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Cultura, Cidadania e Desenvolvimento O papel da cultura na promoção do desenvolvimento Ana Carolina Talefe Marques Louro Coimbra, 2013

O papel da cultura na promoção do desenvolvimento · O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 5 diferente e na educação para outros métodos de cooperação, solidariedade,

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Cultura, Cidadania e Desenvolvimento 

O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

 

 

 

Ana Carolina Talefe Marques Louro 

 

Coimbra, 2013

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Índice 

 

 

1. Introdução                  1 

                                 

2. Desenvolvimento                

  2.1 O Desenvolvimento Humano        2 

2.2 Dimensão Cultural            4 

2.2.1 Cidadania Cultural        4 

2.2.2 Sociedade de Informação      5 

2.3 Política cultural            7 

2.3.1 A política cultural em Portugal    8 

 

3. Descrição detalhada da pesquisa          10 

4. Avaliação da página da Internet          11 

5. Ficha de leitura                12 

6. Conclusão                  15 

7. Referências bibliográficas            16 

Anexos   

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

1  

 

1. Introdução 

Num mundo que se conhece desigual, ainda no século XXI, em esferas básicas 

como Direitos Humanos e mínimas condições de vida, e quando se sabe que já muito 

foi  discutido  sobre  as  demais  dimensões  que  afetam  o  desenvolvimento  deste 

mundo,  surge  importante  dar  relevo  à  dimensão  cultural  no  processo  de 

desenvolvimento.  Esta  análise  pretende,  em  primeira  instância,  esclarecer  os 

conceitos de desenvolvimento e cultura, e numa segunda, tentar delinear, não só, o 

papel  da  dimensão  cultural  mas  também  perceber  se  este  tem  real  impacto  no 

desenvolvimento dos países e na cooperação entre eles. 

Antes  de  mais,  é  necessário  clarificar  os  conceitos  que  dão  corpo  a  esta 

análise,  já  que  muitas  vezes,  como  exemplo,  “cultura”  e  “desenvolvimento”  se 

tornam dúbios e dispersos para a maioria das pessoas, sendo assim importante traçar 

uma linha de entendimento comum ao estudo desta problemática.  

O  conceito  de  desenvolvimento  que  vou  analisar  assume  aqui  duas 

perspetivas  que  considero  estritamente  interligadas:  desenvolvimento  numa 

perspetiva  social  e  desenvolvimento  numa  perspetiva  de  cariz  de  cooperação 

internacional, que, em conjunto, convergem na ideia de desenvolvimento humano.  

“...[o  desenvolvimento  humano]  é  um  processo  de  alargamento  das  escolhas 

das pessoas e melhoramento das  capacidades humanas e  liberdades, permitindo‐

lhes: viver uma vida longa e saudável, ter acesso ao conhecimento e um padrão de 

vida decente, e participar da  vida da  sua  comunidade e nas decisões que afetam 

suas vidas.”1 (Organização das Nações Unidas s.d.) 

  A  cultura,  também  ela  com múltiplas  aceções,  será  estreitada  com base  na 

explicação da cidadania cultural e da sociedade de informação. Estas duas ideologias 

recentes, explicadas e avaliadas por diversos autores, vêm servir de apoio ao estudo 

da dimensão cultural como fenómeno de cooperação para o desenvolvimento. Talvez 

fosse suficiente basear a análise apenas numa das  ideologias, mas a verdade é que 

ambas são reais e influenciam toda a dinâmica cultural. 

 

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

2  

 

Partindo  do  pressuposto  que  os  Estados  (ainda)  são  soberanos  no  que 

concerne à promoção do desenvolvimento e à garantia de condições benéficas aos 

seus  cidadãos,  qual  deve  ser  o  papel  dos  governos  na  aceitação  desta  dimensão 

cultural  como  papel  para  o  desenvolvimento?  Estará  esta  dimensão  cultural  a 

preparar‐se como uma vindoura estratégia de desenvolvimento e cooperação?  

Tendo em conta estas ideias principais, e sumarizando, a análise que se segue 

pretende,  ainda que  superficialmente,  elucidar o  leitor  acerca  da  recente  temática 

“cultura para o desenvolvimento” percorrendo, numa primeira fase, a explicação do 

desenvolvimento,  sua  contextualização  histórica  e  situação  atual;  numa  segunda, 

desabotoar  a  dimensão  cultural  e,  assim,  descobrir  os  conceitos  de  “cidadania 

cultural” e “sociedade de  informação”; e finalmente, numa terceira e com base em 

exemplos, de que forma a políticas culturais atuais dos países em geral agem perante 

esta nova abordagem.  

 

2. 

2.1. O Desenvolvimento Humano 

  Definir “desenvolvimento”, por si só, não é fácil. É um conceito que para além 

de ambíguo envolve múltiplas perspetivas. Na  linha de análise deste  relatório, este 

conceito diz respeito, principalmente, à cooperação entre países desenvolvidos e em 

desenvolvimento. Mas nem esta distinção é  fácil de  fazer. Já Tatyana Soubbotina e 

Katherine Sheram referiam que seria mais fácil fazer a distinção entre países ricos e 

países  pobres.  “Mas  os  indicadores  de  riqueza,  (…),  não  fornecem  informações 

sobre a alocação dos recursos (…) entre os grupos sociais e a qualidade de vida que 

lhes é prometida.”1 (Soubbotina e Sheram 2000, 7) 

  Nem  mesmo  a  Organização  das  Nações  Unidas  (ONU)  se  refere  hoje  ao 

Desenvolvimento Humano  como  resultado  de  uma  análise  puramente  económica. 

Este  conceito  de  Desenvolvimento Humano,  já  definido  na  nota  introdutória,  tem 

vindo a ser alterado com o decorrer do tempo. Começou sim, em 1970, por ser uma  

1. Tradução minha 

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

3  

 

interpretação puramente económica, só atingindo a visão mais abrangente de uma 

estratégia centrada nos cidadãos em 1990, com a primeira publicação do Relatório de 

Desenvolvimento  Humano  (RDH)  pelo  Programa  das  Nações  Unidas  para  o 

Desenvolvimento (PNUD). (Jolly, Emmerij e Weiss 2009)   

  É importante explicar que apesar de este conceito dar, de facto, importância à 

pessoa humana, o mesmo está  intimamente  ligado a uma perspetiva sociológica. A 

verdade é que, num caminhar para o desenvolvimento, o “individual” não sobrevive 

sem o social. 

 “A  forma  como  as  pessoas  se  relacionam  entre  si  é  fundamental  para  a 

construção  de  sociedades  coesas  e  duradouras.  (…) Uma  sociedade  integrada 

depende de  instituições sociais eficazes que possibilitem que os  indivíduos ajam 

coletivamente, reforçando a confiança e a solidariedade entre os grupos.” (PNUD 

2013, 37‐38) 

  Desta forma, a estimação do desenvolvimento humano de cada país, baseia‐se 

fundamentalmente em quatro  índices  ‐  Índice de Desenvolvimento Humano,  Índice 

de desenvolvimento Humano Relativo ao género, Índice de potenciação de género e 

Índice de pobreza multidimensional – que não esquecem as demais áreas  influentes 

no processo  de  desenvolvimento,  a  realçar,  economia,  saúde, política  e  educação. 

(Organização das Nações Unidas s.d.) 

Apesar  de  ser  verdade que o PNUD  se pronuncia no mais  recente  relatório 

sobre o aspeto da melhoria da educação,  fator base na definição de cultura, ainda 

mais verdade é que a dimensão desta, ainda que subliminarmente adjacente, pouco é 

analisada  principalmente  no  que  toca  aos  aconselhamentos  aos  governos 

relativamente  a  políticas  culturais.  É  compreensível  este  aspeto  não  ser  o  grosso 

conteúdo  de  um  RDH  já  que,  em  primeiro  lugar,  outras  políticas  aprazem  ser 

prioritárias  ao  desenvolvimento  (ajustamento  estrutural  e  austeridade),  e  em 

segundo  lugar,  por  este  ideal  de  cultura  para  o  processo  de  desenvolvimento  ser 

recente. 

A problemática desta análise basear‐se‐á, assim, em perceber se os países que 

mais politicas culturais adotam são aqueles que apresentam um desenvolvimento  

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

4  

 

humano  mais  elevado  e  em  que  medida  é  que  a  não  adoção  da  cultura  pode 

influenciar este desenvolvimento. 

 

 

2.2. Dimensão cultural: Cidadania Cultural e Sociedade de Informação 

 

Em primeiro  lugar é  importante referir que estes dois conceitos, referentes a 

diferentes aspetos, não são sinónimo de coerência pelos diferentes autores que as 

estudaram.  Tanto  uma  como  a  outra  se  inserem  na  ideia  de  cultura  e  afetam,  da 

melhor ou da pior maneira, a dinâmica cultural no que concerne ao desenvolvimento. 

De que forma? 

Nesta  abordagem,  referenciarei  principalmente  os  autores  com  que  mais 

concordo. 

 

 

2.2.1 Cidadania cultural 

Toby Miller, como referência principal, definiu o conceito de cidadania cultural 

como o “direito à comunicação e à representação da diferença cultural”. (Miller 2011, 

57)  Segundo Maria  José  Canelo,  citando McWilliams,  a  ideia  de  cidadania  cultural 

surgiu em 1989 por Renato Rosaldo na sua análise à relação distante entre Estados 

Unidos da América e América Latina, resultando na rejeição da segunda. (Canelo s.d., 

25) 

Claro que há inúmeras considerações a fazer até ao mais ínfimo pormenor da 

dinâmica  de  cidadania  cultural,  como  os  vários  autores  analisaram  e  discordaram 

entre si. Mas o que importa aqui salientar é a ideia de que um património mundial rico 

em diferenças culturais e desigual em desenvolvimento pode efetivamente ter apoio 

na  cidadania  para  cumprir  este  segundo,  já  que  esta  afasta  a  ideia  de  interesse 

próprio e aproxima‐se da  ideia de bem comum. Exemplo disto é a  influência que a 

globalização e as migrações entre os povos podem ter na aceitação de um mundo  

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

5  

 

diferente e na educação para outros métodos de cooperação, solidariedade, respeito 

pelo outro, e assim, desenvolvimento.  

“Precisamos rearticular a cultura em torno da economia e da política” (Miller 

2011,  70)    – esta  frase pode  vir descrita em  várias  ideologias políticas, no  entanto, 

leva‐nos  logo  a  pensar  nas  medidas  eficazes  em  torno  do  desenvolvimento 

económico  e  tecnológico  que  têm  feito  com  que  os  países  mais  desenvolvidos, 

maioritariamente do Norte, tenham introduzido as mesmas nos do Sul para que estes 

segundos  consigam desenvolver‐se e  consigam  competir no mercado  internacional 

na ambição de um desenvolvimento sustentável. 

 

2.2.2. Sociedade de informação 

Sabemos que a transmissão da  informação não é um fenómeno recente. Mas 

também sabemos que a explosão de  transmissão de  informação exacerbadamente 

rápida do mundo atual é efetivamente  recente. Quando pensamos em  informação, 

surge‐nos logo em ideia a internet, a televisão e os media em geral. É nesta segunda 

hipótese que se  insere o conceito de “sociedade de  informação”: “Webster  (1995) 

aponta a crescente importância atribuída a fenómenos como a «revolução das TIC», a 

«explosão  de  informação»  ou  a  «informatização»  da  vida  social  como  indutora  do 

conceito de sociedade de informação.” (Macedo 2005, 894) 

Desta forma, há que referir que estas inovações vieram alterar a ordem social 

pautada, agora, por um acesso fácil e mais rápido à  informação. Pode considerar‐se 

que esta dinâmica contribui positivamente para o desenvolvimento das sociedades? 

Para responder a esta pergunta, surge  importante contar, a exemplo, o facto de os 

habitantes do Quénia e das Filipinas, que nunca tinham tido conta bancária pessoal e 

viviam  distantes  de  uma  agência  bancária,  utilizam  agora  o  telemóvel  para  fazer 

operações da mesma natureza.  (PNUD 2013). Será esta “sociedade de  informação” 

um contributo relevante para o desenvolvimento dos países? 

 

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

6  

 

Importa ainda falar sobre os media como parte desta sociedade. Por um lado, 

exercem  força nos países desenvolvidos para  lhes dar a conhecer as realidades dos 

países menos  desenvolvidos.  Por  outro,  e  por  serem  o mass meio  de  divulgação, 

precisam aliar‐se à realidade e darem voz aos cidadãos na expressão das suas ideias e 

direitos. 

  * 

   

A  esta  altura,  numa  tentativa  de  relacionar  o  advento  da  cultura  na  sua 

contribuição  para  o  desenvolvimento,  é  importante  questionar  se  existem 

ferramentas para esta dimensão cultural apoiar o desenvolvimento humano. 

  Nesta esfera, e baseando‐me no  trabalho Towards Cultural Citizenship: Tools 

for  Cultural  Policy  and  Development  de  Colin Mercer,  que  considero  relativamente 

exclusivo,  pretendo  mostrar  de  que  forma  é  importante  reconhecer  o  papel  da 

cultura  para  o  desenvolvimento  e  como  é  possível  medi‐lo  para  o  comprovar  o 

segundo. 

   A vasta obra do autor e da sua equipa pretende elaborar uma arquitetura e 

lançar  as  bases  para  o  trabalho  de  “planeamento,  elaboração  de  relatórios  e 

avaliação  das  políticas  culturais  para  o  desenvolvimento  humano”.2  (Mercer  2002, 

15).   Desta forma, consideram que as políticas de desenvolvimento, nomeadamente 

social, económica e ambiental,  já estudadas anteriormente, esquecem o domínio da 

política cultural como importante fator de desenvolvimento. 

   “Este  solo  de  cultura  é  rica  e  complexa.  Ela  é  composta  de  narrativas,  histórias, 

imagens,  senso de  lugar e de pertença: os  recursos da  identidade e da  cidadania 

cultural. (…) estes são também os filamentos e redes capilares da sociedade civil  , 

os  componentes  constituintes  do  capital  social  e  cultural  que  são  cruciais  para 

qualquer processo ou programa de desenvolvimento  sustentável”3  (Mercer 2002, 

108) 

Passando  por  uma  análise  a  um  conjunto  de  indicadores,  pela  comparação 

entre desenvolvimento cultural e desenvolvimento humano e pelo desenvolvimento  

2. Tradução minha 3. Tradução minha 

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

7  

 

de  ferramentas no contexto da diversidade cultural, Mercer elucida‐nos, no  fim da 

obra, como planear e mapear as políticas culturais. 

 

2.3. Política cultural  

 

No seguimento desta análise, seria esquivo falar de uma política pública cultural 

como resultado apenas de políticas para as artes. A política cultural hoje ganha uma 

dimensão bem mais  importante que  isso, como é o efeito que ela tem na cidadania 

cultural e assim referiu Mercer. 

 

Urge  importante destacar o conceito de “democracia cultural”. Como é que os 

Governos  além‐mundo  visionam  e  gerem  a  cultura?  Apenas  resultado  das  artes? 

Panóplia  de  leis  de  sobre  emigração?  Estratégia  de  cooperação  internacional? 

Considero que o conceito de democracia cultural envolve todas estas perspetivas e 

que os governos são responsáveis por promover o bem‐estar dos seus cidadãos no 

que  diz  respeito  às  áreas  económicas,  social  e  saúde,  mas  também  promover  a 

própria  área  cultural  na medida  em  que  esta  fomenta  a  “cidadania  cultural”  e  a 

“sociedade  de  informação”.  É  claro  que  o  seu  papel  também  incide  sobre  a 

cooperação para o  desenvolvimento, mas  com base  na  ideia  de  uma  “democracia 

cultural” e, assim, participativa dos cidadãos, este processo torna‐se mais fácil já que 

abre  portas  à  existência  de  organizações  não  só  de  cooperação  para  o 

desenvolvimento internacional, mas também de ajuda solidária local. 

 

Tony  Bennet  acredita  que  os  seguintes  pontos  são  importantes  para  o 

desenvolvimento de uma cidadania tendo em conta a cultura:   

 

• A primeira delas consiste no direito à  igualdade de oportunidades para participar 

das  atividades  do  sistema  operacional  que  constituem  área  da  cultura  na 

sociedade em questão; 

 

 

“ 

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

8  

 

• A  segunda  consiste  no  direito  de  todos  os membros  da  sociedade  a  lhes  ser 

fornecidos  todos  os  meios  culturais  de  dentro  dessa  sociedade,  sem  serem 

obrigados a mudar suas alianças culturais, afiliações ou identidades; 

 

• O  terceiro  consiste  na  obrigação  dos  governos  e  de  outras  autoridades  para 

alimentar  as  fontes  de  diversidade  por meio  de mecanismos  imaginativos  para 

manter e desenvolver as diferentes culturas que estão ativos dentro da população 

sobre as quais são responsáveis; 

 

• E o quarto diz respeito à obrigação de promoção da diversidade para estabelecer 

interações  em  curso  entre  culturas  diferenciadas  (…)  para  favorecer  a 

continuidade dinâmica para a diversidade; 4 (Bennett 2001, 55‐56) 

 

2.3.1 A política cultural em Portugal 

Portugal,  um  país  considerado  desenvolvido,  tem  uma  política  cultural 

consideravelmente  boa,  na  medida  em  que,  além  de  ser  uma  democracia,  não 

restringe em demasia as políticas de emigração, faculta aos seus cidadãos um diverso 

leque de oportunidades  culturais e  é um dos países da Europa que mais utiliza os 

meios de  informação subjacentes à “sociedade de Informação”. Causa ou não desta 

sua política cultural, a verdade é que, apesar de pequeno e a passar por uma etapa 

austera desde  2008,  sempre manteve a  sua quota de  cooperação  internacional na 

média, e é membro ativo da ONU e da UNESCO5.  

Para comprovar esta performance portuguesa no que diz respeito à dimensão 

cultura e  tentar criar uma opinião na  relação entre o papel do governo e a cultura 

para a problemática de desenvolvimento penso ser importante mostrar os seguintes 

dados da cultura em Portugal em comparação com a Europa. 

 

 

 

 

4. Tradução minha 5. UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura 

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Gráfico 1: 

 

 

 

   

Gráfico 2:

   

 Despesas e

 

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Fonte: E

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 em Portuga

Fonte: INE, 20

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012 

  

d. 

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3. Descrição detalhada da pesquisa   Desde  início que a abrangência do tema em questão se tornou a prioridade da 

minha análise. De  forma a conseguir delimitar o tema da melhor maneira, e por ter 

tido  recentemente  a  possiblidade  de  aprofundar  o meu  conhecimento  no  que  diz 

respeito ao Desenvolvimento Humano, optei não por afunilar em demasia o  tema, 

mas sim por  revelar o que é de  facto o desenvolvimento e de que maneira é que a 

cultura o influencia. A principal razão que encontrei para o problematizar da maneira 

que problematizei  foi o  facto de  considerar que é a ambiguidade do mesmo  torna 

comum  o  facto  de  algumas  pessoas  pensarem  em  desenvolvimento  como  um 

aspecto  puramente  económico  e,  por  consequência,  esqueçam  a  influência  da 

dinâmica cultural. 

Depois  de  realizar  a  ficha  de  leitura,  procurei  tratar  do  tema  no  âmbito  da 

perspectiva sociológica e da perpectiva de cooperação internacional, o que ajudou à 

posterior definição da estratégia de pesquisa. 

Tendo tido como objectivo primordial esclarecer o desenvolvimento através de 

uma  visão  mais  ampla,  procurei  em  primeiro  lugar,  e  recorrendo  às  referências 

bibliográficas dos textos fornecidos pela disciplina, conhecer o trabalho dos autores 

mais citados. 

Numa primeira fase, fiz uma pesquisa nos catálogos da Biblioteca da FEUC e da 

Biblioteca  Municipal  de  Coimbra,  inicialmente  com  os  assuntos  «cultura», 

«desenvolvimento»,  «cidadania  cultural»  e  «sociedade  de  informação»  e 

posteriormente  pelos  autores  que  mais  abordavam  os  mesmos  assuntos.    O 

resultado  desta  pesquisa  não  foi  tão  favorável  quanto  esperado  uma  vez  que  a 

bibliografia que encontrei escrita em língua portuguesa foi escassa e a encontrada foi 

mais ligada ao assunto da política cultural.   

Desta forma, foi necessário reestruturar  ligeiramente a pesquisa, desta vez em 

inglês, mas com os mesmos assuntos e títulos. Também direccionei a pesquisa para 

publicações disponíveis na  internet,  recorrendo à B‐on e à Biblioteca do Centro de 

Estudos Sociais. 

O  facto  de  querer  abordar  o  tema  de  uma  forma  superficial,  fez  com  que  a 

minha estratégia no tratamento de informação fosse ler principalmente notas  

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introdutórias  e  conclusivas  e,  a  cada  necessidade,  ler mais  os  subtemas mais  em 

profundidade, de forma a tornar a execução do trabalho mais eficiente. 

 

4. Avaliação de uma página da internet  

A página da  internet que decidi avaliar é a da UNESCO (http://en.unesco.org/), 

pois  considero  uma  consulta  de  elevada  importância  quando  se  aborda  o  tema 

“Cultura, Cidadania e Desenvolvimento”. A UNESCO, organização das nações unidas 

para a educação, ciência e cultura, tem como objectivo primordial promover a paz e o 

desenvolvimento  sustentável, através de  variados projectos dentro da  sua área de 

actuação.  

É  de  salientar  que  existem  páginas  da UNESCO  criadas  pelas  suas  comissões 

nacionais, as quais orientam a sua construção com base em diretivas fornecidas pela 

UNESCO.  (UNESCO  s.d.)  No  entanto,  a  análise  aqui  feita  é  à  página  geral.  O  seu 

público alvo pode ser generalista, todavia considero que os utilizadores mais comuns 

são académicos, estudantes e corpos governante e diplomata (que neste caso, para 

uma utilização mais profunda lhes é solicitado um “custo”, isto é, nome de utilizador 

e password de autenticação).  

À  primeira  vista  a página  é  apelativa  e  convidativa. Os  seus  seis  separadores 

principais permitem  facilmente dividir/organizar  a navegação. A página  respeita os 

três principais critérios de uma fonte. É autêntica, não fosse a sua organização mãe a 

ONU, os seus contúdos são fiáveis, uma vez que os recursos disponibilizados (livraria, 

estatísticas,  etc)  são  devidamente  referênciados  e  o  sítio  acessível  à maioria  das 

pessoas.  

Relativamente  ao  autor,  este  é  claramente  institucional  e  experiente  na 

matéria6. Pertence a uma organização pública e exprime‐se em nome  institucional. 

Relativamente à estrutura e navegação no sítio, considero que, em primeiro  lugar o 

URL é intuitivo e facilmente memorizável e em segundo, apesar de não existir mapa 

do site, este disponibiliza um motor de pesquisa e todas as suas ligações são  

 

6. UNESCO foi criada em 1945 

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pertinentes  e  intutitivas.  Não  contém  publicidade,  o  que  evita  distrações 

desnecessárias ao utilizador. 

Já no que  concerne ao  conteúdo e alcance do  site, a  sua  redação é  clara e a 

informação  exacta  e  objectiva.  Muitas  vezes  encontra‐se  uma  pequena 

introdução/resumo  de  um  texto  de  maior  dimensão  o  que  permite  aumentar  a 

eficiência  da  pesquisa. O  site  apresenta  a opção  de  seis  línguas,  o  que,  tendo  em 

conta  o  público  alvo  do  site,  é  relativamente  bom  já  que  as  principais  línguas 

escolhidas  pela  UNESCO  são  o  inglês  e  o  francês.  (UNESCO  s.d.).  A  infomação, 

principalmente  as  notícias  e  os  projectos  futuros  são  também  actualizados 

regularmente. 

Por  fim, no que diz  respeito ao grafismo,  a home page é apelativa e  contém 

imagens  representativas das notícias, devidamente  legendadas, no entanto, depois 

de  alguma  navegação  mais  profunda,  acaba  por  se  encontrar  textos  com  letra 

demasiado  pequena  e  mesmo  as  imagens  com  hiperligações,  apesar  de 

interessantes, não têm o tamanho suficiente que se ajuste a um zoom de aumento da 

página, perdendo alguma nitidez. 

Uma  avaliação  pelo  Achecker  ®,  vem  ainda  sustentar  a  minha  análise, 

resultando um total de 69 problemas conhecidos , 2 possíveis e 547 potenciais. Estes 

estão principalmente relacionados com a não facultação de opções de acessibilidade, 

nomeadamente  ouvir  e  visualisar  os  conteúdos  de  outra  forma,  e  ainda  com  a 

navegação não sugestiva da localização da pesquisa num dado momento.  

 

5. Ficha de leitura  

Título: “Cidadania Cultural”  

Autor: Toby Miller  

Edição: Revista MATRIZes Ano 4 – nº 2  

Data de publicação: Jan./Jul 2011  

Local: São Paulo – Brasil  

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Páginas: 57‐74  

Data de leitura: Outubro de 2013  

Palavras‐chave: Cultura, cidadania, teoria política    

 

Neste texto, Toby Miller elucida o fenómeno da “cidadania cultural” como parte 

da  cidadania,  ‐  à  qual  pertence  também  a  área  política  e  a  económica,  em  que  a 

cultural  surge  como  seguimento  ‐  expondo  sete  linhas  de  pensamento  sobre  a 

mesma com base em outros autores.  

Consegue  criar  um  quadro  político  complexo  como  nota  introdutória  à 

explicitação da cidadania cultural e às diversas conceções que lhe estão subjacentes, 

não  só  com base em  contextualizações históricas e práticas bem  como explicando 

em que medida a globalização, a mobilidade e as diferentes práticas culturais afetam 

este  fenómeno,  destacando  a  imigração  e  o  multiculturalismo  como  aspetos 

fundamentais  ao  desapego  de  uma  ideia  tradicional  e  antiga  de  cidadania  cultural 

naturalizada, assente em pressupostos de uma cultura enraizada e ligada ao local de 

origem.  

Escolhe, assim, sete autores para fundamentar a sua obra, não descurando do 

princípio de terem todos em conta a esfera pública como parte fundamental do seu 

argumento.   

“É  chegado o momento  da  cidadania  cultural”.  (Miller  2011,  57)  “A  cidadania 

sempre  foi  uma  questão  cultural”.  (Miller  2011,  58)  A  cidadania  cultural  tem 

acompanhado um processo evolutivo tanto em relação à sua conceção bem como ao 

seu contexto e aplicação. Mostra disso, é o  facto de as Constituições, ao  longo da 

história a à  longitude das  regiões,  terem vindo a passar de enfoques políticos para 

sociais e económicos e motivarem diferentes competências culturais necessárias aos 

seus cidadãos à medida que a região e os seus interesses variam. Os últimos duzentos 

anos produziram, assim, as  três áreas da  cidadania: política  (direito de  residir e de 

votar),  económica  (direito  de  progredir  e  prosperar)  e  cultural  (direito  ao 

conhecimento e à expressão.  

A  par  de  uma  cidadania  cultural  como  resultado  de  movimentos  sociais,  é 

fundamental  entendê‐la  como  uma  também  evolução  de  transformações 

económicas. Inerente a estas transformações estão os fenómenos da globalização e  

 

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

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da  multiculturalidade.  À  medida  que  o  mundo  prolifera  uma  partilha  dos  mais 

variados  acontecimentos,  tais  como  a  imigração,  a  criação  de  organizações 

transnacionais,  as  trocas  comerciais  internacionais,  etc,  começa  a  discernir‐se  do 

conceito  tradicional de “cidadania naturalizada” para uma “cidadania global”, esta 

mais  assente  ainda  em  democracia  e  direitos  humanos,  mas  resultado, 

principalmente,  de  todo  um  contexto  económico  que  críticos  conservadores  não 

referem.  

Sete linhas de pensamento teorizam o contexto em que a cidadania cultural se 

teoriza.  A  primeira,  por  Tony  Bennett,  assenta  na  ideia  de  facultar  aos  cidadãos 

capital  artístico  por  parte  dos  Governos,  tornando‐se  a  política  cultural  uma 

engenharia  social.    A  segunda,  por  Renato  Rosaldo,  entende  a  cidadania  cultural 

como “uma ponte entre diferenças e semelhanças ao exigir  igualdade económica e 

política  na  base  comum  da  manutenção  da  identidade  e  do  exercício  do 

“pertencimento  pleno”  à  comunidade  geral”.  (Miller  2011,  68)    Kymlicka  e  a  sua 

equipa  procuram mostrar  uma  crescente  reaproximação  entre migrantes  e  povos 

nativos que os primeiros encontram. Na mesma  linha de Kymlicka, Rorty  enfoca o 

acesso universal  à educação  como alavanca para  a  também  formação de  cidadãos 

que aprendam  sobre os  seus “vizinhos globais”. Um quinto grupo de pensamento 

teórico,  liderado  por  Bhikhu  Parekh,  realça  o  racismo  dentro  das  instituições 

nacionais  de  cultura,  educação,  forças  de  segurança  e  assistência  social  como 

aspecto  importante para  a  construção da  cidadania  cultural. Amy Chua,  aborda os 

limites  do  neoliberalismo,  e  finalmente,  em  sétimo  e  “mais  poderoso”  a  ideia  de 

“choque de civilizações” (Miller 2011, 67), de ideias e de culturas entre, em exemplo, 

Estados Unidos e nações islâmicas.  

Toby  Miller  assume  que  estas  linhas  de  pensamento  são  práticas,  mas 

analisando e baseando‐ se nelas, também as critica fundamentalmente por lhes faltar 

aspetos e áreas que, ao mesmo  tempo, cada um deles analisou. A  ideia do autor é 

evidenciar  que  a  evolução  e  crescimento  económico‐  político  é  fundamental  na 

análise  da  cidadania  cultural,  mas  este  esquece‐se  não  só  de  exemplificar  em 

pormenor, a par dos autores em que se baseou, os tais fenómenos económicos para 

o conceito, bem como de estudar outros fenómenos exponencialmente crescentes, 

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como os media nos dias de hoje, e a aldeia global de  informação e de escolhas que 

temos hoje ao nosso dispor.  

 

6. Conclusão 

 

Governar um país não é tarefa fácil. Gerir a política cultural no mesmo também 

não. Coordenar o país, a cultura e promover o desenvolvimento  interno e externo é 

possivelmente  ainda mais  árduo. Mas  será  esta  dimensão  cultural  fundamental  à 

promoção do desenvolvimento? 

O objectivo da pergunta não é voltar à introdução, mas sim fomentar a criação 

de  uma  opinião  a  quem  o  lê,  pelo  facto  de  se  saber  que  não  só  o  estudo  desta 

dimensão  cultural  como  promotor  de  desenvolvimento  é  recente,  bem  como 

também tem sido implementada e “(des)implementada” por alguns governos. 

A  fim de evitar  ser  tendencioso,  tratou‐se do  tema de uma  forma  superficial, 

informativa, e questionadora. No entanto, chega altura de partilhar a minha própria 

opinião, frizando que é fundamental a  implementação contínua da dinâmica cultural 

em  todos  os  países.  Na  verdade,  considero  que  é  aceitável  que  países  menos 

desenvolvidos  foquem  as  suas  prioridades  em  crescimento  económico,  político  e 

estrutural, podendo adiar políticas culturais para um  futuro a médio prazo. Mas os 

países  desenvolvidos  devem  fazer  com  que  esta  dimensão  cultural  ganhe  peso  e 

eduque os seus cidadãos para um espírito proactivamente solidário e cooperativo, de 

uma forma fácil.  

Quando duvidarmos que a política cultural é necessária ao bom funcionamento 

social  e  económico,  quando  duvidarmos  que  esta  tem  impacto,  recordemos,  por 

exemplo,  o  Live  87.  Quando  duvidarmos  que  a  educação  para  o  cooperação  é 

importante para o desenvolvimento,  imaginemo‐nos numa situação de emigração e 

pensemos no quão bom seria sermos bem recebidos, no quão bom seria podermos 

mostrar um pouco da cultura do nosso país de origem, sem sentir insegurança.  

O  tratamento  da  informação  pesquisada  para  este  trabalho  resultou  numa 

projeção  bastante  abrangente  do  tema.  Cada  ponto  tratado  tem  inúmeros  outros 

que lhe estão associados, e que dariam, de certo, uma análise triplicada da actual.  

 7. O Live 8 foi uma série de concertos que ocorreram em julho de 2005 nos países integrantes do G8 e África 

do Sul. O evento teve como idéia principal pressionar os líderes mundiais para perdoar a dívida externa das nações mais pobres do mundo, além de aumentar e melhorar a ajuda e negociar regras de comércio mais justas que respeitem os interesses das nações africanas. 

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

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No entanto, sabendo que se pretendia no âmbito desta disciplina a aquisição de 

conhecimentos  e  a  prática  sobre  fontes  de  informação,  foi  minha  decisão  atuar 

consoante as regras e estratégias facultadas e conseguir dar uma estrutura coerente 

e  real  ao  trabalho,  baseando‐me  em  fontes  credíveis,  mas  ao  mesmo  tempo, 

consegui‐lo de uma forma diferente, pensada e estruturada por mim própria.  

O receio de por vezes incorrer em erros informativos por me basear nos estudos 

de autores com ideais distintos foi recorrente, mas como output final resulta uma teia 

de  conteúdos  no  tema  desenvolvimento,  que  considero  (obviamente  numa 

perspetiva ampla) bem interligada e fundamentada. 

 

 

7. Referências Bibliográficas 

 

Bennett, Tony. “Cultural Policy and Cultural diversity: mapping the policy domain.” Cultural Policies Research and Development Unit, Dezembro de 2001. 

Canelo, Maria José. “Carey MacWiliams e a ideia de cidadania cultural nos anos 40 e 50.” Coimbra: Centro de Estudos Sociais ‐ Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, s.d. 

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        O papel da cultura na promoção do desenvolvimento 

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Anexos 

Página da internet avaliada