O Ódio Narcisista

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O dio Narcisista

Duas pessoas se encontram e o interesse despertado e comea a aproximao. Como todo o incio de relacionamento, existe um pouco de reserva misturado a timidez. Aos poucos o nvel de intimidade vai crescendo, j conversam descontrados e no olhar j se nota o envolvimento entre eles. Contudo o tempo passa e apesar da evoluo e vivncia, nada do que se esperava daquele relacionamento acontece, nada falado as claras, at a comunicao mais profunda que poderia ter sido iniciada num simples beijo se torna subjetiva. As formas de comunicao so feitas nas entrelinhas, apenas murmuradas entre um ou outro abrao at o dia em que ele esboa uma tentativa de consumar esta relao, contudo a parceira no consegue se liberar para o que mais ansiava e ressentido, ele comea a se afastar. Ela passando por cima de todas as barreiras morais que lhe foram impostas desde a infncia, consegue reunir coragem suficiente para contar que o queria muito, que desejava consumar a relao, foi um esforo onde passou por cima dos conceitos enraizados. O que houve? Ele a rejeitou, com uma desculpa qualquer. Mantm apenas alguns contatos telefnicos com inmeras justificativas onde continua tudo nas entrelinhas. A situao no s constrangedora como tambm enlouquecedora. Ela no entendia se de fato ele sentira amor por ela, mas, antes disso, estava vingana por uma rejeio que nunca foi real. No foi quando, como e onde ele queria. Qual a forma que ele encontrou de destru-la? Tirou dela o que ela mais gostava: ele. Torturou-a durante meses com telefonemas, desculpas, promessas e ausncias. Quando ela comeou a perder a pacincia e tornar-se agressiva e tentava dar o assunto por encerrado, ele fazia questo de traze para -la perto com os mais variados pretextos. De forma geral, tudo o que acontece com um casal, o resultado de um processo do prprio casal. Mas temos que abrir uma exceo para aquela situao em que o parceiro um narcisista que faz com que seu parceiro fique confuso porque ele parece convencido de que no tem nenhuma responsabilidade sobre nada. Nas fases iniciais de conhecimento, namoro e paixo, tudo muito comum. As mudanas vo ocorrer algum tempo depois de iniciado o relacionamento, talvez um ano ou mais. Na medida em que o relacionamento se desenvolve. O narcisista, no sofre sozinho, faz sofrer tambm aquele que tentou lhe proporcionar a alegria ou causou decepo, tornando-o impotente na medida em que inutiliza seus esforos.O dio do narcisista to grande que ele nunca mais vai esquecer. Assim, ele vai aproveitar a primeira oportunidade para revidar. Sua lei a do olho por olho e dente por dente e, disso, no h escapatria. O revide, o desejo de devolver a ofensa, a necessidade de aplicar ao outro a mesma dor que imaginou receber. A mentira, o exibicionismo e a manipulao so formas que o narcisista utiliza para no

incorrer na entrega plena. Com esses mecanismos, ele mantm o objeto a uma distncia segura. A raiva narcsea transforma o relacionamento em contato destrutivo, que visa magoar o outro por causa da decepo infringida. O fracasso dos relacionamentos inevitvel ento escolhem o no envolvimento emocional, comum neles: primeiro arrumam algum para se relacionar, logo, como no conseguem ver o outro e sim seus dramas pessoais no outro, a relao no d certa. O narcisista protege-se pela recusa porque admitir o que se sente implica no contato com o lado psictico, o lado dele que deseja perder-se no outro, de buscar-se no outro e assim, amar o outro. Era o desejo que ele tinha quando foi ferido e ser rejeitado outra vez reabrindo as feridas. Isso causa horror. Ser vitimado por um narcisista uma condio terrvel. Separar-se fisicamente de um narcisista exige muitos esforos. A separao fsica, entretanto, s o primeiro passo. A pessoa pode abandonar o narcisista, mas o narcisista lento para abandonar suas vtimas. Isso, se conseguir abandon-las. Mesmo afastado, ele estar l, espreitando, montando comportamentos que deixam o outro em estado de tenso. Ele torna a existncia do outro uma coisa surreal O real perigo que as vtimas dos narcisistas acabam por adquirir que, elas se tornaro como ele, amargas, egocntricas e com total ausncia de empatia. A convivncia com um narcisista um dos piores acidentes que pode acontecer a algum, voc d amor de forma irrestrita, mas ele nunca se sacia e acaba sempre por lhe dar a impresso de que voc no tem amor para dar ou no sabe dar amor. (j) Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx O Transtorno do Pnico habitualmente se inicia depois dos 20 anos, igualmente prevalente entre homens e mulheres, portanto, em sua maioria, as pessoas que tem Pnico so jovens ou adultos jovens, na faixa etria dos 20 aos 40 anos, e se encontram na plenitude da vida profissional. Normalmente so pessoas extremamente produtivas, costumam assumir grandes responsabilidades e afazeres, so perfeccionistas, muito exigentes consigo mesmas e no costumam aceitar bem os erros ou imprevistos. Os portadores de Pnico costumam ter tendncia a preocupao excessiva com problemas do cotidianos, tm um bom nvel de criatividade, excessiva necessidade de estar no controle da situao, tm expectativas altas, pensamento rgido, so competentes e confiveis. Freqentemente tm tendncia a subestimar suas necessidades fsicas. Psicologicamente eles costumam reprimir alguns ou todos sentimentos negativos, sendo os mais comuns o orgulho, a irritao e, principalmente, os conflitos ntimos.

Essa maneira da pessoa ser acaba por predispor a situaes de estresse acentuado e isso pode levar ao aumento intenso da atividade de determinadas regies do crebro, desencadeando assim um desequilbrio bioqumico e conseqentemente o aparecimento do Pnico. Depois das primeiras crises de Pnico, durante muito tempo os pacientes se recusam aceitar tratar-se de um transtorno psicoemocional. Normalmente costumam ser pessoas que no se vem sensveis aos problemas da emoo, julgam-se perfeitamente controladas, dizem que j passaram por momentos de vida mais difceis sem que nada lhes acontecesse, enfim, so pessoas que at ento subestimavam aqueles que sofriam problemas psquicos. Alguns traos de personalidade de pessoas propensas Sndrome do Pnico 1. - Tendncia a preocupao excessiva 2. - Necessidade de estar no controle da situao 3. - Expectativas altas 4. - Pensamento relativamente rgido (dificuldade em aceitar mudanas de opinio) 5. - Reprimem sentimentos pessoais negativos (no sabemos o que esto sentindo) 6. - Julgam-se perfeitamente controladas (duvidam tenham problemas emocionais) 7. - So extremamente produtivas (no relaxam, sempre esto fazendo algo) 8. - Assumem grandes responsabilidades (ocupacionais e familiares) 9. - Perfeccionistas 10.- Exigentes consigo mesmas (conseqentemente, com os outros tambm) 11.- No aceitam bem os erros ou imprevistos.

Psicologicamente constata-se, na expressiva maioria dos portadores de Pnico, a existncia de conflitos intra-psquicos. Algumas vezes nem mesmo a pessoa tm a ntida noo de estarem vivenciando tais conflitos, os quais atuam, nestes casos, mais nvel inconsciente. Se a Sndrome do Pnico uma espcie de reao emocional (ansiosa) determinados conflitos, vivncias e/ou circunstncias da vida, porque a pessoa reage apresentando esse Pnico e no, por exemplo, a Depresso ou a Ansiedade tpica? Acontece com as emoes o mesmo que ocorre com a alergia, fazendo uma analogia didtica. Imagine 20 pessoas numa sala impregnada de fungos, mofo ou bolor. Destas 20 pessoas, pode ser que apenas 6 delas tenham alergia como reao aos fungos. Dessas 6 pessoas, pode ser que 2 delas reajam com rinite alrgica e espirros, outras 2 com urticria e eczemas e as 2 restantes com asma brnquica. Como vimos, diante de um mesmo agente agressor, nem todos foram sensibilizados e, dos que foram sensveis, tivemos trs tipos de reao diferente.

Emocionalmente algo semelhante acontece. Diante da tenso, do estresse, da angstia, dos conflitos, ou da ansiedade exagerada as pessoas podem reagir diferentemente; algumas necessitam de muito mais estmulos para reagirem, e das que reagem cada qual reagir sua maneira. Algumas pessoas reagiro com Depresso Tpica, outras com Fobias, outras ainda com Pnico, Obsesso-Compulso, Ansiedade Generalizada, etc. A emoo, como o lcool, embriaga em graus variveis e, como na embriaguez verdadeira, cada um de ns reagir este estado de acordo com sua personalidade. Hipoteticamente, sendo impossvel ao ser humano viver sem emoes, vamos imaginar que vivemos embriagados em graus variados. Assim sendo, a experincia clnica tem nos mostrado que sofrer de Pnico, como uma forma de Depresso Atpica, todo aquele que se esfora para disfarar sua "embriaguez" com todas suas foras. como se o custo por dissimular os conflitos e as emoes fosse muito alto. por isso que, inicialmente, nenhuma pessoa com Pnico se diz emotivo, deprimido ou mesmo vivendo algum conflito. Como dissemos, na maioria das vezes os portadores de Pnico so pessoas extrovertidas, determinadas, decididas, capazes de enfrentar situaes muito adversas, corajosas e sem antecedentes de transtornos emocionais. Apesar dessas caractersticas, depois do primeiro episdio de Pnico, normalmente de gravidade suficiente para atendimento em Pronto-Socorro, essas pessoas tornam-se mais amedrontadas, tensas e inseguras. Considerar que o extremo mal estar pelo qual passaram tenha tido origem puramente emocional a ltima coisa que acreditam. (j) Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Onde faltam a Conscincia e a Faculdade Moral? No psicopata

Psicologicamente, observamos em numerosas ocasies que a imaginao se v alterada por exacerbao de certos medos. De igual maneira, se observa que a falta de Faculdade Moral faz com que a pessoa tenha uma especial sensibilidade pelo vcio, independente de seu grau de depravao. Veja o caso da mitomania, por exemplo, a compulso para a mentira. So pessoas afetas por uma sensibilidade mrbida a ponto de no conseguirem dar uma resposta direta a uma simples pergunta relacionada, qui com o tempo, ou a hora do dia, sem que perturbem a paz de suas mentes dizendo uma falsidade. H ocasies em que se produzem mudanas na Faculdade Moral pelos sonhos. s vezes, sonhamos fazer e dizer coisas que no nos permitiramos quanto despertos.

Existem pessoas que se conduzem pela vida na mais completa falta das Faculdades Morais, mas sem que isso se d num repente da vida, depois de algum estado mrbido, acompanhando algum processo de deteriorao global do psiquismo. So pessoas assim,SO assim.

Qui a essncia da depravao moral nos sociopatas e psicopatas consista numa total falta da Faculdade Moral. Nessas pessoas a vontade parece perder a capacidade de eleger entre o bem e o mal para agir, parece perder a natural inclinao de desfrutar do bem estar moral. Mesmo diante da falta total de Faculdade Moral, pode ser possvel que experimentem algum efeito da Conscincia, como uma espcie de capacidade discriminatria entre estar agindo certo ou errado. Da a constante dissimulao de seus atos. Uma analogia entre o carter inato do sentimento sublime que a Faculdade Moral, essencial ao esprito humano, tal como o apetite por certos alimentos, tambm comuns a toda a humanidade. o caso, por exemplo, do po. Esse alimento bsico e simples tem merecido o apreo de todos os povos, culturas e em todas as pocas. O fato de um(s) indivduo(s) no apreciar(em) o po no invalida, absolutamente, o gosto universal por esse alimento. Se encontrarmos indivduos com estmagos desordenados pela intemperana que rechaam este alimento to simples e saudvel, no podemos afirmar que esta seja a constituio original dos apetites de nossa espcie, mas que os princpios do gosto no existem de modo natural na mente humana. Segundo estudiosos da personalidade humana, d-se o nome de constituio psicoptica a um desequilbrio psquico degenerativo, congnito, de grau variado e que d um tom anormal personalidade. Estas constituies so formas especiais de personalidade, com predomnio de tendncias anormais por sua direo e seu grau perversidade. Atravs dessa constituio perversa, as atitudes do psicopata se conduzem quase exclusivamente pelos instintos, apesar de refinadas e talhadas ao teatro da vida em sociedade. Por isso, a despeito da mscara do indivduo socialmente adequado, esses sujeitos so amorais, insensveis, desadaptados moralmente e impulsivos. Os traos da personalidade moral do psicopata (anti-social ou socioptica) seriam: Insensibilidade. Desde menino se observa desapego aos sentimentos e um carter dissimulado, manifestando emoes convencionalmente esperadas para a situao. No manifesta inclinao apaixonada por nada e nunca padece por qualquer vnculo afetivo a algum ou alguma coisa. Amoralidade. So insensveis moralmente, faltando-lhes o juzo e o sentimento morais, bem como a mnima noo de tica. Normalmente o psicopata no compreende sentimentos como a lealdade, solidariedade, fraternidade, caridade, respeito, abnegao, tolerncia, perdo, resignao, e outros tantos que pertencem ao universo sublime da conscincia humana.

O psicopata , sobretudo, uma pessoa com averso, descaso e oposio aos valores ticos e s normas de convvio gregrio. E o que so esses valores? Os valores tm sua origem nas necessidades de convivncia social.

Os valores nascem da soma das experincias individuais e do grupo que formam padres de condutas desejveis. Uma vez constitudo, esses valores so transmitidos do entorno ao indivduo, atravs da famlia, da escola, da comunidade. Qualquer que seja o valor de uma cultura, ele teve o propsito de melhorar a sobrevivncia gregria em alguma poca do desenvolvimento da espcie. Conceitos externos ao indivduo que emanam de seu entorno social e cultural so introjetados e assimilados, e logo passam a fazer parte de si prprio, passam a converter-se em "seus valores". Esses valores sero decisivos para a adoo de modelos de conduta. Sendo, esses conceitos (parmetros) permitem que a pessoa tenha uma conduta concordante ou discordante, ajustada ou desajustada ao seu entorno. At por uma questo da lgica, havendo uma margem de ajuste desejvel aos conceitos sociais, haver tambm, e obrigatoriamente, uma margem de desajuste indesejvel socialmente. Quando essa margem de condutas desajustadas for ainda tolervel, estaremos diante daqueles pequenos desvios aos valores bsicos. Isso sugere que em toda sociedade existe a possibilidade de tolerncia a pequenos desvios das normas. O fato de pertencer a um grupo significa um sistema de segurana para o indivduo, um resguardo contra seu prximo. A pessoa inserida nesse grupo, ter um dever, uma responsabilidade e dever seguir um cdigo. Em troca, o grupo ao qual pertence o protege de circunstancias que poderiam ser perigosas. O dever , ento, a responsabilidade do indivduo para com o grupo, um elemento extrnseco pessoa, mas intrnseco comunidade. Portanto, a comunidade saber se tal pessoa vem cumprindo ou no com seu dever, se tem sido responsvel ou no. No cumprir com esses cdigos individuais, faltar com esses deveres, gera averso do sistema e, deveria gerar culpa na pessoa. A expresso da culpa sentida pela pessoa contraventora resulta, de certa forma, na anistia do sistema, pois a culpa reflete a concordncia do indivduo com os valores do sistema. O psicopata desperta sentimentos aversivos porque, entre outros motivos, falta-lhe o sentimento da culpa. Existe, por um lado, a lei e as normas e, por outro lado, as ambies do indivduo. As ambies individuais tero aval do sistema se respeitarem as regras do jogo, os cdigos da sociedade e o equilbrio adaptativo. A sociedade tem uma limitao e uma permisso que explcito e corresponde s normas, as leis. Logo h uma permisso tcita, implcita e que no est escrito, fazendo com que se tolerem alguns desvios norma. Assim sendo, podemos dizer que a sociedade tolera certos erros mas impe limites a esses erros, portanto, h limites ambio do indivduo. O que a sociedade

no admite a ostentao do erro. Reincidir, no sentir culpa e no se arrepender, significa ostentar o erro e desafiar o sistema. exatamente isso que faz o psicopata. (j) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx O Psicopata, os Valores e as Normas

O psicopata, superdimensiona suas prerrogativas, possibilidades e imunidades; "esta vez no vo me pegar", ou "desta vez no vo perceber meu plano", essas so suas crenas ostentadas. O psicopata no apenas transgride as normas mas as ignora, considera-as obstculo que devem ser superados na conquista de suas ambies. A norma no desperta no psicopata a mesma inibio que produz na maioria das pessoas. Para os contraventores no psicopatas, vale o lema "Se quer pertencer a este grupo, estas so as regras. Se cumprir as regras est dentro, se no cumprir est fora". Mas o psicopata tem a particularidade de estar dentro do grupo, apesar de romper todas as regras, normas e leis, apesar de no fazer um insight, no se dar conta, no se arrepender e no se corrigir. Sua arte est na dissimulao, embuste, teatralidade e ilusionismo. Os psicopatas parecem ser refratrios aos estmulos, tanto aos estmulos negativos, tais como castigos, penas, contra-argumentaes ao, apelo moral, etc., como tambm aos estmulos positivos, como o caso dos carinhos, recompensas, suavizao das penas, apelos afetivos. Essa ltima caracterstica pouco notada pelos autores. O psicopata no modifica sua conduta nem por estmulos, positivos, nem pelos negativos. Para o psicopata a mentira uma ferramenta de trabalho. Ele desvirtua a verdade com objetivo de conseguir algo para si, para evitar um castigo, para conseguir uma recompensa, para enganar o outro. O psicopata pode violar todo tipo de normas, mas no todas as normas. Violando simultaneamente todas as normas seria rapidamente descoberto e eliminado do grupo. A particular relao do psicopata com outros seres humanos se d sempre dentro das alteraes da tica. Para o psicopata o outro uma coisa , mais uma ferramenta de trabalho, um objeto de manipulao. Essa a coisificao do outro, atitude que permite utilizar o outro como objeto de intercmbio e utilidade. Esta coisificao explica, talvez, torturar ou matar o outro quando se trata de um delito sexual, sdico ou de simples atrocidade.

Algumas condutas psicopticas podem parecem ilgicas aos demais, mas so perfeitamente lgicas para o psicopata. Isso ocorre porque entre o psicopata e as demais pessoas existem lgicas distintas, sistemas de raciocnio distintos, cdigos distintos, valores diferentes e

necessidades diversas. Tendo em vista o fato da conduta psicoptica ser, s vezes, de muita instabilidade diante de estmulos objetivamente pequenos e, ao contrrio, podendo manifestar serenidade em situaes que desestabilizariam a maioria das pessoas, entende-se que o relacionamento sujeito-objeto no psicopata seja diferente. A personalidade psicoptica faz com que os indivduos atuem sociopaticamente para sa tisfazer suas necessidades. Para tal, eles podem se valer da extrema seduo, de especial sensibilidade para captar as necessidades e sensibilidades do outro e manipul-los como melhor aprouver, de mentiras e todo tipo de recursos independentemente do aspecto tico. A relao cognitiva psicopata-sistema social (sujeito-objeto), no que diz respeito s normas e regras, se caracteriza pela total intolerncia aos impedimentos naturais e coletivos, intolerncia s frustraes com graves reaes de descompensao diante delas, falta de arrependimento e culpa quando desrespeita as normas e regras prprias do sistema. Os momentos de crise dos psicopatas so produzidos por frustraes e fracassos e, nessas circunstncias seu comportamento totalmente imprevisvel, podendo chegar ao assassinato. Mas, para terceiros, eles colocam sempre a responsabilidade de seu fracasso no outro ou em elementos externos e alheios sua responsabilidade (defesa "aloplstica"). Por outro lado, o xito do psicopata no meio social no assegura, obrigatoriamente, que ele se estabelea. Diante de quaisquer frustraes, sensao de rejeio ou contrariedade, ou ainda, inexplicavelmente, acabam destruindo tudo o que tinham feito, muitas vezes atravs de um ato banal, impulsivo ou descontrolado. Essas atitudes de descontrole, com risco e perda da situao estabelecida, so demasiadamente desconcertantes para pessoas normais, para familiares, companheiras(os) ou conhecidos. Essas atitudes totalmente inconseqentes favorecem as inmeras rupturas conjugais que acompanham sua biografia. Na sua relao com o sistema, o psicopata pode manifestar trs tipos de condutas, as quais, como veremos, confundem mais ainda as opinies a seu respeito: Conduta normal. sua parte teatralmente adaptada ao padro de comportamento normal e desejvel. Assim agindo o sistema no o percebe e pode at atribuir-lhe adjetivos elogiosos. Como diz o ditado, o maior mrito do demnio convencer a todos que ele no existe . b) Conduta psicoptica. a inevitvel manifestao de suas condutas psicopticas, as quais, mais cedo ou mais tarde, obrigatoriamente se faro sentir. Entretanto, como o psicopata costuma ser intelectualmente privilegiado, ele no exerce sua psicopatia indistintamente com todos e todo o tempo. Ele elege sabiamente determinadas pessoas, vtimas ou circunstncias.

c) Rompante (surto) psicoptico. a conduta psicoptica desestabilizada e que foge ao controle eletivo prprio do item anterior (conduta psicoptica dirigida). Diante de grande instabilidade emocional e explosiva tenso interna, o psicopata trata de equilibrar-se atravs do rito psicoptico, grupo de condutas repetitivas, constituindo o padro psicoptico. Nessa situao surgem impulsos e automatismos que acabam resultando nos homicdios seriais ou extremamente cruis, as violaes, destruies e, algumas poucas vezes, suicdios.

Em geral o psicopata se justifica, aos outros e a si mesmo, em todas suas aes. Perguntado por que no segue as normas, a resposta , simplesmente, porque as normas no se ajustam a seus desejos, condies e circunstncias. Este tipo de personalidade tem um particular sentido da liberdade. Para o psicopata, ser livre poder fazer sem impedimentos. Poder optar sem inibies, represses e limitaes internas ou externas. Normalmente esse uso particular da liberdade que o faz tambm um sedutor e manipulador, normalmente apelando s liberdades reprimidas do outro. Normalmente ele convence seu prximo promiscuidade, uso de drogas, corrupo, cumplicidade e toda sorte de atitudes torpes que lhe interessam. Talvez o psicopata tenha poderosa intuio sobre as mscaras sociais e sobre o animal desejoso que todos carregamos dentro de ns e, valendo-se dessas franquezas, anime e convena o outro a participar do jogo ambivalente de satisfaes e angustias.(j) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

o psicopata responsvel por seus atos?

O psicopata pode ser avaliado biologicamente ou etologicamente considerando a variabilidade da espcie (humana), tendo sua conduta observada sob o ponto de vista estatstico, ou seja, se raro e incomum ou comum e freqente. Pode ser objeto de estudo do socilogo, perscrutando-se o ajuste do indivduo ao grupo, se adaptado ou desadaptado, bem como sob o ponto de vista do moral, se tem sido tico, antitico ou atico. Pode ainda ser argido pelo jurista, ao julgar suas responsabilidades, pelo psiclogo, investigando-se suas motivaes da conduta individual. E, o psicopata, pode ser raro, desadaptado, malvado, delinqente ou ter uma conduta incompreensvel, mas, sob todos os critrios da patologia mdica, no um doente. Para avaliar a responsabilidade se estabelecem trs regras criminais:

1. O psicopata no pode ser declarado insano a priori, antes de passar por um perito. A regra geral que um imputado est ciente de seus atos, at que se demonstre o contrrio. Baseando-se estritamente nos conhecimentos legais e psicopatolgicos do certo e errado, os psicopatas so responsveis e tm noo da natureza de seus atos, j que conhecem perfeitamente as normas, como todos os demais. Uma prova dessa noo o fato deles no agirem se souberem que a possibilidade de serem descobertos for maior. Em contrapartida, se nos referimos ao estritamente moral, a questo mais ambgua, porque falta ao psicopata apego emocional e sentimento de culpa, como se faltasse ao co o faro. 2. Impulso irresistvel. Esta regra afirma que o sujeito pode, apesar de conhecer a diferena entre o bem e o mal, ter um impulso irresistvel de cometer o ato. Esta opinio no compartilhada por todos, j que alguns encontram ambigidade na caracterstica irresistvel do impulso. Impulso implica espontaneidade e em alguns casos, o psicopata prepara cuidadosamente seu crime durante muito tempo antes de comet -lo. 3. A terceira regra prope que o sujeito no responsvel criminalmente se sua ao delituosa produto de sua doena ou sua tara mental. Uma pessoa no responsvel de uma conduta criminosa, se no momento de tal conduta tm diminuda suas capacidades fundamentais para comportar-se de conformidade sua conduta com a lei. Resumindo, existem trs possibilidades, em tese, que a lei oferece aos tribunais mundiais e so as seguintes: a) Responsabilidade Total: castiga a um indivduo anormal do mesmo modo que ao normal; b) Responsabilidade Atenuada: no h soluo plausvel, j que depois de uma curta estadia na priso encontram melhores condies para voltar a delinqir. c) Iseno de Responsabilidade: considera o psicopata um doente mental, devendo ser encaminhado a um hospital psiquitrico. Ao invs de se considerar a psicopatia como um desvio do comportamento, seria considerada uma anomalia estrutural da personalidade tal como uma autntica doena mental. Isso reduziria a pena por homicdio em dois graus, ficando rebaixada a quatro anos de priso. A legislao de muitos pases tende a no considerar o psicopata uma pessoa doente, pelo fato dele poder discernir e entender a criminalidade de seus atos e pela plena capacidade de dirigirem suas aes. Portanto, as pessoas com esse tipo de personalidade seriam responsveis por tudo que fazem, logo, imputveis peles seus atos. Ballone GJ - Personalidade Psicoptica - in. PsiqWeb, Internet, disponvel emhttp://www.psiqweb.med.br/ revisto em 2008. Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx o Transtorno da Personalidade Anti-Social

Trata-se, sem dvida, de um srio problema comportamental, entretanto, muitos so os autores que se recusam a situ-lo como uma doena, uma patologia capaz de isentar seu portador da responsabilidade civil por seus atos, responsabilidade esta comum a todos ns. De fato, soa estranho a necessidade de se considerar "doena" um quadro onde o nico sintoma uma inclinao voraz ao delito. No mnimo, seria de bom senso ter em mente que, para problemas mdicos aplicam-se solues mdicas e para problemas ticos... devem ser aplicadas solues ticas. Entendam como quiser... Seu portador pode no ter considerao pelos sentimentos alheios, direitos e bem estar dos outros, faltando-lhe um sentimento apropriado de culpa e remorso que caracteriza as "boas pessoas". Normalmente h, nesses monstros, uma demonstrao de comportamento insensvel, podendo ter o hbito de acusar seus companheiros e tentar culpar qualquer outra pessoa ou circunstncia por suas eventuais ms aes. A baixa tolerncia a frustraes dessas pessoas favorece as crises de irritabilidade, exploses temperamentais e agressividade exagerada, parecendo, muitas vezes, uma espcie de comportamento vingativo e desaforado. Entende-se por "baixa tolerncia a frustraes" uma incapacidade em tolerar as dificuldades existenciais comuns a todas as pessoas que vivem em sociedade, uma falta de capacidade em lidar com os problemas do cotidiano ou com as situaes onde as coisas no saem de acordo com o desejado. Esses monstros costumam apresentar precocemente um comportamento violento, reagindo agressivamente a tudo e a todos, supervalorizando o seu exclusivo prazer, ainda que em detrimento do bem-estar alheio. Elas podem tambm exibir um comportamento de provocao, ameaa ou intim idao, podem iniciar lutas corporais freqentemente, inclusive com eventual uso de armas ou objetos capazes de causar srio dano fsico, como por exemplo, tacos e bastes, tijolos, garrafas quebradas, facas ou mesmo arma de fogo. Outra caracterstica no comportamento do portador de Transtorno de Conduta a crueldade com outras pessoas e/ou com animais. No raro que a violncia fsica possa assumir a forma de estupro, agresso ou, em outros casos, homicdio. O padro de comportamento no Transtorno da Personalidade Anti-Social se caracteriza pela violao dos direitos bsicos dos outros e das normas ou regras sociais. Esse comportamento pode ser agrupado em 4 tipos principais: Padro comportamental do Indivduo com Transtorno de Conduta As perturbaes do comportamento no Transtorno da Personalidade Anti-Social acabam por causar srios prejuzos no funcionamento social, acadmico ou ocupacional, favorecendo uma espcie de crculo vicioso: transtornos de conduta, prejuzo scio-ocupacional, represses sociais, rebeldia, mais Transtorno de Conduta.

Outra caracterstica do Transtorno da Personalidade Anti-Social que esse padro socioptico de comportamento costuma estar presente numa variedade de contextos sociais e no apenas em algumas circunstncias, ou seja, no s na escola, no s no lar, s na rua..., por exemplo. O portador desse transtorno causa mal estar e rebulio na comunidade em geral. Tambm a destruio deliberada da propriedade alheia um aspecto caracterstico do Transtorno da Personalidade Anti-Social, podendo incluir a provocao deliberada de incndios com a inteno de causar srios danos ou destruio de propriedade de outras maneiras, como por exemplo, quebrar vidros de automveis, praticar vandalismo na escola, etc .

Quando dissemos no incio que os Transtorno da Personalidade Anti-Social se situam nos limites da psiquiatria com a moral e a tica, porque o diagnstico desses casos se baseia em conceitos sociolgicos, uma vez que se pautam nas conseqncias que as relaes s ociais divergentes e mal adaptadas podem ter sobre a argio das pessoas. O comportamento de portadores de Transtorno da Personalidade Anti-Social definitivamente "mau" para todos os envolvidos.

para referir: Ballone GJ, Moura EC - Transtornos de Conduta - in. PsiqWeb, Internet, disponvel emwww.psiqweb.med.br, revisto em 2008.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Justificar o comportamento humano como sendo decorrente desta ou daquela causa tem sido um exerccio incansvel ao longo do tempo e atravs de muitas reas do conhecimento. Ora prevalece um sociologismo, atribuindo toda a responsabilidade da atitude humana s mazelas de nossa sociedade, seguindo a linha de Rousseau. Ora prevalece o psicologismo, enfatizando traumas infantis com severas repercusses sobre a maneira de ser atual das pessoas ou o organicismo, atribuindo a postura da pessoa s caractersticas funcionais do Sistema Nervoso Central. Enfim, parece que o nico inocente e isento completamente de responsabilidades sobre o ato humano a prpria pessoa. Parece que se desconhece totalmente a volio humana, a vontade, essa particularidade completamente soberana de nosso carter.

Neste ponto preferimos a mxima de Jean Paul Sartre: "no sou responsvel pelo que os outros fizeram de mim, mas sou responsvel com o que fao com aquilo que os outros fizeram de mim". Fora da sociedade, copiando a idia de Thomas Hobbes, o ser humano tende naturalmente amoralidade. o que ele chamava de Estado Natural do Homem, animalesco por natureza (mas no, necessariamente maldoso). Portanto, se a sociedade contribui com alguma coisa no agir humano, essa alguma coisa a moral e a tica. Estando todos participando da mesma sociedade, o ser humano comum deve, sobretudo, comportar-se de acordo com a moral e ticas vigentes. Escapando dessa faixa mdia do comportamento humano a pessoa se distingue, em um extremo por ser santo ou mrtir, e no outro por ser sociopata. Digamos, ento, que da metade dessa faixa do homem comum para o extremo "do bem", encontramos as boas pessoas e, da metade para o extremo "do mal", as ms pessoas. Por essa lgica, podemos dizer que os delinqentes e sociopatas so as ms pessoas. Mesmo porque seus sintomas no so suficientes para caracterizar uma doena ou um estado mrbido pelos ditames da medicina. (j) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (outra opinio pessoal) O Estatuto do Menor e do Adolescente foi, talvez, um dos maiores retrocessos de nossa sociedade. Atravs desse punhado de recomendaes inviveis e demaggicas se esconde uma discriminao abominvel e uma omisso sem precedentes. Discriminaram-se todos os adultos e idosos, omitiu-se quaisquer esforos para tornar a vida mais digna em qualquer idade. Se a boa inteno dos legisladores e idealizadores da panacia para o bem viver dos menores fosse mais atenciosa com as pessoas de um modo geral, independente da idade, nada disso seria necessrio. A comear pelo controle da natalidade, ou paternidade responsvel, como queira. Mas tocar nesse assunto parece que "d cncer". Deveria haver uma espcie de "estatuto para os pais irresponsveis", com severas punies, principalmente para aq ueles que "tm tantos filhos quanto Deus quiser", como dizem por ai. Em seguida, poderiam comear pelo combate eficiente corrupo e enriquecimento ilcito, depois pela distribuio mais humana das rendas, depois ainda pela educao da gigantesca populao de semi-analfabetos (que votam), passando ainda por um modelo de escola que estimulasse o valor de quem se esfora desde cedo, enfim, cuidando dos adultos de forma digna e honrosa e oferecendo educao bsica de alto nvel no haveria a mnima necessid ade de preocupar-se com os menores. Infelizmente, parece que os maiores beneficiados com esse tal "estatuto" tem sido os milhares de marmanjes sociopatas e criminosos que se privilegiam da benevolncia da lei porque no completaram a maioridade, embora matem, estuprem e roubem como qualquer pessoa "de

maior" . Ora. Em uma sociedade que glorifica a posse e o sucesso social incondicionalmente, em uma sociedade onde personagens delinqentes de filmes, novelas e da vida real so copiados e vistos como dolos pela crianada, em uma sociedade onde prevalece a mxima de levar vantagem em tudo, sempre e a qualquer custo, os Transtornos de Conduta deixam a seara da patologia e passam, glamourosamente, para a esfera do modus vivendi ou me de vida. io Qualquer pessoa que, de fato, labuta atendendo pessoas emocionalmente sofredores, se martiriza com o aumento do sofrimento emocional humano. Sofrimento este proporcionado, em grande proporo, por seqestros, estupros, assaltos, ameaas, assassinatos e toda sorte de violncia executada por sociopatas, psicopatas e delinqentes juvenis. Se pudesse, daria uma recomendao aos legisladores e, principalmente, justia: preocupem-se em defender a moral, a tica e os valores com o mesmo entusiasmo com que defendem os contraventores porque, se eles tm direito defesa, esse direito no deve subtrair o direito dos demais a viverem em uma sociedade mais segura. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Personalidade Psicoptica O prof. Eunofre Marques adota a denominao de Personalidade Psicoptica Amoral (ou, simplesmente, PP). Diz ele: O PP amoral um indivduo incapaz de incorporar valores. Ele funciona sempre na relao prazer-desprazer imediato. So indivduos incapazes de se integrar a qualquer grupo, devido ao seu egosmo absoluto e a no aceitarem qualquer tipo de regras. S o que eles querem o que interessa. No incio, eles at fazem amizades com facilidade mas, diante dos primeiros conflitos, a sua amoralidade aparece em todo o seu potencial. Terminam por ser rejeitados pelos grupos em pouco tempo. So, por isso, em geral indivduos solitrios, que migram de grupo em grupo at que no restem mais grupos para os aceitarem" (o site do prof. Eunofre Marques saiu do ar). Esse transtorno pode aparecer precocemente, em tenra idade, conforme diz o prof. Eunofre Marques: "Ainda crianas j aparece o seu componente amoral, por no aceitarem regras jamais, no respeitarem qualquer limite e terem um comportamento absolutamente inadequado na escola, de onde so freqentemente expulsos. J na adolescncia tendem francamente para a marginalidade e tentam integrar-se aos grupos marginais mas mesmo esses, com a sua tica marginal rgida, logo o rejeitam. Quando pressionado pelo ambiente, especialmente em ambientes fechados, como numa penitenciria, eles atual de modo primoroso, como que absorvendo os valores rgidos do meio. No entanto, s surgir uma pequena brecha nas regras para que a sua amoralidade venha

plenamente tona. Boa parte deles no chega idade adulta porque, misturados comos marginais, acabam sendo mortos por estes. Mesmo assim, chegando idade adulta, terminam por serem recolhidos a alguma penitenciria, onde eles so encontrados com freqncia. Mesmo dentro da penitenciria a sua existncia est sendo constantemente ameaada, porque no se integram a nenhum dos grupos que l se formam. Aqueles que tm um nvel de inteligncia superior conseguem parcialmente, utilizando-se dos recursos cognitivos, manterem-se relativamente integrados no meio at a idade adulta mas, mesmo estes, acabam por serem expulsos do seu meio e tambm vo parar nos presdios. O PP amoral o exemplo do fracasso do ser humano". Psicopata e a Justia Os olhos da justia, sabe-se que o portador de Personalidade Psicoptica "incurvel" e, talvez o seja, porque no se trata de uma verdadeira doena, aos moldes mdicos, mas de uma formao especial de carter (ou no-formao). Conforme diz Nelson Hungria, Ministro do supremo tribunal federal: "... Mais prudente ou ponderado deve ser ainda o prognst quando se trate dos ico desconcertantes "anormais psquicos" ou "portadores de personalidade psicoptica", cuja periculosidade (tambm aprioristicamente presumida pela lei) manifestao de uma personalidade constitucionalmente defeituosa e no oportuname corrigida; ou quando se nte trate de indivduos que no se apartam sensivelmente do tipo do "homo medius", mas cuja personalidade se formou inadequadamente, por deficincia d aquisies ticas ou e ineducao dos instintos, ou veio a deformar-se pela adoo de hbitos contrrios dominante moral jurdico-social. que nesses casos a periculosidade no resulta de uma condio episdica ou estanha personalidade foncire ou constante do indivduo, mas de um status que lhe ou se lhe tornou inerente ou integrante."... (veja mais) O consulado americano do Rio de Janeiro publica um protocolo para viabilizar vistos de entrada nos EUA e, em relao aos psicopatas diz o seguinte: "... ESTRANGEIROS PERTENCENTES A QUALQUER UMA DAS SEGUINTES CLASSES SO INELEGVEIS PARA RECEBEREM UM VISTO: ... Pessoas mentalmente retardadas, insanas ou que tenham sofrido um ou mais ataques de insanidade; pessoas com personalidade psicoptica, desvio sexual, defeito mental, vcio em drogas ou narcticos, alcoolismo crnico ou qualquer doena perigosa contagiosa;.." Esse texto havia no site do consulado americano do Rio de Janeiro. Atualmente a pgina foi retirada do ar (Consulado). Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Podemos dizer que a pessoa portadora de Personalidade Borderline, embora seja bem menos perturbada que os psicticos, so muito mais complexas que os neurticos. Entretanto, no apresenta deformaes de carter tpicas das personalidades sociopticas. Na realidade, o Borderline tem sria limitao para usufruir as opes emocionais diante dos estmulos do cotidiano e, por causa disso, s costuma enfurecer diante dos pequenos estressores. So indivduos sujeitos a acessos de ira e verdadeiros ataques de fria ou de mau gnio, em completa inadequao ao estmulo desencadeante. Essas crises de fria e agressividade acontecem de forma inesperada, intempestivamente e costumam ter por alvo pessoas do convvio mais ntimo, como por exemplo os pais, irmos, familiares, amigos, namoradas, cnjuges, etc. Embora o Borderline mantenha condutas at bastante adequadas em bom nmero de situaes, ele tropea escandalosamente em outras triviais e simples. O limiar de tolerncia s frustraes extremamente susceptvel nessas pessoas. O curto-circuito agressivo expresso pelo Borderline sob a forma de crise pode desempenhar vrias funes psicodinmicas, como por exemplo, aliviar o excedente de tenso interna, impedir maior conflito e frustrao, ainda que de forma desagradvel e ineficaz, melhorar a auto-afirmao, obrigar o ambiente a reconhecer sua importncia, ainda que para se lhe opor ou confrontar. O Borderline tambm est sujeito a exuberantes manifestaes de instabilidade afetiva, oscilando bruscamente entre emoes como o amor e dio, entre a indiferena ou apatia e o entusiasmo exagerado, alegria efusiva e tristeza profunda. A vida conjugal com essas pessoas pode ser muito problemtica, pois, ao mesmo tempo em que se apegam ao outro e se confessam dependentes e carentes desse outro, de repente, so capazes de maltrat-lo cruelmente. Os indivduos Borderline se esforam freneticamente para evitarem um abandono, seja um abandono real ou imaginado. A perspectiva da separao, perda ou rejeio podem ocasionar profundas alteraes na auto-imagem, afeto, cognio e no comportamento. O Borderline vive exigindo apoio, afeto e amor continuadamente. Sem isso, aflora o temor solido ou a incapacidade de ficar s, em presena de si mesmo. Esses indivduos so muito sensveis s circunstncias ambientais e o intenso temor de abandono, mesmo diante de uma separao exigida pelo cotidiano e por tempo limitado, so muito mal vivenciadas pelo Borderline. Esse medo do abandono est relacionado a uma grande intolerncia solido e necessidade de ter outras pessoas consigo. Seus esforos frenticos para evitar o abandono podem incluir aes impulsivas, tais como comportamentos de auto-mutilao ou ameaas de suicdio. A tendncia a alguma forma de adio, como o lcool, remdios, drogas, ou mesmo o trabalho desenfreado, o sexo insistentemente perseguido, o esporte, alguma crena, etc., refletem uma busca desenfreada de "um algo mais" que lhe complete e lhe d sossego.

Os Borderlines so pouco capazes de se empenharem numa tarefa com persistncia e acuidade. Desistem do esforo e circulam em torno daquilo que preciso fazer mas no fazem. Em relao ao contacto inter-pessoal, eles tm uma tendncia a atacar o outro do qual dependem, como forma de camuflar a grande necessidades de dependncia. So habilidosos em estimular o outro a lhes propiciar aquilo que precisam, mas recebem tudo o que lhe fazem como quem nada deve. A personalidade do Borderline uma pea de teatro onde os atores coadjuvantes esto sempre esperando ele, o ator principal. Trata-se de um ego que no tolera o vazio, a separao, a ausncia, no sabe superar com equilbrio os conflitos. (j) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Caractersticas de Personalidade e Comportamento Os indivduos com Transtorno da Personalidade Borderline tm um padro de relacionamentos instvel e, ao mesmo tempo, intenso. Na vida a dois, eles podem desenvolver intenes de protetores ou amantes j no primeiro ou no segundo encontro, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhem detalhes extremamente ntimos ainda na fase inicial de um relacionamento. Essas pessoas podem sentir empatia e carinho por outras pessoas, entretanto, tais sentimentos so frutos exclusivos da expectativa de que a outra pessoa estar l para atender suas prprias necessidades de apoio, carinho e ateno. Pode haver no Borderline, uma rpida passagem da idealizao elogiosa para sentimentos de desvalorizao, por achar que a outra pessoa no se importa o suficiente com ele, no d o bastante de si, no se mobiliza o suficiente. Portanto, so insaciveis em termos de ateno. Eles so inclinados a mudanas sbitas em suas opinies sobre os outros. A inconstncia do Borderline se observa tambm em relao ao juzo que tem de si mesmo e de sua vida. Ele pode ter sbitas mudanas de opinies e planos acerca de sua carreira, sua identidade sexual, seus valores e mesmo sobre os tipos de amigo ideal. Os indivduos com este transtorno exibem impulsividade em reas potencialmente prejudiciais para si prprios, tais como nos esportes, nos jogos de azar, no consumo de tabaco, lcool, drogas, etc. Eles podem jogar, fazer gastos irresponsveis, comer em excesso, abusar de substncias, engajar-se em sexo inseguro ou dirigir de forma imprudente. As pessoas com Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar comportamento, gestos ou ameaas suicidas ou comportamento auto-mutilante . O suicdio completado costuma ocorrer em 8 a 10% desses indivduos impulsivos, e os atos de auto-mutilao tambm impulsivos, como por exemplo, cortes ou queimaduras tambm so comuns. Esses atos auto-destrutivos geralmente so precipitados por ameaas de separao ou rejeio, por expectativas de que assumam maiores responsabilidades ou mesmo por frustraes banais. Os indivduos com Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar instabilidade afetiva, devido a uma acentuada reatividade do humor, como por exemplo, euforia ou depresso (disforia) episdica, irritabilidade ou ansiedade, em geral durando apenas algumas

horas. O humor disfrico (euforia ou depresso) dos indivduos comTranstorno da Personalidade Borderline muitas vezes acompanhado por perodos de raiva, pnico ou desespero. Essas pessoas ficam facilmente entediadas, no aceitam bem a constncia ou mesmo a serenidade, e podem estar sempre procurando algo para fazer. Os sentimentos agressivos dessas pessoas no costumam ser dissimulados e eles freqentemente expressam raiva intensa e inadequada ou tm dificuldade para controlar essa raiva. Eles podem exibir extremo sarcasmo, persistente amargura ou exploses verbais. Por outro lado, essas expresses de raiva freqentemente so seguidas de vergonha e culpa e contribuem para o sentimento de baixa auto-estima. Curso e Prevalncia O Transtorno da Personalidade Borderline diagnosticado predominantemente em mulheres, as quais compes cerca de 75% dos casos. Quanto prevalncia, estima-se em cerca de 2% da populao geral, ocorrendo em cerca de 10% dos pacientes de consult psiquitricos e em rios cerca de 20% dos pacientes psiquitricos internados. Entre os portadores de Transtornos da Personalidade em geral, a prevalncia doTranstorno da Personalidade Borderlinevaria de 30 a 60%. O curso do Transtorno da Personalidade Borderline instvel, comeando esse distrbio no incio da idade adulta, com episdios de srio descontrole afetivo e impulsivo. O prejuzo resultante desse transtorno e o risco de suicdio so maiores nos anos iniciais da idade adulta e diminuem gradualmente com o avano da idade. Durante a faixa dos 30 e 40 anos, a maioria dos indivduos com o transtorno adquire maior estabilidade em seus relacionamentos e funcionamento profissional. Tambm se sabe que o Transtorno da Personalidade Borderline cerca de cinco vezes mais freqente entre parentes biolgicos em primeiro grau tambm com o transtorno do que na populao geral. Quadro Clnico conveniente explicitar o marco terico referencial no qual nos baseamos para o diagnstico. Este est sustentado pelos aportes de distintas escolas, entre elas, a psicanaltica americana, britnica e francesa. A escola americana pe nfase na labilidade do Ego ou do self e na difuso da identidade. Melita Schmideberg admite que o Borderline apresenta transtornos em quase todas as reas da pessoalidade, principalmente nas relaes interpessoais, na profundidade (qualidade) dos sentimentos, na identificao e na empatia, na atitude social, no controle da vontade (volio), na capacidade para o trabalho, na necessidade de prazer, na vida sexual, no controle das emociones, na vida das fantasias, na elaborao e valorao dos ideais e no planejamento das metas da vida. Suas relaes com o objeto so superficiais, carecendo de profundidade de sentimentos, de constncia, empatia e considerao pelos demais. Tambm apresenta transtornos de carter de nvel variado e os sintomas clnicos so:

1. - Angustia crnica e difusa. Trata-se de um afeto contnuo e surdo mas que, no obstante, pode se manifestar como uma crise de angstia aguda e com sintomas somticos correspondentes. Pode sobrevir uma crise histrica com comprometimento de todas as funes psquicas, juntamente com manifestaes somticas variadas, tais como vertigem, taquicardia e outros caractersticos do Transtorno de Ansiedade Aguda. A desrealizao e a despersonalizao aparecem como extremos dessas crises, tambm acompanhadas de sintomas somticos. uma angstia ligada perda de sentido, tal como foi observada por Freud quando diante de perspectivas ou ameaas de separa o. 2. - Incapacidade para sentir s vezes o paciente experimenta a conscincia de um vazio afetivo, despersonalizao e incapacidade para sentir emoes. Outras vezes encenam episdios do tipo histrico, com reaes emocionais exageradas, ingerem lcool ou drogas, cometem delitos ou tm relaes sexuais patolgicas para libertar-se da sensao de vazio existencial. Ainda que no consigam experimentar emoes genunas, tambm no podem suporta -las caso existam. Protegem-se contra os sentimentos mantendo as relaes em um nvel superficial ou mudando freqentemente de trabalho, de amigos ou do lugar onde vivem. Isso pode explicar a grande instabilidade dos pacientes Borderlines. Schmideberg disse que os Borderlines so, fundamentalmente, no sociais e alguns, declaradamente anti-sociais. Uma das manifestaes da instabilidade a instabilidade afetiva, que pode perturbar suas relaes sociais. No plano ocupacional tambm se mostram instveis. Mesmo que esses pacientes tenham condies intelectuais normais, falta-lhes capacidade para a concentrao, para a perseverana e para o desejo para um esforo mais firme. Outros fatores que contribuem para a instabilidade ocupacional so sua baixa tolerncia frustrao, hipersensibilidade s crticas e a expectativa de conseguir recompensas totalmente desproporcionais. Tambm deve ser destacada a incapacidade para os Borderlinesaceitar as regras e a rotina. Por tudo isso eles acabam sendo despedidos de seus empregos ou que eles mesmos pedem demisso. 3. - Depresso A depresso do Borderline se caracteriza, basicamente, por sentimentos de vazio e solido. A diferena do que ocorre no verdadeiro depressivo, no qual existe medo da destruio do objeto amado, no caso do Borderline ha exploses de ira ou raiva contra o objeto considerado frustrante. 4. - Intolerncia solido A modalidade de relao com o objeto do tipo anacltica (procure por Depresso Anaclnica no dicionrio). A intolerncia a estar s se manifesta como um af de prender-se vorazmente, atravs da voz ou da presena fsica do outro, ou em determinados casos por intermdio do objeto droga, lcool ou alimento, segundo seja a adico, como tentativa frustrada de supresso da falta. Na realidade, toda tenso de separao intolervel ao Borderline, produzindo as condutas de aderncia exagerada ao objeto.

5. - Anedonia Anedonia a incapacidade de sentir prazer. Existe sempre no paciente Borderline uma insatisfao permanente e manifesta, uma frustrao constante e os objetivos de prazer que pretendem nunca chegam consegui-los, so para eles, inalcanveis. Ou, pior ainda, quando so alcanados, perdem valor imediatamente. No pacientes Borderline a tendncia a evitar o desprazer se faz mais forte que a busca do prazer. 6. - Neurose poli-sintomtica O paciente borderline pode apresentar dois ou mais dos seguintes sintomas: a) Fobias mltiplas, geralmente graves, especialmente a agorafobia. A relao com o objeto est submetida regulao da distncia com mecanismos agorafbicos e claustrofbicos. Essas sensaes associadas a tendncias paranides, originam serias inibies sociais. b) Sintomas obsessivos-compulsivos. Normalmente esses sentimentos, muito repudiados pelo portador de TOC, so Ego Sintnicos no paciente Borderline, inclusive com tendncia a racionalizao. c) Mltiplos sintomas de converso (histricos), geralmente crnicos. d) Reaes dissociativas (histricas). e) Transtornos de conscincia, Estados Crepusculares, fugas e amnsias. f) Hipocondria e exagerada preocupao por a sade e te mor crnico a enfermar. Refere-se no s ao corpo, mas tambm mente. Descrevem minuciosamente seu mal-estar, com reaes e sensaes esdrxulas. comum o medo de enlouquecerem. g) Tendncias paranides com idias delirides persecutrias. h) Descontrole dos impulsos. Este descontrole impulsivo pode ser ego diatnico ou ego sintnicos. O alcoolismo, drogadio, bulimia, compras descontroladas, cleptomania, so sintomas impulsivos comuns entre os Borderlines. 8. - Tendncias sexuais no-normais (Parafilias) Podem coexistir varias tendncias em forma de fantasias ou de aes. As formas bizarras de sexualidade, principalmente as que manifestam agresso ou substituio primitiva dos fins genitais, tais como atitudes eliminatrias (urinar, defecar). s vezes a homossexualidade pode funcionar como defesa contra a sensao e a ansiedade de abandono. A homossexualidade costuma representar a busca de gratificao das necessid ades orais. Pode tambm manifestar relaes homossexuais sadomasoquistas e promscuas. 9. - Episdios Psicticos Breves Aqui se incluem a desrealizao e despersonalizao. As idias de auto-referncia e os quadros paranides predominam nesses Episdios Psicticos Breves. As manifestaes clnicas seriam: transtornos paranides, depresses com idias de suicdio, Episdios Manacos, quadros de automutilao. Esses episdios agudos costumam ser reativos, normalmente ruptura de algum vnculo. 10) Adaptao social Existem vrias possibilidades para o contacto social borderline. A evitao, por exemplo, acontece nos casos do borderline esquizide e depressivo, mas o relacionamento interpessoal tambm pode ter caractersticas anti-sociais. Em geral, as relaes interpessoais costumam

estar prejudicadas e nas reaes paranides, to comuns entre esses pacientes, a conduta social pode ser agressiva. Aspectos mdico-legais do Borderline O Transtorno Borderline da Personalidade considerado um transtorno fronteirio ou limtrofe entre uma modalidade no-normal da personalidade relacionar-se com o mundo e um estado que pode ser considerado francamente patolgico. Assim sendo, cada caso de paciente dito borderline deve ser considerado parte. O paciente borderline pode ser objeto de apreciao jurdica e legal quando a gravidade de seu transtorno de personalidade importante o suficiente para produzir um srio transtorno psquico de insanidade e incapacidade de auto-determinar-se. A capacidade civil de uma pessoa deve estar condicionada sua maturidade mental. Classicamente, Krafft-Ebing (Krafft-Ebing, Medicina legal, Espaa Moderna Madrid, 1992.) distingue 3 elementos fundamentais para que a pessoa seja considerada capaz e, atravs dessa capacidade possa adquirir os direitos e deveres da vida em sociedade: a) "conhecimento e conscincia" dos direitos e deveres sociais e das regras da vida em sociedade. b) "juzo crtico" suficiente para a aplicao do item anterior. c) "firmeza de vontade (volio)" para decidir com liberdade. Conforme se v na prtica, e mesmo de acordo com o curso e evoluo do Transtorno Borderline referido na literatura internacional, no se pode dizer que esses pacientes sejam considerados insanos, quer pela carncia de sintomas psicticos, quer pela carncia de prejuzo do juzo crtico, ambos necessrios para atestar-se a insanidade. Entretanto, atualmente tem-se enfatizado no apenas as caractersticas psicopatolgicas do paciente (ru) em apreo mas, sobretudo, uma srie de circunstncias vivenciais de alguma forma atreladas ao ato delituoso. Circunstncias atenuantes, por exemplo, encontramos no caso da embriaguez habitual ou uso de estupefacientes. Nesses casos, a pessoa poder inabilitar-se judicialmente, caso estejam expostos a perpetrar atos jurdicos prejudiciais a si prprio ou ao patrimnio. Na justia espanhola, essa questo de eventual prejuzo do patrimnio, visa a proteo econmica (e social) dos familiares do Borderline. Trata-se da doutrina da semicapacidade, uma soluo tcnica do direito contemporneo para atenuar os efeitos da alterao psquica de certas pessoas em relao ao prejuzo sobre demais pessoas mas, nem sempre, atenuando a punibilidade em relao sua prpria pessoa. Como se v, a figura de inabilitao e semicapacidade tem menor alcance que a declarao de incapacidade por demncia e, na prtica, representa um recurso de proteo mais patrimonial que pessoal. Essa atitude tem como um dos objetivos, prevenir a dilapidao do patrimnio familiar pelo Borderline, com freqncia viciado em jogo, drogas, lcool, etc. O direito penal se relaciona com a psiquiatria forense atravs do conceito de imputabilidade. Imputar significa atribuir algo a uma pessoa e esta, s ser imputvel, quando se encontra em

condies de valorizar e ajuizar seus atos e as conseqncias que deles resultam. Resumindo, podemos dizer que a pessoa imputvel quando responsvel sobre a culpabilidade de seus atos. Alguns autores (Nestor Ricardo Stingo, Maria Cristina Zazzi, Liliana Avigo, Carlos Luis Gatti) acham que a pessoa Borderline pode ser inimputvel nos casos onde haveria um estado de inconscincia, notadamente por intoxicao por drogas ou lcool ou, ainda, devido a alterao mrbida das faculdades mentais. Este ltimo caso, quase exclusivamente diante da presena de sintomas psicticos. Evidentemente existem situaes muito mais difceis de se atestar o grau de responsabilidade da pessoa Borderline. Essas se relacionam, basicamente, com os episdios de descontrole impulsivo. Nesses casos estaria em jogo no a questo psiquitrica (de diagnstico) mas, a questo psicolgica da circunstncia. O dilema dessas questes est, exatamente, no fato dessas pessoas entenderem e compreenderem a gravidade de seus atos mas, no obstante, serem incapazes de auto-controlarem suas condutas. Entretanto, nunca devemos esquecer que as questes referentes capacidade, incapacidade, imputabilidade e inimputabilidade so conceitos estritamente jurdicos, competem estritamente ao juiz, sendo a funo da medicina apenas assessorar a justia atravs de laudos e percias.

Para referir: Ballone GJ, Moura EC - Personalidade Borderline- in. PsiqWeb, Internet, disponvel emhttp://virtualpsy.locaweb.com.br/www.psiqweb.med.br/, revisto em 2008.

Diz-se que a simples participao da pessoa na sociedade contempornea j preenche, por si s, um requisito suficiente para o surgimento da Ansiedade. Portanto, viver ansiosamente passou a ser considerado uma condio do homem moderno ou um destino comum ao qual todos estamos, de alguma maneira, atrelados. Com certeza, at por uma questo biolgica, podemos dizer que a Ansiedade sempre esteve presente na jornada humana, desde a caverna at a nave espacial. A novida que s agora de estamos dando ateno quantidade, tipos e efeitos dessa Ansiedade sobre o organismo e sobre o psiquismo humanos. Nosso potencial ansioso sempre se manteve fisiologicamente presente e sempre carregando consigo o sentimento do medo, sua sombra inseparvel. muito difcil dizer se era diferente o estresse (esta revoluo orgnica e psquica) que acometia o homem das cavernas diante de um urso invasor de sua morada, daquilo que sente hoje um cidado comum diante do assaltante que invade seu lar. Provavelmente no. Faz parte da natureza humana certos sentimentos determinados pelo perigo, pela ameaa, pelo desconhecido e pela perspectiva de sofrimento. A Ansiedade passou a ser objeto de distrbios quando o ser humano colocou-a no a servio de sua sobrevivncia, como fazia

antes, mas a servio de sua existncia, com o amplo leque de circunstncias quantitativas e qualitativas desta existncia. Assim, o estresse passou a ser o representante emocional da Ansiedade, a correspondncia psquica de toda movimentao que o estresse causa na pessoa. O fato de um evento ser percebido como estressante no depende apenas da natureza do mesmo, como acontece no mundo animal, mas do significado atribudo este evento pela pessoa, de seus recursos, de suas defesas e de seus mecanismos de enfrentamento. Isso tudo diz respeito mais personalidade que aos eventos do destino em si. Isso quer dizer que no mundo animal, um cachorro representa para o gato um estmulo estressante preciso e definido: um cachorro realmente. No ser humano, um elevador pode representar um elevador mesmo, se a pessoa no tem ansiedade patolgica, ou um estmulo bastante estressor, se a pessoa tiver claustrofobia. Em nossos ancestrais o mecanismo da ansiedade-estresse foi destinado sobrevivncia da espcie diante dos perigos prprios da luta pela vida, como acontece com qualquer animal acima dos rpteis na escala filogentica. Era um mecanismo til no caso das ameaas de animais ferozes, das guerras tribais, das intempries climticas, da busca pelo alimento, da luta pelo espao geogrfico, etc. No ser humano moderno, apesar dessas ameaas no mais existirem em sua plenitude, tal como existiram outrora, o equipamento biolgico da ansiedade-estresse continuou existindo. Apesar dos perigos primitivos e concretos no existirem mais com a mesma freqncia, persistiu em nossa natureza a capacidade de reagirmos ansiosamente diante das ameaas. Com a civilidade do ser humano, outros perigos apareceram e ocuparam o lugar daqueles que estressavam nossos ancestrais arqueolgicos. Hoje em dia tememos a competitividade social, a segurana, a competncia profissional, a sobrevivncia econmica, as perspectivas futuras e mais uma infinidade de ameaas abstratas e reais. Enfim, tudo isso passou a ter o mesmo significado de ameaa e de perigo que as questes de pura sobrevivncia vida animal que assombravam nossos ancestrais. Na antigidade tais ameaas eram concretas e a pessoa tinha um determinado objeto real combater (fugir ou atacar), localizvel no tempo e no espao, hoje em dia esse objeto de perigo vive dentro de ns. As ameaas vivem, dormem e acordam conosco. Se, em pocas primitivas o corao palpitava, a respirao ofegava e a pele transpirava diante de um animal feroz a nos atacar, se ficvamos estressados diante da invaso de uma tribo inimiga, hoje em dia nosso corao bate mais forte diante do desemprego, dos preos altos, das dificuldades para educao dos filhos, das perspectivas de um futuro som brio, dos muitos compromissos econmicos cotidianos e assim por diante. Como se v, hoje nossa Ansiedade contnua e crnica. Se a adrenalina antes aumentava s de vez em quando, hoje ela est aumentada quase diariamente. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

A Ansiedade aparece em nossa vida como um sentimento de apreenso, uma sensao de que algo est para acontecer, ela representa um contnuo estado de alerta e uma constante pressa em terminar as coisas que ainda nem comeamos. Desse jeito, nosso domingo tm uma apreenso de segunda-feira e a pessoa antes de dormir j pensa em tudo que ter de fazer quando o dia amanhecer. a corrida para no deixar nada para trs, alm de nossos concorrentes. um estado de alarme contnuo e uma prontido para o que der e vier. No ser humano o conflito parece ser essencial ao desenvolvimento da Ansiedade. Em nosso cotidiano, sem termos plena conscincia, experimentamos um sem-nmero de pequenos conflitos, interpessoais ou intrapsquicos; as tenses entre ir e no ir, fazer e no fazer, querer e no poder, dever e no querer, poder e no dever, a assim por diante. Portanto, motivao fisiolgica para o aparecimento da Ansiedade existe de sobra. Cognitivamente a Ansiedade se manifesta por dois sentimentos desagradveis: 1- atravs da conscincia das sensaes fisiolgicas de sudorese, palpitao, inquietao e outros sintomas autossmicos (do sistema nervoso autnomo); 2- atravs da conscincia de estar nervoso ou amedrontado. Os padres individuais de Ansiedade variam amplamente. Algumas pessoas tm sintomas cardiovasculares, tais como palpitaes, sudorese ou opresso no peito, outros manifestam sintomas gastrointestinais como nuseas, vmito, diarria ou vazio no estmago, outros ainda apresentam mal-estar respiratrio ou predomnio de tenso muscular exagerada, do tipo espasmo, torcicolo e lombalgia. Enfim, os sintomas fsicos e viscerais variam de pessoa para pessoa. Psicologicamente a Ansiedade pode monopolizar as atividades psquicas e comprometer, desde a ateno e memria, at a interpretao fiel da realidade. Assim sendo, considerando a nossa necessidade fisiolgica de nos adaptarmos s diversas circunstncias atravs da Ansiedade, falamos em Ansiedade Normal. Por outro lado, falamos tambm da Ansiedade como uma forma de resposta inadequada, em intensidade e durao, solicitaes de adaptao. Um determinado estmulo (interno ou externo) funcionando como uma convocao de alarme continuamente, por exemplo, pode favorecer o surgimento da Ansiedade Patolgica. Se em outros tempos o ser humano manifestava sua Ansiedade de maneira muito prxima a um medo especificamente dirigido a algum objeto ou situao especficos e delimitados no tempo (animal feroz, tempestade, guerra, etc.), hoje a maioria dos estmulos para esta emoo so inespecficos (insucesso, insegurana social, competitividade profissional, frustrao amorosa, poltica ou religiosa, constrangimento tico, etc.); o ser humano moderno coloca-se em posio de alarme diante de um inimigo abstratos e impalpvel. A natureza foi generosa nos oferecendo a atitude da Ansiedade ou Estresse, no sentido de favorecer nossa adaptao. Porm, no havendo um tempo suficiente para a recuperao desse esforo psquico, o qual restabeleceria a sade, ou persistindo continuadamente os estmulos de ameaa que desencadeiam a reao de Estresse, nossos recursos para a

adaptao acabam por esgotar-se. O Esgotamento , como diz o prprio nome, um estado onde nossas reservas de recursos para a adaptao se acabam. xxxxxxxxxxxxxxxxxx Transtorno de Ansiedade Generalizada

A pessoa portadora de Transtorno de Ansiedade Generalizada considera difcil controlar essa preocupao excessiva, a qual acompanhadas de pelo menos trs dos seguintes sintomas adicionais: Inquietao, Fatiga, Dificuldade em concentrar-se, Irritabilidade, Tenso muscular e Perturbao do sono Embora as pessoas com Transtorno de Ansiedade Generalizada nem sempre sejam capazes de identificar suas preocupaes como "excessivas", eles relatam sofrimento subjetivo por causa delas, tm dificuldade em control-las ou experimentam prejuzo social ou ocupacional por causa disso. A intensidade, durao ou freqncia da ansiedade ou preocupao excessivas so claramente desproporcionais ao evento estressor e a pessoa considera difcil evitar que essas preocupaes interfiram na ateno e nas tarefas que precisam ser realizadas. Normalmente ela tem dificuldade em parar de se preocupar. Os adultos com Transtorno de Ansiedade Generalizada freqentemente se preocupam com circunstncias cotidianas e rotineiras, tais como possveis responsabilidades no emprego, finanas, sade de membros da famlia, infortnio acometendo os filhos ou questes menores, tais como tarefas domsticas, consertos no automvel ou atrasos a comprom issos. As crianas com Transtorno de Ansiedade Generalizada tendem a exibir preocupao excessiva com sua competncia ou a qualidade de seu desempenho. Durante o curso do transtorno, o foco da preocupao pode mudar de uma preocupao para outra.

Diante de uma situao estressora, o tipo e o grau da resposta de cada pessoa no depender apenas da fora, importncia e freqncia do evento de vida estressor. Depender sim da capacidade de cada um em interpretar, avaliar e enfrentar as vivncias estressoras. Essa capacidade tem sido atribuda a determinadas caractersticas da personalidade da pessoa. Apesar de ter seu perfil bsico atrelado personalidade, a resposta ao estresse, chamada de capacidade de enfrentamento do evento estressor, acaba fazendo partedo arsenal cognitivo de cada um. Como se deduz, esse arsenal cognitivo no esttico e imutvel ao longo da vida,

podendo ser dinamicamente alterado para melhor ou para pior. Talvez essa questo seja um dos principais objetivos da chamada Terapia Cognitivo-Comportamental. Quando intensa a resposta ao estresse pode gerar ativao fisiolgica, ou seja, pode mobilizar todo organismo a participar desse esforo adaptativo. Se o esforo adaptativo aos eventos estressores for freqente, duradouro ou intenso, pod e levar a um estado de Esgotamento, que a falncia dos recursos emocionais e fisiolgicos. Isso leva ao aparecimento de transtornos orgnicos diversos e, do lado psquico, predispe ao aparecimento de Transtornos de Ansiedade e outros transtornos emocionais. Assim, por conta do estresse, o desenvolvimento de um transtorno, seja ele emocional ou orgnico (psicossomtico), est diretamente relacionado freqncia e durao das situaes que o sujeito avalia como estressoras para si, e no, exatamente, da magnitude do evento de vida propriamente dito (objetivamente considerado). A relao entre estressores, estresse e ansiedade que, para os eventos de vida estressores causarem o surgimento de sintomas de Depresso ou Ansiedade, deve haveruma predisposio gentica para lidar de forma inadequada com esses eventos. Os acontecimentos vividos ou as circunstncias ambientais podem provocar estresse. Se esse estresse provoca ou no a Ansiedade Patolgica uma outra questo. Os eventos de vida estressores tm sido diferenciados em dependentes e independentes. Os eventos de vida dependentes apresentam a participao do sujeito, ou seja, dependem da forma como o sujeito se coloca nas relaes interpessoais, como se relaciona com o meio, de forma que seu comportamento pode provocar situaes desfavorveis para si mesmo. Os eventos de vida estressores independentes so aqueles que esto alm do controle do sujeito, independem de sua participao, sendo inevitveis, como por exemplo, a morte de um familiar ou a sada de um filho de casa, etc. H ainda uma diferena entre evento traumtico e evento de vida estressor. O evento traumtico aquele que produz conseqncias psquicas por longo tempo, s vezes por muitos anos. O evento de vida estressor aquele que, embora possa ter efeitos psicolgicos sob a forma de sintomas e desadaptao, uma vez removido ou afastado, h uma diminuio do quadro psicopatolgico provocado por ele. Alm dos eventos de vida estressores, mais fortes e importantes, existem tambm os acontecimentos dirios menores, vindos das diversas situaes cotidianas, como a agitao do dia-a-dia, a luta pela competitividade, os dissabores da violncia urbana, as dificuldades econmicas, etc. Muitas vezes estes acontecimentos dirios menores, por serem freqentes acabam gerando respostas de estresse tambm, com efeitos psicolgicos e biolgicos para alguns indivduos. (j) Ballone GJ - Ansiedade - in. PsiqWeb, Internet, disponvel emhttp://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2005.

A sintomatologia depressiva muito variada e diferente entre as diferentes pessoas. Para entender melhor essa diversidade de sintomas depressivos, imagina-se que, entre as pessoas, a Depresso seria como uma bebedeira geral, onde cada pessoa alcoolizada ficasse de um jeito; uns alegres, outros tristes, irritados, engraados, dorminhocos, libertinos... O que todos teriam em comum seria o fato de estarem sob efeito do lcool, estariam todos tontos, com os reflexos diminudos, etc. Mas a atitude geral em resposta ao alcoolismo, cada um estaria de um jeito, de seu jeito. Diante da Depresso tambm; cada personalidade se manifestar de uma maneira. A psicopatologia recomenda como vlida a existncia de trs sintomas depressivos bsicos, os quais do origem a variadssimas manifestaes de sintomas. Essa trade da Depresso seria: 1 - Sofrimento Moral, 2 - Inibio Global e, 3 - Estreitamento Vivencial. Compete sensibilidade do observador, relacionar um sentimento, um comportamento, um pensamento ou sentimento, como a expresso individual de um desses trs sintomas bsicos, como sendo a expresso pessoal e adequada da personalidade de cada um diante da Depresso ) Depresso com Ansiedade ou Ansiedade com Depresso? Alguns deprimidos podem apresentar sintomas somticos (fsicos), juntamente ou ao invs dos sintomas emocionais de tristeza, angstia, medo, etc. Esses sintomas fsicos podem ser, por exemplo, dores vagas e imprecisas, tonturas, clicas, falta de ar, e outras queixas de caracterizao clnica complicada. Para a personalidade estes pacientes somticos, talvez seja mais fcil comunicar sua aflio e desespero atravs dos rgos que do discurso. Tambm em crianas e adolescentes a Depresso pode se dissimular sob a forma de um humor irritvel ou rabugento, revoltado e irrequieto, ao invs da tristeza e abatimento. Outras pessoas podem manifestar sua Depresso com irritabilidade aumentada, como por exemplo, crises de raiva, explosividade, sentimentos exagerados de frustrao, tendncia p ara responder a eventos com ataques de ira ou culpando os outros. Na Depresso tambm muito freqente um prejuzo no pensamento, na concentrao e na tomada de decises. Os depressivos podem se queixar de enfraquecimento da memria ou mostrar-se facilmente distrados. A produtividade ocupacional costuma estar tambm prejudicada, notadamente nas profisses intelectualmente exigentes. Em crianas deprimidas pode haver uma queda abrupta no rendimento escolar, como resultado da dificuldade de concentrao.

Freqentemente existem pensamentos sobre a morte nos quadros depressivos. Trata no -se, apenas da ideao suicida tpica mas, sobretudo, de preferir estar morto a viver "desse jeito". Nos idosos as dificuldades de memria podem ser a queixa principal, confundindo isso com os sinais iniciais de demncia. Para entender porque e como existem sintomas de Depresso atpica, temos que falar da coexistncia da Depresso com a ansiedade, sabendo que essa ltima sim, bastante . Saber com certeza se a Ansiedade pode ser uma das causas de Depresso ou se, ao contrrio, a Ansiedade surgindo como conseqncia da Depresso ou, ainda, se uma nova doena independente surge quando Ansiedade e Depresso coexistem num mesmo paciente, tem sido uma questo aberta s pesquisas e reflexes. De fato, a insegurana tpica do estado fbico-ansioso pode ser melhor entendida luz de uma autopercepo pessimista e de uma representao temerosa da realidade, ambos de conotao depressiva. Monedero (1973) considera a angstia como um temor de algo que vai acontecer e a ansiedade como um temor atual, caracterizado pela procura e impacincia apressada, enfatizando um componente humor-congruente depressivo da ansiedade. H ainda autores que admitem a Depresso como uma complicao freqente dos transtornos ansiosos ou que os sintomas ansiosos seriam comuns nas doenas depressivas primrias, aceitando o fato de pacientes com Depresso Primriaapresentarem estados ansiosos graves (Rodney, 1997; Cunningham, 1997). A maioria dos autores, entretanto, afirma que pacientes com pnico primrio, com pnico complicado pela Depresso, com Depresso Primria complicada por pnico ou comDepresso Primria s, oferecem srias dificuldades para se diferenciar nitidamente os estados ansiosos dos depressivos. Uma terceira posio, h tempos cogitada, a ansiosa-depressiva como transtorno unitrio e emancipado, quer da Ansiedade Generalizada, quer da Depresso Maior(Stavrakaki, 1986). Esta postura unitria, diferente daquela que considera ansiedade eDepresso como sendo faces de uma mesma doena, tambm era sustentada porPaykel (1971) e por Downing e Rikels (1974). Schatzberg (1983) diz que os pacientes com quadros mistos de Ansiedade e Depresso exigem terapias diferentes dos grupos de pacientes que apresentam esses quadros isoladamente. Observa que quando as duas sndromes coexistem a evoluo mais crnica, a resposta menor s terapias convencionais e o prognstico pior. Hipotimia ou Depresso Na Hipotimia (humor baixo) ou Depresso, verifica-se o aumento da resposta e da sensibilidade para os sentimentos desagradveis, podendo variar desde o simples mal estar, at o estupor melanclico, ou seja, uma apatia extrema por melancolia. Esse estado de Hipotimia ou Depresso se caracteriza, essencialmente por uma tristeza profunda, normalmente imotivada, que se acompanha de lentido e inibio de todos os processos psquicos. Em suas formas leves a Depresso se revela por um sentimento de malestar, de abatimento, de tristeza, de inutilidade e de incapacidade para realizar qualquer atividade. Faz parte ainda dessa inibio a baixa performance global, a lentido e pobreza dos movimentos, a mmica apagada, a linguagem lenta, montona e as dificuldades pragmticas.

Os pacientes hipotmicos esto dominados por um profundo sentimento de tristeza imotivada. No doente deprimido, as percepes so acompanhadas de uma tonalidade afetiva desagradvel: tudo lhe parece negro. Os doentes perdem completamente o interesse pela vida. Nada lhes interessa do presente nem do futuro e, do passado, so rememorados apenas os acontecimentos desagradveis. As percepes so lentas, montonas, descoloridas. Ao paciente parece que os alimentos perderam o sabor habitual. Nos estados depressivos, as iluses so mais freqentes do que as alucinaes. As idias delirides nos pacientes hipotmicos so comuns, expressando geralmente idias de culpa, de indignidade, runa, pecado e de auto-acusao. O pensamento lento e o prprio ato de pensar acompanhado de um sentimento desagradvel. O contedo do pensamento exprime motivaes dolorosas. O paciente incapaz de livrar-se de suas idias tristes pela simples ao de sua vontade ou dos "pensamentos positivos", como se diz. Os sintomas somticos so bastante evidentes nos pacientes hipotmicos. Osdistrbios vasomotores se traduzem em mos frias, algumas vezes plidas e cianosadas, pela palidez dos lbios e hipotermia. So freqentes os espasmos ou dilataes vasculares, com conseqente oscilao da presso arterial. Os pacientes deprimidos do-nos a impresso de mais velhos. As perturbaes digestivas tambm so constantes, a lngua pode se apresentar saburrosa, h alteraes do apetite, tanto com inapetncia quanto com hiperfagia e constipao intestinal. Os distrbios circulatrios ocasionam um sentimento subjetivo de opresso na regio cardaca, causando a chamada angstia precordial. Em determinados casos, sob a influncia de fatores externos ou em conseqncia de causas internas temporrias, a Depresso pode aumentar de modo considervel, determinando um estado de excitao ansiosa. Quando o paciente, no encontra soluo para seu sofrimento costuma pensar no suicdio. Estados depressivos, entretanto, no so monoplio do Transtorno Depressivo Recorrente ou do Transtorno Afetivo Bipolar. Estados depressivos tambm podem ser observados em todas as psicoses e neuroses. No Transtorno Afetivo Bipolar, entretanto, a Depresso tem uma origem ligada a fatores afetivos internos (sentimentos vitais), que escapam compreenso do doente e de seus familiares. Nas Distimias, nas Reaes Agudas ao Estresse e nas neuroses de modo geral, aDepresso costuma ser mais reativa, isto , mais psicognica (mais anmica que vital), originando-se de situaes psicologicamente compreensveis e de experincias desagradveis. A anormalidade do sentimento depressivo nesses quadros psicognicos est na intensidade e na durao desse afeto em comparao s pessoas normais e no em sua qualidade, como acontece nos Transtornos Afetivos Bipolares. Tipos de Depresso; quanto a origem A Depresso pode estar relacionada tres tipos de situaes: 1. - Situaes Reais 2. - Situaes Anmicas 3. - Situaes Vitais

Os afetos depressivos podem aparecer como uma resposta a SITUAES REAIS, como resposta afetiva do sujeito a alguma coisa acontecida de fato. Diante dos efentos da vida o sujeito reage atravs de uma Reao Vivencial. Como se trata de um sentimento depressivo, uma reao a fatos desagradveis, aborrecedores, frustraes e perdas, falamos em Reao Vivencial Depressiva. Trata-se, neste caso, de uma resposta determinada por fatores vivenciais, vindos "de fora do sujeito", por isso esse tipo de Depresso tambm chamada de Depresso Exgena, ou ainda Depresso Reativa, ou seja, em reao a alguma coisa real e acontecida, uma fonte exgena que pode ser causalmente relacionada quela reao. Pessoas que se encontram depressivas durante uma fase de suas vidas, cuja circunstncia de vida sofrvel, seja como conseqncia de um fato traumtico nico, seja como uma somatria de fatos estressantes, sem que possamos detectar um temperamento depressivo prvio, provavelmente estaro apresentando uma Depresso Reativa. Neste caso, a reao depressiva no pode ser tida como decorrncia de umaTonalidade Afetiva Depressiva de Base, mas como uma resposta emocional uma circunstncia de vida. A Depresso pode aparecer ainda acompanhando ou aparentemente motivada, porSITUA ES ANMICAS (anmico vem de nimo). Neste caso, certas perspectivas futuras, certos anseios e objetivos de vida esto representados intrapsiquicamente de maneira negativa em decorrncia de um "estado de nimo" mais pessimista, mais rebaixado e depressivo. Na Depresso favorecida por uma Situao Anmica h um sentimento depressivo valorizando conjecturas irreais e imaginrias, de tal forma que o panorama atual dos acontecimentos e a expectativa do porvir so funestamente valorizados. Sofre-se por aquilo que no existe ainda ou, muito possivelmente, nem existir. Um exemplo disso a Depresso experimentada diante da possibilidade da perda de um emprego, ou da perspectiva de vir a sofrer de grave doena e assim por diante. Pensa-se assim, sente-se assim quem tem uma situao de nimo depressiva, independentemente do que esteja acontecendo "de fato" na vida. Evidentemente, no se trata aqui, de que tais perspectivas sombrias estejam a alimentar a Depresso, mas muito pelo contrrio, ou seja, a Depresso quem atribui um significado lgubre s possibilidades e perspectivas futuras. No se pode acreditar que, neste caso, exista uma relao causal vivencial solidamente vinculada Depresso, pois, de qualquer forma, as situaes referidas como alimentadoras da Depresso no aconteceram ainda. Em outros termos e de acordo com que se sabe sobre Reaes Vivenciais (veja emAlteraes da Afetividade, na seo Psicopatologia), para justificar uma reao presumivelmente normal, faltaria o elemento estressor, o qual existe apenas na imaginao do paciente. Portanto, lcito pensar j numa Depresso mais profundamente arraigada no ser, a qual, embora atrelada personalidade, utiliza os elementos vivenciais apenas para ilustrar e nutrir uma "necessidade" de sofrimento. H, finalmente, casos de Depresso vindas de um temperamento francamente depressivo, ou seja, no nvel de SITUAES VITAIS. So, neste caso, transtornos da afetividade constitucionais e emancipados dos fatores vivenciais. Isso no impede que sejam desencadeado por vivncias s

traumticas. Trata-se de uma Tonalidade Afetiva Bsica rebaixada e, evidentemente, talhada reagir sempre depressivamente vida. Depois de estabelecido nesta pessoa o estado depressivo, ainda que, desencadeado por fatores reais e externos sua personalidade, tudo mais em sua vida parecer depressivo, at que saia desta fase afetiva. Assim sendo, poder tambm ser pessimista quanto sua situao futura, portanto, depressivo quanto Situaes Imaginrias. As pessoas portadoras de Tonalidade Afetiva Depressiva de Base, por constituio e temperamento, independente dos fatos vividos, sempre estaro tingindo de negro suas perspectivas futuras, as influncias do passado e as condies vivenciais atuais. Nesse caso a Depresso aquela anteriormente denominada, Depresso Endgena. A questo em se saber a natureza endgena ou exgena do estado depressivo, hoje em dia, parece no despertar o mesmo interesse de antes. Os indivduos com caractersticas afetivas depressivas (anteriormente denominados de depressivos endgenos) reagiro sempre aos estmulos da vida da forma consoante ao seu afeto depressivo, portanto, dando -nos a falsa impresso de apresentarem Depresso Reativa: a maioria dos eventos, para eles, ter uma conotao negativa. Por outro lado, a clnica tem mostrado, com freqncia, determinadas vivncias bastante suportveis para alguns, ocasionando, em outros, verdadeiras Reaes Depressivas. Isso nos sugere que tal Reao Depressiva no deve ser atribuda apenas aos elementos vivenciais. No fundo, tem sido tarefa muito penosa estabelecer a natureza da Depresso, considerando o estado afetivo no qual o indivduo se encontra no momento. Nestes casos, recorremos quase sempre personalidade prvia do paciente; se a tonalidade afetiva era, anteriormente, depressiva, h possibilidade deste estado depressivo atual ser de natureza endgena, mas mesmo assim, no ser uma implicao obrigatria. Outras vezes, tambm de acordo com exemplos cotidianos da prtica clnica,personalidades previamente bem adaptadas, sugerindo uma boa adequao afetiva, podero, apresentar fases de profunda Depresso sem motivao vivencial. Procura-se, nestes casos de Depresso sem motivao ambiental, justifica-la como decorrncia da eventual somatria de vivncias passadas. Certeza disso, entretanto, ningum pode ter. Veja continuao de Depresso: - Depresso: Formas Clnicas - Depresso: Sintomas - Depresso: Causas - Depresso: Fisiopatologia - Depresso: Curso e Evoluo

para referir: Ballone GJ - Depresso: O que isso? - in. PsiqWeb, Internet, disponvel emwww.psiqweb.med.br, 2007

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Ataques do Pnico* * texto baseado no DSM.IV (Classificao da Associao Norte-Americana de Psiquiatria) Os ataques de pnico so recorrentes (voltam) e caracterizam essencialmente este distrbio. Essas crises se manifestam por ansiedade aguda e intensa, extremo desconforto, sintomas vegetativos (veja a lista) associados e medo de algo ruim acontecer de repente, como por exemplo da morte iminente, ou passar mal, desmaiar, perder o controle, etc. As crises de ansiedade no Pnico duram minutos e costumam ser inesperadas, ou seja, no seguem situaes especiais, podendo surpreender o paciente em ocasies variadas. No obstante, existem outros pacientes que desenvolvem o episdio de pnico diante de determinadas situaes pr-conhecidas, como por exemplo, dirigindo automveis, diante de grande multido, dentro de bancos, etc. Quando as situaes que precipitam as crises so semelhantes essas, dizemos que o Transtorno do Pnico acompanhado de Agorafobia. Uma vez que os Ataques de Pnico ocorrem em diversos quadros de Ansiedade, um Ataque de Pnico no significa, necessariamente, que existe a clssica Sndrome do Pnico. Pode haver ataque de Pnico na Ansiedade Generalizada, por exemplo. Vejamos ento, o Ataque de Pnico, propriamente dito. )Os ataques que satisfazem todos os demais critrios mas tm menos de 4 sintomas fsicos so chamados de ataques com sintomas limitados. As pessoas que buscam cuidados mdicos para Ataques de Pnico inesperados, geralmente descrevem o medo como intenso e relatam que achavam que estavam prestes a morrer, perder o controle, ter um ataque cardaco ou acidente vascular cerebral ou de "enlouquecer". Eles tambm citam, geralmente, um desejo urgente de fugir de onde quer que o ataque esteja ocorrendo. A falta de ar um sintoma comum nos Ataques de Pnico. O rubor facial comum emAtaques de Pnico ligados a situaes relacionadas ansiedade social e de desempenho. A ansiedade caracterstica de um Ataque de Pnico pode ser diferenciada da ansiedade generalizada por sua natureza intermitente (em crises) enquanto na ansiedade generalizada a ansiedade no vem em crises mas sim, continuada. Quadro 3 - Transtornos de Ansiedade onde podem ocorrer os Ataques de Pnico 1 - Transtorno de Ansiedade,

2 - Fobia Social, 3 - Fobia Especfica, 4 - Transtorno de Estresse Ps-Traumtico, 5 - Transtorno de Estresse Agudo. Na determinao da diferena diagnstica entre um Ataque de Pnico e outro quadro emocional crucial considerar o contexto no qual ocorre o Ataque de Pnico. Existemtrs tipos caractersticos de Ataques de Pnico, com diferentes relacionamentos entre o incio do ataque e a presena ou ausncia de ativadores situacionais: 1 - Ataques de Pnico Inesperados (no evocados), nos quais o incio do Ataque de Pnico no est associado com uma situao ativadora, isto , ocorre espontaneamente, "vindo do nada"; 2 - Ataques de Pnico Ligados a Situaes (evocados), nos quais o Ataque de Pnico ocorre, quase invariavelmente, logo aps exposio ou antecipao a uma situao ativadora, como por ex., ver uma cobra ou um co que sempre ativa um Ataque de Pnico imediato; 3 - Ataques de Pnico Predispostos pela Situao, que tendem mais a ocorrer na exposio a uma situao ativadora, mas no esto invariavelmente associados a ela e no ocorrem necessariamente aps a exposio. Por ex., os ataques tendema ocorrer mais quando o indivduo est dirigindo, mas existem momentos em que a pessoa dirige e no tem um Ataque de Pnico ou momentos em que o Ataque de Pnico ocorre aps dirigir por meia hora. A importncia dessa classificao quanto ao surgimento do ataque prende ao -se conhecimento de que: a - A ocorrncia de Ataques de Pnico inesperados um requisito para o diagnstico de Transtorno de Pnico (com ou sem Agorafobia). b - Ataques de Pnico ligados a situaes so mais caractersticos da Fobia Social e Fobia Especfica. c - Os Ataques de Pnico predispostos por situaes so especialmente freqentes no Transtorno de Pnico, mas s vezes podem ocorrer na Fobia Especfica ou Fobia Social. Fazer a diferena de diagnstico dos Ataques de Pnico complicado pelo fato de nem sempre existir um relacionamento exclusivo entre o diagnstico e o tipo de Ataque de Pnico. Por exemplo, embora o Transtorno de Pnico por definio exija que pelo menos alguns dos Ataques de Pnico sejam inesperados, os indivduos com Transtorno de Pnico muitas vezes relatam ataques ligados a situaes, particularmente no curso mais tardio do transtorno. Normalmente, depois do primeiro ataque as pessoas com Pnico experimentam importante ansiedade e medo de vir a apresentar um segundo episdio. Trata-se de extrema insegurana e por muito tempo essas pessoas continuam achando que sofrem do corao ou, quando se tenta afastar essa possibilidade, mediante uma srie de exames cardiolgicos negativos, pensam ser eminente um derrame cerebral. A ansiedade tanta que os pacientes ficam ansiosos diante da possibilidade de virem a ficar ansiosos. o famoso,"medo de ter medo". Por causa disso, esses pacientes passam a evitar

situaes possivelmente facilitadoras da crise, prejudicando-se socialmente e/ou ocupacionalmente em graus variados. So pessoas que deixam de dirigir, no entram em supermercados cheios, evitam aventurar-se pelas ruas desacompanhadas, no conseguem dormir, no entram em avio, no freqentam shows, evitam edifcios altos, no utilizam elevadores e assim por diante. De qualquer forma a mobilidade social e profissional de tais pacientes encontra-se prejudicada de alguma maneira. Esse o chamado com