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O Papa no centro - agencia.ecclesia.pt · “O Evangelho, esta mensagem de salvação, tem dois destinos ... é o anúncio da verdade em Jesus Cristo, que passa pela dimensão afetiva

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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos,Margarida Duarte, Sónia Neves, Carlos Borges, Catarina Pereira

Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076

MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - Opinião D. António Marcelino (póstumo)16 - A semana de Catarina Pereira16 - Entrevista D. António Marto24- Dossier Nossa Senhora de Fátima

32 - Espaço ECCLESIA40- Internacional44- Cinema46 - Multimédia48 - Estante50 - Vaticano II52 - Agenda54 - Liturgia56 - Programação Religiosa57 - Por estes dias58 - Fundação AIS60 - LusoFonias

Foto da capa: Arlindo HomemFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

D. AntónioMarcelino (1930-2013)[ver+]

Imagem daCapelinha noVaticano[ver+]

Novo bispo dasForças Armadas ede Segurança[ver+]

D. António Marcelino | Tony Neves

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O Papa no centro

Octávio Carmo,Agência Ecclesia

A globalização dos factos e depoimentos detodos os dias e a deterioração da informação temservido para a sucessão de ‘copy paste’ delugares comuns em relação ao pontificado doPapa Francisco, seja na contraposição ao deBento XVI, seja nos alertas que as váriasintervenções do antigo cardeal de Buenos Airestêm provocado. Por mais ultrapassados queestejam determinados quadros de pensamento, éa eles que instintivamente nos agarramos paratentar compreender aquilo que se passa diantedos nossos olhos, seja porque não conseguimosapreender a realidade na sua totalidade, sejaporque já a filtramos com preconceitos.Não têm faltado, por isso, nas últimas semanas,longas e acaloradas entre «apoiantes» e«críticos» do Papa, entre não-crentes ou céticosem relação à Igreja que se «apaixonaram» pelafigura de Francisco e outros não menos céticos,mas em relação ao que o bispo de Roma iráconseguir neste ministério. Não faltou mesmoquem o acusasse de ter abençoado a imigraçãoilegal e de ter, por isso, culpa nas mortes dorecente naufrágio em Lampedusa.Obviamente, no meio continua o Papa, igual a sipróprio, sempre debaixo dos holofotes da opiniãopública, dada a exposição mediática inerente aocargo que ocupa e à popularidade que tem vindoa granjear, algo que o transforma em sinónimode

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audiências. As suas palavras egestos apontam para mais longes,num corpo unitário que não podenem deve ser lido apenas à luzdeste ou daquele fragmento, dosfamosos ‘sound bites’ que cada vezmais determinam a opinião pública.É um desafio e a comunidadecatólica deve assumi-lo, tambémcomo serviço à sua própriaidentidade, à dimensão espiritualque a estrutura e diferencia.Francisco vai estar mais perto dosportugueses, quando a imagemvenerada na Capelinha dasAparições se deslocar ao Vaticano.Numa inversão dos papéishabituais, é o ícone do

catolicismo no nosso país que visitao Papa, num momento grandesignificado, inserido no Ano da Fé.As palavras que se pronunciaremnesta ocasião merecem, por isso,uma escuta e releitura cuidadas,para fugir a interpretações desuperfície que se limitem a duas outrês polémicas estéreis e escondamo essencial.Poderá o Papa continuar no centrodas atenções, mas estou certo deque o próprio manterá o rumo quetem seguido, apresentando-se comoportador de uma mensagem quenão é sua nem fala sobre si, masaponta ao sentido da vida, darelação entre as pessoas e destascom Deus.

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“A Igreja é católica porque é universal, está espalhada por todas aspartes do mundo e anuncia o Evangelho a todos os homens e todasas mulheres.” Papa Francisco, Praça de São Pedro. 9/10

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“Quero sublinhá-lo, até porque éum elemento que vivi muitoquando era arcebispo emBuenos Aires: a importância desair para ir ao encontro dooutro, nas periferias, que sãolocais mas são sobretudopessoas, situações de vida”.Papa Francisco, na Catedral de SãoRufino em Assis. 4/10 “Quando falamos de internetestamos a falar de vida, não deuma ferramenta, deinstrumentos, mas de umambiente de evangelização”.Padre Antonio Spadaro, Jornadasde Comunicação Social, Fátima.4/10 “O Evangelho, esta mensagemde salvação, tem dois destinosque estão ligados: o primeiro ésuscitar a fé, e isso é aevangelização; o segundo étransformar o mundo segundo odesígnio de Deus”. PapaFrancisco, Praça da Basílica deSanta Maria dos Anjos, em Assis.4/10

“Os bispos veem com grandepreocupação o possível cortenas pensões de sobrevivência ede viuvez. A primeira coisa queesperam é que o Governo possaesclarecer convenientemente oque se vai passar e de que setrata”. Padre Manuel Morujão,porta-voz da CEP, Fátima. 8/10 “O que eu espero, comhonestidade, é que até ao finaldo primeiro semestre dopróximo ano este período deemergência que estamos a viverpossa ser encerrado e nóspossamos retornar a umcaminho de crescimento queseja melhor do que aquele quetivemos no passado”. PedroPassos Coelho, "O País Pergunta"na RTP, 9/10

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Morreu D. António MarcelinoD. António Marcelino, bispo eméritode Aveiro, faleceu esta quarta-feiraaos 83 anos de idade, no HospitalInfante D. Pedro, da cidade,anunciou a diocese em comunicadoenviado à Agência ECCLESIA.D. António Marcelino foi nomeadobispo coadjutor da Diocese deAveiro em 1980, tendo sido bisporesidencial de 20 de janeiro de 1988a 21 de setembro de 2006, quandofoi substituído por D. AntónioFrancisco dos Santos. O seu funeralvai decorrer às 15h00 de sexta-feira, na Sé de Aveiro, seguindodepois o cortejo fúnebre para ocemitério central da cidade.Natural de Castelo Branco, ondenasceu a 21 de setembro de 1930,D. António Marcelino foi ordenadopadre em 1955, bispo auxiliar doPatriarcado de Lisboa em 1975 ecoadjutor da Diocese de Aveiro em1980, sucedendo a D. Manuel deAlmeida Trindade no dia 20 dejaneiro de 1988. “Julgo que melhorherança à diocese não podia eu terdeixado. Aveiro bem merece pelodesenvolvimento que tem tido umbispo com a inteligência e

a capacidade de trabalho de D.António Marcelino”, escrevia naaltura D. Manuel de AlmeidaTrindade no jornal 'Correio doVouga'. D. António Marcelino escreviaregularmente no SemanárioECCLESIA e no 'Correio do Vouga'.O tema da renovação da Igrejamereceu recorrentes reflexões porparte de D. António Marcelino, emartigos de opinião, o último dosquais publicado hoje, a títulopóstumo.D. António Marcelino foi vice-presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP) entre1999 e 2005, participando noSínodo dos Bispos sobre a Europaem 1991 e em 1999; presidiu àvisita dos bispos de Portugal aoVaticano, em 1999.Na Diocese de Aveiro, criou oInstituto de Ciências Religiosas epromoveu um Sínodo ente 1990 e1995, entre outras iniciativas.O prelado foi presidente dascomissões episcopais da CEP paraas Comunicações Sociais - ondeesteve na origem do programa

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«70x7» -, a Ação Social, a Família eo Apostolado dos Leigos.Em 2000, quando completou 25anos de bispo, D. António Marcelinofoi agraciado pelo então presidenteda República Portuguesa, JorgeSampaio, com a Grã-Cruz da Ordemde Mérito, uma das mais altascondecorações do Estado.

O falecido bispo assinou ainda oslivros ‘Pedaços de vida que geramvida’ e ‘A vida também se lê’.D. António Francisco dos Santos,bispo de Aveiro, escreveu umamensagem à diocese onde destacao percurso e a ação do falecidobispo emérito com alguém “sempreatento aos sinais dos tempos”.

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Novo bispo das Forças Armadase de SegurançaO novo bispo das Forças Armadas ede Segurança disse hoje à AgênciaECCLESIA que pretende assumireste setor com “atenção” àrealidade e “discrição” na suaatuação, face às dificuldades que opaís enfrenta.“A minha missão, evidentemente,não é de natureza sindical, é oanúncio da verdade em JesusCristo, que passa pela dimensãoafetiva e sociocaritativa, isto é, apresença de quem pode dar ajuda aquem dela precisa, uma ajuda quenão é meramente de ordemeconómica”, revelou D. ManuelLinda, de 57 anos, que o Papanomeou esta quinta-feira comoordinário castrense em Portugal,sucedendo a D. Januário TorgalFerreira, que resignou por limite deidade.O novo responsável pelo setor dasForças Armadas e de Segurançaera bispo auxiliar da Diocese deBraga desde junho de 2009, tendosido ordenado em setembro domesmo ano, na Catedral de VilaReal, e vai passar a residir emLisboa.“Procurarei estar com atenção

e chamar a atenção de quem dedireito, se o caso o justificar, mas fá-lo-ei sempre de forma muitodiscreta”, adianta o bispo, natural daDiocese de Lamego, quandoquestionado sobre os efeitos dacrise económica nos profissionais dosetor.O ordinário castrense foi capelãomilitar há três décadas e admite quea realidade hoje é “muito diferente”,apesar de essa experiência lhepermitir agora conhecer“minimamente o estilo de vida noambiente militar”.O prelado destaca que vai ter amissão “exclusiva” de liderar oOrdinariato Castrense. “A Santa Séquer valorizar a função de ordináriocastrense, em pé de igualdade comos bispos diocesanos”, sublinha.

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Portugal vai ter novo beato

O religioso português Mário Félix,da Congregação das EscolasCristãs, vai ser declaro beato estedomingo, em Espanha, numacerimónia conjunta para abeatificação de 522 mártires daGuerra Civil (1936-1939).Manuel José de Sousa nasceu emSanta Marta de Bouro, a 27 dedezembro de 1860, tendo sidofuzilado em Griñon, após 48 anosde vida religiosa, na qual assumiu onome de Mário Félix.

Pelas 13h00 de 28 de julho de 1936“centenas de revolucionáriosinvadiram o convento onderestavam poucos religiosos e osjovens noviços”, recorda a páginada arquidiocese.D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga,dirigiu uma mensagem à diocese naqual assinala que a beatificação doirmão Mário Félix “é mais uma graçaque não pode ser desconhecida oudesconsiderada”.

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Ensino público com escola estatal,privada e cooperativa

D. António Marcelino(O texto do bispo eméritofoi escritopropositadamente paraesta edição e é publicadoa título póstumo)

Cada dia, em alguns aspetos, a democracia vemameaçando virar ditadura. Em relação a umproblema nacional importante, finalmente hácoragem para romper o muro do sectarismo edos interesses partidários e corporativos, paraque a democracia se afirme. O problema não énovo. Com vários resistentes, a luta pelo ensinopúblico nas escolas privadas, trava-se há maisde quarenta anos.O dever do Estado social não é ser Estadoprovidência e, no caso, não é criar escolaspróprias, desconhecendo as existentes, masgarantir que todos os cidadãos tenham,progressivamente, em regime de liberdade e emclima de proposta qualificada um ensino públicode qualidade, acessível a todos. O Estado devegarantir a todos os pais este ensino, seja eleministrado em escolas estatais ou privadas ecooperativas. A nomenclatura constitucional nãorespeita neste ponto a democracia.Os pais pagam os seus impostos, mas têm-lhessido negado este direito. Em contradição compaíses evoluídos da UE, espalhou-se a ideia deque o ensino privado é elitista e para os ricos. Sóa escola estatal, diz-se, é para os pobres e nelase garante, sem discriminações, o ensino paratodos. A história desmente por completo estepreconceito em relação a escolas com

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contrato de associação. É destasque falo. Os Estados socialistas,extremos ou moderados, à reveliado direito constitucional de ensinare de aprender, acorrentam aliberdade a projetos ideológicos,fazendo do Estado o dono e patrãodas crianças e dos jovens. Não sechegou a exportá-las. Outros ofizeram. Foi sempre este o rumo dosgovernos totalitários e dos que odesejam ser.A escola privada, situada durantedécadas no meio do povo, foidestruída pelo furor vândalo doPREC, incapaz de respeitar o

mesmo povo, a sua história ecultura, a iniciativa privada,a entrega à causa de quem levava,generosamente, o saber escolar aopovo, esquecido e abandonado nointerior do país. Sou testemunhaviva de casos escandalosos dedestruição e asfixia programada deprojetos sérios e apaixonantes afavor do povo, para gente que senão assim, não iria além dainstrução primária.Sem escolas do Estado, depressasurgiu a necessidade de recorrer àsescolas privadas que aindarestavam. Fizeram-se contratos

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de associação com exigênciasnormais de escolas para todos.Porém, o bichinho estatizantepermaneceu. A medida era um malmenor e os contratos só tinhamrazão de ser, dizia-se onde asescolas estatais ainda não atingiamtoda a população escolar. O ensinoprivado era apenas supletivo. Paraestrangular o que restava acelerou-se a construção escolas estatais emtodo o lado. Esbanjou-se o modestoerário, edificando edifícios novosonde havia escolas privadas comótimas instalações, com prestígio,bem apetrechadas, a funcionar empleno, cada ano desde a aberturadas aulas. Como se não chegasse,reduziram-se turmas a estas escolase diminuiu-se, arbitrariamente, ocontributo por turma, à revelia doacordo feito. Parecia urgenteinviabilizar o seu normalfuncionamento. As zonas escolareseram sempre favoráveis às escolasestatais, em detrimento das outrasque existiam no território. O rumopara o socialismo, desprezou aliberdade constitucional. O espiritodemocrático foi

abafado. Esqueceu-se a sociedadecivil com suas capacidades elegitimas iniciativas. Marcou-se, aprazo, o termo das escolas comacordos de associação… Emmomentos de pronúncia festiva, osgovernantes, porém, louvavam asescolas privadas. As suasassociações representativas nuncase calaram na defesa dos direitosdos pais e dos alunos. Mas eraminterlocutores menores…É dever do Estado garantir, pormeios adequados e justos, todo oensino público, qualquer que seja aescola que o ministre. Competeestabelecer regras de justiça quegarantam a seriedade, tanto doensino público, estatal ou privado,dos responsáveis da escola, dequem aí é professor educador. Épreciso deixar espaço à legítimaconcorrência dos projetoseducativos e dos meiospedagógicos, à capacidade deinovação, à exigente apresentaçãode contas dos dinheiros investidos,qualquer que seja a natureza daescola. Por defesa da escola estatale por pressões corporativas dospartidos políticos ou dos sindicatosde professores, o país não podepassar

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ao lado de negações democráticase de injustiças discriminatórias.As medidas anunciadas peloMinistro da Educação já começarama ser contestadas por críticos epolíticos, partidos e sindicatos, e porentrevistas manipuladas nos media.Tudo

com preconceitos e ideias feitas àbase de slogans bafientos. Erainevitável. Do seu deverdemocrático, neste e noutroscampos, um governo responsávelnão pode desistir, nem ter medo deavançar, pese embora aos habituaiscríticos de pensar unidimensional.

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Final das jornadas da comunicaçãosociale novo corte nas pensões

Catarina PereiraAgência ECCLESIA

As jornadas da comunicação social, tãodivulgadas durante os últimos dias, tiveramfinalmente o seu término e, sem dúvida, quecorresponderam às expectativas dosprofissionais envolvidos na sua organização.Numa altura em que tanto se utiliza as novastecnologias mas tão pouco se pensa sobre elas,é empolgante ver dezenas de pessoas em voltade colóquios que discutiam o espaço digital e asua utilidade na Igreja e na sociedade.Pessoalmente foi a primeira participação nasjornadas da comunicação social e digo, comagrado, que não esperava ver tantas pessoascom interesse e ânimo a questionar e a esmiuçarum tema que, à partida, é uma ferramenta queincita à “preguiça” intelectual. Talvez este tipo deconferências e debates sejam o primeiro passopara um avanço real na boa utilização doambiente digital por parte dos meios decomunicação social, que tantas vezes privilegiama quantidade e a rapidez em detrimento daqualidade das notícias que publicam.Como não poderia deixar de ser, o PapaFrancisco esteve também em destaque nasjornadas e a presença do diretor da revista “LaCiviltá Católica”, o padre António Spadaro, foiuma oportunidade única para serem colocadasquestões sobre o tão popular Papa Franciscoque tem enchido páginas

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infindas de jornais com as suas tão“polémicas” orientações e atitudes.Assim dou o mote para o segundotema e que se prende com mais umcorte nas pensões, desta vez desobrevivência, anunciado estasemana pelo Primeiro-ministro.Talvez a quantidade exorbitante denotícias sobre o Papa Franciscoseja eficaz a camuflar outrasnotícias menos positivas, massempre que a palavra “corte”aparece em manchete de algumjornal a atenção dos portugueses éimediatamente captada. Talvezporque a repetição sucessiva dapalavra “corte” seja sinónimo de umaumento fulminante nas filas dasassociações de caridade, que nestaaltura não devem ter meios paraconseguir chegar a todas asnecessidades. E enquanto as famílias tentam

encontrar formas de pagar a rendado próximo mês, o Primeiro-ministroilude os portugueses com a ideia deuma democracia próxima do povo aoconcordar ser questionado, emdireto, por 20 cidadãos (bem)selecionados para o efeito. Numdiscurso bem construído mas ondenão apresentou nada de novo,Passos Coelho justificou e defendeuo indefensável perante milhares deespectadores que já dão o casocomo “perdido”.O melhor é que as sobrelotadasassociações de solidariedade, sejamelas ligadas ou não à Igreja,comecem a pensar em alternativasde auxílio como sendo a únicasolução viável de quem ésucessivamente desiludido poraqueles que, supostamente, deviam“tomar conta de nós”.

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Viagem inédita reforça ligação de Fátima ao papadoO bispo da Diocese Leiria-Fátima, afirma que a viagem aoVaticano da imagem venerada naCapelinha das Aparições vaireforçar a ligação do papado àmensagem de Fátima e adimensão mundial do santuário.Segundo D. António Marto estaescolha é “uma homenagem” eum “motivo de alegria e dehonra” que se deve facto deNossa Senhora de Fátima ser“um ícone representativo paratodo o mundo cristão”. Agência ECCLESIA (AE) – Quesignificado tem esta terceira viagemda imagem ao Vaticano, colocandoNossa Senhora de Fátima no centrodesta jornada mariana?D. António Marto (AM) - Em primeirolugar foi uma surpresa, foi umtelefonema que recebi de Roma, daparte do Pontifício Conselho para aNova Evangelização, monsenhorRino Fisichella, em meados dejaneiro de 2013, a fazer o pedidoem nome do Santo Padre, BentoXVI, na altura, para permitirmos adeslocação da imagem até Roma,neste dia 13 de outubro. A primeirareação

foi dizermos: “Bom, mas nós tambémtemos a peregrinação internacionalnessa altura”. Depois D. RinoFisichella disse: “Foi o Santo Padreque pediu” e diante disso, respondique ao Santo Padre nunca se dizque não.Entretanto o Santo Padre pediu aresignação e depois em Maio veiouma carta a confirmar que o PapaFrancisco também manifestava omesmo desejo.A ida insere-se no Ano da Fé: foiorganizada uma grandeperegrinação de todos osmovimentos marianos a Roma epara surpresa nossa foi entãoescolhida a imagem original deNossa Senhora de Fátima, porquesegundo as palavras mais ou menostextuais “é o ícone maisrepresentativo para todo o mundocristão”. Isso para nós é motivo dealegria e até de honra.

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AM - Em primeiro lugar pois é umahomenagem, uma presença deNossa Senhora como ícone da fé,aquela que é a testemunha porexcelência e o modelo porexcelência da fé. Depois é a imagemde Nossa Senhora de Fátima queveio aqui, trazendo uma mensagemdo céu à terra, num momentohistórico da humanidade em quecorria o risco de uma autodestruiçãoe a Igreja também corria o risco doaniquilamento por parte daperseguição de poderes ou daspotencias ateias.Nossa Senhora veio despertar a fédo mundo e a fé da igreja nestesnovos tempos e agora no início donovo milénio, o ano da fé, foitambém para chamar os cristãos aredescobrir a beleza, a alegria e oentusiasmo e a coragem.

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AE - A consagração ao mundo, quejá foi feita por João Paulo II, poderiaser feita por outra imagem, nãofaltam ícones marianos no Vaticano…AM - Sim, naturalmente, e issoacentua exatamente a ligação àMensagem de Fátima e a Fátima. OSantuário existe por causa damensagem, para a difundir e porconseguinte também para a atualidade da mensagem. E um dosatos significativos, depois daJornada Mariana, é a consagraçãodo mundo ao Coração Imaculado deMaria, que já foi feita pelo Papa PioXII, por Paulo VI, depois por JoãoPaulo II e agora é repetida mais umavez no início do milénio, para confiaro mundo neste momento deescuridão e de ameaças deguerras, como acabamos ainda depresenciar, são guerras regionaismas que envolvem hojepraticamente o mundo. Depois,confiar o mundo a Maria, à suaproteção materna, englobando, istoé, envolvendo toda a Igreja, todosos cristãos, sobretudo, quer dizer,que todos se sintam unidos nesteempenhamento, quer através daoração para os levar também àação na causa da paz, portanto,não é uma fuga à realidade.

Nossa Senhora também nos querenvolver nesta causa da paz atodos. AE - O mundo ainda está a tentarperceber que ligação tem o PapaFrancisco ao Santuário de Fátima ea Maria.AM - A devoção mariana do PapaFrancisco é conhecida e foi dada a ver a toda a gente, quer logo noinício do pontificado, quando foi nodia seguinte tomar posse do seuministério foi à Basílica de SantaMaria Maior, foi confiar o ministério aNossa Senhora, e depois no Brasil,no Santuário de Aparecida. Mas ointeressante é que o Santo Padretambém se referiu a Fátima num dosAngelus.Esperemos que um dia o possamosreceber aqui também no Santuário,quanto mais não seja sobretudonessa data, em 13 de maio de 2017,no centenário das aparições.

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AE - A vinda do Secretário deEstado, D. Tarcisio Bertone, parapresidir às celebrações de 12 e 13de outubro, no Santuário de Fátima,assume também uma importânciaespecial?AM - Sim, nós quisemos fazer destaúltima peregrinação aniversariainternacional como que o cume dacelebração do Ano da Fé equisemos também manifestar anossa comunhão particular eespecial com o Santo Padre nessemomento em que a imagem está emRoma, também num momento emque faz a consagração do mundo aoImaculado Coração de Maria.Tivemos a felicidade de podercontar com a presença do cardealsecretário de Estado, que vemrealçar esta comunhão e estasintonia do Santo Padre com oSantuário. AE – O cardeal Bertone tambémtem uma ligação a Fátima, teveligação à irmã Lúcia, o que é queisso pode significar?AM - Sim, ele deve ser das pessoasque tem mais

proximidade e conhece mais pordentro a Mensagem de Fátima etodas estas vicissitudes que a foramacompanhando sobretudo a partirdo pontificado de João Paulo II, foi oenviado especial do Papa JoãoPaulo II para dialogar com a Irmãlúcia acerca da interpretação da 3ªparte do segredo, acerca daconsagração do mundo ao CoraçãoImaculado de Maria. O cardealsecretário de Estado escreveu umlivro muito lindo sobre a últimavidente, que também foi traduzidopara português, que se lê com todoo gosto; mesmo agora, em relação àcelebração do centenário acerca deiniciativas que ainda vamos tomar,manifestou sempre toda a aberturae toda a disponibilidade para nosajudar. Nesse sentido, é tambémuma gratidão para nós em relação àsua pessoa por tudo o que tem feitopor Fátima.

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AE - podemos esperar um anúnciode beatificação ou canonização coma sua vinda, dada a proximidadecom a mensagem e a Irmã lúcia?AM - Para já não. Nós não podemosultrapassar os acontecimentos, querdizer que é preciso seguir todos ospassos. O processo está a andar,refiro-me a um processo decanonização dos pastorinhos – oprocesso de beatificação da IrmãLúcia decorre pela diocese decoimbra onde viveu e morreu, está aandar mas com um ritmo próprio,não podemos apressar só porquevem cá o cardeal.

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AE - De alguma forma, o cardealencerra as suas funções nosantuário, uma vez que dias depoisvai ser substituído no cargo. Temum significado importante, vir aFátima?AM - Sem dúvida, ele vem naqualidade de secretário do SantoPadre, podia até já ter resignado evinha como ex-secretário de Estado.Aqui tem maior peso, significado emaior alcance, quer a vinda dele,quer a coincidência da sua vindacom a ida da imagem a Roma, issomanifesta e põe em relevo adimensão mundial da mensagem e adimensão mundial do Santuário deFátima, é uma graça e uma honrapara Fátima.

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AE – É isso que estará no centronos dias 12 e 13?AM - Sim mas enquadrada portantoagora dentro do Ano da Fé e dessegesto da consagração do mundo aoImaculado Coração de Maria. AE - De que forma as pessoasdaqui se vão unir ao Vaticanonesses dias?AM - Não vamos fazer nada deespecial, mas colocamos essaintenção e já demos a sugestãonaturalmente para o cardealtambém se referir a isso numa dassuas homilias. AE – A mudança do secretário deEstado é uma das que o Papa estáa iniciar dentro do Vaticano. Poderáesta ida da imagem ser de algumaforma inspiradora para essasmudanças?AM - Pode ter sido inspiradora jápara João Paulo II, naquele examede consciência e no pedido doperdão dos pecados da Igreja noano 2000, no ano da redenção. Eupenso que a Mensagem de Fátimafoi um grande convite à Igreja afazer um exame de consciência etambém a penitência.

É possível que tenha inspiradotambém o Bento XVI quando aquiesteve numa altura difícil da Igreja eaplicou a Mensagem de Fátima o naviagem de avião desde Roma, aoafirmar que o grande inimigo daIgreja não são os de fora, mas opecado que está dentro da Igreja epossivelmente pode ter inspiradotambém para tomar aquela atitudede dar o lugar a outro (renúncia),dizia ele para o bem da Igreja.

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De avião e helicóptero até aoVaticanoA imagem de Nossa Senhora deFátima venerada na Capelinha dasAparições vai estar no Vaticano estesábado e domingo, após umaviagem de avião e helicópterodesde Portugal. Marco Daniel,diretor do Museu do Santuário deFátima e responsável pela secçãode Arte e Património da instituição,referiu à Agência ECCLESIA que aestátua ficará fora do país “omínimo de horas” possível, segundoindicações do reitor do santuário.A viagem da imagem vai iniciar-se“na madrugada” deste sábado, naCova da Iria: depois de uma“brevíssima oração”, a imagemoriginal será “retirada pelos técnicosdo santuário” e colocada no seu“estojo próprio”.“A coroa irá numa embalagemprópria e a estátua noutra”, adiantaMarco Daniel.A estátua de José Ferreira Thedimviaja até Roma num voo da TAP,porque o reitor do Santuário “nãoachou conveniente que fosse umavião propositadamente” para oefeito.“A viagem será feita no lugar dospassageiros”, revelou ainda MarcoDaniel.

A comitiva que leva a imagem NossaSenhora do Rosário de Fátima “épequena”, incluindo o reitor, padreCarlos Cabecinhas, alguns dos seuscolaboradores e os técnicos quevão transportar a imagem paralugares onde será colocada àveneração dos fiéis, quer noVaticano quer no Santuário doDivino Amor (Roma).Do aeroporto romano até aoVaticano, a imagem “viaja dehelicóptero” e terá “toda asegurança” garantida pela Santa Sé.Entre sábado e domingo, a Praça deSão Pedro será “o lugar de todas asnações” e a imagem de Fátima “vaipercorrer” o local para ser veneradapelos fiéis que participem naJornada Mariana do Ano da Fé,presidida pelo Papa.A imagem de Nossa Senhora deFátima vai estar também noSantuário do Divino Amor, após umtrajeto em helicóptero, para aoração ‘Com Maria para além danoite’.A imagem ficará em vigília toda anoite e por volta das cinco damadrugada vai ser celebrada umamissa; finda a celebração, a

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escultura sairá, novamente, para oVaticano, onde deve chegar pelas08h00 de Roma, seguindo-se aoração do Rosário (10h00) e amissa presidida pelo PapaFrancisco (10h30).Após a celebração, “está previsto”que a imagem de Nossa Senhora doRosário de Fátima “percorra aPraça de São Pedro”, disse MarcoDanielDepois da jornada mariana, a

escultura seguirá do heliporto doVaticano até ao aeroporto de Roma.Após a chegada a Lisboa, na noitede domingo, a imagem volta ao seulocal habitual, a Capelinha dasAparições, e só nessa altura o“coração” do responsável “ficarátranquilo” porque está em causa“um dos ícones mas importantes docatolicismo contemporâneo”.

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Servita recorda ida da imagemda Capelinha a Roma em 2000

Francisco Noronha de Andrade, daAssociação dos Servitas,acompanhou a segunda viagem daimagem de Nossa Senhora, daCapelinha das Aparições, aoVaticano, e testemunha o “últimoacontecimento do Jubileu do ano2000”.“Nós subimos até aos aposentos doPapa e estava à nossa espera umpequeno grupo de pessoas com umandor para levar a Nossa Senhorade Fátima para a capela. Eu tirei aimagem do estojo branco, com acoroa ao lado, e começámos a pô-lano andor pequeno, que tem de serpresa com um parafusos comoacontece em Fátima, e não resultou.Havia um problema, lembro-me quefiquei nervoso, e alguém diz que oPapa está à espera”, revelouFrancisco Noronha de Andrade.Depois, dois membros do Vaticanopegaram na escultura, formaramuma pequena procissão, e entraramna capela onde estava o Papa JoãoPaulo II.

Os dois elementos da Associaçãodos Servitas de Nossa Senhoraficaram “ligeiramente” para trás, aarrumar os estojos, e a GuardaSuíça não os deixou entrar: “Aindarefilei e disse que fazíamos parte dacomitiva. Um padre que ficou aonosso lado e percebeu a históriatoda diz ‘sacrifício da Madonna(Nossa Senhora), aceita’”.Na véspera da cerimónia deconsagração do mundo, na Praçade São Pedro, enquanto rezavam oterço os ecrãs começam a transmitirde Portugal e “o último mistério foirezado e conduzido pela irmã Lúcia,uma coisa fantástica”, recorda.Nesta viagem, no ano 2000,Francisco Noronha de Andrade tevecomo companheiros de viagem D.Serafim Ferreira e Silva, monsenhorLuciano Guerra, na épocarespetivamente bispo de Leiria-Fátima e reitor do Santuário daCova da Iria, e João Castro, tambémservita.

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Da viagem de avião para Roma, aimagem de Nossa Senhora deFátima e a coroa não foram para oporão e o interlocutor assinala um“pormenor engraçado” de que nãose esquece: “D. Serafim abriu umbocadinho o estojo e rezamos noavião com 200 pessoas, todos arezar uma ave-maria, foi um silêncio,um sucesso, a equipa toda do aviãoa aceitar isso e o comandantetambém veio ter connosco”.

Passados 13 anos, FranciscoNoronha de Andrade revela quenunca sentiu o peso daresponsabilidade, mas “um prazer euma graça imensa” pelo que estavaa acontecer.“É um pedido excecional podermoslevar a imagem da capelinha, é oaltar do mundo e quando vivemosisso sabemos que Fátima estápresente no mundo”, acrescenta.

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Primeira viagem da imagemda Capelinha ao VaticanoRui Correia de Oliveira, servita deFátima, acompanhou em 1984 aprimeira viagem ao Vaticano daimagem de Nossa Senhora,venerada na Capelinha dasAparições, numa iniciativa dofalecido Papa João Paulo II. “Oandor de Nossa Senhora foicolocado no altar da confissão, istoé, exatamente na vertical do túmulode São Pedro e, enquanto o PapaJoão Paulo II se desparamentava,fiquei a olhar para o altar, a muitosmetros de distância, e via a imagem,pequenina e branca”, começa porexplicar Rui Correia de Oliveira,diretor bancário, que só depoisdeste primeiro impacto é quepercebeu “o mistério e a grandeza”do convite para esta consagração.O segundo momento, em que oantigo servita percebeu que estavaa presenciar um momento históricoda Igreja, foi quando João Paulo II,nessa tarde do dia a 25 de marçode 1984, se despediu de NossaSenhora, “numa conversa emdiscurso direto”.

“O Papa colocou-se ao lado daimagem e disse, ‘Maria, Senhora, euestou aqui para te agradecer teresestado comigo estes dias e o tempoque estive em oração contigo’”,assinala à ECCLESIA, destacandoque estas palavras foram“carregadas de verdade, de sentidoe proximidade”.No planeamento da viagem osservitas depararam-se com o factode não terem como acomodar aescultura para transportá-la comdignidade, pelo que nessa altura foiconfecionado um estojo “deexcelente qualidade, em pele, muitobonito”.Durante a viagem, a obra viajoujunto dos servitas e dos restantespassageiros, uma peregrinação quetambém se “deslocava a Roma”para participar na consagração domundo ao Imaculado Coração deMaria: “Quando se soube houvealgum alvoroço e todas as pessoasse levantavam e discretamentepassavam perto da imagem”.Os servitas para tocarem naescultura usam luvas

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brancas e o interlocutor explica queaconselham que ninguém mais ofaça, até porque “não é precisotocar para se ter devoção”.Na memória de Rui Correia deOliveira continuam as imagens dosgestos de João Paulo II, e não oesquece a chorar, em silêncio,comovido, com o lenço branco adizer adeus à Nossa Senhora, amaneira como beijou a imagem oucomo pôs as mãos: “O Papa nissoera totalmente afetivo, portantodava beijos, fazia festinhas àimagem, tudo aquilo que nósachamos que não era

necessário. O Papa não tinha essetipo de problema”.Para o diretor bancário estademonstração de afeto revela“intimidade” e uma “relação maternalque era verdade” porque o Papa“desde sempre adotou a NossaSenhora como a segunda mãe. Nãoera uma imagem de retórica, erauma imagem vivencial e ali era muitoevidente”.“Olhar para ele foi sempre umconsolo para mim”, assinala RuiCorreia de Oliveira.

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Imagem deixou Fátima em 11ocasiõesA imagem da Virgem de Fátimavenerada na Capelinha dasAparições vai viajar até ao Vaticanopara uma celebração deconsagração do mundo aoImaculado Coração de Maria, apedido do Papa Bento XVI, agoraemérito, confirmado por Francisco.Esta será a primeira vez que aimagem vai estar ausente da Covada Iria (Distrito de Santarém,Diocese de Leiria-Fátima) duranteuma peregrinação internacionalaniversária, celebradas nos dias 13de cada mês entre maio e outubro,evocando as seis aparições deNossa Senhora aos pastorinhos em1917.A consagração do mundo aoImaculado Coração de Maria foirealizada por João Paulo II (1920-2005), diante da mesma imagem, a25 de março de 1984, na Praça deSão Pedro, Vaticano.O Papa polaco, que visitou Fátimaem três ocasiões (1982, 1991,2000), proferiu então diante daimagem da Virgem o ‘ato deconsagração’ que já tinha feito naCova da Iria, a 13 de maio de 1982.

“A força desta consagraçãopermanece por todos os tempos eabrange todos os homens, os povose as nações”, disse João Paulo II,que entregou a D. Alberto Cosme doAmaral, bispo de Leiria-Fátima(falecido a 7 de outubro de 2005) abala que o tinha atingido noatentado de que tinha sido vítima a13 de maio de 1981.Pio XII tinha realizado a consagraçãodo mundo ao coração Imaculado deMaria em 1942 e 1952, tendo comopano de fundo o sofrimentoprovocado pela II Guerra Mundial.A imagem da Capelinha dasAparições voltaria ao Vaticano a 8de outubro do ano 2000, quandoJoão Paulo II decidiu consagrar onovo milénio à Virgem Maria, napresença de 1500 bispos de todo omundo.A imagem apenas deixa a Capelinhadas Aparições em situaçõesconsideradas “muito especiais”,segundo explicou o reitor doSantuário, e esta será a 12ª ocasiãoem que tal acontece.Além das duas viagens ao Vaticano,a escultura

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esteve em Lisboa (1942 e 2005),Estremadura e Ribatejo (1946),Alentejo e Algarve com passagenspor Espanha (outubro de 1947 ajaneiro de 1948), Madrid e outraslocalidades de Espanha (22 de maioe 2 de junho de 1948), Diocese deLeiria (1951 e 2010), Santuário deCristo Rei e Lisboa (1959 e 2009).

No comentário teológico ao ‘segredode Fátima’, o então cardeal JosephRatzinger, hoje o Papa emérito deBento XVI, apresentava como“palavra-chave” para a mensagemtransmitida aos pastorinhos a frase‘O meu Imaculado Coraçãotriunfará’.

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Marca eclesiológica distinguerevelaçõesna Cova da IriaA postuladora da Causa deCanonização dos Pastorinhos deFátima considera que é “muitosignificativo” que o Papa tenhaescolhido a imagem da Capelinhadas Aparições para ser o “ícone deMaria” e confirma a sua ligação àIgreja.“Há uma diferença substancial namensagem: enquanto outrasaparições se remetem para aspetosparticulares, Fátima abarca muitostemas da nossa espiritualidade, danossa Igreja e da nossa teologia”,considera a irmã Ângela Coelho.A postuladora da Causa deCanonização dos Pastorinhosreferiu à Agência ECCLESIA que naterceira parte do Segredo de Fátimafala-se num “bispo vestido debranco”, o Papa, que agora pedepara que a imagem das apariçõesna Cova da Iria seja o “ícone deMaria” presente na JornadaMariana, em Roma.“Na terceira parte do segredo, ospastorinhos vêm o bispo vestido debranco. E é agora e o bispo

vestido de branco que pede que lává a imagem de Nossa Senhora. Eos pastorinhos são levados a amara Igreja, a sacrificar-se a rezar porela”, afirmou.“É esta ligação de Fátima com aIgreja, que está presente namensagem e é diferente de outrasaparições, que vemos traduzidanesta Jornada Mariana, no Ano daFé”, disse a irmã Ângela à agênciaECCLESIA.A postuladora da Causa deCanonização dos Pastorinhos deFátima considera também que amensagem deixada na Cova da Iria,em 1917, "abarca um grandeperíodo da História”, fala “para oséculo XX” e “também para o séculoXXII”.A irmã Ângela Coelho considera queFátima, mais do que um lugar, “éuma mensagem que diz respeito aomundo” e propõe uma “atualizaçãodo Evangelho”.Para a postuladora da Causa deCanonização dos Pastorinhos,Fátima “fica diferente” com estadeslocação da imagem

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da Capelinha das Aparições aoVaticano, reafirmando-se osatributos de ser “o coraçãoespiritual de Portugal” e um“cenáculo” para a Igreja Católica.A irmã Ângela Coelho recordou queBento XVI chamou a Fátima “ocoração espiritual de Portugal”, quecom esta ida da imagem a Roma setransforma em coração

espiritual do mundo. “O facto do Papa, de novo e pelaterceira vez, ter pedido que estaimagem vá ao centro daCristandade que é o Vaticano e emvolta dela se reze, significa que denovo a Igreja vai ao cenáculo buscaras forças que lhe deram deu origempara continuar a caminhar”, referiu.

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Papa vai receber imagem noVaticanoO Papa Francisco vai receber“solenemente” este sábado noVaticano a imagem original deNossa Senhora de Fátima,venerada na Capelinha dasAparições, numa cerimónia marcadapara as 17h00 (menos uma emLisboa).A oração, na Praça de São Pedro,acontece na “Jornada Marianapromovido no contexto dascelebrações do Ano da Fé”, adiantaa Santa Sé, em comunicado.O Departamento das CelebraçõesLitúrgicas do Sumo Pontíficedestaca o facto desta imagem terincrustada na coroa a bala que feriuJoão Paulo II no atentado de 13 demaio de 1981, no Vaticano. A inéditadeslocação da imagem de NossaSenhora de Fátima, que pelaprimeira vez vai estar fora da Covada Iria numa peregrinaçãointernacional aniversária (entre maioe outubro), foi um pedido expressode Bento XVI, Papa emérito,repetido por Francisco.Após o acolhimento, na Praça deSão Pedro, vai ter lugar uma“catequese mariana”, segundo oprograma divulgado pela Santa Sé.

A partir das 19h00 locais, a imagemde Nossa Senhora de Fátima vaiestar no Santuário do Divino Amor,após um trajeto em helicóptero, paraa oração ‘Com Maria para além danoite’, evento organizado peloVicariato de Roma e patrocinadopelo Conselho Pontifício para aPromoção da Nova Evangelização.A iniciativa inclui a recitação daoração do Rosário “em união comos santuários marianos espalhadospelo mundo”, e uma vigília a partirdas 22h00.O Santuário do Divino Amor, cercade 20 quilómetros a sul do Vaticano,ganhou expressão como polo deperegrinação no século XVIII e aimagem de Nossa Senhora alivenerada recebeu o título de“Salvadora de Roma" em 1944, pordecisão de Pio XII, durante a IIGuerra Mundial.No dia 13 de outubro, a imagem daSenhora de Fátima vai chegar àPraça de São Pedro pelas 08h00 deRoma, seguindo-se a oração doRosário (10h00) e a missa presididapelo Papa Francisco (10h30).

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A jornada inclui uma celebração deconsagração do mundo aoImaculado Coração de Maria.Francisco vai repetir um gestorealizado por João Paulo II (1920-2005), diante da mesma imagem, a25 de março de 1984, na Praça deSão Pedro, Vaticano.

A Jornada Mariana é um doseventos pontifícios previstos nocalendário de celebração do Ano daFé (outubro de 2012-novembro de2013) e vai congregar em Romacentenas de movimentos einstituições.

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Digital é ambiente da evangelizaçãoO padre Antonio Spadaro, diretor darevista ‘Civiltà Cattolica’, foi oconvidado do dia final das jornadasnacionais de Comunicações Sociaisem Fátima, onde afirmou que ainternet “não é um instrumento, masum ambiente de evangelização” quedesafia o modo de “pensar a fé”.“Quando falamos de internetestamos a falar de vida, não de umaferramenta, de instrumentos, masde um ambiente de evangelização”,disse o sacerdote jesuíta.Para Antonio Spadaro, a tecnologia“não é um conjunto de objetosmodernos”, mas um ambiente devida. “Vemos a técnica comodestrutiva, capaz de serpotencialmente destrutiva”, afirmou,sublinhando que “o campo paracompreender a tecnologia é ateologia espiritual”.“Ocupar-me de tecnologia, deteologia, de poesia e do Papa étudo a mesma coisa”, disse o diretorda ‘Civiltà Cattolica’, autor daprimeira grande entrevista aFrancisco, publicada nas revistasdos Jesuítas.Numa conferência sobre‘Ciberteologia: pensar o

cristianismo no tempo da rede’, opadre Antonio Spadaro afirmou quenão devemos falar em “meios decomunicação”, mas em “ambientecomunicativo”, onde é necessáriocomunicar a vida de forma “natural,não artefata”.Para Antonio Spadaro, o ambientede comunicação em rede colocaquestões novas à pastoral da Igrejae à comunicação do Evangelho, quejá não acontece “ad gentes” [paraos povos], mas “inter gentes” [entreas pessoas], sendo diferente aforma de “procurar Deus” hojequando todas as interrogaçõesencontram resposta nos “motoresde busca”.“O que significa procurar Deus notempo dos motores de busca?”,interrogou Spadaro referindo que ohomem hoje “não é um radar”, masum descodificador de mensagens.“O importante hoje não é procuraralgum conteúdo, mas estar emcondições de o poder receber”,afirmou.O Padre Antonio Spadaro sublinhouque é neste ambiente que énecessário anunciar, fazer “acomunicação do Evangelho”, não deforma “abstrata”, mas na “partilha davida no universo

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da rede”, onde o virtual e o real seencontram.“O espaço digital não é uma outracoisa, não é um ambiente paralelo.Não há a minha vida física e aminha vida digital. Por isso, não háuma diocese física e uma diocesedigital”, insistiu.‘Comunicar no ambiente digital’ foi otema em debate nas jornadas

organizadas pelo SecretariadoNacional das Comunicações Sociais Ler Mais:http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=97196http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=97195

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O despojamento de FranciscoO Papa visitou pela primeira vez acidade italiana de Assis no dia dafesta litúrgica de São Francisco (4de outubro), o santo que o inspirouna escolha do nome para opontificado, e dissea Igreja deve“despojar-se” e combater a“idolatria” da “mundanidade” que apode desfigurar, evocando aspessoas marginalizadas por um“mundo selvagem”.“(A Igreja) deve despojar-se hoje deum perigo gravíssimo, que ameaçacada pessoa na Igreja, todos: operigo da mundanidade. O cristãonão pode conviver com o espírito domundo”, alertou, na chamada ‘salado despojamento’ de São Francisco,local em que o santo de Assis sedespojou de todas as suas posses,há oito séculos.“Não importa se há crianças amorrer de fome, não importa setantas famílias não têm o quecomer, não têm a dignidade de levarpão para casa; não importa se tantagente tem de fugir da escravidão,da fome e fugir”, lamentou.O Papa deixou de lado o discursoque tinha preparado e comentou

as notícias e "fantasias" dosjornalistas que dias antes davamconta da sua intenção de “despojara Igreja” em Assis, dando comoexemplo "as roupas dos bispos, doscardeais” e de si próprio.“Esta é uma boa ocasião paraconvidar a Igreja a despojar-se, masa Igreja somos todos, todos: desdeo primeiro batizado, todos somosIgreja”, declarou.Francisco disse depois que a IgrejaCatólica deve estar nas periferiasgeográficas e espirituais dahumanidade, em particular junto dasrealidades “efetivamentemarginalizadas, desprezadas”.Nesse sentido, destacou que aatenção deve estender-se àspessoas que “talvez estejamfisicamente próximas do ‘centro’ masque espiritualmente estão longe”. OPapa encerrou a sua viagem comum apelo ao compromisso doscatólicos na transformação dasociedade, a partir da sua fé,convidando os jovens a assumirem“compromissos definitivos”.“OEvangelho, esta mensagem desalvação, tem dois destinos queestão ligados: o primeiro é suscitar afé, e isso

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é a evangelização; o segundo étransformar o mundo segundo odesígnio de Deus”, declarou,perante milhares de pessoasreunidas na Praça da Basílica deSanta Maria dos Anjos.A viagem de mais de 11 horas aAssis conclui-se com uma visita

privada ao Santuário de Rivotorto eao "casebre" de São Francisco.O Papa encontrou-se comportadores de deficiência, pobres,religiosos e responsáveis eclesiaisda região, deixando apelos à paz,ao respeito pela natureza e atençãoaos mais necessitados.

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Vaticano tem nova lei financeiraO Estado da Cidade do Vaticanoanunciou esta quarta-feira a adoçãode uma nova lei (XVIII) com normasrelativas à “transparência, vigilânciae informações” financeiras, queassume as orientações dos PapasFrancisco e Bento XVI contra“atividades ilegais”.“A Lei n.º XVIII reforça o atualsistema interno de prevenção ecombate à lavagem de dinheiro e aofinanciamento de terrorismo, emlinha com os parâmetrosinternacionais, em particular com asrecomendações do Grupo de AçãoFinanceira (GAFI)” e a UniãoEuropeia, assinala um comunicadodivulgado pela sala de imprensa daSanta Sé.O novo quadro jurídico “consolida adisciplina existente” nas áreas daprevenção e combate aobranqueamento de capitais, destacaa Santa Sé, bem como de “vigilânciae regulamentação dos entes quedesenvolvem profissionalmente umaatividade de natureza financeira”.A legislação agora em vigor obriga àdeclaração de transporte“transfronteiriço” de dinheiro vivo,

num valor igual ou superior a 10 mileuros, e promove uma maiorcolaboração e troca de informaçõespor parte da Autoridade deInformação Financeira (AIF) doVaticano a nível “interno einternacional”.A Santa Sé fala num “passoimportante na direção datransparência e vigilância dasatividades de natureza financeira” enum “contributo para a estabilidadee integridade do setor a nível global”.D. Dominique Mamberti, secretáriodo Vaticano para as relações comos Estados, assina um “artigoexplicativo” da nova lei, segundo oqual é possível “olhar comsatisfação” para o trabalhodesenvolvido nesta matéria, aolongo dos últimos anos.

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Papa convoca Sínodo sobre a famíliaO Papa Francisco decidiu convocaruma assembleia extraordinária doSínodo dos Bispos para debater “osdesafios pastorais da família nocontexto da evangelização”,anunciou o Vaticano. A terceirareunião extraordinária do organismoconsultivo vai decorrer entre 5 e 19de outubro de 2014.O tema esteve sobre a mesadurante o primeiro encontro deFrancisco com o novo Conselho deCardeais, na última semana. Naentrevista que deu às revistasjesuítas, publicada a 19 desetembro, o Papa disse teraprendido com a sua experiência degoverno nos jesuítas e comoarcebispo de Buenos Aires emanifestou a vontade de fazer“consultas reais, não formais”.“Os Consistórios e os Sínodos são,por exemplo, lugares importantespara tornar verdadeira e ativa estaconsulta. É necessário torná-los, noentanto, menos rígidos na forma”,defendeu.O Sínodo dos Bispos pode serdefinido, em termos gerais, comouma assembleia consultiva derepresentantes dos episcopadoscatólicos de todo o mundo, a que sejuntam peritos e outros

convidados, com a tarefa ajudar oPapa no governo da Igreja.A última assembleia do Sínodo,organismo criado por Paulo VI em1965, teve como tema ‘A novaevangelização para a transmissãoda fé cristã’ e decorreu em outubrode 2012.Até hoje houve 13 assembleiasgerais ordinárias e duasextraordinárias: a primeira emoutubro de 1969, para debater acooperação entre a Santa Sé e asConferências Episcopais, e asegunda em 1985, pelo 20.ºaniversário do encerramento doConcílio Vaticano II.

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Festa do cinema FrancêsPelo décimo quarto anoconsecutivo, a Festa do CinemaFrancês chega a Portugal paravalorizar a atualidade e a história docinema produzido e co-produzidoem França. Este ano a mostra contacom um mês de programação, de 10de Outubro a 10 de Novembro,extendendo-se às cidades deLisboa, Porto, Coimbra, Guimarães,Almada, Beja e Faro. O programa évariado, contemplando anteestreias,retrospetivas, cinema de ficção,documentários, animação eclássicos, entre outros. A iniciativacinematográfica conta também comum programa paralelo, de que sedestaca o concerto ‘Dans mon Pays’interpretado pelo El Quintet Oficialda música e também realizadoraAgnès Jaoui (‘O Gosto dos Outros’,‘Olhem para Mim’, ‘E ViveramFelizes para Sempre?...’). Oconcerto, que decorre no Lux Frágil,a 17 de Outubro às 23h00, refleteas mais marcantes influênciasmusicais de Jaoui, onde serelacionam sonoridades oriundas dePortugal, Andaluzia, Brasil, Cuba eArgentina.

A título de extensão, a Festaassocia-se ao Ciclo de Cinema eLiteratura, com entrada gratuita naReitoria da Universidade de Lisboa,Cinema Charlot de Setúbal e FórumCultural do Seixal para um lote defilmes, alguns inéditos, que incluemadaptações, mais e menos livres, aogrande ecrã de obras de autorescomo Herman Melville (‘Moby Dick’ e‘Billy Budd’, este último adaptadopara ‘Beau Travail’ sob realizaçãode Claire Denis). Destaque tambémpara o documentário inédito ‘Nous,Princesses de Clèves’, de RégisSauder em que se exploram as(dis)semelhanças entre doisuniversos aparentemente tãodistantes como a corte de HenriqueIII e uma turma de alunos daperiferia de Marselha.Em retrospetiva estará acinematografia de ClaudeLanzmann, realizador francês deorigem judia que tem dedicado asua obra à preservação da memóriado Holocausto, e é hoje também oconhecido editor da revista LesTemps Modernes,

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fundada por Jean-Paul Sartre eSimone de Beauvoir. Nesta secçãoinclui-se naturalmente a sua maior emais extensa obra (nove horas deduração): o documentário ‘Shoah’,impressionante reunião detestemunhos, na primeira pessoa,de sobreviventes da II GuerraMundial. Em anteetreia também, oseu ‘Les Derniers des Injustes’ quefilma Benjamin Murmelstein, o últimoPresidente do Conselho Judeu dogueto de Theresienstadt, únicosobrevivente da Guerra. Orealizador marcará presença emLisboa.Da secção oficial, estarão emcompetição para o Prémio do

Público nove filmes a estrear emPortugal e, fora de concurso, umdos filmes mais curiosos da Festa:‘La Vierge, Les Coptes et Moi’, umaincursão bem humorada, ternurentae profunda da realizadora NamirAbdel Meseeh à aldeia da sua mãe,no Egipto, com o propósito deexplorar as aparições da Virgem eonde Namir encontrará muitasrespostas sobre si, aquele mundo ea fé que não chegou sequer aformular...Um mês de celebração do cinema,com muito a descobrir! http://festadocinemafrances.com

Margarida Ataíde

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BIPP - Inclusão Social onlinehttp://www.bipp.pt/ A nossa sugestão desta semanapassa por uma visita ao sítio onlinedo Banco de Informação de Paispara Pais (BIPP), porque a inclusãosocial é intemporal. A BIPP "é umainstituição particular desolidariedade social, que visa aplena inclusão das pessoas comnecessidades especiais nasociedade, independentemente doseu tipo, grau, sexo, idade, religião,raça ou extrato social".Ao digitarmos o endereçowww.bipp.pt encontramos umespaço eminentemente informativo,onde a questão gráfica não é tidacomo prioritária mas com umconjunto interessante de opções.Logo na página inicial além dashabituais notícias, encontra-se em

destaque o mais recente projeto doBIPP intitulado SER+. Este “temcomo principal objetivo capacitarpessoas com necessidadesespeciais, famílias, escolas e asociedade em geral. Intervématravés de um programa terapêuticoindividual centrado no projeto devida da família, coordenando edinamizando os contextos que aenvolve”.Na opção “o que é” ficamos aconhecer quais são os objetivos, amissão e a forma de entrarmos emcontacto com esta instituição, quepode ser através do sítio online oupresencialmente nas suasinstalações.Caso pretenda saber quais são osserviços que esta associação temvindo a desenvolver de forma acolmatar respostas insuficientes

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ou inexistentes na sociedade, bastaclicar em “serviços.Em “testemunhos” podemos ler umconjunto de depoimentos de pais etécnicos muito reveladores daqualidade deste extraordinárioprojeto.Porque todas as associaçõespossuem uma história, a BIPPinaugurada 2005, também possuiuma. Se pretende ler em detalhe asua, basta que clique em “história”.No item “apoios necessários”ficamos a perceber que tipos desuporte são indispensáveis para obom funcionamento destainstituição, quer ao nível financeirobem como pela criação deparcerias.Em “equipa” podemos consultarquem são as pessoas que

compõem os órgãos sociais para otriénio 2010-2013.Uma das áreas mais interessantesencontra-se disponível em“documentos”. Aí somospresenteados com um conjuntoenorme de textos e artigoslegislativos disponíveis paraconsulta, agrupados por temas(educação, saúde, apoios, integração profissional, intervençãoprecoce, segurança social).Fica então lançada a sugestão devisita e quem sabe, de adesão aeste projeto que pretendeapresentar soluções para adeficiência de pais para pais.

Fernando Cassola Marques

[email protected]

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Pai-Nosso que estais na TerraUm comentário ao Pai-Nosso sóaparentemente é uma tarefasimples. Na verdade, trata-se domaior desafio que um escritorcristão pode enfrentar. Por um lado,parece que nada se possaacrescentar às claríssimas palavrasde Jesus: deveríamos simplesmenterepeti-las e elas própriasentreabririam, ao orante, o seusignificado. Por outro, existe umatradição poderosíssima decomentadores, antigos econtemporâneos, que perscrutaramjá com agudeza, exaustividade esabedoria esse texto. Dir-se-ia quesobre o Pai-Nosso está colocado umponto final.José Tolentino Mendonça, teólogo epoeta, não pensa assim.Recorrendo a um conhecimentoespecializado dos textos bíblicos,mas também aos dados daantropologia e da literatura ele ousa“abrir” o Pai-Nosso a crentes e anão-crentes, e aponta novas chavespara uma leitura espiritual destetexto que constitui o coração docristianismo. O resultado éabsolutamente invulgar. O leitor éconvocado para uma viagem interiorque não esquecerá.

Título: Pai-Nosso que estais naTerraSubtítulo: O Pai-Nosso aberto acrentes e a não-crentesAutor: José Tolentino MendonçaColeção: Poéticas do Viver Crente –série JTMEditora: Paulinas EditoraPáginas: 1768.ª edição revista e aumentada dolivro

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Quando a Igreja desceu à terraO jornalista António Marujo assina olivro-entrevista ‘Quando a Igrejadesceu à terra’ (Princípia Editora),com os padres António Rego eRamón Cazallas, que contribuíramcom “Testemunhos de Memória eFuturo nos 50 anos do ConcílioVaticano II”.“[O Concílio] foi um caminho novoque se abriu, uma perspetiva que seofereceu e que ainda hoje está aproduzir os seus frutos apesar deser necessário aprofundar melhor eainda afrontar mais as grandesquestões que são colocadas nonosso tempo”, revela o padreAntónio Rego.O padre espanhol Ramón Cazallas,do Instituto Missionário daConsolata, há 50 anos era umjovem seminarista que estudava emRoma e recorda o contacto comdireto com quem participava noConcílio Vaticano II: “Os bisposconciliares vinham ao seminário econtavam-nos a sua experiência ecoisas que não se sabiam comoalgumas ideias teológicas e asdiferentes tendências do concíliomas pediam sempre segredo”.António Marujo, assinala que emPortugal “não se publicou quase

nada” a “pretexto” docinquentenário do Concílio VaticanoII, por isso, pretende que o livro seja“um contributo” para que se leiam osdocumentos do Concilio e por outrolado que a partir desses textos “seatue em termos pastorais eteológicos na Igreja e no catolicismodeste tempo e neste lugar”.

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D. António Marcelino - Um bispo quenão deixou apodrecer o II Concíliodo Vaticano

A notícia do falecimento de D. António Marcelino,bispo emérito de Aveiro, obrigou-me a revisitar opensamento e alguns textos do prelado sobre ogrande acontecimento eclesial do século XX.Não esteve presente na Basílica de São Pedrodurante os trabalhos conciliares (1962-1965), masintuiu que algo estava a mudar na dinâmica eclesial.Estudou em Roma (voltou em 1958) e sentia aefervescência embrionária da convocação conciliar.Um dia confessou à Agência ECCLESIA que “estavatudo a abanar”. Pio XII morre em setembro, é eleito,em outubro, João XXIII.“Vivi esta transição toda. Em Roma, tínhamos umgrupo de padres que se reunia a sonhar comPortugal”. Depois daquela experiência foi para oSeminário com uma “mentalidade aberta. Escrevisobre preparar pessoas para o catecumenato ealguns colegas ficaram muito ofendidos, porquepensaram que eu estava a pôr problemas que aindanão se sentiam. O meu bispo apoiou-me sempremuito”.A seguir ao concílio, viajou pelo país de norte a sulpara “falar dos documentos conciliares”, relatou comum brilho nos olhos. Com o II Concílio do Vaticano,abriu-se um novo horizonte. “Na altura senti que ofruto estava maduro: era altura de o comer ou deleapodrecer”. Viveu esses anos de forma apaixonada eempenhou-se, fortemente, na sua divulgação.Chefiou

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uma equipa que passou pelasdioceses portuguesas “oferecendocursos novos sobre temasconciliares” – disse.Passados 50 anos do início dostrabalhos conciliares, D. AntónioMarcelino continuava a falar domagno acontecimento convocadopor João XXIII e terminado comPaulo VI com palavras vivenciaisque lhe saiam naturalmente. Da suapena fluida e profunda – liareligiosamente os seus artigos quepublicava semanalmente no«Correio do Vouga» - D. AntónioMarcelino alertava consciências,ancorado nas traves mestras do IIConcílio do Vaticano.No episcopado português, D.António Marcelino era consideradoum dos bispos mais inovadores.Perante esta qualificação, o preladode Aveiro referiu que “não há umabitola para dizer que se é maisinovador ou menos. Temos que nospôr sempre ao nível das dioceses,das capacidades e serviços. Possodar mais nas vistas em relação aalgum tipo de coisas e a algunsriscos que sempre corri. Porque éque fui o primeiro bispo

a fazer um sínodo diocesano?Andava tudo com muito medo. Eufalava da ideia e diziam-me: «Faztu primeiro». Vivi sempre estapreocupação: que a Igreja fosse umserviço para o mundo e queaprendesse de facto a dialogar como mundo”.Ao olhar para a Igreja portuguesa(soma das dioceses), D. AntónioMarcelino realçou que esta “não temum plano em grandes linhas parapoder enfrentar os problemas. Enão tem porquê? Não vê osproblemas? Claro que os vê.Simplesmente, a perceção étotalmente diferente numa diocesedo norte ou no sul, no interior oulitoral. Com perceções tão diversas,é muito complicado ter planos queenfrentem as situações”.Vou sentir saudades suas e dasideias que deixava semanalmente.Recordo o último encontro – ajudei-o a transportar a pasta durante otrajeto – onde o prelado conciliar econciliador me confessou: “Agoratenho mais tempo para ler eaprofundar a realidade à luz do IIConcílio do Vaticano”.

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outubro 2013Dia 11* Braga - Póvoa do Varzim (SalãoNobre dos Paços do Concelho) -Lançamento do III volume da «ObraSelecta: Religião, Política eSociedade» da autoria de JoãoFrancisco Marques e editado pelaRoma Editora. * Aveiro - Missão jubilar (Dia daProcissão).* Lisboa - Loures - Conferência «Oevangelho fonte de alegria e depaz» por D. Manuel Clemente.* Fátima - Reunião da Faculdade deTeologia da Universidade CatólicaPortuguesa.* Braga - Auditório Vita - Concertocom «Canto d´Aqui» de angariaçãode fundos para a Basílica doSameiro.* Vila Real - Sessão inaugural doano lectivo do Centro Católico deCultura com conferência proferidapor António Francisco Caseiro

Marques, como título "O Apostoladodos Leigos à luz do DecretoConciliar Apostolicam Actuositatem".* Braga - Esposende - Encontronacional do Movimento dos JovensSem Fronteiras (JSF). (11 a 13) Dia 12* Algarve - Loulé - Início do curso deiniciação de catequistas da diocesedo Algarve.* Évora - Iniciativa «Rota das Igrejasd´Évora» com o tema «As capelasdas muralhas».* Lisboa - Torres Vedras -Celebração presidida por D. ManuelClemente com os bombeiros dalocalidade. * Braga - Montariol - Celebração doDia Mundial dos CuidadosPaliativos. * Leiria - Seminário diocesano - Início das actividades pastorais doServiço da Pastoral Juvenil dadiocese de Leiria-Fátima.* Lisboa - Fórum Picoas - Colóquiosobre «A violência da crise e aproliferação das armas» promovidopelo Observatório permanentesobre a Produção, Comércio eProliferação das Armas Ligeiras(Conferência EpiscopalPortuguesa).

insira a foto aqui

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* Vaticano - Praça de São Pedro(17h00m) - O Papa Franciscoreceber a imagem da Virgem deFátima venerada na Capelinha dasAparições.* Braga - Guimarães (São Torcato) -Feira Missionária promovida pelosMissionários do Verbo Divino.* Coimbra - Encontro de formaçãopromovido pelo SecretariadoNacional Alpha. * Fátima - Encontro de D. AntónioFrancisco Santos com ossecretariados diocesanos deEducação Moral e ReligiosaCatólica.* Fátima - Reunião da CáritasPortuguesa.* Braga - Peregrinação nocturnaentre o Santuário do Bom Jesus e oSantuário do Sameiro com o tema«Com Maria, além da noite».* Fátima - Conferência deapresentação da PeregrinaçãoInternacional Aniversária presididapelo cardeal Tarcísio Bertone elançamento do livro «Um caminhosob o olhar de Maria» (biografia daIrmã Lúcia).* Lisboa - Lumiar (Mosteiro dasMonjas Dominicanas) - Conferênciasobre «Com que sabedoriahabitaremos o coração da vida?»pelo padre Tolentino Mendonça eintegrado no ciclo «Conferências noMosteiro».

* Braga - Sameiro - Celebraçãomariana em união à cerimónia deconsagração do mundo aoImaculado Coração de Maria, com aimagem de Nossa Senhora deFátima, no Vaticano. (12 e 13)* Porto - Valadares (Seminário daBoa Nova) - Colóquio sobre «Deusainda tem futuro?». (12 e 13)* Fátima - PeregrinaçãoInternacional Aniversária presididapelo cardeal Tarcisio Bertone. (12 e13)* Vaticano - Imagem da Virgem deFátima venerada na Capelinha dasAparições está no Vaticano. (12 e13)* Lisboa - Cascais - Visita daimagem peregrina de Fátima àvigararia de Cascais. (12 a 20) Dia 13* Espanha - Tarragona - Cerimóniaconjunta para a beatificação de 522mártires da Guerra Civil Espanhola(1936-1939) onde está incluído oportuguês, Mário Félix, daCongregação das Escolas Cristãs. * Lisboa - Igreja de Fátima -Celebração presidida por D. ManuelClemente nos 75 anos da igreja.

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Ano C - 28.º Domingo do TempoComum Agradecer afé que nossalva emCristo

O evangelista Lucas tem como objetivo fundamentalapresentar Jesus como o Deus que Se fez pessoapara trazer, com gestos concretos, uma proposta devida nova e de libertação para todos, particularmenteos oprimidos e marginalizados. O episódio dos dezleprosos, exclusivo de Lucas, neste vigésimo oitavodomingo do tempo comum insere-se nesta perspetiva:mostrar que Deus tem para oferecer a todos.O número dez tem o significado simbólico datotalidade. O judaísmo considerava necessário quepelo menos dez homens estivessem presentes, a fimde que a oração comunitária pudesse ter lugar,porque o dez representava a totalidade dacomunidade.A presença de um samaritano no grupo indica queessa salvação oferecida por Deus em Jesus não sedestina apenas à comunidade do povo eleito, mas sedestina a todas as pessoas, sem exceção, mesmoàquelas que o judaísmo oficial consideravadefinitivamente afastadas da salvação.Mas o acento do episódio de hoje é posto no facto deque, dos dez leprosos curados, só um tenha voltadoatrás para agradecer a Jesus e no facto de este serum samaritano. Lucas está interessado em mostrarque quem recebe a salvação deve reconhecer o domde Deus e estar agradecido. E avisa que, comfrequência, são os hereges, os marginais, osdesprezados, aqueles que a teologia oficial consideraà margem da salvação, que estão mais atentos aosdons de Deus.Há aqui, certamente, uma alusão à autossuficiênciados judeus que, por se

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sentirem povo eleito, achavamnatural que Deus os cumulasse dosseus dons; no entanto, nãoreconheceram a proposta desalvação que, através de Jesus,Deus lhes ofereceu. Há também umapelo aos discípulos de Jesus, atodos nós, para que não ignoremoso dom de Deus e saibamosresponder-Lhe com a gratidão e afé, entendida como adesão a Jesuse à sua proposta de salvação.Curiosamente, os dez leprosos nãosão curados imediatamente porJesus, mas a lepra desaparece nocaminho, quando iam mostrar-seaos sacerdotes. Isto sugere que aação libertadora de Jesus não éuma ação mágica, caídarepentinamente do céu, mas umprocesso progressivo de caminhadacristã, no qual o crente vaidescobrindo e interiorizando osvalores de Jesus, até à adesãoplena às suas propostas e à efetivatransformação do coração. A nossacura não é um momento mágico queacontece quando somos batizados,ou fazemos a primeira comunhão ounos crismamos;

mas é uma caminhada progressiva,durante a qual descobrimos Cristo enascemos para a vida nova.Neste Ano da Fé, quase no seutérmino, aqui está mais um essencialapelo da Palavra de Deus a nosdizer que a fé que nos salva deveser agradecida e praticada noscaminhos de encontro de Cristo nasnossas vidas.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 13 - De Fátimaao Vaticano: memórias dapresença da imagem daCapelinha das Aparições emRoma RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 14-Entrevista à irmã ÂngelaCoelho, postuladora daCausa de Canonização dosPastorinhos sobre o relevo damensagem de Fátima noMundo.Terça-feira, dia 15 -Informação e apresentação da MissãoPress, com opadre Tony Nevess.Quarta-feira, dia 16 - Informação e apresentação darevista Alem-Mar, pelo padre Manuel Augusto Ferreira.Quinta-feira, dia 17 - Informação e apresentação darevista Fátima Missionária pelo padre Elísio Assunção.Sexta-feira, dia 18 - Apresentação da liturgia dominicalpelo cónego António Rego e frei José Nunes. Antena 1Domingo, dia 13 de outubro, 06h00 - Viagem daimagem de Nossa Senhora de Fátima ao Vaticano eperegrinação internacional aniversária de outubro. Segunda a sexta-feira, dias 14 a 18 de outubro, 22h45- Análise à entrevista do Papa Francisco ao jesuítaAntónio Spadaro.

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A Igreja Católica em Espanha vai viver este domingo a‘Beatificação do Ano da Fé’, como é apresentada pelaConferência Episcopal, que evoca o martírio de maisde 522 católicos e vai decorrer em Tarragona, cidadeonde morreram os primeiros mártires hispanos, em259: os santos Frutuoso, Eulógio e Augúrio. No grupoinclui-se o religioso português Mário Félix. Fátima é o centro do mundo católicos nos próximosdias 12 e 13: a peregrinação internacional de outubro,na Cova da Iria, vai ser presidida pelo cardeal TarcisioBertone, secretário de Estado cessante do Vaticano, ea imagem venerada na Capelinha das Aparições vaiestar na Praça de São Pedro. No sábado, o Observatório Permanente sobre aProdução, Comércio e Proliferação de Armas Ligeirasda Conferência Episcopal Portuguesa vai realizar umaconferência, em Lisboa, sobre a violência da crise e aproliferação das armas, com transmissão em direto napágina de vídeos da Agência ECCLESIA, emsapo.videos.pt/agenciaecclesia. Terça-feira é o dia marcado para a tomada de possedo novo secretário de Estado do Vaticano, -oarcebispo italiano Pietro Parolin, sucessor do cardealBertone que desde 2006 preside ao dicastério quemais de perto coadjuva o Papa no exercício da suamissão. Francisco vai receber em audiência toda aCúria Romana.

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O poder da oração em favor dos Cristãos perseguidos

As perguntas de FranciscoEste Papa não deixa de nossurpreender todos os dias.Agora, voltou a falar nosCristãos perseguidos,sublinhando, assim, aimportância do trabalhodesenvolvido pela Fundação AIS “Quando penso ou oiço dizer quemuitos cristãos são perseguidos etambém dão a vida por causa dasua fé, isso toca o meu coração, ounão me diz respeito?” Esta pergunta faz cada vez maissentido mas ganha um eco imensopor ter sido proferida pelo PapaFrancisco numa das suas últimasaudiências públicas na Praça deSão Pedro, perante milhares defiéis.Nos últimos tempos, é quase raro odia em que não há notícias deataques contra Cristãos, contra osseus interesses, as suas casas, assuas comunidades. Quantos rezam?O Papa interpela-nos a todos, paraque ninguém possa dizer que nãosabe, que desconhece, que nuncaouviu falar. “Quando

oiço que tantos Cristãos no mundosofrem, sou indiferente ou é comose sofresse um membro da minhafamília? Quantos de vós rezampelos Cristãos que sãoperseguidos? Quantos? Cada umresponda no seu coração: ‘Rezopor aquele irmão,

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por aquela irmã que passadificuldades por confessar edefender a sua fé?’”Para a Fundação AIS, cuja missão éprecisamente apoiar os Cristãosperseguidos, a Igreja que sofre nomundo, nada é mais importante doque o poder da oração. Isso ficoulogo patente quando oPadre Werenfried vanSraaten lançou as bases do que éhoje a instituição. Ele, queconsagrou a Obra a Nossa Senhorade Fátima, sempre disse que nada éimpossível a quem reza com ocoração unido a Deus.

Promover a pazUma das iniciativas que a FundaçãoAIS está a promover já desde háalgum tempo, responde,curiosamente, ao apelo do PapaFrancisco e ao sonho do PadreWerenfried. A campanha “Um milhãode crianças reza o Terço”, começouhá 7 anos na Venezuela e tem vindoa espalhar-se pelo mundo inteirocomo um vírus bom. Um dosgrandes entusiastas destacampanha foi o saudoso SantoPadre João Paulo II que dizia confiarem absoluto na oração do Terço.“Hoje, confio na eficácia destaoração como fonte de paz para omundo e para as famílias”. Já antes,o Papa Pio assegurou que, “quandoum milhão de crianças rezar orosário, o mundo mudará. E pensarque se um milhão de crianças rezaro rosário, quantas graças sederramarão pelo mundo…”Três Papas, uma missão: promovera paz, defender os Cristãosperseguidos. Nunca, como hoje, fazsentido prosseguir o sonho dopadre Werenfried. Ou não?Saiba mais em www.fundacao-ais.pt| 217 544 000

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LUSOFONIAS

Responder às catástrofes

Tony Neves

O mundo inteiro celebra, a 9 de Outubro, o Diade Redução dos Desastres Naturais. Pareceestranha esta celebração, pois os desastresnaturais não são da nossa conta. Ou, pelomenos, assim pensamos. Que posso eu fazerpara evitar um terramoto, um tsunami, umtornado, uma tempestade? Bem vistas as coisas,há atitudes sociais que evitam ou reduzem oimpacto de algumas destas catástrofes naturais,mas o mais decisivo é, sem dúvida, estarpreparado para dar respostas adequadas emtempo de calamidade.Todos nos apercebemos que um sismo ou umtsunami que acontece em países pobres temconsequências mais dramáticas de que quandoacontece em países mais ricos. Notamos que, emcontextos de desenvolvimento, as casas sãomais seguras, os sistemas de alarme funcionam,os hospitais conseguem tratar mais gente e commais eficácia, a ajuda humanitária é quaseautomática. Nos países mais débeis, ashabitações desfazem-se em pó (ou em água), ascomunicações e transportes não funcionam, oshospitais não respondem ao aumento de vítimas,o apoio logístico humanitário também não cheganem a tempo nem com qualidade. Aí o númerode vítimas aumenta em flecha.Se prevenir as catástrofes é tarefa difícil,responder com eficiência é obrigação dassociedades. Todos os países deviam estarpreparados. Para isso há a proteção civil

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e bombeiros. Há ainda planos deemergência nos hospitais e clínicas.Tem de haver também formação daspopulações a fim de saberem reagirem caso de desastre natural. Doconhecimento ao equipamento, dotreino à reunião de condições deintervenção…há caminhos longosainda a percorrer, mas que podem edevem salvar muitas vidas.As alterações climáticas estão amudar a relação entre a natureza eos humanos, provocandofenómenos naturais estranhos quetrazem consequências desastrosaspara a vida das sociedades e daspessoas. Há que investir emtecnologia que detecte a formaçãode um tsunami, de um furacão, deum terramoto, a erupção de umvulcão…mas há, sobretudo, quereunir condições de ataque imediatoem caso de desgraça natural.Por fim, mas não menos

importante, queria referir anecessidade de mantermos ummundo unido e solidário. Têm sidoimensas as ondas de solidariedadeque se formam quando hácatástrofes naturais. O melhor dohumano vem ao de cima e ocoração fala mais alto que o sangueétnico que, em muitos casos, faz doestrangeiro alguém a quem eu nãotenho obrigação de dar a mão. Mashá que organizar bem asolidariedade internacional para queos bens doados cheguem a quemdeles mais precisa e com a rapidezque algumas situações exigem. Acomunidade internacional tem meiospara agir depressa e bem, mas nemsempre o tem feito com a qualidadeexigida. Há que continuar atrabalhar para o mundo responderàs catástrofes com eficiência eternura. É nesses momentos críticosque todos nos sentimos maisirmãos.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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«Para glória da Virgem epara nosso conforto,proclamamos MariaSantíssima «Mãe da Igreja»,isto é, de todo o Povo deDeus, tanto dos fiéis comodos pastores, que lhechamam Mãe amorosíssima;e queremos que com estetítulo suavíssimo seja aVirgem doravante honrada einvocada por todo o povocristão».(Paulo VI, discurso noencerramento da III sessão doConcílio Ecuménico Vaticano II,21 de Novembro de 1964)

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