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O PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO FICHA TÉCNICA Título: HISTÓRIA DAS IDÉIAS PEDAGÓGICAS Autor: GADOTTI, Moacir Editora: EDITORA ÁTICA Cidade: São Paulo Ano: 2000 Número de páginas: 319 ISBN: 85 0804436 4 Resumo das Páginas: 230 - 238 ; Capítulo XV O PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO O pensamento pedagógico brasileiro começa a ter autonomia apenas com o desenvolvimento das teorias da Escola Nova ( esta escola representa o mais vigoroso movimento de renovação da educação depois da criação da escola pública burguesa. A teoria e prática escolanovistas se disseminaram em muitas partes do mundo, fruto certamente de uma renovação geral que valorizava a autoformação e a atividade espontânea da criança.A teoria da Escola Nova propunha que a educação fosse investigadora da mudança social e,ao mesmo tempo, se transformasse porque a sociedade estava em mudança. P.142) Quase até o final do século XIX, nosso pensamento pedagógico reproduzia o pensamento religioso medieval. Foi graças ao pensamento iluminista trazido da Europa por intelectuais e estudantes de formação laica, positivista, liberal, que a teoria da educação brasileira pode dar alguns passos, embora tímidos. Em 1924 foi criada a ABE (Associação Brasileira de Educação) , fruto de um projeto liberal da educação que tinha entre outros componentes, um grande otimismo pedagógico: reconstruir a sociedade através da educação.Reformas importantes, realizadas por

O PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO

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O PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO

FICHA TÉCNICA

Título: HISTÓRIA DAS IDÉIAS PEDAGÓGICAS

Autor: GADOTTI, Moacir

Editora: EDITORA ÁTICA

Cidade: São Paulo

Ano: 2000

Número de páginas: 319

ISBN: 85 0804436 4

Resumo das Páginas: 230 - 238 ; Capítulo XV

O PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO

O pensamento pedagógico brasileiro começa a ter autonomia apenas com o desenvolvimento das teorias da Escola Nova ( esta escola representa o mais vigoroso movimento de renovação da educação depois da criação da escola pública burguesa. A teoria e prática escolanovistas se disseminaram em muitas partes do mundo, fruto certamente de uma renovação geral que valorizava a autoformação e a atividade espontânea da criança.A teoria da Escola Nova propunha que a educação fosse investigadora da mudança social e,ao mesmo tempo, se transformasse porque a sociedade estava em mudança. P.142)

Quase até o final do século XIX, nosso pensamento pedagógico reproduzia o pensamento religioso medieval. Foi graças ao pensamento iluminista trazido da Europa por intelectuais e estudantes de formação laica, positivista, liberal, que a teoria da educação brasileira pode dar alguns passos, embora tímidos. Em 1924 foi criada a ABE (Associação Brasileira de Educação) , fruto de um projeto liberal da educação que tinha entre outros componentes, um grande otimismo pedagógico: reconstruir a sociedade através da educação.Reformas importantes, realizadas por intelectuais da década de 20, impulsionaram o debate educacional, superando gradativamente a educação jesuítica tradicional, conservadora ,que dominava o pensamento pedagógico brasileiro desde os primórdios. Em 1720 a metrópole proibiu a imprensa em todo o Brasil, na tentativa de mantê-la isolada de influências externas. O legado dos Jesuítas foi um ensino de caráter verbalista, retórico, livresco, memorístico e repetitivo, que estimulava a competição através de prêmios e castigos, além de apresentarem um caráter discriminatório e preconceituosos, dedicando-se ao ensino das elites coloniais, difundindo nas classes populares a religião da subserviência, da dependência e do paternalismo, características marcantes de nossa cultura ainda hoje. Desta forma reproduziam uma sociedade perversa de analfabetos e sabichões, "doutores".

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Rui Barbosa (1849-1923) realizou um balanço da educação até o final do Império, o primeiro sobre o ensino secundário e superior e o segundo sobre o ensino primário, apresentados ao Parlamento em 1882/83. Neste documento, ele prega a liberdade de ensino, a laicidade da escola pública e a instrução obrigatória. A reforma sugerida inspirava-se nos sistemas educacionais da Inglaterra, da Alemanha e dos Estados Unidos. O balanço mostrava nosso atraso educacional, a fragmentação do ensino e o descaso pela educação popular, que predominavam até o Império, naquele momento a república prometiam levar a questão educacional a sério, tato que em 1890 os republicanos criaram o Ministério da Instrução junto com os Correios e Telégrafos. O movimento anarquista contribuiu para as questões educacionais, sendo muito influenciados pelos europeus através de livros, revistas e jornais. O pensamento libertário teve como principal difusora a educadora Maria Lacerda de Moura (1887-1944),combatendoprincipalmente o analfabetismo. Em Lições de Pedagogia I (1925), Maria Lacerda propôs uma educação que incluísse educação física, educação dos sentidos e o estudo do crescimento físico. Amparando-se em Binet, Claparède e Montessori, firmava que além das noções de cálculo, leitura, língua pátria e história, seria preciso estimular associações e despertar a vida interior da criança para que houvesse auto-educação. Montessori dizia que era preciso declarar guerra ao analfabetismo, mas também à ignorância presumida, ao orgulho tolo, à vaidade vulgar, à pretensão, à ambição, ao egoísmo, à intolerância, ao sectarismo absorvente , aos preconceitos , em suma : guerra à mediocridade, à vulgaridade e à prepotência assegurada pela autoridade do diploma e do bacharelado incompetente.

Em 1930, a burguesia urbano-industrial chega ao poder e apresenta um novo projeto educacional, neste momento, a educação, principalmente a educação pública. Em 1932, o Manifesto dos pioneiros da educação nova, assinado por 27 educadores, seria o primeiro grande resultado político doutrinário de 10anos de luta da ABE em favor de um Plano Nacional de Educação. Em 1938 ocorreu a fundação do Instituo Nacional de Estudos Pedagógicos – Inep (concretizando o sonho de Benjamim Constant - Pedagogium -1890). Em 1944 o Inep inicia a publicação da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Em 1948, o ministro Clemente Mariani enviou ao Congresso um projeto de lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que só seria sancionado depois de muitas disputas e alterações, em 1961, constituindo-se na primeira lei geral da educação brasileira em vigor até a Constituição de 1988. Após o golpe de 1964, surgem dois movimentos, um voltado para a educação popular e outro para a educação pública, o primeiro na chamada educação informal e na educação de jovens e adultos (teve seu ponto alto em 1958- II Congresso Nacional de Educação de Adultos e em 1964- Campanha Nacional de Educação de Adultos dirigida por Paulo freire defendendo uma concepção libertadora da educação) e o segundo na educação escolar formal ( teve um momento importante com os debates em torno da Lei de Diretrizes e Bases (LDB).

Acontribuição maior de Paulo freire deu-se no campo da alfabetização de jovens e adultos mas sua teoria pedagógica envolve muitos outros aspectos, como a pesquisa participante e os métodos de ensinar.Seu método de formação da consciência crítica passa por três etapas: investigação, tematização e problematização. O objetivo final do método é a conscientização. Sua pedagogia é uma pedagogia para a libertação na qual o educador tem um papel diretivo importante, mas não é bancário, é problematizador, é ao mesmo tempo educando e educador, é coerente com a sua prática, é pacientemente impaciente, mas pode também se indignar e gritar diante da injustiça. Paulo freire situa-se entre os pedagogos humanistas e críticos que deram uma contribuição decisiva á

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concepção dialética da educação. Não se cansa de repetir que a história é possibilidade e o problema que se coloca ao educador e a todos os homens é saber o que fazer com ela. Na defesa da escola pública popular destacam-se os sociólogos Florestan Fernandes (1920) e Luiz Pereira, entre outros. Florestan histórico defensor da escola pública bateu-se na década de 50 e início da década de 60 contra os conservadores que queriam imprimir a LDB um cunho privatista. São suas obras: Educação e sociedade no Brasil (1966), A universidade: reforma ou revolução?(1969) e O desafio educacional (1989). Para Luiz Pereira (1933-1985) a solução dos problemas enfrentados dentro da escola depende da solução dos problemas externos a ela, que envolvem aspectos econômicos e sociais. Ele criticou a maioria dos pedagogos que desconsideravam esses aspectos extraclasses e que acreditavam que a escola por si só, transformaria a sociedade. É autor de A escola numa área metropolitana e Anotações sobre capitalismo. A concepção democrática no Brasil e na América Latina vem recebendo, a contribuição expressiva de Pedro Demo, Beno Sander e Walter Garcia. Rubem Alves, também é considerava educador de grande influencia sobre educadores brasileiros, refletindo sobre a alegria, sobre a necessidade do educador se descobrir como um ser amoroso, vivo, criativo. As categorias principais de sua teoria pedagógica são o prazer, a fala, o corpo, a linguagem, o despertar e o agir.

Quanto à concepção fenomenológica, temos:

Antonio Muniz de Rezende (1928)- Entre outras obras escreveu-Concepção fenomenológica da educação (1990), para ele educação é essencialmente fenômenos e discurso. Descreve fenômeno (mostrar-se, aparecer, desvelar-se) colocando que a educação é m processo permanente de aperfeiçoamento humano. Esta concepção valoriza a categoria do discurso na educação, pois é através dele que a educação se mostra falsa ou verdadeira.

Marilena Chauí aparece como crítica da escola capitalista no Brasil, entre outros autores. Há destaque para dois autores; Darcy ribeiro- Criou a Universidade de Brasília em 1961 tendo desenvolvido entre 82 e 86 o projeto dos CIEPs (CentroIntegrado de Educação Pública) no estado do Rio de Janeiro . Em seu livro Nossa escola é uma calamidade (1984), analisaram o ensino público brasileiro e, em particular, a s escolas do Rio de Janeiro. Ao nível de teoria educacional, destacou-se nesse período também o professor de filosofia da educação Demerval Saviani que orientou e formou em cursos de pós-graduação um grupo de quadros que, embora com orientações diversificadas, conservou muito bem do seu pensamento, entre eles José Carlos Libâneo, entre outros.

No início da década de 90, o discurso pedagógico foi enriquecido pela discussão da educação como cultura. O autor coloca que o pensamento pedagógico brasileiro tem sido definido por duas tendências gerais: a liberal (educadores defendem a, liberdade de ensino, de pensamento e de pesquisa, os métodos novos baseados na natureza da criança) e a progressista (educadores e teóricos defendem o envolvimento da escola na formação de um cidadão crítico e participante da mudança social.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/15928/1/HISTORIA-DAS-IDEIAS-PEDAGOGICAS---RESUMO---Capitulo-XV/pagina1.html#ixzz16gP8OP7w

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FICHA TÉCNICA

Título: HISTÓRIA DAS IDÉIAS PEDAGÓGICAS

Autor: GADOTTI, Moacir

Editora: EDITORA ÁTICA

Cidade: São Paulo

Ano: 2000

Número de páginas: 319

ISBN: 85 0804436 4

Resumo das Páginas: 267 - 269 ; Capítulo XVI

 

PERSPECTIVAS ATUAIS

O autor faz uma retomada, dos principais acontecimentos dos últimos anos. Assim, coloca que hoje depois da Perestroika e dos grandes movimentos por um socialismo democrático no leste europeu, depois da queda do muro de Berlim estamos terminando o milênio sob o signo da perplexidade, da crise de concepções e paradigmas em todos os campos das ciências, da cultura e da sociedade. É um momento novo e rico de possibilidades. Por isso colado ao nosso tempo, não poderemos falar do futuro da educação sem uma dose de cautela. Entretanto, para não ser omisso o autor apresenta algumas tendências atuais, apoiado naqueles educadores e filósofos que tentaram em meio a essa perplexidade apontar caminhos.

a)CRISE E ALTERNATIVAS

A Educação tradicional enraizada na sociedade de classes escravagista da Idade Média, destinada a uma pequena minoria, começou seu declínio já no movimento renascentista, embora sobreviva até hoje. Rosseau contribuiu com uma obra que trazia a educação nova, que trazia numerosas conquistas, sobretudo nas ciências da educação e nas metodologias de ensino. As técnicas de Freinet são aquisições definitivas. Tanto a educação tradicional como a nova, tem um traço de comum que é o de conceber a educação como um processo de desenvolvimento pessoal, individual. O autor lembra que o traço mais comum deste século, na educação, é o deslocamento da formação puramente individual do homem para o social, o político, o ideológico. A pedagogia institucional é um exemplo disso. A experiência de mais de meio século de educação nos países socialistas é outro exemplo. A educação deste fim de século tornou-se permanente e social. Existem tendências universais, entre elas, a de considerar como conquista deste século a idéia de que não existe idade para a educação, de que ela se estende pela vida e que não é neutra. Caminhamos para uma mudança da própria função

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social da escola. Entre nós, chamamos essa nova educação de educação popular, não porque ela seja destinada apenas ás camadas populares, mas como vimos, pelo caráter popular, socialista e democrático que essa concepção traz.

Tanto a educação socialista democrática quanto a educação permanente, que podem encontrar-se numa única tendência, não são idéias novas, mas acabaram impondo-se neste final de século por exigência do próprio desenvolvimento da sociedade. Isso mostra o quanto à educação e a sociedade são interdependentes. Elas correspondem às novas exigências de uma sociedade de massas e da classe trabalhadora organizada, e não de indivíduos isolados como nas duas concepções anteriores. Educação popular e socialista não é uma idéia abstrata, nem uma utopia pedagogista. Ela se encontra em desenvolvimento entre nós, por exemplo, no próprio processo de resistência e de luta pela superação das desigualdades. Neste momento histórico, no Brasil, ela constitui-se num instrumento dessa luta. A educação tradicional repousava sobre a certeza de que o ato educativo destinava-se a reproduzir os valores e a cultura da sociedade.

Os problemas começaram quando essa convivência harmoniosa entre educação e sociedade foi rompida. Esse momento, segundo Plácidos, foi inaugurado por Rousseau, que contrapunha a inocência da criança ao nascer à sociedade perversa. Mas as respostas a essa questão não foram satisfatórias. A crise da escola começou com a perda da certeza na qual ela se apoiava em relação à sua função reprodutora, as repostas a essa crise podem ser divididas em três grupos:

1º) O primeiro insiste na disfuncionalidade da escola tradicional; São os sintomas através dos quaisse manifesta a "enfermidade" do sistema tradicional de ensino. Palácios aponta nove sintomas: o atraso da escola ligando-se sempre ao passado; a incapacidade da escola atual de oferecer instrução, simplesmente; a promoção de estudos de maneira mecânica; o autoritarismo escolar; a negação das relações interpessoais; o desconhecimento da realidade; a incapacidade de poder preparar o indivíduo para poder viver e atuar no mundo; a incapacidade de equacionar a relação entre educação e política; a incapacidade de reciclar os professores que acabam neuróticos(sobretudo os autoritários).

2º) O segundo grupo de respostas reúne as várias tendências não autoritárias , passando pela perspectiva marxista e pela desescolarização. A resposta dada pela Escola Nova, que renovava principalmente os métodos pedagógicos, cai na ilusão pedagogista de pretender resolver a crise da educação com propostas puramente pedagógicas. A pedagogia não diretiva e a institucional, filhas da escola nova, são duplamente ilusórias: querem resolver a crise acreditando que podem chegar à autogestão social pela autogestão pedagógica. A perspectiva marxista, segundo Palácios, desvaloriza a ação pedagógica e cai na ilusão sociologista: redução da questão escolar à questão social.

3º) O autor filia-se a um terceiro grupo, o da superação integradora das ilusões. Essa superação encontra-se na escola viva, concreta, formadora da personalidade política, social, ativa ,científica, socialista. E conclui: "só a crítica que se converte em práxis escapa da ilusão. Para essa práxis não existem receitas, cada professor, cada classe, cada centro de ensino, cada sociedade deve desenvolver seu esforço em função de seus problemas e de suas possibilidades. Somente esse esforço, unido ao esforço comum de transformação social, pode conseguir que a educação seja um processo enriquecedor e facilitador do desenvolvimento pessoal e social; que a escola compense as

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desigualdades ligadas ao meio de procedência; que a escola se vincule à vida e às necessidades vitais da criança; que a escola sirva à integração social e à cooperação entre os indivíduos; que desenvolvam ao máximo as possibilidades e os interesses de cada um; que utilize todos os recursos disponíveis da sociedade para aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos; que a escola , finalmente, deixe de reproduzir o status quo e ajude a transformá-lo.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/15929/1/HISTORIA-DAS-IDEIAS-PEDAGOGICAS-RESUMO-CAPITULO-XVI/pagina1.html#ixzz16gPlehhZ

Avaliação E Construção Do ConhecimentoSummary rating: 2 stars 4 AvaliaçõesAutor : JUSSARA MARIA LERCH HOFFMANN Resumo de : Delzinha

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A maioria das discussões em torno do termo avaliação é a tentativa de definição do significado primordial de sua prática na ação educativa. Observa-se, que os estudos realizados ainda se detêm prioritariamente, nos modelos e metodologias da avaliação tradicional. Os estudos em avaliação importam-se, sobretudo em estabelecer críticas e paralelismos entre ação avaliativa e diferentes manifestações pedagógicas deixando, entretanto de apontar perspectivas palpáveis ao educador que deseja exercer a avaliação em favor da educação. As investigações da autora sobre avaliação sugerem que a contradição entre o discurso e a prática de alguns educadores e principalmente, a ação classificatória e autoritária, exercida pela maioria, é reflexo de sua estória de vida como aluno e professor.

A AVALIAÇÃO: UM MONSTRO DE VÁRIAS CABEÇAS Os educadores percebem a ação de educar e a ação de avaliar como dois momentos distintos e não relacionados. A dicotomia educação e avaliação, é uma grande falácia. É necessária a tomada de consciência e a reflexão a respeito desta compreensão equivocada de avaliação como julgamento de resultados porque ela veio se transformando numa perigosa prática educativa. A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável, enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação. CONFIGURAÇÕES TEÓRICAS

A avaliação, na perspectiva de construção do conhecimento, parte de duas premissas básicas: confiança na possibilidade dos educandos construírem suas verdades e valorização de suas manifestações e interesses.

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AVALIAÇÃO: MITO E DESAFIO

Do ponto de vista da autora configura-se a avaliação educacional, em mito e desafio. O mito é decorrente de sua estória que vem perpetuando os fantasmas do controle e do autoritarismo há muitas gerações. A desmitificação, por outro lado, ultrapassa o desvelamento dessa estória e a análise dos pressupostos teóricos que fundamentam a avaliação até então. O maior dentre os desafios é ampliar-se o universo dos educadores preocupados com o fenômeno avaliação, estender-se a discussão do interior das escolas e toda a sociedade. Temos o compromisso de construir outra estória para as futuras gerações, descaracterizadas da feição autoritária que ainda a reveste, em busca de uma ação libertadora.

UMA CONCEPÇÃO EM DISCUSSÃO

No aprofundamento da questão referente à concepção de avaliação pelos elementos da ação educativa, a autora promove discussões entre professores em torno de algumas estórias narradas em cursos e encontros. Essas discussões contribuem para a análise da hipótese apontada inicialmente pelos educadores concebem a avaliação. DESAFIANDO O MITO

A avaliação nessa perspectiva, deverá encaminhar-se a um processo dialógico e cooperativo, através do qual educandos e educadores aprendem sobre si mesmo no próprio ato da avaliação. As relações de poder que se travam em nome dessa prática são reflexos de uma sociedade liberal e capitalista, que se nutre de exigências burocráticas para mascarar o seu verdadeiro descaso com a educação em todos os níveis.

O USO EQUIVOCADO DOS TESTES

O teste é entendido com instrumento de constatação e não de investigação.

A INJUSTIÇA DA PRECISÃO A ação avaliativa de acompanhamento e reflexão necessita de consistência metodológica. A elaboração de TESTES válidos é uma tarefa complexa que exige domínio da tecnologia de testes e da área de conhecimento em questão.

AVALIAÇÃO ENQUANTO MEDIAÇÃO

O que a autora pretende introduzir nesse texto é a perspectiva da ação avaliativa como uma reorganização do saber. Professor e aluno buscando coordenar seus pontos de vista, trocando idéias, reorganizando-as. Se transferirmos essas considerações para a ação de avaliação, poderemos vislumbrá-la nessa perspectiva, ou seja a ação avaliativa, enquanto mediação, se faria presente, justamente nesse interstício de conhecimento do aluno e a etapa possível de produção, por ele, de um saber enriquecido, completamente.

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FAZER E COMPREENDER Compreender não significa repetir ou memorizar, mas descobrir as razões progressivas nas noções. CORRIGIR, POR QUÊ?

A questão que deve ser feita é se tal correção favorece a compreensão e o desenvolvimento da autonomia dos alunos. Os erros cometidos pelos alunos sofrem sérias penalidades e tendem a permanecer sob forma de dificuldades. LINHAS NORTEADORAS

Em busca de concreticidade desses princípios, a autora aponta algumas linhas norteadoras de avaliação numa perspectiva mediadora: * Conversão de métodos de correção tradicionais em métodos investigativos, de interpretação; * Privilégio à tarefas intermediárias e sucessivas em todos os graus de ensino; * Compromisso do educador com o acompanhamento do processo de construção do conhecimento do educando. OS ELOS DA CORRENTE: OBSERVAÇÃO E REFLEXÃO Essa disponibilidade pressupõe reflexão e ação permanentes, uma oportunização de vivências enriquecedoras através das quais a criança possa ampliar suas possibilidades de descobrir o mundo, um adulto disponível a conversar e trocar idéias com ela. POR UMA AÇÃO LIBERTADORA Parece que as lutas assumidas em favor da educação das classes populares vêm encaminhando a atenção dos educadores para significado de sua prática avaliativa.

AVALIAÇÃO NA PRÉ-ESCOLA?

O que se pretende na pré-escola fundamentalmente é um ambiente livre de tensões e limitações. Educadores disponíveis concretamente a acompanhar e oportunizar vivências enriquecedoras.

Os professores estão por demais preocupados com suas metodologias. No entanto, de nada valem as orientações metodológicas se não estiverem fundamentadas em uma concepção libertadora de avaliação. Publicado em: janeiro 02, 2008