18
O Papel da Psicologia Como Produtora de Subjetividade Orientador: Arthur Arruda Leal Ferreira Alunos: Felipe da Silva Hautequestt (Sem Bolsa) Julia Torres Brandão (CNPq/UFRJ) Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro

O Papel da Psicologia Como Produtora de Subjetividade

  • Upload
    zada

  • View
    63

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O Papel da Psicologia Como Produtora de Subjetividade. Orientador: Arthur Arruda Leal Ferreira Alunos : Felipe da Silva Hautequestt (Sem Bolsa) Julia Torres Brandão (CNPq/UFRJ) Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro. - PowerPoint PPT Presentation

Citation preview

Page 1: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

O Papel da Psicologia Como Produtora de Subjetividade

Orientador: Arthur Arruda Leal Ferreira

Alunos:

Felipe da Silva Hautequestt (Sem Bolsa)

Julia Torres Brandão (CNPq/UFRJ)

Instituto de Psicologia

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Page 2: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Introdução: o lugar de autoridade da Psicologia A predominância do discurso científico nas sociedades

modernas.

A Psicologia como detentora de uma suposta verdade científica sobre o sujeito.

O lugar de autoridade ocupado pelo psicólogo no âmbito social.

A suposta neutralidade da psicologia conduz a efeitos de subjetivação gerados por seus saberes e práticas.

Produção de subjetividades

Page 3: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Referencial teórico

Quais processos contribuem para a legitimação do discurso do psicólogo?

Os conceitos de docilidade e recalcitrância nos ajudam a pensar essa questão

Bruno Latour: Teoria Ator-Rede

Isabelle Stengers e Vinciane Despret:

Epistemologia Política

Ciências Humanas

Ciências Naturais

Page 4: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Objetivos Gerais e Método

Podemos estudar os efeitos de poder da Psicologia na produção de modos subjetivação sob 2 perspectivas

1. O poder dos enunciados psicológicos em comparação com outros tipos de enunciado (Modelo 3)

2. O poder do psicólogo enquanto enunciador de um discurso em comparação com outros agentes (Modelo 1)

Aplicação de questionários fechados em estudantes de Ensino Médio de 4 escolas diferentes- Modelo 1: 307 questionários- Modelo 3: 133 questionários

Page 5: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Modelo 3

2 psicológicas

2 Esotéricas

2 cientificistas

Frases

3A Escolha Exclusiva

3B Marca o nível de

concordância

Page 6: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Modelo 3

Frases2 psicológicas2 cientificistas2 esotéricas

3A Escolha Exclusiva 3B marca-se o nível de concordância

Page 7: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Modelo 3

A melhor explicação para a causa da depressão é:

a carência de substâncias químicas no sistema nervoso;

a influência de energias negativas; a predisposição genética do

indivíduo; a ocorrência de problemas

emocionais; a presença de perturbações

espirituais; a existência de conflitos nos

relacionamentos sociais.

A melhor maneira de tratar a hipertensão é através:

da prática de meditação; do acompanhamento psicológico; do uso de medicamentos; de uma alimentação balanceada; da busca de uma vida espiritualizada; da terapia em grupo.

Exemplos de perguntas:

Page 8: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Resultados gerais do Modelo 3

Sujeitos com predileção acentuada pelo discurso psicológico

Psicológico49%

Esotérico21%

Cientificista25%

Outros5%

Page 9: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Modelo 3Resultados parciais Modelo 3

Psicológico49%

Cien-tificista

24%

Esotérico21%

Outros6%

Modelo 3A

Cientificista30%

Esotérico29%

Psicológico41%

Modelo 3B

Page 10: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Comparação entre as sondagens ao longo do tempo:

2004 2005 2007 2009

Psicólogico 0.42 0.41 0.3866 0.52

Cientificista 0.36 0.27 0.28 0.26

Esotérica 0.22 0.253 0.3366 0.22

5%

15%

25%

35%

45%

55%

Modelo 3

Page 11: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Modelo de Questionário 1

MODELO 1

O conteúdo das frases não muda, mas sua autoria alterna entre três autoridades possíveis

Page 12: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Resultados Gerais do Modelo 1

Psicólogo35%

Líder espiritual33%

Político32%

A predileção por frases atribuídas ao psicólogo, independente de seu conteúdo, é significativa

Page 13: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Resultados comparativosComparação com aplicações de anos anteriores

2004 2005 2006/7 2009

41% 40%38%

33%33% 32%

27%30%

26%28%

35%

29%

Psicólogo Líder Espiritual Senador

Page 14: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Como analisar esses resultados?1.Evidenciar a docilidade dos sujeitos diante do psicólogo e da psicologia

Contudo...

2. Há uma diferença importante a ser considerada no contexto da pesquisa

Sujeitos não informados

sobre os objetivos da

pesquisa (ingênuos)

Maior Docilidade

Articulação Extorsiva

Sujeitos informados

sobre os objetivos da

pesquisa (experts)

MaiorRecalcitrância

Articulação Produtiva

PortantoOs instrumentos de pesquisa tradicionais, por se fiarem na crença do sujeito ingênuo e não fornecerem margem para a contestação de seus pressupostos, acabam extraindo um testemunho “docilizado” de seus sujeitos.

Despret nos fala de dois modos de articulação com os sujeitos pesquisados:

Page 15: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Resultados do modelo 1

Psicólogo Líder espiritual Senador Branco/Nulo

26%

33%

27%

0%

40%

27%30%

4%

Modelo 1

expert ingênuos

Page 16: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Conclusão

Considerando os resultados, podemos interpretá-los de duas maneiras complementares:

1. Os métodos quantitativos

tradicionais de certa forma sugerem uma ampla produção de

subjetividademas...

2. Eles mesmos produzem subjetividade

pelo seu modo de articulação, ora mais extorsivo, ora mais

recalcitrante

Enfim...

A Psicologia produz massivamente subjetividade, incluindo seus próprios métodos de investigação sobre produção de subjetividade

Page 17: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

Referências Bibliográficas• Bernard, M. (1983). A psicologia. Em Chatelêt, F (Org.). História da Filosofia. Idéias doutrinas. Vol.

7. Lisboa: Dom Quixote: 19-88.• Canguilhem, G. (1973) O que é psicologia? Tempo Brasileiro 30/31. Rio de Janeiro: 104-123.• Despret, V. (1999) Ces émotions que nous fabriquent. Etnopsychologie de l’authenticité.

Synthélabo, Le Plessis-Robinson.• Despret, V. (2002) Quand le loup dourmira avec l’agneau. Paris: Les empecheurs de penser en

ronde.• Despret (2004) Le cheval qui savait compter. Paris: Les empecheurs de penser en ronde.• Ferreira, A. A. L. (2001) Por que existem tantas psicologias? Revista do Departamento de

Psicologia da UFF. v.13: 9-16.• Ferreira, A. A. L. (2006) O múltiplo surgimento da psicologia. Em História da Psicologia: rumos e

percursos. Rio de Janeiro: Editora Nau: 13-46.• Ferreira, A. A. L., Velasquez, B. B., Lima, F. N. M., Monteiro, L. A., Carvalho, M. M., Paula, E. O.,

Halbriter, P., Baptista, I., Bueri, F., Roitman, M. (2004) A psicologia como instrumento de produção de subjetividades. Temas em Psicologia (Ribeirão Preto). , v.2, p.5 (edição eletrônica).

• Ferreira, A. A. L., Carvalho, M. M., Leitão, A. N., Halbriter, P., Zidan, P., Basílio, E. G. (2005) A psicologia no mundo das subjetividades em produção. Série Documenta (UFRJ). , v.16 (edição eletrônica).

• Figueira, S. A. A. (1985) Introdução: psicologismo, psicanálise e ciências sociais na "cultura psicanalítica". Em Cultura da Psicanálise. São Paulo: Brasiliense: 7-13.

• Figueira, S. A. A. (1991) O pós-boom da psicanálise no Brasil. Em Nos bastidores da psicanálise. Rio de Janeiro: Imago: 210-214.

• Figueira, S. A. A (1994-A) Ampliando a definição de psicanálise: da ciência à Weltanschauung potencial. Em Freud e a difusão da psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas: 31-47.

• Figueira, S. A. A (1994-B). Freud e a difusão da psicanálise. Em Freud e a difusão da psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas: 3-30.

Page 18: O Papel da Psicologia Como  Produtora  de Subjetividade

• Foucault, M. (1977) Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes.• Gagey, J.(1968) Analyse spectrale de la psychologie. Paris: Marcel Riviére.• Gergen, K. (1976) Social Psychology, History and Science. Em Personality and Social Bulletin, vol. 2:

373-383.• Lagache, D. (1988). A unidade da psicologia. Tradução de Clara Felgueiras. Lisboa: Edições 70

(conferência pronunciada em 1949).• Latour, B. (1983). 'Give me a Laboratory and I Will Rise a World'. Em Knorr, Karin & Mulkay, Michael

(Eds), Science Observed. London:Sage Publications: 141-174.• Latour, B. (1985). Les “vues” de l’ espirit. Une introduction à l’ anthropologie des sciences et des

techniques. Culture technique, vol. 14: 5-29.• Latour, B. (1991). The Impact of Science Studies on Political Philosophy. Science, Technology &

Human Values. Vol. 16, nº 1: 3-19• Latour, B. (1994). Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Editora 34.• Latour, B.(1997). As Variedades do Científico. Folha de São Paulo, Mais!: 3, 2 de novembro. • Latour, B. (1998-A) 'Os Filtros da Realidade. Separação entre Mente e Matéria Domina Reflexões

acerca do Conhecimento'. Folha de São Paulo, Mais!: 15, 4 de janeiro.• Latour, B. (1998-B) 'Universalidade em pedaços'. Folha de São Paulo, Mais!: 3, 13 de setembro. • Latour, B. (2001-A) “O fluxo sangüíneo da ciência: um exemplo da inteligência científica de Joliot”.

Em A esperança de Pandora. Bauru: EDUSC: 97-132. • Latour, B. (2001-B). “Glossário”. Em A esperança de Pandora. Bauru: EDUSC: 345-356.• Latour, B. (2004). How to talk about the body. Em Body & Society vol. 10 (2-3). London, Thousand

Oaks and New Delhi: SAGE Publications: 205-229.• Pagés, R. (1958) Quelques remarques sur Qu’est-ce que la psychologie? Em Revue Métaphysique

et Morale. Janeiro-Março: 26-31. • Rose, N. (1998) Inventing our selves. Cambridge: Cambridge University Press.• Stengers, I. (1989) Quem tem medo da ciência? Tradução de Eloísa de Araújo Ribeiro. São Paulo:

Siciliano.