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Índice Introdução..................................................... 1 Objectivos..................................................... 2 Geral.........................................................2 Específicos...................................................2 Questões de Pesquisa...........................................2 Hipóteses...................................................... 2 Metodologia.................................................... 2 Enquadramento Teórico..........................................4 O processo de reforma da OUA para UA...........................5 Os principais problemas políticos de África....................8 O papel da UA na resolução da crise política Líbia............10 Conclusão..................................................... 13 Bibliografia.................................................. 14 Páginas Consultadas..........................................14

O Papel Da UA Na Resolução Dos Problemas Políticos Africanos – Caso Específico Da Libia

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O presente trabalho incide sobre o papel da União Africana na resolução dos problemas políticos africanos, focando no caso específico da crise política na Líbia. Este tem como delimitação temporal o ano de 2002, ano em que se efectivou a transformação da Organização da Unidade Africana (OUA) para União Africana (UA), e o ano de 2011, ano em que a Líbia foi afectada pela crise política.

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ndice

1Introduo

2Objectivos

2Geral

2Especficos

2Questes de Pesquisa

2Hipteses

2Metodologia

4Enquadramento Terico

5O processo de reforma da OUA para UA

8Os principais problemas polticos de frica

10O papel da UA na resoluo da crise poltica Lbia.

13Concluso

14Bibliografia

14Pginas Consultadas

IntroduoO presente trabalho incide sobre o papel da Unio Africana na resoluo dos problemas polticos africanos, focando no caso especfico da crise poltica na Lbia. Este tem como delimitao temporal o ano de 2002, ano em que se efectivou a transformao da Organizao da Unidade Africana (OUA) para Unio Africana (UA). A anlise se estende at 2011, ano em que a Lbia foi afectada pela crise poltica.

A transformao da OUA para UA ocorreu sob justificao de que a primeira no conseguia fazer frente aos problemas que a frica enfrentava. Esta transformao tornou-se necessria devido a mudanas relacionadas com o momento histrico e contexto poltico internacional no qual foi fundada a OUA Picasso (2003: 87). Mais, a frica ps independncias descrita como um continente de conflitos e, portanto, mais do que nunca se precisava de uma instituio mais forte, capaz de fazer frente a novos desafios impostos pela nova ordem mundial. De certo que os problemas polticos africanos tm sido o maior impedimento ao desenvolvimento deste continente. Destes problemas, destacamos governos corruptos, conflitos de ordem tnica, territorial e por recursos. nosso objectivo analisar o papel da Unio Africana na resoluo dos problemas polticos africanos. E para sustentar a anlise, faremos um estudo de caso, focando na crise poltica na Lbia.

Sabe-se que a frica o continente menos desenvolvido no globo. Este facto, para alm da tardia libertao do continente, deve-se grandemente aos problemas polticos que assolam o continente. A OUA surge na dcada 1960, num contexto em que o povo africano partilhava de um sentimento comum de marginalizao nos planos poltico econmico e social e tinha como principal objectivo a libertao do continente do jugo colonial. Porm, a nova conjuntura internacional fez com que a frica redefinisse a adequao do seu papel e da estrutura que estariam em consonncia com a realidade ps guerra fria. Contudo, os problemas polticos africanos persistem e constituem uma imagem do continente negro. Uma vez que as Organizaes Internacionais surgem para promover a cooperao entre os Estados na perseguio de objectivos comuns e constituem um meio para alcance do desenvolvimento, promoo e manuteno de valores de paz urge questionar, qual o papel da UA na resoluo dos problemas polticos de frica?ObjectivosGeral

Examinar o papel da UA na resoluo dos problemas polticos africanos.

Especficos

Analisar o processo de reforma da OUA para UA. Discutir sobre os principais problemas polticos de frica.

Reflectir sobre o papel da UA na resoluo da crise poltica da Lbia.Questes de Pesquisa

Como ocorreu o processo de reforma da OUA para UA?

Quais so os principais problemas polticos de frica?

Qual foi o papel da UA na resoluo da crise poltica da Lbia?

Hipteses

As insuficincias da OUA ditaram a sua reestruturao para Unio Africana.

A perseguio de interesses divergentes entre os africanos constitui a principal fonte dos problemas polticos. A falta de consenso entre os lderes africanos contribuiu para o insucesso das tentativas da UA de resolver a crise.Metodologia

Os mtodos bsicos a utilizar neste trabalho so o comparativo e o histrico. O mtodo comparativo parte do princpio que o estudo das semelhanas e diferenas entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos contribui para uma melhor compreenso do comportamento humano (Marconi e Lakatos, 2009: 92). Este mtodo permitiu analisar a actuao da UA em alguns dos problemas polticos africanos.

O mtodo histrico parte do princpio de que as actuais formas de vida social, as instituies e os costumes tm origem no passado, importante pesquisar suas razes para compreender sua natureza e funes (Ibid.). Este mtodo permitiu buscar o passado histrico da UA, desde a sua origem at a sua transformao.

Foi usada tambm tcnica documental, que consiste na anlise de documentos originais, com o objectivo de seleccionar, tratar e interpretar as informaes buscando extrair valores para as mesmas, (Gil, 1999: 37). Esta tcnica permitiu o uso de fontes secundrias tais como relatrios, trabalhos elaborados e jornais.Enquadramento Terico

Para o sucesso do trabalho, o nosso estudo foi levado a cabo luz da teoria realista por esta ser, segundo Dougherty (2003: 125), a que fornece um ponto de partida til para a anlise da cooperao e do conflito.

A teoria realista emergiu na primeira metade do sculo XX, na dcada 30, na obra The twenty years crisis de Edward Carr, como uma crtica ao idealismo. Esta teoria tem como principal expoente Hans Morgenthau que associou-se a Carr e defendeu que a natureza humana se baseia no auto interesse e na busca do poder, o que facilmente pode resultar em conflito. A premissa bsica para o realismo de que o homem um ser egosta e mau por natureza que nas suas relaes com os outros preocupa-se apenas com o seu bem-estar prprio. O mesmo acontece nas relaes internacionais. O desejo de adquirir vantagens s custas dos outros e evitar a dominao pelos outros universal. A poltica uma luta pelo poder sobre o homem, e qualquer que seja o seu fim ltimo, o poder o seu fim imediato e os moldes de sua aquisio, manuteno e demonstrao determinam a tcnica da aco poltica.

Segundo Dougherty (2003: 80), o realismo proclama os pressupostos seguintes: o sistema internacional baseado em Estados que actuam como actores centrais; a poltica internacional essencialmente conflitual; os Estados relacionam-se com base na existncia de uma soberania legal; os Estados so actores unitrios, podendo distinguir a poltica domstica da poltica externa; os Estados so actores racionais, tomando decises baseadas no interesse nacional; o poder o conceito mais importante na explicao e previso da conduta dos Estados.

Esta teoria reflecte, na nossa opinio, a realidade africana pois, a frica composta por Estados no unidos, cuja actuao baseada no interesse nacional de cada Estado. Este facto enfraquece em grande medida a UA. Os problemas africanos fundam-se grandemente nos conflitos de interesses entre os africanos. O facto de existirem soberanias divididas, mltiplas identidades torna difcil a existncia de uma organizao coesa e positivamente activa.O processo de reforma da OUA para UA

A UA, criada em Durban, em 2002 resultado de um processo de transformao da OUA j existente. Esta ltima foi fundada em 1963, alicerada em valores do pan-africanismo. A crena na singularidade e na unidade espiritual do povo negro, a conscincia do seu direito autodeterminao e o desejo de ser tratado com respeito e em p de igualdade em todas partes do mundo foram os factores que constituram fora motriz para a criao da OUA (Fernandes 1991: 217).

O pan-africanismo foi um movimento poltico-social preponderante na criao da OUA. O pan-africanismo tinha como objectivo a unio do povo africano. O maior defensor da ideia do pan-africanismo foi Kwame Nkrumah, cujo pensamento era de que para que a frica pudesse ser respeitada pelas outras naes devia estar unida num s Estado. Este lder destacou quatro fases por transpor: primeiro, obter a liberdade e independncia; segundo, consolid-las; terceiro, criar a unidade e a comunidade de Estados livres de frica; e quarto proceder reconstruo econmica e social do continente africano (Ibid: 219).

Cedo outros africanos como Navuma Tembula e Salomon Kumano apoiaram a iniciativa na qual defendiam que os africanos devem unir-se e trabalhar pelo seu prprio futuro, tanto econmico como poltico (Ki-Zerbo, 2000:388).Portanto, foi neste contexto que surgiu a OUA, onde 31 chefes de Estado assinaram, a 26 de Maio de 1963, em Addis Abeba, a Carta da OUA. Esta carta, no seu artigo 2 define os objectivos da organizao:

a. Reforar a unidade e a solidariedade dos Estados africanos;

b. Coordenar e intensificar a sua colaborao e os seus esforos para oferecer melhores condies de vida aos povos africanos;

c. Defender a sua soberania, a sua integridade territorial e a sua independncia;

d. Eliminar sob todas suas formas o colonialismo da frica;

e. Favorecer a cooperao internacional tendo em conta a Carta das Naes Unidas e a Declarao Universal dos Direitos Humanos (Fernandes, 1991: 223).

Porm, pelos finais do sc. XX e primrdios do sc. XXI verificou-se a necessidade de se reestruturar a OUA. Desde sua fundao at a criao da UA, a OUA permaneceu inalterada em sua estrutura e seus objectivos declarados. O contexto poltico internacional tinha sofrido grandes metamorfoses desde 1963, pois terminara a era bipolar e o sistema internacional tendia a globalizar as economias mundiais.

Uma das principais metas da OUA era a libertao do continente da dominao colonial. Este objectivo foi, de alguma maneira, satisfeito. Contudo, era visvel que a independncia no era cura para todos problemas seculares que afectavam a frica. Maioria dos pases africanos continuava a amargar problemas polticos profundos e outros como o subdesenvolvimento e injustia social, neocolonialismo, profundas contradies culturais, econmicas, tnicas e pessoais entre os lderes.

Segundo Picasso (2003: 87), a natureza da Carta adoptada pela OUA reflecte as condies materiais existentes nessa altura, tanto ao nvel interno assim como externo, as quais contriburam para a formao da OUA. Assim, com a nova conjuntura internacional a frica tornou-se cada vez mais marginalizada no mundo. Mais, o continente registou uma multiplicao de conflitos, e a reversibilidade do fenmeno de globalizao o que forou a frica a repensar numa nova estratgia.

com esta viso que os lderes africanos se reuniram na Cimeira de Durban, na frica do Sul para redefinir ou mesmo reestruturar a OUA, tornando-a mais evidente e capacitada para a nova conjuntura internacional. Da a criao da Unio Africana.

Com a criao da UA, os chefes de Estado e do Governo, responsabilizaram-se a continuar com os objectivos plasmados na Carta da OUA e enfrentarem novos desafios desta era. Esta organizao contempla instituies que foram previstas na Carta da OUA e no tratado sobre o estabelecimento da comunidade econmica africana, da que a OUA no desapareceu foi redimensionada para nova realidade ps guerra fria e para poder fazer face a estes problemas.

A luz do disposto no art. 3 da Carta Constitutiva, UA tem como objectivos:

Realizar maior unidade e solidariedade entre os pases e povos da frica;

Respeitar a soberania, integridade territorial e independncia dos seus Estados Membros,

Acelerar a integrao poltica e socioeconmica do Continente;

Promover e defender posies africanas comuns sobre asquestes de interesse para o Continente e os seus povos;

Encorajar a cooperao internacional, tendo devidamente emconta a Carta das Naes Unidas e a Declarao dos Direitos do Homem;

Promover a paz, a segurana e a estabilidade no Continente;

Promover os princpios e as instituies democrticas, a participao popular e a boa governao;

Promover e proteger os direitos do homem e dos povos, em conformidade com a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos e outros instrumentos pertinentes relativos aos direitos do homem;

Criar as necessrias condies que permitam ao Continente desempenhar o papel que lhe compete na economia mundial e nas negociaes internacionais;

Promover o desenvolvimento duradoiro nos planos econmico, social e cultural, assim como a integrao das economias africanas;

Promover a cooperao em todos os domnios da actividade humana, com vista a elevar o nvel de vida dos povos africanos;

Coordenar e harmonizar as polticas entre as Comunidades Econmicas Regionais existentes e futuras, para a gradual realizao dos objectivos da Unio;

Fazer avanar o desenvolvimento do Continente atravs da promoo da investigao em todos os domnios, em particular em cincia e tecnologia;

Trabalhar em colaborao com os parceiros internacionais relevantes na erradicao das doenas susceptveis de preveno e na promoo da boa sade no Continente.

Os principais problemas polticos de fricaTal como foi asseverado anteriormente, um dos principais objectivos da criao da OUA era a conquista da liberdade para o continente africano. Uma vez alcanadas as independncias, emergiram em frica outros tipos de problemas.

A frica passou a ser vulnervel de massacres assustadores como os dos Tutsis contra Hutus no Ruanda; passou a ter governos tiranos como os do Sudo e da RDC; guerras sangrentas em Angola, Somlia, Moambique, Serra Leoa, Libria; violaes de direitos humanos no Qunia, na Nambia, Etipia. Estes e outros problemas estiveram sempre ligados com o legado colonial e passaram sob o controlo da OUA.Segundo Katz (1996:29), os Estados novos que tornaram-se independentes no tinham existido como naes antes da colonizao, ou mesmo no tinham existido dentro das suas fronteiras ps coloniais. E pelo facto de as naes no viverem, necessariamente, em grupos nitidamente segregados, mas sim misturados, surgem diferentes naes reivindicando o mesmo territrio, desembocando sempre em conflitos desastrosos.As fronteiras modernas entre os Estados foram estabelecidas atravs de conquistas, negociao entre imprios, ou simplesmente por ordem administrativa num imprio. O problema de fronteiras artificiais em frica resultou em graves problemas de legitimidade e estabilidade interna dos Estados.Os governos que chegaram ao poder nestes Estados ps-coloniais eram muitas vezes anti-imperialistas, porm procuraram manter o legado do imprio em dois aspectos importantes. Primeiro, nenhum deles desejava ceder qualquer territrio para estados vizinhos ou permitir secesso regional apesar de a natureza arbitraria das fronteiras ser herana das potncias coloniais. Segundo, em muitos casos os governos ps-coloniais tornavam se rplicas da antiga ordem imperial no sentido de que um grupo tnico ou qualquer outro que vinha a dominar o pais. Estas situaes tambm geravam conflitos, quer internos ou mesmo entre Estados vizinhos.Estes problemas que caracterizaram quase todo continente prevaleceram e foram se arastando com a Organizao da Unidade Africana at ao despertar da conscincia da necessidade de redimensionar o organizao para fazer face a estes e outros novos problemas numa era de globalizao.

A UA surge de imediato como uma instituio fundamental para consecuo do projecto de desenvolvimento, uma vez que sobre ela recai a possibilidade de assegurar princpios, normas, regras e procedimentos em torno dos quais as expectativas dos Estados envolvidos venham a convergir.

Mas se a criao da UA tinha como principal objectivo a mudana do cenrio vigente, urge questionar se esta tem logrado com objectivos para os quais fora criada. Desta feita, quanto a resoluo dos problemas polticos de frica a percepo que temos de que tambm a UA pouco tem conseguido fazer para resolver os problemas polticos de frica. A frica continua sendo palco de srios problemas polticos como os Golpes de Estado em Madagscar, Mali, crise poltica do Zimbabu, Sudo, Somlia, conflitos religiosos na Nigria, s para mencionar alguns exemplos dos ltimos tempos. E o que se verifica que a UA no tem tido capacidades eficazes para intervir de forma positiva nos mesmos.

Este facto grandemente devido a falta de unidade do povo africano. Existem soberanias divididas e os Estados esto apenas preocupados com a perseguio do interesse nacional particular. Fazendo uma analogia, verificamos que a UA tem se deparado com as mesmas dificuldades que a OUA na execuo do seu papel nas relaes africanas. Essas dificuldades tm a ver com a heterogeneidade histrica, cultural, poltica e social dos pases africanos; indicao restrita dos prprios poderes dos rgos da organizao; falta de uma fora jurdica dos actos destes sobre os Estados; a inexistncia de uma regulamentao jurisdicional das controvrsias que possam produzir-se entre os Estados membros. Estas dificuldades contribuem para o fracasso da organizao no seu papel e importncia para frica (Fernandes 1991:230).

Portanto, a actuao da UA tem sido mais relevante na representao externa do continente do que na soluo dos problemas inter-africanos. A UA presta uma colaborao importante a ONU particularmente mediante a cooperao estreita com a comisso econmica das NU para a preservao da paz.O papel da UA na resoluo da crise poltica Lbia.

Para melhor compreendermos a actuao da UA na resoluo dos problemas polticos de frica nos propomos a debater em torno de um caso particular que o da crise poltica da Lbia.

Segundo Fernandes (1991: 350), os conflitos internacionais constituem um flagelo que at hoje est ligado a todas as formas de sociedades, de Estado e de organizaes polticas e ideolgicas. Os conflitos esto associados a natureza humana. No se pode cogitar a existncia de uma sociedade sem conflito. Deve-se antes, estudar mecanismos de manter os conflitos em nveis de convivncia aceitveis.

A crise poltica na Lbia envolvera mltiplos actores e comeou como uma simples manifestao popular e se degenerou numa guerra civil. Acredita-se que as causas das manifestaes na Lbia estiveram grandemente associadas a factores polticos, dado que o lder Muammar Khadafi foi acusado de ser um lder ditador e de privar o povo lbio do gozo dos seus direitos polticos.

As partes envolvidas em qualquer conflito so movidas por interesses. Interesse aquilo que as partes exactamente querem expressar: desejo e as necessidades. Segundo Roger Fisher, citado por Manjate (2010: 97), as partes negoceiam interesses e no posies. Por um lado, os rebeldes exigiam a retirada incondicional do lder e este por sua vez se mostrava indisponvel a se afastar do poder. Com o agravamento da crise, houve entidades que procuravam solues para o problema da Lbia: UA, Liga rabe (LA), Naes Unidas (NU) e outras. Porm pretendemos analisar o papel da UA.

Perante esta situao na Lbia houve vrias crticas direccionadas a UA, esta foi rotulada de estar a optar pelo silncio, em quanto que a LA era considerada mais activa, pois suspendeu a Lbia e apelou as NU para adoptarem a zona de excluso area. Este posicionamento acabou ofuscando no princpio os esforos da UA em colocar os protagonistas do conflito (o governo e os rebeldes) lbio a negociar.

Sendo a Lbia membro da UA, a UA tinha por direito e dever buscar soluo para crise que se estava a viver na Lbia. A UA produziu um pronunciamento oficial que defendia a resoluo pacifica do conflito distanciando da posio a NU de uma soluo atravs de uma interveno militar. Para tal a Comisso Permanente da UA criou uma comisso ad-hoc para discutir e buscar solues para a crise, essa comisso elaborou o posicionamento da UA que se pode resumir em quatro pontos: cessar-fogo imediato e todas as formas de hostilidades; abertura das autoridades lbias para facilitao da assistncia humanitria; proteco dos civis; e adopo de reformas polticas necessrias para a eliminao das causas da crise.

Para materializao do seu propsito a comisso ad-hoc da UA marcou um dia para se deslocar a Tripoli para dialogar com as partes em conflito, mas essa tentativa viu-se frustrada devido a resoluo 1973 da NU que visava essencialmente a criao de uma zona de excluso area alegadamente para poder dar assistncia humanitria aos civis e evitar que o regime de Khadafi perpetuasse ataques areos. Assim, assistiu o primeiro fracasso de resoluo do conflito Lbio por parte da UA.

Aps essa tentativa frustrada a UA adoptou uma nova estratgia e enviou a Lbia uma delegao encabeada pelo presidente sul-africano Jacob Zuma. A UA conseguiu conversar com ambas partes em separado e props um cessar-fogo imediato. A priori Khadafi aceitou negociar com os rebeldes, mas exigia a retirada imediata das foras da NATO evocando o princpio de solues africanas para problemas africanos. Quanto aos rebeldes, estes se recusaram a negociar toda e qualquer soluo que no inclusse a sada de Khadafi no poder. Assim, a UA viu-se obrigada a recuar e estudar outras propostas de resoluo do conflito.

Contudo, a UA esteve preocupada com a degradao da situao humanitria na Lbia, nessa vertente est ao lado da NU, mas divergiu quanto aos meios usados. Para UA uma interveno humanitria bem sucedida no devia incluir qualquer ataque seja ele areo ou terrestre, pois, o que se assistiu com a zona de excluso area foi uma perpetuao de violncia com vista a queda do regime de Khadafi e no a soluo do conflito como tal. A UA tambm lamentou a ausncia de dilogo entre as partes em conflito na Lbia para uma soluo da crise. A UA buscava uma soluo no militar para a violncia na Lbia e pediu um cessar-fogo imediato, que abriria caminho para um perodo de transio e dilogo poltico.

Deste modo nota-se que a UA levou a cabo tentativas na busca de solues para a crise, porm foram todas ineficazes, em parte devido aos posicionamentos diferentes dos protagonistas. Os Estados africanos divergiam em opinies sobre o posicionamento a assumir perante a crise lbia. As aces da UA foram ofuscadas por causa da falta de unidade dos Estado africanos, o que permitiu a dominncia por parte de actores externos, particularmente Ocidentais que tambm tinham interesses no conflito.

Verificamos, mais uma vez, a questo da priorizao dos interesses particulares dos actores, uma vez foram alguns Estados africanos, membros da UA que votaram a favor da resoluo 1973 da NU, que previa a criao de uma zona de excluso militar, sem concerto de posies dentro da UA.Desta feita conclumos que a UA podia ter um papel mais interventivo na resoluo dos problemas polticos africanos, porm o principal factor que contribui para o fraco poder desta organizao a questo de divergncia de interesses entre os africanos.

ConclusoChegado a este ponto acreditamos ter validado as nossas hipteses e conclumos que a criao UA trouxe poucas mudanas pelo menos no que concerne a resoluo dos problemas polticos de frica. Sabe-se que OUA foi criada num contexto bipolar para consolidar a unidade africana e a aspirao a uma independncia completa. Contudo, ao decorrer dos anos esta organizao mostrou-se desenquadrada e incapaz de dar solues aos problemas que afectavam o continente. O final da guerra fria constituiu um marco importante para o redimensionamento da organizao. Este facto culminou com a formao, em 2002 da UA, criada com o objectivo de dar resposta os problemas enfrentados pela frica numa era de globalizao e integrao, tais como as diferenas culturais, lingusticas, ideolgicas, tnicas, econmicas e scio antropolgicas que ainda caracterizam o continente.

Partilhamos da opinio de que esta ltima organizao tambm no est a ser eficaz na soluo dos problemas africanos, onde para alm do facto de os Estados moverem-se individualmente em prol dos seus interesses nacionais destacamos tambm aos problemas profundos que acompanham a evoluo dos Estados Africanos desde a era colonial. Esta situao coloca os africanos em constantes choques uns com os outros, facto que torna difcil o alcance de um consenso entre os lderes.

No caso da Lbia, verificou-se um esforo da organizao, mas as suas tentativas foram infrutuosas devido a posicionamentos dspares na organizao e a investida de actores externos poderosos. Pesou grandemente o facto de alguns Estados com a frica do Sul, Nigria, Gabo terem votado a favor da zona de excluso area, operao que contrastava com o modo de resoluo da crise pretendido pela UA.Todavia, a OUA na sua verso como UA tem vindo envidar esforos para a criao da frica unida, no mbito econmico e social. A questo das guerras civis tem vindo a ser muito debatida na UA, pois este constitui um grande problema que tem vindo a dificultar o desenvolvimento do continente desde a sua descolonizao. Neste mbito, UA precisa de um tribunal internacional africano para punir por si os violadores dos direitos humanos e praticantes de crimes de guerra e contra humanidade.

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