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O impacto das novas configurações familiares no desenvolvimento infantil
Melissa Antunes1
RESUMO: Este trabalho apresenta uma breve explanação sobre a evolução da família até os dias de hoje e explora os aspectos concernentes a três configurações existentes na atualidade: famílias monoparentais, homoafetivas e recasamentos. Foram analisados aspectos como relacionamento e hierarquia entre seus membros, execução de papéis parentais e outras variáveis presentes nessas constelações, importantes para a educação das crianças e seu impacto para o desenvolvimento infantil.
Palavras-chave: Configurações familiares. Desenvolvimento infantil.
INTRODUÇÃO
Considerando que a relação que se estabelece no contexto familiar é o
alicerce para o desenvolvimento infantil e uma das condições para o
desenvolvimento saudável da personalidade, incluindo autoestima e autoconceito,
pretende-se, neste trabalho, discorrer sobre o impacto das novas configurações
familiares no desenvolvimento infantil, a saber: monoparentalidade,
homoparentalidade e recasamentos.
É constante a divulgação de pesquisas e informações a respeito do papel da
família no desenvolvimento infantil e de sua influência no significado que a criança
atribui à escola e à aprendizagem. Entretanto, a sociedade em geral se depara com
as configurações oriundas dos novos arranjos familiares e se questiona sobre a
influência que as novas organizações podem desencadear na formação infantil,
além de quais seriam as influências dos papéis parentais nesse processo. Uma vez
que a família nuclear é o modelo idealizado de organização saudável, torna-se
salutar para a área de psicopedagogia pesquisar quais os impactos que a entrada
de novos atores no cenário familiar, como padrastos, madrastas, irmãos legítimos de
novos casamentos parentais, irmãos de convivência, ou mesmo a falta de um dos
pais na criação dos filhos, devido a perdas, separações ou abandonos, podem
causar para o progresso social, emocional e intelectual infantil.
1 Formada em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná e concluinte do Curso de Especialização em
Psicopedagogia da mesma instituição. E-mail: [email protected]
É importante destacar a mitificação em torno da família nuclear enquanto
forma saudável de criação da prole e o quanto essa configuração ainda se reflete na
contemporaneidade, embora não corresponda à realidade da maioria das famílias
atualmente. Serão destacadas, em breve explanação, o quanto as mudanças sociais
repercutem na família e também as suas principais formas de estruturas existentes
na atualidade, tais como a família monoparental, homoafetiva e recasamentos,
incluindo o divórcio, sendo esse interesse relevante para a clínica psicopedagógica
enquanto local de encaminhamento de queixas e pedidos de auxílio de pais,
crianças, escolas e famílias.
O presente trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e da
leitura de livros de desenvolvimento infantil. Foi realizada uma série de pesquisas
com as palavras-chave família, escola, crianças, educação, famílias monoparentais,
homoafetivas, entre outras, para consulta de artigos, periódicos e demais
publicações científicas relativas ao tema, principalmente aquelas disponíveis em
sítios da internet.
1. A FAMÍLIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES
“A família é concebida como o primeiro sistema no qual um padrão de
atividades, papéis e relações interpessoais são vivenciados pela pessoa em
desenvolvimento e cujas trocas dão base para o estudo do desenvolvimento do
indivíduo” (SIGOLO, 2004 apud SILVA, 2008). É nela que o indivíduo sobrevive, em
termos biológicos, se socializa e onde a autoestima, a personalidade e a identidade
são desenvolvidas. A família tem um papel central no desenvolvimento da criança,
pois nela se realizam também as aprendizagens básicas para o desenvolvimento
escolar.
Ao longo do tempo, as transformações sociais e históricas modificaram o
panorama cultural e a organização familiar foi afetada por eles.
O contexto histórico, econômico, social e cultural do final do século XX e início desse século registrou profundas alterações no modo de vida das famílias, a exemplo do crescimento da longevidade humana, a participação da mulher no mercado de trabalho, o divórcio, o controle da natalidade, as tecnologias de inseminação artificial e fertilização in vitro, o reconhecimento jurídico das uniões homoparentais, dentre outras. Esses fatores propiciaram ambiente favorável para uma nova realidade: a multiplicidade de formas que
pode assumir a família hoje. (AMAZONAS, BRAGA, 2006 apud ARAUJO, 2012).
Assim, para entender a evolução das organizações familiares e sua influência
nas atuais configurações, é importante citar as principais características de três
modelos básicos de família: a patriarcal, a nuclear e a pós-moderna.
Inicialmente caracterizada pelo poder patriarcal, a figura masculina detinha o
poder devido ao papel econômico e social exercido pelos homens. A relação entre
os seus membros era baseadas no tripé hierarquia, respeito e autoridade.
Numerosa, era composta não só pelo marido, pela esposa e pelos filhos, mas
também por serviçais, parentes e escravos, submetidos todos ao poder absoluto do
homem, que era ao mesmo tempo, marido, pai, patriarca. Os casamentos eram
arranjados por interesses econômicos e, a transmissão familiar do patrimônio, um
valor importante. Normas e regras sociais eram rigidamente exercidas e, seu
cumprimento, exigido das crianças. Predominava o estilo de educação autoritária.
O segundo momento se refere à família nuclear ou moderna, cuja constituição
iniciou-se após o início da industrialização. Constituída por meio do casamento por
amor, a família nuclear centrada na tríade pai, mãe e filho, manteve os papéis
masculino e feminino delineados, tendo o homem como provedor e, a esposa, como
a guardiã dos filhos e do lar. A união conjugal era símbolo de fonte de afeição e
realização pessoal, e o casal estava unido para formar uma família e se dedicar aos
cuidados com a prole nos aspectos afetivo, de saúde e educação. “No que diz
respeito às relações entre pais e filhos, esse padrão também se modificou, não
sendo mais baseado na imposição da autoridade e sim na valorização de um
relacionamento aberto, pautado na possibilidade de diálogo’’(LISBOA, 1987 apud
PRATTA e SANTOS, 2007). A educação infantil passou a ser então pautada no
afeto, sob a supervisão materna, essencialmente.
Na segunda metade do século XX, a entrada das mulheres no mercado de
trabalho e nas universidades afeta profundamente as relações entre os membros
familiares, na medida em que amplia as possibilidades femininas no campo laboral,
quando o trabalho passou a significar realização pessoal para as mulheres, e
estreita o tempo do exercício de atividades domésticas. Novas concepções em
relação ao papel feminino e ao casamento baseiam a busca de relações íntimas
e/ou sexuais satisfatórias para a manutenção da união. Divórcios e reorganizações
conjugais aumentam e a família não é mais garantida pela indissolubilidade do
casamento, mas sim pela manutenção de amor e companheirismo entre o casal.
Já os avanços no campo da fertilidade propiciam o controle da natalidade e
diminuem o número de membros na família. Por conseguinte, ocorre a diminuição da
rede de apoio na criação dos filhos e, somada à necessidade de ambos os pais
trabalharem fora de casa, surgem creches como solução para o cuidado das
crianças, assim como a delegação desses cuidados a outros membros da família,
como os avós. A educação das crianças passa a ser exercida por outros indivíduos,
não somente pelos pais e mães.
As transformações ocorridas no status da mulher são, ao mesmo tempo, causa
e consequência das mudanças na dinâmica familiar, em função dos diferentes
papéis que exercem na sociedade. Em contrapartida, o papel masculino também
passa a ser repensado, transformando as relações conjugais e parentais: exercício
compartilhado do poder familiar, divisão das tarefas e das despesas domésticas,
além do compartilhamento de responsabilidades em todas as áreas de educação da
prole. O homem passa a ser incentivado a manter um maior envolvimento afetivo
com os(as) filhos(as), "terminando com a dicotomia: pai distante, figura de
autoridade e mãe próxima, figura de afeto" (LISBOA, 1987 apud PRATTA e
SANTOS, 2007). Nesse contexto, o exercício da autoridade dentro da família vai
sendo dividido, pois a própria legislação passa a garantir direitos e deveres iguais ao
casal.
A legislação brasileira, acompanhando a evolução social, revisou as diretrizes
legais pertinentes à família, baseadas na igualdade entre o casal, proibindo também
a discriminação de direitos entre os filhos tidos dentro e fora do casamento. O Direito
de Família passou a reconhecer novos arranjos familiares como a união estável e a
família monoparental.
Em suas pesquisas, Féres- Carneiro e Magalhães, (2011 apud ARAÚJO, 2012), identificaram, na atualidade, oito arranjos conjugais entre homens e mulheres hetero e homossexuais que dão origem a configurações familiares que não estão previstas expressamente no ordenamento jurídico nacional. São eles: “‘ficar com’, namoro, noivado, união estável, primeiro casamento, recasamento, casamento em casas separadas e poliamor.
A literatura destaca que a diminuição no número de casamentos legais, o
aumento das uniões livres, dos divórcios e das separações é a concretização da
modificação dos parâmetros a respeito de configurações familiares. Podemos
acrescentar ainda o crescimento de famílias monoparentais e recompostas,
diminuição do número de nascimentos e também deles fora do casamento, aumento
do trabalho assalariado das mulheres e do número de casais com ambos inseridos
no mercado de trabalho.
Os laços de consangüinidade, as formas legais de união, o grau de intimidade nas relações, as formas de moradia, o compartilhamento de renda são algumas dessas variáveis que, combinadas, permitem a identificação de 196 tipos de famílias, produto de cinco subsistemas resultantes da concepção ecológica de micro, meso, exo, macro e cronossistema. (PETZOLD, 1996 apud DESSEN e POLONIA, 2007). Para Vaitsman (1994, apud RIBEIRO, 2005), de maneira mais precisa, o que caracteriza a família e o casamento numa situação pós-moderna é justamente a inexistência de um modelo dominante [de família), seja no que diz respeito às práticas, seja enquanto um discurso normatizador das práticas.
São inúmeras as configurações atuais: casais que vivem em casas
separadas, para manutenção da independência ou para evitar conflitos entre filhos
de uniões anteriores; uniões consensuais, sem a legalização do matrimônio; casais
de adolescentes, que geralmente moram na casa dos pais quando uma gravidez
inesperada ocorre, devido à imaturidade e incapacidade de sustento; casais sem
filhos por opção, que priorizam a satisfação pessoal e a carreira; famílias
unipessoais, opção daqueles indivíduos que estudam ou trabalham fora do local de
origem, ou ainda, decidem ter seu próprio espaço.
Segundo FISHER (1995, apud HINTZ, 2001), o que é genuinamente novo na família contemporânea é o predomínio de pessoas solteiras e divorciadas, e de viúvos e viúvas vivendo sozinhos. Antes, as pessoas viúvas conviviam com os filhos adultos e netos sem tensões ou conflitos. Atualmente, quando dispõem de recursos e saúde, preferem viver em suas casas. Este fato, de alguma forma, está contribuindo para formar-se um novo tipo de família: a associação, que são compostas por amigos sem grau de parentesco. Sem manter relacionamento sexual, estas pessoas, que não têm filhos, reúnem-se para manter um convívio amistoso. Festejam feriados juntos, ajudam-se mutuamente, quando um adoece. É hábito que datas importantes sejam comemoradas com sua família de origem. Desta forma, as pessoas nessas associações escolhem uma rede de parentesco baseada na amizade. Podem surgir novos termos de parentesco, novos tipos de seguro, novos planos de saúde, novos tipos de moradia.
Portanto, as composições familiares atuais ultrapassam o critério de
consanguinidade, e se estendem para além da família nuclear. Sua compreensão
busca estudar as formas de relacionamentos, exercício de papéis e hierarquia entre
seus membros.
2. DIVÓRCIOS E RECASAMENTOS
Facilitado por mudanças sociais, culturais e pela independência econômica da
mulher, observa-se o aumento significativo do número de divórcios e recasamentos
nas últimas décadas. Em relação a esse assunto, é interessante observar os
aspectos contraditórios que a sociedade vive atualmente em relação ao amor,
casamento e individualidade. A concepção de amor romântico ocupa papel central
no imaginário amoroso da maioria dos indivíduos contemporâneos e, mesmo após
uma experiência malsucedida, muitos indivíduos procuram se relacionar e casar
novamente, mesmo que de forma não legalizada. Entretanto, a busca pela
individualidade, por realizações pessoais e profissionais vai de encontro, muitas
vezes, à construção de uma vida conjugal compartilhada, que necessita do “ceder”
por “nós” em detrimento do desejo do “eu”, numa sociedade que valoriza o
consumismo, individualismo e imediatismo.
A efemeridade nas relações, proporcionada pela impaciência para a
construção e transformação da relação, parecem encontrar no divórcio a única
solução para a insatisfação conjugal. Porém, de acordo com Berger e Kellner, citado
por Ribeiro, “os divórcios não ocorrem porque os casamentos tornam-se pouco
importantes, mas porque sua importância é tal que os indivíduos não aceitam que
suas expectativas relacionadas a esta união sejam frustradas”. Surge, assim, a
busca por novos parceiros amorosos e pelos recasamentos. Na ânsia de encontrar
apoio na conjugalidade, para exercer a individualidade numa sociedade altamente
complexa e exigente, novas famílias se formam todos os dias.
Muito se discute a respeito dos efeitos do divórcio para as crianças. Mas
alguns autores salientam que “alguns dos efeitos negativos do divórcio são devidos
a fatores que estavam presentes antes do divórcio, tal como temperamento difícil
criança ou conflito conjugal excessivo entre os pais”. (BEE e BOYD, 2011). É
importante salientar que as crianças são afetadas por uma série de fatores inter-
relacionados, como diminuição do poder econômico, mudanças na rotina diária,
diminuição do contato com o genitor que não detém a guarda legal dos filhos, por
exemplo. Conflitos conjugais que se acentuam após a separação tendem a impactar
a relação parental, que não se dissolve com o divórcio e muitos pais tendem a
utilizar os filhos em conflitos de lealdade contra o outro genitor.
O alto nível de conflito marital, dentro de certos parâmetros, com constância, alta intensidade e baixo nível de resolução é extremamente estressante para a prole (TOLOI, 2006 apud DAVIES et al, 1999), associado ao aumento da propensão dos filhos desenvolverem diversos sintomas psicológicos (internalizados ou externalizados) (TOLOI, 2006 apud DAVIES e CUMMINGS, 1994), interferindo, de maneira significativa, no desenvolvimento cognitivo e emocional (Grych e Fincham, 1990; Cummings e Davies, 2002).
“Nos primeiros anos após o divórcio as crianças tipicamente apresentam
declínios no desempenho escolar e mostram comportamento mais agressivo,
desafiador, negativo ou deprimido.” (BEE e BOYD, 2011). Ramires (2004), afirma
que o desenvolvimento cognitivo, aliado ao das estruturas de pensamento infantil e
ao vínculo parental estabelecido com os pais antes da separação, pode influenciar
no entendimento do filho acerca do divórcio dos pais. Oliveira et al (2008) coaduna
com essa hipótese: “Crianças de oito a nove anos de idade tendem a apresentar
maior vulnerabilidade às transições familiares, indicando maiores dificuldades e
estresse para lidar com esse momento do divórcio em função do grau de maturidade
de seu desenvolvimento cognitivo e socioemocional.”
Outra variável que se discute inclusive nas ciências jurídicas e sociais, é
sobre a importância da presença de ambos os pais no decorrer do desenvolvimento
dos filhos, e medidas jurídicas foram implementadas para que, aqueles genitores
que não detém sua guarda, tenham o direito de participar ativamente de sua
educação. Contudo, o que se vê na prática de muitas famílias é o afastamento
gradual do genitor, com frequência o pai, considerando que a mãe geralmente
detém a guarda da prole. Porém, se o casal se mostra capaz de negociar aspectos
relativos ao divórcio, tais como guarda, divisão de despesas, responsabilidades e
direitos, oferecerá aos filhos o amortecimento do impacto da separação e a
possibilidade de superação da crise, restabelecendo o sistema familiar.
O fato é que as transformações oriundas do divórcio dão início a novas
formas de relacionamentos conjugais para os pais, como novas redes de apoio e
familiar e também aos recasamentos.
A continuidade dos temas presentes no processo de dissolução da conjugalidade tende a se manter por muitos anos. No decorrer dos anos, os relacionamentos e possíveis rompimentos com os novos parceiros dos pais, assim como as repercussões na rede de convivência e apoio em função de novas uniões conjugais e nascimento de irmãos retomam a busca de referências na trajetória da adaptação familiar. Os novos relacionamentos, namoros e casamentos dos pais e a forma como estes vão se estruturando interferem consideravelmente no cotidiano das crianças. (TOLOI, 2006)
Os recasamentos surgem quando um dos pais, divorciado ou viúvo, casa-se
novamente, de forma legalizada ou consensual, com um indivíduo solteiro, viúvo ou
divorciado, que pode ou não ter filhos. Nota-se que a chamada família reconstituída
não é uma nova forma de arranjo familiar, mas tornou-se mais comum devido ao
aumento do número de divórcios em algumas sociedades. Segundo Losacco (2007),
“as alterações primordiais das novas configurações incidem sobre a qualidade da
apreensão, da função e do desempenho dos papéis intra e extranúcleo familiar.” O
relacionamento familiar amplia-se e a definição de papéis torna-se complexa,
originando laços de parentesco de difícil definição. Surgem conflitos em relação aos
direitos e deveres dos filhos de cada cônjuge do casal original e, se tiverem novos
filhos, do casal atual. Impasses em relação aos papéis dos pais biológicos,
padrastos e madrastas são comuns e levam as famílias a graves conflitos, incluindo
discussões financeiras, da rotina diária e da educação da prole. Complexa também é
a constituição dos laços afetivos e a definição do espaço, autoridade e
responsabilidade de cada membro do novo grupo.
Em seu livro “100% Madrasta – Quebrando as Barreiras do Preconceito”,
Roberta Palermo aborda que os maiores problemas que a madrasta enfrenta são “a
falta de apoio e organização do companheiro – ele não estipula regras, rotina e
limites para os filhos – e a não aceitação do novo relacionamento pela ex-mulher,
que boicota a concorrente e fala mal da madrasta para a criança”.
Todavia, muitos pais se sujeitam às exigências dos filhos devido ao
sentimento de culpa pela separação e eventuais carências que eles possam ter.
Assim, acabam cedendo a todo tipo de pedido, desde a compra desnecessária de
objetos, até a falta de exigência para o cumprimento de suas obrigações e
responsabilidades, inclusive escolares. Há casos em que os pais consideram que a
educação é obrigação da mãe, já que ela é a detentora da guarda legal. Em outros,
é difícil conseguir que os pais imponham limites aos filhos quando eles estão em sua
casa, ainda mais se forem diferentes daquelas exercidas na casa materna.
A falta de limites claros prejudica o desenvolvimento da criança e isso se
reflete na escola. Em casos de alterações de comportamento e de rendimento
escolar, é tendência de as instituições manterem contato apenas com o pai que
detém e guarda legal dos filhos, o que poderá mudar, com o advento da guarda
compartilhada. É salutar que os pais acompanhem os estudos, perguntem sobre as
aulas, provas e amigos. A criança pode morar com um dos pais, mas a
responsabilidade é de ambos.
Para garantir um funcionamento saudável, a família recasada precisa oferecer
a seus membros a possibilidade de contato frequente e diálogo entre pais, filhos,
padrastos, madrastas e família extensa. Deve haver o cumprimento de acordos e se
evitar a competição entre padrastos, madrastas e enteados pela disputa de espaço e
atenção do marido, esposa, mãe ou pai, bem como a disputa entre pais ou mães
contra padrastos ou madrastas.
Quando os pais biológicos exigem que seus filhos não expressem
sentimentos positivos em relação ao padrasto ou à madrasta, a criança pode sentir
culpa por gostar deles. Se não gostar, se sentir culpada por não atender às
expectativas do pai ou mãe recasada. Sentimentos de medo podem surgir pela
possibilidade de magoar um dos pais e perder seu amor. As crianças lidam com
perdas, lealdades divididas, fazem parte de duas famílias e muitas vezes não
entendem a qual pertencem. Esperam ver seus pais juntos de novo e
frequentemente sentem que têm culpa pelo divórcio. Para os pais, há a sensação de
divisão em relação ao companheiro e aos filhos deles, assim como entre os filhos
biológicos e enteados.
Administrar a nova rede de relacionamentos, responsabilidades e rotinas,
exige do recasamento o vínculo conjugal coeso. A madrasta, por ser mulher, não
deve ser responsabilizada pela criação dos enteados, sendo esse papel
responsabilidade dos pais biológicos. A interferência de padrastos e madrastas na
educação dos enteados pode causar rivalidades com o pai ou mãe biológicos e
revolta dos enteados. A atuação deve ocorrer de acordo com o papel de cada
membro dentro do núcleo familiar, mas a realidade é que não há uma definição clara
a respeito do verdadeiro papel de madrastas, padrastos e enteados, causando
desconforto em algumas dessas relações.
Oliveira (2005, apud TREVIS, 2003), lembra-nos que as fronteiras biológicas, geográficas, legais e o pertencimento dos membros são claramente definidos na família de primeiro casamento, ao passo que, na família recasada, isso não acontece, pois alguns filhos ou enteados podem ser vistos como hóspedes periódicos. Alguns membros da família recasada pertencem, portanto, a mais de um sistema familiar, e isso aumenta a possibilidade de surgimento de sentimentos de ambiguidade, o que frequentemente resulta em conflitos de lealdade e sentimento de culpa. Também as relações de parentesco são diferenciadas na família recasada, pois o parente de um irmão pode não ser de outro.
Diante de tantos desafios, é corriqueiro que os membros da família associem
eventos negativos em suas vidas ao fato de eles fazerem parte de uma família
recasada, como por exemplo, dificuldades escolares dos filhos.
Segundo Oliveira (2005), as pesquisas sobre os efeitos do recasamento sobre os filhos aparecem em maior número ao longo das décadas de 80, 90 até 2004 e buscaram investigar crianças e adolescentes com relação a vários aspectos, como desempenho escolar, ajuste psicológico e problemas de comportamento. As crianças de famílias recasadas eram comparadas com crianças de famílias tradicionais, em seus escores nos testes psicológicos, inventários, escalas ou outras formas de avaliações quantificáveis. Os resultados apresentaram grandes variações, mas apontaram, de forma geral, que crianças e adolescentes de famílias recasadas estão em maior situação de risco para problemas do que crianças e adolescentes de famílias intactas. Mas muitos pesquisadores concluíram que as diferenças de escores, em vários aspectos medidos, entre famílias do recasamento e de famílias intactas, são pequenas.
Todavia, devemos considerar inúmeras variáveis como causa de possíveis
consequências para o desenvolvimento das crianças oriundas de famílias
recasadas.
Visto que as crianças nessas famílias provavelmente experimentaram períodos durante os quais estavam vivendo em famílias com apenas um dos pais, é impossível dizer se quaisquer consequências para o desenvolvimento associadas são resultado da própria estrutura familiar ou do número de mudanças nos arranjos de vida com os quais tiveram que lidar no decorrer dos anos. Contudo, é importante notar que crianças vivendo nessas famílias têm taxas mais altas de delinquência e notas escolares mais baixas do que aquelas que vivem com dois pais naturais que são casados. (BEE e BOYD, 2011).
Mesmo com os desafios que essa família enfrenta, nem sempre ela será
conflituosa e poderá desenvolver seus membros para uma maior capacidade de
adaptação, responsabilidade e independência. Ao mesmo tempo, necessita de maior
comprometimento de cada um deles para que construa relacionamentos saudáveis.
A maneira como os membros da família se adaptam a essa série de reorganizações familiares depende do tempo da transição, das características do indivíduo, das mudanças, dos estressores e dos desafios específicos associados a cada estágio da transição e dos recursos familiares e extrafamiliares disponíveis para promover adaptação aos novos papéis e relações. (Oliveira, 2005).
Além das dificuldades oriundas da própria estrutura da família recasada, ela
também enfrenta o estigma de que deve seguir o modelo da família nuclear
tradicional. Entretanto, ela não é um modelo adequado, pois sua configuração é
diferente daquela. De acordo com Oliveira (2005 apud VISHER e VISHER, 1988),
“famílias recasadas devem ser vistas como unidades familiares possíveis e viáveis,
de estrutura complexa, criadas pela integração de antigas lealdades e novos laços, e
não como cópias imperfeitas da família nuclear”. É importante entender que:
Na família recasada os limites dos subsistemas familiares são mais permeáveis, a autoridade paterna e materna é dividida com outros membros da família, assim como os encargos financeiros. Há uma complexidade maior na constituição familiar: às vezes oito avós, irmãos, meio-irmãos, filhos da mulher do pai, filhos do marido da mãe. É preciso muita flexibilidade e originalidade para lidar com tudo isso. E é importante não interpretar a complexidade das relações que se estabelecem nestas famílias como disfuncionalidade. (FÉRES-CARNEIRO, 1998).
É um processo complexo, possível e viável, baseado na construção de
vínculos com vários sistemas, onde todos os membros devem estar comprometidos
para a formação de uma nova família. Aqueles que conseguem, passam a contar
com inúmeros companheiros e semeiam a possibilidade de desenvolver indivíduos
adaptáveis e flexíveis.
3. FAMÍLIAS MONOPARENTAIS
Assim como o divórcio é uma das causas principais para a formação da
família recasada, atualmente é, também, para a formação das famílias
monoparentais. Apesar de a constituição monoparental não ser nova, chama a
atenção o fato de a dissolução do casamento ser sua causa prevalente nos dias de
hoje.
A terminologia “família monoparental” surge na França em um estudo desenvolvido em 1981 pelo Instituto Nacional de Estatística e de Estudos Econômicos (INSEE). Posteriormente a noção se espalha por toda a Europa. Hoje a monoparentalidade é conhecida e aceita no mundo ocidental como a comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descendentes, ou seja, família é definida como monoparental quando apenas um dos genitores vive com seu(s) filho(s) numa mesma casa. (SOUSA, 2008).
Dessa forma, sua formação pode decorrer do término de um casamento ou
união estável, do falecimento de um dos cônjuges, do abandono familiar por um dos
pais, da paternidade não apurada pela mãe, da adoção por pessoa solteira, viúva ou
divorciada, da gravidez por inseminação artificial sem vínculo com o doador. De
todas as configurações citadas, a formação do núcleo monoparental devido à morte
de um dos pais é a forma mais antiga de sua origem.
Podemos observar que sua constituição é bastante distinta e, apesar do
aumento do número de homens que requerem a responsabilidade de assumir os
filhos, as famílias encabeçadas por mulheres ainda são muito mais comuns.
Alguns fatores podem ser apontados como condicionantes do crescimento das famílias monoparentais femininas, entre eles citam-se o aumento da expectativa de vida da mulher brasileira, o que pode ocasionar um maior número de viuvez feminina; o crescimento do número de divórcios e separações, sendo que em grande parte dessas situações a guarda dos filhos permanece com a mãe; e as mudanças de valores tradicionais em relação ao casamento e aos valores sexuais. (SOUSA, 2008 apud ÁLVARES, 2003)
A independência feminina, inclusive em relação à possibilidade oferecida pela
medicina e direito, se estende à maternidade. Já é comum o advento das chamadas
“produções independentes”, quando a mulher engravida sem o conhecimento do
parceiro, ou realiza a chamada inseminação artificial, decidindo ter um filho sozinha
sem a participação de um companheiro.
Portanto, a monoparentalidade pode ser uma opção ou uma situação imposta
pelas circunstâncias, ser tanto definitiva quanto temporária. O fato é que o
responsável pela família se vê sozinho para a criação dos filhos e cuidados
domésticos, ao mesmo tempo em que necessita manter os compromissos de
trabalho para a sobrevivência da casa.
A manutenção da família monoparental exige disciplina financeira que envolve
todos os membros que dela pertencem. Em geral, a fonte de renda provém do
trabalho da mulher, devido à maioria das famílias serem encabeçadas por elas.
Segundo Bee (2011), famílias encabeçadas por mulheres têm, em média, muito mais probabilidade de serem pobres do que famílias com dois pais. Portanto, as consequências para o desenvolvimento, que são encontradas entre os filhos de mães solteiras, podem ser devido à pobreza, à estrutura familiar ou a uma interação entre as duas.
Mas cuidar de uma criança não implica em apenas sustentá-la com alimentos,
mas também sustentá-la com amor, proteção, disciplina, rotina, compreensão, entre
muitas outras. Culturalmente é a mulher que possui as características ideais para a
criação dos filhos. Porém, socialmente isso vem mudando, e o próprio Direito passa
a considerar o bem-estar dos dependentes no momento de decidir sobre a guarda
da prole e, o advento da guarda compartilhada, passa a dividir legalmente as
responsabilidades que já são divididas de fato entre a maioria dos casais na criação
dos filhos. Diante desse cenário, surgem discussões sobre a inter-relação entre o
exercício das funções parentais e questões de gênero.
Na psicanálise, Lacan (apud RABELO, VIEGAS e POLI, 2011), em sua obra “Nota sobre a criança” afirma que a função materna não corresponde necessariamente a uma mulher e a função paterna a um homem. Não é no campo da anatomia que o exercício destas funções se decide. Para CASTRO (2008 apud RABELO, VIEGAS e POLI, 2011), a função parental não está contida no sexo, e sim na forma como os adultos que estão no lugar de cuidadores lidam com as questões de poder e hierarquia no relacionamento com os filhos, com as questões relativas a problemas disciplinares, de controle de comportamento e de tomada de decisão. As atitudes que compõem a função parental são responsividade que favorece a individualidade e a autoafirmação por meio de apoio e aquiescência, exigência que nada mais é do que atitude de supervisão e de disciplina para com os filhos. Essas atitudes não estão relacionadas ao sexo das pessoas.
A relação parental é construída ao longo da convivência com os filhos e a
assunção de responsabilidades domésticas e cuidadoras para com a família pelos
homens vem alterando a visão de que somente as mulheres exercem
adequadamente a função monoparental. Entretanto, independentemente se chefiada
pelo pai ou pela mãe, essas constelações enfrentam dificuldades e períodos de
adaptação, envolvendo a divisão das tarefas, estabelecimento de rotinas diárias, o
espectro financeiro e a construção de relações dentro e fora do seu núcleo.
Para Ramires (2004), estes aspectos acabam interferindo na qualidade das relações e no tempo que os pais permanecem com os filhos, exigindo
modificações na rotina diária em decorrência da reorganização familiar. As alterações na vida afetiva, social e profissional dos pais exigem, por vezes, mudanças na rede de convivência e de apoio das crianças, introduzindo a necessidade de relacionamentos com seus familiares e com novos parceiros.
Simultaneamente, a convivência diária com outro pai, quando há, tende a ser
reduzida ou distanciada em alguns casos, mas regular ou periódica em outros. A
constituição de uma nova família, a mudança de cidade, conflitos parentais, ou
mesmo a opção de não manter o contato, podem ser as causas do afastamento. A
literatura indica que a ausência de um dos genitores implica em várias
consequências adversas para as crianças, mas atenta para a importância de se
investigar fatores como personalidade dos filhos, maturidade e estágio de
desenvolvimento familiar, rede de proteção (avós, irmãos, tios, entre outros), nível
de desenvolvimento cognitivo, sexo e idade das crianças envolvidas como fatores
predisponentes a dificuldades futuras e como variáveis a serem manejadas para a
adaptação à nova estrutura familiar.
Essas variáveis também devem ser observadas na elaboração do luto pelos
filhos em caso de morte de um dos pais. Em pesquisa realizada por Franco e
Mazorra (2007 apud ANTON & FAVERO, 2011) resultados apontaram que crianças
que sofreram a perda de um dos pais apresentam sentimentos de desamparo e de
profunda ameaça à sobrevivência física e emocional, “sendo esse cenário agravado
pela perda da situação anterior à morte, pela necessidade de reorganização familiar
e pelo enlutamento do genitor ou familiares presentes”. A criança vivencia uma dupla
perda: a daquele genitor que de fato faleceu e daquele que sobreviveu, mas que
encontra-se fragilizado, acarretando maior sensação de desamparo na criança.
Nessas famílias, a busca por uma rede de apoio para a elaboração da perda torna-
se relevante. Porém, em casos em que ela é inexistente, a carga emocional caberá
ao pai sobrevivente, sendo o apoio para que o filho trabalhe seus sentimentos de
raiva, culpa e saudade provocadas pela morte do genitor. Se não for trabalhado, o
luto poderá acarretar dificuldades em estabelecer vínculos afetivos na vida do
indivíduo. (BOLWBY, 2006).
Neste contexto, o exercício da monoparentalidade é complexo, dinâmico e
exige esforço. É um tipo familiar que aparece associado à precariedade, pobreza,
dificuldades emocionais das crianças, entre outros. Há quem acredite que as
crianças advindas de famílias monoparentais têm maior possibilidade a
apresentarem comportamentos inadequados e disfuncionais socialmente, pois
podem ser alvo de discriminação, além de sofrerem a privação e separação dos
pais. Em contrapartida, muitos estudiosos acreditam que “a disposição para
disfunções ou alterações (imediatas ou mediatas) no comportamento dos filhos que
não convivem com um dos pais são as mesmas do que os que são provenientes de
lares nucleares.” (SOUSA, 2008).
Segundo McLanahan e Sandefur (1994 apud BEE e BOYD, 2011), os filhos
de mães solteiras têm aproximadamente duas vezes mais probabilidade que outras
crianças de abandonar o ensino médio, duas vezes mais probabilidade de ter um
filho antes dos 20 anos e menos probabilidade de ter um emprego estável no final da
adolescência ou início da vida adulta. Alguns estudos sugerem que crianças pré-
escolares cujas mães são adolescentes solteiras exibem desenvolvimento cognitivo
e social menos avançado do que seus pares (FURSTENBERG, BROOKS-GUNN e
CHASE-LANSDALE, 1989 apud BEE e BOYD, 2011). Podemos inferir que mães
adolescentes podem não possuir maturidade suficiente para acompanhar
adequadamente o desenvolvimento de seu filho, inclusive nas atividades escolares.
Por outro lado, a transição familiar também pode apresentar uma chance para
superar o conflito, conduzindo a relacionamentos mais integrados e harmoniosos e à
oportunidade para um crescimento pessoal maior, individuação e bem-estar.
Segundo Hetherington e Stanley-Hagan (1999 apud OLIVEIRA et al, 2008), crianças de famílias monoparentais podem apresentar maior nível de bem-estar do que as de famílias nucleares com alto nível de conflito, uma vez que o bem-estar infantil está associado ao bem-estar dos pais e ao relacionamento entre eles. Por exemplo, pais de famílias monoparentais utilizaram menos maus-tratos físicos em comparação a famílias com as duas figuras parentais (KROES, KALFF, STEYAERT & COLS., 2002 apud OLIVEIRA et al, 2008), as crianças e adolescentes apresentaram mais amadurecimento e melhores habilidades na tomada de decisão (HUTCHINSON & SPANGLER-HIRSCH, 1989 apud OLIVEIRA et al, 2008), comportamento positivo e uso de estratégias de solução de problemas (KEVE & FAGOT, 1997 apud OLIVEIRA et al, 2008), possuíram altos índices de saúde mental e física (HANSON, 1986 apud OLIVEIRA et al, 2008) e perceberam as figuras parentais de forma mais amigável do que crianças e adolescentes inseridos em famílias intactas (ASMUSSEN & LARSON, 1991 apud OLIVEIRA et al, 2008).
Embora o ambiente familiar propício ao desenvolvimento adequado das
crianças seja uma família harmoniosa e intacta, as crianças estão vulneráveis
quando crescem num lar conflituoso, com um pai e uma mãe, ou num lar
monoparental com dificuldades.
Entretanto, na ausência de conflito e com um pai ou mãe com custódia que esteja apto(a) para oferecer um envolvimento parental positivo, apesar do estresse inerente aos papéis monoparentais, as crianças, em famílias divorciadas, provavelmente serão competentes e bem-ajustadas (HETHERINGTON, 1979; 1999; HETHERINGTON & STANLEY-HAGAN, 1999 apud RAMIRES, 2004).
A maneira de monoparentais lidarem com as dificuldades de conciliar vida
familiar e trabalho variam conforme sua realidade financeira e rede de apoio.
Todavia, dificuldades de horários e participações nas reuniões escolares ou
consultas médicas são comuns. Muitas famílias monoparentais contam com o apoio
constante e mantêm ligações fortes com a família extensa, que inclui tios, avós,
primos, por exemplo.
Segundo Wilson (1995 apud BEE e BOYD, 2011), as famílias extensas parecem exercer uma função protetora para crianças que estão crescendo em famílias com apenas um dos pais. As avós, por exemplo, parecem ser fontes importantes de calor emocional para os filhos de mães adolescentes (COLEY e CHASE-LANSDALE, 1998 apud BEE e BOYD, 2011). Além disso, membros da família extensa frequentemente ajudam mães solteiras ou divorciadas com apoio financeiro e emocional, bem como com o cuidado com a criança. (BEE e BOYD, 2011)
Dessa maneira, podemos observar que as dificuldades enfrentadas pelos
membros deste tipo de configuração familiar podem ser amortecidas pela
compreensão e apoio daqueles com os quais convivem, pela adaptação de todos os
membros à rotina e à economia da casa, sendo que o exercício da parentalidade e
os laços de afeto, subsídios para o desenvolvimento adequado das crianças destas
configurações.
4. FAMÍLIAS HOMOPARENTAIS
A família homoparental sempre foi polêmica, pois além do preconceito
envolvido, a presença de dois pais naturais que sejam casados sempre foi o modelo
ideal de família para a criação saudável dos filhos.
Sua origem é diversa. Algumas se formam após a dissolução de uma união
heterossexual tradicional. Entretanto, após a legislação reconhecer a união
homossexual, a adoção tem se tornado mais frequente por casais formados por
indivíduos originalmente solteiros. Há também as opções de inseminação artificial e
reprodução assistida ou barriga de aluguel para a formação dessas famílias. A
exemplo das configurações monoparentais, a homoparental é mais frequente entre
mulheres, uma vez que são elas que geralmente detém a guarda dos filhos em
casos de separação e divórcio.
Comumente é no momento da separação que a homossexualidade de um dos
pais é revelada aos filhos e geralmente provoca o medo da perda do amor e respeito
deles em relação ao pai que a revela. “A experiência clínica sugere que é melhor
que essa revelação seja feita antes da adolescência, especialmente se o filho for do
mesmo gênero do pai/mãe, antes que os jovens tenham que lidar com seus próprios
conflitos de natureza sexual.” (FRANÇA, 2009)
Questões sobre a identidade do papel sexual e orientação sexual de crianças
que vivem nessas famílias permeia as pesquisas sobre esse tipo de configuração.
Existe uma grande preocupação referente à falta que faria uma figura masculina ou
feminina à criança adotada por um casal do mesmo sexo. Na realidade brasileira,
que apresenta inúmeras famílias monoparentais, além da crescente diversidade de
arranjos atualmente, essa questão perde sua relevância, sendo importante ressaltar
que sexualidade e função parental são variáveis diversas.
O questionamento da necessidade de um casal heterossexual na educação da criança a fim de garantir-lhe o modelo de diferenciação sexual é uma das principais críticas apontadas à família homoparental. Os argumentos são de que essas crianças podem tornar-se psicóticas, sofrer discriminação e, tornarem-se também homossexuais. Pesquisas mostram que a ausência de pais dos dois sexos não parece ter incidência sobre o desenvolvimento da identidade sexual e o desenvolvimento psicológico geral das crianças. (ZAMBRANO, 2006 apud RODRIGUEZ e PAIVA, 2009)
Diversas pesquisas americanas mostram que crianças que pertencem a
famílias homoafetivas desenvolvem mecanismos para lidar com o fato de terem dois
pais ou duas mães e que têm um bom ajustamento à situação. Segundo França
(2009), a Associação Americana de Psicologia concluiu, após analisar inúmeras
pesquisas, que "não há um único estudo que tenha constatado que as crianças de
pais homossexuais - gays e lésbicas – tenham qualquer prejuízo significativo em
relação a crianças de pais heterossexuais". Essa conclusão é corroborada por Bee e
Boyd (2011), quando cita que pesquisadores conduziram revisões abrangentes do
pequeno número de estudos que foram realizados sobre o desenvolvimento
cognitivo e social entre filhos de pais homossexuais, e que a maioria deles sugere
que crianças criadas por pais homossexuais não diferem daquelas criadas por pais
heterossexuais. Mas faz uma ressalva quando observa que a maioria dos estudos
envolveu um pequeno número de famílias e crianças e que em quase todos os
casos, as crianças eram oriundas de famílias heterossexuais.
Já outro estudo realizado com 80 crianças concebidas por meio de inseminação artificial, que foram comparadas com quatro tipos de estruturas familiares, sendo: casais de lésbicas, mães lésbicas solteiras, casais heterossexuais e mães heterossexuais solteiras, não encontrou diferenças no desenvolvimento cognitivo e social entre as crianças. Porém, foi constatado que as mesmas variáveis (estresse de paternagem, conflito parental, afeto parental), prediziam consequências para o desenvolvimento em todos os quatro grupos. Esses achados, semelhantes àqueles comparando famílias de dois pais e monoparentais, sugerem que o desenvolvimento das crianças depende mais de como os pais interagem com elas do que da configuração familiar. (BBE e BOYD, 2013). Ricketts e Achtenberg (1989, apud FRANÇA, 2009) comprovaram que a saúde mental e a felicidade individual dependem da dinâmica da família e não da forma como está estruturada. Patterson (1997 apud FRANÇA, 2009) pesquisou a influência de pais e mães homossexuais sobre a identidade sexual, o desenvolvimento pessoal e o relacionamento de crianças adotivas e biológicas; seus resultados mostram que tanto o nível de ajustamento da função materna quanto a auto-estima e o desenvolvimento social e pessoal dessas crianças são compatíveis com o de crianças criadas por casais heterossexuais; demonstrou também que pais do mesmo sexo são potencialmente tão afetivos quanto pais heterossexuais.
No exercício da parentalidade, o fato de ambos os parceiros serem do mesmo
sexo, tende à maior flexibilidade no exercício de papéis, ora executando atividades
masculinas, ora femininas. Todavia, esse fenômeno ocorre com certa frequência em
diversas configurações familiares existentes na atualidade.
A composição familiar homoparental é marcada pela ausência de papéis fixos entre os membros; pela inexistência de hierarquias e pela circulação das lideranças no grupo; pela presença de múltiplas formas de composição familiar e, consequentemente, de formação dos laços afetivos e sociais, o que possibilita distintas referências de autoridade, tanto dentro do grupo como no mundo externo (PASSOS, 2005 apud RODRIGUEZ e PAIVA, 2009).
No que se refere à rede de apoio às famílias homoparentais, é recorrente na
literatura a informação sobre a sua ausência, motivada principalmente pelo
preconceito da sociedade, incluindo a escola e a própria família de origem dos
homossexuais. E isso tende a dificultar o exercício da parentalidade. O preconceito,
a falta de apoio e a aceitação da família seriam os pontos-chave que diferenciam
essa configuração das demais.
Preconceitos relacionados à adoção por casais homossexuais também são
descritos em vários meios de comunicação, cujas preocupações se referem ao
“perigo potencial de a criança sofrer violência sexual, o risco de tendenciar a opção
sexual da criança, a incapacidade de homossexuais serem bons pais e a possível
dificuldade de inserção social da criança em virtude da orientação sexual do
adotante.” (Rios, 2001 apud FERREIRA e CHALHUB, 2010). Encontra-se também o
argumento de que essas crianças seriam alvo de bulling entre vizinhos e colegas de
escola, o que prejudicaria o desenvolvimento desse indivíduo. É neste sentido que:
Diniz (2008 apud FERREIRA e CHALHUB, 2010) afirma também que, em relação à adoção de crianças por casais homoafetivos, não se encontra em nenhum ordenamento jurídico, motivos legais para se contestar em relação à orientação sexual do adotante. Não existem argumentos científicos ou psicológicos que concebam a orientação sexual como característica fundamental na função parental. E Futino e Martins (2006 apud FERREIRA e CHALHUB, 2010) consideram que, de acordo com estudos psicológicos, a homoafetividade não se constitui como um empecilho para a formação do vínculo de apego com o filho adotivo. Neste contexto, a questão da homoafetividade não adquire um caráter de distinção na constituição da vinculação afetiva.
Outro problema vivido por famílias homossexuais, especialmente para
aquelas formadas após a separação ou divórcio, se refere à dificuldade de aceitação
em relação ao padrasto ou madrasta, da mesma forma como ocorre nos
recasamentos. Mas com o agravante de que o novo indivíduo é do mesmo sexo que
o pai ou mãe homossexual.
Em relação à educação dos filhos, pontua-se que crianças de famílias
homoafetivas tendem a ser mais tolerantes com as diferenças e aceitar mais
facilmente a diversidade. A tendência na educação das crianças pelos pais
homossexuais é o oferecimento da liberdade de escolha e o respeito às diferenças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estrutura da família tem um impacto no funcionamento familiar, que por sua
vez afeta o comportamento das crianças. Como descrito neste trabalho, cada
configuração familiar possui suas peculiaridades, relativas à hierarquia, número de
integrantes, condições financeiras e, principalmente, formas de relacionamento. Em
todas elas, observou-se que há dificuldades a serem ultrapassadas,
majoritariamente por meio de adaptações e concessões dos membros envolvidos,
mas também recompensas envolvendo o desenvolvimento de capacidades
pessoais, como flexibilidade e maturidade.
Contudo, mais do que diferenças e similaridades, conclui-se que o ponto
comum é que a afetividade dos pais significativamente contribui para o
desenvolvimento saudável das crianças em todos os rearranjos familiares. Propiciar
a elas um ambiente de afeto, carinho e respeito, passa pela observação de suas
necessidades em cada fase do seu crescimento, estabelecimento de regras claras,
disciplina e comunicação, independentemente do tipo de configuração familiar de
que faça parte.
Pontua-se ainda que o modelo de família nuclear continua sendo o referencial
para comparação com os novos arranjos familiares e seus possíveis efeitos
negativos no desenvolvimento das crianças. A situação ideal para elas sempre
pareceu ser a convivência com os dois pais biológicos casados. Porém, famílias com
ambos os pais não estão imunes a conflitos e nem sempre há harmonia em seu
relacionamento. Portanto, nota-se que o fator de maior importância em qualquer tipo
de família é o afeto no ambiente familiar, o que inclui respeito, tolerância,
companheirismo, diálogo entre seus membros, entre outras características.
Deste modo, afirmar conclusivamente que as crianças pertencentes a famílias
reconfiguradas tendem a apresentar dificuldades de desenvolvimento é precipitado,
pois é imprescindível considerar vários aspectos de sua vida.
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