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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ BRUNA BRANCO BIAZUS O INSTITUTO DO RECURSO REPETITIVO E SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCEDIMENTO DO RECURSO ESPECIAL São José, 2009.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

BRUNA BRANCO BIAZUS

O INSTITUTO DO RECURSO REPETITIVO E SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCEDIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

São José,2009.

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BRUNA BRANCO BIAZUS

O INSTITUTO DO RECURSO REPETITIVO E SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCEDIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito pela Universidade do Vale de Itajaí. Orientador: Prof. Claudio Andrei Cathcart

São José,2009.

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Dedico este trabalho de conclusão de curso à minha família, em especial à minha mãe, minha referência e inspiração, e a quem devo tudo. Ao meu irmão Maurício e ao meu pai.Aos amigos, a família que nos foi permitido escolher.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família pelo apoio incondicional durante estes cinco

anos.

Agradeço aos colegas de turma e amigos que dividiram momentos

especiais.

Aos professores pelos ensinamentos.

Agradeço meus colegas de trabalho e de forma especial à Dra. Janiara

Maldaner Corbetta, diariamente meu exemplo de dedicação e competência.

Ao meu orientador Claudio Andrei Cathcart.

E, finalmente, à Deus que permitiu tudo isso.

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RESUMO

A presente monografia tem por objetivo abordar as alterações trazidas

pela Lei 11.672/2008, a qual veio regulamentar os denominados “recursos

repetitivos”. Para que tal análise fosse possível, foi utilizado o método dedutivo,

ficando o trabalho subdividido em três etapas. No primeiro capítulo será

realizada uma análise da teoria geral dos recursos, tratando dos conceitos mais

expressivos, bem como um estudo das espécies recursais. No segundo

capítulo, será abordado o recurso especial, expondo os motivos que o

originaram, sua finalidade dentro do ordenamento jurídico brasileiro, hipóteses

de cabimento e todo seu processamento, destacando os pontos significativos.

Por fim, no terceiro capítulo, será desenvolvido um estudo da Lei 11.672/2008,

seus objetivos e todo o seu processamento, em conjunto com a Resolução n°

08 do STJ. Ao final, as questões controvertidas e a jurisprudência atual acerca

do tema.

Palavras-chave: Recursos. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial. Recursos Repetitivos.

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ABSTRACT

This thesis aims to address the changes introduced by Law

11672/2008, which came to regulate the called "repetitive resources”. To this

analysis become possible, it was used the deductive method, getting the work

into three stages. In the first chapter is an analysis of the general theory of

resources, covering the most significant concepts and a study of species

resources. The second chapter will address the special appeal, stating the

reasons that originated it, its purpose within the Brazilian legal system, cases of

all required and processing, highlighting the significant points. And the third

chapter, that will be developed to a study by Law 11672/2008, your goals and

all its processing, together with Resolution No. 08 of the STJ. Finally,

controversial issues and current case law on the subject.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................6

1 TEORIA GERAL DOS RECURSOS..................................................................8

1.1 CONCEITO DE RECURSO............................................................................8

1.2 PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO CIVIL.......................................9

1.2.1 Duplo Grau de Jurisdição............................................................................9

1.2.2 Taxatividade..............................................................................................11

1.2.3 Singularidade.............................................................................................11

1.2.4 Fungibilidade.............................................................................................12

1.2.5 Proibição da Reformatio In Pejus..............................................................13

1.3 REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS...........................14

1.4 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO.................................18

1.5 EFEITOS RECURSAIS................................................................................19

1.6 ESPÉCIES DE RECURSO...........................................................................19

1.6.1 Apelação....................................................................................................20

1.6.2 Agravo........................................................................................................21

1.6.3 Embargos Infringentes..............................................................................23

1.6.4 Embargos de Declaração..........................................................................25

1.6.5 Recurso Ordinário......................................................................................27

1.6.6 Recurso Especial.......................................................................................27

1.6.7 Recurso extraordinário..............................................................................28

1.6.7.1 Condições genéricas do cabimento do recurso extraordinário..............28

1.6.7.1.1. Esgotamento das vias recursais ordinárias.......................................28

1.6.7.1.2. Prequestionamento da questão constitucional..................................29

1.6.7.1.3 Repercussão Geral..............................................................................30

1.6.7.2 Condições específicas do cabimento do recurso extraordinário...........31

1.6.7.2.1. Provimento que contraria norma constitucional.................................31

1.6.7.2.2 Provimento que julga válida lei ou ato de governo local contestado

perante norma constitucional.............................................................................32

1.6.7.2.3. Provimento que declara válida lei local contestada perante lei federal

............................................................................................................................33

2 DO RECURSO ESPECIAL..............................................................................34

2.1 ORIGEM DO RECURSO ESPECIAL...........................................................34

2.2 FINALIDADE DO RECURSO ESPECIAL....................................................35

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2.3 HIPÓTESES DE CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL........................36

2.3.1 Condições genéricas do cabimento do Recurso Especial........................37

2.3.1.1 Esgotamento das vias recursais ordinárias...........................................37

2.3.1.2 Prequestionamento da questão federal.................................................38

2.3.2 Condições específicas de cabimento do Recurso Especial.....................40

3.3.2.1 Caracterização de questão federal........................................................40

2.3.2.2 Provimento que contraria ou nega vigência a tratado ou lei federal......40

2.3.2.3 Provimento que julga válido ato do governo local perante lei federal.. .41

2.3.2.4 Provimento que confere à lei federal interpretação divergente de outro

tribunal................................................................................................................42

2.4 EFEITOS DO RECURSO ESPECIAL..........................................................42

2.5 PROCESSAMENTO DO RECURSO ESPECIAL........................................44

3 DOS RECURSOS REPETITIVOS...................................................................48

3.1 Introdução.....................................................................................................48

3.2 Processamento dos Recursos Repetitivos...................................................50

3.2.1 A seleção dos recursos especiais Paradigmas pelo Tribunal de Origem 50

3.2.2 Seleção de Recursos Especiais Paradigmas pelo STJ ...........................52

3.2.3 Intervenção de terceiros e atuação do ministério Público........................53

3.2.4 Preferência de julgamento.........................................................................54

3.2.5 Efeitos do julgamento do Recurso Representativo...................................54

3.2.6 Da necessidade de regulamentação.........................................................55

3.2.7 Da vigência da Lei 11.672/2008................................................................56

3.2.8 Do agravo de instrumento.........................................................................57

3.3 Aspectos polêmicos da Lei 11.672/2008......................................................57

3.3.1 A inconstitucionalidade da Lei...................................................................57

3.3.2 Da desistência de recurso repetitivo.........................................................59

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................61

Referências.........................................................................................................64

ANEXOS.............................................................................................................69

ANEXO A............................................................................................................69

ANEXO B............................................................................................................70

ANEXO C ............................................................................................................ 76

ANEXO D ............................................................................................................ 79

ANEXO E ............................................................................................................ 82

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INTRODUÇÃO

Atualmente, verifica-se uma maior preocupação com a brevidade na

prestação da tutela jurisdicional, traduzida pela Emenda Constitucional n°

45/2004, a qual acrescentou o inciso LXXVIII ao artigo 5° da Carta Magna,

tornando constitucional o direito à celeridade processual. Nesta seara, visando

dar maior efetividade à solução dos conflitos que versem sobre idêntica

questão de direito, nos moldes da repercussão geral criada no âmbito do

Superior Tribunal Federal, foi concebida a Lei n. 11.672/2008 que adicionou o

art. 543-C ao Estatuto Processual Civil, disciplinando o que o legislador

denominou de “recursos repetitivos”. Neste sentido é que discorre o presente

estudo.

No primeiro capítulo é realizada uma análise da teoria geral dos

recursos, conceituando, inicialmente, o termo “recurso” e elencando os mais

expressivos princípios recursais do processo civil brasileiro. Após, os requisitos

de admissibilidade e seus pressupostos que se dividem em objetivos e

subjetivos. Ainda no primeiro capítulo, são traçadas as diferenças do juízo de

admissibilidade e do juízo de mérito, assim como os efeitos recursais. Por fim,

uma análise perfunctória das espécies de recursos tratados no art. 496, do

Código de Processo Civil.

No segundo capítulo, aborda-se o recurso especial, expondo os

motivos que o originaram, a partir da denominada “crise” no Supremo Tribunal

Federal, sua finalidade dentro do ordenamento jurídico brasileiro, as hipóteses

de cabimento, bem como os efeitos gerados a partir de sua interposição.

Outrossim, é dada ênfase ao seu processamento, destacando os pontos

significativos.

No terceiro capítulo, estudou-se a Lei 11.672/2008, seus objetivos e

todo o seu processamento, tema do presente trabalho de conclusão de curso.

Inicialmente é realizada uma introdução acerca dos motivos que levaram à

criação da lei. Na seqüência trata-se de todo o seu procedimento, em conjunto

com a Resolução n° 08 do STJ e ao final, trazidas as questões controvertidas e

a jurisprudência atual acerca da matéria, assim como comentários de autores

da acerca do tema discutido.

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Com isso, a partir da elaboração da presente monografia, na seqüência

lógica que se procurou criar e manter, foi possível tecer as considerações

finais, tornando uma leitura interessante acerca de um tema tão atual e

importante como os recursos repetitivos.

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1 TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Diante da posição exercida pelo magistrado na relação processual,

poder-se-ia aplicar o caráter de imutabilidade das decisões por ele proferidas,

todavia, o juiz como ser humano, está sujeito a cometer erros variados1. Assim,

visando confortar o espírito da parte insatisfeita com a decisão e até mesmo

para garantir o aprimoramento do judiciário, é permitido o reexame e a reforma

do ato decisório2.

1.1 CONCEITO DE RECURSO

Buscando sua origem etimológica, verifica-se que “no latim, recursus,

us, significa a repetição de um caminho já utilizado”3. Em termos mais amplos,

segundo Moreira4 recurso pode ser entendido como: “o remédio voluntário

idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o

esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna”.

Recurso é o remédio processual que a lei coloca à disposição das partes, do Ministério Público ou de um terceiro, a fim de que a decisão judicial possa ser submetida a um novo julgamento, por órgão de jurisdição hierarquicamente superior, em regra, àquela que a proferiu5.

Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart6 traçam a seguinte

definição: “meios de impugnação de decisões judiciais, voluntários, internos à

relação jurídica processual em que se forma o ato judicial atacado, aptos a

obter desde a anulação, a reforma ou o aprimoramento”.

1 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de Direito Processual Civil: volume 3. 22. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. p. 82.2 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 1.3 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 1. 4 MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. (Vol. 5). p. 223.5 NERY JUNIOR, Nelson. Teoria Geral dos Recursos. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 204.6 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 518.

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Os recursos diferem dos demais meios de impugnação, basicamente

sob dois aspectos. Primeiro porque ao “recurso não se aplica às hipóteses de

decisões sobre as quais já se tenha operado a coisa julgada, uma vez que um

de seus efeitos é justamente evitar o trânsito e julgado.”7. E segundo porque “o

recurso não enseja a instauração de novo processo, diverso daquele onde foi

proferido o ato impugnado”8, isto é, a reforma, da decisão. Sua “finalidade é

obtida dentro da mesma relação processual em que se insere a decisão judicial

atacada”9.

1.2 PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO CIVIL

Entende-se por princípio as diretrizes ideológicas que inspiram

determinados setores ou o conjunto do ordenamento jurídico10.

Para o âmbito do presente trabalho, serão analisados os princípios

elencados na obra de Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart11.

1.2.1 Duplo Grau de Jurisdição

O princípio do duplo grau de jurisdição nasceu da preocupação com o

abuso do poder pelos magistrados e tem sido entendido como garantia

fundamental de boa justiça12. Outrossim, o inconformismo inerente ao ser

humano “faz com que tenha reação imediata à sentença desfavorável,

7 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 6.8 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 6.9 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 507.10 ARRUDA Alvim, Manual de direito processual civil V.1, São Paulo: Revista dos Tribunais 2001. p. 24.11 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.12 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1).

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impelindo-o a pretender, no mínimo, novo julgamento sobre a mesma

questão”13.

Neste sentido é que se pode conceituar o princípio do duplo grau de

jurisdição, em linhas gerais, como a possibilidade de propiciar o reexame da

decisão, por órgão hierarquicamente superior14.

[...] a idéia que subjaz à noção de duplo grau de jurisdição impõe que qualquer decisão judicial, da qual possa resultar algum prejuízo jurídico para alguém, admita revisão judicial por outro órgão pertencente também ao Poder Judiciário15.

Grande polêmica existe acerca da sua constitucionalidade. Parte

expressiva da doutrina entende que não se trata de princípio constitucional16

pois a CRFB/88, em seu art. 5°, inciso LV garantiu aos litigantes, tanto de

processo judicial como de processo administrativo, assim como aos acusados

em geral, o direito ao contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos

a ela inerentes, não mencionando o duplo grau de jurisdição17.

Para Marinoni e Arenhart18, ao tratarem do caráter constitucional do

princípio do duplo grau de jurisdição, quando a CRFB/88 assegura os

princípios do contraditório e da ampla defesa, não está dizendo que a toda

demanda em que esta é garantida deva haver um duplo juízo.

Já para Miranda e Pizzol19 em que pese não estar expressamente

previsto na CRFB/88, sua previsão é implícita, uma vez que a Carta Magna

menciona a existência de tribunais. O mesmo é o entendimento de Fredie

Didier Jr. e Leonardo J. Carneiro da Cunha:

Considerando que o princípio não precisa estar expressamente previsto para que esteja embutido no sistema normativo, pode-se concluir que a Constituição Federal, ao disciplinar o Poder Judiciário com uma organização hierarquizada, prevendo a existência de vários tribunais, tem nela inserido o princípio do duplo grau de jurisdição20.

13 NERY JUNIOR, Nelson. Teoria Geral dos Recursos. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 39.14 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 8.15 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 500.16 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). P. 529.17 DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leornardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação as decisões judiciais e processo nos tribunais. 7 ed. Bahia: Editora Jus Podivm, 2009 p. 20.18 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 502.19 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 8.

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Superados os pontos controvertidos acerca da constitucionalidade do

princípio do duplo grau de jurisdição, deve prevalecer a sua importância no

aperfeiçoamento das decisões da causa “e a fé no valor da justiça.”21

1.2.2 Taxatividade

Segundo este princípio “os recursos existentes são apenas aqueles

previstos em lei, não cabendo a criação de outros por analogia ou por

derivação jurisprudencial”22.

Assim, pode-se afirmar que os recursos admitidos no ordenamento

jurídico brasileiro são aqueles elencados no artigo 496 do CPC e em leis

extravagantes23, ressaltando que recursos somente podem ser criados por lei

federal, ficando vedada a outra instância legislativa conceber figuras

recursais24.

Nas palavras de Rui Portanova25 “o princípio da taxatividade colabora

para que, em matéria recursal busque-se conciliar a rapidez com a segurança e

a justiça do provimento jurisdicional”.

1.2.3 Singularidade

20 DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leornardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação as decisões judiciais e processo nos tribunais. 7 ed. Bahia: Editora Jus Podivm, 2009 p. 25.21 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 79.22 PEREIRA, Helio do Valle. Manual de Direito processual Civil. Florianópolis: Conceito Editorial, 2007. p. 572.23 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 9.24 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 502.25 PORTANOVA, Rui. Princípios do Processo Civil. 6. ed. São Paulo: Livraria do advogado , p. 2005. p. 271.

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O princípio da singularidade, também chamado de princípio da

unicidade ou da unirrecorribilidade, denota que para cada decisão judicial é

cabível apenas um tipo de recurso26.

Wambier27 pondera que tal recurso comporta exceção, como nos casos

em que cabe recurso extraordinário e recurso especial, devendo ambos ser

interpostos concomitantemente, sob pena de precluir o direito.”

Todavia, Marinoni e Aranhart28 esclarecem que “não se deve

esquecer que cada um dos recursos cabíveis contra tais decisões tem função

específica, que não se confunde com a finalidade prevista para a outra espécie

recursal”.

1.2.4 Fungibilidade

Cotidianamente, a interposição do recurso equivocado, acarreta seu

não conhecimento, e conseqüentemente o seu não cabimento. Todavia,

existem situações em que existe controvérsia doutrinária e jurisprudencial

acerca da correta interposição do recurso para impugnar determinado ato

judicial. Destarte, “o princípio da fungibilidade presta-se, exatamente, para não

prejudicar a parte que, diante de dúvida objetiva, interpõe recurso que pode

não ser considerado cabível”.29

Embora tal princípio não venha consagrado expressamente no Código

Civil atual, a despeito do código civil revogado, não pairam dúvidas acerca de

sua aplicação30. Persiste, é claro, a preocupação com o erro grosseiro e a má-

fé31.

26 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 9.27 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 529.28 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 503.29 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 503.30 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 523.31 PORTANOVA, Rui. Princípios do Processo Civil. 6. ed. São Paulo: Livraria do advogado ,2005. p. 279.

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Ainda como requisito necessário, além da ausência de erro-grosseiro e

da má-fé, é exigida a existência de dúvida objetiva acerca do recurso cabível,

esta caracterizada pela verificação de divergência doutrinária e jurisprudencial

acerca do cabimento de determinado recurso, não sendo suficiente a existência

de dúvida pessoal do recorrente32.

A legitimação do princípio da fungibilidade reside, precisamente, no aproveitamento do ato processual praticado, ainda que equivocadamente e fora dos critérios legais em situações que seria excessivo exigir o acerto em sua forma específica. A fungibilidade não se destina a legitimar o equívoco crasso, ou para chancelar o profissional inábil; serve, isto sim, para salvar o ato que, diante das circunstâncias do caso concreto, decorreu de duvida objetiva.33

Ademais, o STJ tem exigido como terceiro requisito que o prazo em

que foi interposto o recurso equivocado, seja o adequado para a interposição

do recurso correto.34 A maioria expressiva da doutrina discorda do

entendimento, alegando que se o recurso interposto é errado, incabível exigir a

adequação do prazo35.

1.2.5 Proibição da Reformatio In Pejus

Este princípio consiste na vedação quanto à reforma da decisão

impugnada em prejuízo do recorrente36.

Todavia, tal regra não é absoluta, e como exemplo pode-se citar a

possibilidade de o tribunal poder se manifestar ex officio sobre as matérias de

ordem pública37.

Uma exceção pode ser vista em relação a esse princípio. Diz com as matérias que compete ao juízo conhecer de ofício, em qualquer tempo ou grau de jurisdição (como, por exemplo, aquelas enumerada no art. 301 do CPC, salvo deu inciso IX). Tais questões, porque independem de provocação para serem conhecidas, podem ser

32 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 12.33 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 512.34 STJ, 4° Turma. AgRg n. 295.148/SP. Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/processo/Justica/detalhe.asp?numreg=200000244988&pv=000000000000 >. Acesso em: 26 set. 2009.35 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 512.36 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 14.37 DESTEFENNI, Marcos. Curso de Processo Civil: Processo de Conhecimento e cumprimento de sentença. São Paulo: Saraiva 2006. (Vol 1). p. 548.

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examinadas sempre, mesmo em grau de recurso, e ainda que em prejuízo de que submeteu a controvérsia a exame do tribunal38.

Também é aplicável o princípio da reformatio in pejus à remessa

obrigatória prevista no art. 475 do CPC, nos termos da súmula 45 do STJ, a

qual dispõe que é defeso, no reexame necessário, o Tribunal agravar a

condenação imposta à Fazenda Pública39.

1.3 REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS

Será utilizado no presente trabalho a classificação elaborada por Luiz

Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, que entendem que admissibilidade

recursal significa o preenchimento de determinados pressupostos para a

posterior análise do mérito do recurso40.

Para o autor, tais pressupostos podem ser divididos em intrínsecos e

extrínsecos. Aqueles concernem à “existência do direito de recorrer e os

últimos ao seu exercício”.41

Os intrínsecos são os seguintes:

a) Cabimento

Somente pode ser considerado recurso aquele meio de impugnação

expressamente disposto em lei, recebendo, com isso, regime próprio de

impugnação, determinando quando e perante quais hipóteses pode ser

interposto42.

É preciso que o ato impugnado seja suscetível, em tese, de ataque. No exame do cabimento, devem ser respondidas duas perguntas: a) a decisão é, em tese, recorrível? B) qual o recurso cabível contra esta decisão? Se se interpõe o recurso adequado contra uma decisão recorrível, vence-se esse requisito intrínseco de admissibilidade p. recursal.43

38 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 515.39 DESTEFENNI, Marcos. Curso de Processo Civil: Processo de Conhecimento e cumprimento de sentença. São Paulo: Saraiva 2006. (Vol 1). p. 548.40 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 515.41 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 515.42 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 515.

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Portanto, o cabimento depende de dois requisitos: a previsão em lei do

recurso e sua adequação para impugnar determinada decisão judicial44.

b) Interesse Recursal

Para o preenchimento deste requisito é necessário que a parte

interessada em recorrer tenha sofrido algum prejuízo com a decisão, ou que

não esteja completamente satisfeita a pretensão45. Assim, possui legitimidade

para interpor recurso a parte do processo em que a decisão for proferida, o

representante do Ministério Público, quando atua no feito e o terceiro

prejudicado46.

c) Legitimidade recursal

O Código de Processo Civil, preconiza o direito de recorrer somente à

certas pessoas, dispondo em seu art. 499, caput, que possui legitimidade para

interpor recurso: a parte do processo em que a decisão for proferida, o

representante do Ministério Público, quando atua no feito e o terceiro

prejudicado.47

Impende ressalvar que os sujeitos elencados no respectivo artigo,

atuam de forma principal no feito, nada impedindo que outros agentes

participem, como é ocaso dos denominados amici curiae, que são terceiros que

auxiliam o Poder Judiciário na obtenção de uma decisão mais completa48.

d) Inexistência de fato extintivo do direito de recorrer

Podem ocorrer situações no decorrer do processo, que tomam caráter

de negócio processual, alterando os direitos conferidos às partes. No mesmo

43 DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leornardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação as decisões judiciais e processo nos tribunais. 7 ed. Bahia: Editora Jus Podivm, 2009 p. 45.44 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 516.45 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 516.46 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1). p. 562.47 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1). p. 562.48 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 518.

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sentido, o direito de recorrer pode ser objeto de negócio processual capaz de

extingui-lo, a exemplo da renúncia49.

Neste caso, a parte abdica do seu poder de recorrer, “tornando

irrecorrível para o renunciante o provimento judicial emitido”50.

Outra causa extintiva do poder de recorrer é a aceitação da decisão,

que pode ser expressa ou tácita. Na primeira, “tem-se a manifestação

específica da parte, concordando com os termos da decisão havida”51. Na

segunda, não há a manifestação expressa, mas vem demonstrada através de

atos que revelam, de forma inequívoca, a concordância com a decisão.

Já os pressupostos extrínsecos são:

a) Regularidade formal:

Não obstante tenha o interessado direito em recorrer, a lei estabelece

pressupostos que devem ser observados, para que o recurso seja admissível,

isto é, a forma para interposição do recurso não é livre.52 Destarte, por

exemplo, o recurso deve ser interposto na forma escrita, com a identificação

das partes, pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.53 No

caso do agravo de instrumento, a peça deve vir acompanhada por

determinados documentos (art. 525, CPC).54

b) Tempestividade:

Não basta que a decisão seja recorrível, é necessário também que a

impugnação seja realizada dentro do prazo legal, isto é, tempestivamente. Uma

vez esgotado tal prazo, ocorre a preclusão 55.

O prazo para interposição respeita regras especiais, decorrentes de

circunstâncias específicas. A exemplo, a Fazenda e o Ministério Público,

quando parte, tem seus prazos computados em dobro (art. 188, CPC), assim 49 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 518.50 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 168.51 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 518.52 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 198.53 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 198.54 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 519.55 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 183.

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como quando houver litisconsortes com advogados diferentes (art. 191, CPC).

Outrossim, os prazos podem ser prorrogados em situações bem específicas, O

como, por exemplo, nas comarcas onde for difícil o transporte (art. 182, CPC).

Ainda, os prazos recursais podem sujeitar-se a causas de interrupção e

suspensão. Esta ocorre quando, por exemplo, é argüida suspeição ou

impedimento do juízo. Nestes casos, é devolvido ao interessado o prazo

restante para seu término. Já nos casos de interrupção, casos de interposição

de embargos declaratórios, por exemplo, o prazo interrompe, sendo devolvido

ao interessado o prazo integral para a prática do ato processual.

c) Preparo:

Consiste no pagamento prévio das despesas processuais

correspondentes ao processamento do recurso interposto, compreendendo, se

necessário, os gastos do porte de remessa e retorno56, conforme estabelece o

art. 511, do CPC, “no ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará,

quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte

de remessa e de retorno, sob pena de deserção”.

O preparo é obrigatório, salvo nos casos expressamente previstos em

lei57, elencados no parágrafo 1° do art. 511, do CPC, “são dispensados de

preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos

Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção

legal”. Outrossim, alguns recursos não exigem o pagamento de preparo, como

é o caso do agravo retido (art. 522, parágrafo único, do CPC) e os embargos

de declaração (art. 536, do CPC)58.

Didier Jr. e Cunha59 observam que a deserção não deve ser

reconhecida de imediato, tratando-se de vício sanável. Desta forma, nos

moldes do parágrafo 4°, do art. 515, do CPC, o recorrente deve ser intimado

para completar o depósito, no prazo que lhe foi determinado.

56 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 47 ed. São Paulo: Forense, 2007. (Vol 1). p. 644.57 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 31.58 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 520.59 DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leornardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação as decisões judiciais e processo nos tribunais. 7 ed. Bahia: Editora Jus Podivm, 2009. p. 62.

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d) Inexistência de fato impeditivo do direito de recorrer ou do seguimento

do recurso.

O interessado pode ter o direito de recorrer, entretanto tal direito pode

encontrar óbice em alguma causa externa, como por exemplo, a desistência do

recurso.

A desistência é similar à renúncia diferenciando-se desta pelo fato de

pressupor que a parte já tenha interposto o recurso.

Interposto o recurso, mas não tendo mais interesse em prosseguir na apreciação da insurgência, pode o recorrente desistir do recurso já interposto, mesmo sem a anuência da parte contrária ou de seus litisconsortes, seguindo-se então o curso normal do procedimento no juízo a quo (art. 501 do CPC)60.

Ocorrendo a desistência do recurso, fica vedado o seu

prosseguimento, ficando o tribunal impedido de conhecer-lo.

1.4 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO

Após a interposição do recurso, o órgão jurisdicional competente

verificará se estão presentes os pressupostos para o conhecimento do recurso

e somente após esse juízo, se preenchidos os requisitos de admissibilidade é

que o mérito será apreciado61. Admitido ou conhecido o recurso, o tribunal

proferirá o juízo de mérito, dando ou não provimento ao recurso interposto pela

parte62.

De outro vértice, o juízo de admissibilidade consiste na verificação,

pelo juízo competente para a sua realização, da presença dos requisitos de

admissibilidade da espécie recursal de que se tenha servido a parte para

impugnar a decisão que lhe foi favorável63.

60 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 521.61 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 15.62 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 517.63 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 517.

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1.5 EFEITOS RECURSAIS

Os recursos podem ter vários efeitos, todavia, para o âmbito do

presente estudo serão abordados três, a partir da delimitação idealizada por

Luiz Rodrigues Wambier64.

Para o autor, o primeiro efeito “consiste em obstar a ocorrência da

preclusão e a formação da coisa julgada, pelo menos com relação à parte da

decisão de que se está recorrendo”.65

Uma vez assumida alguma atividade em face da decisão, impede-se a formação da preclusão, que é pressuposto para que, sobre a sentença de mérito, incida o fenômeno da coisa julgada material. Assim, interposto o recurso, e enquanto se aguarda o julgamento, não há como incidir sobre a decisão impugnada preclusão ou coisa julgada66.

O segundo consiste no efeito devolutivo, inerente a todo recurso.

Entretanto, impende ressaltar que a devolutividade ocorre não somente quando

a matéria é encaminhada ao órgão hierarquicamente superior, mas também

quando é reexaminada pelo órgão prolator da decisão, como no caso do

agravo, quando há o juízo de retratação67.

Por fim, o efeito suspensivo, o qual não suspende, mas obsta o início

da execução e não ocorrendo tal efeito, a execução provisória pode ter início.68

1.6 ESPÉCIES DE RECURSO

A partir de agora, cabe fazer breves considerações acerca dos

recursos elencados no artigo 496, do Código de Processo Civil.

64 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 517.65 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 517.66 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 530.67 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 521.68 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 517.

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1.6.1 Apelação

Apelação é o recurso por meio do qual é possível impugnar a sentença

de primeiro grau provocando “o reexame da causa pelo órgão judiciário de

segundo grau, para o fim de se obter deste a reforma total ou parcial da

sentença impugnada”69, e pode ser interposto para impugnar tanto sentença de

mérito quanto sentença terminativa, por qualquer das partes, pelo Ministério

Público e/ou pelo terceiro que prejudicado70.

No recurso de apelação são denunciados os chamados errores in

judicando, que são aqueles ligados ao juízo de mérito e os denominados erros

ou vícios in procedendo, ou seja, os vícios de procedimentos71.

O prazo para interposição da apelação é de 15 (quinze) dias, contados

do dia seguinte da publicação da decisão impugnada, devendo o recurso ser

dirigido ao órgão prolator da sentença, o juízo a quo, acompanhada das razões

de apelação, isto é, da fundamentação de seu inconformismo com a sentença

atacada72.

Sobre seu cabimento Gilson Delgado Miranda e Patrícia Miranda

Pizzol73 asseveram que “somente será cabível a apelação se o pronunciamento

que se desejar impugnar tiver natureza jurídica de sentença e, nos termos do

art. 513 do CPC, seja esta terminativa (art. 267) ou de mérito (269)”.

A interposição do recurso de apelação produz concernente à sentença

que se quer impugnar, dois efeitos: o devolutivo e o suspensivo74.

O efeito devolutivo é compreendido como aquele apto a ensejar a

devolução da matéria à instância superior, isto é, transfere-se para o juízo ad

69 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de Direito Processual Civil: volume 3. 22. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. p. 109.70 MONTENEGRO FILHO, Misael. Processo Civil: técnicas e Procedimentos. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2007. p. 130.71 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 556.72 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 517. p. 558.73 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 53.74 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 389.

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quem a matéria apreciada pelo juízo a quo. “é tema de extraordinária

complexidade. Envolve a retrospectiva do material de trabalho do órgão a quo

e, ademais, as perspectivas do órgão ad quem para reexaminá-lo.”75

De outro norte, tem–se o efeito suspensivo, que “consiste na

suspensão da eficácia natural da sentença, isto é, de seus efeitos normais”.76

Via de regra a apelação possui efeito suspensivo77, motivo pelo qual

“ressalvadas hipóteses muito específicas, a sentença não produz efeitos

enquanto pende o prazo para a interposição da apelação”78.

Excepcionalmente, dispõe o artigo 520, do CPC que terão efeito

somente devolutivo as apelações interpostas de sentença que:

I - homologar a divisão ou a demarcação;II - condenar a prestação de alimentos;IV - decidir o processo cautelar;V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedente;VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem;VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela79.

Ainda, “outras hipóteses expressamente numeradas em lei, prevêem

que a apelação deve ser recebida somente em seu efeito devolutivo”, tais como

as sentenças de interdição (art. 1.184 do CPC) e concessiva de mandado de

segurança (Art. 12, parágrafo único, da Lei 1.533/51). Todavia, nestas

hipóteses em que a lei prevê somente o efeito devolutivo, caso a parte verifique

os efeitos da sentença poderão lhe trazer prejuízos, é permitido requerer seu

efeito suspensivo80.

1.6.2 Agravo

75 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 389.76 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil: volume 3. São Paulo: EditoraSaraiva. 23. ed. 2009 p. 103.77 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 415.78 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 536. 79 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de Direito Processual Civil: volume 3. 22. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. 80 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 537.

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O vocábulo agravo deriva do verbo latino agravara, e pode ser

conceituado como o recurso cabível impugnar as decisões interlocutórias que

tenham causado um gravame ou prejuízo81.

Conforme lembra Humberto Theodoro Junior82 é o recurso cabível

contra as decisões interlocutórias, ou seja, contra questões incidentes, sendo

cabível em todo e qualquer tipo de procedimento, seja no de execução ou no

cautelar, assim como nos procedimentos comuns e nos especiais (de jurisdição

voluntária ou contenciosa).

O recurso de agravo pode apresentar-se sob duas modalidades: por

instrumento ou na forma retida.

O agravo de instrumento possui tal denominação, pois sua interposição

faz com que seja formado um caderno próprio, com as peças relevantes do

processo, a ser encaminhado ao tribunal, sem que os autos do processo sejam

a ele remetidos, permitindo assim, que o processo tenha seguimento no juízo

singular83.

Ao contrário dos demais recursos que são sempre interpostos perante o órgão judicial responsável pelo ato decisório impugnado, para o posterior encaminhamento ao tribunal competente para revisá-lo, o novo agravo de instrumento deve ser endereçado diretamente àquele tribunal (524)84.

Já a forma retida, que constitui a forma regular deste recurso, “a parte

recorrente apenas manifesta sua discordância em face de determinada decisão

interlocutória, mediante manifestação fundamentada (ainda que sucintamente)

e que é apresentada perante o próprio juízo a quo (isso é, o juízo que emitiu a

decisão recorrida). O agravo fica então “retido” nos autos do processo, ou seja,

não é desde logo encaminhado para o Tribunal85”, no prazo de dez dias.

Marinoni e Arenhart86 esclarecem que um dos objetivos do recurso

de agravo na modalidade retida é evitar a preclusão. Assim, “parte da doutrina

81 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 75.82 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 47 ed. São Paulo:.Forense, 2007. (Vol 1). P. 674.83 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 542.84 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 47 ed. São Paulo:.Forense, 2007. (Vol 1). P. 674.85 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 624.86 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 537.

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considera não ter interesse jurídico o sucumbente para agravar na forma retida

de decisão que versa sobre matéria que não fica acobertada pela preclusão”87.

O agravo, em qualquer de suas formas, deve ser interposto por meio de petição escrita. Prevê, contudo, o at. 523, § 3, a interposição oral do agravo retido quando voltado contra decisão interlocutória proferida na audiência de instrução e julgamento88.

Ernani Fidelis dos Santos, por sua vez, ensina que o novo agravo não

se trata de um simples protesto, uma vez que são exigidos fundamentos, ainda

que sucintos e desta forma, não será conhecido se faltantes. Outrossim, o

recurso, além de oral, deve ser interposto após a decisão, sob pena de

preclusão”89.

O mesmo autor ressalta que caso o juiz indefira o depoimento pessoal

da parte, por exemplo, e passe para o próximo ato e a parte, neste exato

momento, não agravar, o recurso não será conhecido90.

1.6.3 Embargos Infringentes

Os embargos infringentes destinam-se a impugnar acórdão não

unânime proferido em apelação ou ação rescisória, dirigido ao próprio tribunal

que pronunciou a decisão impugnada91.

As decisões proferidas pelos Tribunais são normalmente tomadas por deliberação dos colegiados. Nestes, basta que a maioria dos magistrados entenda em determinado sentido para que a orientação prevalente seja adotada como o entendimento a respeito da situação submetida a julgamento. Todavia, pode acontecer que o voto vencido dentro da estrutura do colegiado, seja realmente o mais ponderado, e assim deva prevalecer92.

87 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 8. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. (Vol. 1). p. 624.88 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1). p. 601.89 SANTOS, Ernani Fidelis dos. Manual de Direito Processual Civil: processo de conhecimento. 12 ed. São Paulo: Saraiva. 2008, (Vol. 1). p. 675.90 SANTOS, Ernani Fidelis dos. Manual de Direito Processual Civil: processo de conhecimento. 12 ed. São Paulo: Saraiva. 2008, (Vol. 1). P. 675.91 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1). p. 616.92 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 560.

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Os embargos infringentes possuem efeito devolutivo, devolvendo o

reexame da matéria para o órgão julgador. Contudo, o efeito devolutivo

restringe-se ao objeto da divergência, isto é, se a divergência for parcial, os

embargos possibilitarão apenas o reexame dessa matéria93.

Já seu efeito suspensivo consiste na suspensão da eficácia do acórdão

recorrido, naquilo que for objeto dos embargos.

Tudo o que for julgado no acórdão impugnado e não constituir objeto dos embargos permanecerá com a eficácia que lhe for própria e, pois, transitará em julgado essa parte do acórdão, salvo se, quando for o caso, dela se interpuser recurso extraordinário.94

Importante ressaltar que, diante da alteração do art. 530, do CPC,

alterado pela Lei n. 10.352/2001, não é mais admitida a interposição de

embargos infringentes nas seguintes hipóteses: a) se a sentença impugnada

não for de mérito; b) se a sentença de mérito for confirmada pelo acórdão

proferido no julgamento da apelação; c) se o pedido formulado na ação

rescisória for julgado totalmente improcedente (pois a parcial procedência

autoriza embargos infringentes da parte do pedido que foi acolhida, nos limites

da divergência); e d) se a ação rescisória não for admitida95.

O prazo para interposição dos embargos infringentes é de 15 (quinze)

dias, a contar da publicação do acórdão no órgão oficial96 e são processados

nos próprios autos.

Os embargos infringentes serão opostos por petição, endereçada ao

relator da apelação ou da ação rescisória, o qual tem poderes para indeferir os

embargos, para os casos em que entender incabíveis. Desta decisão, cabe

recurso de agravo, para o órgão competente para o julgamento dos

embargos97.

Após, o juiz abrirá vistas ao embargado para responder no prazo de 15

(quinze dias). Admitidos os embargos, serão processados e julgados

93 DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leornardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação as decisões judiciais e processo nos tribunais. 7 ed. Bahia: Editora Jus Podivm, 2009. p. 238.94 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil: volume 3. São Paulo: EditoraSaraiva. 23. ed. 2009 p. 152.95 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 96 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil: volume 3. São Paulo: EditoraSaraiva. 23. ed. 2009 p. 152.97 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1).

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consoante o disposto no regimento interno do tribunal, conforme dispõe o artigo

533, do CPC98.

1.6.4 Embargos de Declaração

É imperioso que a tutela jurisdicional seja prestada de forma completa

e com clareza. Assim, visando esclarecer, complementar ou aperfeiçoar as

decisões judiciais, existem os embargos de declaração99.

Destarte, conceituam-se embargos de declaração o recurso interposto

ao juiz prolator da decisão para que supra omissão de algum ponto, elucide

obscuridade e elimine contradição existente no julgado100.

Para fins didáticos, é considerada omissa a decisão na qual o juiz ou o

tribunal deixar de apreciar determinado ponto argüido pela parte, obscura a

decisão que for inelegível e por fim, a decisão é dita contraditória quando

apresenta proposições contra si inconciliáveis101.

Didier e Cunha102 ensinam que atualmente, os embargos de

declaração são admitidos para dar ensejo à correção de “equívocos

manifestos”, além do erro material, tais como o erro de fato e até a decisão

ultra petita.

É de se destacar que qualquer decisão judicial comporta embargos

de declaração, pois não é possível admitir que as decisões obscuras, omissas

ou contraditórias permaneçam sem remédio103.

98 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 10. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. (Vol. 1). p. 655.99 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 553.100 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil: volume 3. São Paulo: EditoraSaraiva. 23. ed. 2009 p. 154.101 DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leornardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação as decisões judiciais e processo nos tribunais. 7 ed. Bahia: Editora Jus Podivm, 2009. p. 183.102 DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leornardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação as decisões judiciais e processo nos tribunais. 7 ed. Bahia: Editora Jus Podivm, 2009. p. 184.103 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1). P. 622.

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O prazo para a interposição dos embargos de declaração é de 5 (cinco)

dias, contados da data da intimação da decisão embargada. Todavia, quando

for parte a Fazenda Pública ou o Ministério Público, ou ainda, em se tratando

de parte representada por defensor dativo, o prazo será computado em dobro.

O mesmo se aplica para os casos em que houver litisconsortes com

procuradores diferentes104. Não há preparo nos embargos declaratórios105.

Sem o contraditório, o juiz decidirá o recurso em cinco dias. Nos

tribunais o julgamento caberá ao mesmo órgão que proferiu o acórdão

embargado. Assim, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão

subseqüente, proferindo seu voto. A inexistência do contraditório é explicada

no fato de que os embargos não se destinam a um novo julgamento, mas tão

somente ao aperfeiçoamento da decisão embargada106.

É importante ressaltar que os embargos de declaração interrompem o

prazo para interposição de outro recurso, (no caso do Código de Processo

Civil, pois concernente á Lei 9.099 eles suspendem), o qual seja cabível contra

a mesma decisão, isto significa que após o julgamento dos embargos,

recomeça-se a contagem por inteiro do prazo para a interposição de outro

recurso107.

Faz-se mister ressaltar que para os casos em que a interposição dos

embargos for manifestadamente protelatória, o tribunal condenará o

embargante ao pagamento de multa, não podendo exceder o valor de 1%

sobre o valor da causa, nos termos do art. 538, parágrafo único)108.

104 DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leornardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação as decisões judiciais e processo nos tribunais. 7 ed. Bahia: Editora Jus Podivm, 2009. p. 207.105 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1). P. 623.106 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1). P. 623.107 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1). P. 624.108 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processos de conhecimento. 50 ed. São Paulo: Editora Forense, 2009. (Vol 1). P. 624.

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1.6.5 Recurso Ordinário

O recurso ordinário possui tal denominação, pois, admite o reexame

tanto da matéria de direito como da matéria de fato109 e pode ser definido como

“meio impugnativo de motivação livre que serve para atacar resoluções

judiciais heterogêneas, acórdãos denegatórios de writs constitucionais e

sentenças proferida as causas constitucionais, bem como decisões

interlocutórias originárias dessas causas”110.

A competência para o julgamento do recurso é do STF ou do STJ,

conforme o caso:

a) STF: MS, HD, MI decididos em única instância pelos tribunais superiores de a decisão for denegatória. b) STJ: (a) MS decidido em única instância pelos TRFs, Tribunais dos Estados, Tribunais do DF e territórios desde que denegatória a decisão; (b) causas em que forem partes Estado Estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no país (neste caso, de acordo como art. 109, II, da Constituição Federal, a competência originária é dos juízes federais).111

Seu processamento, quando no juízo de origem, é nos termos do

Código de Processo Civil, nas disposições que tratam da apelação. Já no juízo

ad quem, será utilizado o previsto nos regimentos internos dos tribunais

superiores.112

1.6.6 Recurso Especial

O recurso especial será tratado no segundo capítulo deste estudo.

109 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 160.110 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 656.111 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 160.112 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 160.

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1.6.7 Recurso extraordinário

Inicialmente, impende ressaltar que o presente item será brevemente

analisado, uma vez que o foco central do trabalho tem por base o recurso

especial, o qual apresenta procedimento semelhante ao do recurso

extraordinário, e será tratado em capítulo a parte.

Com efeito, os recursos classificados como extraordinários (recurso

especial e recurso extraordinário) não são tidos como um terceiro grau de

jurisdição, pois, não propiciam o reexame da matéria já decidida, como ocorre,

por exemplo, na apelação e no agravo.

O recurso extraordinário “desempenha relevante função

constitucional”113 e seu cabimento vem exposto nas alíneas do artigo 102, III,

da CRFB/88.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:a) contrariar dispositivo desta Constituição;b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

1.6.7.1 Condições genéricas do cabimento do recurso extraordinário

1.6.7.1.1. Esgotamento das vias recursais ordinárias

A obrigatoriedade de esgotamento de todos os recursos ordinários é

retirada do art. 102, III, caput, da CRFB/88, quando estabelece “causas

decididas em única ou última instância”114.

É indispensável, em qualquer caso, que o pronunciamento do juiz singular ou do tribunal seja “final”. Significa que o provimento há de se

113 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 691.114 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 137.

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mostrar imune a outro recurso na instância ordinária, exceção feita ao próprio extraordinário ou aos embargos de declaração115.

Ainda, esse requisito vem expresso na súmula 281 do STF, que

dispõe: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na Justiça de

origem, recurso ordinário da decisão impugnada”.

1.6.7.1.2. Prequestionamento da questão constitucional

O prequestionamento “implica a obrigatoriedade do debate a respeito

da alegação contida no recurso”116, e segundo entendimento pacificado no STF

“deve ser explícito, inclusive em se tratando de questão em que a própria lei

admite seu conhecimento de ofício, em qualquer tempo ou grau de

jurisdição”117.

A respeito, importante transcrever as súmulas 282 e 356 do STF, que

tratam do tema. “Súmula 282: É inadmissível o recurso extraordinário quando

não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.”

O conteúdo desta súmula é pacífico na jurisprudência e na doutrina

dominante, e decorre da imposição determinada no art. 105, III, da CRFB/88,

de que a causa tenha sido decidida na instância inferior,tendo tal decisão

gerado o exame da Constituição Federal.118

E a súmula 356: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram

opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário,

por faltar o requisito do prequestionamento.”

Com isso, é permitida a utilização dos embargos de declaração,

visando provocar a manifestação a respeito da matéria constitucional

115 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 695.116 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 137.117 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 138.118 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 574.

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controversa quando o juízo não se manifesta expressamente sobre a regra

constitucional119.

Mister ressaltar que em relação ao resultado do julgamento dos

embargos declaratórios, o STF entende que é cabível a interposição de recurso

extraordinário para discutir o objeto dos embargos de declaração, mesmo que

o tribunal de origem tenha rejeitado, argumentando ausência de omissão. Isto

porque, incabível que a parte discutisse, inicialmente, a ausência de

manifestação do juízo a quo sobre a matéria constitucional, para, somente em

momento posterior discutir no STF120.

1.6.7.1.3 Repercussão Geral

Com o exorbitante número de processos remetidos à Suprema Corte, e

a morosidade que assolava o judiciário, foi acrescentado ao art. 102, da Carta

Magna, através da Emenda Constitucional n. 45/2004, o parágrafo terceiro:

No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, afim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

O conceito de repercussão geral pode ser entendido, a partir de

consulta realizada no site do STF:

A Repercussão Geral é um instrumento processual inserido na Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional 45, conhecida como a “Reforma do Judiciário”. O objetivo desta ferramenta é possibilitar que o Supremo Tribunal Federal selecione os Recursos Extraordinários que irá analisar, de acordo com critérios de relevância jurídica, política, social ou econômica. O uso desse filtro recursal resulta numa diminuição do número de processos encaminhados à Suprema Corte. Uma vez constatada a existência de repercussão geral, o STF analisa o mérito da questão e a decisão proveniente dessa análise será aplicada posteriormente pelas instâncias inferiores, em casos idênticos. A preliminar de Repercussão Geral é analisada pelo Plenário do STF, através de um sistema informatizado, com votação eletrônica, ou seja, sem necessidade de reunião física dos membros do Tribunal. Para recusar a análise de um RE são necessários pelo menos 8 votos, caso contrário, o tema deverá ser julgado pela Corte. Após o relator do

119 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 574.120 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 574.

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recurso lançar no sistema sua manifestação sobre a relevância do tema, os demais ministros têm 20 dias para votar. As abstenções nessa votação são consideradas como favoráveis à ocorrência de repercussão geral na matéria121.

E, nas palavras de Arruda Alvim122:

Largo espectro de pessoas, largo segmento social, decisão sobre assunto constitucional impactante, sobre tema constitucional muito controvertido, em relação à vida à liberdade, à federação, à invocação do princípio da proporcionalidade [...], ou, ainda, outros valores conectados a Texto Constitucional que se alberguem debaixo da expressão repercussão social.

Neste sentido, fica claro p papel exercido pelo STF, de não somente

primar pela correta interpretação constitucional, mas sim “enfrentar tão

somente as causas recursais com aspecto macro, não sendo mais instância

competente para solucionar demais amarguras recursais mesmo em casos de

interpretação equivocada da própria Constituição”. 123

Além desta, houve alteração no art. 53 – B, do CPC, visando a

apreciação do recurso extraordinário por amostragem e tendo seus efeitos

estendido aos recursos com idêntico fundamento constitucional. 124

1.6.7.2 Condições específicas do cabimento do recurso extraordinário

1.6.7.2.1. Provimento que contraria norma constitucional

121 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Glossário jurídico. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=R&id=451>. Acesso em: 20 jan. 2009a.122 ARRUDA Alvim. AEC n° 45 e o instituto da repercussão geral. Reforma do judiciário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 123 ARAÚJO, José Henrique Mouta. O julgamento de recursos especiais por amostragem: notas sobre o art. 543-C, do CPC. Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.65, p.55-62, ago.2008.124 ARAÚJO, José Henrique Mouta. O julgamento de recursos especiais por amostragem: notas sobre o art. 543-C, do CPC. Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.65, p.55-62, ago.2008.

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A decisão contraria dispositivo constitucional quando, direta ou

indiretamente ofenda sua letra, ou apresente-se inconciliável com seus

princípios125.

O dispositivo deve apresentar afronta à Constituição da República

Federativa do Brasil, nos termos da súmula 284, do STF: “é inadmissível o

recurso quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata

compreensão da controvérsia”.

1.6.7.2.2 Provimento que julga válida lei ou ato de governo local contestado

perante norma constitucional

Pode ocorrer que leis ou atos de governo federal afrontem a CRFB/88.

Neste caso, ao declarar válida lei ou ato do governo local, contrariando a

Constituição Federal, a decisão pode ser inconstitucional, motivo pelo qual será

cabível o recurso extraordinário.126

Declarando o órgão judiciário a constitucionalidade perante a CF/1988, o STF reexaminará a questão através de recurso extraordinário , a teor do art. 102, III, c; ao revés, pronunciando o órgão judiciário a inconstitucionalidade, e, portanto, respeitando a supremacia da Constituição da República, recurso extraordinário somente se admitirá configurado outro tipo – o do art. 102, III, a, da CF/1988.127

Pode-se citar como exemplo de causas que enquadram-se no art.

102,III, c, da CRFB/88, a determinação do valor da pensão por morte de policial

estadual, e a exigência de tempo mínimo para ocupante de cargo

comissionado poder aposentar-se no regime dos servidores públicos.128

125 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de Direito Processual Civil: volume 3. 22. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. p. 167.126 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 772.127 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 772.128 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 772.

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1.6.7.2.3. Provimento que declara válida lei local contestada perante lei federal

Admite-se a interposição de recurso extraordinário quando a decisão

impugnada julgar válida lei local em face de lei federal, nos termos do art. 102,

III, d,na redação da EC 45/2004.129

Assim, concluído o primeiro capítulo, no qual buscou-se fazer uma

análise da teoria geral dos recursos, analisando os conceitos mais relevantes e

as espécies recursais, delimitado em função do âmbito da presente

monografia, passa-se agora ao estudo do recurso especial.

129 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 773.

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2 DO RECURSO ESPECIAL

O segundo capítulo tem por objetivo tratar do recurso especial, todo o

seu processamento, as hipóteses de cabimento, bem como os efeitos gerados

com a sua interposição. A importância do presente capítulo vem caracterizada

na proposta de estudo desta monografia, quais sejam, os recursos repetitivos,

que tem por objeto o recurso especial.

2.1 ORIGEM DO RECURSO ESPECIAL

Acerca da instituição do Superior Tribunal de Justiça, Athos Gusmão

Carneiro ensina que a denominada “crise” no STF, em virtude do número

excessivo de processos dirigidos aos ministros do Pretório Excelso, foi um dos

pontos cruciais para a criação de um tribunal nacional130.

O projeto político da República, centrado no federalismo, exigiu a criação de uma Justiça Federal e de uma Justiça Ordinária (ou Comum) a cargo dos Estados-membros. E confiou ao novo tribunal supremo, à semelhança da Suprema Corte norte–americana, dentre outras atribuições de igual estatura, a tríplice função de órgão recursal da Justiça Federal, uniformizador da aplicação do direito federal e guardião da supremacia da CF/1891. O modelo sobrecarregou a corte de recursos e de processos. Então, germinou a chamada “crise” do STF, basicamente de excesso de trabalho, embora o número total de feitos se revele sensivelmente menor do que a vertiginosa quantidade que hoje recebe a distribuição do tribunal.131

Com isso, a partir da formação da nova Corte, foi possível garantir

maior eficácia na missão do Tribunal Supremo, qual seja, a custódia da Carta

Magna. Outrossim, ao Superior Tribunal de Justiça “como tribunal nacional,

posto acima dos Tribunais Regionais Federais e dos Tribunais dos Estados”, foi

garantida a tutela da legislação federal infraconstitucional, nos casos previstos

na Lei Maior.132

130 CARNEIRO, Athos Gusmão. Recurso Especial, Agravo e Agravo Interno. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 4.131 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 756.132 CARNEIRO, Athos Gusmão. Recurso Especial, Agravo e Agravo Interno. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 4.

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No mesmo sentido, Wambier133

A este tribunal, criado pela Constituição Federal de 1988, coube matéria vital, qual seja, a de ser o guardião da inteireza do sistema jurídico federal não constitucional, assegurando-lhe validade e bem assim, uniformidade de entendimento. A função do recurso especial é uma exigência síntese do Estado Federal em que vivemos. Diante da circunstância de termos três Poderes Políticos, a União, os Estados – membros e o Município, e de se constituir a legislação federal na mais importante, necessário é que exista um tribunal para fixar, com atributos de alta qualificação, o entendimento da lei federal. É uma Corte de Justiça que proferirá, dentro do âmbito das questões federais legais, decisões paradigmáticas, que orientarão a jurisprudência do país e a compreensão do Direito federal.

Assim, inconteste a importância do Superior Tribunal como Corte

responsável por zelar pela correta interpretação e aplicação das normas

federais e assegurar a uniformização de entendimentos.

2.2 FINALIDADE DO RECURSO ESPECIAL

A partir da breve análise acerca da criação do Superior Tribunal de

Justiça, cabe agora verificar qual a sua precípua função.

O Recurso Especial, assim como o Recurso Extraordinário difere dos

recursos apreciados até então, pois “não se presta a exercer o juízo sobre o

mérito da decisão inquinada, ou seja, não se reaprecia o caso posto ao crivo

judicial”134. Seu destino é “garantir boa aplicação da lei federal e unificar-lhe a

interpretação em todo o Brasil”135.

Marinoni e Arenhart136 abordam o tema com a seguinte lição:

O recurso especial [...] tem por finalidade principal, assegurar o regime federativo, por meio do controle da aplicação da lei federal e da Constituição Federal ao caso concreto. Vale dizer que a finalidade [...] é assegurar que a lei federal e a Constituição Federal – por serem leis que devem ter o mesmo teor e a mesma aplicabilidade em todo o território nacional e para todas as causas -, sejam corretamente aplicadas e interpretadas por todos os tribunais e juízes do país.

133 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Aspectos Polêmicos e atuais do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 31.134 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 569.135 CARNEIRO, Athos Gusmão. Recurso Especial, Agravo e Agravo Interno. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 9.136 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 569.

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Esta proteção à integridade do direito federal e a uniformização da

interpretação do direito federal infraconstitucional, faz com que o recurso

especial se assemelha ao recurso de cassação, porquanto seu objetivo não é a

justiça do caso, mas sim a observância das leis, regulando a jurisprudência.137

2.3 HIPÓTESES DE CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

Para a correta interposição do Recurso Especial é necessário que

exista, na decisão recorrida, alguma controvérsia a respeito da aplicação ou da

interpretação de lei federal138. Por este motivo trata-se de recurso de motivação

vinculada,139 admitindo a análise de situação determinada, assim elencadas

nas alíneas do art. 105, III, da CRFB/88.

Art. 105 - Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

No presente estudo, abordaremos a classificação utilizada por Araken

de Assis, o qual divide em condições genéricas de cabimento e condições

específicas de cabimento do Recurso Especial.140

137 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.138 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 569.139 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 761.140 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 761.

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2.3.1 Condições genéricas do cabimento do Recurso Especial

As condições genéricas de cabimento podem ser entendidas como

“exigências suplementares à admissibilidade do recurso especial”141.

2.3.1.1 Esgotamento das vias recursais ordinárias.

Como já dito anteriormente, o Recurso Especial “deve voltar-se contra

decisão, exclusivamente de Tribunal Regional Federal ou de Tribunal de

Justiça Estadual ou do Distrito Federal”.142

Para que o Recurso Especial seja admitido, é necessário que se trate

de causa decidida em única ou última instância, isto é, somente poderá ser

interposto quando não couber recurso ordinário apto a impugnar a decisão143.

Rodolfo de Camargo Mancuso144 explica a necessidade de

esgotamento das vias ordinárias da seguinte maneira:

A explicação dessa exigência está em que o [...] STJ é órgão da cúpula judiciária, espraiando suas decisões por todo o território nacional. Em tais circunstâncias, compreende-se que as Cortes Superiores apenas devam pronunciar-se sobre questões federais [...] – que podem ser até prejudiciais- numa lide cujas quaestiones juris tenham sido cumpridamente enfrentadas e dirimidas nas instâncias inferiores, Se esses Tribunais da Federação servem para dar a ultima ratio sobre a questão jurídica debatida e decidida no acórdão do Tribunal a quo, não se compreenderia que tal intervenção se fizesse quando ainda não esgotadas as possibilidade impugnativas – aliás, o próprio interesse em recorrer no caso dos recursos excepcionais, não se configura com o fato da sucumbência, mas igualmente depende do prévio esgotamento das vias recursais no Tribunal de Origem145.

Com efeito, merece destaque a utilização dos embargos infringentes,

conforme a súmula 207, do STJ: “É inadmissível recurso especial quando

141 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 761.142 CARNEIRO, Athos Gusmão. Recurso Especial, Agravo e Agravo Interno. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 10.143 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 117.144 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Recurso Extraordinário e Recurso Especial. 10. Ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2007. p, 128.145 Na presente transcrição, Rodolfo de Camargo Mancuso faz menção também ao STF.

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cabíveis embargos infringentes contra acórdão proferido no tribunal de

origem”146.

Marinoni e Arenhart também ressaltam a necessidade de oposição

dos embargos infringentes, se cabíveis, perante o juízo a quo:

Situação particularmente interessante pode ocorrer no caso dos embargos infringentes: como já se viu, esse recurso se presta para tentar fazer prevalecer o voto minoritário, quando a decisão não é unânime; quando esse dissenso, porém, é verificado apenas com relação a parte do acórdão, apenas quanto a essa parcela são cabíveis embargos infringentes. Nesse caso, se os embargos infringentes não forem utilizados, não caberá, por óbvio, a utilização de recurso especial [...] contra a parte não unânime147.

Portanto, se ao acórdão impugnado couber embargos infringentes e

estes não forem utilizados, o recurso especial não será admitido.

2.3.1.2 Prequestionamento da questão federal

Para que uma determinada questão federal seja considerada

prequestionada é necessário sua instigação pela parte, ou basta tenha sido

decidida no acórdão recorrível148.

Neste norte é o entendimento de Marinoni e Arenhart:

é necessário que “a questão legal já esteja presente nos autos, tendo sido decidida pelo tribunal a quo ou ao menos debatida pelas partes e submetida ao crivo judicial anteriormente à interposição do recurso149.

Já Araken de Assis150 entende que é necessário “que haja decisão

expressa e motivada a respeito da questio juris, preferentemente através da

indicação do dispositivo da lei federal”, dispensando a “prévia suscitação pela

parte.“

146 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 762.147 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p 572. 148 CARNEIRO, Athos Gusmão. Recurso Especial, Agravo e Agravo Interno. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 39. 149 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 572.150 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 765.

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Luiz Rodrigues Wambier151 acompanha o entendimento e ressalva a

necessidade de interposição de embargos declaratórios caso a questão

federal, embora discutida durante o processo, não seja apreciada no acórdão.

Para o presente estudo, adotaremos o entendimento de Araken de

Assis152 bastando, portanto, “o órgão fracionário do tribunal a quo decidir a

questão”.

Essa exigência decorre do artigo 105, III, da CRFB/88, o qual dispõe a

necessidade de que as causas tenham sido discutidas na instância inferior,

tendo essa decisão gerado o exame da lei federal ou da Constituição

Federal153.

Athos de Gusmão Carneiro ensina:

para que uma determinada questão seja considerada como prequestionada, não basta que haja sido suscitada pela parte no curso do contraditório, preferencialmente com expressa menção à norma de lei federal onde a mesma questão esteja regulamentada. É necessário, mais, que no aresto recorrido a matéria tenha sido decidida e decidida manifestadamente (não obstante se deva considerar prescindível a expressa menção ao artigo de lei)154.

Sobre o tema, Teresa Arruda Alvim Wambier faz pertinente observação

ao colocar que “o requisito do prequestionamento é da própria essência do

recurso especial, é um espelho da própria disciplina constitucional do

recurso”155.

Isto porque não se poderia pensar em ofensa à lei federal, se a decisão

não tiver ferido a questão federal em análise, no caso da alínea “a”, III, do art.

105, CRFB/88). Da mesma forma, inconcebível recorrer, no caso da alínea “c”

do mesmo artigo, se o tribunal que proferiu a decisão atacada não tivesse

analisado a questão federal, pois não haveria divergência jurisprudencial156.

151 WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.). Curso Avançado de Processo Civil: Teoria Geral do Processo de conhecimento. 10. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. (Vol. 1). P. 655152 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 764.153 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.154 CARNEIRO, Athos Gusmão. Recurso Especial, Agravo e Agravo Interno. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 39.155 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Aspectos Polêmicos e atuais do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 161.156 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Aspectos Polêmicos e atuais do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 161.

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2.3.2 Condições específicas de cabimento do Recurso Especial.

As hipóteses específicas do Recurso Especial vêm elencadas nas

alíneas “a”, “b” e “c”, do parágrafo III, do artigo 105, da CF.

3.3.2.1 Caracterização de questão federal.

Tal condição remete à determinação constitucional estatuída no artigo

105, III, da Carta Magna de que, como já dito, compete ao STJ, julgar, em sede

de Recurso Especial, as causas decididas em única ou última instância, pelos

Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados do Distrito

Federal e Território157. Assim:

O Recurso Especial serve para reexaminar a questão federal julgada, e não qualquer questão infraconstitucional.158 Note-se que não cabe, assim, Recurso Especial provindos de Tribunal Regional do Trabalho, da Justiça Eleitoral, e também, de provimentos da Justiça Militar Federal159.

Destarte, não serão analisadas questões de direito estadual ou

municipal, uma vez que a Constituição é expressa ao delinear o campo de

abrangência do recurso especial, isto é, apenas a legislação infraconstitucional.

2.3.2.2 Provimento que contraria ou nega vigência a tratado ou lei federal.

Dispõe o artigo 105, parágrafo III, alínea “a”, da CF, que é cabível

Recurso Especial da decisão que contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhe

vigência.

De forma simplista ”contrariar lei federal significa não observar o

preceito legal, não atender à vontade da lei. Negar-lhe vigência significa deixar

de aplicar a norma ou declarar que a norma está revogada, afastando – a160”. 157 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 782.158 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 783159 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 782.160 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 122.

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É interessante ressaltar que a expressão “contrariar” veio solucionar a

problemática “negativa de vigência” do texto anterior. A doutrina é pacífica em

considerar a abrangência que seu sentido proporcionou, absorvendo, assim, a

negativa de vigência161.

Nas palavras de Vicente Greco Filho “a contrariedade à lei é bastante

ampla, abrangendo, aliás, a negativa de vigência. Contrariar lei é, além de

negar vigência, também interpretar erradamente”162.

2.3.2.3 Provimento que julga válido ato do governo local perante lei federal.

O art. 105, III, “b”, da CF, admite recurso especial, a partir da EC 45, de

08/12/2004, contra acórdão que julga valido ato de governo local perante lei

federal.

Portanto, trata a hipótese da existência de conflito existente entre lei

federal e ato do governo legal. Neste ponto, é necessário ressalvar que se a

questão discutida for de inconstitucionalidade do ato, o recurso cabível será,

então, o Recurso Extraordinário, nos termos do art. 102, III, b, da CF163.

Oportuna a conclusão de Athos Gusmão Carneiro:

Assim, quando alegado que ato administrativo partido de autoridade estadual, ou de autoridade municipal, configura infringência a alguma norma de lei federal, e a decisão recorrida houver julgado válido o ato do governo local, será cabível, em tese, o recurso especial. Mas se confrontada lei estadual, ou lei municipal, com norma de lei federal, e a decisão recorrida houver dado pela validade da lei local, então admissível o recurso extraordinário.164

Isto significa que quando houver conflito de norma estadual ou municipal

em face de norma federal e o ato do governo local for julgado válido, caberá a

interposição de recurso especial. Já no caso de confronto entre lei municipal ou

estadual e a decisão impugnada considerar válida a lei local, então deverá ser

interposto recurso extraordinário. 161 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p. 786.162 GRECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiro. 16 ed. São Paulo:Saraiva, 2003.(vol. 2.). p. 336.163 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 123.164 CARNEIRO, Athos Gusmão. Recurso Especial, Agravo e Agravo Interno. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 65.

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2.3.2.4 Provimento que confere à lei federal interpretação divergente de outro

tribunal.

Este caso vem esculpido no artigo 105, III, “c”, da CF e “contempla a

admissibilidade de recurso especial contra acórdão que der a lei federal

interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal”165, isto

significa dizer que “para o cabimento do recurso especial deverá o recorrente

cumprir os vários requisitos à demonstração do dissídio jurisprudencial”166.

Busca-se entre duas diferentes interpretações jurisprudenciais de uma mesma norma legal, fixar qual a exegese que corresponde à exata vontade da lei (num determinado momento e contexto histórico), para que essa exegese, além da imposição ao caso concreto, passe a servir como orientação aos tribunais de segundo grau, estaduais e federais, e aos magistrados em geral167.

Importante ressaltar que não cabe recurso especial quando a

divergência ocorrer entre julgados do mesmo Tribunal, consoante súmula 13 do

STJ168.

2.4 EFEITOS DO RECURSO ESPECIAL

Dispõe o artigo 542, § 2°, do CPC, que o recurso especial será

recebido no efeito devolutivo. Isto significa dizer que a matéria será devolvida

ao Poder Judiciário para sua reapreciação169.

Importante frisar que, igualmente como ocorre com o recurso

extraordinário, não cabe o reexame dos fatos no recurso especial, ficando o

165 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p. 774.166 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 129.167 CARNEIRO, Athos Gusmão. Recurso Especial, Agravo e Agravo Interno. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 65.168 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009 p. 36.169 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Recurso Especial, Recurso Extraordinário e Ação Rescisória. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 349.

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tribunal restrito à utilização da matéria de fato produzida na instância

ordinária170.

Todavia, existe entendimento em sentido contrário171, pois, para Teresa

Arruda Alvim Wambier “óbice algum existe no que tange à possibilidade de

reexame de provas e, portanto de fatos”172.

A mesma autora sugere um terceiro entendimento doutrinário segundo

o qual o “Tribunal Superior poderia conhecer, não de provas, mas de matéria

de ordem pública”173.

Para o presente estudo será utilizado o entendimento dominante em

ambos os Tribunais Superiores de que “aos tribunais de 2° grau cabe a função

de examinar fatos e descrevê-los no acórdão. E estarão, os fatos, soberana e

definitivamente examinados”174.

O recurso especial possui efeito obstativo,175 ou seja, o “provimento

sujeito ao recurso especial não transitará em julgado enquanto pender o

recurso”176.

Da mesma forma, ainda que interposto o Recurso Especial não se

impede a execução provisória da sentença (ou acórdão) recorrida, nos termos

do art. 497, do CPC177.

Entretanto, visando evitar dano irreparável ou de difícil reparação, Luiz

Guilherme Marinoni ensina que tem sido admitida a interposição do

procedimento cautelar visando suspender os efeitos das decisões impugnadas

pelo recurso especial178.

170 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 778.171 NERY JUNIOR, Nelson. Teoria Geral dos Recursos. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 442.172 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Recurso Especial, Recurso Extraordinário e Ação Rescisória. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 349.173 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Recurso Especial, Recurso Extraordinário e Ação Rescisória. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 351.174 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Recurso Especial, Recurso Extraordinário e Ação Rescisória. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 351.175 PINTO, Nelson Luiz. Recurso especial para o Superior Tribunal de Justiça: teoria geral e admissibilidade. São Paulo: Malheiros, 1992.176 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p. 777.177 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 574.178 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: volume 2. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.

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2.5 PROCESSAMENTO DO RECURSO ESPECIAL

O procedimento aplicado ao Recurso Especial é similar ao do Recurso

Extraordinário, e, nas palavras de Araken de Assis “se desdobra em duas

fases, porque a interposição ocorre no tribunal a quo”179.

O prazo para interposição do recurso especial é de 15 (quinze) dias,

nos termos do artigo 508, do CPC180, e começa a fluir da publicação do

dispositivo do acórdão no órgão oficial (art. 506, III, do CPC).

Deve ser interposto em petições distintas 181e dirigido ao Presidente do

Tribunal ou Vice – presidente182, devendo o recorrente indicar, consoante artigo

541 do CPC: I) exposição do fato e do direito; II) a demonstração do cabimento

do recurso interposto; III) as razões do pedido de reforma da decisão

recorrida183.

Após a interposição do recurso, “a Secretaria do respectivo Tribunal

providenciará a intimação do recorrido para oferecer contra-razões, no prazo

de 15 dias, conforme art. 542, caput, do CPC”184. Findo o prazo, os autos

ficarão conclusos ao Presidente ou Vice - presidente para proceder o juízo de

admissibilidade, em decisão fundamentada (art. 542, § 1°, CPC).

O juízo de admissibilidade na origem jamais constituirá, de acordo com o enunciado, um exame superficial, mecânico e protocolar, culminando com a remessa automática do recurso ao STJ através de despacho padronizado. As circunstâncias do caso merecem atenta análise na motivação do provimento. Em relação ao especial fundado no dissídio jurisprudencial, por exemplo, o presidente ou vice-presidente do tribunal a quo avaliará a natureza federal da divergência, a identidade do objeto da divergência entre o acórdão

179 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p. 784.180 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 130.181 Para o cabimento concomitante do Recurso Extraordinário. ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p. 786.182 Dependerá da estrutura interna de cada tribunal e das normas do respectivo regimento atribuir a tarefa ao presidente, a um dos vice-presidentes e até mais de um vice-presidente , conforme a matéria versada no recurso. ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p. 787.183 BRASIL. Casa Civil. Lei n. 11.672, 8 maio 2008. Acresce o art. 543-C à Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil, estabelecendo o procedimento para o julgamento de recursos repetitivos no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11672.htm>. Acesso em: 20 jan. 2009. 184 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 131.

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recorrido e o paradigma, a diversidade de tribunais e a atualidade do dissídio, atendendo à Súmula do STJ, n. 83185.

Oportuno destacar que caso a decisão recorrida contenha parte

unânime e outra não unânime, e haja sido interposto recurso de embargos

infringentes contra a parte não unânime, e recurso especial contra a parte

unânime, o processamento deste ficará sobrestado até a intimação da decisão

nos embargos (art. 498, CPC)186. Todavia, caso não tenha sido interposto

embargos infringentes, o prazo relativo à parte unânime da decisão terá como

dia de início aquele em que transitar em julgado a decisão por maioria de votos

(parágrafo único do art. 498, do CPC)187.

Em seguida, “presentes os pressupostos legais, o recurso será

recebido no efeito devolutivo (art. 542, § 2°), podendo ser requerida a execução

provisória (arts. 497 e 475-O, ambos do CPC)”188, cabendo ao Presidente ou ao

Vice - presidente encaminhá-lo ao STJ. Caso o Presidente ou o Vice –

presidente denegar seguimento ao recurso caberá agravo de instrumento para

o STJ, no prazo de 10 (dez) dias (art. 544. do CPC).

O recurso propiciará o reexame da decisão tomada pelo presidente ou vice-presidente do tribunal a quo, a teor do art. 544, § 4°, em alguns casos ensejará, vencida a barreira da admissibilidade e convertido o agravo no recurso denegado, o julgamento do próprio especial189.

Em havendo a interposição de recurso especial e recurso

extraordinário de forma simultânea, ambos serão processados e, se admitidos,

os autos serão remetidos primeiramente ao STJ e, após, para o STF, para

julgamento do extraordinário, se este não esteja prejudicado190. Todavia, na

hipótese de o relator do especial considerar que o recurso extraordinário é

185 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p. 797.186 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 131.187 BRASIL. Casa Civil. Lei n. 11.672, 8 maio 2008. Acresce o art. 543-C à Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil, estabelecendo o procedimento para o julgamento de recursos repetitivos no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11672.htm>. Acesso em: 20 jan. 2009. 188 BRASIL. Casa Civil. Lei n. 11.672, 8 maio 2008. Acresce o art. 543-C à Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil, estabelecendo o procedimento para o julgamento de recursos repetitivos no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11672.htm>. Acesso em: 20 jan. 2009.189 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p. 799.190 MIRANDA, Gilson Delgado; PIZZOL, Patrícia Miranda. Recursos no Processo Civil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 132.

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prejudicial àquele, em decisão irrecorrível sobrestará seu julgamento e

remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para o julgamento do recurso

extraordinário (art. 543, § 3°)191.

O recurso especial pode chegar ao STJ de três maneiras: a) quando

admitido no tribunal de origem; b) em virtude de provimento do agravo de

instrumento interposto contra a decisão denegatória da origem; c) mediante a

conversão do agravo de instrumento em recurso especial (art. 544, parágrafo

3°, segunda parte).

Na sequência, não se configurando tais hipóteses de competência do

art. 557, caput e § 1° - A. o relator abrirá vista ao Ministério Público, pelo prazo

de 20 dias, nas causas em que houver intervenção obrigatória (art. 256 do

RISTJ). Uma vez finalizado o relatório, o relator pedirá dia para julgamento.

Na sessão de julgamento, após o relatório, os advogados do recorrente

e do recorrido têm o tempo máximo de 15 minutos para suas considerações e o

julgamento obedece quanto à forma, aos preceitos regimentais192.

Segundo o art. 41–A da Lei 8.038/1990, na redação da Lei 9.756/1998, o julgamento colegiado no STJ, posteriormente retratado no acórdão, deve ser tomado “pelo voto da maioria absoluta de seus membros”. Incumbindo À turma, que é composta por cinco juízes, julgar o recurso especial, salvo nos casos de afetação da competência à seção e à corte especial para prevenir a divergência, neste órgão a maioria formar-se-á com três votos no mesmo sentido. O quórum para a reunião da turma é de três ministros (art. 179 do RISTJ). Então, comparecendo apenas três ministros, todos devem votar no mesmo sentido para atingir o quórum da deliberação exigido na regra indicada no início193.

Faz-se mister ressaltar ainda, que caso a Turma, no julgamento do

recurso especial, divergir de acórdão de outra Turma, seção ou órgão especial,

será cabível embargos de divergência, nos moldes de seu regimento interno.

Art. 266 – Das decisões da Turma, em recurso especial, poderão,em quinze dias, ser interpostos embargos de divergência, que serão julgados pela Seção competente, quando as Turmas divergirem entre si ou de decisão da mesma Seção. Se a divergência for entre Turmas de Seções diversas, ou entre Turma e outra Seção ou com a Corte Especial, competirá a esta o julgamento dos embargos194.

191 BRASIL. Casa Civil. Lei n. 11.672, 8 maio 2008. Acresce o art. 543-C à Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil, estabelecendo o procedimento para o julgamento de recursos repetitivos no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11672.htm>. Acesso em: 20 jan. 2009.192 DINIZ, José Janguiê Bezerra. Prática processual: recurso especial. Disponível em: <http://campus.fortunecity.com/clemson/493/jus/m05-017.htm>. Acesso em: 20 jan. 2009.193 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p. 805.

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Este é, portanto, o processamento do recurso especial comum, isto é,

quando não se tratar de recursos múltiplos com idêntica matéria de direito,

assunto que será analisado no próximo capítulo deste trabalho.

194 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. Brasília: STJ. 2009b. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/download.wsp?tmp.arquivo=815>. Acesso em: 20 jan. 2009.

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3 DOS RECURSOS REPETITIVOS

No primeiro capítulo deste trabalho de conclusão de curso, foi realizado

um breve estudo sobre a teoria geral dos recursos, expondo conceitos,

traçando os requisitos necessários para a admissibilidade e, por fim, abordando

as espécies recursais expostas no artigo 496, do CPC.

No segundo capítulo, tratou-se de estudar o recurso especial em sua

integralidade, expondo sua finalidade, hipóteses de cabimento e todo o seu

processamento, com destaque dos principais pontos. Também, foram

colacionadas as súmulas editadas pelo STJ, referentes ao recurso especial.

No presente capítulo, será abordada a Lei 11.672/2008 a qual, em

conjunto com a resolução n° 8, do STJ, disciplina os recursos repetitivos195.

Ainda, um breve estudo acerca de todo o seu processamento e ao final, as

considerações concernentes aos aspectos polêmicos da nova lei e análise

jurisprudencial.

3.1 INTRODUÇÃO

É público e notório o número alarmante de processos que ascendem

ao Superior Tribunal de Justiça, anualmente, estando grande parte deles,

fundados em matérias idênticas, o que dificulta uma adequada prestação

jurisdicional. 196

Neste aspecto, impende destacar que a Emenda Constitucional 45/04

tinha como principal objetivo a reforma do judiciário, com a diminuição da

morosidade processual, “considerada por toda a comunidade jurídica como o

195 BRASIL. Casa Civil. Lei n. 11.672, 8 maio 2008. Acresce o art. 543-C à Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil, estabelecendo o procedimento para o julgamento de recursos repetitivos no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11672.htm>. Acesso em: 20 jan. 2009. 196 RODRIGUES NETO, Nelson. Análise crítica do julgamento “por atacado” no STJ.Revista de Processo – Re Pro, São Paulo, n. 163, p234-247, set/2008.

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maior estigma da justiça brasileira”.197 Para tanto, foi acrescentado ao rol de

direitos fundamentais elencados no artigo 5°, da Carta Magna, o inciso LXXVIII,

que dispõe sobre o direito à celeridade processual.198

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

A partir de estudos realizados no âmbito do Instituto Brasileiro de

Direito Processual, com forte influência de Athos de Gusmão Carneiro, ministro

aposentado do STJ, foi encaminhado ao Congresso Nacional a Lei n. 11.672,

de 08/05/2008, inspirada na Lei 11.418/2006, que inseriu os arts. 543-A e 543 –

B, no CPC. 199

Para o ministro aposentado Humberto Gomes de Barros, a Lei

11.672/2008 representa uma carta de alforria para o STJ, na medida em que

proporcionará a garantia do cumprimento de seu papel constitucional, qual seja

de uniformizador da lei federal200.

Ao completar 19 anos de existência, o Superior Tribunal de Justiça ganha o mais poderoso instrumento processual capaz de apoiá-lo no cumprimento do papel constitucional de uniformizador da lei federal. Sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 8 de maio, a Lei 11.672/08 livrará o STJ de milhares de recursos repetitivos, ao acrescentar o artigo 543-C ao Código de Processo Civil.O projeto sancionado representa uma carta de alforria para o STJ. Em 2007, o tribunal julgou mais de 330 mil processos, dos quais 74% referiam-se a questões já pacificadas na corte. Nos últimos três anos, além do tempo dos ministros, foram gastos R$ 175 milhões com o julgamento de recursos repetitivos. Esses processos lotam os gabinetes e dificultam o julgamento de matérias de maior interesse da sociedade. [...]Existe o temor de que processos com características diversas sejam englobados como repetitivos e barrados na origem. A regulamentação e a experiência superarão essa dificuldade que, de qualquer modo, é menos prejudicial do que a onerosa repetição de

197 RODRIGUES NETO, Nelson. Análise crítica do julgamento “por atacado” no STJ.Revista de Processo – Re Pro, São Paulo, n. 163, p234-247, set/2008.198 MARTINS, Samir José Caetano. A regulamentação dos recursos especiais repetitivos: resolução nº 8/2008 do STJ. Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo, n.67, p.125-129, out.2008.199 RODRIGUES NETO, Nelson. Análise crítica do julgamento “por atacado” no STJ.Revista de Processo – Re Pro, São Paulo, n. 163, p234-247, set/2008.

200 BARROS Humberto Gomes de. Carta de alforria: Lei 11.672/08 vai resgatar o STJ da inviabilidade. ANAJUSTRA: Associação Nacional dos servidores da justiça do trabalho. 16 maio 2008a. Disponível em: <http://www.anajustra.org.br/mostra_noticia.php?id=1928>. Acesso em: 20 jan. 2009.

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recursos. A regulamentação estabelecerá ainda canais de divulgação entre os diversos tribunais federais e estaduais, de modo que todos tenham amplo conhecimento dos processos repetitivos. A Lei 11.672/08 coroa providências já em vigor no Superior Tribunal de Justiça para agilizar o julgamento dos processos. Tais medidas são necessárias para resgatar o tribunal da inviabilidade em que se encontra. Na atual situação, o STJ recebe mais de mil processos por dia. Além de acarretar grande economia, a nova norma legal evitará que litigantes de má-fé valham-se do Poder Judiciário para se locupletar às custas dos cidadãos de bem.

Á título elucidativo, colaciona-se informação retirada da Exposição de

Motivos n° 00040-MJ, que acompanhou o projeto de lei n. 1.213/2007, que

originou a Lei n. 11.672/08. Em 2005 foram encaminhados ao STJ, mais de

210.000 processos, em sua maioria, fundados em matérias idênticas, com

entendimento já pacificado naquela Corte. No ano seguinte, o número subiu

para 251.020, demonstrando a preocupante tendência de crescimento201.

3.2 PROCESSAMENTO DOS RECURSOS REPETITIVOS

A partir de agora, será analisado o procedimento adotado quando

existir multiplicidade de recursos especiais com fundamento em idêntica

controvérsia de direito, consoante disposições do artigo 543 – C, do CPC.

Mister ressaltar que o tema será abordado, aliado à Resolução n. 8, do

STJ, de 7 de agosto de 2008, a qual revogou a Resolução n. 07, de 14 de julho

de 2008, que tratava da mesma matéria.202

3.2.1 A seleção dos recursos especiais Paradigmas pelo Tribunal de

Origem

201 BRASIL. Subchefia de Assuntos Parlamentares. E.M. nº 00040 – MJ. Submeto à consideração de Vossa Excelência o anexo projeto de lei que acresce o art. 543-C à Lei no

5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, estabelecendo o procedimento para o julgamento de recursos repetitivos no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Brasília, 5 abril 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/EXPMOTIV/MJ/2007/40.htm>. Acesso em: 20 jan. 2009.202 ANDRADE, Fábio Martins de. Procedimentos relativos ao processamento e julgamento de recursos repetitivos: anotações à resolução do STJ n. 8, de 7 de agosto de 2008 (Regulamenta a Lei n. 11.672/2008). Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.67,, p.54-66, out.2008.

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Inicialmente determina a lei que quando houver multiplicidade de

recursos especiais com fundamento em idêntica questão de direito, o

Presidente ou o Vice-presidente, conforme dispuser o respectivo Regimento

Interno do tribunal a quo, selecionará o recurso representativo da questão de

direito, ficando os demais suspensos até o pronunciamento definitivo do

Tribunal.203

Na verdade, o vice –presidente (ou presidente, se foro caso) faz o que vinha fazendo antes da reforma, ou seja, juízo de admissibilidade dos recursos especiais, e, tendo constatado a existência de diversos recursos especiais, com fundamento na mesma questão de direito (ou tese jurídica), os encaminha ao STJ, ficando os demais automaticamente suspensos, sema necessidade de despacho neste sentido.204

Como critério, fica estabelecido a escolha de pelo menos um processo

de cada Relator e, dentre esses, os que contiverem maior diversidade de

fundamentos no acórdão e de argumentos no recurso especial, para, só então,

determinar os que serão utilizados como paradigmas, conforme o art. 1°, em

seu § 1° da resolução n. 8/2008. 205

Em virtude do princípio constitucional do contraditório, seria adequado, ademais, admitirem-se recursos interpostos pelas diversas partes envolvidas para que a Corte Superior possa examinar os diferentes pontos de vista envolvidos na lide206.

Já o § 2° do mesmo artigo da resolução n. 8/2008, dispõe que o

agrupamento de recursos repetitivos levará em consideração apenas a questão

central discutida, sempre que o exame desta possa tornar prejudicada a

análise de outras questões argüidas no mesmo recurso.207

203 STJ, Resolução N° 8, de 7 de agosto de 2008. Estabelece os procedimento relativos ao processamento e julgamento dos recursos especiais repetitivos Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/17559/Res_8_2008_PRE.pdf;jsessionid=61D394951320E85C2BB9061BE4406225?sequence=4>. Acesso em: 25 set. 2009.204ALVIM, J. E. Carreira. Recursos especiais repetitivos: mais uma tentativa de desobstruir os Tribunais. Revista de Processo, São Paulo , v.33, n. 162, p. 168-185, ago. 2008.205STJ, Resolução N° 8, de 7 de agosto de 2008. Estabelece os procedimento relativos ao processamento e julgamento dos recursos especiais repetitivos Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/17559/Res_8_2008_PRE.pdf;jsessionid=61D394951320E85C2BB9061BE4406225?sequence=4>. Acesso em: 25 set. 2009.206 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 52.207 STJ, Resolução N° 8, de 7 de agosto de 2008. Estabelece os procedimento relativos ao processamento e julgamento dos recursos especiais repetitivos Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/17559/Res_8_2008_PRE.pdf;jsessionid=61D394951320E85C2BB9061BE4406225?sequence=4>. Acesso em: 25 set. 2009.

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Outrossim, a suspensão do processo deverá ser certificada nos autos,

consoante parágrafo 3° do art. 1° da Resolução n. 8, do STJ.208

3.2.2 Seleção de Recursos Especiais Paradigmas pelo STJ

Outra hipótese de suspensão de recursos idênticos vem descrita no

parágrafo 2° do artigo 543- C, do CPC, o qual dispõe que caso o Tribunal de

origem não tenha admitido o recurso representativo, o ministro relator no STJ,

ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou

que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão dos

recursos especiais repetitivos nos tribunais de origem209.

Acerca do assunto, colaciono as ponderações feitas por Nelson

Rodrigues Netto:

Primeiramente, entendemos que o termo “poderá” utilizado pelo legislador não pode encerrar uma faculdade do relator, sob pena de inviabilizar que o julgamento do recurso especial paradigmático produza efeitos sobre os demais recursos repetidos. Se a seleção dos recursos paradigmáticos não foi feita na origem, o relator deverá fazê-lo, devolvendo os demais recursos repetidos. Esta é a solução adotada no art. 328, do Regimento Interno do STF em relação ao recurso extraordinário e que reputamos acertada. 210

A decisão do Ministro Relator de submeter recurso especial a

julgamento na forma do art. 543-C do CPC deve ser comunicada aos demais

Ministros e aos tribunais de origem, para que procedam ao sobrestamento dos

recursos que versem sobre a mesma controvérsia (art. 2°, § 2° da Resolução 8,

do STJ).211

A suspensão dos demais recursos especiais que versem sobre a questão de direito tratada no recurso representativo abrange também

208 MARTINS, Samir José Caetano. A regulamentação dos recursos especiais repetitivos: resolução nº 8/2008 do STJ. Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.67,, p.125-129, out.2008.209 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 53.210 RODRIGUES NETO, Nelson. Análise crítica do julgamento “por atacado” no STJ.Revista de Processo – Re Pro, São Paulo, n. 163, p234-247, set/2008. 211 MARTINS, Samir José Caetano. A regulamentação dos recursos especiais repetitivos: resolução nº 8/2008 do STJ. Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.67, p.125-129, out.2008.

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os recursos especiais interpostos adesivamente aos recursos que porventura fiquem suspensos212.

Outrossim, conforme recomenda o parágrafo 4°, do art. 1° da

Resolução 8, do STJ, o Ministro Relator selecionará o(s) recurso(s) especial

(is) repetitivo(s) paradigma(s) dentre aqueles encaminhados pelo tribunal de

origem, e os recursos especiais idênticos serão distribuídos por dependência,213

“formando uma espécie de “bloco de julgamento”214.

Pela diversidade de possíveis tribunais de segunda instância recorridos (mais de 30, somados os 5 Tribunais Regionais Federais e todos os Tribunais de Justiça), pode ocorrer que o STJ receba múltiplos recursos com fundamento em idênticas questões de direito até que seja escolhido aquele que será o representativo da controvérsia afetado. Neste caso, o Ministro Relator poderá afetá-lo ao órgão julgador competente, que geralmente será a Seção correspondente. Excepcionalmente, quando houver questão de competência de mais de uma Seção, aí competente será a Corte Especial. 215

Com efeito, pode ocorrer de o STJ receber múltiplos recursos com

idêntica questão de direito, até que seja escolhido o recurso que será utilizado

como paradigma, situação em que o Ministro Relator poderá afetá-lo à Seção

competente. Quando houver matéria de competência de mais de uma Seção,

caberá à Corte Especial.

3.2.3 Intervenção de terceiros e atuação do ministério Público

O art. 3°da Resolução dispõe que, antes do julgamento, o Ministro

Relator poderá solicitar informações aos tribunais estaduais ou federais a

respeito da controvérsia e autorizar, ante a relevância da matéria, a

manifestação escrita de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na

212 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 55.213 MARTINS, Samir José Caetano. A regulamentação dos recursos especiais repetitivos: resolução nº 8/2008 do STJ. Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.67,, p.125-129, out.2008.214 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 53.215 ANDRADE, Fábio Martins de. Procedimentos relativos ao processamento e julgamento de recursos repetitivos: anotações à resolução do STJ n. 8, de 7 de agosto de 2008 (Regulamenta a Lei n. 11.672/2008). Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.67,, p.54-66, out.2008.

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controvérsia serem prestada no prazo de quinze dias e dará vista dos autos ao

Ministério Público, também pelo prazo de quinze dias.

Tal dispositivo repete o que vem determinado nos parágrafos 3°, 4° e

5° do art. 543-C, do CPC, apenas estabelecendo o prazo e a forma de

manifestação dos terceiros interessados, questões definidas no regimento

interno do STJ.216

3.2.4 Preferência de julgamento

Compete à Coordenadoria da Seção ou da Corte Especial extrair

cópias do acórdão recorrido, do recurso especial, das contra-razões, da

decisão de admissibilidade pelo tribunal de origem, do parecer Ministerial e de

outras peças apontadas pelo Relator, encaminhando-as aos demais Ministros

integrantes do órgão julgador pelo menos 5 (cinco) dias antes do julgamento. 217

Impende salientar que o recurso especial paradigma será julgado com

preferência, ressalvados os processos que envolvam réu preso e os habeas

corpus (caput do art. 4°, da Resolução). 218

Primando por dar publicidade ao julgamento dos recursos

representativos de controvérsia plúrima, a coordenadoria do órgão julgador

expedirá ofício aos tribunais de origem com cópia do acórdão relativo ao

recurso especial julgado na forma desta Resolução (art. 6°, da Resolução).

3.2.5 Efeitos do julgamento do Recurso Representativo

216 MARTINS, Samir José Caetano. A regulamentação dos recursos especiais repetitivos: resolução nº 8/2008 do STJ. Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.67,, p.125-129, out.2008.217 STJ, Resolução N° 8, de 7 de agosto de 2008. Estabelece os procedimento relativos ao processamento e julgamento dos recursos especiais repetitivos Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/17559/Res_8_2008_PRE.pdf;jsessionid=61D394951320E85C2BB9061BE4406225?sequence=4>. Acesso em: 25 set. 2009.218 STJ, Resolução N° 8, de 7 de agosto de 2008. Estabelece os procedimento relativos ao processamento e julgamento dos recursos especiais repetitivos Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/17559/Res_8_2008_PRE.pdf;jsessionid=61D394951320E85C2BB9061BE4406225?sequence=4>. Acesso em: 25 set. 2009.

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Marco Aurélio Serau Junior e Silas Mendes do Reis entendem que a

grande inovação trazida pela Lei 11.672/2008 “reside nos efeitos derivados do

julgamento do recurso representativo da controvérsia que se desdobra e,

multiplicidade de recursos especiais”219.

Neste sentido, determina o parágrafo 7°, do art. 543 – C, do CPC, que

após a publicação do acórdão do STJ, (que decide o recurso especial

representativo), os recursos especiais sobrestados na origem terão seguimento

denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do

Superior Tribunal de Justiça (inciso I).

Todavia, caso o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior

Tribunal de Justiça, serão novamente examinados pelo tribunal a quo (inciso

II). E o “reexame da matéria é feito pelo relator originário do feito, assim como

acontece no procedimento da repercussão geral”220.

Ainda, na hipótese anteriormente elencada, isto é, quando devolvidos

os autos ao relator do processo nos tribunais de origem, se mantida a decisão

divergente, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso especial, “nos

moldes que vinha acontecendo até a vigência da sistemática ora em

comento.221”

3.2.6 Da necessidade de regulamentação

O art. 543-C, do CPC, dispõe em seu parágrafo 9° acerca da

necessidade de regulamentação do processamento e julgamento do recurso

especial quando tratar de idêntica matéria de direito.

A regulamentação do art. 543 – C do CPC não é tarefa exclusiva do Superior Tribunal de Justiça. Cada tribunal de origem, no âmbito de sua competência, deve regulamentar o processamento dos recursos especiais repetitivos, conforme o parágrafo 9° do ar. 543 – C do CPC. Cabe a cada tribunal de origem disciplinar, por exemplo, os critérios

219 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 62.220 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 62.221 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 62.

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de seleção de recursos a serem remetidos ao STJ; a providência de registro da suspensão de recursos especiais repetitivos e o procedimento a ser adotado no juízo de reconsideração (como a devolução do processo à Câmara ou Turma prolatora do acórdão recorrido para exercer o juízo de retratação). 222

Portanto, cabe ao STJ e aos tribunais de segunda instância

regulamentar, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao

processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste

artigo.

3.2.7 Da vigência da Lei 11.672/2008

Dispõe o art. 1° da Lei de Introdução ao Código Civil que “salvo

disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e

cinco) dias depois de oficialmente publicada”.

No caso da Lei 11.672/2008, ficou estabelecido em seu artigo 3°, a

entrada em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação. Essa

vacatio legis se deu em virtude da considerável mudança e grande repercussão

no sistema processual brasileiro223.

Impende destacar que o art. 2° do mesmo diploma legal determina:

“aplica-se o disposto nesta Lei aos recursos já interpostos por ocasião da sua

entrada em vigor’.

A expressão utilizada pela norma em comento, dizendo respeito à sua aplicação aos recursos já interpostos “por ocasião da sua entrada em vigor”, deve ser compreendida a partir de uma perspectiva lexicográfica. A versão eletrônica do clássico Dicionário Aurélio equipara a expressão “por ocasião de ”às expressões “na época de; na oportunidade de; quando de”.224

222 MARTINS, Samir José Caetano. A regulamentação dos recursos especiais repetitivos: resolução nº 8/2008 do STJ. Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.67,, p.125-129, out.2008.223 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 62.224 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 62.

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Por fim, necessário esclarecer que “os atos processuais praticados em

conformidade com a normativa processual anterior preservam-se em sua

inteireza”225.

3.2.8 Do agravo de instrumento

Em virtude do paralelismo entre os recursos especiais e os agravos de

instrumento interpostos visando a obtenção do conhecimento de recursos

especiais inadmitidos no tribunal a quo226, foi estabelecido no art. 7°, da

Resolução 8 do STJ: “O procedimento estabelecido nesta Resolução aplica-se,

no que conceber, aos agravos de instrumento interpostos contra decisão que

não admite recurso especial”,

3.3 ASPECTOS POLÊMICOS DA LEI 11.672/2008

3.3.1 A inconstitucionalidade da Lei

Muitas são as discussões acerca da constitucionalidade da Lei que

disciplina os recursos repetitivos. Eduardo Talamini, Doutor em Direito

Processual pela USP, que, em artigo publicado na internet, defende a

constitucionalidade da Lei, desde que aplicada em observância às garantias

processuais

O julgamento por amostragem, desde que aplicado em seus devidos limites e com a observância das cautelas e garantias aqui brevemente destacadas, não parece ofender os princípios constitucionais do processo nem as regras sobre competência recursal do Superior

225 SERAU JUNIOR, Marco Aurélio; REIS, Silas Mendes dos. Recursos Especiais Repetitivos no STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. p. 66.226 MARTINS, Samir José Caetano. A regulamentação dos recursos especiais repetitivos: resolução nº 8/2008 do STJ. Revista Dialética de Direito Processual - Rddp, São Paulo , n.67,, p.125-129, out.2008.

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Tribunal de Justiça. Trata-se de racionalizar a atividade do STJ, na esteira do que também se procurou fazer com o STF, precisamente em casos que já vinham recebendo decisões homogêneas, meramente reiterativas. E a institucionalização desse procedimento inclusive possibilita seu controle de modo mais eficiente. Com o procedimento institucionalizado da amostragem, confere-se inclusive destaque ao recurso amostra – que assim poderá receber atenção especial do Superior Tribunal, da sociedade e de outros interessados (envolvidos em outros processos que versam sobre a mesma questão), que dentro de certas condições poderão até intervir como amicus curiae. Cerca-se assim de maiores garantias - viabilizando-se um contraditório mais adequado – um procedimento que informalmente já ocorria. Enfim, institucionaliza-se, sob o pálio das garantias do processo, algo que já vinha ocorrendo de modo sub-reptício. O fundamental é que se observem os limites postas na lei: cabe apenas o sobrestamento dos recursos que versem sobre idêntica questão de direito – e apenas a eles será aplicável aquilo que for decidido no julgamento do recurso amostra. Tudo o que ultrapassar essa fronteira será indevido – e passível de impugnação recursal, como apontado acima227.

De outro vértice, é a opinião de Cássio Scarpinello Bueno228, o qual

entende que a Lei é inconstitucional, na medida em que as alterações foram

introduzidas sem anterior aprovação da proposta de Emenda à Constituição n.

358/2005.

A análise dos dispositivos colocados em destaque faz trazer à tona a questão concernente à constitucionalidade das regras relativas ao trato dos ‘recursos especiais repetitivos’. Estariam elas violando o ‘modelo constitucional de direito processual civil’, empresando às decisões do Superior Tribunal de Justiça verdadeiro efeito vinculante? Estaria a lei modificando, ainda que de forma discreta, as hipóteses e cabimento do recurso especial e, mais do que isso, o órgão competente para o seu julgamento? As respostas a estas questões são, no entender deste curso, positivas, porque as modificações foram introduzidas sem prévia e indispensável aprovação da proposta de Emenda à Constituição n. 358/2005, ainda em trâmite perante a Câmara dos Deputados, que, ao propor diversas modificações no Art. 105 da Constituição Federal, introduz um § 3° naquele dispositivo segundo o qual: ‘A lei estabelece os casos de inadmissibilidade do Recurso Especial229.

No mesmo sentido, compartilha do entendimento o J. E. Carreira Alvim,

ao dispor:

227 TALAMINI, Eduardo Julgamento de recursos no STJ "por amostragem" - Lei nº. 11.672/2008. 15 maio 2008. Migalhas. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articuladas.aspx?cod=60470>. Acesso em: 20 jan. 2009.228 BUENO, Cássio Scarpinello Bueno. Curso sistematizado de direito processual civil: recursos, processos e incidentes nos tribunais, sucedâneos recursais: técnicas de controle das decisões jurisdicionais.São Paulo: Saraiva, 2008, p. 276. 229 BUENO, Cássio Scarpinello Bueno. Curso sistematizado de direito processual civil: recursos, processos e incidentes nos tribunais, sucedâneos recursais: técnicas de controle das decisões jurisdicionais.São Paulo: Saraiva, 2008, p. 276.

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O recurso especial, ao contrário do recurso extraordinário,vem despido de suporte constitucional, pois o extraordinário teve o amparo do § 3° do art. 102 da CF/1988, acrescentado à Constituição pela EC 45/2004, dispondo que: “No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros”. Destarte, os arts. 543- A e 543-B do CPC mais não fizeram do que regulamentar o § 3° do art. 102 da Constituição. [...] mas relativamente ao Superior Tribunal de Justiça, não, porquanto a sua competência vem expressa no art. 105, III, a e c, da CF/1988, que não autoriza essa Corte a impor limitações à admissibilidade desse recurso, nos moldes impostos pelo art. 543- C do CPC.230

Assim, J.E.Alvim faz um paralelo com o recurso extraordinário,

observando que a CRFB/88, em seu art. 105, III, a e c, não confere ao Superior

Tribunal de Justiça competência para limitar a admissibilidade do recurso

especial, motivo pelo qual entende pela inconstitucionalidade da Lei.

3.3.2 Da desistência de recurso repetitivo

Outro ponto polêmico acerca da Lei dos recursos repetitivos é a

possibilidade de desistência do recurso interposto.

O artigo 501, do CPC, estabelece: “Art. 501 - O recorrente poderá, a

qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do

recurso.

Da leitura do respectivo dispositivo legal, resta claro o direito do

recorrente desistir do recurso, unilateralmente. Entretanto, o STJ, com

supedâneo no art. 2º, § 1º, da Resolução nº. 08, de 07 de agosto de 2008,

alterou a interpretação dispositivo, impossibilitando a desistência do recurso,

estando a parte obrigada a ter seu recurso analisado231.

Desta forma, em julgamento ocorrido em 17/12/2008, a Corte Especial

do STJ definiu no Recurso Especial n.º 1.063.343/RS, por maioria de votos, a

impossibilidade de desistência do recurso que tenha escolhido para ser o

230 ALVIM, J. E. Carreira. Recursos especiais repetitivos: mais uma tentativa de desobstruir os Tribunais. Revista de Processo, São Paulo , v.33, n. 162,, p. 168-185, ago. 2008.231 NUNES, Dierle José Coelho. Decisão do STJ: Corte especial nega desistência de recurso repetitivo . Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2002, 24 dez. 2008. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12123>. Acesso em: 26 out. 2009.

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julgado paradigma na nova sistemática dos recursos repetitivos, sob o

argumento de prevalecia do interesse público.

Resultado Dejulgamento Parcial Prosseguindo no Julgamento Parcial: Prosseguindo no Julgamento, Após o Voto-Vista do Sr. Ministro Nilson Naves Indeferindo o Pedido de Desistência, no que Foi Acompanhado Pelos Srs. Ministros Ari Pargendler E Hamilton Carvalhido, E as Retificações de Voto da Sra. Ministra Relatora e do Sr. Ministro Luiz Fux Para Aderir ao Voto do Sr. Ministro Nilson Naves, e os Votos dos Srs. Ministros Aldir Passarinho Junior, Eliana Calmon E Francisco Falcão Acompanhando a Posição Originária da Sra. Ministra Relatora, A Corte Especial, oor Maioria, Indeferiu o Pedido de Desistência. Vencido O Sr. Ministro João Otávio de Noronha e Vencidos, Em Parte, os Srs. Ministros Aldir Passarinho Junior, Eliana Calmon, Francisco Falcão e Laurita Vaz.232

Saul Tourinho Leal e Vicente Coelho Araújo entendem que tal

imposição do STJ deve ser revista, garantindo à parte que teve seu recurso

escolhido como paradigma, a possibilidade de desistência. E após, com a

escolha de um novo recurso, estarão cumpridas as regras processuais,

prestigiando-se o interesse público.

O Código de Processo Civil - CPC , artigo 501, assegura à parte o direito de desistir de seu recurso a qualquer tempo. Pelo controle difuso de constitucionalidade, e como fundamento de sua decisão, o STJ poderia ter declarado inconstitucional o mencionado artigo, mas não o fez. Com boa dose de criatividade, poder-se-ia pensar na aplicação da técnica da interpretação conforme a Constituição ou ainda na declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, o que também não ocorreu. A posição do STJ, pode-se assim concluir, constrói um novo tópico na teoria geral dos recursos, atribuindo ao Tribunal competência que a própria Constituição parece não lhe outorgar. [...] O raciocínio empregado nessa decisão sugere que em se tratando de um processo alvo da sistemática dos recursos repetitivos, há um interesse maior do que o da parte, que é o interesse em se resolver um conflito aguardado por todos os órgãos judicantes do país. Assim, o conflito deixaria de ser exclusivamente da parte e passaria a ser da sociedade. Cabe-nos analisar esse argumento. De fato, há interesse público na solução do conflito, mas o que se propõe é a consagração deste princípio da melhor forma possível. A homenagem ao interesse público reside em não se julgar como paradigma um caso que não seja suficientemente abrangente de todos os aspectos do litígio. [...] Se em determinado momento, circunstâncias impuserem a alteração do CPC para lhes conferir um sentido mais adequado à atualidade, ajustando-o às novas exigências reveladas por necessidades de política judicial, invocar-se-á a prévia modificação do seu texto, o que reclama a atuação do Poder Legislativo - e não do Judiciário. O STJ, ao desconsiderar o que dispõe o artigo 501 do CPC, deixou de promover a aplicação de norma cogente de processo civil, que se encontra em pleno vigor.[...] Logo, o que se propõe é que o STJ retome o debate acerca do tema e leve em consideração a possibilidade de a parte desistir do

232 STJ, 3° Turma. REsp. 1063343/RS. Rel. Min. Nancy Andrighi. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/Processo/Justica/detalhe.asp?numreg=200801289049>. Acesso em: 26 set. 2009.

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recurso escolhido para ser o paradigma na sistemática dos recursos repetitivos. Homologada a desistência, outro recurso mais adequado à solução da controvérsia deverá ser escolhido, e dessa forma ter-se-á deferência tanto às regras de direito processual como às necessárias celeridade e eficiência na prestação jurisdicional, prestigiando-se o interesse público233.

O Supremo Tribunal Federal já se deparou com a hipótese de pedido

de desistência do recurso escolhido como paradigma, deferindo o pleito do

recorrente e admitindo, na sequência, um novo recurso extraordinário para

figurar como paradigma.

Conforme consulta realizada no portal eletrônico do STF, o Recurso

Extraordinário 567.948/RS foi escolhido como paradigma de determinada

matéria tributária. Todavia, a parte formulou pedido de desistência, sustentando

que “sua apreciação poderia vir a causar-lhe prejuízos, ante a irrecorribilidade

das decisões proferidas em repercussão geral e a possibilidade de o ‘leading

case’ gerar a inadmissão sumária dos recursos que tratem da mesma

questão". Com isso, em 07/05/2008 o então Ministro Relator Marco Aurélio

homologou o pedido de desistência do recurso.234

Destarte, os doutrinadores são uníssonos em colocar que o STJ deve

retomar a discussão acerca da possibilidade de desistência recursal,

respeitando tanto às regras processuais como as necessárias a uma efetiva

prestação jurisdicional, resguardando o interesse público. Estas questões

polêmicas abordadas na presente monografia são proveitosas no sentido de

possibilitar a discussão e o conseqüente aprimoramento do incidente dos

recursos repetitivos promovidos pela Lei 11.672/2008.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

233 LEAL, Saul Tourinho; ARAÚJO, Vicente Coelho Os recursos repetitivos no STJ e o

direito da parte à desistência do recurso paradigma. 10 fev. 2009. Disponível em: <http://www.jppm.com.br/detalhes-artigos-jppm.aspx?c=111>. Acesso em: 26 out. 2009. p. 1234 STF, RE 567948/RS. Rel. Min.Marco Aurélio. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=2568797>.Acesso em: 26 set. 2009.

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O presente trabalho de conclusão de curso apresentou como tema

central a Lei 11.672/2008 a qual acrescentou o artigo 543 – C ao Código de

Processo Civil, disciplinando os recursos tidos como repetitivos, visando uma

maior efetividade e celeridade nos julgamentos realizados pelo Superior

Tribunal de Justiça.

É notório o número exorbitante de processos que ascendem ao

Superior Tribunal de Justiça, anualmente, grande parte deles fundamentados

em idêntica questão de direito, o que provoca o dispêndio de tempo e verbas

com seu processamento repetitivo. O ideal seria, é claro, o tratamento

personalisado de cada processo, por parte do juiz, todavia, tal possibilidade

torna-se insustentável diante do número exponencial de processos que

assolam o judiciário.

A partir disso, os tribunais superiores vem adotando práticas que visam

diminuir a morosidade do Poder Judiciário, tais como a repercussão geral e das

súmulas vinculantes no âmbito do Supremo Tribunal Federal e recentemente, o

incidente dos recursos múltiplos no Superior Tribunal de Justiça. É neste

sentido que a Lei 11.672/2008 deve ser entendida, como parte de um

movimento que visa garantir o direito constitucional à celeridade e efetividade

processual.

Em que pese as discussões acerca da (in)constitucionalidade da lei e

sua eficácia, a prática do cotidiano, com a conseqüente lapidação do seu

processamento superarão as situações em que as partes sintam-se

prejudicadas. De qualquer forma, parece menos prejudicial e frustrante do que

a morosidade do recurso.

O que existe atualmente, e através da pesquisa realizada para a

elaboração desta monografia pode ser constatado, é que houve redução na

demanda dos recursos especiais recebidos pelo STJ. Até agosto do presente

ano, quando a norma completou um ano de vigência, houve uma redução de

34% (trinta e quatro por cento) no número de recursos que chegam ao

Tribunal235.

235 RECURSO Repetitivo reduz 34% no número de recursos. Revista Consultor Jurídico, 04 out. 2009. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2009-out-04/recursos-repetitivos-reduz-34-numero-recursos-chegam-stj>. Acesso em: 26 out. 2009.

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Felizmente o tema vem sendo amplamente discutido por toda a

comunidade jurídica o que permite o aperfeiçoamento da legislação, e por

conseqüência, uma prestação jurisdicional mais eficaz. Neste sentido espera-

se que o presente trabalho contribua, mesmo que de forma tímida, para a

divulgação deste incidente que visa garantir o direito constitucional à celeridade

processual.

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ANEXOS

ANEXO A

SÚMULAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA A RESPEITO DO

RECURSO ESPECIAL

As súmulas abaixo colacionadas, fazem menção ao recurso especial, e

até a conclusão do presente trabalho, totalizam dezesseis.236

Vejamos:

Súmula 5: A simples interpretação de cláusula contratual não enseja

recurso especial.

Súmula 7: A pretensão de simples reexame de prova não enseja

recurso especial.

Súmula 13: A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja

recurso especial – Tratada no item 3.2.4.

Súmula 83: Não se conhece de recurso especial pela divergência,

quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão

recorrida.

Súmula 86: Cabe recurso especial contra acórdão proferido no

julgamento de agravo de instrumento.

Súmula 123: A decisão que admite, ou não, o recurso especial deve

ser fundamentada, com o exame dos seus pressupostos gerais e

constitucionais.

Súmula126 – É inadmissível recurso especial, quando o acórdão

recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer

deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta

recurso extraordinário.

Súmula 187: É deserto recurso interposto para o Superior Tribunal de

Justiça, quando o recorrente não recolhe, na origem, a importância das

despesas de remessa e retorno dos autos.

Súmula 203: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por

órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.

236Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/sumulas/toc.jsp?livre=@docn&menu=SIM&tipo_visualizacao=RESUMO. Acesso em: em 03 set. 2009.

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Súmula 207: É inadmissível recurso especial quando cabíveis

embargos infringentes contra acórdão proferido no tribunal de origem. – Já foi

tratado no item 3.1.1.

Súmula 211: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a

despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo

Tribunal a quo.

Súmula 216: A tempestividade de recurso interposto no Superior

Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no protocolo da Secretaria e não pela

data de entrega na agência do correio.

Súmula 223: O art. 557 do CPC, que autoriza o relator a decidir o

recurso, alcança o reexame necessário.

Súmula 256: O sistema de “protocolo integrado” não se aplica aos

recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça.

A Corte Especial deliberou pelo cancelamento da súmula, no

julgamento do AgRg no Ag 792.846-SP, na sessão de 21/05/2008.

O sistema de “protocolo integrado” não se aplica aos recursos dirigidos

ao Superior Tribunal de Justiça.

Súmula 316: Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em

agravo regimental, decide recurso especial.

Súmula 320: A questão federal ventilada no voto vencido não atende

ao requisito do prequestionamento.

ANEXO B

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EXPOSIÇÃO DEMOTIVOS

E.M. 40 – MJ

Brasília, 5 de abril de 2007

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

1. Submeto à consideração de Vossa Excelência o

anexo projeto de lei que acresce o art. 543-C à Lei no 5.869, de 11 de janeiro

de 1973 – Código de Processo Civil, estabelecendo o procedimento para o

julgamento de recursos repetitivos no âmbito do Superior Tribunal de Justiça.

2. Sob a perspectiva das diretrizes estabelecidas para a

reforma da Justiça, faz-se necessária a alteração do sistema processual

brasileiro com o escopo de conferir racionalidade e celeridade ao serviço de

prestação jurisdicional, sem, contudo, ferir o direito ao contraditório e à ampla

defesa.

3. De há muito surgem propostas e sugestões, nos

mais variados âmbitos e setores, de reforma do processo civil. Manifestações

de entidades representativas, como o Instituto Brasileiro de Direito Processual,

a Associação dos Magistrados Brasileiros, a Associação dos Juizes Federais

do Brasil, de órgãos do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do próprio

Poder Executivo são acordes em afirmar a necessidade de alteração de

dispositivos do Código de Processo Civil e da lei de juizados especiais, para

conferir eficiência à tramitação de feitos e evitar a morosidade que atualmente

caracteriza a atividade em questão.

4. O presente projeto de lei é baseado em sugestão do

ex-membro do Superior Tribunal de Justiça, Ministro Athos Gusmão Carneiro,

com o objetivo de criar mecanismo que amenize o problema representado pelo

excesso de demanda daquele Tribunal. Submetido ao crivo do Presidente da

Corte Superior, a proposta foi aceita e recebeu alguns ajustes, que passaram a

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integrar a presente redação. Após, sofreu ainda pequenas alterações ao ser

analisada pelos órgãos jurídicos do Poder Executivo.

5. Somente em 2005, foram remetidos mais de 210.000

processos ao Superior Tribunal de Justiça, grande parte deles fundados em

matérias idênticas, com entendimento já pacificado naquela Corte. Já em 2006,

esse número subiu para 251.020, o que demonstra preocupante tendência de

crescimento.

6. Com o intuito de amenizar esse problema, o presente

anteprojeto inspira-se no procedimento previsto na Lei no 11.418/06 que criou

mecanismo simplificando o julgamento de recursos múltiplos, fundados em

idêntica matéria, no Supremo Tribunal Federal.

7. Conforme a redação inserida no diploma processual

pela norma mencionada, em caso de multiplicidade de recursos fundados na

mesma matéria, a Corte Suprema poderá julgar um ou mais recursos

representativos da controvérsia, sobrestando a tramitação dos demais.

Proferida decisão pela inadmissibilidade dos recursos selecionados, será

negado seguimento aos demais processos idênticos. Caso a decisão seja de

mérito, os tribunais de origem poderão retratar-se ou considerar prejudicados

os recursos. Mantida a decisão contrária ao entendimento firmado no Supremo

Tribunal Federal, o recurso seguirá para aquela Corte, que poderá cassar a

decisão atacada.

8. Na proposta que submeto a Vossa Excelência,

busca-se disponibilizar mecanismo semelhante ao Superior Tribunal de Justiça

para o julgamento do recurso especial.

9. De acordo com a regulamentação proposta,

verificando a multiplicidade de recursos especiais fundados na mesma matéria,

o Presidente do Tribunal de origem poderá selecionar um ou mais processos

representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Superior Tribunal de

Justiça, suspendendo os demais recursos idênticos até o pronunciamento

definitivo dessa Corte.

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10. Sobrevindo a decisão da Corte Superior, serão

denegados os recursos que atacarem decisões proferidas no mesmo sentido.

Caso a decisão recorrida contrarie o entendimento firmado no Superior Tribunal

de Justiça, será dada oportunidade de retratação aos tribunais de origem,

devendo ser retomado o trâmite do recurso, caso a decisão recorrida seja

mantida.

11. Para assegurar que todos os argumentos sejam

levados em conta no julgamento dos recursos selecionados, a presente

proposta permite que o relator solicite informações sobre a controvérsia aos

tribunais estaduais e admita a manifestação de pessoas, órgãos ou entidades,

inclusive daqueles que figurarem como parte nos processos suspensos. Além

disso, prevê a oitiva do Ministério Público nas hipóteses em que o processo

envolva matéria pertinente às finalidades institucionais daquele órgão.

12. Estas, Senhor Presidente, as razões que me levam a

submeter a anexa proposta ao elevado descortino de Vossa Excelência,

acreditando que, se aceita, estará contribuindo para a efetivação das medidas que

se fazem necessárias para conferir celeridade aos ritos do processo civil.

Respeitosamente,

Tarso Genro

Ministro de Estado da Justiça

ANEXO C

LEI 11.672, DE 8 DE MAIO DE 2008

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Acresce o art. 543-C à Lei no 5.869, de 11 de janeiro de

1973 - Código de Processo Civil, estabelecendo o

procedimento para o julgamento de recursos repetitivos

no âmbito do Superior Tribunal de Justiça.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso

Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de

Processo Civil, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 543-C:

“Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com

fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será

processado nos termos deste artigo.

§ 1o Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais

recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao

Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos

especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça.

§ 2o Não adotada a providência descrita no § 1o deste artigo, o

relator no Superior Tribunal de Justiça, ao identificar que sobre a

controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está

afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de

segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja

estabelecida.

§ 3o O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no

prazo de quinze dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da

controvérsia.

§ 4o O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior

Tribunal de Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir

manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na

controvérsia.

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§ 5o Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o

disposto no § 4o deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de

quinze dias.

§ 6o Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia

do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na

seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os

demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de

habeas corpus.

§ 7o Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os

recursos especiais sobrestados na origem:

I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido

coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou

II - serão novamente examinados pelo tribunal de origem na

hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal

de Justiça.

§ 8o Na hipótese prevista no inciso II do § 7o deste artigo, mantida a

decisão divergente pelo tribunal de origem, far-se-á o exame de

admissibilidade do recurso especial.

§ 9o O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda

instância regulamentarão, no âmbito de suas competências, os

procedimentos relativos ao processamento e julgamento do recurso especial

nos casos previstos neste artigo.”

Art. 2o Aplica-se o disposto nesta Lei aos recursos já interpostos

por ocasião da sua entrada em vigor.

Art. 3o Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de

sua publicação.

Brasília, 8 de maio de 2008; 187o da Independência e 120o da

República.

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LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Tarso Genro

ANEXO D

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RESOLUÇÃO Nº 8, DE 7 AGOSTO DE 2008.

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Estabelece os procedimentos processamento e julgamento de recursos

especiais repetitivos.

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, no uso da

atribuição que lhe é conferida pelo art. 21, XX, do Regimento Interno, “ad

referendum” do Conselho de Administração, e CONSIDERANDO a

necessidade de regulamentar os procedimentos para admissibilidade e

julgamento dos recursos especiais repetitivos, previstos na Lei n. 11.672, de 8

de maio de 2008,

Art. 1º Havendo multiplicidade de recursos especiais com fundamento

em idêntica questão de direito, caberá ao presidente ou ao vice-presidente do

tribunal recorrido (CPC, art. 541) admitir um ou mais recursos representativos

da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça,

ficando os demais suspensos até o pronunciamento definitivo do Tribunal.

§ 1º Serão selecionados pelo menos um processo de cada Relator e,

dentre esses, os que contiverem maior diversidade de fundamentos no acórdão

e de argumentos no recurso especial.

§ 2º O agrupamento de recursos repetitivos levará em consideração

apenas a questão central discutida, sempre que o exame desta possa

tornar prejudicada a análise de outras questões argüidas no mesmo recurso.

§ 3º A suspensão será certificada nos autos.

§ 4º No Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais de que trata

este artigo serão distribuídos por dependência e submetidos a

julgamento nos termos do art. 543-C do CPC e desta Resolução.

Art. 2º Recebendo recurso especial admitido com base no artigo 1º,

caput, desta Resolução, o Relator submeterá o seu julgamento à Seção ou à

Corte Especial, desde que, nesta última hipótese, exista questão de

competência de mais de uma Seção.

§ 1º A critério do Relator, poderão ser submetidos ao julgamento da

Seção ou da Corte Especial, na forma deste artigo, recursos especiais já

distribuídos que forem representativos de questão jurídica objeto de recursos

repetitivos.

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§ 2º A decisão do Relator será comunicada aos demais Ministros e ao

Presidente dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais Regionais

Federais, conforme o caso, para suspender os recursos que versem sobre a

mesma controvérsia.

Art. 3º Antes do julgamento do recurso, o Relator:

I – poderá solicitar informações aos tribunais estaduais ou federais a

respeito da controvérsia e autorizar, ante a relevância da matéria, a

manifestação escrita de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na

controvérsia.

II – dará vista dos autos ao Ministério Público por quinze dias.

Fonte: Diário da Justiça Eletrônico [do] Superior Tribunal de Justiça, 8

ago. 2008.

Art. 4º Na Seção ou na Corte Especial, o recurso especial será julgado

com preferência sobre os demais, ressalvados os que envolvam réu preso e os

pedidos de

Parágrafo único: A Coordenadoria do órgão julgador extrairá cópias do

acórdão recorrido, do recurso especial, das contra-razões, da decisão

de admissibilidade, do parecer do Ministério Público e de outras peças

indicadas pelo Relator, encaminhando- as aos integrantes do órgão julgador

pelo menos 5 (cinco) dias antes do julgamento.

Art. 5º Publicado o acórdão do julgamento do recurso especial pela

Seção ou pela Corte Especial, os demais recursos especiais fundados em

idêntica controvérsia:

I – se já distribuídos, serão julgados pelo relator, nos termos do art. 557

do Código de Processo Civil;

II – se ainda não distribuídos, serão julgados pela Presidência, nos

termos da Resolução n. 3, de 17 de abril de 2008.

III – se sobrestados na origem, terão seguimento na forma prevista nos

parágrafos sétimo e oitavo do artigo 543-C do Código de Processo

Civil.

Art. 6º A coordenadoria do órgão julgador expedirá ofício aos tribunais

de origem com cópia do acórdão relativo ao recurso especial julgado na forma

desta

Art. 7º O procedimento estabelecido nesta Resolução aplica-se, no que

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couber, aos agravos de instrumento interpostos contra decisão que não

admitir recurso.

Art. 8º Esta Resolução entra em vigor em 8 de agosto de 2008 e será

publicada no Diário de Justiça eletrônico, ficando revogada a Resolução nº 7,

de 14 de 14 de julho de 2008.

Brasília, 7 de agosto de 2008.

Ministro CESAR ASFOR ROCHA

ANEXO E

LISTA DOS RECURSOS REPETITIVOS JULGADOS PELO STJ

1° Seção

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Processo: REsp 760246

Cobrança de imposto de renda sobre valores recebidos em decorrência do

rateio do patrimônio de entidade de previdência privada, tendo em vista a Lei

7.713/88.

Processo: REsp 871760

Existência ou não de isenção de ICMS sobre o bacalhau oriundo de país

signatário do GATT - General Agreement on Tariffs and Trade.

Processo: REsp 886462

Configuração ou não de denúncia espontânea relativamente a tributo estadual

sujeito a lançamento por homologação (ICMS), declarado pelo contribuinte (em

Guia de Informação e Apuração - GIA), mas não pago no devido prazo.

Processo: REsp 894060

Processamento de recurso administrativo sem o depósito prévio de 30% (trinta

por cento) da exigência fiscal, instituído pelo § 1º, do artigo 126, da Lei

8.213/91, acrescentado pela Medida Provisória nº 1.607-12/98, convertida na

Lei nº 9.639/98.

Processo: REsp 939527

Questão referente à legalidade da sistemática prevista nos artigos 29 e 36, da

Lei 8.541/92, que determinam a incidência do imposto de renda na fonte, de

forma autônoma e isolada, nas aplicações financeiras das pessoas jurídicas,

inobstante a ocorrência de prejuízos.

Processo: REsp 960476

Legitimidade da cobrança de ICMS sobre o valor pago a título de "demanda

contratada" de energia elétrica.

Processo: REsp 962379

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Configuração ou não de denúncia espontânea relativamente a tributo federal

sujeito a lançamento por homologação (PIS/COFINS), regularmente declarado

pelo contribuinte (DCTF), mas pago com atraso.

Processo: REsp 977058

Exigibilidade da contribuição adicional destinada ao Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária - INCRA, criada pela Lei nº 2.613/55, cobrada

no importe de 0,2% sobre folha de salário.

Processo: REsp 999901

Possibilidade de interrupção da prescrição por meio de citação por edital em

ação de execução fiscal.

Processo: REsp 1001655

Compensação, em sede de embargos à execução, sobre a de valores retidos

na fonte, a título de imposto de renda, com aqueles restituídos, quando do

ajuste anual das declarações dos exeqüentes.

Processo: REsp 1012903

Lei 7.713/88 - Cobrança de imposto de renda sobre pagamento de benefício de

complementação de aposentadoria, decorrente de plano de previdência

privada.

Processo: REsp 1036375

Legalidade da retenção de 11% sobre os valores brutos das faturas dos

contratos de prestação de serviço pelas empresas tomadoras, conforme

disposição do art. 31 da Lei 9.711/98.

Processo: REsp 1046376

Forma de intimação do ato que exclui o contribuinte do Programa de

Recuperação Fiscal - REFIS, a saber, se necessário ato publicado no DOU, ou

suficiente comunicação pela via da internet, nos termos da Lei 9.964/00, art. 9º,

III, c/c art. 5º da Resolução 20/2001 do Comitê Gestor.

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Processo: REsp 1049748

Questão referente à incidência do imposto de renda sobre as verbas pagas

pela PETROBRÁS a título de "indenização por horas trabalhadas" - IHT.

Processo: REsp 1050199

Restituição dos valores cobrados a título de empréstimo compulsório sobre

energia elétrica, acrescidos de correção monetária plena e juros, pleiteada pela

parte possuidora de OBRIGAÇÕES AO PORTADOR emitidas pela

ELETROBRÁS, na forma da Lei 4.156/62 com a redação dada pelo DL 644/69.

Processo: REsp 1068944

Legitimidade ou não da cobrança da tarifa de assinatura mensal relativa à

prestação de serviços de telefonia e a existência, ou não, nessa causa, de

litisconsórcio passivo necessário entre a empresa concessionária de telefonia e

a ANATEL.

Processo: REsp 1074799

Legalidade da cobrança de pulsos excedentes à franquia telefônica, sem a

discriminação das ligações.

Processo: REsp 1086935

Termo inicial da incidência dos juros moratórios em demanda objetivando a

restituição de contribuição previdenciária de servidor público inativo.

Processo: REsp 1090898

Execução Fiscal. Possibilidade de nomeação à penhora de créditos oriundos

de precatórios emitidos pela Fazenda do Estado para garantia do juízo.

Suposta ofensa aos arts. 620, 655 e 668 do CPC e aos arts. 9º , 11 e 15 da Lei

n.º 6.830/80.

Processo: REsp 1092154

Existência ou não do direito de punir, quando não expedida a notificação do

infrator de trânsito, no prazo de trinta dias, com a impossibilidade de reinício do

procedimento administrativo.

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Processo: REsp 1100156

Recurso especial originado de execução fiscal de créditos de IPTU, em que o

acórdão recorrido decidiu que as providências indicadas no § 4º do art. 40 da

Lei 6.830/80 somente se aplicam em caso de prescrição intercorrente, razão

pela qual se revela possível a decretação de ofício da prescrição verificada

antes do ajuizamento, com base no § 5º do art. 219 do CPC.

Processo: REsp 1100156

Responsabilidade dos sócios para responder por débitos da pessoa jurídica

devedora em execução fiscal.

Processo: REsp 1102552

Incidência da Taxa SELIC a título de juros de mora na atualização da conta

vinculada do FGTS.

Processo: REsp 1102554

Ofensa ao art. 40, § 4º da Lei nº 6.830/80, por entender que o referido § 4º

deve ser interpretado em consonância com o caput do art.40 e com os demais

parágrafos que o antecedem, razão pela qual não pode ser reconhecida a

prescrição intercorrente, nas hipóteses em que o arquivamento do feito ocorrer

em razão do baixo valor do débito executado (art. 20 da Lei 40.522/02).

Processo: REsp 1102577

Aplicação do instituto da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) aos casos de

parcelamento de débito tributário.

Processo: REsp 1103050

Cabimento da citação editalícia na execução fiscal.

Processo: REsp 1104900

Responsabilidade do sócio-gerente, cujo nome consta da CDA, para responder

por débitos da pessoa jurídica.

Processo: REsp 1108013

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Possibilidade de condenar a municipalidade em honorários advocatícios

quando a parte, representada por defensor público, restar vencedora na

demana. Existência de confusão entre credor e devedor.

Processo: REsp 110547

Opção pelo FGTS proporcionada pela Lei 5.958/73, com efeitos retroativos a

1.1.67. Capitalização dos juros de forma progressiva, na forma da Lei 5.107/66,

aos empregados admitidos até a edição da Lei 5.705/71. Prescrição trintenária.

Atualização dos juros de mora pela aplicação da taxa SELIC, conforme o art.

406 do Código Civil, às ações ajuizadas a partir de 11.1.2003.

Processo: REsp 1110550

Trata-se de recurso especial originado de embargos a execução fiscal

(cobrança da majoração da alíquota do ICMS de 17% para 18% no Estado de

São Paulo), em que o acórdão recorrido considerou o executado parte ilegítima

para pleitear a redução da alíquota, além de negar a existência de denúncia

espontânea.

Processo: REsp 1110551

Possibilidade de responsabilização do proprietário do imóvel (promitente

vendedor) pelo pagamento do IPTU na execução fiscal, diante da existência de

negócio jurídico que visa a transmissão da propriedade (contrato de

compromisso de compra e venda).

Processo: REsp 1110848

Questão referente à movimentação de valores depositados em conta do FGTS

e devolvidos aoo Município pela CEF, em virtude de contrato de trabalho

declarado nulo por ausência de concurso público.

Processo: REsp 1110924

Aplicação do encargo de 20% previsto no Decreto-lei n1.025/69 nas execuções

fiscais manejadas contra massa falida.

Processo: REsp 1110925

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Execução fiscal proposta contra sócio de pessoa jurídica devedora. Exclusão

de seu nome no polo passivo da demanda. Cabimento ou não da exceção de

pré-executividade para arguição de ilegitimidade passiva.

Processo: REsp 1111003

Necessidade da juntada dos comprovantes de pagamento da taxa de

iluminação pública juntamente com a petição inicial da ação de repetição de

indébito tributário.

Processo: REsp 11111157

Recurso especial originado de embargos à execução de valores

correspondentes a honorários advocatícios, em que o acórdão recorrido

entendeu pela inaplicabilidade do art. 29-C da Lei 8.036/90.

Processo: REsp 11111164

Recurso especial originado de mandado de segurança em que a impetrante

busca autorização para "a compensação de seus créditos provenientes do

pagamento indevido de contribuição ao PIS(...) e ao FINSOCIAL "com parcelas

vencidas e vincendas dos mesmos tributos. O acórdão recorrido considerou

desnecessária , para a concessão da ordem, a prova do recolhimento da

exação indevida.

Processo: REsp 11111175

Recurso especial interposto em face de acórdão do Tribunal Regional Federal

da 3ª Região, no qual se discutem os períodos de aplicação da taxa Selic nos

juros de mora incidentes sobre a repetição de indébito tributário.

Processo: REsp 11111189

Recurso Especial em que se questiona o índice dos juros moratórios em

demanda objetivando a restituição de contribuição previdenciária de servidor

público inativo.

Processo: REsp 11111202

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Possibilidade de responsabilização do promietnet vendedor e/ou do promitente

comprador pelo pagamento do IPTU na execução fiscal, diante da existência

de negócio jurídica que visa a transmissão da propriedade (contrato de

compromisso de compra e venda).

Processo: REsp 11111223

Imposto sobre a renda nas verbas rescisórias de contrato de trabalho. Natureza

Jurídica.

Processo: REsp 11111829

Recurso especial originado de ação de desapropriação por utilidade pública,

em que o acórdão recorrido decidiu que os juros compensatórios

correspondem a 6% ao ano a partir da imissão na posse do imóvel.

Processo: REsp 11111982

Acórdão recorrido que manteve a sentença extinguindo o feito sem resolução

do mérito. Execução fiscal. Débito de valor considerado inexpressivo inscrito

como Dívida Ativa da União pela Fazenda Nacional ou por ela cobrado. Lei nº

10.522/02, com a redação dada pela Lei n.º 11.033/04 e Portaria MF n.º 49/04.

Arquivamento do executivo fiscal, sem baixa na distribuição.

Processo: REsp 11112416

Termo a quo do prazo para oferecimento dos Embargos à Execução Fiscal,

quando a garantia consiste na penhora de bens ou de direitos.

Processo: REsp 11112467

Recurso especial em que se questiona a aplicação às empresas optantes pelo

SIMPLES do art. 31 da Lei 8.212/91, segundo o qual "a empresa contratante

de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime

de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da

nota fiscal ou fatura de prestação de serviços (...)"

Processo: REsp 11112646

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Recurso Especial interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça de São

Paulo que versa sobre a incidência de IPTU sobre imóvel em que há

exploração de atividade agrícola, à luz do Decreto-Lei 57/1966 (fl. 170).

Processo: REsp 11112743

Recurso Especial interposto contra acórdão do TRF da 1ª Região, assim

ementado: Processual Civil. Embargos à execução. Correção do saldo de

conta vinculada ao FGTS. Impossibilidade jurídica do pedido. Ausência de

alegado excesso na execução. Juros de mora devidos por força de lei.

Percentual. Súmula nº 46/TRF 1ª Região. Vigência do novo Código civil.

Aplicação do art. 406. Condenação em honorários advocatícios. Descabimento.

Existência ou não de violação à coisa julgada e à norma do art. 406 do novo

Código Civil, quando o título judicial exequendo, exarado em momento anterior

ao CC/2002, fixa os juros de mora em 0,5% ao mês e, na execução do julgado,

determina-se a incidência de juros pela lei nova (CC de 2002).

Processo: REsp 11112746

Recurso Especial interposto contra acórdão do TRF da 1ª Região, assim

ementado: Processual Civil. FGTS. Expurgos inflacionários. Recomposição.

Conta vinculada. Juros de mora. Existência ou não de violação à coisa julgada

e à norma do art. 406 do novo Código Civil, quando o título judicial exequendo,

exarado em momento anterior ao CC/2002, fixa os juros de mora em 0,5% ao

mês e, na execução do julgado, determina-se a incidência de juros de 1% ao

mês a partir da lei nova. Possibilidade ou não de ser aplicado índice diverso.

2° Seção

Processo: REsp 1033241

Contratos de Participação Financeira. Definição do valor patrimonial das ações

da Brasil Telecom S/A e prescrição.

Processo: REsp 1061134

Indenização por Danos Morais decorrente de inscrição do nome do devedor

nos cadastros de restrição ao crédito com ausência de comunicação prévia, em

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especial nos casos onde o devedor já possua outras inscrições nos cadastros

de devedores.

Processo: REsp 1061530

Ações que digam respeito a contratos bancários, sobre as seguintes matérias:

juros remuneratórios, capitalização de juros, mora, comissão de permanência,

inscrição do nome do devedor em cadastros de proteção ao crédito,

disposições de ofício no âmbito do julgamento da apelação acerca de questões

não devolvidas no Tribunal

Processo: REsp 1062336

Indenização por Danos Morais decorrente de inscrição do nome do devedor

nos cadastros de restrição ao crédito com ausência de comunicação prévia, em

especial nos casos onde o devedor já possua outras inscrições nos cadastros

de devedores

Processo: REsp 1070297

Contrato celebrado no âmbito do sistema Financeiro de Habitação, quanto às

seguintes questões de direito: a) possibilidade de incidência do Coeficiente de

Equiparação Salarial - CES- em contratos anteriores à edição da Lei n.º

8.692/93; b) legalidade do Sistema Francês de Amortização, também

conhecido como Tabela Price; c) aplicação do Código de Defesa do

Consumidor a contratos anteriores à sua vigência; d) limitação dos juros

remuneratórios ao percentual de 10% ao ano, com base no artigo 6º, "e", da

Lei nº 4.380/64.

Processo: REsp 1094846

Aplicação do Artigo 359 do Código de Processo Civil nas ações cautelares de

exibição de documentos.

3° Seção

Processo: REsp 990284

Servidor Público. Reajuste de 28.86%. Leis nº 8.622/93 e 8.627/93. Concessão

aos militares federais. Prescrição. Base de Cálculo. Termo inicial da correção

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monetária. Limitação temporal. Medida Provisória nº 2.131/2000.

Compensação com a complementação do salário mínimo. Aplicação do artigo

73 da Lei nº 8.237/91.

Processo: REsp 1073976

Militares inativos da Polícia Militar do Rio Grande do Sul. Benefícios

concedidos pela Lei Complementar Estadual nº 10.990/97. Prescrição.

Processo: REsp 1086944

Juros moratórios. Percentual. Medida Provisória 2.180/2001. Condenações

impostas à Fazenda Pública. Pagamento. Verbas remuneratórias. Servidores

Públicos.

Processo: REsp 1096244

Recurso Especial Repetitivo. Previdenciário. Auxílo-acidente. Majoração do

percentual. Lei n.9.032/95. Possibilidade de incidência imediata.

Processo: REsp 1101726

Servidor Público Municipal. Conversão de vencimentos/proventos, recebidos

em reais, para o equivalente em URV. Aplicabilidade da Lei Federal nº

8.880/94.

Processo: REsp 1102484

Previdenciário. Critério de correção monetária incidente entre a data da

elaboração dos cálculos e a inscrição do precatório. Apontada violação ao Art.

18 da lei 8.870/94 (Correção pela UFIR/IPCA-E). Acórdão que determina a

utilização de índices previdenciários (IGP-DI).

Processo: REsp 1110565

Recurso Especial Repetitivo. Representativo de Controvérsia. Previdenciário.

Pensão por morte. Condição de Segurado do de cujus. Discussão:

(im)prescindibilidade desse requisito para a concessão do benefício.

Processo: REsp 1112574

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Recurso Especial Repetitivo Representativo de controvérsia. Previdenciário.

Aposentadora. Teto.Discussão: Restrição do valor do benefício previdenciário

de prestação continuada ao limite máximo do salário de benefício na data de

início do benefício.

CORTE ESPECIAL

Processo: REsp 990284

Servidor Público. Reajuste de 28.86%. Leis nº 8.622/93 e 8.627/93. Concessão

aos militares federais. Prescrição. Base de Cálculo. Termo inicial da correção

monetária. Limitação temporal. Medida Provisória nº 2.131/2000.

Compensação com a complementação do salário mínimo. Aplicação do artigo

73 da Lei nº 8.237/91.

Processo: REsp 1073976

Militares inativos da Polícia Militar do Rio Grande do Sul. Benefícios

concedidos pela Lei Complementar Estadual nº 10.990/97. Prescrição.

Processo: REsp 1086944

Juros moratórios. Percentual. Medida Provisória 2.180/2001. Condenações

impostas à Fazenda Pública. Pagamento. Verbas remuneratórias. Servidores

Públicos.

Processo: REsp 1096244

Recurso Especial Repetitivo. Previdenciário. Auxílo-acidente. Majoração do

percentual. Lei n.9.032/95. Possibilidade de incidência imediata.

Processo: REsp 1101726

Servidor Público Municipal. Conversão de vencimentos/proventos, recebidos

em reais, para o equivalente em URV. Aplicabilidade da Lei Federal nº

8.880/94.

Processo: REsp 1102484

Previdenciário. Critério de correção monetária incidente entre a data da

elaboração dos cálculos e a inscrição do precatório. Apontada violação ao Art.

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18 da lei 8.870/94 (Correção pela UFIR/IPCA-E). Acórdão que determina a

utilização de índices previdenciários (IGP-DI).

Processo: REsp 1110565

Recurso Especial Repetitivo. Representativo de Controvérsia. Previdenciário.

Pensão por morte. Condição de Segurado do de cujus. Discussão:

(im)prescindibilidade desse requisito para a concessão do benefício.

Processo: REsp 1112574

Recurso Especial Repetitivo Representativo de controvérsia. Previdenciário.

Aposentadora. Teto.Discussão: Restrição do valor do benefício previdenciário

de prestação continuada ao limite máximo do salário de benefício na data de

início do benefício.

LISTA DE ABREVIAÇÕES

Art. – Artigo

STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça

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CRFB - Constituição da República Federativa do Brasil

CPC – Código de Processo Civil

MS - Mandado de Segurança

MI – Mandado de Injunção

AgRg – Agravo Regimental

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