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O PAPEL DA CML NA PROMOÇÃO DO EMPREENDEDORISMO NA CIDADE DE LISBOA Bruno Miguel da Silva Estrelo Futre Lisboa, novembro de 2014 INSTITUTO POLITÉCNICO DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE LISBOA

O PAPEL DA CML NA PROMOÇÃO DO EMPREENDEDORISMO NA …§ão... · empreendedorismo é uma manifestação de liberdade e de responsabilidade de indivíduos na resposta às suas necessidades,

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O PA P E L DA C M L N A P R O M O Ç Ã O

D O E M P R E E N D E D O R I S M O N A

C I DA D E D E L I S B OA

Bruno Miguel da S i lva Estre lo Futre

L i s b o a , n o v e m b r o d e 2 0 1 4

I N S T I T U T O P O L I T É C N I C O D E L I S B O A

I N S T I T U T O S U P E R I O R D E C O N T A B I L I D A D E E A D M I N I S T R A Ç Ã O D E L I S B O A

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I N S T I T U T O P O L I T É C N I C O D E L I S B O A

I N S T I T U T O S U P E R I O R D E C O N T A B I L I D A D E E A D M I N I S T R A Ç Ã O D E L I S B O A

O PA P E L DA C M L N A P R O M O Ç Ã O

D O E M P R E E N D E D O R I S M O N A

C I DA D E D E L I S B OA

Bruno Miguel da Silva Estrelo Futre

Dissertação submetida ao Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão e Empreendedorismo, realizada sob a orientação científica do Doutor José Duarte Moleiro Martins, professor adjunto na área de Gestão. Constituição do Júri: Presidente - Doutor Orlando da Costa Gomes Arguente - Especialista Rui Vieira Dantas Vogal - Doutor José Moleiro Martins

L i s b o a , n o v e m b r o d e 2 0 1 4

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«Sê a mudança que desejas ver no mundo»

Mahatma Gandhi

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a pessoas e organismos fundamentais que tornaram este momento

possível:

À Câmara Municipal de Lisboa por fornecer os dados necessários para a elaboração desta

dissertação.

Ao Dr. José Moleiro Martins, o meu orientador, pelas muitas chamadas que recebeu minhas e

pelos muitos emails que respondeu.

Ao Dr. Miguel Rodrigues, meu professor do tempo da licenciatura, pelos seus conselhos e

cafés para falarmos sobre empreendedorismo.

À Renata Domingos, pelas manhãs e tardes passadas em bibliotecas e que me motivou a

terminar esta dissertação.

Aos meus colegas de mestrado e à minha família, porque sem eles nunca conseguiria terminar

esta dissertação e a obtenção do grau de mestre.

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RESUMO

O empreendedorismo é uma das palavras na ordem do dia na imprensa nacional e

internacional. Como forma de necessidade ou desejo, existem cada vez mais empreendedores

em Portugal e no mundo.

Com o objetivo de enquadrar o leitor neste estudo, serão explicados alguns conceitos

fundamentais na área da gestão e do empreendedorismo para posteriormente recorrermos ao

estudo de caso para analisar o papel da Câmara Municipal de Lisboa na promoção do

empreendedorismo na cidade de Lisboa.

Tendo como base este estudo, serão apresentadas conclusões e serão apresentadas

recomendações para futuros estudos sobre esta temática.

Palavras-chave: Lisboa, empreendedorismo, estudo de caso, Câmara Municipal de Lisboa,

inovação.

ABSTRACT

The word entrepreneurship is one of the words on the agenda of national and international

press. For necessity for ones or desire for others, there are more entrepreneurs in Portugal and

worldwide.

In order to help the reader about this study, we will explain some fundamental concepts in

management and entrepreneurship area to later create a case study to examine the role of the

Lisbon City Council in the promotion of entrepreneurship in the city of Lisbon.

Based on this study we will present conclusions and recommendations will be presented for

future studies on this subject.

Keywords: Lisbon, entrepreneurship, case study, Lisbon’s City Council, innovation.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1. Contexto do Trabalho ............................................................................................ 1

1.2. Objetivo do Trabalho ............................................................................................. 2

1.3. Estrutura da Dissertação ....................................................................................... 3

2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 4

2.1. História do Empreendedorismo ............................................................................ 4

2.2. O Que é Ser Empreendedor? Algumas Definições ............................................... 6

2.3. Funções do Empreendedor ................................................................................... 8

2.4. Características De Um Empreendedor ................................................................. 9

2.5. Motivações em empreendedorismo ..................................................................... 13

2.5.1. Conceito de motivação .................................................................................................... 13

2.5.2. Teoria de Maslow ............................................................................................................. 14

2.5.3. A motivação do empreendedor ...................................................................................... 16

2.6. Tipos de Empreendedorismo .............................................................................. 18

2.6.1. Empreendedorismo start-up .......................................................................................... 18

2.6.2. Intraempreendedorismo .................................................................................................. 18

2.6.3. Empreendedorismo social .............................................................................................. 19

2.7. Diferenças Entre Empreendedorismo e a Gestão Tradicional ........................... 20

2.8. Determinantes do Empreendedorismo ............................................................... 23

2.9. Inovação e Oferta de Valor Como Fatores-Chave No Empreendedorismo ....... 24

2.9.1. Conceito de inovação ...................................................................................................... 25

2.9.2. A importância de inovar .................................................................................................. 26

2.9.3. Fontes de inovação .......................................................................................................... 29

2.9.4. Tipos de inovação ............................................................................................................ 31

2.9.5. Identificar oportunidades de negócio............................................................................ 32

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2.10. Empreendedorismo em Portugal ........................................................................ 33

2.10.1. Números do empreendedorismo em Portugal ............................................................ 34

2.10.2. Empreendedorismo no ensino superior em Portugal ................................................. 38

3. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO ................................................................... 40

3.1. Introdução ............................................................................................................ 40

3.2. Escolha do Tema de Investigação ...................................................................... 40

3.3. Questões de Investigação .................................................................................... 41

3.4. Metodologia ......................................................................................................... 42

3.5. Tipo de Conhecimento ........................................................................................ 44

3.5.1. Conhecimento empírico .................................................................................................. 45

3.5.2. Conhecimento científico ................................................................................................. 45

3.5.3. Conhecimento filosófico ................................................................................................. 45

3.5.4. Conhecimento teológico ................................................................................................. 45

3.6. Métodos de Investigação ..................................................................................... 46

3.7. Recolha de Dados ................................................................................................ 48

3.7.1. Dados primários e secundários ...................................................................................... 48

3.7.2. Fontes de evidências ........................................................................................................ 49

3.8. Análise, Interpretação e Tratamento dos Dados ................................................. 52

4. PARTE PRÁTICA .................................................................................................. 55

4.1. Enquadramento Histórico ................................................................................... 55

4.2. Atualidade Política em Lisboa ............................................................................. 55

4.3. Lisboa Em Números ........................................................................................... 58

4.4. Visão e Estratégia de Lisboa ............................................................................... 62

4.5. Portugal e Lisboa vs. Outros Países e Cidades ................................................... 62

4.5.1. Preferências de investimento .......................................................................................... 63

4.5.2. Competitividade ............................................................................................................... 63

4.5.3. Produtividade e inovação ................................................................................................ 64

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4.5.4. Condições favoráveis ao empreendedorismo .............................................................. 65

4.5.5. Atividade empreendedora ............................................................................................... 65

4.5.6. Capacidade de criação de empresas gazela ................................................................... 66

4.5.7. Grau de abertura cultural ................................................................................................ 66

4.5.8. Grau de facilidade na criação de negócio ..................................................................... 67

4.5.9. Preços e custo de mão-de-obra ...................................................................................... 68

4.5.10. Melhores cidades para abrir um negócio ...................................................................... 69

4.5.11. Melhores destinos europeus e melhores destinos mundiais ...................................... 70

4.6. Empreendedorismo em Lisboa ........................................................................... 70

4.6.1. Visão estratégica ............................................................................................................... 71

4.6.2. Investimento ..................................................................................................................... 71

4.6.3. Apoio a eventos ................................................................................................................ 76

4.6.4. Apoios e Financiamentos ................................................................................................ 78

4.6.5. Reconhecimento da Cidade de Lisboa na Promoção do Empreendedorismo ....... 79

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................. 81

5.1. Conclusões ........................................................................................................... 81

5.2. Limitações ............................................................................................................ 83

5.3. Recomendações ................................................................................................... 83

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 85

ANEXOS ........................................................................................................................ 92

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1.1. Estrutura da dissertação .................................................................................................. 3

Quadro 2.1. Definição de empreendedorismo .................................................................................. 5

Quadro 2.2. Características dos empreendedores ........................................................................... 10

Quadro 2.3. Diferenças entre o empreendedorismo e a gestão tradicional ................................ 20

Quadro 2.4. Tipologia geral de economias utilizadas pelo GEM ................................................. 34

Quadro 3.1. Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa ................................... 43

Quadro 3.2. Tipos de estudo de caso ............................................................................................... 44

Quadro 3.3. Diferença entre os estados em que se inserem a investigação quantitativa e

qualitativa ............................................................................................................................................... 46

Quadro 3.4. Seis fontes de evidências: pontos fortes e pontos fracos ........................................ 49

Quadro 4.1. Executivo Câmara Municipal de Lisboa ..................................................................... 56

Quadro 4.2. População residente por local de residência .............................................................. 60

Quadro 4.3. Movimento pendular .................................................................................................... 61

Quadro 4.4. Indicadores económicos ............................................................................................... 61

Quadro 4.5. Investimento em I&D .................................................................................................. 62

Quadro 4.6. The global competitiveness index 2013-2014 ........................................................... 64

Quadro 4.7. Produtivity and innovation, 2014 ................................................................................ 64

Quadro 4.8. Framework conditions for entrepreneurship, 2013.................................................. 65

Quadro 4.9. Entrepreneurial activity ................................................................................................ 66

Quadro 4.10. Gazelle enterprises, 2010 ............................................................................................ 66

Quadro 4.11. Cultural openness ......................................................................................................... 67

Quadro 4.12. Rankings on the ease of doing business ................................................................... 67

Quadro 4.13. Price levels .................................................................................................................... 68

Quadro 4.14. Wages ............................................................................................................................ 69

Quadro 4.15. Tempo necessário para adquirir determinados produtos ou serviços ................. 69

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INDICE DE FIGURAS

Figura 2.1. Estudo do empreendedorismo ........................................................................................ 4

Figura 2.2. Teoria das necessidades .................................................................................................. 15

Figura 2.3. Influência para o lançamento de novos negócios....................................................... 16

Figura 2.4. Motivação em empreendedorismo ............................................................................... 17

Figura 2.5. Importância da inovação ................................................................................................ 28

Figura 2.6. Tipos de inovação ........................................................................................................... 31

Figura 2.7. Oportunidades de negócio ............................................................................................. 33

Figura 2.8. O empreendedor em Portugal com base no relatório da GEM ............................... 37

Figura 2.9. Ensino do empreendedorismo em Portugal ............................................................... 39

Figura 3.1. Fases de verificação dos requisitos dos dados recolhidos ......................................... 53

Figura 4.1. Retrato de Lisboa ............................................................................................................. 59

Figura 4.2. Freguesias de Lisboa ....................................................................................................... 59

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 2.1. Taxa de atividade de empreendedorismo em Early-Stage (TEA) ........................... 36

Gráfico 2.2. Orientação dos empreendedores segundo a industria .............................................. 37

Gráfico 2.3. Porque criam os Portugueses o seu negócio? ............................................................ 38

Gráfico 3.1. Resultado autárquicas 2013 ........................................................................................... 56

Gráfico 3.2. Deputados na AML ....................................................................................................... 57

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LISTA DE ABREVIATURAS

AML – Assembleia Municipal de Lisboa

BE – Bloco de Esquerda

CDS-PP – Partido do Centro Democrático Social / Partido Popular

CDU – Coligação Democrática Unitária

CE – Corporate Entrepreneurship

CGD – Caixa Geral de Depósitos

CML – Câmara Municipal de Lisboa

GEM – Global Entrepreneurship Monitor

I&D – Investigação e Desenvolvimento

MTP – Movimento Partido da Terra

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

PAN – Partido pelos Animais e pela Natureza

PCP – Partido Comunista Português

PCTP/MRPP – Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses / Movimento

Reorganizativo do Partido do Proletariado

PEV – Partido Ecológico “os Verdes”

PME – Pequenas e Médias Empresas

PND – Partido Nova Democracia

PNPN – Grupo de cidadãos eleitores Parque das Nações por Nós

PNR – Partido Nacional Renovador

PPD/PSD – Partido Social Democrata

PPM – Partido Popular Monárquico

PPV – Partido Pró Vida

PS – Partido Socialista

ROI – Return on Investment

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TEA – Total Entrepeneurial Activity

UE – União Europeia

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Contexto do Trabalho

O empreendedorismo tem vindo a ser alvo de programas de incentivo em todo o mundo de

modo a estabelecer uma relação entre o mesmo e o progresso económico. Jovens empresas e

as PMEs são atualmente as maiores geradoras de emprego e de inovação (Ferreira, Santos e

Serra, 2008). Autores como Campos (2008:5) referem:

[o] tema do empreendedorismo reveste-se hoje de grande atualidade. […] O

empreendedorismo é uma manifestação de liberdade e de responsabilidade de indivíduos

na resposta às suas necessidades, mas é simultaneamente um fator de promoção humana

para além de um instrumento de criação de riqueza.

O empreendedorismo é atualmente a palavra de ordem quando se fala em progresso

económico.

Empreendedor, intraempreendor, empreendedor social, são palavras que ouvimos

frequentemente na comunicação social, em programas de investimento e em concursos

promovidos pelas autarquias e pelos bancos nacionais e internacionais.

Mas qual é a motivação que leva determinado individuo a tornar-se empreendedor? Muitos,

em vão, têm tentado encontrar um padrão entre os vários empreendedores. Porém, existem

algumas características que diferem um empreendedor do cidadão comum. Mas na realidade,

através da motivação ou da aquisição de conhecimento qualquer um poderá tornar-se um

empreendedor de sucesso.

Cidades como Lisboa têm vindo a apostar no empreendedorismo para, entre outras fatores,

contornarem a crise e o desemprego gerando através do próprio negócio postos de trabalho e

crescimento económico.

Mesmo antes de existir o conceito de empreendedorismo que Lisboa tem estado ligada ao

empreendedorismo. Centro de rotas económicas, ponto de partida para a descoberta do

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mundo, Lisboa cresceu com o comércio, com ouro, prata, especiarias e outros produtos

vindos dos quatro cantos do mundo.

Atualmente, Lisboa aposta no empreendedorismo através de uma estratégia clara para a

promoção do empreendedorismo na cidade de Lisboa apostando na criação de locais que

visam a criação de novas empresas, através de incentivos financeiros e não financeiros que

ajudam jovens empreendedores a concretizar a ideias de negócio, através da organização de

eventos ligados ao empreendedorismo e à inovação.

Este esforço da cidade na Lisboa na promoção do empreendedorismo tem vindo a merecer

destaque internacional e tem vindo a ser reconhecido pelo esforço em torno da promoção do

empreendedorismo.

Ao longo desta dissertação, definiremos em detalhe certos conceitos fundamentais na área do

empreendedorismo e da inovação. Escolheremos a metodologia de investigação, um estudo de

caso, de modo que apresentaremos na parte prática, o papel da Câmara Municipal de Lisboa

na promoção do empreendedorismo na cidade de Lisboa.

1.2. Objetivo do Trabalho

A presente dissertação tem como objetivo analisar o papel da Câmara Municipal de Lisboa na

promoção do empreendedorismo na cidade de Lisboa. Recorrendo a um estudo de caso, serão

analisados os tipos de apoio e incentivos às empresas por parte da CML.

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1.3. Estrutura da Dissertação

Para a elaboração desta dissertação utilizaremos a seguinte estrutura:

Quadro 1.1. Estrutura da dissertação

1. Introdução

2. Revisão da Literatura

3. Enquadramento do Estudo

4. Parte Prática

5. Conclusões e Recomendações

Fonte: Construção do próprio

No primeiro capítulo, o capítulo atual, apresentaremos uma breve introdução sobre o

desenvolvimento da dissertação. No segundo capítulo, apresentaremos, com base à revisão da

literatura, o desenvolvimento de conceitos base sobre empreendedorismo e inovação. No

terceiro capítulo, faremos o enquadramento do estudo, desenvolvendo e apresentado a

metodologia proposta e questões de investigação para serem respondidas no capítulo seguinte.

No quarto capítulo desenvolveremos a parte prática desta dissertação, estudando o

desenvolvimento do empreendedorismo e promoção do empreendedorismo na cidade de

Lisboa para conseguirmos responder, tal como referido anteriormente, às perguntas de

investigação questionadas no porto anterior. Por fim, no último capítulo, apresentaremos

conclusões desta investigação. Apresentando limitações e recomendações para investigações

futuras.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. História do Empreendedorismo

O empreendedorismo tem recebido especial destaque na imprensa mundial. Apesar de este ser

um fenómeno recente, como se pode observar na Figura 2.1. a sua atividade é tão antiga como

a troca e o comércio entre pessoas e civilizações.

Só há cerca de 30 a 40 anos é que empreendedorismo tem sido alvo de investigação por parte

de autores e investigadores (Langström, Harirchi e Aström, 2012). Nestes últimos anos, o

empreendedorismo tem sido um campo de estudo importante que tem criado um debate

considerável entre os pesquisadores interessados em compreender os fatores que afetam a

atividade do empreendedorismo (Estay, Durrieu e Akhter, 2013).

Figura 2.1. Estudo do empreendedorismo

Fonte: Gaspar, 2011 apud Murphy, Liao e Welsch, 20061

1 Murphy, P.J.; Liao, J.; Welsch, H.P. A Conceptual History of Entrepreneurial Thought. Journal of Management History. 12. (2006). 1. pp 12-35

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A palavra “empreendedorismo” tem a sua origem em França (Herbert e Link, 2009) mas só é

relacionada com a economia através de Richard Cantillon em meados do séc. XVIII (Cassis e

Minoglu, 2005).

Cantillon, um economista irlandês de descendência francesa, definiu “empreendedor” como

«um especialista em assumir riscos, "assegurando" os trabalhadores através da compra da sua

produção para a revenda antes dos consumidores indicarem quanto é que eles estão dispostos

a pagar por isso».

Apesar da introdução de Cantillon, só alguns anos mais tarde, e citando Palma (2012:453), «é

com Schumpeter que o empreendedorismo conhece um progresso significativo». Schumpeter

é o primeiro economista que foca o papel do empreendedorismo no desenvolvimento

económico. (Carlsson, Braunerhjelm, McKelvey, Olofsson, Persson e Ylinenpää, 2013). Este

contributo foi sem dúvida, um dos contributos mais importantes para o desenvolvimento da

economia e do empreendedorismo (Caetano, Santos e Costa, 2012).

A par de Schumpeter, Kirzner é também um dos principais autores na área do

empreendedorismo. Segundo Kirzer (1979:38), um empreendedor é «um decisor cujo

principal papel consiste em estar alerta para oportunidades que até então não tinham sido

percecionadas».

Quadro 2.1. Definições de empreendedorismo

Definição Schumpeteriana (1934) Definição de Kirzner (1973)

O empreendedor é um inovador que

introduz novas combinações de recursos,

criando um desequilíbrio no mercado

O empreendedor está alerta para

identificar e agir sobre oportunidades

lucrativas que surgem baseadas na

identificação de hiatos entre a oferta e a

procura

Fonte: Caetano, Santos e Costa (2012:7)

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Os anos 80 representam um ponto de viragem para atividade de empreendedorismo e para a

investigação em empreendedorismo (Carlsson et al., 2013) expandindo-se e alargando-se a

outras disciplinas (Filion, 1999).

Mas qual a razão deste crescimento durante os anos 80? Segundo vários autores, este

crescimento dá-se em parte, devido à crise económica dos anos 70. Durante esta década

muitas empresas encontraram dificuldades começando assim a proliferar pequenos negócios

que conseguiam competir diretamente com as grandes empresas em termos tecnológicos e

oferta de produtos e/ou serviços (Carlsson et al., 2013).

Atualmente o empreendedorismo tem duas contribuições fundamentais para a economia de

mercado: Em primeiro lugar, faz parte do processo de renovação que está presente e que

define as economias de mercado. Em segundo lugar o empreendedorismo é um mecanismo

essencial pelo qual milhões de pessoas entram para o mainstream económico (Kuratko, 2005).

2.2. O Que é Ser Empreendedor? Algumas Definições

O empreendedorismo é nos dias de hoje, um motor de desenvolvimento do crescimento

económico, mas, a pesquisa em torno do mesmo é relativamente recente (Carlsson,

Braunerhjem, McKelvey, Olofsson, Persson e Ylinenpää, 2013).

Talvez por esta razão exista uma confusão notável à volta da definição deste termo na

literatura sobre este tema (Fillon, 1999). Geralmente as definições são traiçoeiras, e no

empreendedorismo, sendo esta uma área relativamente recente, faz com que a tarefa seja ainda

mais complexa. (Baron e Shane, 2007).

Caetano, Santos e Costa (2012:49) colocam uma questão pertinente quando tentam definir o

conceito de empreendedor ou empreendedorismo para mostrar a dificuldade de definir o

tema:

[u]ma das perguntas mais recorrentes que surgiu desde cedo na pesquisa sobre o

empreendedorismo é a seguinte: “Quem é empreendedor?” Esta pergunta constitui-se

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inclusivamente como título de um dos mais citados artigos da década de 1990, da autoria

de Carland, Hoy e Carland (1988).

Hoje em dia existe uma grande oferta de ensino na área do empreendedorismo. Cursos sobre

este tema passaram de estar apenas disponíveis num punhado de universidades nos anos 70

para mais de 1,600 em 2005 (Kuratko, 2005). Atualmente, existem mais de mil novas

publicações. Mais de 50 conferências e mais de 25 publicações especializadas. Talvez por esta

razão, muito se vem dizendo e refletindo sobre empreendedorismo (Filion, 1999).

Devido ao crescente interesse na área e do que tem sido escrito sobre a mesma, existem

dezenas, senão mesmo centenas de definições interessantes sobre empreendedorismo. Talvez

por isso Palma (2012:453) refira que «são várias as definições que têm sido propostas para

qualificar o fenómeno do empreendedorismo».

É impossível para qualquer autor destacar todas as definições existentes. No entanto,

decidimos destacar a definição da OCDE (1998:12) por esta ser considerada uma das mais

abrangentes e consensual para alguns autores:

[e]ntrepreneurship is central to the functioning of market economies. Entrepreneurs are agents of change

and growth in a market economy and they can act to accelerate the generation dissemination and

application of innovative ideas. In doing so, they not only ensure that efficient use is made of resources, but

also expand the boundaries of economic activity. Entrepreneurs not only seek or and identify potentially

profitable economic opportunities but also willing to take risks to see if their hunches are right. While not

all entrepreneurs succeed, a country with a lot of entrepreneurial activity is likely to be constantly

generation new or improved products and services.

Existem porém, outras definições que deverão ser destacadas face à sua importância, quer por

parte da comunidade, como devido ao estatuto do autor que a definiu.

Comecemos portanto, e devido à sua importância para o empreendedorismo atual, por

Schumpeter (1934). Este autor austro-americano definiu empreendedorismo como o resultado

de novas combinações entre os meios de produção que geram inovação.

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Mais tarde, outro autor importante para o empreendedorismo atual, Kizner (1973), refere que

o empreendedor reconhece e atua sobre oportunidades de lucro, essencialmente, um

arbitrador.

Já Drucker (1986) faz referência à importância em que o empreendedor envolve e dota os

recursos existentes com a nova capacidade de produção de riqueza.

Ireland, Hitt, e Sirmon (2003), numa definição mais recente, seguem a mesma linha de

pensamento do passado ao referir que o empreendedorismo é o processo através do qual os

indivíduos e ou equipas criam riqueza ao reunir pacotes únicos de recursos para explorar

oportunidades de mercado.

2.3. Funções do Empreendedor

Foram apresentados ao longo do ponto anterior vários conceitos sobre empreendedorismo,

mas quais serão realmente as funções de uma pessoa que escolhe o empreendedorismo como

modo de vida?

Wickman (2006) identifica as sete das funções mais importantes e que estão habitualmente

ligadas à prática do empreendedorismo:

1. Ter algum tipo de negócio: é a função que geralmente é identificada pela

maioria das pessoas quando perguntamos a alguém o que faz um empreendedor.

2. Fundador de novas empresas: é muitas vezes outra das ideias associadas ao

empreendedorismo. Um empreendedor é um indivíduo ou um grupo de indivíduos

que fundam novas empresas.

3. Trazer inovações para o mercado: é uma das funções que Wikman (2006:7)

destaca. Para este autor, a inovação é algo crucial no processo empreendedor uma vez

que estes devem trazer algo novo para o mercado se querem entrar no mercado.

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4. Identificar oportunidades de mercado: sejam elas presentes ou ausentes.

Identificar as oportunidades é um fator-chave e uma mais-valia para o sucesso do

empreendedor.

5. Aplicar conhecimento: o empreendedorismo surge de várias formas. Uma delas,

como poderemos verificar mais à frente é através do intraempreendedorismo. Tanto o

empreendedor como o intraempreendedor acrescentam valor à empresa que

representam ao trazerem com eles algum tipo de experiência ou especialização para a

área onde atuam.

6. Liderança: é uma aptidão que os empreendedores deverão possuir que poderá

contribuir para o sucesso dos seus empreendimentos. O empreendedor necessita de

lidar com investidores, funcionários, parceiros ou fornecedores e essas pessoas

precisam de estar alinhadas com a estratégia do empreendedor. Para isso, o

empreendedor deverá mostrar liderança para que tarefas ou estratégias tenham

sucesso.

7. O empreendedor como gestor: apesar das funções que o empreendedor possa

ter, o empreendedor será sempre um gestor. Este facto é confirmado por Wickman

(2006:9) quando refere «não deveremos ficar surpreendidos com esta afirmação. Afinal

de contas, o empreendedor também é um gestor»2.

2.4. Características De Um Empreendedor

«All human beings are born as entrepreneurs. But unfortunately, many of us never had the opportunity to

unwrap that part of our life, so it remains hidden».

- Dr Muhammad Yunus

2 Tradução livre do autor

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10

Muitos em vão, já tentaram incluir num só perfil o perfil do empreendedor. A verdade é que

não existe um perfil que inclua todas as características que possamos identificar como as

características-chave de uma pessoa empreendedora.

Conforme poderemos verificar um pouco mais à frente, todos os indivíduos são, na realidade,

potenciais empreendedores. Autores como Markman e Baron (2003:281) sugerem que «quanto

mais próximas estiverem as características pessoais dos empreendedores e os requisitos para

ser empreendedor […] maior será o sucesso que eles terão»3.

Hisrich e Peters (2004:77) afirmam que «não existe um “verdeiro perfil empresarial”» mas

existem fatores que poderão identificar empreendedores e diferenciá-los da população em

geral. Para os mesmos autores, «o ambiente familiar na infância, a educação, os valores

pessoais, a idade e histórico profissional» (ibid.: 1). Fernando, Santos e Serra (2008), seguindo

a mesma linha de pensamento, afirmam que os empreendedores têm entre outras

características, experiências profissionais, experiências académicas, situações familiares, idades,

características psicológicas. No entanto, e como podemos observar no Quadro 2.2. existem

vários estudos académicos que estudaram as características de vários empreendedores que

destacaram as seguintes características (ibid.: 1):

Quadro 2.2. Características dos empreendedores

Características Autor(es)

Necessidade de realização;

Assunção de riscos;

Capacidade de inovação;

Autonomia;

Locus de controle;

Autoeficácia.

Baum, Frese e Baron (2007)

3 Tradução livre do autor

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Necessidade de ser independente e

realizar;

Assunção de riscos moderados;

Auto-confiança;

Assunção de responsabilidade;

Capacidade de trabalho e energia

Competências em relações

humanas;

Criatividade e inovação;

Dedicação à empresa;

Persistência apesar do fracasso;

Inteligência na execução.

Fernando, Santos e Serra (2008)

Necessidade de ser independente e

realizar (ou atingir resultados);

Competências em relações

humanas;

Assunção de riscos moderados;

Autoconfiança;

Perseverança e excesso de

confiança;

Assunção de responsabilidades;

Criatividade e inovação;

Capacidade de trabalho.

Ferreira, Reis e Serra (2009)

Criatividade;

Persistência;

Capacidade de realização;

Bucha (2009)

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Liderança;

Iniciativa;

Flexibilidade;

Capacidade de condução de

assuntos e pessoas;

Capacidade em utilizar recursos.

Auto-motivação;

Tomada de risco;

Senso-comum;

Valores;

Competitividade/Assertividade;

Persistência;

Responsabilidade;

Auto-confiança;

Aceitação de solidão;

Capacidade de adaptação.

Sarkar (2009)

Fonte: Construção própria

Seremos todos empreendedores? A questão em torno se as pessoas nascem empreendedoras

ou se podem tornar-se empreendedoras ao longo da sua vida tem merecido destaque desde

que o empreendedorismo tornando-se assim alvo estudo e de debate ao longo dos últimos

anos por académicos e profissionais de diferentes áreas desde a gestão até à psicologia (Frese e

Rauch, 2001).

Apesar de determinados indivíduos poderem ter mais sucesso que outros, Gaspar (2011:24)

refere que «todas as pessoas são potenciais empreendedores» e por isso «assume-se portanto

que é possível formar empreendedores e que não se nasce empreendedor» (ibid.: 1).

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Kuratko (2013) é outro dos autores que defende a teoria de que os indivíduos podem tornar-

se empreendedores, fazendo mesmo referência à existência de um certo mito em torno desta

questão. A verdade é que o empreendedorismo tem modelos, processos e estudos de caso

permitindo assim ser estudado e ensinado a quem estiver interessado em aprender mais sobre

este tema (ibid.: 1).

Alguns autores chegam mesmo a referir a existência de um mito em torno do

empreendedorismo que acaba por tornar-se um obstáculo à partida na mente dos potenciais

empreendedores na criação de novas empresas.

Não existem pessoas geneticamente diferentes ou predispostas a serem empreendedoras. Tal

como referido anteriormente, todas têm o potencial de ser empreendedores, sendo que

variáveis como o ambiente, experiências diversas e escolhas pessoas poderão influenciar essas

mesmas pessoas (Ferreira, Santos e Serra, 2008).

2.5. Motivações em empreendedorismo

A motivação é um fator importante para definir o sucesso do empreendedor (Renko, Kroeck

e Bullough, 2011). Para expormos as motivações que levam determinada pessoa ao

empreendedorismo deveremos começar por definir o conceito de motivação. Muito se tem

falado ao longo do tempo sobre a temática “empreendedorismo” mais ainda se tem falado

sobre “motivação” em áreas como, por exemplo, a psicologia.

2.5.1. Conceito de motivação

O estudo da motivação é antigo. Mais recentemente, a motivação no trabalho tem merecido

destaque na psicologia das organizações e do trabalho (Gomes, 2011).

Prévost (2001:508) refere que «a motivação inscreve-se na função da relação do

comportamento: graças a ela, as necessidades transformam-se em objetivos, planos e

projetos». George e Jones (2011:183) afirmam que a motivação são «forças psicológicas

internas de um indivíduo que determinam a direção do seu comportamento, ao seu nível de

esforço e a sua persistência face aos obstáculos». Já Deci e Vroom (1992:9) referem que «o

termo motivação está relacionado com três questões fundamentais relativas à regulação do

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comportamento: o que energiza a ação; como ela é direcionada; em que medida ela é

voluntariamente controlada». Por fim, mas não menos importante, destacamos também Sims,

Fineman e Gabriel (1993:273) que referem que a motivação são «as forças que atuam dentro

do individuo, que iniciam e dirigem o seu comportamento».

Apesar do grande número de definições sobre motivação, as definições estão todas na mesma

linha de pensamento não havendo definições contraditórias (Gomes, 2011). Para o mesmo

autor, a motivação está relacionada com aquilo que leva determinado indivíduo a exercer

determinada atividade (ibid.: 1). O que leva esse indivíduo a escolher determinada ação em

detrimento de outra com a intensidade que a faz e durante quanto tempo.

2.5.2. Teoria de Maslow

Um dos autores com obras mais reconhecidas pela comunidade académicas é, sem dúvida

alguma, Abraham Maslow com a sua teoria da hierarquia das necessidades.

Esta teoria, segundo Gomes (2011:258), «é uma das mais conhecidas e divulgadas entre os

psicólogos, assim como outros profissionais que dedicam a sua atenção a este tema». Tal

como se pode observar na Figura 2.2., a teoria das necessidades segundo Maslow tem cinco

níveis onde estão identificadas as necessidades básicas comuns a todos os indivíduos.

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Figura 2.2. Teoria das Necessidades

Fonte: Adaptado de Gomes (2011)

Necessidades Fisiológicas: é a primeira necessidade comum a todos os indivíduos. Segundo

Cunha, Rego, Cunha e Cabral-Cardoso (2007:156) «referem-se ao nível mais elementar da

existência humana».

Necessidades de Segurança: quando as necessidades anteriores estão asseguradas ou de

certa forma satisfeitas surge as necessidades de segurança. Estas poderão ser físicas ou

económicas (Gomes, 2011). As económicas poderão ser em forma de desejo de um emprego

estável ou de estabilidade a nível económico (Cunha, Rego, Cunha e Cabral-Cardoso, 2007).

Necessidades Sociais ou de Amor: para Gomes (2011:259) «estas passaram,

posteriormente, a ser chamadas necessidades sociais». Este tipo de necessidade refere-se,

segundo Cunha, Rego, Cunha e Cabral-Cardoso (2007:156) «à busca de relacionamentos

interpessoais e sentimentos recíprocos».

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Necessidades de Auto-Estima: apesar de algumas pessoas poderem estar satisfeitas com a

satisfação das necessidades anteriores, podem ainda assim sentir-se frustradas (Cunha, Rego,

Cunha e Cabral-Cardoso, 2007). Este nível hierárquico inclui o respeito por si próprio, o

reconhecimento, atenção ou apreço por terceiros (Gomes, 2011).

Necessidades de Auto-Realização: segundo Gomes (2011:259), este último nível

hierárquico corresponde «ao desenvolvimento e crescimento pessoal». A necessidade de auto-

realização é aquilo que o individuo deseja ser.

2.5.3. A motivação do empreendedor

A literatura inicial sobre empreendedorismo sugere que o comportamento do empreendedor é

influenciado pelas suas características pessoais. Por esta razão, muitos investigadores focaram-

se nas características pessoais que distinguem os empreendedores dos não empreendedores

(Brockhaus, 1982). Vejamos algumas influências conforme se pode observar na Figura 2.3.

Figura 2.3. Influência para o lançamento de novos negócios

Fonte: Caetano, Santos e Costa (2012:53)

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Caetano, Santos e Costa (2012:54) referem que «as motivações empreendedoras são um

fatores que desempenham um papel mais determinante no processo empreendedor» que

influenciam diretamente a performance da sua empresa, mesmo para lá do estágio inicial

(Carsrud e Brännback, 2009). Mas quais serão essas motivações? Vejamos a Figura 2.4.:

Figura 2.4. Motivações em empreendedorismo

Fonte: Construção própria

Em empreendedorismo, o indivíduo sente as mesmas necessidades que o resto da população.

No entanto, segundo Caetano, Santos e Costa (2012:55) referem pode «haver diferentes

necessidades que estão na origem do empreendimento, como por exemplo, a necessidade de

realização pessoal» (ibid.: 1).

Atualmente, fatores como o desemprego fazem com que esta seja das principais razões,

podendo porém existir outras.

Carsrud e Brännback (2011:13) referem «tradicionalmente, as razões para se iniciar uma

empresa (objetivo do empreendedor) eram baseadas em razões económicas (Schumpeter

1934)».

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Ferreira, Santos e Carvalho (2008) referem que a «a possibilidade de se tornar empreendedores

e iniciar o seu próprio negócio e empresa (…) [para] que procurem realizar sonhos e

concretizar as ideias» são várias das motivações existentes no processo empreendedor.

Outros têm o desejo de independência e estão motivados a serem o seu próprio patrão e

trabalharem para eles próprios ao contrário de serem apenas mais uma pessoa dentro de uma

organização.

Outros autores destacam a paixão como fator relevante de motivação em empreendedorismo.

Um dos exemplos que se destacam é o discurso de Steve Jobs na Universidade de Stanford.

Durante este discurso, Jobs, um dos fundadores da Apple Inc. destaca a «importância de fazer

um trabalho pelo qual se está apaixonado» relacionando o sentimento com o seu desempenho

(Caetano, Santos e Costa, 2011).

2.6. Tipos de Empreendedorismo

2.6.1. Empreendedorismo start-up

Tal como o nome indica, «start» é criar um novo negócio. Este empreendedor deteta

determinada oportunidade no mercado e cria o seu próprio negócio. A ideia de

empreendedorismo é para muitos ligada diretamente à criação de novas empresas ou

organizações (Wennekers e Thurik, 1999).

2.6.2. Intraempreendedorismo

Vulgarmente pensa-se que o empreendedorismo está apenas presente em novos negócios ou

está ligado diretamente às PMEs. Na realidade, o empreendedorismo ocorre também em

grandes organizações sob a forma de intraempreendedorismo (CE) (Wennekers e Thurik,

1999).

O intraempreendedorismo tem conhecido durante o Séc. XXI, um crescimento notável dentro

das organizações contribuindo para altos índices de desempenho dentro das organizações

(Kuratko, 2007).

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Este tipo de empreendedorismo é baseado em inovação: numa nova tecnologia, categoria de

produto, ou num modelo de negócio que leva a organização desenvolvê-lo para obter

vantagem sustentada. Muitas empresas promovem junto dos seus colaboradores este tipo de

empreendedorismo com o objetivo de explorar a criatividade e conhecimento dos seus

colaboradores para o lançamento de novos produtos e/ou serviços (Kelley, 2011).

Com base na literatura existente, autores como Wennekers e Thurik (1999) identificam três

tipos de intraempreendedorismo: O primeiro tipo de intraempreendedorismo passa pela

criação de novos negócios ou unidades de negócio dentro da própria empresa. O segundo tipo

é quando existe uma transformação ou renovação estratégica das organizações existentes.

Finalmente, e não menos importante, o terceiro tipo de intraempreendedorismo. Quando a

empresa altera as “regras da competição” através de um produto inovador que visa alterar

toda a indústria existente (Stopford e Baden-Fuller, 1994).

2.6.3. Empreendedorismo social

É uma área de negócio relativamente pequena mas que tem vindo a crescer como uma fonte

eficaz de soluções para uma variedade de problemas sociais.

Usualmente definido como uma atividade empreendedora com uma finalidade social

incorporada (Austin, Stevenson e Wei-Skillern, 2006), o empreendedorismo social surgiu há

cerca de três décadas. Desde então tem sido uma área ativa tanto na prática como na

investigação (Choi e Majumdar, 2014).

Este tipo de empreendedorismo é um processo pelo qual os cidadãos criam ou transformam

instituições para oferecer soluções para problemas sociais como a pobreza, doença, destruição

ambiental, abuso de direitos humanos e corrupção, com o objetivo principal de melhorar a

vida de outras pessoas (Bornstein e Davis, 2010). Muitos empreendedores sociais começam

com pequenas iniciativas, muitas vezes visam problemas locais mas com uma relevância

global, como por exemplo, o acesso a água potável, promover a criação de pequenas empresas

no meio onde a população necessitada se insere ou na reinserção social de indivíduos (Santos,

2012).

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20

2.7. Diferenças Entre Empreendedorismo e a Gestão Tradicional

Autores como Morris, Kuratko e Covi (2007:12), referem que o «empreendedorismo difere da

gestão4».

Apesar do empreendedor poder ser também um gestor na empresa que criou, existem

diferenças distintas entre o empreendedor e o gestor tradicional (Ferreira, Santos e Serra,

2008).

O empreendedorismo centra-se nas pessoas e no seu ambiente e promovendo assim o

crescimento sustentável da empresa diferindo-se assim da gestão tradicional nos fundamentos

da filosofia e processo da gestão (Kao, Kao e Kao, 2002).

Vejamos o Quadro 2.3. elaborada pelos autores mostrando as diferenças fundamentais entre

ambos:

Quadro 2.3. Diferenças entre o empreendedorismo e gestão tradicional

Management Practice Traditional Entrepreneurial

Economic system Market economy:

capitalistic.

Market economy:

entrepreneurial.

Ownership

Private ownership. Capital

accumulation and

ownership augmentation.

Individual ownership.

Enterprise creation,

personal dedication and

pursuit of entrepreneurial

value.

Value system

Individual benefit from the

harvest of their efforts.

Satisfy consumer needs

(sometimes generated

Individuals create wealth

for themselves and add

value to society. Concern

for the common good.

4 Tradução livre do autor

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through advertising.

Business culture

Maximization, guided by

marginal theory. System

approach.

Optimization, guided by

personal belief. Judgement

approach. Self-relent where

ever and whenever feasible.

Mode of managing

Serving investors’ need for

return on investment.

Market driven.

Driven by entrepreneurial

need to create and

innovate.

Rules of managing

Management separate from

ownership. Employees

serve the interest of capital

investors.

All individuals assume

decision-making

responsibility. Individuals

perceived as stakeholders,

with or without capital

investment.

The goal of business entity To make money. Re-invest for development

and growth.

Management practice

decision guide

Maximization principle. Optimization principle.

Attitude toward resources

Resources are for

exploitation.

Resources are limited.

Consideration of future

generations.

Attitude towards the

environment

Satisfaction of legal

responsibilities.

Satisfaction of moral

responsibilities.

Attitude toward people

A replace and manageable

resource.

The source of innovation

and creativity. They make

or break the business.

Attitude toward innovation

and creativity

ROI comes first. Improvement through

innovation.

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Attitude toward risks No risk no loss. No risk no gain.

Profit computation

Deduct all costs from

revenue (accounting

method).

Residual, taking into

account opportunity cost

and cost to the

environment.

Profit distribution To shareholders, with

bonuses to top executives.

Residual, to shareholders.

Individual’s remuneration

Contractual agreement

through collective

bargaining between the

firm and its employees.

Conciliatory, possibly with

worker participation in

management.

The role of government

The less the better. Responsible for matters of

the common good, were

the market system cannot

serve public interest.

Education

Professionalism and

specialization. Serve

corporate interests.

Develop creativity and

independent thought.

Professions and

professionals

Uphold professional

standards.

Manage professionally, but

without professional

managers.

Human resource

management

Employment based on

short term contract. Good

soldiers.

Relationships buit on

mutual loyalty. Risk takers.

Human resource

performance

Judged by superiors. Judged on the marketplace.

Attitude toward the

presence of opportunity

Cost and benefit analysis. Make it happen.

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Deal with crisis Seek responsibility.

Investigative approach.

Resolve crisis. Firefighter’s

approach.

Action orientation There are always more

opportunities.

Seize the day.

Tasks Problem solving. Identify and pursue

opportunities.

The botton line Accounting profit and ROI

attainment.

Sustainable growth and

tasks accomplished.

Fonte: Kao, Kao e Kao (2002:19)

2.8. Determinantes do Empreendedorismo

Existem vários fatores que influenciam diretamente o empreendedorismo. Autores como

Ferreira, Santos e Serra (2008:21) referem que «um país empreendedor oferece oportunidades

e infraestruturas para ajudar o empreendedor a criar, e gerir o seu negócio». Recorrendo ao

relatório da GEM (2012) podemos verificar que existem nove condições estruturais que

identificam fatores que impulsionam ou que constringem o empreendedorismo em

determinado país:

Fatores financeiros: condições do mercado financeiro em que a empresa se insere.

Disponibilidade de recursos financeiros para novas empresas ou em desenvolvimento.

Políticas governamentais: como é que as políticas governamentais influenciam a atividade

através os impostos ou regulamentações e se estas incentivam ou desincentivam o

empreendedorismo nesse país.

Programas governamentais: se existem programas governamentais que incentivem e apoiem

o empreendedorismo.

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Educação e formação: se na educação é incluída a formação sobre a criação ou gestão de

negócios.

Transferência de investigação e desenvolvimento: grau de I&D de determinado país que é

traduzido em novas oportunidades de negócio.

Infraestruturas comerciais e profissionais: influência das instituições que permitem a

promoção de PMEs, empresas novas ou em crescimento.

Abertura do mercado/Barreiras à entrada: grau de competição existente entre empresas

desse país. Se o mercado está recetível à entrada de novas empresas ou se por outro lado cria

barreiras à entrada dessas mesmas empresas.

Acesso a infraestruturas físicas: acesso a infraestruturas de comunicação, transportes,

utilidades, matérias-primas e recursos naturais existentes nesse país que possam facilitar ou

dificultar a atividade das empresas.

Normas culturais e sociais: em que medida as normas culturais e/ou sociais que incentivam

ou impedem a criação de novos negócios.

2.9. Inovação e Oferta de Valor Como Fatores-Chave No

Empreendedorismo

A inovação não é um fenómeno recente mas sim um processo inerente ao desenvolvimento

humano (Galindo, Ribero e Mendéz, 2012). Segundo a literatura existente, é um fator

importantes para a economia nacional (Wong, Ho, Autio, 2005).

Gupta (2008:31) destaca o papel da inovação e como esta sempre fez parte da humanidade ao

referir que:

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[a] inovação fez sempre parte da humanidade. Desde a descoberta do fogo através do

método de esfregar duas pedras, o ser humano tem vindo a inovar. A inovação é,

provavelmente, o mais antigo processo que se conhece; por outras palavras, a inovação é

uma extensão da criatividade dos seres humanos.

Na mesma linha de pensamento, Galindo, Ribero e Mendéz (2012: 52) referem que «a história

da humanidade é caracterizada pelo aparecimento de inovações que facilitaram e alteraram os

métodos de produção, a forma como se trabalha, as comunicações, os transportes, etc»5.

No início da sua atividade, muitos empreendedores têm como um dos seus objetivos inovar

na sua área de negócio, ou pelo menos desejamos que assim fosse, pois um dos fatores

fundamentais para o sucesso do negócio é a capacidade do empreendedor inovar.

Num mundo em constante mutação e com a facilidade de comunicação à escala global e de

acesso a informação é extremamente fácil um produto que hoje é inovador e que acrescenta

valor ao consumidor ser copiado e apresentado amanhã pela concorrência com um custo

inferior ao de outra empresa. Por isso, e entre outras coisas, as empresas deverão investir

muito do seu tempo e investimento em I&D.

2.9.1. Conceito de inovação

Schumpeter é dos autores mais citados por investigadores na área do empreendedorismo e

inovação em empreendedorismo, talvez em parte, devido à contribuição que este autor

ofereceu à comunidade através conceito de "empreendedor como inovador" tornando-o numa

figura-chave no desenvolvimento económico (Wong, Ho e Autio, 2005).

Ao contrário do que muitos empreendedores poderão pensar, inovar não significa

necessariamente inventar algo novo. Na verdade, inovar e inventar são conceitos com

particularidades distintas.

5 Tradução livre do autor

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Muitas vezes pensamos em inovação como um produto ou serviço lançado para o mercado e

esquecemo-nos que para inovarmos não necessitamos de fazermos algo radical. Autores como

Kotler e Bes (2011) confirmam esta afirmação ao afirmar que a inovação gradual, a inovação

que é feita passo a passo, também é inovação.

Tal como noutros conceitos, o conceito de inovação que não gera consenso entre os autores e

por isso, não existe uma definição universalmente aceite entre os vários autores que

escreveram sobre o tema. No entanto, destacam-se algumas definições:

Drucker (1986:46) refere que a inovação é «a ação que dota os recursos de uma nova

capacidade para criar riqueza. A inovação cria, de facto, o recurso. Um “recurso” é uma coisa

que não existe até o homem descobrir uma utilização para algo existente».

Tidd, Bessant e Pavit (2005:23) referem que a inovação «é movida pela habilidade de

estabelecer relações, detetar oportunidades e tirar proveito das mesmas».

Carvalho Vieira (2000:75) refere que inovar «é um processo que se manifesta por uma

realização original possuidora de atributos criadores de valor, cujo desenvolvimento,

lançamento e difusão requer a disponibilidade de um conceito, de uma função a cumprir,

assim como de recursos tecnológicos e materiais».

De Barreyere (1980), diz-nos que o processo que leva à inovação é a transformação de uma

nova ideia num produto concreto.

Carvalho Vieira (2000:75) complementa a ideia de De Barreyere (1980) com «[de] grosso

modo, o processo de inovação é a transformação de uma nova ideia num produto concreto».

Bucha (2009:72) refere-se à inovação como «a base de conhecimento para um empreendedor,

sendo uma disciplina de diagnóstico: um exame sistemático das áreas da mudança que

tipicamente oferecem oportunidades empreendedoras».

2.9.2. A importância de inovar

Freire (2000: 18) refere que «através da inovação, a empresa constrói no presente as bases do

seu desenvolvimento futuro». Este fenómeno está ligado ao sucesso empresarial e à economia

(Kluge, Meffert e Stein (2000). Ao inovar, a empresa oferece produtos mais competitivos que

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permitem à empresa entrar em novos mercados (Galindo, Ribero e Mendéz (2012) criando

assim valor para os consumidores (Mizik e Jacobson, 2003). Gupta (2008: 178) afirma que «a

importância da inovação no desempenho económico dos países industrializados têm vindo a

ser incentivada pela intensa concorrência mundial que se verifica à medida que o mundo se

torna mais aberto, plano e global».

Se não existir uma cultura que promove a inovação e a criatividade, a empresa poderá terá um

grave problema, uma vez que a inovação contribui para o sucesso competitivo da empresa

podendo mesmo perder clientes, reduzir a rentabilidade, ou abandonar o negócio. (Bessant e

Tidd, 2007; Freire, 2000).

Por outro lado, empresas que inovam poderão influenciar um mercado dominado pela

concorrência e desfrutar de vantagens e lucros anormais devido à falta de respostas por parte

dos seus concorrentes (Ireland, Hitt e Sirmon, 2003) podendo mesmo ter o poder de redefinir

toda uma indústria (Davila, Epstein e Shelton, 2006). A inovação extremamente importante

que não só ajuda a empresa a comerciar novos produtos mas também tem o poder de criar

novas oportunidades e novos mercados (Gupta, 2008).

Atualmente a importância de inovar tem vindo a receber especial atenção em diversos fatores

devido às seguintes tendências:

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28

Figura 2.5. Importância da inovação

Fonte: Adaptado de Freire (2000: 20)

Recorrendo a Freire (2000: 20) desenvolveremos os pontos acima demonstrados na Figura

2.5.:

Redução do ciclo de vida dos produtos: devido à competitividade existente no mercado, as

empresas lançam atualizações ou novos produtos num espaço mais reduzido.

Excesso de capacidade instalada: devido a uma quebra nas vendas, empresas poderão criar

processos inovadores de modo a responderem com maior flexibilidade e rapidez a novas

oportunidades.

Individualização da oferta: através de ofertas específicas para satisfazer diferentes tipos de

clientes.

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29

Aumento da intensidade competitiva: quando empresas concorrentes estão atentas de

modo a lançarem novos produtos quando a outra empresa concorrente lança novos produtos

para o mercado.

Acréscimo de sofisticação dos clientes: através de incremento de novas características de

produtos que a empresa oferece aos seus clientes.

Aceleração da evolução tecnológica: empresas poderão necessitar de parcerias para

responder a determinada necessidade.

Globalização das economias: vivemos cada vez mais num mundo global. As empresas

deverão tirar partido desta crescente integração económica.

Escassez de recursos: matérias-primas poderão ser escassas num futuro próximo levando as

empresas a apostar em outros produtos para substituírem o produto que escasseia.

Expectativas dos mercados financeiros: investidores tendem a investir o seu capital em

empresas inovadoras em detrimento de investir em empresas que não inovam.

Desregulamentação: Um mercado desregulamentado poderá oferecer condições para

empresas inovarem nos seus produtos e/ou serviços.

2.9.3. Fontes de inovação

Drucker é dos autores mais conceituados na área da gestão e tem um papel fundamental no

desenvolvimento do conceito e estudo da inovação empresarial.

Drucker (1987) destaca sete fontes de oportunidades para a inovação. As primeiras quatro

fontes têm lugar no interior do empreendimento. O segundo grupo de três fontes implica,

segundo o mesmo autor, mudanças exteriores à empresa ou à indústria.

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30

Inesperado: que segundo Drucker (1987:49) é a área que apresenta a «maior riqueza de

oportunidades para a inovação bem-sucedida».

Incongruência: uma discrepância ou dissonância entre algo que é ou deveria ser. Ou segundo

Drucker (1987:69), «entre o que uma coisa na realidade é e aquilo que toda a gente julga que

ela é». Incongruência é, segundo o autor, um sintoma de mudança. Esta mudança pode já ter

acontecido ou que ainda poderá acontecer.

Inovação baseada em necessidades operativas: citando o provérbio «a necessidade é a mãe

da invenção», Drucker (1987:81) refere a necessidade operativa não é uma «necessidade vaga

ou geral, mas muito concreta.

Mudanças das estruturas industriais e de mercado: ao contrário do que muitos poderão

pensar, a estruturas industriais ou de mercado são instáveis. Para Drucker (1987:89) «quando

isto acontece, todos os membros da indústria têm de agir. Continuar a fazer o negócio como

antes é quase garantia certa do desastre, e poderá muito bem condenar uma empresa ao

desaparecimento».

Fatores demográficos: é um fator externo à empresa. Drucker (1987:101) destaca as

«mudanças na população, no seu tamanho, na sua estrutura, composição, emprego nível

educacional e rendimentos». A demografia, segundo o mesmo autor, é extremamente

importante para saber o que será comprado, por quem é que será comprado e em que

quantidades serão compradas.

Mudanças de perceção, atitude e significado: para Drucker (1987:112), «quando a

perceção geral se altera […] surgem grandes oportunidades para inovação».

Novos conhecimentos, tanto científicos como não científicos: segundo Drucker

(1987:120) este tipo de inovação é a «vedeta da atividade empresarial» e também a que mais

tempo demora a chegar ao mercado.

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31

2.9.4. Tipos de inovação

Autores conceituados como Davila, Epstein e Shelton (2006:57) dizem-nos que «nem todas as

inovações são criadas da mesma forma».

Como poderemos observar na Figura 2.6. para estes autores existem três tipos de inovação e

cada uma delas representa diferentes riscos para quem inova:

Figura 2.6. Tipos de inovação

Fonte: Davila et all (2006)

Inovação incremental: predominante na maioria das empresas. Este tipo de inovação é uma

forma de “espremer” ao máximo o tanto quanto possível os produtos ou serviços existentes,

sem fazer mudanças significativas ou grandes investimentos por parte da empresa.

Inovação semi-radical: envolve uma mudança substancial no modelo de negócios ou na

tecnologia da empresa. Mas não em ambas.

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32

Inovação radical: A inovação radical é uma mudança significativa que afeta simultaneamente

o modelo de negócio e de tecnologia de uma empresa. Este tipo de inovação traz mudanças

fundamentais para ambiente competitivo em uma indústria.

Davila et all (2006:57) referem que a inovação incremental «leva a melhorias moderadas nos

produtos e processos de negócios em vigor». Por outro lado, e no extremo oposto, a inovação

radical é «um conjunto de novos produtos e/ou serviços fornecidos de maneiras inteiramente

novas». Já Tidd, Bessant e Pavitt (2005:30) referem que existem quatro tipos de inovação. Ou

como eles apelidam os “4 Ps” da inovação:

Inovação de produto: mudança nas coisas (produtos e/ou serviços) que a empresa oferece.

Inovação de processo: forma que os produtos e/ou serviços são criados e/ou entregues.

Inovação de posição: mudança nas circunstancias em que os produtos e/ou serviços são

introduzidos no mercado.

Inovação de paradigma: mudança de modelos que orientam o que a empresa faz.

2.9.5. Identificar oportunidades de negócio

Os autores English e Moate (2009) dizem-nos que uma oportunidade de negócio é uma é uma

ideia com potencial comercial.

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33

Figura 2.7. Oportunidades de negócio

Fonte: Adaptado de Caetano, Santos e Costa (2012:23)

Quanto maior for a ideia do empreendedor em criar determinado negócio com vista à

satisfação do cliente, maior será, em teoria, a taxa de sucesso do seu empreendimento. Na

mesma linha de pensamento, autores Ferreira, Reis e Serra (2009) referem que as ideias e

oportunidades de negócio devem ser avaliadas quanto ao potencial para serem bem-sucedidas.

2.10. Empreendedorismo em Portugal

Será Portugal um país de empreendedores? Esta é uma questão colocada por bastantes

investigadores em Portugal (Caetano, Santos e Costa, 2013). Ramos e Nogueira (2013:9) fazem

uma pergunta pertinente: «O futuro de Portugal reside no empreendedorismo?» A verdade é

que o empreendedorismo desenvolveu-se de uma forma exponencial nos últimos três anos.

Não nos podemos esquecer que empresas com um número de empregados inferiores ou igual

a 50 empregados constituem 98% do tecido empresarial Português (ibid.: 1).

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34

2.10.1. Números do empreendedorismo em Portugal

Através do GEM, indicador independente em empreendedorismo, poderemos comparar o

nosso país com outros países estudados pelo GEM. O GEM foi um projeto iniciado em 1999

em parceria entre a London Business School e o Boston College. O que inicialmente começou

com um estudo de 10 países é hoje um estudo com mais de 100 países de todos os quatro

cantos do globo.

Este projeto tem um orçamento de cerca de 900 milhões de dólares e o objetivo para o ano de

2013 era de abranger 75% da população mundial e 89% do PIB mundial.

Atualmente, o GEM utiliza uma tipologia sugerida por Porter, Sachs e McArthur (Caetano,

Santos e Costa, 2013) onde caracterizam os países de acordo com vários fatores como por

exemplo: a economia orientada para diferentes fins como a produção, a eficiência e a

inovação. Esta tipologia poderá ser observada no Quadro 2.4.

Quadro 2.4. Tipologia geral de economias utilizadas pelo GEM (2011)

Tipo de economia Principais características Países

Economias orientadas

por fatores de produção

Ênfase da atividade no

sector primário

Desenvolvimento

económico baseia-se na

passagem do trabalho para

outros setores

Necessidade na base do

empreendedorismo

Angola, Arábia Saudita,

Bolívia, Cisjordânia e Faixa

de Gaza, Egito, Gana,

Guatemala, Irão, Jamaica,

Paquistão, Uganda,

Vanuatu, Zâmbia

Economias orientadas

para a eficiência

Setor secundário bastante

desenvolvido

Novos mercados

emergentes

Empreendedorismo baseia-

se na movimentação de

capitais proveniente do

África do Sul, Argentina,

Bósnia e Herzegovina,

Brasil, Chile, China,

Colômbia, Costa Rica,

Croácia, Equador,

Formosa, Hungria, Letónia,

Macedónia, Malásia,

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35

setor secundário México, Montenegro, Peru,

Roménia, Rússia, Trindade

e Tobago, Tunísia, Turquia,

Uruguai

Economias orientadas

para a inovação

Ênfase económica no setor

dos serviços

Projetos de I&D na base

do desenvolvimento

económico

Oportunidades na base da

atividade empreendedora

Alemanha, Austrália,

Bélgica, Dinamarca,

Eslovénia, Espanha, EUA,

Finlândia, França, Grécia,

Holanda, Irlanda, Islândia,

Israel, Itália, Japão,

Noruega, Portugal,

República da Coreia, Reino

Unido, Suécia, Suíça

Fonte: Caetano, Santos e Costa (2013: 107)

Como poderemos confirmar recorrendo ao quadro acima descrito, economias orientadas para

a inovação, permitem que exista um aumento da atividade empreendedora que procura

responder a oportunidades e satisfazer necessidades de populações exigentes (Caetano, Santos

e Costa, 2013).

Portugal participa neste estudo desde 2001 e tem o apoio do IAPMEI, da Fundação Luso-

Americana Para o Desenvolvimento e pela SPI Ventures. Nos últimos anos, esta participação

tem recebido também o apoio do ISCTE-UTL.

Segundo o relatório GEM Portugal 2012, o último relatório disponível para o nosso país,

refere que Portugal:

[a]presenta a atividade empreendedora em Portugal não sofreu alterações significativas ao

nível dos seus índices mais relevantes, monitorizados pelo estudo GEM, o que significa

que, mesmo com o agravar da situação económica, financeira e social do País, a iniciativa

empreendedora não diminuiu.

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36

A taxa TEA, taxa que mede a percentagem de adultos envolvidos em “start-ups”, cresceu de

uma forma, ainda que ligeira face ao ano anterior, ocupando neste ano o 44º posto do num

universo 69 países que são incluídos neste estudo.

Gráfico 2.1. Taxa de atividade empreendedora early-stage (TEA)

Fonte: GEM (2012)

Durante o ano de 2012, Portugal registou uma ligeira subida da taxa TEA. Em 2012, este taxa

situava-se nos 7,7%. Ou seja, num universo de 100 individuos em idade adulta, cerca de 8 são

empreendedores em Portugal.

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37

Figura 8.2. O empreendedor Português com base no relatório GEM

Fonte: Adaptado de Caetano, Santos e Costa (2013)

Segundo este mesmo estudo, a faixa etária dos Portugueses entre 25 aos 34 anos, é a faixa que

reúne mais empreendedores no nosso país. A taxa TEA nessa categoria é de 10,6%. 44,9%

dos empreendedores em Portugal estão incluídos no setor que inclui os negócios direcionados

para o consumidor final. 26,2% no setor da transformação e em 23,8% na prestação de

serviços a outras empresas.

Gráfico 2.2. Orientação dos empreendedores segundo a indústria

Fonte: Adaptado de GEM (2012)

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Mas porque criam os Portuguese o seu negócio? Como poderemos observar no Gráfico 2.3.

58,3% dos empreendedores Portugueses na fase early-stage criam negócios ligados a uma

oportunidade detetada. 26,2% são motivados por necessidade, enquanto 15,6% dizem que

criaram o seu negócio com base na mistura de ambos os motivos.

Gráfico 2.3. Porque criam os Portugueses o seu negócio?

Fonte: Adaptado de GEM (2012)

Quando se fala de sexo no empreendedorismo, o relatório da GEM refere que o número de

empreendedores «early-stage do sexo masculino corresponde a 9,2% da população adulta

masculina e o número de empreendedores early-stage do sexo feminino a 6,1% da população

adulta feminina».

O rácio entre o sexo masculino e feminino tem vindo a decrescer ao longo dos anos e tem

vindo a progredir para a paridade.

2.10.2. Empreendedorismo no ensino superior em Portugal

Tal como em outros temas e correntes mundiais, a disseminação das ideias é feita nas escolhas

e nas universidades de cada país.

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Para Caetano, Santos e Costa (2013:117) «é importante que os alunos universitários

perspetivem o empreendedorismo como uma alternativa de percurso profissional, transitória

ou não».

Para o desenvolvimento do empreendedorismo em Portugal, temos vindo à implementação de

unidades curriculares e de cursos ligados ao empreendedorismo no ensino superior.

Foram identificados em Portugal 338 unidades curriculares de empreendedorismo em cursos

superiores em Portugal. Segundo estes mesmos autores, «o maior número destas encontram-se

no ensino universitário público politécnico». Quanto a cursos, existem atualmente cerca de 27

cursos de formação especializados em empreendedorismo (ibid.: 1).

Figura 2.9. Ensino do empreendedorismo em Portugal

Fonte: Adaptado de Caetano, Santos e Costa (2013)

Como podemos identificar na Figura 2.9., a formação oferecida em empreendedorismo é

maioritariamente mestrados, um doutoramento e quatro pós-graduações. Através deste mapa

podemos afirmar que o ensino do empreendedorismo apresenta contrastes quando

comparamos a oferta entre os vários distritos.

Lisboa destaca-se dos demais distritos por ser o único distrito onde é oferecido um

doutoramento na área do empreendedorismo.

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3. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

3.1. Introdução

A revisão da literatura permitiu-nos reter e compreender conceitos-chave que nos permitem

aprofundar os nossos conhecimentos sobre a temática do empreendedorismo e características-

chave no perfil do empreendedor.

Sousa e Baptista (2011:3) referem que uma investigação trata-se «de um processo de

estruturação do conhecimento, tendo como objetivos fundamentais conceber novo

conhecimento ou validar algum conhecimento preexistente, ou seja, testar alguma teoria para

verificar a sua veracidade».

Neste capítulo identificaremos todas as linhas orientadoras do estudo empírico elaborado para

a elaboração desta dissertação.

3.2. Escolha do Tema de Investigação

O tema de investigação deverá ser selecionado segundo os interesses de quem está a fazer a

investigação e com a sua experiência de vida (Sousa e Baptista, 2013).

Segundo os mesmos autores, na escolha do tema de investigação deveremos ter os «seguintes

critérios para a definição do objeto de estudo» (ibid.: 1):

Critério da familiaridade do objeto de estudo: ou seja, perceber se este tema desenvolve-se

através da experiência do investigador.

Critério de afetividade: Ou seja, deveremos ter em conta em conta a motivação do

investigador antes, durante e após a investigação.

Critério de recursos: Se o investigador tem facilidade na recolha e captura dos meios

necessários para a investigação.

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Tendo como base o mestrado escolhido, a escolha deste tema refere-se a um tema pertinente e

de interesse para o mestrando onde existe o grau de familiaridade, afetividade e os recursos

necessários para a investigação.

3.3. Questões de Investigação

As questões de investigação são um dos pontos de partida e um passo fundamental no

processo de investigação (Lewis e Munn, 2004).

Desta forma, foram elaboradas as seguintes questões de investigação para podermos investigar

e elaborar esta dissertação:

Q1: Qual é a visão e a estratégia da Câmara Municipal de Lisboa para o empreendedorismo na

cidade de Lisboa?

Q2: Qual é o papel da Câmara Municipal na promoção do empreendedorismo na cidade de

Lisboa?

Q3: Quais são os apoios financeiros e não financeiros que a Câmara Municipal Lisboa oferece

aos jovens empreendedores?

Q4: Qual é o reconhecimento internacional do esforço da cidade para fomentar o

empreendedorismo em Portugal?

Autores como Souza e Souza (2011), as questões de investigação são fundamentais para a

análise da informação. Recorrendo a estas questões, o investigador terá um apoio

investigatório para que não se perca com informações desnecessárias para a sua investigação.

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3.4. Metodologia

Para Hübner (1998), o método é uma secção fundamental em qualquer projeto de pesquisa ou

de teses em geral.

O mesmo autor, Hübner (1998:41) refere mesmo que «seja um trabalho de natureza teórica,

[…] seja de natureza científica, todo o projeto deve esclarecer o “caminho que se faz” para

poder chegar a conclusões».

O estudo de caso, a estratégia escolhida para esta investigação, é uma estratégia de

investigação ou de pesquisa, que tem vindo a ser utilizada ao longo dos últimos anos. Para

definirmos esta estratégia de investigação, recorremos a Yin (2001:32):

[u]ma investigação empírica que investiga um fenómeno contemporâneo dentro de seu

contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenómeno e o contexto

não estão claramente definidos […] [e] representa uma maneira de se investigar um

tópico empírico seguindo-se um conjunto de procedimentos pré-específicos.

Segundo (Yin, 2001:20), um estudo de caso «não precisa de conter uma interpretação

completa ou acurada; em vez disso, o seu propósito é estabelecer uma estrutura de discussão e

debate entre os estudantes». Esta estratégia de pesquisa permite «uma investigação para se

preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real» (ibid.: 1).

Dentro das estratégias de pesquisa existente, o mesmo autor identifica cinco estratégias de

pesquisa. Vejamos o Quadro 3.1.:

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Quadro 3.1. Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa

Estratégia Forma da questão

de pesquisa

Existe controle sobre eventos

comportamentais?

Focaliza acontecimentos

contemporâneos?

Experimento Como, por que

Sim Sim

Levantamento Quem, o que, onde, quantos, quanto

Não Sim

Análise de Arquivos Quem, o que, onde, quantos, quanto

Não Sim/Não

Pesquisa Histórica Como, por que Não Não

Estudo de Caso Como, por que

Não Sim

Fonte: Adaptado de Yin (2001)

Yin (2001:81) destaca algumas características e habilidades fundamentais para que a pesquisa

tenha o sucesso pretendido:

Uma pessoa deve ser capaz de fazer boas perguntas – e interpretar as respostas.

Uma pessoa deve ser boa ouvinte e não ser enganada pelas suas próprias ideologias e

preconceitos.

Uma pessoa deve ser capaz de ser adaptável e flexível, de forma que as situações

recentemente encontradas possam ser vistas como oportunidades, não ameaças.

Uma pessoa deve ter uma noção clara das questões que estão sendo estudadas, mesmo

que seja uma orientação teórica ou política, ou que seja de um modo exploratório.

Essa noção tem como foco os eventos e as informações relevantes que devem ser

buscadas a proporções administráveis.

Uma pessoa deve ser imparcial em relação a noções preconcebidas, incluindo aquelas

que se originam de uma teoria. Assim, uma pessoa deve ser sensível e estar atenta a

provas contraditórias.

No estudo de caso existem algumas particularidades que distinguem vários tipos de estudo de

caso. Estas particularidades poderão ser verificadas no quadro 3.2. em baixo apresentado:

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Quadro 3.2. Tipos de estudo de caso

Únicos Múltiplos

Exploratórios Exploratórios únicos Exploratórios múltiplos

Descritivos Descritivos únicos Descritivos múltiplos

Explanatórios Explanatórios únicos Explanatórios múltiplos

Fonte: Adaptado de Yin (2001:61)

Apesar do desprezo apresentado por muitos investigadores, Yin (2001:28) «[que o estudo de

caso] como esforço de pesquisa, os estudos de caso vêm sendo encarados como uma forma

menos desejável de investigação do que experimentos ou levantamentos. Mas qual a razão

desse desprezo?

1. Em primeiro lugar, e segundo alguns autores, existe alguma preocupação devido à falta

de rigor da pesquisa de estudo de caso.

2. Para o mesmo autor, Yin (2001:29) «existe a possibilidade de que as pessoas tenham

confundido o ensino do estudo de caso com a pesquisa do estudo de caso».

3. Por muito, e não menos importante, é que os estudos de caso demoram bastante

tempo a serem feitos.

Nesta dissertação, recorreremos ao tipo de estudo de caso “estudos descritivos” únicos uma

vez que este tipo de estudo expõe uma descrição completa de um fenómeno inserido no seu

contexto (Yin, 2001).

3.5. Tipo de Conhecimento

A palavra conhecimento tem origem na palavra latina cognitio, ou seja, aprender (Sousa e

Baptista, 2011). Segundo estes autores, encontramos quatro tipos de conhecimento que se

encontram na atual literatura sobre este tema:

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45

3.5.1. Conhecimento empírico

Muitas vezes também referido como senso comum, este tipo de conhecimento provem da

experiência, das observações ou de experiências transmitidas no dia-a-dia pelos intervenientes.

Este tipo e conhecimento, segundo Sousa e Baptista (2011:6), caracteriza-se pela «falta de

rigor, método e sistematização, não possuindo regras de validação ou de aferição. Como tal,

não é científico».

3.5.2. Conhecimento científico

Este conhecimento tem origem em estudos e em investigações. Este tipo de conhecimento

constata os acontecimentos e descreve-os de modo a identificar as suas causas, leis e

influências (Sousa e Baptista, 2011).

3.5.3. Conhecimento filosófico

Este tipo de conhecimento resulta da reflexão e da questionação da realidade. Ao contrário do

conhecimento científico, o conhecimento filosófico procura apenas reflexões filosóficas de

modo a obter reflexões sobre fenómenos abstratos do universo (Sousa e Baptista, 2011).

3.5.4. Conhecimento teológico

Este tipo de conhecimento tem como base o divino e a fé humana. Não se consegue provar e

serve muitas vezes para responder a questões onde não se obteve resposta nos tipos de

conhecimentos anteriores (Sousa e Baptista, 2011).

Depois de identificarmos os tipos de conhecimento existentes e descrevermos cada um deles,

podemos afirmar que para a elaboração desta dissertação recorreremos a dois tipos de

conhecimento:

Em primeiro lugar, tal como já podemos constatar durante a revisão da literatura, parte desta

dissertação assenta no conhecimento científico onde foram utilizadas fontes científicas.

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Em segundo lugar, e até porque não existe os dados científicos necessários para a elaboração

desta dissertação, recorreremos ao conhecimento empírico onde os dados recolhidos provêm

de observações ou de racionalizações transmitidas pessoalmente ou socialmente.

3.6. Métodos de Investigação

Tal como noutras definições na área das ciências sociais, existe um grande número de

definições de métodos (Sousa e Baptista, 2011). Por este motivo, recorreremos a uma

definição de Grawitz, prestigiada autora na área das ciências sociais. Segundo Sousa e Baptista

(2011:53) e citando Grawitz, o métodos consiste em:

[u]m conjunto concertado de operações que são realizadas para atingir um ou mais

objetivos, um corpo de princípios que presidem a toda a investigação organizada, um

conjunto de normas que permitem selecionar e coordenar técnicas.

É de consenso geral que existem diferentes tipos de métodos de investigação. O método de

investigação quantitativa, o método de investigação qualitativa e método misto. Mas qual a

diferença entre a investigação quantitativa e a investigação qualitativa? Olhemos para o

Quadro 3.3.

Quadro 3.3. Diferenças entre os estados em que se inserem a investigação quantitativa e

qualitativa

Princípio Questão Estudo

quantitativo Estudo qualitativo

Ontológico Qual a natureza da

realidade?

Realidade objetiva e

singular.

Independente do

investigador.

Independente de

juízos de valor.

Realidade subjetiva

e múltipla.

Investigador

interage como

objeto de

investigação.

Dependente de

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interpretações de

juízos de valor.

Epistemológico Qual a relação

investigador-objeto?

Investigador é

independente do

objeto.

Investigador

interage como o

objeto.

Retórico Qual a linguagem

utilizada?

Formal

Baseada em

definições.

Impessoal.

Uso terminologia

definida: técnica,

relação,

comparação.

Informal.

Primeira

pessoa/pessoal.

Uso de vocabulário

qualitativo:

compreender,

descobrir,

significado,

evolução, contexto.

Metodológico Qual o processo de

investigação?

Processo dedutivo.

Causa-efeito.

Descontextualizado.

Generalizável.

Preciso e fiável

através de validação

científica.

Processo indutivo.

Multifacetado.

Desenho emergente

e que se altera ao

longo da

investigação.

As teorias

pretendem levar à

compreensão.

Preciso e fiável

através da

verificação.

Fonte: Adaptado de Creswell (1994)

Para a elaboração desta dissertação, o método a utilizar será o de Investigação Qualitativa.

Mas qual a razão pela escolha pela investigação qualitativa?

A investigação qualitativa tem como objetivo a compreensão dos problemas não havendo, ou

não dando importância, à dimensão da amostra nem se dá importância à validade e fiabilidade

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48

dos instrumentos tal como acontece com a investigação quantitativa (Sousa e Baptista, 2011).

Neste tipo de estudo, tal como acontece ao longo da investigação, o investigador é indutivo e

descritivo e vai desenvolvendo conceitos a partir de padrões encontrados (ibid.: 1).

Recorrendo aos mesmos autores, podemos caracterizar este tipo de investigação da seguinte

forma:

Maior interesse no processo de investigação e não apenas nos resultados;

O investigador tem um papel importante na recolha de dados sendo que a qualidade

dos mesmos depende da sua sensibilidade e da integridade do conhecimento;

Este tipo de investigação é indutiva e holística;

O investigador tenta compreender os intervenientes da investigação pois o significado

tem uma grande importância;

O plano de investigação é flexível uma vez que existe um sistema dinâmico nesta

investigação;

Os procedimentos utilizados são interpretativos;

A investigação qualitativa é descritiva pois é uma investigação onde os dados

recolhidos provêm de documentos, entrevistas e da observação.

3.7. Recolha de Dados

Após a escolha da metodologia a adotar, é obrigatório escolher como é que vamos recolher a

informação.

Segundo vários investigadores, existem dois tipos de fontes de pesquisa: as fontes primárias e

fontes secundárias. No caso da elaboração desta dissertação, utilizaremos os dois tipos de

fontes de pesquisa.

3.7.1. Dados primários e secundários

Os dados primários são dados recolhidos de entrevistas e em estudos baseados na observação.

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49

Já os dados secundários provêm de análises documentais. Ou seja, a informação é recolhida

junto de livros, dicionários, jornais, revistas, internet, etc (Sousa e Baptista, 2013).

3.7.2. Fontes de evidências

Para Yin (2011), existe seis fontes de evidências que poderão ser utilizados num estudo de

caso. Tal como em outros conceitos, cada uma das fontes de evidência apresenta pontos

fortes e pontos fracos (Quadro 3.4.):

Quadro 3.4. Seis fontes de evidências: pontos fortes e pontos fracos

Fonte de evidências Pontos fortes Pontos fracos

Documentação

Estável – pode ser revisada

inúmeras vezes

Discreta – não foi criada

como resultado do estudo

de caso

Exata – contém nomes,

referências e detalhes

exatos de um evento

Ampla cobertura – longo

espaço de tempo, muitos

eventos e muito ambientes

distintos

Capacidade de recuperação

– pode ser baixa

Seletividade tendenciosa, se

a coleta não estiver

completa

Relato de visões

tendenciosas – reflete as

ideias preconcebidas

(desconhecidas) do autor

Acesso – pode ser

deliberadamente negado

Registos em arquivos

[os mesmos mencionados

para a documentação]

Precisos e quantitativos

[Os mesmos mencionados

para a documentação]

Acessibilidade aos locais

graças a razões particulares

Entrevistas Direcionadas – enfocam

diretamente o tópico do

Visão tendenciosa devido a

questões mal elaboradas

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50

estudo de caso

Percetivas – fornecem

inferências causais

percebidas

Respostas tendenciosas

Ocorrem imprecisões

devido à memória fraca do

entrevistado

Reflexibilidade – o

entrevistado dá ao

entrevistador o que ele quer

ouvir

Observação direta

Realidade – tratam de

acontecimentos em tempo

real

Contextuais – tratam do

contexto do evento

Consomem muito tempo

Seletividade – salvo ampla

cobertura

Reflexibilidade – o

acontecimento pode

ocorrer de forma

diferenciada porque está

sendo observado

Custo – horas necessárias

pelos observadores

humanos

Observação participante

[Os mesmo mencionados

para a observação direta]

Percetiva em relação a

comportamentos e razões

interpessoais

[Os mesmo mencionados

para a observação direta]

Visão tendenciosa devido à

manipulação dos eventos

por parte do pesquisador

Artefactos físicos

Capacidade de perceção em

relação a aspetos culturais

Capacidade de perceção em

relações a operações

técnicas

Seletividade

Disponibilidade

Fonte: Adaptado de Yin (2001:108)

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51

Com base em Yin (2011), recorreremos a três tipos de evidências para a elaboração desta

dissertação:

Em primeiro lugar, recorreremos a Documentação existente sobre o tema, bem como

recorrendo a registos em arquivos. Outra das evidências que será utilizada é o recurso a

Entrevistas de modo a que possamos a ter um enfoque geral sobre o tema deste estudo de

caso. Por fim, recorreremos também à Observação Direta para que tenhamos evidências em

tempo real que nos ajudem a elaborar esta dissertação.

Nos próximos pontos caracterizaremos em detalhe cada um dos tipos de evidência existentes

na literatura atual.

3.7.2.1. Observação

A observação é uma forma de recolha de dados que segundo Sousa e Baptista (2013:88)

«baseia-se na presença do investigador no local da recolha desses mesmo e pode usar métodos

categoriais, descritivos ou narrativos».

Nesta observação, recorreremos a um tipo de observação não participante, isto é, o

investigador observa o fenómeno do “lado de fora”.

3.7.2.2. Entrevista

Sousa e Baptista (2013:79) referem que a entrevista «é um método de recolha de informações

que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas que são

cuidadosamente selecionadas e cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade é analisado na

perspetiva dos objetivos de recolha de informações».

Para a elaboração desta dissertação entrevistaremos o responsável pelo departamento na CML

responsável pelas áreas de empreendedorismo e inovação de modo a recolher informações

relevantes para o processo de investigação. Para a elaboração desta entrevista, recorremos a

uma entrevista semi-estruturada onde será criado um guião com um conjunto de tópicos ou

questões para abordar. Porquê a escolha de uma entrevista semi-estruturada em detrimento da

entrevista estruturada? A escolha deste tipo entrevista dá liberdade ao entrevistado de falar dos

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52

assuntos que queremos falar sem fugir ao tema (Sousa e Baptista, 2011). Com este tipo de

entrevista poderemos obter alguma informação extra que não conseguiríamos obter numa

entrevista estruturada devido a essa mesma liberdade durante a entrevista.

3.7.2.3. Análise Documental

Por fim, e não menos importante, a outra forma de observação utilizada será o recurso a uma

análise documental, ou seja, na recolha de dados através de documentos onde grande parte

das vezes são as únicas fontes que registam factos sobre este tema ou sobre problema (Sousa e

Baptista, 2013). Podemos referir alguns exemplos do que será consultado. Por exemplo,

relatórios económicos de diversas fontes. Relatórios do Instituto Nacional de Estatística ou

relatórios da própria CML.

3.8. Análise, Interpretação e Tratamento dos Dados

Após recolha de dados, teremos necessariamente de fazer o tratamento dos mesmos.

No caso de uma pesquisa qualitativa, como é o caso desta pesquisa, o processo poderá ser um

processo demorado. Afonso (2005:111) refere que:

[a] recolha de dados consiste apenas a fase inicial do trabalho empírico. A efetiva

concretização da finalidade da pesquisa (a produção de conhecimento científico) decorre

com a organização e o tratamento destes dados, tarefas mais exigentes e complexas que a

recolha de informação

Sousa e Baptista (2011:110) referem que «investigar não é fazer com que os dados recolhidos

vão ao encontro das expectativas iniciais do investigador, mas sim, relatar os dados resultantes

da investigação».

Durante a recolha de dados são recolhidas enormes quantidades de informação, cabendo ao

investigador selecionar a informação que é mais importante para a investigação (ibid.: 1). Todo

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53

o material adquirido durante o estudo, sejam eles, notas, dados provenientes de entrevistas, é

considerado uma fonte de dados sob a qual será contruída para análise (ibid.: 1).

Figura 3.1. Fases de verificação dos requisitos dos dados recolhidos

Fonte: Adaptado de Sousa e Baptista (2011)

Nesta fase, faremos a comparação dos dados, escolheremos os dados importantes conforme a

importância face aos objetivos propostos.

Após a recolha dos dados, existirão diversas atividades com o objetivo de filtrar a informação

recolhida de modo a relatarmos os resultados da investigação. Independentemente da

abordagem escolhida, a análise dos dados é das etapas fundamentais no processo de

investigação (Sousa e Baptista, 2011).

Após dos mesmos recorreremos à sua organização que segundo os mesmos autores

«corresponde a uma fase determinante da análise».

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Permite uma representação dos dados;

Ajuda a planificar outras análises;

Permite comparar vários dados;

Permite a utilização dos mesmos no relatório final.

Para Sousa e Baptista (2011:114) «decorrente da análise quantitativa, devemos selecionar o tipo

de análise em função dos objetivos e do instrumento de recolha de dados que foi utilizado».

Mas como será feita essa análise? Através uma análise critica externa, ou seja, através da

pesquisa para saber se a fonte é fidedigna e de uma análise critica interna, que é das mais

utilizadas em projetos de investigação (ibid.: 1). Neste caso, serão colocadas questões que

visam uma análise rigorosa de análise da fonte de informação.

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55

4. PARTE PRÁTICA

Neste capítulo apresentaremos o resultado da investigação efetuada com o objetivo de

responder às perguntas de investigação identificadas anteriormente.

4.1. Enquadramento Histórico

Lisboa é atualmente a capital de Portugal e a cidade mais populosa do país com mais de 500

mil habitantes.

Segundo reza a lenda, Lisboa foi fundada por Ulisses que lhe deu o nome de Odysseia. Mais

tarde este nome foi alterado para Olissipo, que deriva das palavras fenícias “Allis Ubbo”, e que

podem ser traduzias para "porto encantador".

Deste a antiguidade que Lisboa sempre tem estado ligada ao empreendedorismo. Deste as

trocas comerciais entre povos antigos às descobertas no século XV, Lisboa tornou-se um

importante centro de trocas e de comércio de joias e especiarias.

4.2. Atualidade Política em Lisboa

Lisboa é hoje em dia governada por António Costa, jurista e Presidente da Câmara Municipal

de Lisboa. Costa foi eleito pelo Partido Socialista nas Autárquicas de 2013 e está atualmente

no seu segundo mandato político.

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56

Gráfico 4.1. Resultados autárquicas 2013

Fonte: Ministério da Administração Interna (2014)

Face ao resultados de 2014, o Partido Socialista elegeu 11 vereadores para a CML, a coligação

Sentir Lisboa (PSD/CDS/MTP) 4 vereadores e a coligação CDU (PCP/PEV), dois

vereadores. Os nomes dos vereadores poderão ser encontrados no Quadro 4.1.

Quadro 4.1. Executivo Câmara Municipal de Lisboa

Executivo Partido Pelouro

António Costa Juntos Fazemos Lisboa

Fernando Medina Juntos Fazemos Lisboa

Finanças/Recursos/ Humanos/Turismo

Paula Marques Juntos Fazemos Lisboa

Habitação/Desenvolvimento Local

Manuel Salgado Juntos Fazemos Lisboa

Planeamento/Urbanismo/ Reabilitação Urbana

José Sá Fernandes Juntos Fazemos Lisboa

Estrutura Verde/Energia

Catarina Vaz Pinto Juntos Fazemos Lisboa

Cultura

Duarte Cordeiro Juntos Fazemos Lisboa

Higiene Urbana/Estruturas de Proximidade

João Afonso Juntos Fazemos Lisboa

Direitos Sociais

Graça Fonseca Juntos Fazemos Lisboa

Economia/Educação/Inovação

Jorge Máximo Juntos Fazemos Lisboa

Desporto/Obras/Sistema de Informação

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Carlos Manuel Castro Juntos Fazemos Lisboa

Relações Internacionais/ Relação com o Munícipe/ Segurança/Proteção Civil

Fernando Seara Sentir Lisboa

Teresa Leal Coelho Sentir Lisboa

António Prôa Sentir Lisboa

João Gonçalves Pereira Sentir Lisboa (CDS-PP)

João Ferreira CDU

Carlos Moura CDU

Fonte: Câmara Municipal de Lisboa (2014)

Como poderemos observar no Gráfico 4.2., a Assembleia Municipal de Lisboa é constituída

por 51 membros eleitos diretamente através das eleições para a AML e pelos Presidentes das

24 juntas de freguesia de Lisboa. A AML tem à data da elaboração desta dissertação total de

75 membros, também apelidados de deputados municipais.

Gráfico 4.2. Deputados na AML

Fonte: Assembleia Municipal de Lisboa (2014)

A nível de comissões criadas para mandato 2013-2017, existem neste momento 8 comissões

cuja designação e a área de ação são as seguintes:

Comissão Permanente - Comissão de Finanças, Património e Recursos Humanos, com 19

membros (Finanças, Património, Recursos Humanos).

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58

Comissão Permanente - Comissão de Economia, Turismo, Inovação e

Internacionalização com 15 membros (Economia, Turismo, Empreendedorismo,

Inovação, Modernização Administrativa e Relações Externas).

Comissão Permanente – Comissão de Ordenamento do Território, Urbanismo, Reabilitação

Urbana, Habitação e Desenvolvimento Local com 23 membros (Urbanismo, Reabilitação

Urbana, Espaço Público, Planeamento Estratégico, Acompanhamento do Plano Diretor

Municipal, Habitação, Desenvolvimento Local e Bairros Municipais).

Comissão Permanente – Comissão de Ambiente e Qualidade de Vida com 21 membros

(Ambiente, Estrutura Verde, Energia, Qualidade de Vida, Serviços Urbanos e Casa dos

Animais).

Comissão Permanente – Comissão de Descentralização e Obras Municipais com 15 membros

(Acompanhamento da Reforma Administrativa, Descentralização para as Freguesias, Unidades

de Intervenção Territorial e Obras Municipais).

Comissão Permanente – Comissão de Direitos Sociais e Cidadania com 23 membros

(Intervenção Social, Saúde, Promoção da Igualdade de Direitos e Oportunidades e Relações

com os munícipes).

Comissão Permanente – Comissão de Cultura, Educação, Juventude e Desporto com 19

membros (Cultura, Interculturalidade, Educação, Juventude e Desporto).

Comissão Permanente – Mobilidade e Segurança com 19 membros (Mobilidade e

Transportes, Acessibilidade Pedonal, Segurança e Proteção Civil).

4.3. Lisboa Em Números

Tal como referimos anteriormente, Lisboa é a capital de Portugal. Na Figura 4.1 podemos

identificar a sua localização em Portugal continental.

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59

Figura 4.1. Retrato de Lisboa

Fonte: Pordata (2013:3)

Após a reforma administrativa concluída em 2014 (Lei 56/2012 de 8 de novembro), Lisboa

diminuiu significativamente o seu número de freguesias. As antigas 53 freguesias passaram

para as atuais 24 freguesias. As freguesias poderão ser observadas na Figura 4.2.

Figura 4.2. Freguesias de Lisboa

Fonte: Google e CML (2014)

Recorrendo a dados do Instituto Nacional de Estatística, podemos observar que Lisboa conta

com uma população de 511 667 habitantes dentro da sua área administrativa.

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60

Se alargarmos estes dados para a região metropolitana de Lisboa, ou também muitas vezes

apelidada de Grande Lisboa, esse número aumenta para 2 807 525 milhões de habitantes. Face

a estes dados, possamos afirmar que cerca de 26,7% do total da população Portuguesa vive na

região da Grande Lisboa.

Quadro 4.2. População residente (N.º) por Local de residência; Anual - INE, Estimativas

Anuais da População Residente

Período de referência dos dados

Local de residência (NUTS - 2002)

População residente (N.º) por Local de

residência, Anual

N.º

2013

Portugal 10427301

Continente 9918548

Lisboa 511667

Região Autónoma dos Açores 247440

Região Autónoma da Madeira 261313

Fonte: INE (2014)

Segundo dados da CML baseado nos censos do INE correspondentes ao ano de 2011, Lisboa

é a região mais rica de Portugal, ocupando assim o 1º lugar no ranking das regiões quanto ao

PIB nacional.

Relativamente ao movimento pendular, Lisboa tem um saldo positivo de 378 mil pessoas, o

que corresponde a 425 mil pessoas que entram na cidade para trabalhar/estudar e cerca de 47

mil saem da cidade para trabalhar e para estudar.

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61

Quadro 4.3. Movimento Pendular

Nº de pessoas que entram na

cidade

Nº de pessoas que saem da

cidade

Saldo (Entradas - Saídas)

Lisboa Cidade 425 747 47 521 378 226

Fonte: INE (2014)

Lisboa é o centro económico em Portugal onde mais de 1 430 milhões de pessoas têm o seu

emprego e representa 37% do PIB nacional. Segundo a Direção Municipal de Economia e

Inovação (2014:7) «manifesta uma produtividade aparente do trabalho 1,3 vezes superior à do

resto do país».

Quadro 4.4. Indicadores Económicos

Lisboa Região

Lisboa Região /

Milhões de euros País (%)

PIB 61 226 37,1

VAB 53 566 37,1

Fonte: INE (2012)

Quando falamos em atividade empresarial, Lisboa e a sua região, albergam cerca de 333 mil

empresas o que a torna num espaço privilegiado para a abertura de novos negócios e de

escolha por parte de empresas estrangeiras quando decidem abrir as suas delegações em

Portugal.

Relativamente a Investigação e Desenvolvimento, podemos dizer que Lisboa é a região que

mais investe em I&D (Quadro 4.5.) destacando-se das restantes regiões do país ao chegar à

marca dos 51% a nível do índice nacional.

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62

Quadro 4.5. Investimento em I&D

Lisboa Região Portugal Lisboa Região/

Milhares de Euros País (%)

Total 1 330,4 2 606,1 51,0

Fonte: INE (2011)

4.4. Visão e Estratégia de Lisboa

Existe um desejo explícito por parte deste município, que Lisboa esteja nos lugares relevantes

do empreendedorismo mundial.

Com base neste desejo, foi criada uma estratégia para a cidade que, segundo a CML (2014)

passa pelos seguintes pontos fundamentais:

Fortalecer a ligação entre a antecipação de oportunidades, a execução de projetos e a

mobilização dos parceiros e cidadãos.

Promover a internacionalização e a capacidade competitiva da economia competitiva

da economia da cidade de Lisboa à escala regional e global.

Criar, atrair e reter talentos, empresas e investimentos e atividade e clusters estratégicos.

Potenciar a inovação, a criatividade e o espírito empreendedor na cidade de Lisboa.

Tornar Lisboa num espaço de abertura e exploração de novas motivações,

experiencias e conceitos.

Posicionar Lisboa nas principais redes e cadeias globais de produção e criação de

valor.

Inserir Lisboa nos principais projetos e redes internacionais de cidades.

4.5. Portugal e Lisboa vs. Outros Países e Cidades

Este ponto tem como objetivo identificar e analisar as várias posições nos vários rankings em

que Lisboa e de Portugal compete com outras cidades ou outros países.

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63

Com base nesta análise, poderemos avaliar o grau de competitividade do país e da cidade de

Lisboa e poderemos analisar também o grau de atratividade para a criação de emprego e

retenção do talento na cidade.

4.5.1. Preferências de investimento

Segundo o relatório do Finantial Times FDI: European Cities and Regions of the Future

2014/2015, Lisboa surge no top 25 deste ranking. Atualmente, a cidade de Lisboa ocupa

atualmente 22.ª posição na classificação geral da preferência no que se refere à preferência de

investimento estrangeiro.

De referir que se escolhermos apenas cidades do sul da europa, Lisboa ocupa a 2.ª posição

sendo ultrapassada apenas por Barcelona (Espanha). Outro dado interessante para estudos

futuros é que Lisboa é seguida pelo Porto, que ocupa atualmente a 3.ª posição deste ranking.

4.5.2. Competitividade

Relativamente à competitividade, Portugal ocupa atualmente a 51.ª posição no ranking mas

desceu dois lugares face ao ano anterior neste ranking elaborado pelo World Economic Forum.

Entre os vários fatores fundamentais que foram considerados para este estudo destacamos a

Aptidão Tecnológica: 27.ª posição global e Inovação: 29.ª posição global.

Apesar da queda, o relatório do World Economic Forum refere que o país está a fazer um

esforço para recuperar a produtividade e a competitividade através da liberalização dos

mercados e das reformas do mercado de trabalho.

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Quadro 4.6. The Global Competitiveness Index 2013–2014 rankings and 2012–2013

comparisons

Country/Economy Rank

(out of 148) Score (1-7)

Suíça 1 5.67

Singapura 2 5.61

Finlândia 3 5.54

Alemanha 4 5.51

EUA 5 5.48

Suécia 6 5.48

Hong Kong 7 5.47

Holanda 8 5.42

Japão 9 5.40

Reino Unido 10 5.37

Portugal 51 4.40

Fonte: World Economic Forum (2013)

4.5.3. Produtividade e inovação

Quando nos referimos a produtividade e inovação, o nosso país ocupa o 22.º lugar no ranking

do Global Benchmark Report (Quadro 4.7.).

O nível de desenvolvimento varia entre os vários países estudados. Países mais avançados

apostam fortemente na produtividade e na inovação para manterem e aumentarem a sua

vantagem competitiva.

Quadro 4.7. Productivity and innovation, 2014

País Ranking

Suíça 1

Suécia 2

Holanda 2

EUA 4

Dinamarca 5

Portugal 22

Fonte: Confederation of Danish Industry (2013)

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65

4.5.4. Condições favoráveis ao empreendedorismo

Destacamos um indicador importante neste relatório da Confederation of Danish Industry: o

lugar ocupado por Portugal no que respeita à existência de condições favoráveis ao

empreendedorismo.

Segundo este relatório, é necessário haver uma estrutura criada e leis que incentivem a

atividade do empreendedorismo nesse país. Atualmente o nosso país ocupa o 4.º lugar a nível

global (Quadro 4.8.).

Quadro 4.8. Framework conditions for entrepreneurship, 2013

País Ranking

Nova Zelândia 1

Canadá 2

Austrália 3

Portugal 4

Eslovénia 5

Fonte: Confederation of Danish Industry (2013)

4.5.5. Atividade empreendedora

A atividade de empreendedorismo é extremamente importante para a atividade económica do

país.

Um país poderá apostar no empreendedorismo por necessidade ou por oportunidade. Países

como o Chile ou a Estónia são países que apostam no empreendedorismo por necessidade

devido à sua economia (Confederation of Danish Industry, 2013).

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Quadro 4.9. Entrepreneurial activity

País Ranking

Chile 1

Estónia 2

EUA 3

Turquia 4

Islândia (2010) 5

Portugal 13

Fonte: Confederation of Danish Industry (2013)

4.5.6. Capacidade de criação de empresas gazela

A capacidade de criação de empresas gazela é outro dos indicadores importantes que

desejamos destacar nos relatórios da Confederation of Danish Industry (Quadro 4.10).

As empresas gazela são empresas com uma vida inferior a cinco anos e que têm um

crescimento acima dos 20% durante um período de pelo menos três anos consecutivos e com

um número de funcionários mínimo de dez colaboradores.

Quadro 4.10. Gazelle enterprises, 2010

País Ranking

República Checa 1

Estónia (2009) 2

França 3

Canadá (2009) 4

Israel 5

Portugal 6

Fonte: Confederation of Danish Industry (2013)

4.5.7. Grau de abertura cultural

Para termos sucesso enquanto empreendedores deveremos estar atentos à abertura cultural do

nosso país.

Na era da globalização é importante termos acesso a diferentes países e a diferentes culturas.

Por esta razão, a adaptação e aceitação de diferentes ideias e de culturas estrangeiras têm um

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67

elevado grau de importância a fim de ter um papel ativo no processo de globalização para

conseguirmos explorar todos os seus benefícios.

Alguns exemplos relevantes: capacidade de atrair investimento estrangeiro e de atrair

trabalhadores altamente qualificados.

Quadro 4.11. Cultural openness, 2013

País Ranking

Irlanda 1

Suécia 2

Israel 3

Holanda 4

Canadá 5

Portugal 6

Fonte: Confederation of Danish Industry (2013)

4.5.8. Grau de facilidade na criação de negócio

Quando falamos em empreendedorismo ligamos frequentemente este conceito à criação do

seu próprio negócio.

Conforme podemos observar no Quadro 4.12., Portugal encontra-se atualmente na 31.ª

posição no ranking que avalia 189 países e o grau de facilidade na criação de um negócio.

Quadro 4.12. Rankings on the ease of doing business

País Ranking

Singapura 1

Hong Kong 2

Nova Zelândia 3

EUA 4

Dinamarca 5

Portugal 31

Fonte: International Bank for Reconstruction and Development/The World Bank (2014)

Segundo dados da CML, Portugal tem vindo a escalar posições ao longo dos últimos anos.

Este crescimento deve-se fundamentalmente à facilidade na criação de empresas recorrendo a

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serviços, como por exemplo, a “Empresa na Hora” e também devido a muitos formulários e

serviços que podem ser entregues online e que facilitam a criação e a abertura do seu negócio.

Outro fator importante que faz com que Portugal continue a subir posições neste ranking

elaborado pelo IFC/The World Bank é o facto de haver cada vez mais uma maior rapidez nos

serviços de licenciamento e no fisco e na Segurança Social.

4.5.9. Preços e custo de mão-de-obra

Para a UBS, empresa Suíça de serviços financeiros e autora do estudo Prices and Earnings que

estudou 72 cidades em 58 países, Lisboa aparece a meio da tabela e num lugar interessante no

que respeita ao custo de vida.

Quadro 4.13. Price Levels

Cidade Ranking Excl. rent New York = 100

Oslo 1 116

Zurique 2 110.1

Tóquio 3 105.9

Genebra 4 106.5

Copenhaga 5 100.9

Lisboa 38 67.4

Fonte: UBS (2012)

Quanto a valores de custo de mão-de-obra, Lisboa revela-se competitiva face a outras cidades

europeias e mundiais situando-se na 38.º posição em 72 cidades estudadas (Quadro 4.14).

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Quadro 4.14. Wages

Cidade Ranking Gross New York = 100

Zurique 1 131.1

Genebra 2 123.6

Copenhaga 3 123.1

Genebra 4 119.1

Oslo 5 105.4

Lisboa 38 44.0

Fonte: UBS (2012)

Para podermos ter uma perceção dos valores auferidos pelos lisboetas face a outros habitantes

de outras cidades, é compararmos o tempo necessário que um individuo leva para juntar a

quantia necessária para comprar determinados produtos ou serviços.

Quadro 4.15. Tempo necessário para adquirir determinados produtos ou serviços

Cidade 1 Big Mac (in min)

1kg de Pão (in min)

1kg de Arroz (in min)

1 iPhone 4S, 16GB (in hrs)

Amesterdão 16 7 9 44.5

Atenas 30 13 26 86

Berlim 16 11 9 55.5

Bruxelas 20 11 12 54

Genebra 14 6 7 23.5

Lisboa 22 14 8 96.5

Londres 16 7 13 42.5

Madrid 18 10 6 53

Paris 16 15 13 43.5

Roma 23 17 19 70

Fonte: UBS (2012)

4.5.10. Melhores cidades para abrir um negócio

A Cushman & Wakefield, empresa de consultoria imobiliária, refere que Lisboa está bem

posicionada no ranking de melhores cidades para abrir um negócio. A cidade de Lisboa aparece

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num lugar de destaque devido à sua disponibilidade de espaço para escritórios, preço por m2

de área de escritórios e ao custo de mão-de-obra.

Segundo a CML, Lisboa recebeu também o prémio de cidade europeia do ano baseando-se em

critérios como «governância, sucesso e viabilidade comercial, sustentabilidade social e

ambiental e funcionalidade».

4.5.11. Melhores destinos europeus e melhores destinos mundiais

Apesar de este não ser um indicador direto sobre a atividade de empreendedorismo, não deixa

de ser um indicador importante para quem deseja abrir a sua atividade:

Portugal recebeu recentemente 44 nomeações no World Travel Awards 2014 que são muitas

vezes apelidados de “óscares do turismo”. No final, o nosso país arrecadou 14 prémios neste

concurso de extrema importância e que contribui diretamente para notoriedade do país.

De igual importância, Lisboa foi eleita pela EBD – European Best Destinations como o

segundo melhor destino europeu no ano 2013. Os jurados tiveram em conta diversos fatores

como por exemplo: a luz branca, a gastronomia, hotéis existentes, centros comerciais entre

outros fatores.

4.6. Empreendedorismo em Lisboa

Há algo que poderemos afirmar sem qualquer tipo de dúvidas: O empreendedorismo está na

moda. Basta estarmos atentos aos meios de comunicação social que quase todos os dias fala de

empreendedorismo e estarmos atentos à oferta de ensino sobre esta temática. Talvez por isso

mesmo, A CML de Lisboa tem tido um papel fundamental na promoção do

empreendedorismo na cidade de Lisboa.

Recorrendo ao Manifesto do Empreendedorismo de Lisboa (2013), podemos identificar e

reter que Lisboa:

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[c]ombina vários aspetos que a tornam atrativa para a criação e desenvolvimento de

negócios: acesso aos mercados internacionais, força de trabalho qualificada e competitiva,

excelente qualidade de vida, infraestruturas e espaços modernos e ainda um quadro social

favorável. O contributo das incubadoras, das startups, e da comunidade nacional e

internacional de investidores, permite reforçar a competitividade através da criação de

novos negócios.

4.6.1. Visão estratégica

Segundo dados existentes e descritos pela Câmara Municipal de Lisboa, a autarquia

desenvolveu uma estratégia para a valorização económica da cidade e captação de

investimento baseado em seis pilares estratégicos.

Promoção internacional com capacidade competitiva da cidade a uma escala regional e

internacional

Criação, atração e retenção de talentos, empresas, investimentos e atividades em

pontos-chave e de importância reconhecida.

Criar, motivar e potenciar a criatividade e o empreendedorismo na cidade de Lisboa.

Abertura da cidade a novas motivações, experiências e conceitos.

Tornar realidade o posicionamento de Lisboa como produtora e criadora de valor.

Inserção da cidade nos projetos de redes internacionais.

4.6.2. Investimento

A Câmara Municipal de Lisboa tem investido na implementação de projetos ligados ao

empreendedorismo, na criação de eventos na área do empreendedorismo e na área da

criatividade.

Entre os vários investimentos, podemos destacar alguns de grande importância, como por

exemplo, a criação da Startup Lisboa em 2011.

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Outro dos investimentos relevantes investidos pela Câmara Municipal de Lisboa é a criação do

FabLab Lisboa. O termo FabLab é uma abreviatura de “Fabrication Laboratory”. Neste

espaço equipado com ferramentas de prototipagem, como por exemplo, máquinas de corte a

laser e de corte de vinil, impressora 3D, jovens empreendedores poderão transformar as suas

ideias em realidade.

A CML tem investido em programas de empreendedorismo como o “Empreendedorismo

Jovem” e o “Lisboa empreende” onde para além dos prémios de financiamento, os

empreendedores poderão participar e trocar ideias em workshops-chave de modo a

adquirirem e consolidarem conhecimento que será posto em prática num futuro próximo dos

seus projetos.

Identificamos agora em pormenor alguns dos investimentos, apoios e contributos da CML à

cidade de Lisboa e aos seus empreendedores.

4.6.3.1. Startup Lisboa

A Startup Lisboa é a incubadora de empresas mais conhecida e com maior sucesso em

Portugal.

A criação desta incubadora de empresas teve origem na vontade dos cidadãos em dar à capital

um lugar premium para aumentar a competitividade do nosso pais e a ajuda para a criação de

emprego.

Com os apoios da Câmara Municipal de Lisboa, o Montepio Geral e o IAPMEI - Agência

para a Competitividade e Inovação, I.P., esta incubadora de empresas permite a partilha de

conhecimentos, a aceleração de empresas, ajuda as empresas incubadas a atrair clientes e

investimento.

Atualmente, a Startup Lisboa conta com mais de 65 empresas incubadas que criam mais de

230 postos de trabalho.

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73

4.6.3.2. Rede de Incubadoras de Lisboa

Para além da Startup Lisboa existe também uma rede de incubadoras que agrega 11

incubadoras (as duas Startup Lisboa estão incluídas). Nesta rede estão presentes as seguintes

incubadoras:

Centro de Incubação e Desenvolvimento (CID) – LISPOLIS

Instalada no Pólo Tecnológico de Lisboa, esta incubadora destina-se a empresas tecnológicas

que desejam crescer rapidamente.

A LISPOLIS conta atualmente com 41 empresas incubadas dando emprego a cerca de 200

colaboradores.

LABS Lisboa - Incubadora de Inovação

O LABS Lisboa nasceu com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, da EPUL, da Fundação

Calouste Gulbenkian e o ISCTE-IUL.

Esta incubadora de empresas conta atualmente com 18 empresas incubadas e com cerca de 50

postos de trabalho criados.

TECH LABS

A TECH LABS nasce em 2012 pelas mãos do ICAT – Instituto de Ciência Aplicada e

Tecnologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Esta incubadora tem como objetivo acelerar e dinamizar as empresas incubadas com o

objetivo de dar-lhes projeção nacional e internacional.

A TECH LABS tem como rede de associados e parceiros a Faculdade de Ciências da

Universidade de Lisboa, o AUDAX/ISCTE-IUL, o IAPMEI e a Câmara Municipal de Lisboa.

INOVISA

Localizada no Instituto Superior de Agronomia, o INOVISA é uma incubadora onde os

projetos estão ligados ao sector agrícola, alimentar e florestal.

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Esta incubadora conta atualmente tem 15 empresas incubadas criando assim cerca de 50

postos de trabalho.

COWORKLISBOA

A COWORLISBOA foi a primeira empresa nacional a oferecer serviços de cowork. Neste

espaço, várias empresas partilham um espaço comum.

Apesar de não ser um espaço de incubação de empresas, recebe por vezes vários projetos de

aceleração de empresas.

DOCK38

A DOCK38 é uma incubadora criada única e exclusivamente para empresas nacionais em de

todas as áreas.

EDP Starter

Apoiada pela EDP, Energias de Portugal, a EDP Starter tem na sua incubadora empresas

ligadas à área das energias. Esta incubadora conta atualmente com cerca de 12 empresas

incubadas no seu espaço de incubação e de aceleração de empresas.

Madan Parque

Incubadora localizada na margem sul do Tejo, o Madan Parque foi inaugurado no ano 2000

através da pareceria entre Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de

Lisboa, Reitoria da UNL, UNINOVA e os Municípios de Almada e Seixal.

EggNEST SGPS

Localizada no concelho de Oeiras, a EggNEST é uma incubadora que conta atualmente 6

empresas incubadas e que dão trabalho a 68 colaboradores.

Nesta incubadora podemos encontrar empresas ligadas desde a área do marketing digital a

serviços com base no digital.

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PLAY

Incubadora ligada à Universidade Lusófona, apoia empresas criativas e tecnológicas. Esta

incubadora foi criada para incubar, não só, empresas originárias do Grupo Lusófona, mas

também empresas fora do universo desta universidade.

Mas qual é o papel da CML nesta rede de incubadoras? A CML atua principalmente como

federador e dinamizador de iniciativas, partilhando conhecimento e criando parcerias,

promovendo esta rede de incubadoras à escala nacional e internacional. Nesta rede de

incubadoras existem mais de 160 startups incubadas tendo criado cerca de 700 postos de

trabalho.

4.6.3.3. Lisboa Empreende

Em parceria com o Montepio, este programa inclui formação, aceleração em micro-

empreendedorismo e facilita o acesso a jovens empreendedores ao financiamento para

pequenos negócios. Atualmente conta com cerca 300 candidaturas.

4.6.3.4. Empreendedorismo Jovem em Lisboa

Programa que desenvolve o ensino do empreendedorismo aos mais jovens através da

comunidade escolar que engloba mais de 35 escolas na cidade de Lisboa. Existem mais de

3000 alunos que recebem formação em empreendedorismo.

4.6.3.5. FabLab Lisboa

O FabLab Lisboa é um laboratório de prototipagem ao serviço das empresas em Lisboa. Este

espaço resulta de uma parceria da CML, da Iberomolde, do CENTIMFE, da AIP-CCI e da

corticeira Amorim.

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4.6.3.6. Lisboa Challenge

Programa de aceleração de Startups. Este programa tem a duração de 3 meses em ambiente

internacional e que resulta da parceria da CML com a Beta-i e s CGD – Caixa Geral de

Depósitos.

4.6.3.7. Lisbon BIG apps

Concurso com o objetivo de criar apps móveis que melhorem a qualidade de vida dos lisboetas

e dos que visitem Lisboa. Este concurso é desenvolvido em parceria com a CML, Vodafone e

a iMatch.

4.6.3. Apoio a eventos

Para além de apoiar, dinamizar, servir como agente federativo de incubadoras e oferecer locais

onde empreendedores poderão criar protótipos dos seus produtos, a organização de

concursos e de investimentos, a CML apoia e organiza regularmente eventos dirigidos a

empreendedores e à população em geral. Dos vários eventos organizados ou apoiados pela

CML destacamos os seguintes eventos:

4.6.3.1. Lisboa Digital Week

Semana Digital de Lisboa organizado em vários pontos da cidade de Lisboa, este evento

pretende promover o Digital no contexto atual e a organização de várias palestras sobre o

tema promovendo também o networking entre os visitantes.

4.6.3.2. TiE Lisbon Entrepreneur Boot Camp

Evento que decorreu durante o ano de 2012 na cidade de Lisboa e que reuniu jovens

empresários e responsáveis de empresas públicas e privadas com o objetivo principal de

identificar oportunidades nas diferentes áreas de negócios e criar redes de conhecimento.

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4.6.3.3. Switch Conference

Conferência organizada no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, é, segundo a

organização, o evento mais importante de empreendedorismo em Portugal e é líder de

conferências na Europa.

Nesta conferência anual, centenas de delegações estão presentes neste evento de forma

presencial ou online com objetivo a partilha ideias, conceitos de empreendedorismo e de

inovação e tecnologia.

4.6.3.4. Startup Pirates

Evento organizado pelo movimento português Startups Pirates conta com o apoio da CML.

Esta iniciativa reuniu em Lisboa, empreendedores, oradores e mentores para a troca de ideias

e de networking. Durante este evento, foram criados vários workshops, Talks motivacionais e

eventos de networking.

4.6.3.5. Sandbox Global Summit

Evento que decorreu no Museu da Moda e do Design – MUDE, juntou em Lisboa membros

do Sandbox Network, uma rede internacional de jovens ligados ao empreendedorismo.

Durante este evento, dezenas de pessoas partilharam as suas experiências e fizeram sugestões

para novos projetos e ideias para deixar a cidade mais competitiva e atraente para novos

investimentos.

4.6.3.6. Silicon Valley Comes to Lisbon

Organizado em 2011, a CML apostou e tornou-se parceiro estratégico deste evento.

Um grupo de empresários e investidores em empreendedorismo reuniu-se na Faculdade de

Ciências da Universidade de Lisboa para inspirar jovens atuais e potenciais empreendedores,

alunos e o público em geral.

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4.6.3.7. TEDxEdges

Organizado pela Beta-i, em parceria com a Fundação Champalimaud e a Câmara Municipal de

Lisboa, este evento contou com 20 oradores selecionados que tiveram como objetivo a

partilha de ideias para o relançamento da economia.

4.6.3.8. Eurobest

O Eurobest é o maior festival europeu de publicidade que premeia as melhores campanhas a

nível Europeu. Organizado durante três anos em Lisboa com o apoio do ATL - Turismo de

Lisboa e da CML, deu à cidade o reconhecimento na organização de eventos na área da

criatividade e do empreendedorismo.

4.6.3.9. Startup Lisboa Takeoff

Dezassete das melhores empresas incubadas na Startup Lisboa reuniram-se com a comunidade

empresarial, parceiros e mentores, onde em palco, apresentaram a sua empresa em apenas três

minutos. As empresas mais atraentes e interessantes receberam o apoio (financeiro ou não

financeiro) de investidores.

4.6.3.10. Tubarões e Peixe Miúdo

Empreendedores apresentaram durante este mês de Novembro, no auditório da União de

Associações de Comércio e Serviços, as suas ideias e projetos a investidores. Este evento teve

o apoio da CML e foi organizado em parceria com o Clube Business Angels de Lisboa.

4.6.4. Apoios e Financiamentos

Muitas das vezes o principal inimigo do empreendedor é a falta de apoio e de capital para

investir no seu negócio.

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A pensar nestes empreendedores, a CML, em conjunto com a Startup Lisboa, criou o Startup

Lisboa Loans. Constituído por um fundo FINANCIA, este programa tem o objetivo financiar

e assistir projetos empresariais na fase inicial da sua vida, que sejam inovadores e

diferenciadores e que sejam reconhecidos pelo município pelo seu interesse para o

desenvolvimento económico da cidade de Lisboa.

Para além de empresas em fase inicial do seu ciclo de vida, este fundo poderá financiar

também empresas já existentes e que tenham três anos de atividade. Este financiamento

poderá chegar aos 100% de investimento. Empresas recém-criadas poderão ter um

financiamento de 85% tendo o promotor do negócio contribuir com um financiamento

mínimo de 15% de capitais próprios. As candidaturas deverão ser feitas através do sítio da

Startup Lisboa devendo o promotor do negócio anexar toda a informação necessária para

análise do projeto.

A CML oferece também um serviço de apoio ao empreendedor. O programa “Lisboa

Empreende – Microempreendedorismo” oferecido pelo município de Lisboa, tem como

objetivo apoiar o promotor do negócio desde o início da ideia até à implementação dessa

mesma ideia.

Através deste programa, o promotor poderá ser recebido por técnicos da câmara de apoio

especializado para em conjunto, identificarem qual é será o melhor apoio para o projeto.

Outra vantagem deste programa é o facto de o promotor poder usufruir de uma rede de

parceiros que facilitam e agilizam processos e de poder beneficiar de taxas abaixo das taxas

praticadas no mercado.

Para inscrever-se neste programa, o promotor do negócio deverá inscrever-se através do sítio

da Câmara Municipal de Lisboa ou num dos balcões de atendimento do município.

4.6.5. Reconhecimento da Cidade de Lisboa na Promoção do Empreendedorismo

Devido à aposta no empreendedorismo, Lisboa recebeu durante o ano de 2014 o prémio de

Cidade Empreendedora Europeia 2015. Segundo a organização, este galardão «premeia as

melhores estratégias regionais para a promoção do empreendedorismo e da inovação junto das

pequenas e médias empresas».

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Mais recentemente Martin Schulz, presidente do parlamento europeu, jantou na Startup

Lisboa com empreendedores pertencentes a esta incubadora. Durante esta visita, Schultz

elogiou o conceito desta incubadora apoiada pela CML pela sua importância ao «estimular os

apoios estatais ao empreendedorismo jovem por toda a Europa mencionando ser este [o da

Startup Lisboa] um exemplo perfeito». Durante esse mesmo jantar, Schultz afirmou que este é

«um modelo que se deve reproduzir por todo o espaço europeu».

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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A conclusão é, num trabalho de investigação, uma parte fundamental da dissertação (Sousa e

Baptista, 2013).

O empreendedorismo é a palavra de ordem nos nossos dias. Campos (2008:5) refere que o

«tema do empreendedorismo reveste-se hoje de grande atualidade». Por necessidade ou

oportunidade, os Portugueses estão a recorrer cada vez mais ao empreendedorismo.

Neste capítulo pretende-se dar resposta às questões identificadas anteriormente nesta

investigação apresentando as principais conclusões relevantes para a conclusão desta

dissertação. É importante que apresentemos também as limitações encontradas para a

elaboração desta dissertação para que possamos apresentar recomendações para futuras

investigações sobre este tema.

5.1. CONCLUSÕES

O empreendedorismo tem vindo a tornar-se uma opção de carreira para muitos indivíduos,

mas o empreendedorismo, segundo Caetano, Santos e Costa (2012:123), «não está ainda

enraizado na cultura do país, nem como os portugueses percecionam o emprego». Por isso,

muito se tem feito para ultrapassar este problema. Existem programas de desenvolvimento e

de promoção do empreendedorismo. Instituições de ensino que começam a incluir e a

construir bases para que os alunos possam ter os conhecimentos necessários para que

construam o seu próprio negócio e uma oferta alargada de programas de financiamento para

jovens empreendedores financiarem as suas ideias de negócio.

Tendo como base na revisão da literatura e na parte prática desta dissertação, podemos

concluir que, com base na investigação, existe de facto uma visão e estratégia da CML para

promover e dinamizar o empreendedorismo na cidade de Lisboa. Esta estratégia visa a criação

as infraestruturas necessárias para a prática do empreendedorismo de modo a aumentar a

capacidade competitiva da economia a uma escala regional e global. É o objetivo da CML que

Lisboa seja uma das cidades mais competitivas, inovadoras e criativas da Europa. Lisboa

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promove o empreendedorismo, em primeiro lugar, oferecendo aos seus empreendedores um

espaço onde os empreendedores podem efetivamente criar e desenvolver a sua ideia de

negócio, como por exemplo, a incubadora de empresas “Startup Lisboa”. Em segundo lugar,

Lisboa oferece aos seus empreendedores através da comunicação da rede de incubadoras, um

agente federador e dinamizador de iniciativas, partilhando conhecimento e criando parcerias

para a CML e para as empresas incubadas nesta rede de incubadoras. Em terceiro lugar,

Lisboa fornece também as ferramentas necessárias para a criação de maquetes de produtos.

Através do FabLab, os empreendedores poderão criar uma prototipagem do produto que

desejam lançar para o mercado podendo assim apresentá-lo a investidores ou ao público em

geral. Por último e não menos importante, Lisboa organiza um conjunto de eventos dirigidos

a empreendedores e ao público em geral com o objetivo de acrescentar valor aos participantes

e à cidade de Lisboa. Entre os vários eventos, destacamos o Eurobest, festival de criatividade

europeu que é reconhecido internacionalmente, o Silicon Valley Comes to Lisbon e o TiE

Lisbon Entrepreneur Boot Camp onde empresários de renome internacional reuniram-se com

jovens empresários e investidores para trocar ideias e sugestões para o futuro.

Lisboa oferece também aos jovens empreendedores um apoio financeiro que é constituído

através de uma parceria entre a CML e a Startup Lisboa. Com o nome de Startup Lisboa

Loans, é um fundo FINANCIA com o objetivo de financiar projetos de interesse para o

desenvolvimento da cidade. Por outro lado, para projetos que não necessitem de

financiamento ou que não cumpram todos os pressupostos necessários, a CML oferece um

serviço de consultoria para apoiar o promotor do negócio desde o início da ideia até à

execução da mesma. Caso o negócio tenha sucesso, o promotor poderá usufruir de uma rede

de parceiros que poderão ter um papel importante para o futuro do mesmo.

Lisboa tem sido reconhecida pelo esforço efetuado em torno da dinamização do

empreendedorismo na cidade de Lisboa. A San Francisco Europeia, como já foi apelidada pela

Bloomberg devido às semelhanças entre a Ponte 25 de Abril e a Golden Gate e o fervor

empreendedor que se vive na cidade, tem recebido elogios de investidores e empreendedores

mundiais bem como da União Europeia, que galardoou Lisboa o prémio de Cidade

Empreendedora Europeia 2015. Também Martin Schultz, presidente do parlamento europeu,

elogiou o trabalho feito em torno do empreendedorismo (referindo-se à Startup Lisboa)

mencionando que esta é um exemplo prefeito de como os apoios estatais devem ser

canalizados para estimular o empreendedorismo na europa.

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Em termos gerais, e com base nesta investigação, podemos afirmar que a Câmara Municipal

de Lisboa tem tido um papel de destaque no desenvolvimento e promoção do

empreendedorismo em Lisboa não só através de ter uma sólida visão e estratégia para a

promoção do empreendedorismo, mas também devido ao investimento em novos espaços de

criação e aceleração de microempresas, organização de eventos de carácter pedagógico

dirigido a jovens empreendedores e à população em geral e de apoios financeiros e não

financeiros para aqueles que desejem criar e desenvolver o seu negócio.

5.2. LIMITAÇÕES

Este estudo apresenta algumas limitações, nomeadamente a nível do tempo que foi-nos

concedido para entrevistar o departamento que gere, entre outras áreas, o empreendedorismo

e a inovação na cidade de Lisboa. Este tempo limitado fez com que não pudéssemos explorar

em detalhe algumas formas de promoção do empreendedorismo na cidade de Lisboa.

Existiu também uma limitação devido inexistência de possibilidade de entrevistar o presidente

da Comissão de Economia, Turismo, Inovação e Internacionalização com 15 membros

(Economia, Turismo, Empreendedorismo, Inovação, Modernização Administrativa e Relações

Externas) da Assembleia Municipal de Lisboa de modo a podermos auferir de algumas noções

do trabalho desenvolvido pela comissão no sentido perceber qual é o papel da comissão

juntamente da Câmara Municipal de Lisboa.

Apesar destas limitações, e de outras que eventualmente poderiam ser identificadas, podemos

considerar que esta investigação permitiu conhecer, identificar e explorar o papel da CML na

promoção do empreendedorismo na cidade de Lisboa.

5.3. RECOMENDAÇÕES

Para futuras investigações, sugerimos a marcação de uma entrevista com um horário mais

alargado, para efetuar uma entrevista junto do departamento que gere o empreendedorismo e

a inovação na cidade de Lisboa bem como nova tentativa de agendamento de entrevista junto

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da comissão da Assembleia Municipal de Lisboa para que consigamos ter uma investigação

mais aprofundada e completa para a elaboração deste estudo.

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ANEXOS

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GUIÃO ENTREVISTA

Nome do Entrevistado: _____________________________________________________

Função dentro da CML: ____________________________________________________

Data: __ / __ / ___ Hora: __________ Local da Entrevista: ________________________

Pré-entrevista:

1. Identificação do entrevistado.

2. Agradecer a disponibilidade do entrevistado.

3. Assegurar a confidencialidade do entrevistado e das suas respostas.

4. Destacar a importância da colaboração do entrevistado.

Entrevista - tópicos a abordar:

1. Quais são os principais indicadores sobre o empreendedorismo em Portugal e na cidade

de Lisboa. É possível facultar os existentes?

2. Atualmente existe alguma visão e estratégia da CML para o empreendedorismo na

cidade de Lisboa?

3. Qual é o investimento que a CML tem feito para a promoção do empreendedorismo na

cidade de Lisboa?

4. Quais são os apoios que a CML dá ao jovem empreendedor?

5. Falámos dos apoios não financeiros, quais são os apoios financeiros que a CML oferece

ao jovem empreendedor?

6. O investimento é exclusivo para jovens empreendedores que desejam iniciar o seu

negócio ou existe também algum tipo de financiamento para empresas já existentes?

7. Quais são os eventos organizados ou que a CML apoia diretamente?

8. Esses eventos são dirigidos a empreendedores ou também são dirigidos ao público em

geral?

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9. O que é que tem sido dito sobre o apoio da CML ao empreendedorismo no exterior?

Tem havido reconhecimento por parte de terceiros do trabalho da CML em promover

o empreendedorismo na cidade de Lisboa?

10. Dados de interesses que o entrevistado deseje partilhar para a elaboração da dissertação.

Pós-Entrevista:

1. Agradecer novamente a disponibilidade do entrevistador

2. Questionar o mesmo se deseja receber uma cópia da dissertação para futura consulta do

mesmo.

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Inserido em 30‐03‐2012 14:57

Fab Lab Lisboa

Hoje é inaugurado o Fab Lab Lisboa, por iniciativa da Câmara da capital. Vai ser o segundo no país depois doFab Lab criado por iniciativa da EDP.

Há cerca de uma década, surgiu no Massachussets Institute of Technology (MIT) uma cadeirarevolucionária intitulada “Como fabricar qualquer objecto”. Neil Gershenfeld, o professor dadisciplina, pretendia contrariar a corrente teórica dominante no ensino das engenharias eciências trazendo de novo a “oficina” para a Universidade.

A nova “oficina” tem actualmente instrumentos sofisticados que os estudantes dessa cadeiratêm provado ser suficientes para fabricar quase tudo: desde antenas de televisão a inovadorasmaçanetas de portas que detectam intrusos indesejáveis.

Neil Gershenfeld transformou a cadeira num conceito que começou a ser exportado: o Fab Lab.Hoje existem vinte e cinco Fab Labs, um pouco por todo o Mundo. Neles qualquer pessoa podeutilizar um conjunto de máquinas para fabricar objectos utilizando a informação gerada na redede laboratórios internacionais.

Hoje é inaugurado o Fab Lab Lisboa, por iniciativa da Câmara da capital. Vai ser o segundo nopaís depois do Fab Lab criado por iniciativa da EDP.

Estas iniciativas vão permitir um acesso único a informação de fronteira sobre as técnicas defabricação emergentes. Um passo crucial para Portugal acompanhar esta nova revoluçãoindustrial.

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noticias.sapo.pt http://noticias.sapo.pt/tec_ciencia/artigo/mistura-se-criatividade-inovacao_2438.html

Mistura-se criatividade, inovação e empreendedorismo, agita-see tem-se a Start Up Lisboa

A incubadora de empresas foi inaugurada hoje e já conta com 12 projetos a decorrer Imagem: NunoNoronha/SAPO

Foi hoje inaugurado um espaço que pode ser descrito como um cluster de originalidade e empreendedorismo. AStart Up Lisboa dá espaço, visibilidade e pujança a 12 projetos embrionários que reúnem os ingredientesnecessários para entrar na corrida da Incubadora de Projetos. O SAPO Codebits Labs é um deles.

Entre os vários projetos com presença na Start Up Lisboa, uma organização sedeada na baixa pombalina, está oSAPO Codebits Labs, uma iniciativa da Portugal Telecom (PT) e do SAPO que abraça ideias selecionadas numdos maiores encontros anuais de entusiastas do mundo da Web - o SAPO Codebits.

O projeto do SAPO foi destacado, juntamente com outros 11, pela Start Up Lisboa, depois de cerca de 50candidaturas analisadas.

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Zeinal Bava, Celso Martinho, Abílio Martins no espaço doSAPO Codebits Labs, na Start Up LisboaFotografia: NunoNoronha/SAPO

O Codebits Labs é uma ideia que pretende incentivar acriatividade e o empreendedorismo dos novos génios datecnologia. Entre eles está Edgar Durão.

Com 32 anos, é um dos empreendedores apoiados peloSAPO, com o projeto Home Automation, uma ideia quepretende agregar as várias funcionalidades na área dadomótica e segurança. O programa é “feito a partir detecnologias open source e de baixo-custo e a ideia é seruma alternativa mais barata, escalável e com mais funcionalidades do que o que já existe”, explica o criativo.

O serviço possibilita o “controlo da energia, luminosidade, humidade, temperatura, dentro de casa, a partir docomputador, da Internet e do telemóvel”, acrescenta.

Entre os 11 projetos que aceitaram o desafio do SAPO, está também o Slide Deck. “O nome ainda está a serrevisto”, avança Ricardo Jóia, com 32 anos. Este projeto é “uma forma de fazer apresentações, dentro do estilopowerpoint”, explica em traços gerais. O serviço funciona sem que seja necessário um software específico para avisualização da apresentação. “Corre em qualquer tablet, computador ou telemóvel, a partir de um browser”,indica. “Quem estiver a fazer a apresentação controla-a a partir do dispositivo ligado à Internet e todas aspessoas que estiverem ligadas ao endereço vêm em tempo real o slide a mover-se, independente do local ondeestejam”, esclarece.

Os 11 projetos do SAPO Codebtis Labs vão ser acompanhados por mentores - técnicos do SAPO - e vão integrarum conjunto de metas e objetivos - as milestones - , até à apresentação do projeto ao público, na próxima ediçãodo Codebits, agendada para novembro de 2012.

Outras iniciativas abraçadas pela incubadora

A Pumpkin é uma empresa familiar, com quatro caras. Mariana Pessoa e Frank de Brabander, os pais do projeto,regressaram de Inglaterra e decidiram criar um portal de serviços para a família. “O grande objetivo da empresaé tornar a vida das pessoas mais fácil”, explica Mariana Pessoa.

“O utilizador vai ao portal e diz o que precisa, quando e onde é que precisa e é contactado diretamente pelasempresas que lhes oferecem vários orçamentos”, exemplifica Frank de Brabander. “A ideia é poupar tempo edinheiro às famílias”, conclui.

Entre os serviços mais populares da Pumpkin, estão festas de aniversário, babysitting e atividades infantis.

Mariana Pessoa, da Pumpkin

A Muse: Amuse By Design pretende criar conteúdos didáticospara crianças e adultos, através da aposta na área dacultura. Cláudia Afonso, a dinamizadora, explicou ao SAPONotícias que atualmente a empresa já comercializa um kit ebonecas em papel, com 10 trajes tradicionais portugueses e,no futuro, estará disponível para dinamizar museus eespaços culturais.

Entre as empresas, destaque também para a Vegetalícias,um projeto de Anabela Cristos, desempregada há dois anos.A lisboeta licenciada em Línguas e Literaturas Modernasdecidiu criar o espaço que disponibiliza cozinha vegetarianabiológica ao domicílio, formação, eventos e comida para

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crianças. “É uma ideia que tinha em mente há uns anos e que agora, com o apoio da Start Up, tive oportunidadede concretizar”, confessa.

O ConsultaClick é um portal online com claras vantagens para os utilizadores que procuram consultas médicas.José Carlos Gomes explica que o projeto surgiu quando um dos sócios da empresa esteve internado e nãoconseguiu marcar uma consulta via Internet. A necessidade aguça o engenho e o ConsultaClick permite ao“paciente através de um método seguro e rápido a possibilidade de encontrar um especialista adequado às suasnecessidades, na hora que deseja, sem custos adicionais para o cliente” através da rede, garante José CarlosGomes. O serviço inclui ainda uma área pessoal onde ficam registadas todas as consultas agendadas eefetuadas, para um maior controlo do percurso clínico do paciente. O serviço chegou também a Espanha,Roménia e Brasil.

Há energia no meio da crise

A criação de uma incubadora de empresas em Lisboa é uma medida aprovada no Orçamento Participativo deLisboa e conta com o apoio do Município de Lisboa, Montepio Geral e IAPMEI.

António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, olha para o projeto como a oportunidade para dinamizar aeconomia da cidade e ocupar os prédios vazios de Lisboa. "É um exemplo de como podemos multiplicar acapacidade de criar projetos". "Este é um sinal de que no meio da crise, há energia, há vontade e capacidade",enalteceu.

António Costa

Zeinal Bava, CEO da Portugal Telecom, avançou ao SAPONotícias que toda a rede da PT vai apoiar os vários projetosda Start Up Lisboa, com tecnologia, com o intuito de apoiarquem arrisca.

"Vamos empenhar-nos como empresa e eu pessoalmentetambém me vou empenhar para dar todo o apoio necessáriopara que estas pessoas tenham sucesso no futuro",asseverou. "O factor tecnológico é fundamental parapotenciar o crescimento da tecnologia", concluiu,parafraseando o Nobel da Economia, Robert Solow.

Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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tek.sapo.pt http://tek.sapo.pt/tek_expert/lisbon_investment_summit_reune_investidores_e_1395761.html

Lisbon Investment Summit reúne investidores eempreendedores

Com presença garantida no evento estão business angels, algumas das principais capitais de risco da Europa eum leque alargado de startups, que asseguram uma agenda recheada de apresentações sobre os temas doempreendedorismo e financiamento de novos projetos.

Entre os nomes convidados estão o CEO da Bulldog Gin, Anshuman Vohra; Kristo Kaarmann, CEO daTransferWise; James Gill, CEO da Gosquared ou Mike Butcher, editor do TechCrunch.

Da mesma agenda fazem parte apresentações sobre a iniciativa europeia Startup Europe (no âmbito de umroadshow que está a passar por 10 cidades europeias) e a entrega do prémio Caixa Empreender, para além doIE Venture Day, onde se insere uma competição de startups com 80 mil euros de investimento para disponibilizar,ao estilo Shark Tank.

O LIS é organizado pela Beta-i e pela IE Business School. Tem lugar entre 10 e 11 de julho, no Armazém F. Asinscrições estão abertas e podem ser feitas online.

Este Lisbon Investment Summit será também o palco para a final do Lisbon Challenge, um programa deaceleração promovido pela Beta-i, que tem vindo a decorrer nos últimos meses. O programa envolve 29 startups,que no dia 11 serão reduzidas a 10 finalistas com direito a apresentar o negócio a investidores.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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dinheirovivo.pt http://www.dinheirovivo.pt/economia/interior.aspx?content_id=3764839&page=-1

Semana do empreendedorismo de Lisboa começa segunda-feira com 25 iniciativas

Nesta segunda edição da semana de empreendedorismo, a Câmara de Lisboa volta a criar um 'speaker's corner'

Lisboa promove empreendedorismoD.R.

04/05/2013 | 13:39 | Dinheiro Vivo

A Câmara de Lisboa dá início nasegunda-feira à segunda semana deempreendedorismo da cidade, cincodias de um conjunto de 25 iniciativasorganizadas para criar um "ambientepropício a que novas empresassurjam na rua".

A semana de empreendedorismocomeça com uma conferência comempreendedores e pessoas quequeiram lançar os seus projetos, bemcomo com parceiros institucionaisenvolvidos na rede, para construir em conjunto "o manifesto de empreendedorismo", disse à agência Lusa avereadora da Economia, Graça Fonseca.

"O objetivo é que todas estas entidades que vão estar connosco construam os 10 mandamentos ou orientaçõesde boas práticas do que é importante fazer no plano local e nacional para promover e apoiar quem éempreendedor e quer lançar um negócio. É um compromisso que assumimos perante a comunidade e comrecomendações dirigidas ao plano nacional, com o que os empreendedores entendem que se deve fazer",explicou a autarca socialista.

Graça Fonseca admitiu que entre as propostas apresentadas no manifesto voltem a surgir "medidas de incentivofiscal", que têm vindo a ser pedidas por empreendedores em cartas abertas ao Ministério da Economia.

Até sexta-feira, a semana de empreendedorismo decorre com workshops, para quem já tem um negócio e paraquem quer iniciar o seu, uma 'academia do comércio', um "curso prático" de três meses para "capacitarcomerciantes para modernizar a sua loja", e iniciativas para os mais novos.

"O objetivo é estimular o espírito empreendedor dos miúdos. É importante trabalhar o espírito de iniciativa eestimular o brilhozinho de 'eu posso empreender e criar algo', para que os leve a pensar de formaempreendedora e que mais tarde se venha a refletir na forma como constroem a vida e o seu negócio. Para quedaqui a uma geração a forma como os próximos vão ver, quer o mercado de trabalho, quer a economia, sejadiferente", defendeu a vereadora.

Nesta segunda edição da semana de empreendedorismo, a Câmara de Lisboa volta a criar um 'speaker's corner',ou seja, um 'canto dos faladores', um 'palanque' na Rua Augusta onde qualquer pessoa pode expressar as suasideias, opiniões e projetos. "Queremos quebrar a dificuldade que os portugueses têm em falar em público ou comdesconhecidos. Sabemos que trabalhar em conjunto, em espaços de 'coworking', traz uma enorme vantagem napartilha de dúvidas e ideias", afirmou Graça Fonseca.

Até sexta-feira, há ainda 'open days' das start-up (pequenas empresas) das incubadoras da Baixa e da Rua

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Castilho, masterclasses, vídeos e apresentações.

A importância desta semana, para Graça Fonseca, passa pela criação de "um motor de parcerias", a construçãode um "ambiente que seja propício a que novas empresas surjam na rua e a que as start-up consigam crescer ese internacionalizar".

Na primeira semana de empreendedorismo de Lisboa, que decorreu em maio do anopassado, participaram 4 mil pessoas

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Corrida ao investimento com "tanque de tubarões" à portuguesaLisbon Investment Summit reúne 480 pessoas em mega evento internacional

Ana Rita Guerra | 10/07/2014 | 19:15São 29 as startups portuguesas que hoje vão tentar levantar investimento na maior concentração de sempre de investidores em

Portugal. O Lisbon Investment Summit, que começou ontem em Lisboa, tem a presença de fundos de investimento e capitais derisco que representam virtualmente fundos ilimitados: desde a Index Ventures à GSV Asset Management, que investiram emempresas como Facebook e Twitter.As startups que hoje competem pela atenção dos investidores são as participantes do programa de aceleração Lisbon Challenge, organizado pela Beta­i.

Destas, serão escolhidas 10 para um road­show internacional em Londres, Boston e São Paulo. "São dos maiores investidores a nível mundial, gerembiliões", diz ao Dinheiro Vivo Pedro Rocha Vieira, presidente da Beta­i . Estão presentes também fundos de capital de risco de fases iniciais, que sãomenos comuns, como a Connect Ventures.Saiba mais sobre o Lisbon Challenge"São investidores muito inteligentes e que começam a olhar já para empresas portuguesas: alguns já começaram a investir, ou estão a pensar investir

em startups portuguesas." Phillip Moehring, diretor europeu da rede Angel List, é um dos responsáveis por isso. Veio a Portugal várias vezes nos últimostrês anos e investiu em perto de uma dezena de empresas portuguesas através do fundo Seedcamp. "Há designers muito bons e fundadores cada vez maisambiciosos, o que é algo que mudou nos últimos dois anos. Penso que isso é o que diferencia as startups aqui", explica ao Dinheiro Vivo o responsável.O evento, que ontem integrou a competição pelo prémio de 80 mil euros do fundo português Smart Equity, reúne 480 pessoas de todo o mundo. "O

objetivo destas exposições é ter uma reunião. Levantar dinheiro, fora algumas exceções, é um processo que demora entre três a 12 meses", sublinhaPedro Rocha Vieira. Ou seja: esta é "uma oportunidade única de poderem falar e apresentar os seus projetos a investidores de topo que tipicamente nãorecebem estes projetos, são muito assediados."Mas, diz Philip Moehring, o mais importante destes eventos não é a exposição, ou "pitch": é a confiança e qualidade dos fundadores da empresa. "Na

fase inicial, o importante é a equipa e a sua capacidade de fazer as coisas funcionar", afirma, nem que seja apenas até ao protótipo. O passado doempreendedor também é relevante: "Alguém que falhou algumas vezes ou é um idiota ou é inteligente e está a tomar grandes riscos, o que não é umproblema."Além dos grandes investidores, este evento tem a presença de dois dos editores mais importantes do TechCrunch, Mike Butcher (Reino Unido) e John

Biggs (Costa Leste dos Estados Unidos). Biggs parece cético: "Existe um certo cenário de empreendedorismo que se tornou popular na Europa. Não digoque é tudo apenas cenário, mas nalguns casos é. É um estilo de vida interessante."

© Dinheiro Vivo

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Lisboa distinguida em Bruxelascomo “Região EmpreendedoraEuropeia” 2015LUSA 25/06/2014 ­ 17:01

António Costa apontou que a criação de uma rede de incubadoraspermitiu gerar 260 novas empresas na capital.

Lisboa foi distinguida nesta quarta­feira em Bruxelas como "RegiãoEmpreendedora Europeia 2015", um galardão atribuído pelo Comité dasRegiões, e que o presidente da Câmara Municipal, António Costa,considera que premeia o esforço que a cidade tem feito.

Na edição deste ano do prémio, Lisboa foi distinguida ­ juntamente coma Irlanda do Norte (Reino Unido) e Região Valenciana (Espanha) ­ pelaestratégia desenvolvida para fomentar o empreendedorismo e executarpolíticas europeias fundamentais como a chamada Lei das PequenasEmpresas (Small Business Act) e a Estratégia Europa 2020 para ocrescimento e o emprego.

Sublinhando que é a primeira vez que uma cidade é distinguida com umprémio tradicionalmente reservado a regiões, António Costa considerou,em Bruxelas, que é "particularmente estimulante" receber este galardão,

MIGUEL MADEIRA

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pois recompensa uma "estratégia" definida desde 2011, "de virar muito omunicípio de Lisboa para o incentivo à actividade económica e para umapolítica de fomento do empreendedorismo".

O autarca apontou que a criação de uma rede de incubadoras permitiugerar 260 novas empresas, "muitas delas na área da inovação", e cerca de30% das quais de capital estrangeiro, para sustentar que é possível passardas palavras aos actos e "reagir positivamente nesta época de crise".

"É com muita satisfação que vemos a Europa reconhecer este esforço e aimportância de complementar as políticas orçamentais com mecanismosque favoreçam o crescimento e o emprego, não só em palavras, mas emactos, através das empresas, porque são as empresas que podem produzirriqueza e podem criar emprego (…). Demonstra que estamos no bomcaminho e que crescimento e emprego não têm que ser meras palavras",disse.

O júri da "Região Empreendedora Europeia" (EER), composto porrepresentantes das instituições europeias e de associações empresariais,reconheceu especificamente o impacto dos esforços realizados pelacapital portuguesa para conquistar uma posição no Atlântico como polode negócios e cidade de startups, tirando partido da sua situaçãogeográfica enquanto porta de entrada para as Américas, África e a UniãoEuropeia.

"Lisboa é a primeira cidade a receber o prémio da EER. A sua estratégiademarca­se pela forma como interliga projectos já existentes em prol doempreendedorismo e da inovação a novas medidas específicas adoptadasno âmbito da iniciativa EER", afirmou por seu turno o presidente doComité das Regiões na cerimónia de entrega do prémio.

Segundo Valcárcel Siso, "a estratégia resultante é um modelo válido parao modo como os municípios e as regiões poderão transformar osobjectivos da Estratégia Europa 2020 em ações concretas, adaptadas àsnecessidades locais".

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Lisbon’s Heart Is in San Francisco­Style StartupsBy Henrique Almeida ­ Jun 5, 2013

Lisbon’s red suspension bridge appears to be a clone of San Francisco’s majestic Golden Gate, and

both cities are spread over hills linked by cable cars. If the mayor of Portugal’s capital has his way,

the similarities will extend to a ferocious pace of technological innovation.

“We opened our first startup incubator last year in downtown Lisbon and everyone said it was

foolish, but we ended up having 600 candidates for 60 slots,” Mayor Antonio Costa said last month

at the opening of another facility for digital entrepreneurs determined to conceive the next big

thing. “We’re creating a new paradigm for the city.”

Costa is counting on new technology clusters along the Tagus River to attract young people eager

to build ventures, creating jobs and reviving the downtown after an exodus of companies. The

stakes are high as Portugal’s economy is mired in recession, with youth unemployment at a record

42 percent. And the mayor is competing with cities from Helsinki to Berlin to London that want to

be Europe’s Silicon Valley.

San Francisco and the Silicon Valley rose to innovation greatness decades ago in the shadow of

Stanford University and in family garages, where both Hewlett­Packard Co. and Apple Inc. (AAPL)

were founded. Now there are startup incubators across the country, often backed by venture

capitalists.

In Lisbon, Costa has a digital map of a “startup ecosystem” that features seven incubators, some of

which are backed by the city council. His selling point is premium office space at a discount.

Muzzley Mooted

“All we need now is one success story to be taken seriously,” said Joao Vasconcelos, head of Startup

Lisboa, which hosts 45 startups in a six­story office building that had been unoccupied for years.

Vasconcelos says that might be Muzzley, the developer of an application that allows smartphones

to control the TV, domestic appliances and some features in the car.

“I believe we could be the next Google,” said Domingos Bruges, co­founder of Muzzley, whose

clients already include Intel Corp. (INTC), Volkswagen AG and Portugal Telecom SGPS SA.

Bruges chose to base the company at Startup Lisboa rather than in Silicon Valley, where it has an

office at Plug and Play Tech Center, an accelerator in Sunnyvale, California, home of companies

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such as Yahoo! Inc.

Muzzley won $500,000 in seed capital from Espirito Santo Ventures, a unit of Lisbon­based Banco

Espirito Santo SA. While Plug and Play’s founder bought a stake in the Portuguese startup this

year, Muzzley has no plans to relocate to the San Francisco Bay area, Bruges said in an interview

on May 28.

Underpaid Rockers

“Our burn rate in the U.S. would be at least six times higher,” said Bruges, whose business employs

13 workers, including himself and a co­founder. “A programmer in the U.S. is considered a rock

star. Here we are all rock stars but we just earn less.”

Anthony Douglas, 31, also cited costs as a factor for starting his company, Hole 19, at Startup

Lisboa. The firm’s device works as an “intelligent caddy in your pocket” that includes GPS

technology and a scorecard.

“Portugal has immense engineering and design talent with the same quality as Silicon Valley but at

a quarter of the price,” Douglas said in an interview. “Given the economic situation, young

Portuguese are hungry and motivated to make things happen.”

The average base salary of a software engineer at Google Inc. last year was $128,336, according to

a report by jobs and careers website Glassdoor, while Lisbon­based Muzzley pays an average

$59,308, Bruges said.

Crisis Impetus

The cost of employing Portuguese workers fell 6.1 percent between 2009 and 2012, according to a

study by Berenberg Bank and the Lisbon Council, a Brussels­based research group. The number of

businesses created in Portugal in the first two months of the year increased 37 percent from a year

earlier, to 8,654, the National Statistics Institute reported.

Portugal was catapulted to center stage two years ago when it sought a 78 billion­euro ($102

billion) bailout from the European Union and the International Monetary Fund to avoid going

broke. The economy shrank 3.2 percent in 2012 and the government forecasts a further contraction

of 2.3 percent this year. The jobless rate may climb to 18.2 percent this year.

“The crisis is forcing a highly skilled workforce that used to work for others to build their own

companies,” said Pedro Rocha Vieira, president and co­founder of Beta­I, an accelerator that is

organizing Lisbon Challenge, a four­month program beginning in September that he said will

bring together entrepreneurs and mentors from companies including Google (GOOG) Inc. and

PayPal Inc. “It’s a matter of survival.”

Seed Money

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Venture funding is also growing, though it pales in comparison to the money available elsewhere.

Portugal Ventures plans to invest 20 million euros in startups this year, up from about 5 million

euros in 2012, Jose Franca, head of the state­run fund, which has 600 million euros under

management, said in an interview on May 29. Venture capital firms in the San Francisco area

regularly invest that much in a single startup, and have dozens of companies under their wings.

Franca, who sold Chipidea Microelectronica SA for $147 million to Mountain View, California­

based MIPS Technologies Inc. in 2007, is also working with 36 incubators and research centers

across Portugal.

“In order to develop a startup ecosystem in Portugal we need to create a culture of

entrepreneurship,” Franca said. “We are starting now, but some of the companies and ideas

emerging in Portugal may have the potential to become champions.”

Stickers and Rooms

Other Lisbon­based startups include ReuseGram, an online store that converts Instagram Inc.

photos into reusable stickers; Talkdesk, a voice platform for businesses; and UniPlaces, a room­

rental portal that caters to university students in Lisbon and London.

Costa, the Lisbon mayor, acknowledged some limitations to the city’s incubator plan.

“We don’t know how to accelerate startups and we don’t have capital to finance these companies,”

said Costa, who plans to open a third incubator next month for 200 people. “What we do have is

plenty of land and empty buildings for companies.”

Portuguese office vacancy rates “remain high, and continue to move up due to the ongoing

disposal of space by a number of occupiers,” Cushman & Wakefield, a New York­based real estate

services company, said in a report in April.

Lisbon has backed three technology clusters and is supporting other initiatives to lure companies to

the downtown, Councilwoman Graca Fonseca said. The city has invested about 1 million euros

encouraging startups, she said.

Entrepreneur Magazine in May ranked Lisbon as one of nine startup hubs to watch this year.

Portugal is among the top 10 European countries for fiber­optic connectivity, according to the

Council of Europe.

“Portugal has unique conditions to attract foreign investment and talent,” said Zeinal Bava, the

former chief executive officer of Portugal Telecom who was named this week to run Oi SA in Brazil.

“With the level of technology we have in Portugal, nobody is going to care if you are calling San

Francisco from Lisbon or from New York.”

To contact the reporter on this story: Henrique Almeida in Lisbon at [email protected]

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To contact the editor responsible for this story: Jerrold Colten at [email protected]

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