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 Conclusões sobre a Expomusic e o mercado de áudio Autor: Fernando A. B. Pinheiro Depois de visitar a Expomusic e as lojas da Rua Santa Ifigênia, em São Paulo, acredito que seja interessante fazer um "resumo geral" do que vimos e de como podemos perceber o mercado de equipamentos de som no Brasil. Assim, postaremos nossas conclusões sobre diversas tecnologias e tipos de produtos. Não encare o que vamos falar como uma regra absoluta, analise as informações e tire suas próprias conclusões. Algumas dessas conclusões são até antigas, só faltava uma ocasião apropriada para escrever. MICROFONES SEM FIO Esqueça a compra de microfones sem fio com transmissão VHF! Nenhum fabricante sério está investindo um dólar nessa tecnologia. Muitos nem fabricam mais mics VHF. Na feira e nas lojas, VHF só microfones antigos ou os mais baratos mesmo. Qualquer compra deve ser direcionada para microfones com transmissão UHF, região que ainda não está "poluída" e consegue-se uma transmissão limpa. Mas como é uma questão de tempo para a região também ficar poluída, já há uma tendência de lançamentos de microfones UHF, com vários canais selecionáveis (multicanais), que o pessoal co stuma chamar de "sem fio digital". Alguns modelos têm 5, outros têm 10, al guns modelos mais caros tem 100 ou mais canais (frequências de transmissão a e scolher). Quem pensar em comprar hoje um microfone sem fio, principalmente para sistemas que vão utilizar vários microfones sem fio ao mesmo tempo, é melhor comprar logo um desses digitais. E para quem pensa que só os grandes fabricantes tem desses sem fio digitais, marcas como Behringer, Karsect/Staner e SKP já têm modelos assim, com preços bem mais em conta. Mas o fato do microfone ser UHF e/ou ser digital não é garantia de qualidade. Conheci um tipo raro de vendedor (os honestos) na EletroSates, o Rildo, que me atendeu tão bem que merece a propaganda. Vi um microfone UHF, multicanal, com excelente acabamento e por um preço relativamente razoável (R$ 970,00). A marca é DVON, da qual nunca havia ouvido falar. Fiquei interessado, o aparelho é bem bonito, mas logo o Rildo explic ou: "não presta, o microfone não tem alcance de nem 20 metros sem começar a chiar, em qualquer das frequências. Tentamos devolver ao fornecedor mas ele não aceitou. Estamos vendendo pelo preço de custo do produto apenas".

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Conclusões sobre a Expomusic e o mercado de áudioAutor:  Fernando A. B. Pinheiro

Depois de visitar a Expomusic e as lojas da Rua Santa Ifigênia, em São Paulo, acredito que sejainteressante fazer um "resumo geral" do que vimos e de como podemos perceber o mercado deequipamentos de som no Brasil.

Assim, postaremos nossas conclusões sobre diversas tecnologias e tipos de produtos. Não encare oque vamos falar como uma regra absoluta, analise as informações e tire suas próprias conclusões.

Algumas dessas conclusões são até antigas, só faltava uma ocasião apropriada para escrever.

MICROFONES SEM FIO 

Esqueça a compra de microfones sem fio com transmissão VHF! Nenhum fabricante sério está investindoum dólar nessa tecnologia. Muitos nem fabricam mais mics VHF. Na feira e nas lojas, VHF só microfonesantigos ou os mais baratos mesmo. Qualquer compra deve ser direcionada para microfones comtransmissão UHF, região que ainda não está "poluída" e consegue-se uma transmissão limpa.

Mas como é uma questão de tempo para a região também ficar poluída, já há uma tendência delançamentos de microfones UHF, com vários canais selecionáveis (multicanais), que o pessoal costumachamar de "sem fio digital". Alguns modelos têm 5, outros têm 10, alguns modelos mais caros tem 100 oumais canais (frequências de transmissão a escolher). Quem pensar em comprar hoje um microfone sem

fio, principalmente para sistemas que vão utilizar vários microfones sem fio ao mesmo tempo, é melhorcomprar logo um desses digitais. E para quem pensa que só os grandes fabricantes tem desses sem fiodigitais, marcas como Behringer, Karsect/Staner e SKP já têm modelos assim, com preços bem mais emconta.

Mas o fato do microfone ser UHF e/ou ser digital não é garantia de qualidade. Conheci um tipo raro devendedor (os honestos) na EletroSates, o Rildo, que me atendeu tão bem que merece a propaganda. Vium microfone UHF, multicanal, com excelente acabamento e por um preço relativamente razoável (R$970,00). A marca é DVON, da qual nunca havia ouvido falar. Fiquei interessado, o aparelho é bem bonito,mas logo o Rildo explicou: "não presta, o microfone não tem alcance de nem 20 metros sem começar achiar, em qualquer das frequências. Tentamos devolver ao fornecedor mas ele não aceitou. Estamosvendendo pelo preço de custo do produto apenas".

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Além dos mics sem fios tradicionais, pessoalmente sempre tive curiosidade em um tipo "raro" demicrofone sem fio. Na verdade, não é um microfone propriamente dito, mas sim uma base transmissora,que poderia ser encaixada em qualquer microfone, transformando assim qualquer modelo de microfone

de mão "com fio" em um "sem fio". Já vi isso em televisão, principalmente em repórteres de rua, mas só.Mas que decepção: só vi dois sistemas assim, um da Samson e outro da Sennheiser, e amboscaríssimos. A curiosidade passou rapidinho...

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MICROFONES COM FIO 

Já havia ouvido falar bem dos JTS, inclusive de gente importante do IATEC (tanto o Fred Júnior quanto opróprio Pedruzzi). Mas foi na feira que tive a oportunidade de vê-los e testá-los pela primeira vez. Comofoi no próprio estande da empresa, sem poder comparar com nenhuma outra marca, o teste não foi dosmais empolgantes. Mas na loja... continua adiante.

Também já havia ouvido falar bem da marca Superlux, em fóruns diversos pela internet. Mas lá eu tive achance de ver e testar, e inclusive descobrir que a Superlux deve fornecer seus microfones para aSamson em regime de OEM (coloca o nome da outra empresa).

Descobri o PRA-D (e o irmão gêmeo PRA-C, com chave On/Off). exatamente o mesmo microfone que oSamson Q7 (mesma cápsula, mesmo formato, praticamente as mesmas especificações*, mesmíssimasonoridade), um microfone bem conceituado, com boa sonoridade. Mas o PRA-D é vendido por um preçomuito melhor que o Q7 (R$ 80,00 contra R$ 130,00).

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* as especificações podem variar dependendo do aparelho em que foi testado e, é claro, dependendo davontade de "exagerar" do fabricante. Na dúvida, compare você mesmo:

http://www.samsontech.com/products/relatedDocs/Q7_ownman_v1s.pdf 

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http://www.superlux.com.tw/en/microphones/show_product.php?id=130 

É necessário explicar que existem o PRA-D1, PRA-D3 e PRA-D5 (o mesmo para a série PRA-C), sendo onúmero indicativo de quantos microfones vem na caixa, se 1, 3 ou uma maleta com 5. Mas é sempre omesmo microfone.

E ainda vi o Superlux SMK-H8K que é aparentemente idêntico ao Samson C02 (um ótimo microfone paraser usado em corais entre outros usos) inclusive nas especificações. Só não tive como testar paracomparar nem saber o preço, pois o vi na Expomusic mas estava em falta na Torau. Mas compare:

http://www.samsontech.com/products/relatedDocs/C02_ownman_v1s.pdf http://www.superlux.com.tw/en/microphones/show_product.php?id=50 

(neste caso, as especificações são exatamente as mesmas, mas um diz que o mic é cardióide e outro dizque o mic é supercardióide. Como o desenho do diagrama polar é o mesmo, tire suas própriasconclusões, para mim ambos são cardióides).

Vi várias lojas vendendo o kit de 5 mics PRA-D da Superlux, mas eu queria comprar um único para levarpara casa, mostrar para o pessoal em comparação com o Q7 (quem já viu ficou impressionado: idênticos,

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mas com preços bem diferentes). Indicaram então a Torau, do mesmo grupo do distribuidor da Superlux.Realmente, lá eles me venderam um único microfone (na verdade, eles compram o kit mas o vendem de1 em 1. Custou-me R$ 82,00, sendo o preço do kit com 5 peças é R$ 380,00 (sai a R$ 76,00 cadaunidade).

Estava eu na Torau testando o PRA-D5 em uma mesa Soundcraft e uma caixa da Nexo, quando olhopara o lado e vejo alguns microfones JTS. Ótima oportunidade para testar. Peguei o NX-8 (R$ 200,00)para comparar e - uau! - minha voz ficou igual a do Cid Moreira!!! Naquele sistema, o NX-8 se mostrouinfinitamente superior ao Q7/PRA-D, não só na minha voz quanto na voz de um cantor gospel que estavalá e fez o favor de cantar um pouco (comparação feita com a mesma regulagem, só mutei/desmutei ocanal na hora de trocar o microfone). O mic se mostrou tão melhor que fiz algo que não gosto: umadívida, e ainda bem que aceitaram cheques para 30/60 dias (segundo o vendedor, exceção especial paraganhar o cliente). Ganharam.E eu nem olhei as especificações do microfone (coisa que sempre faço).Gostei tanto que comprei.

Na minha igreja, com uma Behringer SL3242 e caixas da Yorkville (canadense, 1a. linha, mas a marca épraticamente desconhecida, só vendeu em MG e ES), pedi para um cantor fazer o teste e o pessoalgostou muito foi do reverb que eu coloquei na voz - mas eu não havia colocado nada, estava tudo flat. Asonoridade da voz do cantor no NX-8 realmente parecia que tinha um pouco de reverb, e bem melhor queno Superlux PRA-D, testado também.O NX-8 mostrou-se mais "encorpado", com graves melhores que oPRA-D. E nesses testes comparamos esses microfones com os da própria igreja, um LeSon SM-58 Plus.Coitado do mic da LeSon, é o que posso dizer. O responsável pelo louvor já perguntou como fazer paracomprar em São Paulo.Quero deixar aqui registrados como duas ótimas sugestões de microfones.

PROTEÇÃO ELÉTRICA DE EQUIPAMENTOS 

Se aqui na minha cidade é difícil ver sistemas de proteção de energia para áudio, do tipo Furman ou

Zerotron, lá em São Paulo é extremamente comum. Tanto na feira quanto nas lojas, quem tinhaperiféricos ligados na energia também tinha um "protetor" junto. Havia protetores "de grife" eoutros genéricos, mas sempre era fácil encontrá-los. Ou a energia de São Paulo é muito pior do que aquina minha cidade ou lá eles sabem trabalhar direito, e aqui não.

Vou voltar a escrever o que eu já falei antes (http://www.somaovivo.mus.br/testes.php?id=19):protejam sua aparelhagem com pelo menos um estabilizador desses de computador. São baratos eprotegem realmente mesas e periféricos (não servem para amplificadores). Em caso de pique de energia,

é muito melhor queimar um estabilizador de R$ 30,00 que um periférico de R$ 300,00, não acham?

ALTO-FALANTES, CAIXAS ACÚSTICAS e LINE ARRAYS 

Guardem o nome deste material: ímã de neodímio (Nd). Ainda está caro, mas daqui a alguns anos vamos

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ver falantes pequenos e leves mas com altíssimas potências. Isso vai nos levar a um próximo patamarnas caixas acústicas. Caixas pequenas e potentes, ou caixas grandes e leves. Chegamos a ver umacaixa passiva com driver titânio e woofer de 15", com 400W RMS e apenas 15kg de peso!

Aliás, falantes de ímã de neodímio já são comuns em caixas do tipo line-array (que em geral sãocaríssimas), permitindo assim a fabricação de caixas pequenas (algo em torno de 60cm x 20cm x 30cm)mas com altíssima potência, acima de 1.000 Watts. Imagine ter nas suas mãos algo pequeno e tãopotente.

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E falando dos Line-Arrays, eles estão compactos, leves, potentes, caríssimos e... sem projeto e cálculos,não são nada. Estava eu dentro da Torau quando alguns artistas (falaram lá na hora os nomes, eu disseque não conhecia e ficaram me olhando, com aquela cara de quem pensa de que planeta eu deveria ser,mas realmente não os conheço) pararam para elogiar o sistema da Nexo, utilizado em um show naParaíba. Mas comentaram o seguinte "mas parece que ele tem pouco alcance. Até a uns 20 metros dopalco estava ótimo, mas depois o pessoal falou que ficou tudo embolado". Típico erro causado por quemquer economizar, não entendendo o princípio de funcionamento dessas caixas. Quer descobrir onde foi oerro? Consultehttp://www.musitec.com.br/revista_artigo.asp?revistaID=1&edicaoID=114&navID=1218 

Acredito que os line-arrays ainda vão demorar a se tornar populares em instalações em igrejas,principalmente pelo preço. Mas para shows, acho que não tem nada melhor. Prova disso é a enormequantidade de marcas/modelos existentes no mercado. Fabricante que ainda não tem, já está correndopara montar o seu.

Saindo um pouco dos Lines-arrays e voltando para as caixas de P.A. dessas que estamos acostumados,na feira só vi uma única caixa com o tradicional conjunto woofer + driver fenólico + supertweeter (3 vias),

e ainda assim só a linha mais barata de um único fabricante. Mesmo nas lojas, elas são em minoria, todomundo dá preferência para caixas com woofer + driver titânio (2 vias). A sonoridade melhor compensa emuito, e comprar hoje caixas de 3 vias é algo a ser evitado.

Interessante como muitas lojas vendem caixas de fabricação própria. A maioria com falantes Oversound,

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cuja fábrica fica nas redondezas e isso diminui custos. Mas as caixas também têm drivers titânio edivisores de frequência (a maioria da Nenis). Muitas caixas eram cópias de projetos de outros fabricantes.

AMPLIFICADORES 

A StudioR já havia lançado uma linha de amplificadores com sistema completo de proteções e preçoacessível (a série Z500, Z700 e Z900), e agora é a vez da HotSound fazer o mesmo, com amplificadoresde 300W a 1200W. Se os outros fabricantes não abrirem o olho para a importância de proteções paraamplificadores, daqui a algum tempo só teremos estas marcas no mercado.

Acredito que só por total desconhecimento que alguém ainda compra um amplificador cujas proteçõessão mínimas, sendo que na mesma faixa de preços há modelos que têm proteções completas (DC, Temp,AutoRamp, Limitadores, etc).

MESAS DE SOM 

Primeira constatação: mesa de som nova tem que ter efeito interno. Não precisa ser grandes coisas, mastem que ter. Behringer, Phonic, Alto, Roxy, Mackie, Yamaha, Peavey, SKP, todas as importadas temmesas assim. Nacionais? Só o modelo Wing da Staner. A pergunta mais ouvida sobre a nova linha IMIXda Staner era: "cadê o efeito"?

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Segunda constatação: até 32 canais, a oferta de analógicas supera em muito as digitais. Praticamentetodos os fabricantes estrangeiros (e o nacionais, claro) têm mesas até 32 canais. Isso porque até essafaixa, as analógicas tem melhor custo/benefício que as digitais. Acima disso, a coisa muda de figura.

O que acontece acima dos 32 canais? Acontece uma mudança de paradigma: mesas digitais acabamtendo melhor custo/benefício que as analógicas. Na verdade, quanto menos canais tivermos, a balançapenderá para as analógicas. Quanto mais canais tivermos, a balança penderá para as digitais.

Vejam só: a analógica de 32 canais mais cara (Peavey, R$ 5.500,00) custa mais barato que a 01V96V2,de apenas 16 canais originais (expansíveis a 32), com custo de R$ 8.000,00, R$ 10.000,00 com asexpansões. Mas para quem precisa de 40 ou 48 canais, por exemplo, só vai encontrar Vega da Ciclotron,Pallas da Staner ou as Cyclone da Alto, todas por preços acima de R$ 15.000,00, isso falando das maisbaratas (há Soundcraft e Midas, mas os preços...). Nessa faixa de preço, uma Yamaha digital DM1000custando R$ 18.000,00 já começa a ser interessante (uma DM1000 completa com 48 canais sai por R$22.000,00).

Estive conversando com um peazeiro de uma empresa de locação daqui da minha cidade. Ele só falou oseguinte sobre digitais: "hoje, os input list dos artistas tem muitos periféricos, compressores,equalizadores. Se você não tiver digital, que tem isso tudo na própria mesa, vai ter que comprar ummonte de periférico, e isso vai acabar saindo mais caro". E olha que ele está saindo de uma M7CL de 48canais (expansível a 96) para uma PM5D com até 144 canais e uma quantidade maior ainda deperiféricos inclusos na própria mesa, exatamente para atender a esse tipo de situação.

Resultado disso: muitas analógicas usadas para vender e outras "encalhadas" nas lojas. Tanto na Torauquanto na Playtech, o cenário é: as digitais em destaque e as analógicas "abertas à negociação"

(eufemismo para dizer: se você comprar uma analógica, estará fazendo um favor para o lojista). NaTorau, vi mesas analógicas Soundcraft literalmente jogadas em um canto, com mais de dedo de poeiraem cima. E isso em se tratando de Soundcraft!

E tanto o gerente da Torau quanto o da Playtech foram enfáticos nesta afirmação: qualquer peazeiro que

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trabalha com artistas (shows) só trabalha com digitais. Quem tem analógica está vendendo. Analógica sóquem compra são as igrejas!!

Igrejas? Segundo eles, as analógicas (mesmo as grandes) são as preferidas das igrejas. Mesmo com asdigitais tendo melhor relação custo/benéfico, ainda são mais caras que as analógicas (pouco mais caras,mas os benefícios são muito superiores, compensando), o pessoal de igrejas quer sempre gastar omínimo possível. Daí, comprar uma Pallas ou uma Vega acaba saindo mais vantajoso financeiramente.

E finalmente eles acrescentaram: "sem contar que "qualquer um" mexe em analógica, na digital não. Nãoprecisa pagar treinamento para ninguém". Dois gerentes, das duas das maiores lojas da Rua SantaIfigênia, duas ocasiões distintas (dois dias diferentes), e a mesma opinião!

DIGITAL SNAKE 

Mais um bom motivo para investir em digitais: não precisamos mais de multicabos e medusas. Alguémteve a maravilhosa idéia de "mover" os conectores das entradas das mesas de som (e os seus prés econversores A/D - de analógico para digital) para uma caixa fora da mesa de som, interligando a caixa àmesa via um cabo de rede de computador - CAT 5, encontrado facilmente em qualquer loja, e com custode R$ 1,00/metro.

Idéia maravilhosa. Simplesmente aposentaram o multicabo! A Roland tem (o nome Digital Snake é

propriedade da Roland, mas é o melhor nome possível para a tecnologia), Allen & Heath, Soundcraft,Mackie vai ter (em Janeiro/2008) e Yamaha tem por padrão na PM5D e opcional nas outras. O DigitalSnake proporciona agilidade, permite colocar a mesa de som a até 100m de distância e é muito mais levecarregar que um pesado multicabo. Maravilha!

CHINESES 

Não encontrei produtos chineses de marcas desconheciada em apenas dois segmentos: amplificadores efalantes. Na feira até que havia alguns poucos exemplos de produtos chineses nesses segmentos, masnas lojas nada, absolutamente nada.

No meu entender, há dois motivos para isso. O primeiro é o peso, que encarece o frete (sempre calculadopor peso) e tira a vantagem econômica da mão de obra barata chinesa. O segundo é a qualidade doproduto nacional, que é boa. Temos exportado Snake, Selenium, Eros (falantes), Staner (falantes e

amplificadores) e StudioR e Hotsound (amplificadores), isso entre as empresas que sei que estãoexportando. Tais produtos tem tido boa aceitação em mercados como EUA e Europa, onde aconcorrência é muito maior, ou seja, é uma prova do que o produto Made in Brazil já atingiu um bom nívelde qualidade e maturidade!

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D LAR BAIXO X ESTOQUE VELHO 

Pesquise os preços antes de comprar, as diferenças estão grandes, às vezes é até possível levarmodelos mais novos por preços melhores que os dos modelos velhos. Tudo isso tem razão no dólar. Porque? Porque comerciante não quer levar prejuízo, nunca.

A idéia é simples: se o lojista comprou o equipamento na época do dólar alto (alto custo de aquisição), vaiquerer vender por um preço também alto. Mas com o dólar caindo cada vez mais e mais, a tendência éque, à medida que os estoques forem sendo renovados, os preços também caiam.

Enquanto o lojista tiver produtos comprados na época do dólar alto, mesmo que a reposição seja feita emdólar mais baixo, ele não vai abaixar o preço! Em geral, as margens de lucro representam umaporcentagem fixa em cima do preço de custo. 30%, por exemplo. Se um lojista comprou 10

equipamentos de US$ 100,00 com o dólar a R$ 2,00, vai vender por R$ 200,00 (custo) + 30% (lucro) = R$260,00. Se o lojista for repor o estoque quando ainda tiver 3 produtos, mesmo que o dólar tenha caídopara R$ 1,80, ele não vai repassar o desconto para o consumidor, pois não vai ficar com o mesmoproduto com dois preços. E sempre prevalecerá o preço mais alto.

Vejam que coisa interessante eu encontrei. Em uma loja em SP (loja A), encontrei mesas Behringer dasérie UB (mais antiga) e da série Xenix, mais nova. As mesas são bem parecidas entre si quanto arecursos, pois a maioria das mudanças é interna. As Xenix estavam em média R$ 100,00 a R$ 150,00mais caras que as UB. Já na loja B, que também vende mesas Behringer, não havia mais nenhuma UBpara vender, e as Xenix estavam até um pouco mais baratas que as UB da loja A. Como a loja B já haviase livrado de todo o estoque velho, pôde repassar a queda do dólar para o consumidor.

Quem tem estoque mais novo vende mais barato! Mas como não dá para saber quem tem ou não

estoque novo, só pesquisando muito os preços mesmo.CLONAGEM DE EQUIPAMENTOS 

Nas aulas de ciências de 5ª série do ensino fundamental (na minha época, chamado de Ginásio), aprendia seguinte frase: "Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma", do cientista francêsLavosier. Com o advento da Internet, a expressão do cientista logo virou piadinha para trabalhosescolares: "Na Internet, nada se perde, nada se cria, tudo se copia".

Pois eu descobri que no áudio se usa essa máxima também, em menor ou maior grau. A Behringerparece fazer isso, copiando bons projetos de outras empresas*, mas pelo menos a "cara" do produto édiferente.

*A Behringer parece copiar mesas de som da americana Mackie. As mesas Eurodesk SL são baseadasna Mackie CFX e a série Xenix usam cópias dos prés XDR da empresa. Dizem que isso começou apósterem "roubado" um dos engenheiros da Mackie em 2003. E copia amplificadores da também americanaQSC.

Mas a questão ficou absurda no caso da novata Roxy ("filhote" da Phonic): os equipamentossão completamente idênticos em aparência aos Behringer equivalentes, parecem que saíram da mesmafábrica. Até os nomes foram copiados (Behringer Xenix, Roxy Renix). No mínimo, tal atitude foi "feia" porparte da Phonic: em vez de melhorarem seus próprios produtos para competir com a Behringer, criaramuma outra marca para fazer isso.

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Mas resta saber se a cópia foi feita apenas externamente ou internamente também. Será que usaram osmesmos componentes que a Behringer? Não que a Behringer seja um produto de primeira linha (aindaestão longe), mas os anos de mercado contam, e muito, já que isso traz experiência dos problemas queacontecem (exemplo prático: as primeiras mesas Behringer tinham muito problema de fonte insuficiente.Hoje melhorou. Os amplificadores não traziam a especificação de norma de medição de potência até2005, hoje já trazem).

E a Roxy? Será que copiou o projeto novo ou o antigo da Behringer? Mesmo custando até 10% maisbarato, eu acho que não pago para ver...

E o caso da Samson/Superlux, citado acima, é a mesma coisa? Acredito que não. Aí é caso de produtoOEM. A Samson vai até a Superlux e encomenda 10.000 produtos, mas pede para colocar a sua marca.É muito comum em caso de fabricantes que desejam ter uma certa linha de produtos, mas em vez degastar com projeto e engenharia, simplesmente compra de outro e os vende com sua marca.

CLONAGEM DE CÁPSULAS DE MICROFONES 

Há um tempo atrás, coloquei no SomAoVivo que o Shure SM-58, o TSI TA-58 e o CSR-48/CSR-58 (48com chave On/Off, 58 sem chave) utilizam aparentemente a mesma cápsula(http://www.somaovivo.mus.br/testes.php?id=26).

Tive o cuidado de colocar o "aparentemente" porque as semelhanças são externas, não tenho comoverificar as semelhanças internas. Mas os preços não tem nada de semelhantes: R$ 250,00 o kit com 5CSR, R% 260,00 por um único TSI e R$ 350,00 por um único SM-58 Shure.

Fui para a feira e descobri então que vários fabricantes têm um microfone com cápsula semelhante aoShure SM-58, a saber:

- TSI TA-58- CSR 48 e CSR-58 (vendidos em conjuntos de 5, ou as variações HT-48 e HT58 (vendidosunitariamente)- JTS PDSM-3- Staner ST-78- Santo Angelo SAS-58- Multivoice K-58

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Descobri que existem cópias cujo preço variam de R$ 50,00 a até R$ 260,00, do mesmo microfone (que,na versão "original", custa R$ 350,00).

Acredito que essas "clonagens" sejam feitas por engenharia reversa. A idéia é simples: o fabricantecompra alguns modelos do original, desmonta completamente e começa a fazer cópias do produto.Externamente os produtos serão idênticos, mas internamente... podem variar muito.

Veja o caso do Shure SM-58. Não sei ao certo, mas acredito que sua cápsula use ímã de neodímio* e abobina use fio de seção retangular. Só que ambas as tecnologias são caras, e isso se reflete no custo domicrofone.

* nenhuma informação sobre material da cápsula consta nas informações sobre o Shure SM-58 no site dofabricante, mas sobre o Beta-58 eles falam que é mesmo de neodímio.

Pergunto então: qual desses microfones "clonados" será a melhor cópia da cápsula do SM-58? Será queo TSI TA-58, por ter preço próximo ao da Shure, será praticamente o mesmo microfone? Ou o JTS, que jáfoi elogiado até pelo Pedruzzi, mas que custa metade do preço do original? Vou além nas minhasperguntas: quem me garante que o Staner ST-78, de R$ 100,00, não use a mesmíssima cápsula do CSRde R$ 50,00? Será que estão cobrando "marca"?

São perguntas difíceis de serem respondidas. Só com muito, muito teste para responder. E na dúvida,fique com o original.