paulo deTarso, a maior das virtudes, umavez que é a caridade, ou o amor,que mostra, na prática, se temosrealmente fé e esperança.

Inspirando tais sentimentos econcitando-nos à paz, não admiraque por ocasião do Natal diminu-am as rixas domésticas e os desen-tendimentos entre as pessoas, aotempo em que os homens nos pa-recem mais compreensivos e soli-dários, o que se reflete nas campa-nhas de ajuda às instituições quebuscam amenizar de alguma for-ma as agruras dos mais carentes.

Que este Natal seja, assim, re-pleto de bons sentimentos e que ochamado espírito do Natal se ma-nifeste nas consciências e nos tra-ga paz nas atitudes, renovação doshábitos, esperança num futuromelhor e amor, muito amor, quetransborde dos corações e se ma-terialize em atos que concorramefetivamente para a construção deum mundo melhor.

Feliz Natal e paz para todos, eisos nossos sinceros votos!

Um minuto com Joanna de Ângelisfrustração, diante do que não foilogrado. Acolá, se manifestacomo um dissabor qualquer, mui-to natural, aliás, em todas as vi-das.

Há momentos em que se esta-belece como conflito, inspirandorebeldia e agressividade. Noutrasocasiões, ei-la em forma de des-conforto íntimo e necessidade detudo abandonar...

*No turbilhão da vida hodierna

Obsessoresdo, de mil modos diferentes, as ciladasde sombra em que venhamos a cair, parareabsorver-lhes a ilusão ou a loucura.

*Recebe, pois, os irmãos do desali-

nho moral de ontem com espírito depaz e de entendimento.

Acusá-los seria o mesmo que alar-gar-lhes a ulceração com novos golpes.

Crivá-los de reprimendas expres-saria indução lamentável a que se des-mereçam ainda mais.

Revidar-lhes a crueldade significa-ria comprometer-nos em culpas maiores.

Condená-los é o mesmo que amal-diçoar a nós mesmos, de vez que nosacompanham os passos, atraídos pelasnossas imperfeições.

Aceita-lhes injúria e remoque, vi-olência e desprezo, de ânimo sereno,silenciando e servindo.

Nem brasa de censura, nem fel dereprovação.

Obsessores visíveis e invisíveis sãonossas próprias obras, espinheirosplantados por nossas mãos.

Endereça-lhes, assim, a boa pala-vra ou o bom pensamento, sempre quepreciso, mas não lhes negues paciên-cia e trabalho, amor e sacrifício, por-que só a força do exemplo nobre le-vanta e reedifica, ante o Sol do futuro.

JOANNA DE ÂNGELIS,mentora espiritual de Divaldo P.Franco, é autora, entre outros li-vros, de Episódios Diários, doqual foi extraído o texto acima.

em face do intercâmbio psíquiconas faixas da psicosfera doentiaque grassa, é muito difícil a manu-tenção de um estado de equilíbriouniforme. A inquietação, porém,constante, deve merecer maisacurada atenção, a fim de ser de-belada.

Não lhe dês guarida, dialo-gando com as insinuações de quese faz objeto. Evita as digressõesmentais pessimistas e não te de-tenhas nas conjecturas malicio-sas.

Ninguém a salvo desses mo-mentos difíceis. Todavia, todos têmo dever de superá-los e avançarconfiantes nos resultados opimosdas ações encetadas. Assim, agesempre com correção e não serásvítima de inquietações desgastan-tes.

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EMMANUEL, que foi o mentor es-piritual de Francisco Cândido Xavier ecoordenador da obra mediúnica do sau-doso médium mineiro, é autor, entre ou-tros livros, de Seara dos Médiuns, doqual foi extraído o texto acima.

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O IMORTALDEZEMBRO/2009 PÁGINA 3

Realizou-se nos dias 21 e 22 denovembro o 11º ENDESP – Encon-tro de Dirigentes Espíritas, promo-vido pela Inter-Regional Noroeste,composta pelas Uniões RegionaisEspíritas de Umuarama, Paranavaí,Campo Mourão e Maringá.

Desta feita o ENDESP aconte-ceu nas dependências do HotelDeville, na cidade de Maringá e,como vem ocorrendo nas últimasedições, contou com a presença deCosme Massi como coordenador.

Já na manhã do dia 21 chega-vam a Maringá espíritas de diver-sas cidades abrangidas pela inter-regional realizadora do evento, ani-mados pelo reencontro com amigosque de longa data participam doevento e pelos momentos próximosde estudo, que contou também coma presença de Francisco Ferraz Ba-tista, na qualidade de presidente daFederação Espírita do Paraná.

Os seminários tiveram comobase os textos “O Passamento”, daobra O Céu e o Inferno; “A virtu-de”, da obra O Evangelho segundoo Espiritismo; “As Virtudes e osVícios”, da obra O Livro dos Espí-ritos; “A Lei de Amor”, da obra OEvangelho segundo o Espiritismo.

No início da tarde de sábado,21, Cosme Massi introduziu o as-sunto discorrendo acerca do texto“O Passamento”, no qual AllanKardec expõe em que consiste opassamento, passando a estabeleceras causas do fenômeno da sensaçãodolorosa e do fenômeno da pertur-bação, sendo aquela mais ligada aocorpo e esta ao estado mental.

A certeza da vida futuranão exclui a apreensão

quanto à morte

O Codificador trata do passamen-to como sendo uma passagem, umadistância que separa dois pontos ediscorre como se dá a passagem do

CLAUDIA ROJAS [email protected]

De Curitiba

Maringá sedia mais um Encontro de Dirigentes Espíritas

corpo interfere na alma e o que ocor-re na alma interfere no corpo. É comoum balão preso ao poste, o vento sa-code o balão e o poste balança.

Após definir o que é a sensação,que a sensação ocorre na alma, que háuma ligação estreita entre a alma e ocorpo, começa a discorrer sobre o ta-manho da passagem, que nunca é brus-ca. Apenas para um Espírito muitoevoluído a passagem seria curta.

Depende apenas de cadapessoa a qualidade de

vida após a morte

Conforme a circunstância, a dorpode ser mais ou menos penosa e temsempre dois elementos ligados: du-ração e intensidade, sendo que noitem 5 encontra-se a síntese do quecausa a sensação dolorosa. Confor-me se extrai do texto, o sofrimentoque acompanha a morte está subor-dinado à força adesiva que une o cor-po ao perispírito. Quanto mais virtu-oso o indivíduo, menor será a forçade adesão. É a virtude, portanto, queestabelece a força de adesão. Obser-va Cosme Massi que isso dá à éticaforça científica nunca antes dada.

Coordenado por Cosme Massi, o XI ENDESP reuniu espíritas de diversas localidades abrangidas por quatro Uniões Regionais Espíritas

Assim, depende apenas de cadaum a qualidade de vida após a mortee a passagem. A dor é mera consequ-ência natural das ações, das escolhas,não um castigo. Para melhor compre-ensão, traça um paralelo com quemtoma um ácido ao invés de água. Apessoa terá o estômago corroído, nãopor castigo, mas como consequêncianatural do seu ato, de sua escolha.

Destaca o item 15 do texto, queoferece o analgésico, do qual se ex-trai que o Espiritismo “dá a mais, ea cada um, os meios de auxiliar odesprendimento dos outros Espíritosao deixarem o invólucro material,abreviando-lhes a perturbação pelaevocação e pela prece”. Destaca ain-da que, se pode aplicar o analgésicoaos outros, também é possível a apli-cação para si mesmo.

Passa então à questão 893 e se-guintes de O Livro dos Espíritos, quetratam das virtudes e os vícios.

Só não há virtude em quem não seesforça em domar as más inclinações

Pontua primeiramente que existemdois conceitos de virtudes, uma paraos Espíritos imperfeitos e outra para

plano corporal ao mundo espiritual equal a contribuição do Espiritismo paraque a sensação dolorosa e a perturba-ção espiritual sejam minimizadas.

A certeza da vida futura não ex-clui a apreensão quanto à passagem,preocupação que faz sentido. O Es-piritismo, sendo uma ciência, traba-lha com a verdade, sem ilusões. Sa-bendo da verdade, as pessoas podemse preparar para ela, já que dela nãose pode escapar.

Cosme Massi destaca ainda queno item dois Kardec fala do métodoque usa, a teoria espírita e ao mesmotempo o laboratório, como se vê dostextos que são resultado da experiên-cia, em que os Espíritos narram assuas passagens. Afirma que algo queocorre no físico interfere na alma, masé a alma e não o corpo que sofre: esteé mero veículo. Após a morte, sepa-rada a alma do corpo, este pode serimpunemente mutilado que aquelanada sentirá. Isso quando a separa-ção está concluída, absolutamentecompleta, quando já se concluiu apassagem. Porém, para alguns a pas-sagem tem quilômetros, para outroscentímetros ou metros. Enquanto nãose sai da passagem, o que ocorre no

quem já não mais tem maus pendo-res. Há virtude no processo e no ter-mo do processo. Uma forma de vir-tude é resistir aos maus pendores,mas há também outras formas de vir-tude. Conforme Kant, a condutapode ser boa, mas nem toda condu-ta boa é moral, é ética. A conduta édesinteressada quando se faz inde-pendente de qualquer resultado. Fa-zer o bem, por exemplo, é algo quese deve porque é o correto. Só nãohá virtude naquele que não se esfor-ça em domar as más inclinações.Embora alguns filósofos consideremvirtude somente quando é espontâ-nea, Allan Kardec considera que elaexiste sempre que houver resistên-cia voluntária ao arrastamento dosmaus pendores. É assim que a per-fectibilidade se processa.

O sentimento é que define anatureza moral do homem. Se anatureza moral é boa, não tem deonde brotar coisas ruins. Consoan-te se extrai do texto A Lei de Amor,“os sentimentos são os instintoselevados à altura do progresso fei-to”. Aprende-se a amar reencarnan-do-se em diversos contextos. É areencarnação que propicia atingira meta do amor incondicional.

Instando dessa maneira os par-ticipantes à reflexão e à melhoriaíntima, Cosme Massi encerroumais um ENDESP, convidandotodos a seguirem estudando comAllan Kardec, sendo aplaudido empé por todos os participantes numademonstração de gratidão peloaprofundado estudo propiciado esua dedicação à divulgação sériada Doutrina Espírita, sempre am-parada nas obras de Allan Kardec.

Cosme Massi durante sua fala Francisco Ferraz (à esq.) também se fez presente

Aspecto parcial do público presente Outro flagrante do público

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O IMORTALPÁGINA 4 DEZEMBRO/2009

De coração para coração

Os fenômenos cujos estudos resul-taram na estruturação da Doutrina Es-pírita não eclodiram apenas numa de-terminada data. As interferências dasforças exteriores inteligentes têm ocor-rido desde tempos imemoriais, duran-te todo o curso da História até o ad-vento da 3a Revelação no Ocidente.Podemos, então, dizer que o Espiritis-mo, enquanto fenômeno, sempre exis-tiu, embora como doutrina tenha sur-gido somente a partir da publicação d’O Livro dos Espíritos, obra publicadapor Allan Kardec em 18/4/1857.

Os fatos atinentes às revelaçõesdos Espíritos, ou seja, os fenômenosmediúnicos, remontam à mais remotaantiguidade, sendo tão velhos quantoo nosso mundo, porque ocorreram emtodos os tempos e no seio de todos ospovos. A História está, a esse respeito,pontilhada de tais ocorrências e a Bí-blia mesma nos mostra Saul conver-sando com o Espírito de Samuel e Je-sus recepcionando as visitas dos Espí-ritos de Elias e Moisés materializados.

As evocações dos Espíritos, comonós as conhecemos, não se situaramapenas entre os povos do Ocidente,ocorrendo com larga frequência noOriente, como se observa dos relatosdo Código dos Vedas e do Código deManu.

Afirma Louis Jacolliot que, em

épocas bastante recuadas no tempo, ospadres iniciados nos mosteiros prepa-ravam os faquires para evocação dosmortos, com a obtenção dos mais no-táveis fenômenos.

O missionário Huc refere-se agrande número de experiências de co-municações com os mortos registradasna China.

O apóstolo Paulo, em suas cartas,reconhecia a prática dessas manifes-tações entre os cristãos primitivos,como podemos ver nos textos seguin-tes:

“Segui o amor, e procurai com zeloos dons espirituais, mas principalmen-te o de profetizar. Porque o que falaem outra língua não fala aos homens,senão a Deus; porque ninguém o en-tende, e em espírito fala de mistérios.Mas o que profetiza fala aos homens,para edificação, exortação e consola-ção” (I Coríntios, 14:1 a 3);

“Não extingais o Espírito. Nãodesprezeis as profecias. Examinaitudo. Retende o bem” (ITessalonicenses, 5:19 a 21).

João evangelista também se refe-ria às manifestações espirituais ealertava quanto à necessidade do exa-me dessas comunicações:

“Amados, não creais em todo es-pírito, mas provai se os espíritos sãode Deus, porque já muitos falsos pro-

fetas se têm levantado no mundo” (IJoão, 4:1 e 2).

Na Idade Média destaca-se a figu-ra admirável de Joana d’Arc, a grandemédium, que se recusou a renegar asvozes espirituais e por isso foisupliciada e levada à fogueira.

É, porém, nas décadas mais próxi-mas que podemos situar melhor a faseprecursora do Espiritismo, oConsolador prometido por Jesus. Adiferença entre os fatos desta últimafase e os fenômenos de antiguidadeestá em que, como bem acentuouArthur Conan Doyle, estes eram espo-rádicos, não obedeciam a umasequência metódica, enquanto os fenô-menos da era moderna “têm as carac-terísticas de uma invasão organizada”(História do Espiritismo, pág. 33).

Vamos encontrar nessa fase, naSuécia, o sensitivo EmmanuelSwedenborg, engenheiro militar, auto-ridade em Física e em Astronomia,zoologista e anatomista, financista epolítico, além de insigne teólogo, do-tado de largo potencial de forças psí-quicas.

Os fenômenos tiveram início emsua infância, mas, ampliando-se numacontinuidade que se prolongou até amorte, suas faculdades manifestaram-se com maior intensidade a partir deabril de 1744. Desde então – afirmou

Os fatos espíritas são tão antigos quanto o mundo

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected] Londrina

Swedenborg – “o Senhor abria os olhosde meu Espírito para ver, perfeitamentedesperto, o que se passava no outromundo e para conversar, em plenaconsciência, com anjos e Espíritos”.

Outro notável precursor, digno demenção, foi Franz Anton Mesmer(Iznang, 23 de maio de 1734 –Meesburg, 5 de março de 1815), mé-dico e descobridor do magnetismocurador. Em 1775, Mesmer reconhe-ceu o poder da cura mediante a aplica-ção das mãos. Acreditava ele que pornossos corpos transitam fluidoscuradores, preparando o caminho parao Hipnotismo de Marquês de Puységur.Os passes magnéticos, que se popula-rizaram graças a Mesmer, acabaramassimilados pelo Espiritismo, tornan-do-se um dos fatores mais importan-tes de atração das pessoas que buscamajuda nas instituições espíritas.

Fenômenos também dignos de re-

gistro ocorreram nos Estados Unidoscom Andrew Jackson Davis, magnífi-co sensitivo que viveu entre 1826 e1910 e foi considerado por ArthurConan Doyle como o profeta da NovaRevelação. Os poderes psíquicos deDavis começaram em sua infância,quando ele ouvia vozes de Espíritosque lhe davam conselhos. À clarivi-dência seguiu-se a clariaudiência. Cer-ta vez, em 6 de março de 1844, Davisfoi tomado por uma força que o trans-portou da pequena cidade onde resi-dia até as montanhas de Catskill, dis-tante mais de 60 km de sua casa.

O surgimento do Espiritismo foi,aliás, predito por Davis em seu livro“Princípios da Natureza”, publicado em1847, um ano antes do advento dos fe-nômenos de Hydesville. Conan Doyleassevera que o papel de Davis foi a pre-paração do terreno, antes que se inici-asse a revelação propriamente dita.

Em vez de “senão”, devemosusar as palavras “se não” quandoo “se” tiver uma função própria eo objetivo do “não” é tornar nega-tiva a proposição.

Há quatro hipóteses:1.) o “se” é índice de indetermina-ção do sujeito.2.) o “se” é um pronome reflexivoou apassivador.3.) o “se” é uma conjunção condi-cional.4.) o “se” é uma conjunção integrante.

Exemplos:1º caso: índice de indetermina-

ção do sujeito.• Lá é um lugar onde se não viveem paz.

2º caso: pronome reflexivo ouapassivador.• A ordem é para que se não arqui-vem os processos.• Há anedotas que se não contam acrianças.

3º caso: conjunção condicional.• Avisarei seu irmão se não chegara encomenda.

Pílulas gramaticais• Eu teria ido à festa se não tivessechovido.

4º caso: conjunção integrante.• Meu pai me perguntou se nãogostei do presente.• Ele fez os cálculos e me indagouse não havia acertado.

Observe-se em todos os exem-plos acima que a palavra “não”pode ser retirada e o “se” continuada mesma forma, alterando-se, ob-viamente, o sentido da proposição.

* Há, por fim, um caso em que

os especialistas entendem corretotanto o uso de “senão” como o daspalavras “se não”. Isso ocorrequando na frase há alternativa, in-certeza, imprecisão.

Exemplos:• Vou comprar dois terrenos, senão três.• Vou comprar dois terrenos, se nãotrês.• Compareceu a maioria dos con-vidados, senão todos.• Compareceu a maioria dos con-vidados, se não todos.

Um jovem simpatizante do Es-piritismo enviou-nos a seguinte per-gunta: – Supondo que eu perca umente querido e ele reencarne após 5anos, ao reencarnar não terá ele aaparência de quando era meu entequerido e sim terá uma nova apa-rência da matéria. Correto? Quan-do morremos, dizem que entes que-ridos estarão no outro lado para nosreceber. Esses que já reencarnaramnão estarão lá mais? E nunca maisteremos contato com eles com aque-la aparência por nós conhecida?

Os seres que se amam jamaiscortam suas relações mútuas. O pe-

do desencarnados, preferem a formana qual eles mais se aproximaram doCriador e de suas leis, forma essa queeles podem modificar a seu bel-pra-zer sempre que houver razões paraisso. A necessidade de identificaçãoseria uma dessas razões.

Ademais, ficou comprovadopor cientistas europeus, já no finaldo século XIX, que a regressão damemória a um momento do passa-do faz com que se reproduza nãosó o estado psicológico, mas tam-bém o estado fisiológico da pes-soa, do qual a aparência exterior éum dos componentes.

O Espiritismo responderíodo do sono serve, justamente,para que esses encontros se façamentre os que momentaneamente es-tejam em planos diferentes.

Na obra “Nosso Lar”, André Luizrefere o caso de Ricardo, esposo deLaura, já reencarnado, que aos 3 anosde idade, no período do sono, mani-festou-se à esposa e aos filhos com aaparência anterior, de homem madu-ro, não como uma criancinha.

Digamos que a aparência exte-rior dos corpos material e espiritu-al, utilizados pelos Espíritos, funci-one como mero disfarce.

Sabemos que os Espíritos, quan-

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O IMORTALDEZEMBRO/2009 PÁGINA 5

R.: A casa de Laura, mãe deLísias, era bem graciosa. Cercadade colorido jardim e dotada de umambiente simples e acolhedor, pos-suía móveis quase idênticos aosterrestres, alguns quadros de subli-me significação espiritual e um pi-ano de grandes proporções, sobreo qual repousava grande harpa ta-lhada em linhas nobres e delicadas.Nela moravam, além de Lísias,duas filhas, Iolanda e Judite, e umaneta, Eloísa. (Nosso Lar, cap. 17,págs. 96 a 99.)

Texto para leitura

40. Bônus-hora – Definido porAndré Luiz como sendo uma es-pécie de ponto relativo a cada horade serviço em benefício da comu-nidade, o bônus-hora exerce navida em “Nosso Lar” um papelimportante. O caso da mulher que,depois de seis anos em “NossoLar”, só apresentava 304 bônus-hora, é nesse sentido expressivo.Ela queria ajudar os filhos encar-nados na Terra, mas lhe faltavamcondições efetivas e méritos, por-que todos os serviços que Clarên-cio lhe sugerira foram por ela re-cusados. Tendo preferido, ao tra-balho, o descanso nos Campos deRepouso, faltavam-lhe agora bô-nus-hora suficientes para interce-der pelos parentes. (Cap. 13, pp. 76a 78)

41. O fracasso como médico –André Luiz quis trabalhar comomédico na colônia, mas teve deouvir de Clarêncio duras observa-ções sobre as facilidades que tevena Terra e seu fracasso na medici-na. Sua ação equivocada na Terranão lhe dava, pois, o direito de plei-tear a mesma função na colônia.(Cap. 14, pp. 81 e 82)

42. A oportunidade de seraprendiz – Clarêncio recordou-lhe,porém, que nos quinze anos de clí-nica ele havia proporcionado recei-tuário gratuito a mais de seis milnecessitados e que 15 dentre osbeneficiados oravam a seu favor.Tais solicitações, acrescidas da in-tercessão de sua mãe, colaborarampara que ele fosse admitido no tra-

Continuamos a apresentar otexto condensado da obra “NossoLar”, de André Luiz, psicografadapelo médium Francisco CândidoXavier e publicada pela editora daFederação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Que é bônus-hora e paraque serve ele?

R.: O bônus-hora foi definidopor André Luiz como sendo umaespécie de ponto relativo a cadahora de serviço em benefício dacomunidade. O bônus-hora exer-ce na vida em “Nosso Lar” umpapel importante. Além de permi-tir a aquisição de certas utilidadesnecessárias aos habitantes da co-lônia, constitui um cabedal impor-tante indispensável aos que neces-sitam interceder pelos familiares.(Nosso Lar, cap. 13, págs. 76 a 78.)

B. Em que condições Andrépassou a trabalhar em “NossoLar”?

R.: Ele foi admitido no traba-lho, não como médico, que fora naúltima existência na Terra, mascomo aprendiz, e isso graças à in-tercessão de sua mãe e às precesdas pessoas que ele, como médi-co, ajudara na existência recém-finda. (Nosso Lar, cap. 14, págs.81 a 84)

C. Que destino teve no planoespiritual a família de André?

R.: A mãe e sua irmã Luísa, quedesencarnara quando André eracriança, estavam muito bem, masseu pai, Laerte, se encontrava ha-via doze anos no Umbral, envol-vido mentalmente por duas des-venturadas criaturas, a quem fize-ra muitas promessas na Terra. Deigual forma, encontravam-se tam-bém no Umbral suas irmãs Clara ePriscila. (Nosso Lar, cap. 16, págs.91 e 92.)

D. Como era a casa de Laurae quem morava ali?

balho, não como médico, mascomo aprendiz. Ao ouvir essas pa-lavras, pela primeira vez AndréLuiz chorou de alegria na colôniaque o abrigara. (Cap. 14, pp. 83 e84)

43. O encontro com a mãe –Olhos arregalados de alegria,André viu enfim sua mãe entrar emseu quarto, de braços estendidos.Abraços, beijos, os mais sagradostransportes de ventura espiritual,misturados a lágrimas de mãe e fi-lho, envolveram a ambos. Depoisde conversarem bastante, ela, ajei-tando sua fronte em seus joelhos,afagou-o de leve, confortando-o àluz de santas recordações. A pre-sença maternal constituía paraAndré infinito reconforto para ocoração. Vendo, porém, que elemanifestava vontade de queixar-sede seus sofrimentos, ela não dei-xou e pediu-lhe que mudasse a ati-tude mental. Suas palavras o des-pertaram... Parecia que fluidos vi-gorosos, partidos do sentimentomaterno, vitalizavam-lhe o cora-ção. (Cap. 15, pp. 86 e 87)

44. A família – A mãe falou-lhe de seu pai, Laerte, que se en-contrava há doze anos no Umbral,envolvido mentalmente por duasdesventuradas criaturas, a quem fi-zera muitas promessas na Terra.Laerte não conseguia vê-la quan-do o visitava. Tendo gasto muitosanos a fingir, viciara de tal modo avisão espiritual e restringira o pa-drão vibratório, que agora se acha-va só em companhia das relaçõesque cultivara irrefletidamente, pelamente e pelo coração. As irmãsClara e Priscila também viviam noUmbral, agarradas à crosta da Ter-ra. Apenas Luísa, que desencarnouquando André era pequeno, a au-xiliava no amparo à família. (Cap.

16, pp. 91 e 92)

45. A casa de Laura – Admiti-do como aprendiz em “Nosso Lar”,após receber alta do tratamentoministrado pelo médico Henriquede Luna, André foi convidado amorar em casa de Laura, mãe doseu amigo Lísias. Uma pequenacaderneta, entregue por Clarêncio,lhe daria direito de ingressar, du-rante um ano, nos Ministérios doAuxílio, da Regeneração, da Co-municação e do Esclarecimento. Acasa de Laura era bem graciosa ecercada de colorido jardim. Ambi-ente simples e acolhedor, possuíamóveis quase idênticos aos terres-tres, quadros de sublime significa-ção espiritual e um piano de gran-des proporções, sobre o qual repou-sava grande harpa talhada em li-nhas nobres e delicadas. Laura vi-vera em antiga cidade do Estadodo Rio de Janeiro e na casa mora-vam, além de Lísias, duas filhas,Iolanda e Judite, e uma neta, Eloísa.(Cap. 17, pp. 96 e 97)

46. Livros e música – Iolandamostrou a André livros maravilho-sos. A arte fotográfica naquele pla-no surpreendeu-o muito. Um gran-de aparelho irradiava música sua-ve. Era o louvor do momento cre-puscular. No fundo surgiu o mes-mo quadro da Governadoria, queele não se cansava de contemplartodas as tardes, no parque hospita-lar. (Cap. 17, pp. 98 e 99)

47. Hora da refeição – Após aoração, Laura serviu um caldo re-confortante e frutas perfumadas,que mais pareciam concentrados defluidos deliciosos. Explicou-se en-tão que todos os Ministérios em“Nosso Lar” valiam-se da alimen-tação, diferindo apenas a feiçãosubstancial. Na Comunicação e no

MARCELO BORELA DEOLIVEIRA

[email protected] Londrina

Esclarecimento havia enorme dis-pêndio de frutos. Na Elevação, oconsumo de sucos e concentradosnão era pequeno. E na União Di-vina, os fenômenos de alimenta-ção atingiam o inimaginável. (Cap.18, pp. 100 e 101)

48. A neta desencarnada –Eloísa, neta de Laura, desencarna-da há poucos dias, estava ainda emprocesso de recuperação, visto queviera do Umbral, onde estivera porquinze dias, diretamente para acasa de Laura. Ela alimentava-sea sós, porquanto continuava ner-vosa e abatida. Laura explicou aAndré que não se deve trazer àmesa qualquer pessoa que se ma-nifeste perturbada ou desgostosa.A neurastenia e a inquietação emi-tem fluidos pesados e venenosos,que se misturam automaticamenteaos alimentos. A neta chorava ain-da muito e Laura lhe dava conse-lhos diretos e muito francos sobreo noivo que ficara e que já estavanamorando Maria da Luz, amigade Eloísa. (Cap. 19, pp. 107 a 109)

Frases e apontamentosimportantes

LXXIV. Em família, isolamo-nos frequentemente no cadinho dosangue e esquecemos o resto dasobrigações. Vivemos distraídosdos verdadeiros princípios de fra-ternidade. (Lísias, cap. 23, pág.128)

LXXV. Tal como na Terra, em“Nosso Lar” os que se afinam per-feitamente entre si podem permutarpensamentos, sem as barreiras idio-máticas; mas, de modo geral, nãopodemos prescindir da forma, nolato sentido da expressão. (Lísias,cap. 24, pp. 132 e 133) (Continuana pág. 10 desta edição.)

Estudando a série André Luiz

Nosso LarAndré Luiz

(6ª Parte)

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O IMORTALPÁGINA 6 DEZEMBRO/2009

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

Edgard Pereira Armond (foto), quenasceu em Guaratinguetá (SP) em 14 dejunho de 1894 e desencarnou na Capitalpaulista em 29 de novembro de 1982,aos 88 anos de idade, foi militar, maçom,professor e um dos grandes estudiososdo Espiritismo, especialmente os assun-tos relacionados com a mediunidade.

Filho de Henrique Ferreira Armonde de Leonor Pereira de Souza Armond,ambos de Minas Gerais, os antepassa-dos da família remontam a fidalgos fran-ceses huguenotes, expatriados durante asperseguições religiosas motivadas porCatarina de Médicis a partir da Noite deSão Bartolomeu (Paris, 1519), e que seestenderam por todo país até 1582.

Em Guaratinguetá (SP) fez os cur-sos primário e secundário, transferindo-se para São Paulo em 1912, aos 18 anosde idade, e no mesmo ano para o Rio deJaneiro, onde, além de ingressar no co-mércio, prosseguiu seus estudos.

Em 1936, a convite de SilvinoCanuto de Abreu, integrou o grupo deestudos e práticas espiritistas que funci-onou na residência deste. Entre os seusparticipantes, encontravam-se o Dr.Carlos Gomes de Souza Shalders e An-tônio Carlos Cardoso, ambos diretoresda Escola Politécnica, tendo o grupo tra-balhado com o Sr. Ramalho, médium deincorporação e uma única vez com Lin-da Gazear, conhecida médium de efei-tos físicos que atuara na Europa, comCharles Richet e outros investigadores.

A conversão ao EspiritismoA conversão de Armond ao Espiri-

tismo deu-se após sofrer um grave aci-dente automobilístico, em 28 de junhode 1938, quando quebrou ambos os joe-lhos. Após diversas cirurgias, ficou quasesem poder andar durante seis meses,passando, em seguida, a usar muletas,com grande redução de movimentos.

Nessa fase de convalescença, já es-tava desenvolvendo trabalhos de coope-ração espírita, auxiliando amigos a pre-parar palestras e conferências. Já lera, aessa altura, grande parte da literatura es-pírita então disponível e, num domingo àtarde, em 1939, passando pela rua doCarmo, notou uma aglomeração à portada Associação das Classes Laboriosas.Curioso, foi informado que ali estava serealizando uma comemoração de AllanKardec. Entrou e presenciou parte doevento, reconhecendo então, dentre os

27 anos sem Edgard Armond

presentes, alguns líderes espíritas amigos,como, por exemplo, João Batista Pereira,Lameira de Andrade, Américo Montagnini,bem como o médium Chico Xavier, queapenas iniciava sua tarefa mediúnica.

Nessa reunião recebeu um livreto in-titulado “Palavras do Infinito”, de autoriado Espírito de Humberto de Campos, con-tendo mensagens avulsas de entidades de-sencarnadas, distribuído pela recém-for-mada Federação Espírita do Estado de SãoPaulo. A leitura desse opúsculo aumentoufortemente seu interesse pela Doutrina.

Nesse mesmo ano, passando pela RuaMaria Paula, para onde a Federação haviase mudado dias antes, percebendo à en-trada uma placa com a inscrição “Casa dosEspíritas do Brasil”, entrou, sendo rece-bido por João dos Santos e por este apre-sentado aos outros ali presentes, com osquais conversou alguns momentos, sendoconvidado a colaborar com as atividades,o que aceitou. Dias depois, recebeu ummemorando assinado por AméricoMontagnini, presidente recém-eleito, co-municando-lhe haver sido eleito para ocargo de secretário geral da Federação.

A militância espírita e otrabalho na FEESP

Como a Federação apenas se instalaranaquele prédio, adaptado para sede própria,nada encontrou organizado ou em funcio-namento regular, estando tudo por fazer, emtodos os setores. João Batista Pereira, naeleição então realizada, deixara a presidên-cia para Américo Montagnini e, sob a de-nominação de Casa dos Espíritas do Bra-sil, se fundiram a Sociedade Espírita SãoPedro e São Paulo, até então dirigida peloDr. Augusto Militão Pacheco, a Sociedadede Metapsíquica de São Paulo, dirigida peloDr. Shalders, e a própria Federação Espíri-ta do Estado de São Paulo.

Em 1944, atendendo a projeto da Se-

cretaria Geral da Casa dos Espíritas doBrasil, Armond fundou, com Pedro deCamargo (Vinícius) e Marta Cajado deOliveira, o periódico “O Semeador”, paradifusão das ideias doutrinárias e o movi-mento geral da Casa. Nele, sob diversospseudônimos, Armond colaborou ininter-ruptamente até fevereiro de 1972, alcan-çando um total de quatrocentos e vinte ecinco artigos. Além do periódico, paraincrementar a difusão da Doutrina eprestigiar a Casa, propôs ainda a criaçãode um programa intitulado “Hora Espíri-ta”, que passou a ser veiculado na RádioTupi, semanalmente, aos domingos, soba direção de João Rodrigues Montemor.

Em 1947, Armond fundou a UniãoSocial Espírita (USE), posteriormentedenominada de União das SociedadesEspíritas, com a finalidade de fortalecero movimento Espírita do Estado de SãoPaulo e unificar as suas práticas religio-sas. Em 1950, Armond criou as Escolasde Aprendizes do Evangelho. Comple-mentarmente instituiu também as Esco-las de Médiuns, visando à melhoria dointercâmbio com o plano espiritual.

Suas principais obras espíritas são:“Contribuições ao Estudo da Mediuni-dade” (1942), “Mediunidade de Prova”(1943), “Desenvolvimento Mediúnico”(1944), “Missão Social dos Médiuns”(1944), “Os Exilados da Capela” (1949),“Passes e Radiações” (1950), “Na Cor-tina do Tempo” (1962) e “O Redentor”.

Em 1973, em uma reunião em suaresidência, Armond, com alguns compa-nheiros, fundou a Aliança Espírita Evan-gélica. A partir de 1980 assessorou a for-mação do Setor III da Fraternidade dosDiscípulos de Jesus, que reúne diversosGrupos Espíritas. Seu falecimento ocor-reu no Hospital Oswaldo Cruz, em SãoPaulo, tendo sido sepultado no Cemité-rio de Vila Mariana, na mesma cidade.

ANGÉLICA [email protected]

De Londrina

Edgard Armond

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O IMORTALDEZEMBRO/2009 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Angel Aguarod

Angel Aguarod veio à vidaterrena em um humilde lar, navila Ayerbe, província de Huesca,ao norte da Espanha, em 2 de ou-tubro de 1860, sendo seus paisDom Juan Aguarod e Dona JuanaTorrero. Nascido em um lar ca-tólico, sua primeira educação, na-turalmente, foi católica, estandoela a cargo de seu tio maternoDom Pablo Torrero, que era curae pároco da povoação de Novales,da mesma província de Huesca.

Contava 11 anos quando saiuda Província natal para radicar-sena populosa e ativa Barcelona. Foinesta cidade que se deu a evolu-ção de seu Espírito ávido de pro-gresso. Na buliçosa capital catalãemancipou-se da tutela católica.As idéias de liberdade, igualmen-te e fraternidade invadiram suaalma, dela tomando conta.

De origem humilde, teve quedar seus primeiros passos, na vidamaterial, no seio da classe operá-ria. Como operário, filiou-se à en-tidade de sua classe e, aos 17 anos,já ocupava o cargo de secretáriogeral e seu delegado perante oCentro Federativo de las Socieda-des Obreras, de Barcelona.

Por essa época, 1877, iniciou-se na Capital da Catalunha, porDom Antônio Tudury y Pons, ummovimento em favor do ensinoleigo, ao qual aderiu com todo oentusiasmo, fundando ele mesmoum colégio que dirigiu e susten-tou até o ano de 1905, após o queveio radicar-se na Argentina.

Para atender e dirigir esse co-légio, que recebeu o nome deSócrates, fez o curso da Escola

Normal de Barcelona, frequentan-do as aulas noturnas, visto que du-rante o dia precisava ganhar seusustento e o da sua família.

Foi em 1880 que seu espírito in-quieto se interessou pela DoutrinaEspírita, dedicando-se plenamentea seu estudo. Seus primeiros passosno terreno do Espiritismo foramdados em “La Cosmopolita”, soci-edade formada por elementos genu-inamente racionalistas e de tendên-cias liberais e universalistas.

Passou logo para o CentroBarcelonês de Estudos Psicológicos,do qual foi um dos fundadores, assimcomo o foi da “Unión Espiritista Kar-deciana” e dos Centros “Socrates” e“Amor y Ciência”, dos quais ocupoua presidência em vários períodos, ten-do atuação destacada. Pode-se afirmarque até 1905, época em que se mudoupara a Argentina, não houve atojubiloso de propaganda espírita naEspanha no qual não tomasse parte e,em muitos deles, juntamente comAmalia Domingo Soler, Belen Serragade Ferrero, visconde Antônio TorresSolanot, doutor Manuel Sanz Benito,Miguel Vives, Quintin López Gomez,Fabian Palasi e muitos outros pionei-ros do movimento espírita espanhol.

Aguarod foi um dos maisdestacados conferencistas do

quadro organizado pela“Constancia”

Passou a residir na República Ar-gentina em 1905, e logo começou atrabalhar na “Constancia” e em “LaFraternidad”. Pouco tempo depoisfundou o Centro Amor y Ciencia e aLiga Espiritista Kardeciana de Pro-paganda, instituições que presidiu,além de dirigir também a Escola Do-minical que funcionava no CentroAmor y Ciencia. Dirigiu nessa épo-ca a revista “El Espiritismo”, quefundou como órgão oficial da Liga.

Foi um dos mais destacados con-

ferencistas do quadro organizadopela “Constancia”, revezando-se natribuna com Cosme Mariño, DoutorOvídio Rebaudi, Francisco Durande alguns outros luminares da orató-ria. Percorreu várias vezes o interiorda Argentina, fazendo conferênciase auxiliando a fundação de centros esociedades espíritas.

Voltou à Espanha e, pouco tempodepois, rumou para o Uruguai, ondepermaneceu algum mês, para, em se-guida residir no Paraguai, país no qualse entregou a um trabalho ativo de pro-paganda e onde seu Espírito sofreurude golpe com a desencarnação trá-gica de seu neto mais querido, mortonum acidente de tráfego. Por brevetempo tornou à sua pátria natal e, em1915, voltou à América do Sul, resol-vendo residir em Porto Alegre (RS).Após chegar ali, incorporou-se à vidaativa espírita brasileira, atuando emvárias sociedades e colaborando narevista “Eternidade”, órgão das Soci-edades “Dias da Cruz” e “Allan Kar-dec”, revista que ele, mais tarde, pas-sou a dirigir até sua última publicação.

Na revista referida iniciou umaintensa campanha em prol da uniãodos espíritas riograndenses, campa-nha que foi coroada de êxito com afundação, em 17 de fevereiro de1921, da Federação Espírita do RioGrande do Sul, cujos destinos presi-diu até 1927, realizando, durante suapresidência e depois desta, numero-

sas excursões de propaganda, quederam como resultado a fundação denovas sociedades e centros de estu-do pelo interior do Estado. Funda-dor em 1921, em Porto Alegre, doGrupo “Paz” e, em 1922, da Socie-dade “Paz e Amor”, foi eleito seupresidente, cargo que desempenha-va por ocasião de sua desencarnação.

Seu trabalho de publicistaespírita foi enorme, pois fundou

e dirigiu periódicos como “ElEspiritismo” e vários outrosAguarod não só desenvolveu

suas atividades associativas no cam-po do Espiritismo, ao qual dedicousempre seus melhores entusiasmos.Seu trabalho de publicista espírita foienorme. Fundou e dirigiu periódicose revistas tais como “El Espiritismo”,de 1905 a 1912, em Buenos Aires;“Nueva Era”, em Barcelona; “LaUnión Espiritista”, também em Bar-celona; “Fraternidad”, de Alcoy (Ali-cante)”; La Antorcha Del Progresso“, de Badalona”; Eternidade “e” Bo-letim da Federação Espírita do RioGrande do Sul “, colaborando emmuitas outras, como “Luz y Unión”,“La Luz del Porvenir”, de Barcelo-na; “Constancia” e “La Fraternidad”,de Buenos Aires; “Reformador”, doRio de Janeiro; “El Espiritismo” e“Luz y Vida “, também de BuenosAires; “Rosendo”, de Cuba, além deuma infinidade de artigos que eramsolicitados por outros periódicos da

Europa e da América, os quais eleenviava de bom grado sem nuncareceber, por tanto labor, retribuiçãoalguma, apesar de em toda a suavida ganhar seu modesto pão quo-tidiano com seu trabalho em ho-nestas ocupações e empregos, al-gumas vezes como operário, ou-tras como educador.

Diante de tão grande atividade,quem poderia pensar que ainda lhesobraria tempo para outros traba-lhos, além de suas múltiplas ocu-pações diárias?! Pois ainda conse-guia tempo para escrever algumasobras de propaganda e divulgaçãoespírita, tais como “Los Mensajesde Abuelo Pablo”, “Orientado hacialas Cambres”, “Del Maestro al Dis-cípulo”, “Confidencias Espiritua-les”, “Grandes y Pequeños Proble-mas a la Luz de la Nueva Revelaci-ón”, publicado em tradução portu-guesa (1932) pela FEB, “Vozes deAlém-Túmulo (em português), “LaVerdad a los Ninõs”, obras às quaisatribuía origem espiritual, poisAguarod acreditava possuir mediu-nidade intuitiva, meio pelo qual su-punha lhe foram ditadas. Deixou,inédita, a importante obra “O Ser-mão da Montanha’.

Aos 13 dias do mês de no-vembro de 1932, desencarnou,em Porto Alegre, contando a ida-de de 72 anos, o incansávelbatalhador da Causa Espírita.

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A tempestade amainada

“E eles, deixando a multidão,o levaram consigo, assimcomo estava, no barco; e ha-via também com ele outrosbarquinhos. E levantou-segrande temporal de vento, esubiram as ondas por cimado barco, de maneira que jáse enchia. E ele estava napopa, dormindo sobre umaalmofada, e despertaram-no,dizendo-lhe: Mestre, não sete dá que pereçamos? E ele,despertando, repreendeu ovento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento seaquietou e houve grande bo-nança.” – Marcos, 4:36 a 39.

Os Evangelhos de Mateus(8:23 a 27), Marcos (4:35 a 41)e Lucas (8:22 a 25) narram deforma quase que idêntica um dosdiversos acontecimentos excep-cionais que marcaram a presen-ça de Jesus entre nós: a tempes-tade que ele amainou no mar daGalileia.

Esse caráter extraordináriofoi o que, desde o início, desper-tou a maior atenção de todos parao fato, relacionado entre os seusinúmeros milagres. Em tornodele, criou-se um misto de curi-osidade, surpresa e mistério. Aprópria linguagem utilizada pe-los evangelistas serviu para au-mentar o seu aspecto misteriosoe inusitado, principalmente notocante à repreensão que Jesusfez aos ventos e à água: “Então,levantando-se, repreendeu osventos e o mar, e seguiu-se umagrande bonança” (Mat. 8:26);

“E ele, despertando, repreendeuo vento, e disse ao mar: Cala-te,aquieta-te. E o vento se aquietou,e houve grande bonança” (Mar.4:39); “E ele, levantando-se, re-preendeu o vento e a fúria daágua; e cessaram e fez-se bonan-ça” (Luc. 8: 24).

À luz do Espiritismo, porém,o episódio nada contém de extra-ordinário, sobrenatural ou mila-groso. Trata-se, apenas e tão-so-mente, de um dos muitos fenôme-nos de efeitos físicos que ele rea-lizou e que a Doutrina dos Espíri-tos explica como a consequênciade leis que a humanidade mal co-meça a desvendar e a conhecer.

Na Revista Espírita de feverei-ro de 1859 (Edicel, Editora Cul-tural Espírita Ltda., S.Paulo, Vol.de 1859, p. 89), Kardec se referea fenômenos semelhantes, dizen-do: “É sobretudo necessário nãoperder de vista este princípio es-sencial, verdadeira chave da ci-ência espírita: o agente dos fenô-menos vulgares é uma força físi-ca material, que pode ser subme-tida às leis do cálculo, ao passoque nos fenômenos espíritas esseagente é constantemente uma in-teligência que tem vontade pró-pria e que não se submete aos nos-sos caprichos”.

Ainda hoje, grande parcela dahumanidade ignora e não

compreende Jesus, o alcance ea razão de sua vinda ao mundo

Mais tarde, em A Gênese, de-monstrou a total inviabilidade edesnecessidade dos milagres,mesmo quando atribuídos a Deus:“Contudo, em face das coisas di-vinas, temos, para critério do nos-so juízo, os atributos mesmos deDeus. Ao poder soberano reúne

ele a soberana sabedoria, dondese deve concluir que não faz coi-sa alguma inútil. Por que, então,faria milagres? Para atestar o seupoder, dizem. Mas, o poder deDeus não se manifesta de manei-ra muito mais imponente pelograndioso conjunto das obras dacriação, pela sábia previdênciaque essa criação revela, a sim naspartes mais gigantescas, comonas mais mínimas, e pela harmo-nia das leis que regem o mecanis-mo do Universo, do que por algu-mas pequeninas e puerisderrogações que todos osprestímanos sabem imitar?” (AGênese - cap. XIII - item 15.)

Não obstante, até aqueles queconviviam mais de perto com Je-sus se mostraram assombrados emface do acontecido: “E sentiramum grande temor, e diziam uns aosoutros: Mas quem é este, que atéo vento e o mar lhe obedecem”? -Mar. 4:41.

Ainda hoje, grande parcela dahumanidade ignora e não compre-ende Jesus, o alcance e a razão desua vinda ao mundo e, principal-mente, o sentido da mensagem

que nos legou. Em face dessapostura de autêntica indigênciaespiritual, apela para a suadivinização, a fim de tentar expli-car a existência dos dons sobre-naturais que lhe confere e aosquais atribui a causa determinantedos extraordinários efeitos que eracapaz de produzir, em virtude dopleno e absoluto domínio que pos-suía sobre todos os elementos deque se compõe o planeta, em vir-tude de sua condição de Espíritode mais alta categoria que já pi-sou o solo deste planeta.

O Livro dos Espíritos escla-rece, na questão 625, que Jesusfoi “o tipo mais perfeito queDeus ofereceu ao homem paralhe servir de guia e de modelo”.Essa informação, aliada àquelasoutras que falam da hierarquiados Espíritos, principalmente asque se encontram nas anotaçõesque se seguem à questão 113, per-mitem a formulação da explica-ção lógica para o fenômeno,notadamente em face da reconhe-cida atuação dos Espíritos sobrea natureza, consoante lição da Es-piritualidade Superior, nos ter-mos das perguntas 536 a 540 damesma obra.

Todos os habitantes do orbefazem, periodicamente, travessi-as semelhantes àquela que, umdia, os discípulos fizeram emcompanhia de Jesus. Contudo, amaioria não consegue ver nelasenão o seu lado material e apa-rente: um barco indo de umamargem para a outra de um lago,de um rio ou de um trecho domar. Poucos já perceberam queessa travessia significa a própriaexistência terrena do ser huma-no, com suas dificuldades, lutase percalços naturais, verdadeirastempestades que, muitas vezes,

PÁGINA 8 PÁGINA 9O IMORTAL DEZEMBRO/2009DEZEMBRO/2009

JOSÉ CARLOSMONTEIRO DE [email protected]

De Belo Horizonte

desabam sobre os incautos edesprotegidos viajores.

A maior parte do ministério deJesus foi exercida nas circunvi-zinhanças do lago de Genesaré

ou mar da Galileia

Os discípulos, apesar da pre-sença física de Jesus, também nãoassimilaram e nem entenderam overdadeiro sentido daquela passa-gem para o outro lado do mar daGalileia e, diante da tormenta, semostraram impotentes e temero-sos, embora fenômenos daquelanatureza fossem comuns no lugar,com os quais se achavam mais doque habituados.

Do berço ao túmulo, dotúmulo ao berço, existe um ro-teiro sistemático e imutável, tra-duzido no “naitre, mourir,renaitre encore e progresser sanscesser telle est la loi” (nascer,morrer, renascer ainda e progre-dir sempre, tal é a lei). São tra-vessias de que ninguém escapa,como consequência natural da leide causa e efeito e da justiça di-vina, nos termos da advertênciade Jesus contida no Evangelho de

Mateus: “Porque o Filho do ho-mem virá na glória de seu Pai,com os seus anjos: e então daráa cada um segundo as suasobras”. - 16:27.

A maior parte do ministério deJesus foi exercida nas circunvizi-nhanças do lago de Genesaré, oumar da Galileia, em cuja proximi-dade se localizavam, entre outras,as cidades de Cafarnaum, Magadãou Magdala, Betsaida, Corazim eGadara. Tomando-se como refe-rência suas próprias palavras -“Não necessitam de médico ossãos, mas, sim, os doentes”, Mat.9:12 - pode deduzir-se que os ha-bitantes daquela região eram osmais carentes de seu auxílio, nãoobstante as dificuldades naturaisem assimilar suas lições e exem-plos.

A escolha da travessia marí-tima, aparentemente desnecessá-ria ou consequência de um merocapricho seu, e a tempestade que,logo a seguir, levantou-se dianteda barca, provavelmente provo-cada por ele em virtude de suaascendência e superioridade so-bre os elementos da natureza,foram episódios usados para tes-

tar a fé dos discípulos, em facedo espetáculo apavorante que umfenômeno de tal ordem normal-mente acarreta. O resultado, con-forme se vê das narrativas evan-gélicas, não foi dos mais anima-dores. Os seus mais assíduos epróximos companheiros deramum eloquente testemunho de queainda não haviam aprendido, tan-to quanto nós também ainda nãoaprendemos, a enfrentar as tem-pestades da vida e se revelaramdespreparados e desesperados di-ante dos obstáculos e dificulda-des característicos da existênciaterrena, exclamando: “Mestre,não se te dá que pereçamos”? -Mar. 4:38.

A sua resposta, antes de repre-ender os ventos e o mar, foi nosentido de questioná-los a respei-to de sua fé: “Por que temeis, ho-mens de pouca fé”- Mat. 8:26.

Isso, em verdade, significa queele jamais os deixou entregues àsua própria sorte, pois até naque-la hora, em que a fúria das águase dos ventos se abatia sobre a bar-ca, achava-se presente no meiodeles.

Só uma condição foi impostapara que o Consolador habite

em nós e esteja conosco: afidelidade aos ensinos de Jesus

O mesmo acontece conosco.Em época alguma de nossas tu-multuadas e delituosas existênci-as, o Messias nos relegou ao nos-so próprio destino. Prometeu es-tar sempre junto de nós, traçou-nos um caminho e um roteiro, dosquais infelizmente nos afastamose criamos as tempestades que nãosabemos enfrentar e vencer. Essapresença, sempre constante namensagem evangélica que os ho-

mens insistiram em não conhecerou desvirtuar, se fez mais efetivaa contar de meados do século pas-sado, quando se cumpriu, graçasao trabalho hercúleo de Kardec, apromessa contida no Evangelhode João: “Se me amardes,guardareis os meus mandamen-tos. E eu rogarei ao Pai e ele vosdará outro Consolador, que fica-rá convosco para sempre. O Es-pírito de Verdade, que o mundonão pode receber, porque não ovê nem o conhece; mas vós oconheceis, porque habitaconvosco, e estará em vós. Masaquele Consolador, o EspíritoSanto, que o Pai enviará em meunome, esse vos ensinará todas ascoisas, e vos fará lembrar de tudoquanto vos tenho dito” - Jo. 14:15 a 17 e 26.

Só uma condição foi impostapara que o Consolador habite emnós e esteja conosco: a fidelidadeaos ensinamentos que Jesus noslegou, o que implica, fatalmente,o aumento de nossa confiança e aaquisição de uma fé inabalável,porquanto calcada na razão e nalógica, fatores indispensáveis ànossa evolução ético-espiritual.

Foi por isso que, após dialo-gar com Tomé e Filipe, que se re-velavam frágeis, inconstantes eignorantes, tanto quanto quasetoda a humanidade, ele lhes res-

Jesus jamais nos deixou entregues à própria sorte, pois até naquela hora, em que a fúria das águas e dos ventos se abatia sobre a barca, achava-se presente no meio de seus discípulos

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pondeu e respondeu a todos osque ainda se colocam no grupodos homens de pouca fé que:“Na verdade, na verdade, vosdigo que aquele que crê em mimtambém fará as obras que eufaço, e as fará maiores do queestas, porque eu vou para meuPai” - Jo. 14:12.

Tempestades, trovoadas, ven-tanias e furacões, tormentas eborrascas de toda sorte integramo quotidiano do habitante do pla-neta. Quase sempre são o resul-tado de sua ação no passado, pró-ximo ou remoto, em razão dainevitabilidade da lei de causa eefeito.

Em O Céu e o Inferno, AlanKardec enfrenta a questão no Có-digo Penal da Vida Futura, cujasnormas estão sintetizadas em trêsprincípios:

“1º. O sofrimento é inerente àimperfeição.

2º. Toda imperfeição, assimcomo toda falta dela promanada,traz consigo o próprio castigo nasconsequências naturais e inevitá-veis: assim, a moléstia pune os ex-cessos e da ociosidade nasce o té-dio, sem que haja mister de umacondenação especial para cadafalta ou indivíduo.

3º. Podendo todo homem li-bertar-se das imperfeições porefeito da vontade, pode igualmen-

José Carlos de Moura,o autor do estudo

Ilustração que mostra Jesusaplacando a tempestade

te anular os males consecutivose assegurar a futura felicidade.

A cada um segundo as suasobras, no Céu como na Terra: talé a lei da Justiça Divina”. (Obracitada, item 33.)

Daí se infere, pois, que, namedida em que o homem evo-luir, transformará a sua travessianuma tarefa mais suave, e o pe-rigo de ser tragado pelas ondasque se levantam diante dele di-minuirá progressivamente. Essatarefa somente poderá ser reali-zada e a sua finalidade somenteserá alcançada quando o Evan-gelho se transformar em seuprincipal código, cuja regra áu-rea, básica, indispensável e ab-soluta é e será sempre o amor.

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O IMORTALPÁGINA 10 DEZEMBRO/2009

Na década de trinta, na cidadede Araçatuba, Da. Benedita Fer-nandes, conhecida como a Damada Caridade, mantinha, com mui-ta dificuldade, uma casinha na pe-riferia da cidade, com 30 crianças.

Certo dia, um bucheiro – quesaía, naquela época, com uma car-roça levando tripas e outras vísce-ras de animais para vender – pas-sou por ali e viu aquelas criançasbrincando.

Como gostava de crianças, co-

meçou a conversar com elas e des-cobriu que moravam em uma ca-sinha onde mal cabiam dez pesso-as e que ainda não haviam almo-çado.

Compadecido, mandou que umdos meninos chamasse sua mãe.

Da. Benedita, uma mulher decor e sorriso largo, logo surgiu erecebeu de Ricieri Punhali, esse eraseu nome, alimento suficiente parao dia.

Desde então, por anos segui-dos, Ricieri, quando percebia queas vísceras estavam terminando,antes que isso ocorresse, sempre sedirigia à casa daquelas crianças,dizendo levar as “sobras” do dia.

Fez amizade com Da. Benedita,tendo até se comprometido a ter-minar uma rede de esgotos paraela, o que não pôde fazer.

No início da década de seten-ta, Ricieri estava com um gravecâncer de pulmão, indo para oRio se tratar. Segundo AntônioCésar Perri de Carvalho – con-forme relato dele numa pequenabiografia editada pela UniãoMunicipal Espírita de Araçatuba,com o nome “Dama da Carida-de” – em abril de 1972, apósconferência na cidade, o médiume orador espírita Divaldo PereiraFranco se hospedou na casa deseus pais, onde Ricieri também

Histórias que nos ensinamJOSÉ ANTÔNIO

V. DE [email protected]

De Cambé

estava e, após um momento deoração, ele se aproximou do en-fermo, confirmando que chega-va a hora de ele partir e que ha-via ali um Espírito, Da. BeneditaFernandes, dizendo de sua imen-sa gratidão pela “sobras”.

Nesse momento, Ricieri seemocionou muito, até às lágrimas,dizendo que sentia muito não terterminado a rede de esgotos paraela. Para sua surpresa, Divaldoentão lhe disse, em nome de Da.Benedita, que ele receberia umapequena moratória, para concluiro que começara, mas que depoisdeveria regressar à Pátria Espiri-tual.

Um mês depois, para surpresade todos, principalmente dos mé-

LXXVI. A humanidade carnal,como personalidade coletiva, estánas condições do homem insaciávelque devorou excesso de substânciasno banquete comum. A crise orgâni-ca é inevitável. Nutriram-se váriasnações de orgulho criminoso, vaida-de e egoísmo feroz. Experimentam,agora, a necessidade de expelir osvenenos letais. (Lísias, cap. 24, pág.135, falando sobre a iminência da 2aGuerra Mundial)

LXXVII. A curiosidade, mesmosadia, pode ser zona mental muitointeressante, mas perigosa, por ve-zes. (Laura, cap. 25, pág. 137)

LXXVIII. Ao invés de albergara curiosidade, medite no trabalho eatire-se a ele na primeira ocasião quese ofereça. Aprenda a construir o seucírculo de simpatias e não olvide queo espírito de investigação deve ma-nifestar-se após o espírito de servi-ço. (Laura, cap. 25, pág. 138)

LXXIX. Muitos fracassos, nasedificações do mundo, originam-sede semelhante anomalia. Todos que-rem observar, raros se dispõem a re-alizar. Somente o trabalho dignoconfere ao espírito o merecimentoindispensável a quaisquer direitosnovos. (Laura, cap. 25, pág. 138)

LXXX. Não se considere humi-lhado por atender às tarefas humil-des. Na Terra, o maior trabalhador éo próprio Cristo e Ele não desdenhouo serrote pesado de uma carpintaria.

LXXXVI. O homem encontra navida real o que amontoou para simesmo. Nosso Ribeiro deixou-seempolgar por numerosas ilusões.(Tobias, cap. 27, pág. 148)

LXXXVII. Os contrabandistasna vida eterna são todos aqueles queacreditam que as mercadorias pro-priamente terrestres têm o mesmovalor nos planos do Espírito. supõemque o prazer criminoso, o poder dodinheiro, a revolta contra a lei e aimposição dos caprichos atravessa-rão as fronteiras do túmulo e vigo-rarão aqui também. São negociantesimprevidentes. Esqueceram-se decambiar as posses materiais em cré-ditos espirituais, não se animaram aadquirir os valores da espiritualida-de. Temos então os milionários dassensações físicas transformados emmendigos da alma. (Tobias, cap. 27,pp. 149 e 150)

LXXXVIII. Os crentes negati-vos são os que, ao invés de aceita-rem o Senhor, eram vassalos intran-sigentes do egoísmo; ao invés de cre-rem na vida, no movimento, no tra-balho, admitiam somente o nada, aimobilidade e a vitória do crime.Converteram a experiência humanaem constante preparação para umgrande sono e, como não tinhamqualquer ideia do bem, a serviço dacoletividade, não há outro recursosenão dormirem longos anos, empesadelos sinistros. (Tobias, cap. 27,pág. 150) (Continua no próximo nú-mero.)

“Quando falha a relaçãocom os pais, o filho não

consegue confiar emninguém mais”

O Imortal: Fale-nos de suamotivação para ter-se envolvidodiretamente na aplicação da con-sagrada metodologia dos gruposde autoajuda, como os AlcoólicosAnônimos e o Amor Exigente, emum grupo sob a ótica da DoutrinaEspírita como o Apoio Fraterno?

A certeza de que os ensinamen-tos da Doutrina Espírita como, porexemplo, as influências espirituais,as obsessões, o vampirismo, os mei-os práticos do homem se melhorarnessa vida e resistir ao arrastamentopara o mal, fora outros, têm muitopara contribuir com esse consagra-do método.

O Imortal: Com sua experiên-cia de mais de sete anos com o gru-po Apoio Fraterno, quais os resul-tados que tem percebido nos quebuscam ajuda?

Em todos os participantes obser-vamos o aumento da fé, da esperan-ça, do fortalecimento e do conheci-mento sobre a problemática que vi-vem. Em relação aos familiares, es-ses compreendem que também estãoadoecidos e precisam curar-se da

codependência, adotam atitudes dife-rentes, libertam-se dos sentimentos deculpa e buscam responsabilidades,comportam-se melhor ante as crises,exigem, disciplinam e amam incon-dicionalmente, mas sem se anularem.Quanto aos dependentes em recupe-ração, observamos os mesmos efei-tos. Essas mudanças vão ocorrendoao longo dos meses e isso vai geran-do confiança, diálogo, aproximação,valorização das pessoas, deixando asfamílias mais sadias, equilibradas ecada vez mais distantes das drogas.

O Imortal: Como o amigo per-cebe os desafios da sociedade emtransformação como a facilitaçãodas relações virtuais, mas tambémo aumento das distonias mentais?

As relações virtuais só crescemonde falham as reais, e as distoniasmentais só existem porque faltam oamor incondicional, a resignação, afé verdadeira e a caridade.

O Imortal: Suas palavras fi-nais.

Agradeço pela oportunidade deestarmos falando sobre o nosso tra-balho. Gostaria de deixar um e-mailpara contatos e troca de experiênci-as na área de auxílio à dependênciaquímica: [email protected].

(Laura, cap. 25, pág. 138)

LXXXI. A ciência de recomeçar édas mais nobres que nosso espíritopode aprender. São muito raros os quea compreendem na crosta. Lembre-mos, contudo, o exemplo de Paulo deTarso, que voltou, um dia, ao desertopara recomeçar a experiência huma-na, como tecelão rústico e pobre.(Laura, cap. 25, pág. 139)

LXXXII. Trabalhe para o bem dosoutros, para que possa encontrar seupróprio bem. (Laura, cap. 25, pág.140)

LXXXIII. Quando o discípulo estápreparado, o Pai envia o instrutor. Omesmo se dá, relativamente ao traba-lho. Quando o servidor está pronto, oserviço aparece. (Genésio, cap. 26,pág. 143)

LXXXIV. Nos círculos carnais,costumamos felicitar um homemquando ele atinge prosperidade finan-ceira ou excelente figuração externa;mas, aqui a situação é diferente. Esti-ma-se a compreensão, o esforço pró-prio, a humildade sincera. (Genésio,cap. 26, pág. 144)

LXXXV. Por que teria o Ribeiropiorado tanto? O Assistente Gonçal-ves esclareceu que a carga de pensa-mentos sombrios emitidos pelos pa-rentes encarnados era a causa funda-mental desse agravo de perturbação.(Uma ajudante a Tobias, cap. 27, pág.147)

Entrevista: Edson Luís dos Santos Cardoso

(Conclusão da entrevista publicada na pág. 16.)

dicos, o câncer começou a regredir,até desaparecer.

E Ricieri voltou a Araçatuba,para terminar o serviço no “Lar dosMeninos”.

Poucos meses depois, sentiuuma dor no peito, anunciando quechegara sua hora.

Conforme relato de AntonioCesar, após aproximadamente 11meses, quando Divaldo passavapor Araçatuba, em reunião no larde D. Irene e do Sr. Aristides Sil-va, Divaldo anuncia a presença devárias entidades, entre elas uma sedestacava pela alegria e pelo largosorriso no rosto: era Ricieri, quecontava da alegria de seu encontrocom Da. Benedita no Mundo Es-piritual.Estudando a série André Luiz

Nosso LarAndré Luiz

(6ª Parte)(Conclusão do texto publicado na página 5.)

ANTONIO AUGUSTONASCIMENTO

[email protected] Santo Ângelo, RS

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O IMORTALDEZEMBRO/2009 PÁGINA 11

Notícias do Paraná

Cambé – Todas as quartas-feiras,às 20h30, o Centro Espírita AllanKardec promove em sua sede naRua Pará, 292, um ciclo de pa-lestras, com palestrantes especi-almente convidados. Em dezem-bro, os palestrantes convidadosserão: dia 2, Lúcia Borges (Lon-drina); dia 9, Eugênia Pickina(Londrina); dia 16, LannesCsucsuly (Maringá); dia 23, Ma-ria Eloíza Ferreira (Londrina). Nodia 30 não haverá palestra.

Curitiba – Raul Teixeira (foto)ministra no dia 13 de dezembro umseminário na Expo Unimed. Oevento acontece das 9h às 12h e éuma realização da Federação Es-pírita do Paraná (FEP). Mais infor-mações pelo telefone 3223-6174.

– No dia 24 de novembro, das19h30 às 21h30, Maria da GraçaRozetti e Marlon Reikdal ministra-ram o seminário “Atendimento fra-terno na Casa Espírita: Questõestécnicas e éticas”, que foi realizadono auditório da Sede Histórica daFederação ao Espírita do Paraná.Foram abordados no seminário as-pectos pertinentes às questões téc-nicas e éticas envolvidas no atendi-mento às pessoas que procuram acasa espírita em busca de respostas,consolo, amparo e orientação.

– Realizou-se no dia 21 de novem-bro, às 20h, o Festival EspíritaCinco Minutos, evento promovi-do pela URE Metropolitana Oes-te. A apresentação teatral aconte-ceu no Teatro da Federação Espí-rita do Paraná (Alameda Cabral,300) e contou com apoio da FEP.

Palestras, seminários e outros eventosLondrina – O Coral Espírita Nos-so Lar, que é dirigido por nossacolaboradora Marinei FerreiraRezende, realiza em dezembro di-versas apresentações em diferentesCasas Espíritas.Eis a programação divulgada:dia 12, às 15h - Núcleo EspíritaIrmã Scheilladia 12, às 20h - Centro EspíritaAmor e Caridade.dia 19, às 14h30 – Centro EspíritaLar Fabiano de Cristodia 19, às 20h - Centro EspíritaAnita Boreladia 20, às 17h - Centro EspíritaNosso Lardia 20, às 19h30 – 2ª Cantata deNatal no Centro Espírita Nosso Lardia 21, às 18h30 - Centro EspíritaNosso Lardia 24, às 16h0 - Centro EspíritaNosso Lar.

- A campanha que o Centro EspíritaNosso Lar realizou, com o objetivode arrecadar fundos para trocar ascadeiras do salão principal por ca-deiras mais confortáveis, foi umsucesso, porque a meta prevista jáfoi atingida. A meta do Centro é atroca das cadeiras até março de2010. Os participantes da campanhapoderão agora sugerir modelo e cordas cadeiras a serem adquiridas.

– Realizou-se no mês de novem-bro mais um Ciclo de Palestras or-ganizado pela USEL – União dasSociedades Espíritas de Londrina,que envolveu os Centros Espíritasda cidade.

Ibaiti – Será inaugurada no dia 5de dezembro, às 18h, a sede própriada Sociedade Espírita “A Caminhoda Luz”, de Ibaiti. A sede fica naRua Ulisses Ferreira de Melo, 5 -Bairro Jardim Pérola. Confrades dacidade e de localidades vizinhas,bem como de Londrina, estarão pre-sentes à cerimônia.

Jacarezinho – Eis a programação

de palestras do Centro Espírita“João Batista” em dezembro, cominício sempre às 20h:04.12.2009 – José AparecidoSanchesTema: Estado mental7.12.2009 – José Lázaro BobergTema: Três imperativos11.12.2009 – Maria Luíza BobergTema: Ceifeiros14.12.2009 – José AparecidoSanchesTema: Supercultura e calamidadesmorais18.12.2009 – José Lázaro BobergTema: Êxito21.12.2009 – Maria Luíza BobergTema: Vasos de barro28.12.2009 – José AparecidoSanchesTema: Encargos.

– O Centro Espírita “Nosso Lar”realiza neste mês de dezembro asseguintes palestras, todas com iní-cio às 20h:02.12.2009 – José Lázaro BobergTema: Três imperativos09.12.2009 - José AparecidoSanchesTema: Estado mental16.12.2009 – Maria Luíza BobergTema: Ceifeiros23.12.2009 – José Lázaro BobergTema: Êxito30.12.2009 – José AparecidoSanchesTema: Encargos.

– Mais uma vez o Centro Espírita“João Batista” promoverá o “Na-tal sem Fome”, desta vez, porém,de modo diferente. Para facilitara doação, foi feita uma cotação noSupermercado Continental, daVila São Pedro, que vai oferecerà campanha uma cesta pelo valorde R$ 33,25, com todos os itensnecessários para um Natal Feliz.Todos os confrades estão convi-dados a participar e, desse modo,contribuir para que os mais caren-tes possam ter também um Natalfeliz.

Rolândia – José Lázaro Boberg,de Jacarezinho (PR), lança no dia17 de dezembro, quinta-feira, às20h30, seu livro O Segredo dasBem-aventuranças. Antes dos au-tógrafos, o confrade proferirá pa-lestra.

– A União das Sociedades Espíri-tas de Rolândia (USER) promoveuem novembro o 19º Mês Espíritade Rolândia, com palestras nasnoites de sábado. Eis o programageral do Mês Espírita: dia 7 – JoséAntônio Vieira de Paula (Londri-na). Local: Movimento Assistenci-al Espírita – MÃE - Rua AlfredoMoreira Filho, 252; dia 14 –Rosineide Belo (Arapongas). Lo-cal: Casa Espírita União - RuaAlfredo Moreira Filho, 252; dia 21– Pedro Garcia (Arapongas). Lo-cal: Centro Espírita Maria deNazaré - Rua Maria de Nazaré, 200– Jardim Planalto; dia 28 – JúpiterVilloz da Silveira (Londrina). Lo-cal: Centro Espírita Emmanuel -Rua Rubi, 68 – Vila Oliveira.

- Foi lançado no dia 19 de novem-bro, no Centro Espírita Maria deNazaré, situado na Rua Maria deNazaré, 200, Jardim Planalto, o li-vro “Correntes do Destino”, deautoria do Espírito de Maria Cecí-lia Alves, psicografado por CéliaXavier de Camargo, colaboradorade nosso jornal.

Campo Mourão – Realizou-se nodia 7 de novembro, na SociedadeEspírita Meimei, na Av. Comenda-dor Norberto Marcondes, 28, o se-minário “Evangelização noSAPSE”, coordenado por umaequipe do DIJ da Federação Espí-rita do Paraná. Foram abordadosestes aspectos no seminário: Aco-lher na Evangelização Infanto-Ju-venil as crianças provenientes dasfamílias assistidas; orientar o tra-balho da evangelização no SAPSE;proporcionar recursos para a exe-cução da tarefa. Outras Informa-

ções pelos tel. 44 - 3016-2770 /44 - 3016-2021.

Santo Antônio da Platina – Re-alizou-se no dia 14 de novembroo seminário “Mediunidade -como agir e entender esta facul-dade?”. O evento foi coordena-do pelos confrades DanielDallagnol – Diretor Administra-tivo e Membro do Conselho Fe-derativo da FEP e César LuizKloss – Presidente da URE Me-tropolitana Norte. O semináriofoi realizado na União EspíritaJesus Nazareno (Avenida Olivei-ra Mota, 1.069), das 15h ás 18h.Mais informações pelos telefones(43) 3534-3580 e 3534-5289.

São José dos Pinhais – RaulTeixeira profere no dia 11 de de-zembro, às 20h, palestra no Cen-tro Espírita Caminho do Evange-lho.

Outros Estados brasileiros

São Paulo - O centenário de nas-cimento do médium ChicoXavier (1910-2002), em 2010,vai movimentar os teatros da ci-dade, com diversos espetáculosque trarão a temática espírita.Entre estreias e reestreias no iní-cio do ano, serão cerca de dezproduções. Além do retorno depeças que estão em cartaz há maisde dez anos, caso de “E o AmorVenceu”, a data inspira as novas“O Advogado de Deus”, da mé-dium Zibia Gasparetto, e “Lem-branças de Outras Vidas”, de RitaFoelker. Já os Operários, grupofundado em 2002 depois deNicolatto abandonar seu trabalhocomo ator na Globo, estreia es-petáculo em março. No início dosegundo semestre, chega ao pal-co “Sob as Mãos da Misericór-dia”, além das reestreias de “AForça da Bondade” e “O AmorJamais Te Esquece”, todas deAndré Luiz Ruiz.

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O IMORTALPÁGINA 12 DEZEMBRO/2009

ELSA [email protected]

De Londres (Reino Unido)

É madrugada ainda. Londres estáadormecida. O fuso horário de duashoras para o sol do Brasil deixa maistranquilos muitos corações brasilei-ros, pois não se precisa mais esperar4 horas para acordar o ente queridoque ainda dorme no Brasil, ouvir-lhea voz, dar-lhe o bom dia, enquanto aclaridade já se fazia presente aqui.Agora, com o fuso horário de apenas2 horas, quase temos o mesmo sol,apesar do inverno se aproximando naEuropa e o verão se instalando noBrasil, onde, pela sua magnitude decontinente, para muitas regiões bra-sileiras é sempre verão.

Madrugadora que sou, sempreescrevi os livros infantis ouvindo oamanhecer e preparo-me para o meuhabitual Evangelho no Lar em to-das as manhãs de domingo, seja ve-

rão, inverno, seja no Brasil ou noReino Unido.

A alegria recebida e vivida no diade sábado, quando da instalação do2º Congresso Britânico de Medicinae Espiritualidade na cidade de Lon-dres, neste solo inglês, trouxe reno-vações de energias a todos os 51 vo-luntários que abraçaram essa tarefa,na confiança e perseverança do devercumprido, junto a nossa federativabritânica, a British Union of SpiritistSocieties (www.buss.org.uk), e a As-sociação Médico-Espírita Internacio-nal (www.ameinternational.org).

Realmente o Congresso foi con-siderado um sucesso, embora esteja-mos em tempos de recessão, de que oReino Unido ainda sofre as consequ-ências, não se equilibrando como já ofizeram a Alemanha e outros países.

O público presente composto de217 pessoas, a maioria de fala in-glesa, ficou extasiado – pelo menosparte dele – com as palestras profe-

ridas pelos profissionais médicosque são espíritas e membros da AMEInternacional e da AME-Brasil, quevêm assim dar uma contribuição naárea da ciência espírita, essa que ain-da não é considerada ciência pelaprópria ciência acadêmica.

Dissecar cadáver não mostra oEspírito, mas traz a contribuição dosestudos do ectoplasma distribuídono plana universal; da glândulapineal e suas multifunções, comosegundo órgão mais irrigado do cor-po depois dos rins. Quanta informa-ção sempre trazendo as obras AndréLuiz como fonte segura fortalecida

Crônicas de Além-Mar

Considerações de uma espírita madrugadora

ELSA ROSSI, escritora e palestran-te espírita brasileira radicada em Lon-dres, é 2ª Secretária do Conselho Espí-rita Internacional, diretora do Departa-mento de Unificação para os Países daEuropa, organismo do Conselho Espí-rita Internacional e secretária da BritishUnion of Spiritist Societies (BUSS).

pela basilar obra kardequiana!Aproveitamos o Congresso e lan-

çamos pela primeira vez em solo in-glês os livros Missionaries Of TheLight (Missionários da Luz) e Gênesis,editados e publicados pelo ConselhoEspírita Internacional, do qual tivemoso apoio da transmissão direta pela TVCEI (www.tvcei.com), auxiliando, as-sim, a que se espalhe o esclarecimen-to espírita no mundo, função maiordesse órgão de divulgação.

No recinto vitoriano em que ocor-reu o Congresso, iluminado pelas lu-zes de brilhantes candelabros antigos,ali estiveram brilhando congressistasda Dinamarca, Suécia, Suíça, Irlan-da, País de Gales, Portugal e Brasil,

além dos de fala inglesa, unindo emuníssono a alegria nos corações deirmãos de todas as terras. (O leitorpode ler na revista eletrônica OConsolador de 29/11/2009 a repor-tagem que Claudia Werdine escreveusobre o evento, disponível em http://www.oconsolador.com.br/ano3/135/principal.html.)

Adversidade x Normalidade

Adversidade é qualidade doque é adverso, isto é, contrário.Normalidade é atribuída ao queseja normal. Ambas estão condici-onadas aos graus intelectuais, mo-rais, psicológicas, emocionais e atéespirituais, de cada indivíduo. Porconseguinte, são individualistas epersonalistas, respectivamente ediretamente proporcional ao quecada um pensa e representa na artede viver e conviver.

A Humanidade duela com es-ses dois comportamentos desde osprimordiais momentos de sua exis-tência. Na época em que viveramos grandes filósofos gregos, Platãoescreveu uma notável obra, “A Re-pública”. Nela ele admitia a escra-vidão como sendo um ato socialnormal. Atualmente, nos mundoscivilizados, é uma adversidade so-cial e moral inaceitável.

PEDRO DE ALMEIDA [email protected]

De Campo Grande, MS

Quando o Cristo encarnou naface da Terra, não existia entre ospovos e pessoas o ato misericordio-so do perdão. A lei judaica preconi-zava a Lei de Talião, olho por olho,dente por dente. Quem a transgre-disse seria condenado nos mesmosmoldes e as penas eram análogas enas mesmas proporções da culpa.

Quando Jesus, o Cristo, estabe-leceu o perdão das ofensas comocondicionante imperativa para sealcançar o Reino dos Céus, os Seusseguidores ficaram perplexos,ensejando a Pedro, considerado opríncipe dos apóstolos, formularuma audaciosa pergunta ao Mestre:“Senhor, até quantas vezes se deveperdoar? Uma, duas, três, quatro,cinco, seis, ou sete vezes”?

A resposta foi surpreendente:“Pedro, não somente sete, mas se-tenta vezes sete vezes”.

Depois dessa explicação, não res-ta dúvida de que o perdão é ilimita-do. Pedro assimilou essa lição e pro-clamou para a humanidade: “Somen-

te o perdão tem poderes para soter-rar multidões de pecados”.

Portanto, seja qual e como fora adversidade que tente ou que so-terrou sua normalidade através daincompreensão, ação ou omissãode outras pessoas, principalmentedas que não se esperava, é de bomalvitre que, antes de se pensar emvingança, procurar perdoar.

Diz a máxima popular: “Se de-sejar ser feliz por um instante, vin-gue-se. Se quiser ser feliz por todavida, perdoe”.

Nos momentos cruciais pelosquais passam partes da humanida-de terrena onde as sociedades quea formam estão mergulhadas nasmais diversas e dolorosas iniqüi-dades, é utopia pensar em perdoarcertos crimes hediondos que sãopublicitados diariamente pelosmeios de comunicações. Essas ad-versidades ético-morais estão sen-do tão vulgarizadas e valorizadasque se estão tornando uma norma-lidade.

Natal

Vinte e cinco de dezembro!É Natal, festa de luz!

Desce ao planeta JesusPregando o amor aos judeus.

Dizem que foi em Belém,Numa tosca estrebaria,Que numa tarde nasciaO filho maior de Deus!

Às vezes, eu me perguntoE nisto custa-me crer:

- Por que Jesus quis nascerNum abrigo de animais?

Estranhíssimo esse fato(diga-se a bem da verdade)

Quem sabe se na cidadeNão o acolhessem em paz?

Eu hoje penso que Deus,Que é Pai de imensa bondade,Quis mostrar à Humanidade

Seu ilimitado Amor.

Por isso mandou pra nósO seu filho iluminado,Não pra ser crucificado

Mas pra ser Mestre e Senhor!

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

Vista geral do público presente no Congresso

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O IMORTALDEZEMBRO/2009 PÁGINA 13

“... E de repente, juntou-se aoanjo uma multidão do exércitoceleste a louvar a Deus, dizen-do: Glória a Deus no mais altodos céus e paz na Terra aos ho-mens que ele ama...” (Lucas,2:13-14)

Jamais abandonados, oamor sempre presente dirige aTerra há bilhões de anos. Jáestagiamos em muitas etapasencarnatórias, aprendendo emcada uma e observando o velhopreceito socrático: “quantomais eu sei, sei que nada sei”.Notamos que o aprendizadofundamental é o do amor e,mais que nunca, amar torna-senecessário diante da dificulda-de moral que vem grassando no

planeta. Como disse o filósofoRabindranath Tagore, “cada cri-ança, ao nascer, representa queDeus ainda não perdeu a espe-rança nos homens”. Isso no co-meço do século XX, quandoainda estava encarnado. Quepossamos passar às crianças quenascem a moralidade de que ne-cessitam para mudar para me-lhor o nosso mundo.

Mas, neste dezembro umavez mais rememoramos umacriança, o Espírito angélico queveio ao mundo para nos trazera mensagem do amor imortal –Jesus.

Naquele dia especial a Terrase banhou de luzes e um frêmitode esperanças correu o mundo.Jesus tinha vindo!

Quando agora completa-ram-se 20 anos da desencarna-ção de Jerônimo Mendonça, oGigante Deitado, que desencar-

nou em novembro de 1989, emItuiutaba (MG), o nosso que-rido amigo, que era cego,tetraplégico, com dores no pei-to, infarto, anginas etc. e quecantava alegria e consolaçãopelo Brasil afora, dentro dacausa espírita que abraçara,deixamos aqui uma singela ho-menagem a ele e a Jesus, re-presentada num poema de suaautoria, extraído do livro “OGigante Deitado”.

É Natal

É Natal... de polo a poloNo planeta em que resido,Do céu estrelado ao soloTe louvam, Jesus querido

É Natal... quanta belezaToda a Terra é primavera,

Do trono da naturezaAos sóis, de esfera em esfera.

É Natal... o mundose engalana

Na exaltação da alegria,Do arranha-céu à choupana

Glorificam a estrebaria.

É Natal... sopra o vento demansinho

Em cantigas de ninar,Canta feliz o passarinhoNa ternura do seu lar.

É Natal... o céuenvolve a Terra

Nos esplendores de luz,O homem esquece a guerra

E quem sofre agradece à Cruz.

É Natal... em todoo universo ressoam

Doces cânticos de louvor,Tudo ama, esquece e perdoa

Neste teu dia, ó Senhor!

É Natal... quanta esperançaPara a pobre humanidade,

Do ancião à criança

Reverência a JesusJANE MARTINS VILELA

[email protected] Cambé

E por que não?

Que tristeza seria viver ape-nas para sofrer.

Vivemos para viver, paraaprender e fruir, para amar avida e o amor... Por isso os pes-simistas não têm razão, muitomenos durante o caminho, jáque gostamos de viver.

E se “toda vida é dor”, comodizia Buda, ele queria com issoexplicar as causas da dor (so-bretudo o apego e a recusa) eos meios de se libertar dela – asabedoria. Ela, a sabedoria, emsi mesma, supõe saúde mentale emocional, o que exige disci-plina para o viver... Mais: que-rer viver bem, pois o esforço deviver é a própria vida.

Talvez ainda sim seja o so-frimento o que mais se conhe-ce. Por quê? Na maioria doscasos, misturamos o sofrer doque existe com o sofrer do quenão existe ou já não existe.Aqui, estaríamos no campo dailusão com nostalgia, muito dis-

EUGÊNIA PICKINA [email protected]

De Londrina

tinto da trama do sofrimento...Isso é triste, ou só o é na pro-

porção de nossa inabilidade dediscernir o real da ilusão.

Mudar? Mais uma razão paradedicar à vida todos os cuidadosque ela exige, pois o fato de umaexistência ser tão breve (e tão es-tendida no tempo às vezes) émais uma razão para vivê-la demaneira preciosa e, insisto, cien-te dessa brevidade sabida de an-temão...

Viver e ter um passado quecresce, e mesmo assim ter futu-ro também. Amadurecer, caso seconsiga. Remanejamentos e re-viravoltas, sem supor que o es-sencial já aconteceu e por isso éútil continuar... Continuar viven-do, amando, lutando. Durar oafeto, menos a banalidade e ofastio de tudo.

Força de existir, porque parabem durar é preciso honrar a ten-dência que todo ser tem de per-severar no seu ser, que é a dis-posição para viver o melhor pos-sível (o trabalho por fazer e oamor para dar, que seguem jun-tos).

Quando pensamos no queiremos encontrar na jornada,podemos pensar não apenas nasgrandes tristezas e nas afliçõespesadas, mas, sobretudo, napossibilidade de dizer “sim” aessa vida – naquilo em que elase afirma, mantendo sua inte-gridade, apesar de vivermosnum mundo tal qual este em quenos encontramos.

Além disso, podemos ima-ginar que o futuro espera quenos tornemos aquilo a queestamos destinados, porém des-de que tenhamos a força criati-va de alinhar nossas escolhasconscientes com a agenda donosso coração, o oposto de umaproposta narcisista.

Para isso, com coragem, acada amanhecer, somos desa-fiados a nos lançar contra omedo e o torpor, os principaiscoadjuvantes do viver enraiza-do no mal sofrer, que embara-ça o fato de que somos a nossaviagem – eis a nossa vulnera-bilidade, mas ela, se alegre-mente assumida, pode positi-var a vida.

Brilha a luzda caridade.

É Natal... estou felize contente

E renovado afinal,Mestre, obrigado

eternamente,Pois me salvaste

do mal.

Ao nosso Jerônimo, o nossoobrigado e a Jesus, o nosso mes-tre, a imorredoura gratidão.

Paz na Terra! Boa vontadeentre os homens!

Diante da manjedoura ,nessa lembrança de Jesus,uma vez mais o coração se en-ternece e, ao vermos as crian-ças que nascem, pensamos:Que Espírito é esse que Deusagora envia à Terra? Que seuspais saibam educá-lo, e, umdia, os horizontes do mundohão de clarear e o amor bri-lhar, afinal.

Na imprensa

Escrever com simplicidadee clareza, concisão e objetivi-dade, esforçando-se pela revi-são severa e incessante, quantoao fundo e à forma, de origi-nais que devam ser entregues aopúblico.

O patrimônio inestimáveldos postulados espíritas estáempenhado em nossas mãos.

Empregar com parcimônia ediscernimento a força da im-prensa, não atacando pessoas einstituições, para que o escân-dalo e o estardalhaço não en-contrem pasto em nossas filei-ras.

O comentário desairoso de-sencadeia a perturbação.

Selecionar atentamente osoriginais recebidos para publi-cação, em prosa e verso, de au-tores encarnados ou de origemmediúnica, segundo a correçãoque apresentarem quanto à es-sência doutrinária e à nobrezada linguagem.

Sem o culto da pureza pos-sível, não chegaremos à perfei-ção.

Sistematicamente, desper-sonalizar, ao máximo, os con-ceitos e as colaborações, con-vergindo para Jesus e para o Es-piritismo o interesse dos leito-res.

O personalismo estreitoensombra o serviço.

Purificar, quando não se pu-der abolir, o teor dos anúncioscomerciais e das notícias de ca-ráter mundano.

A imprensa espírita cristãrepresenta um veículo de dis-seminação da verdade e dobem.

”Toda escritura divina-mente inspirada é proveito-sa...” — Paulo. (II Timóteo,3:16.)

Do capítulo 15 do

livro Conduta Espírita, deAndré Luiz, obra psicografadapelo médium Waldo Vieira epublicada pela FEB.

André Luiz

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O IMORTALPÁGINA 14 DEZEMBRO/2009

O melhor presenteEm razão de problemas na empre-

sa, Paulo, pai de Carolina, precisavaviajar. Iria para um país distante ondepermaneceria durante alguns dias.

A menina, de sete anos, reclamouinconformada:

— Você vai viajar “justamente”agora, na época do Natal, papai?!...

— Lamento, minha filha, mas nãoposso deixar de ir. Também estou tris-te, mas prometo a você voltar antesdo Natal.

Acostumada a ter tudo o que dese-java, a garota perguntou, interesseira:

— E o meu presente, como fica?O pai sorriu, cheio de paciência e

respondeu:— Milha filha, já lhe expliquei que

o Natal representa o nascimento de Je-sus e nada tem a ver com presentes. Essatroca de objetos é apenas um costume

Olá, Amiguinhos!Estamos nos aproximando do

Natal, a festa mais bela do ano.As aulas estão terminando e as

férias já se anunciam trazendo ale-gria e descontração para todos.

Nós, do Jornal “O Imortal”, de-sejamos que todos vocês, nossosqueridos leitores, tenham sido apro-vados. Os que não con-seguiram, terão umnovo ano para estudarnovamente as mesmaslições e tentar aprender.

Agora, vamos rela-xar um pouco, descan-sar, que ninguém é deferro. O ano não foibrincadeira!

Aproveite para co-locar em ordem suascoisas. Separe o quedeve ir para o lixo, da-quilo que ainda for útil. Lembre-se,o que não servir para você, poderáser importante para outras crianças.

Aproveite essa época para brin-car, correr, ler, passear com os ami-gos, ir ao cinema, se divertir.

Procure usar uma parte das ho-ras para ajudar a mamãe. Sempre hámuito serviço a fazer e, se colabo-rar, ela terá mais tempo para dedicara você, levando-o para onde desejar.

Lembre-se, contudo, que no Na-

Feliz Natal!

social. Com o tempo você vai perceberque o que realmente importa não são ascoisas materiais. Mesmo porque, se al-guém deve ganhar presentes, com cer-teza é Jesus, o aniversariante!

A menina ouviu, fez que tinha en-tendido, mas continuou insistindo:

— Mas eu “vou” ganhar um pre-sente, não é?

— Está bem. Quando eu voltar lhetrarei um lindo presente. Diga-me,Carolina, o que gostaria de ganhar?

A menina pensou um pouco e co-meçou a falar:

— Quero um montão de coisas.Uma linda roupa, sapatos e brinque-dos. Também quero chocolates e bom-bons deliciosos!

Paulo arregalou os olhos, surpreso:— Não é muita coisa? Mas... está

bem, filhinha, você merece. Trarei

tal comemora-se o aniversário deJesus, data em que devemos nos lem-brar do Mestre. Por isso, não penseapenas em ganhar presentes. Procu-re se recordar daqueles que nada têm.

Olhe à sua volta e observe.As vezes, é o filho da lavadeira

que gostaria tanto de ter aquele brin-quedo que você não usa. Dê uma rou-

pa, aquela que não lheserve mais, ao meninoque passa no portão pe-dindo um prato de co-mida e que está todorasgado; ele ficará mui-to contente. Para mui-tos, o calçado que vocênão usa, o livro que jáleu, o brinquedo velho,os doces, balas e piruli-tos que você ganha emquantidade, represen-tam uma grande alegria.

Tudo isso, porém, deve ser re-passado com respeito e carinho.

Nossas ações só terão real valorse acompanhadas do nosso sentimen-to. Doe seu coração, distribuindo sor-risos, palavras gentis e sua amizade.

Tenha certeza de que Jesus fica-rá muito feliz com você e o cobriráde bênçãos.

Feliz Natal para você e toda asua família!

São os nossos votos.

poder voltar para casa com saúde. Pas-samos momentos muito difíceis em quepensei não fosse sobreviver. Felizmen-te, todos se salvaram. E então, aqui es-tou eu! Só perdi as bagagens.

Paulo estava com a cabeçaenfaixada, tinha um braço engessado,mas sentia-se feliz e emocionado.

Estela, que estava na cozinha, aoouvir a voz do marido correu a abraçá-lo, chorando de alegria, sem poderacreditar em tamanha felicidade.

Depois, tranquilos, sentaram-separa conversar. Paulo contou como ti-nha sido o desastre.

— Graças às árvores, que amor-teceram a queda, estamos todos vivos.

E concluiu, dizendo:— Filhinha, só não consegui tra-

zer-lhe os presentes que prometi.Carolina pulou nos braços do pai,

com os olhos úmidos de pranto.— Não tem importância, papai.

Descobri que você é o meu melhorpresente. Sem sua presença, nossavida não teria sentido.

O pai abriu os braços e um largosorriso brincalhão iluminou seu rosto:

— Então, seu presente chegou!FELIZ NATAL, Carolina!

— Feliz Natal, papai!E naquela noite, em torno de uma

mesa, quando todos comemoravam onascimento de Jesus, a ouvir de longeos cânticos natalinos que soavam, apequena família agradeceu ao Senhora bênção de estarem juntos.

Carolina amadurecera, passando avalorizar e a entender melhor os laçosfamiliares, o amor que existia entreeles e também o espírito natalino.

Tia Célia

tudo o que deseja. Enquanto isso, sejaboazinha e obedeça à mamãe.

Carolina prometeu. Pegaram as ba-gagens e foram para o aeroporto. Apósas despedidas, voltaram para casa.

A mãe, Estela, estava triste por se-parar-se do esposo, mas Carolina esta-va radiante. Só pensava nos presentesque iria ganhar quando o pai retornasse.

Entrando na residência confortá-vel e bem decorada, a menina sentiuque a casa estava sem graça e vaziasem a presença do pai.

Algumas horas depois chegou anotícia através da televisão. A aero-nave havia caído numa região monta-nhosa, no meio de densa floresta, semter chegado ao seu destino.

O local, de difícil acesso, dificul-taria as buscas. O avião ainda não foralocalizado, e não se sabia se existiamsobreviventes.

Foram horas terríveis para as fa-mílias dos passageiros e tripulantes,sem saber o que acontecera com seusentes queridos.

No dia seguinte, um helicóptero quesobrevoava a área encontrou o avião.

O resgate dos sobreviventes foiiniciado com grandes dificuldades. Asnotícias que vinham através da im-prensa não eram boas.

Cheia de dor e ansiedade, Estela esua filha aguardavam informaçõesmais precisas.

Carolina lembrava-se da última con-versa que tivera com o pai, dos presen-tes que pedira. Erguendo os olhos parao Alto, a menina orava, suplicando:

— Querido Jesus! Deixe que meupaizinho volte são e salvo para nossacasa. Eu pedi muitos presentes, masagora nada mais importa. Só quero omeu papai de volta.

Três dias depois, logo cedo, ba-tem à porta. É véspera de Natal.

Carolina vai abrir e — oh! surpre-sa! — vê a figura do pai à sua frente.Joga-se nos braços dele, feliz:

— Papai! Você voltou! Mamãe eeu estávamos preocupadas com você.As notícias...

— Eu sei, filhinha. Agradeço a Deus

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O IMORTALDEZEMBRO/2009 PÁGINA 15

Consciência e Condensado de Bose-Einstein

Einstein, apesar de declarar-seagnóstico, tinha forte apego às suasorigens judaicas, principalmentepelas perseguições sofridas pelosjudeus em todo o mundo, emboraesta fosse provocada também emparte pela sua própria ortodoxia.Ele não conseguia se libertar danoção cartesiano-newtonianadualista e não conseguia imaginarum Deus que não fosse transcen-dente, separado da matéria.

A possibilidade de um Deusimanente, que fosse ao mesmo tem-po matéria e espírito, estava além daimaginação da pessoa que criou estaprópria possibilidade. No entanto, namesma época de Descartes, surgi-ram outros dois filósofos que, em-bora perseguidos dentro de seus pró-prios círculos, sustentaram o concei-to de unicidade do Universo.

São eles o judeu holandêsBaruch Spinoza e o frade domini-cano italiano Giordano Bruno. Am-bos pagaram muito caro por isso.Spinoza foi excomungado pela co-munidade judaica holandesa, e seusfamiliares o deserdaram, tendo ele,no fim da vida, trabalhado comopolidor de lentes para poder sobre-viver. Porém a Giordano Bruno es-tava reservado um destino pior. Con-denado à fogueira pela Inquisição,foi queimado em Roma em um poé-tico (e irônico) lugar chamado Cam-po dei Fiori (Campo das Flores).

Bruno defendia a infinitude doUniverso, um conjunto dinâmico

que se transforma continuamente,do inferior ao superior, e vice-ver-sa, num movimento constante, porser tudo uma só e mesma coisa,como manifestação da vida infinitae inesgotável. Como o Universo,também Deus é infinito, sendo-lheimanente e transcendente ao mes-mo tempo, sem nenhuma contradi-ção, pois os opostos acabam porcoincidir no infinito.

Para Bruno, o Universo era umacoisa viva, todo ele regido por umamesma lei, sendo Deus a mônadadas mônadas (espécie de átomosorgânicos e viventes), que com-põem o organismo do mundo. Deusestaria presente por toda parte,como poder infinito, sabedoria eamor, cabendo aos homens adorartoda essa infinitude com entusias-mo, numa unidade das crenças re-ligiosas, sem dogmatismos.

A metafísica de Bruno podeser denominada de monista,pampsiquista e paramaterialista,sendo que ele concebia Deus comoalma e princípio ativo do mundo –e a matéria como princípio passi-vo. Deus e matéria nada mais são,portanto, do que dois aspectos damesma substância.

Seu maior pecado foi contrari-ar Aristóteles, que a Igreja usavacomo dogma, e afirmar as idéias deCopérnico, assim como de Nicolaude Cusa, de que o Sol era um astro,que era maior que a Terra, que nãoera assim tão importante, que oUniverso era infinito, que haviauma infinidade de mundos e queDeus estava integrado em tudo.Com isso tornou-se culpado de he-

resia, acusado de panteísta oupoliteísta e queimado em mais umadas inúmeras fogueiras onde forampiedosamente justiçados os milha-res que se opunham às ideias políti-cas da poderosa (na época) IgrejaCatólica, Apostólica, Romana.

Quando hoje um físico quânticoexplica a unicidade da relação maté-ria-energia e a transformação de umaem outra, já não será queimado.

Baruch Spinoza, como Bruno,também era monista. Também acre-ditava que “tudo era em Deus”,como dissera Paulo de Tarso no seudiscurso no Areópago: “porque nelevivemos, nos movemos e existi-mos”. Acreditava que o Universoera formado por uma única substân-cia, e que esta substância podia serchamada tanto de Deus como deNatureza. Spinoza colocava comocomponentes dessa substância tan-to a matéria como o espírito, e umtambém era o outro, sendo ambos

atributos de Deus ou Natureza, con-forme queiram chamar, e por Ela ouEle controlados.

Como vivia na Holanda, paísonde as liberdades individuais esta-vam razoavelmente preservadas e ainfluência da Igreja Católica não eragrande, foi somente punido em suaheresia pelos judeus locais e pelaprópria família, que o deserdou.

A física quântica teoriza que oUniverso como um todo é uma sopa,chamada de vácuo quântico, preen-chida por partidas virtuais cuja pro-priedade inerente é terem a probabi-lidade de, em condições especiais, setornarem reais. Essas partículas, aose tornarem reais, poderão sob influ-ência externa ser ondulatórias oumateriais. Poderão ser eu (matéria)ou/e meu espírito, ou minha consci-ência, como quiserem chamar.

Um paralelismo entre a teoriaquântica e as ideias de Bruno eSpinoza não parece ser mera coin-

cidência, pois desde há cinco milanos os avatares de diversas corren-tes religiosas encarnam trazendo amensagem “...vós sois Deuses”.

Na década de 1920 Albert Einsteine o físico indiano Satyendra Bose pre-viram um novo estado da matéria. Oquinto estado foi batizado de Conden-sado de Bose-Einstein. Segundo eles,quando um determinado número debósons (partículas que têm spin 1,como fótons) sob condições especiaisde temperatura são comprimidos, tor-nam-se coerentes e agem como se fos-se um único e gigante bóson. Isso podeacontecer tanto a temperaturas muitoperto do Zero Absoluto, como dentrode cristais chamados de cristais doestado sólido.

Cientistas alemães, em 1936,em experiência com o germânio,conseguiram inventar o transistor esubstituir as antigas válvulas de rá-dio por eles. (Na continuação, maisCondensado de Bose-Einstein.)

AIGLON [email protected]

De Londrina

A sabedoria do desapego

“Tudo passa e o Bem perma-nece.” (Bezerra de Menezes.)

Pode parecer utopia falar emdesapego em uma época em queuma das frases mais pronunciadasé “- E o que eu ganho com isso?”,e onde a troca de interesses imperanos relacionamentos sociais e pro-fissionais, resultando numa socieda-de calculista, egoísta e inescrupulo-sa. As consequências destas atitu-des são as desigualdades sociais, acorrupção como regra comum e oindividualismo predominante.

O Bhagavad Gita ¹, a “sublimecanção da Índia”, há 7.000 anos játratava do necessário exercício dodesapego, trazendo uma proposta devida que merece reflexão. Expõe aobra que “a auto-realização consis-te em trabalhar intensamente e re-nunciar a cada momento ao frutodo trabalho”. Convida-nos a agirno bem não mais dependendo dosfrutos dessa ação, com desinteressede lucro pessoal, desapegando dosdesejos egoísticos.

Em O Livro dos Espíritos ² va-mos encontrar a informação que osinal mais característico de imper-feição é o interesse pessoal, sen-do o sinal notório de inferioridadeo apego às coisas materiais.

Quando o nosso ego domina nossasações temos atitudes egoísticas desomente satisfazer nossos desejos evontades, sem medir consequênciaspor esta escolha.

Sábio é aquele que renuncia, pelaforça da verdade a si mesmo, liber-tando-se do egoísmo – caminho se-guro para a felicidade plena. Os Es-píritos Superiores ³ nos orientam aagir no bem sem segunda intenção,a sacrificar o interesse pessoal pelobem do próximo, exercitando a maismeritória das virtudes: a verdadei-ra e desinteressada caridade. De-sapegar é preservar a alma livre dascoisas exteriores libertando-se daspaixões e do ódio(e dos impulsos queo geram). O meio mais eficaz decombater o predomínio da naturezacorpórea é praticar a abnegação e odesprendimento de si mesmo. 4

Quando se propõe o desapego,não é abandonar o “mundo”, masentender a existência terrena comotransitória e impermanente; o queé imortal e verdadeiro é o Espírito.Desconhecendo ou abdicando destaverdade muitos comprometem a saú-de, a família, os amigos e a própriafelicidade em busca das conquistastemporárias. Esquecer ou deixar paramais tarde a evolução espiritual, aaquisição das riquezas “que as traçasnão corroem” em troca dos prazerese dos tesouros materiais, é marca ine-gável de apego e imperfeição.

A vida é feita em ciclos. É pre-

ciso saber quando uma etapa che-ga ao final e permitir que ela seencerre. O fim de um emprego, deum relacionamento, um filho queparte para longe, um amigo quedesencarna... A felicidade consis-te em desapegar das coisas, pes-soas, situações e sentimentos epermitir que uma nova etapa seinicie em nossa vida, asseguran-do-nos de não ficarmos magoadose nem deixarmos mágoas nos ou-tros. Isto não significa amar me-nos ou descuidar mas, ao contrá-rio, enquanto o amor liberta e cui-da, o apego aprisiona e sufoca.

Allan Kardec 5 afirma: “o egoís-mo é a fonte de todos os vícios, comoa caridade é a fonte de todas as vir-tudes. Destruir um e desenvolver aoutra, tal deve ser o alvo de todos osesforços do homem, caso queira as-segurar a sua felicidade tanto nestemundo quanto no futuro”. Desape-gar-se é deixar de ser egoísta, é estarcada vez mais próximo de si mes-mo, de Deus e muito, mais muitomais próximo da felicidade.

Notas:¹ ROHDEN, Huberto. BagavadGita, 8 ed. Ed. Alvorada;², ³, 4, 5 KARDEC, Allan. O Li-vro dos Espíritos, 1ª ed. Come-morativa do Sesquicentenário.Rio de Janeiro: Federação Espí-rita Brasileira, questões 895, 893,912, 917.

LUIS ROBERTO SCHOLL [email protected]

De Santo Ângelo, RS

Divaldo responde– Como resgatar as velhas e

boas sessões práticas de doutri-nação de Espíritos desencarnadosque tantos benefícios trouxerama companheiros em dificuldade,na carne ou fora dela, em face dapenúria de bons medianeiros comque se vêm defrontando nossosCentros Espíritas?

Divaldo Franco: Penso quese torna inadiável o dever de vol-tarmos à simplicidade e à humil-dade, evitando-se as complexida-des que ora se apresentam em tor-no da mediunidade, exigindo-seestudos úteis, indiscutivelmente,mas que se prolongam por váriosanos, evitando-se o treinamento

edificante e salutar.Por outro lado, um expressi-

vo número de pessoas recusa-sea servir de instrumento aos sofre-dores, aspirando ao contato comos anjos e serafins, sem recordar-se de que a mediunidade está aserviço da consolação e da ilumi-nação de consciências.

No silêncio do anonimato nasinstituições espíritas, sem alardenem divulgação, devem ser instala-dos os grupos sinceros de devota-dos servidores de Jesus, a fim de tra-balharem em favor da doutrinaçãodos irmãos em sofrimento, por cujomeio ascendemos na direção doServidor Incessante, que é Jesus.

(Extraído de entrevista concedida ao jornal O Imortal, publicadaem maio de 2008.)

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O IMORTALPÁGINA 16

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

O médico psiquiatra EdsonLuís dos Santos Cardoso (foto), 38anos, natural de São Gabriel (RS),iniciou sua trajetória no Espiritis-mo ao ler O Livro dos Espíritos,no final da adolescência.

Desde abril de 2002 coordenaum importante trabalho de auxí-lio às famílias que enfrentam a de-pendência química e suas dramá-ticas consequências, com metodo-logia apoiada na Doutrina Espíri-ta. O modelo de grupo deautoajuda é apoiado pelo HEPA –Hospital Espírita de Porto Alegree já foi adotado por diversas insti-tuições espíritas do Rio Grande doSul e Santa Catarina.

O assunto é o tema central daentrevista seguinte:

O Imortal: Como se tornouespírita?

Venho de berço católico, maslembro que desde a infância bus-cava uma fé raciocinada e procu-rava entender as diferenças entre osseres humanos, que aos olhos deuma única vivência pareciam-meinjustas, sem um sentido e incoe-rentes com a ideia que eu fazia deDeus. Já tinha ouvido falar do Es-piritismo, mas não sabia o que era.Tinha uma intuição que me acom-panhou durante anos de que deve-ria conhecê-lo, mas foi somente nofinal da adolescência que fui ter oprimeiro contato com a DoutrinaEspírita por meio de uma pessoaamiga, que era espírita e me em-prestou O Livro dos Espíritos.Identifiquei-me de imediato com oque lia, encontrava ali as respostaspara meus questionamentos e, apóso término da leitura dessa obra, co-mecei a frequentar as palestras pú-blicas e os grupos de estudo daDoutrina Espírita na cidade de

ANTONIO AUGUSTONASCIMENTO

[email protected] Santo Ângelo, RS

“Quando falha a relação com os pais, ofilho não consegue confiar em ninguém mais”

DEZEMBRO/2009

Entrevista: Edson Luís dos Santos Cardoso

O dirigente do grupo Apoio Fraterno do Grupo Espírita Seara do Mestre, de Santo Ângelo (RS), conta comoé possível na Casa Espírita ajudar, com os recursos do Espiritismo, os dependentes químicos e seus familiares

Pelotas (RS), onde cursava a facul-dade de medicina.

O Imortal: Em quais ativida-des atua ou já atuou no Centro Es-pírita e no Movimento Espírita?

Desde o ano de 2000 estou vin-culado ao Grupo Espírita Seara doMestre, de Santo Ângelo (RS), ondeatuo como expositor em palestraspúblicas, canto e toco violão para ascrianças antes da evangelização in-fantil, aos sábados à tarde. Coorde-no o Grupo Apoio Fraterno (grupode autoajuda aos dependentes quí-micos e seus familiares), com ativi-dades todas as quintas-feiras, às 19h.

O Imortal: Você é frequente-mente solicitado como palestran-te para seminários e palestras.Como iniciou as exposições e quala importância que verifica nessasatividades?

No início, fui indicado pelo presi-dente do Grupo Espírita Seara doMestre para fazer uma exposição mé-dico-espírita sobre HIV (aids). A im-portância está no que aprendo, na ener-gia salutar que sinto e na possibilida-de de ajudar meu próximo, levandoaos outros palavras de conforto, espe-rança, de fé e esclarecimento, semprenuma visão médico-espírita.

O Imortal: Há em sua vida al-gum momento em especial quegostaria de relatar-nos?

O momento em que ouvi o con-vite da espiritualidade para iniciar otrabalho de auxílio aos dependentesquímicos e seus familiares dentro dacasa espírita. Foi ao final de umaexposição espírita sobre drogas, oque me preocupou, pois não achavaque era a pessoa certa para isso, masdepois eu vi quanto vamos sendoauxiliados e preparados ao longo docaminho para uma tarefa quando nospropomos a ela.

O Imortal: Como analisa apandemia das drogas, especial-

mente do crack, que tem aumen-tado muito e forçado a sociedadea uma reação?

As drogas surgiram com o ho-mem primitivo em suas crenças erituais religiosos, portanto é quasetão antiga em nosso planeta quantoa própria raça humana. O crack veiocomo um fundo de poço não apenaspara o usuário e seus familiares, mastambém para todas as esferas gover-namentais e para a sociedade emgeral, com a finalidade de provocarmudanças políticas, sociais e cientí-ficas, mas principalmente para dis-cutirmos e melhorarmos as relaçõesentre os seres humanos. E tambémpara abrirmos nossos olhos em rela-ção às outras drogas, como porexemplo, o álcool, que é tão incen-tivado em nossos dias, mas que, emverdade, é a porta de entrada, namaioria dos casos, para as demaisdrogas e para obsessões espirituais.

O Imortal: Quais as causasprincipais de muitos seres huma-nos, apesar de saberem das gravesconsequências, deixarem-se envol-ver pela dependência química?

A falta de amor paterno e mater-no para com o filho, às vezes mani-festando-se através da falta de cari-nho e em outras pela ausência dafunção paterna que é, entre outrascoisas, ensinar aos filhos os limitesnecessários. Quando falha a relaçãocom os pais, o filho não consegueconfiar em nenhum outro ser huma-no e busca a relação com as subs-tâncias químicas para superar as di-ficuldades.

O Imortal: Na vivência da clí-nica psiquiátrica, quais as princi-pais consequências pessoais e fa-miliares da dependência químicaque são observadas?

Diminuição do rendimento, fal-tas, reprovações e abandono esco-lar; faltas e perda de emprego; aci-dentes de trânsito com ou sem de-sencarnação, agressões, suicídios,homicídios, perda da saúde física emental.

O Imortal: Quais suas suges-tões de posicionamento aos diri-gentes espíritas para auxiliarem osque chegam aos Centros Espíritasvivendo o drama da drogadição?

Oferecer ao dependente e aosseus familiares toda a terapêuticaespiritual disponível na Casa Espí-rita (atendimento fraterno, palestrapública, passe, água magnetizada,literatura espírita). No Grupo Espí-rita Seara do Mestre essas pessoassão encaminhadas para o Apoio Fra-terno. Além disso, orientar a buscado auxílio psiquiátrico e psicológi-co.

O Imortal: O que é, quais sãoos objetivos e a forma de atuaçãodo grupo Apoio Fraterno?

É um grupo de autoajuda à luzda Doutrina Espírita para os depen-dentes químicos e seus familiares,que visa a auxiliá-los a erradicar asdrogas lícitas e ilícitas de suas vi-das. Atuamos sob a forma de reuni-ões semanais de 1 hora e 30 minu-tos, na casa espírita, onde utilizamosa técnica dos doze passos dos Alco-ólicos Anônimos, adaptada e acres-cida da Doutrina Espírita, que cons-ta do livro “Apoio Fraterno: Auxi-liando Almas a Vencer a Drogadi-ção”, obra essa produzida por mime por outros trabalhadores do Gru-po Espírita Seara do Mestre.

Durante a reunião o grupo traba-lha sob a forma de depoimentos pes-soais. Estes visam auxiliar os parti-cipantes a entenderem mais sobre

essa doença, e ajudar nas mudan-ças de atitude necessárias para arecuperação da família adoecidadevido à adicção (dependência quí-mica). Antes dos depoimentos éfeita a primeira parte do trabalho,que é a espiritualidade, tendo comobase o livro “Apoio Fraterno”.

Cada princípio é exposto du-rante três semanas consecutivas;na quarta semana é estudado o se-gundo capítulo do livro, que écomposto pelas principais substân-cias psicoativas (drogas) e na quin-ta semana é exemplificado comofunciona o Evangelho no Lar. Ogrupo reúne-se ininterruptamentedurante o ano todo, inclusive nosferiados. Esse trabalho tornou-seuma realidade possível com muitadisciplina, dedicação, fé e direci-onamento da espiritualidade supe-rior, que em várias oportunidadesse fez evidente. O livro pode seradquirido por quem desejar conhe-cer esse trabalho na sua essência.

O Imortal: Como surgiu ogrupo Apoio Fraterno?

Surgiu durante uma palestrapública que realizava sobre depen-dência química, na qual, ao final,eu pretendia sensibilizar os traba-lhadores da casa para se envolve-rem com essa questão. Só que,quando lancei o desafio para opúblico, ouvi alto e bom som umavoz espiritual que me disse sim-plesmente: “E por que não você?”Levei um susto, mas após conver-sar com outros trabalhadores dacasa, resolvi arregaçar as mangase começar a trabalhar. Comeceiconvidando as pessoas dos gruposde estudos da casa para formarmosum novo grupo que iria se propora estudar essa temática e formaruma metodologia para o trabalho.Dois anos após, já com o livropronto, resolvemos abrir para oatendimento aos necessitados des-sa área. (Continua na pág. 10 des-ta edição.)

Edson Luís dos Santos Cardoso