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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO
O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA UNICIDADE SINDICAL
CLEBER RAFAGNIN
DECLARAÇÃO
“DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA”.
ITAJAÍ (sc),08 de novembro de 2010.
___________________________________________ Professora Orientadora: Rosane Rosa
UNIVALI – Campus Itajaí-SC
1
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO
O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA UNICIDADE SINDICAL
CLEBER RAFAGNIN
Itajaí, 08 de novembro de 2010
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO
O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA UNICIDADE SINDICAL
CLEBER RAFAGNIN
Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel
em Direito. Orientador: Prof. MSc. Rosane Rosa
Itajaí, 08 de novembro de 2010
AGRADECIMENTO
Aos meus pais e irmãos, que me incentivaram a
continuar a estudando quando eu queria parar ainda
na quarta série do ensino fundamental;
À Rejane, pelo amor, pelo respeito, e pelas horas
roubadas ao convívio. E principalmente por ela
sempre acreditar em mim e me apoiar nessa
caminhada;
Aos meus amigos, mais que especiais presentes
nesta trajetória, incentivando e enriquecendo com
alegria minha vida;
Aos mestres, com a arte de ensinar, apesar de todas
as dificuldades que enfrentam;
A professora Rosane pela dedicação e paciência
para me orientar na construção desse trabalho;
E a todos que de uma forma direta ou indireta
contribuíram para a realização desta pesquisa.
DEDICATÓRIA
A Deus, sempre.
A minha esposa, Rejane pelo incentivo a voltar a
estudar e auxilio sempre presente, a ela todo meu
amor, carinho e agradecimento.
E a todos os meus familiares e amigos que sempre
acreditaram e torceram por mim.
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do
Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de
toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Itajaí, 08 de novembro de 2010
Cleber Rafagnin Graduando
PÁGINA DE APROVAÇÃO
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do
Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Cleber Rafagnin, sob o título O Princípio
da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA UNICIDADE SINDICAL, foi submetida
em 24 de novembro à banca examinadora composta pelos seguintes professores:
prof. MSc. Rosane Rosa e Prof. Silvio Noel de Oliveira Junior, e aprovada com a
nota ................
Itajaí, 08 de novembro de 2010
Prof. MSc. Rosane Rosa Orientador e Presidente da Banca
Prof. MSc. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CLT Consolidação das Leis Trabalhistas CRFB/88 ACT CCT
Constituição da Republica Federativa do Brasil Acordo Coletivo de Trabalho Convenção Coletiva de Trabalho
MNNP Mesa Nacional de Negociação Permanente ART Artigo OJ Orientação Jurisprudencial SDI Sessão de Dissídios Individuais ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias TRT Tribunal Regional do Trabalho TST Tribunal Superior do Trabalho
ROL DE CATEGORIAS
Acordo Coletivo de Trabalho
Tem em um de seus pólos subjetivos empregadores não necessariamente
representados pelo respectivo sindicato. As empresas, individualmente ou em grupo,
podem subscrever, sozinhas, acordos coletivos com o correspondente sindicato
representativo de seus empregados1.
Categoria
Categoria é conjunto de pessoas que têm interesses profissionais e econômicos em
comum, decorrentes de identidade de condições ligadas ao trabalho2.
Centrais Sindicais
As Centrais Sindicais, são associações de direito privado de trabalhadores3.
Convenção Coletiva de Trabalho
Tem em seus pólos subjetivos, necessariamente, entidades sindicais,
representativas de empregados e empregadores, respectivamente. É pacto subscrito
por sindicatos representativos de certa categoria profissional e sindicato
representativo da correspondente categoria econômica4.
Direitos Fundamentais do Homem
Conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam
as exigências da dignidade, da liberdade e da igualdade humanas, as quais devem
ser reconhecidas provisoriamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e
internacional5.
1 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2006, p. 1377.
2 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 710.
3 GOMES, Orlando.Curso de Direito do Trabalho, 17ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2005. P. 600.
4 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2006, p. 1377.
5 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. 6 ed. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p.40
7
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada
ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do
Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e
deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de
cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições
existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua
participação ativa co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em
comunhão dos demais seres humanos.
Sindicato
Sindicato é a associação de pessoas físicas ou jurídicas que têm atividades
econômicas ou profissionais, visando à defesa dos interesses coletivos e individuais
de seus membros ou da categoria6.
6 PRETTI, Gleibe. CLT comentada e jurisprudência trabalhista. p. 338.
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................... XI
INTRODUÇÃO .................................................................................. 12
CAPÍTULO 1 ..................................................................................... 15
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DO HOMEM ............................... 15
1.2 DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS E CONSTITUCIONALISMO ........ 20
1.3 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS ......... 23
1.4 EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA ....................................................................................................... 25
1.5 DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988. ....................... 29
1.6 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DO HOMEM NA INGLATERRA. 34
1.7 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DO HOMEM NOS ESTADOS UNIDOS ............................................................................................................... 35
1.8 PODER JUDICIÁRIO E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................ 36
1.9 MINISTÉRIO PUBLICO E DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................. 37
CAPÍTULO 2 ..................................................................................... 39
A ORGANIZAÇÃO SINDICAL. ......................................................... 39
ix
2.1 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SINDICATO. ...................... 39
2.2 CONCEITO DE SINDICATO. ......................................................................... 42
2.3 NATUREZA JURÍDICA .................................................................................. 43
2.4 UNICIDADE E PLURALIDADE SINDICAL. ................................................... 45
2.5 CRIAÇÃO E REGISTRO DE SINDICATO ..................................................... 46
2.6 CATEGORIA .................................................................................................. 48
2.7 ÓRGÃOS DO SINDICATO ............................................................................ 51
2.8 ELEIÇÕES ..................................................................................................... 52
2.9 ENTIDADES SINDICAIS DE GRAU SUPERIOR .......................................... 53
2.9.1 CENTRAIS SINDICAIS ............................................................................... 54
2.10 FUNÇÕES DO SINDICATO ......................................................................... 56
2.10.1 FUNÇÃO DE REPRESENTAÇÃO ....................................................................... 56
2.10.2 FUNÇÃO NEGOCIAL ...................................................................................... 57
2.10.3 FUNÇÃO ECONÔMICA .................................................................................... 58
2.10.4 FUNÇÃO POLÍTICA ........................................................................................ 59
2.10.5 FUNÇÃO ASSISTENCIAL ................................................................................. 60
2.11 RECEITAS DO SINDICATO ........................................................................ 61
2.12 PRÁTICAS ANTISINDICAIS ........................................................................ 62
x
CAPÍTULO 3 ..................................................................................... 67
O PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A UNICIDADE SINDICAL ..................................................................... 67
3.1 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ................................... 67
3.2 ACORDOS DOS TRABALHADORES E DOS EMPREGADORES ............... 69
3.2.1 DEFINIÇÃO DE ACORDO E CONVENÇÃO COLETIVA ............................ 71
3.2.2 NATUREZA JURIDICA ............................................................................... 72
3.3 EFICÁCIA E CONTEÚDO .............................................................................. 74
3.4 CLAUSULAS OBRIGACIONAL E DE CONTEUDO NORMATIVO ............... 77
3.5 DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS COLETIVAS ...................................... 79
3.6 CONVENÇÕES COLETIVAS NO SETOR PÚBLICO .................................... 82
3.7 DURAÇÃO E VIGÊNCIA ............................................................................... 83
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 89
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ........................................... 92
ANEXOS ........................................................................................... 95
RESUMO
A presente monografia tem como objeto o Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana. O objetivo é fazer uma analise se o referido principio
é respeitado nos acordos e convenções coletivas de trabalho. Para iniciar o presente
trabalho cientifico, se faz necessário uma abordagem da evolução histórica dos
direitos do homem, analisando essa evolução na Constituição Brasileira. Superada
as peculiaridades da evolução histórica tratada no primeiro capítulo, o segundo
volta-se ao estudo da Organização Sindical, trazendo a evolução histórica do
sindicato, conceito, natureza jurídica, criação e registro, categorias, órgãos e função.
O terceiro e ultimo tem por objetivo aprofundar o conhecimento sobre o
reconhecimento do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana nos Acordos e
Convenções Coletivos de Trabalho. O presente relatório de pesquisa se encerra
com as considerações finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos
destacados, seguidos da estimulação dos estudos e das reflexões sobre o tema.
INTRODUÇÃO
A presente Monografia tem como objeto o Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana na Unicidade Sindical.
O seu objetivo é verificar se o referido princípio é respeitado na
celebração de acordos e convenções coletivas de trabalho.
Para iniciar o presente trabalho cientifico se faz necessário
uma abordagem sobre a evolução histórica dos direitos do homem, trazendo a
evolução na Constituição Brasileira, desde a época do Império até a atual
Constituição de 1988 e a evolução histórica dos direitos do homem na Inglaterra e
Estados Unidos da América. Importante também que se traga as características dos
direitos humanos fundamentais, ressaltando a importância do Poder Judiciário e do
Ministério Publico do Trabalho na defesa dos direitos humanos fundamentais.
Superada as peculiaridades da evolução histórica no primeiro
capitulo, o segundo capítulo volta-se ao estudo do sindicato, trazendo seu
surgimento e evolução histórica, conceito, natureza jurídica, a diferenciação entre
unicidade e pluralidade sindical, criação e registro, categorias, órgãos, as entidades
sindicais de grau superior federações e confederações, centrais sindicais. Bem
como as funções do sindicato de representação, negocial, econômica, política,
assistencial, as receitas do sindicato entre as receitas as contribuições sindicais, e
as praticas antisindicais.
No terceiro capítulo, tratando de aprofundar os conhecimentos
sobre o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e a Unicidade Sindical. Para
tanto, iniciar-se-á decorrendo do conceito do referido princípio, para que se possa ter
uma noção do significado de tal princípio. Logo após estudar-se-á os acordos dos
trabalhadores e empregadores, definição de acordo e convenção coletiva de
trabalho, sua natureza jurídica, eficácia e conteúdo, suas clausulas obrigacionais e
de conteúdo obrigacional, as clausulas de descumprimento das normas coletivas,
convenções coletivas no setor publico, bem como os direitos garantidos nos acordos
13
e convenções coletivas de trabalho demonstrando a aplicação do Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana.
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados,
seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre o
Principio da Dignidade da Pessoa Humana na Unicidade Sindical.
Para a presente monografia foram levantadas as seguintes
hipóteses:
Hipótese 1. As convenções coletivas respeitam na integra as
normas gerais estabelecidas pela Constituição Federal e a CLT.
Hipótese 2. Em alguns casos é previsto a pluralidade sindical
no Brasil.
Hipótese 3. O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
encontra respaldo nas convenções e acordos coletivos de trabalho.
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de
Investigação7 foi utilizado o Método Indutivo8, na Fase de Tratamento de Dados o
Método Cartesiano9, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia
é composto na base lógica Indutiva.
7 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed. Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008. p. 83.
8 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 86.
9 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-26.
14
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas
do Referente10, da Categoria11, do Conceito Operacional12 e da Pesquisa
Bibliográfica13.
10
“[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 54.
11 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 25.
12 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 37.
13 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 209.
CAPÍTULO 1
1 HISTÓRICO DOS DIREITOS DO HOMEM.
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DO HOMEM
Para começar a escrever sobre Princípios não se pode deixar
de fazer uma introdução com a evolução histórica dos direitos do homem, tanto na
Constituição brasileira, desde a época do Império até a atual Constituição de 1988,
bem como a evolução desses direitos na Inglaterra e nos Estados Unidas.
Para MORAIS14:
A origem dos direitos individuais do homem pode ser apontada no antigo Egito e Mesopotâmia, no terceiro milênio a.C., onde já eram alguns mecanismos para proteção individual em relação ao Estado.O Código de Hammurabi (1690 a.C.) talvez seja a primeira codificação a consagrar um rol de direitos comuns a todos os homens, tais como a vida, a propriedade, a honra, a dignidade, a família, prevendo
igualdade a supremacia das leis em relação aos governantes.
O Código de Hammurabi foi o primeiro Código a consagrar um
rol de direitos e garantias do homem em relação aos governantes. Para PILAU15, os
direitos fundamentais do homem começaram a surgir na segunda metade da idade
medieval, quando o feudalismo começou substituir a estrutura escravista e com isso
buscava a liberdade:
Na segunda metade da idade medieval, começou a ocorrer a transformação da sociedade estamental numa sociedade estruturada em classes, justificada pelo renascimento comercial e pelo crescimento dos burgos. Dessa época se destacam os forais(textos em que eram escritos os direitos locais) e as cartas de franquias (documentos por meios dos quais se formalizavam as conquistas da burguesia em fase da emancipação da tutela feudal), que tiveram importância em razão de serem escritos e por revelarem direitos
pertencentes as comunidades.
Nesse sentido a transformação da sociedade estamental para
a sociedade estruturada em classes foi necessário a codificação dos direitos
14 MORAIS, Alexandre de.Direitos Humanos Fundamentais, 6ª edição. São Paulo, Atlas. 2005. P.6.
15 PILAU, Newton Cesar. DIREITOS Humanos,Passo Fundo, Universitária. 2003, p.27.
16
reivindicados pela sociedade. Segundo CRUZ16,esses direitos estão garantidos
desde o surgimento da Constituição e o principio da garantia à liberdade:
O Direito Constitucional surgiu como forma de garantia a liberdade e manteve, historicamente, essa finalidade como sua característica essencial.Como conseqüência, desde o principio a garantia da liberdade implicou a proteção de um conjunto de direitos da pessoa humana, assegurando-lhe um âmbito próprio de autonomia e
autodecisão.
Para SILVA17, são antecedentes da Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
A “Declaração Universal dos Direitos Humanos” abriu as portas para que surgissem novos instrumentos internacionais que visaram à proteção dos mais diversos direitos, todos inalienáveis, da pessoa humana, e que resultaram dos mais diversos cenários político-históricos. O primeiro passo estava dado, a positivação dos direitos do homem. O seu reconhecimento, como direitos inalienáveis da pessoa humana, pela comunidade internacional.
Em razão da abrangência que a expressão representa no
campo jurídico, é uma obrigação conceituar expressamente do que se trata os
“Direitos Humanos”. Têm-se, pela prática do tema que estes direitos visam
resguardar os valores dos indivíduos, suas garantias legais, tais como: a dignidade,
a solidariedade, a fraternidade, a liberdade, etc.18.
Segundo CAPEZ, a evolução dos direitos fundamentais se dá
em três gerações. SARLET concorda com as três primeiras divisões, mas, inclui uma
quarta dimensão.
CAPEZ19., Direito de primeira geração são:
Direitos fundamentais de primeira geração: direitos individuais e políticos. São os direitos de defesa do individuo perante o Estado. São os chamados líber das publicas negativas ou direitos negativos,pois exigem do Estado um comportamento de abstenção.
16
CRUZ, Paulo Marcio.Fundamentos do Direito Constitucional, 2 edição. Curitiba, Juruá, 2005. P. 153.
17 SILVA, Marcelo Guimarães da rocha e. Direitos humanos no Brasil e no Mundo: criação de um tribunal Internacional Permanente. 2002. p. 31.
18 SILVA, Marcelo Guimarães da Rocha e. Direitos humanos no Brasil e no mundo: criação de um Tribunal Internacional Permanente. 2002. p. 36.
19 CAPEZ, Fernando. Direito Constitucional, 15ª edição. São Paulo, Damásio de Jesus. 2005, p. 231.
17
SARLET20, Direito de primeira dimensão, são os direitos de
defesa:
Primeira dimensão: [...]marcado cunho individualista, surgido e afirmando-se como direitos do individuo frente ao Estado, mais especificamente como direitos de defesa, demarcado como zona de não-intervencão do Estado e uma esfera de autonomia individual em face de seu poder.
MONTESSO21, os direitos de primeira geração ou de liberdade
são:
Direitos de primeira geração, ou de liberdade: concepção segundo a qual os direitos fundamentais são relacionados as primeiras Constituições escritas. Geração vincula ao pensamento liberal-burgues clássico do século XVIII. Daí porque cuida de direitos relativo são homem livre e isolado, oponíveis ao Estado como meios de defesa, tendo como titular o homem individuo. Determinam o poder de abstenção estatal, entrando na categoria de status negativus, estabelecendo clara separação entre sociedade e Estado.
São direitos de primeira geração da pessoa humana em
relação ao Estado. Esses são caracterizados por uma obrigação de não fazer por
parte do Estado. São os direitos civis e políticos, compreendidos nas liberdades
clássicas. Essa geração de direito tem como principal objetivo proteger a pessoa das
arbitrariedades praticadas pelo Estado.
Já os direitos de segunda geração CAPEZ22., os definem da
seguinte forma:
Direitos fundamentais de segunda geração:direito sociais, culturais, econômicos. São direitos positivos, pois declaram a presença do Estado em ações voltadas a minoração dos problemas sócias e exigem uma atividade prestacional do Estado. Também são chamados de direitos de cresça, pois trazem a esperança de uma participação ativa do Estado.
20
SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos direitos Fundamentais, 4ª edição. Livraria do Advogado. 2004. P.54.
21 MONTESSO, Claudio José, Marcos Antonio de Freitas e Maria de Fátima Coelho Borges Stern. Direitos Sociais na Constituição de 1988. São Paulo, LTr. 2008. P.26.
22 CAPEZ, Fernando. Direito Constitucional,15 edição. São Paulo, Damásio de Jesus. 2005. P. 231.
18
Para SARLET23, o direito de segunda dimensão é:
Segunda dimensão: Os direitos econômicos, sociais e culturais [...], abrange bem mais do que os direitos de cunho prestacional, de acordo com o que ainda propugna parte da doutrina, inobstante o cunho positivo possa ser considerado como o marco distintivo desta nova fase da evolução dos direitos fundamentais.
Para MONTESSO24, os direitos de segunda geração, são
relacionados a igualdade.
Direitos de segunda geração, relacionados a igualdade. Vicejam no século XX, após o predomínio dos direitos afetam a liberdade no século anterior. Dentro da teoria Constitucional clássica, identificam-se com as normas denominadas como programáticas, que reclamam prestações objetivas do Estado, que ao entender a tais demandas, torna-se “um artífice e um agente de suma importância para se concretizem os direitos fundamentais”.
Os direitos fundamentais de segunda geração obrigam ao
Estado a fazer em benefício da pessoa que necessite desses direitos econômicos,
sociais e culturais. As ações do Estado devem estar sempre motivadas, e orientadas
para atender a justiça social.
Para CAPEZ25, os direitos de terceira geração, revelam a
preocupação com o meio ambiente:
Direitos fundamentais de terceira geração: direitos difusos e coletivos. Revelam preocupação com temas como meio ambiente, defesa do consumidor etc.
SARLET26, os direitos de terceira dimensão, estão os da
solidariedade e fraternidade:
Direitos de terceira dimensão direitos de solidariedade e fraternidade [...] Dentre os direitos fundamentais da terceira dimensão consensualmente mais citados, cumpre referir os direitos a paz, a autodeterminação dos povos, ao desenvolvimento, ao meio ambiente
23
CAPEZ, Fernando. Direito Constitucional. 15ª edição. São Paulo, Damásio de Jesus. 2005. P. 231.
24 MONTESSO, Claudio José, Marcos Antonio de Freitas e Maria de Fátima Coelho Borges Stern. Direitos Sociais na Constituição de 1988. São Paulo, LTr. 2008, p.26.
25 CAPEZ, Fernando. Direito Constitucional. 15ª edição. São Paulo, Damásio de Jesus. 2005. P. 231.
26 SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos direitos Fundamentais, 4ª edição. Livraria do Advogado. 2004. P.57.
19
e qualidade de vida, bem como o direito a conservação e utilização do patrimônio histórico e cultural e o direito a comunicação.
Para MONTESSO27, os direitos de terceira geração são ao que
transcendem as esferas individuais e coletivas:
Direitos de terceira geração são aqueles que transcendem as esferas tanto individual e coletiva, tendo por destinatário o gênero humano. Daí porque são denominados como direitos relativos a fraternidade. Inserem-se nessa espécie temas relativos ao meio ambiente, ao desenvolvimento, a paz,a comunicação e outros congêneres.
O Estado tem obrigação de proteger a coletividade de
pessoas, não o ser humano de forma isolada. Os principais são: meio ambiente,
qualidade de vida, paz, autodeterminação dos povos, defesa do consumidor, da
criança, do idoso.
Os direitos de terceira geração se materializam poderes de
titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais,
consagram o principio da solidariedade e constituem um momento importante no
processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos,
caracterizados enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma
essencial inexaoribilidade.
SARLET28 faz ainda uma quarta divisão, incluindo os direitos a
democracia:
Direitos de quarta dimensão [...] esta quarta dimensão é composta pelos direitos a democracia (no caso, a democracia direta) e a informação, assim como pelo direito ao pluralismo.
MONTESSO29, os direitos de quarta geração, são os
relacionados a globalização:
Direitos de quarta geração, quais sejam, os relacionados com a globalização. Segundo Bonavides, corresponde a ultima fase de
27
MONTESSO, Claudio José, Marcos Antonio de Freitas e Maria de Fátima Coelho Borges Stern. Direitos Sociais na Constituição de 1988. São Paulo, LTr. 2008. P.27.
28 SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos direitos Fundamentais, 4ª edição. Livraria do Advogado. 2004. P.59.
29 MONTESSO, Claudio José, Marcos Antonio de Freitas e Maria de Fátima Coelho Borges Stern. Direitos Sociais na Constituição de 1988. São Paulo, LTr. 2008. P.27.
20
institucionalização do Estado social. Correspondem a democracia real – ou seja, ultrapassada a meramente formal – direito a informação – que no direito do trabalho é essencial para o desenvolvimento válido e profícuo da negociação coletiva – e ao pluralismo social. Sua visão cosmológica propõe uma separação dos limites impostos pela cidadania e uma globalização política, que transcende a esfera de uma neocolonização de traço marcadamente econômico.
Os direitos de quarta geração são novos direitos sociais
decorrentes da evolução da sociedade e da globalização. Envolvem questões
relacionadas à informática, biociência, clonagem, eutanásia, estudo de células
tronco.
Os direitos de quarta dimensão ainda aguardam uma
consagração no âmbito internacional e também nas ordens constitucionais internas.
1.2 DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS E CONSTITUCIONALISMO
Os direitos humanos fundamentais, em sua concepção
atualmente conhecida, surgiram como produto de fusão de várias fontes30
Assim a noção de direitos fundamentais é mais antiga que o
surgimento da idéia de constitucionalismo, que tão-somente consagrou a
necessidade de insculpir um rol mínimo de Direitos Humanos em um documento
escrito, derivado diretamente da soberana vontade popular.31
Assim expõem MORAES32:
“Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível do
30
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. Teoria geral, comentários aos arts. 1˚ a 5˚ da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p. 19.
31 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. Teoria geral, comentários aos arts. 1˚ a 5˚ da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p. 19
.
32MORAES, Alexandre de. Curso de direito constitucional positive. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 174 e 177.
21
direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas”.
Preleciona SILVA33:
A ampliação e transformação dos direitos fundamentais do homem no envolver histórico dificulta definir-lhes um conceito sintético e preciso. Aumenta essa dificuldade a circunstância de se empregarem várias expressões para designá-los, tais como: direitos naturais, direitos humanos, direitos do homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades fundamentais, liberdade públicas e direitos fundamentais do homem.
A origem formal do constitucionalismo esta ligada às
constituições escritas e rígidas dos Estados Unidos da America em 1787, após a
independência das 3 colônias, e da França, em 1791, a partir da Revolução
Francesa.34
A Constituição Brasileira de 1988, assim como a lei
fundamental de Bonn (1949), a Constituição portuguesa (1976) e a Constituição
Espanhola (1978), também outorgou significado especial aos Direitos Fundamentais,
contemplados já em seu capítulo inicial, conferindo-lhes imediata eficácia (art. 5˚, §
1˚, CF), colocando uma cláusula de imutabilidade ou com garantia de eternidade
(cláusulas pétreas, art. 60, § 4˚, IV, CF), bem como determinou que uma emenda
constitucional para abolir tais prerrogativas seja declarada inconstitucional pelo
Poder Judiciário35.
No entendimento de PILAU36:
Embora seja a Constituição mais extensa da história brasileira compõem-se de pensamentos mais variados da sociedade, que positivam um grande leque de liberdades individuais, direitos sociais, econômicos e culturais e direitos de solidariedade, constituindo um paradigma de modernidade cujo objetivo se traduz na construção do
33
SILVA, José Afonso da. Ação popular constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1968.
34 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. Teoria geral, comentários aos arts. 1˚ a 5˚ da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p. 19.
35 LEAL, Rogério Gesta. Perspectivas hermenêuticas dos direitos humanos e fundamentais no Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000. p. 187.
36 PILAU, Newton Cesar. Teoria constitucional moderno-contemporânea e a positivação dos direitos humanos nas constituições brasileiras. Passo Fundo: UPF, 2003. p. 137.
22
estado democrático de direito, que passa pelo caminho da cidadania. Inclui, ainda, novas garantias para proteção dos direitos dos cidadãos, como o mandado de injunção, mandado de segurança coletivo, habeas data, ação civil pública, etc.
A constituição é mais que um documento legal. É um
documento com um intenso significado simbólico e ideológico – refletindo tanto o
que nos somos e queremos ser.37
Assim na história brasileira [...] as relevantes transformações
internas tiveram acentuada repercussão no plano internacional. [...] o
equacionamento dos direitos humanos no âmbito da ordem jurídica interna serviu
como medida de reforço para que a questão da ordem jurídica interna serviu como
medida de reforço para que a questão dos direitos humanos se impusesse como
tem fundamental na agenda internacional.38
O Direito Constitucional é um ramo de Direito Público,
destacado por ser fundamental á organização e ao funcionamento do Estado, à
articulação dos elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da
estrutura política.39
Os direitos humanos fundamentais, portanto colocam-se como
uma das previsões absolutamente necessárias a todas as Constituições, no sentido
consagrar o respeito a dignidade humana, garantir a limitações de poder e visar o
pleno desenvolvimento da personalidade humana.40
Sobre direitos fundamentais41
A constitucionalização dos direitos humanos fundamentais não significou mera enunciação formal de princípios, mas a plena positivação de direitos a partir dos quais qualquer individuo poderá
37
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional / Flavia Piovesan. 8. ed. ver., ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2007.p. 21
.
38 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional / Flavia Piovesan. 8. ed. ver., ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2007.p.24.
39 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p.20.
40 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p.20.
41 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p.21
23
exigir sua tutela perante o poder Judiciário para a caracterização da democracia da democracia. Ressalta-se que a proteção judicial é absolutamente indispensável para tornar efetiva a aplicabilidade e o respeito aos direitos humanos fundamentais previstos na Constituição Federal e no Ordenamento jurídico em geral.
A previsão dos direitos humanos fundamentais direciona-se
basicamente pra proteção à dignidade humana em seu sentido mais amplo.42
1.3 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS
O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser
humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua
proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições
mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana pode ser definido
como direitos humanos fundamentais.43
BOBBIO44 entende que os direitos do homem é uma expressão
muito vaga.
[...] Direitos do homem são os que cabem ao homem enquanto homem. Ou nos dizem algo apenas sobre o estatuto desejado ou proposto para esses direitos, e não sobre o seu conteúdo: Direitos do homem são aqueles que pertencem, ou deveriam pertencer, a todos os homens, os dos quais nenhum homem pode ser despojado. [...] Direitos do homem são aqueles cujo reconhecimento é condição necessária para o aperfeiçoamento da pessoa humana, ou para o deslocamento da civilização, etc.
PÉREZ LONO, citado por MORAIS, apresenta uma definição
completa sobre os direitos fundamentais do homem, considerando-os um conjunto
42
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. Teoria geral, comentários aos arts. 1˚ a 5˚ da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p.22
43 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. Teoria geral, comentários aos arts. 1˚ a 5˚ da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p.39
44 BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução feita por Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro, Campus.1992.p.17
24
de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as
exigências da dignidade, da liberdade e da igualdade humanas, as quais devem ser
reconhecidas provisoriamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e
internacional.45
A previsão dos Direitos Humanos coloca-se em elevada
posição hermenêutica em relação aos demais direitos previstos no ordenamento
jurídico, apresentando diversas características, conforme detalha MORAES46:
Imprescritibilidade: os direitos humanos fundamentais não se perdem pelo decurso do prazo;
Inalienabilidade: não há possibilidade de transferência dos direitos humanos fundamentais, seja a título gratuito, seja a título oneroso;
Irrenunciabilidade: os direitos humanos fundamentais não podem ser objeto de renúncia. Dessa característica surgem discussões importantes na doutrina e posteriormente analisadas, como a renúncia ao direito à vida e a eutanásia, o suicídio e o aborto;
Inviolabilidade: impossibilidade de desrespeito por determinações infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal;
Universalidade: a abrangência desses direitos engloba todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção político-filosófica;
Efetividade: a atuação do poder Público deve ser no sentido de garantir a efetivação dos direitos e garantias previstos, com mecanismos coercitivos para tanto, uma vez que a Constituição Federal não se satisfaz com o simples reconhecimento abstrato;
Interdependência: as previsões constitucionais, apesar de autônomas, possuem diversas intersecções para atingirem suas finalidades. Assim, por exemplo, a liberdade de locomoção está intimamente ligada à garantia do habeas corpus, bem como previsão de prisão somente por flagrante delito ou por ordem judicial competente;
Complementaridade: os direitos humanos fundamentais não devem ser interpretados isoladamente, mas sim de forma conjunta com a
45
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. 6 ed. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p.40.
46 MORAIS, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. 6 ed. São Paulo: Atlas, 1997 (Coleção temas jurídicos; 3), p. 41.
25
finalidade de alcance dos objetivos previstos pelo legislador constituinte.
Essas características dos direitos humanos vem, em nosso
ordenamento jurídico, para garantir que os mesmos não sejam violados pelo Estado,
e nem o próprio ser humano o renuncie.
1.4 EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO
BRASILEIRA
A primeira Constituição de 1924, apresentada pelo Imperador
D.Pedro I a um conselho de Estado por ele convocado, representa um compromisso
entre as idéias liberais, que o Imperador partilhava de seu modo e a tradição
monárquica européia47.
Na Constituição Política do Império do Brasil pode-se destacar
essa evolução desde a Constituição de 18/03/1824, que previa em seu Titulo VIII –
Das disposições gerais e garantias dos direitos civis e políticos dos cidadãos
brasileiro no artigo 179:
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte.
Artigo 179, citado acima que em seus incisos, garantia em seu
extenso rol de incisos vários direitos consagrados como o principio da igualdade e
legalidade, livre manifestação de pensamento, impossibilidade de censura previa,
liberdade religiosa e de locomoção, inviolabilidade de domicilio.
Garantia ainda, a possibilidade de prisão somente em
flagrante delito ou por ordem da autoridade competente, fiança, livre acesso aos
cargos públicos, abolição dos açoites, da tortura, da marca do ferro quente e todas
as demais penas cruéis, individualização da pena, respeito a dignidade do preso,
47
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, Coimbra. 2003.p. 226.
26
direito de propriedade,direito ao ensino primário, e um direito que devemos ressaltar
a liberdade de profissão.
Neste sentido, menciona PILAU48:
No que diz respeito à positivação dos direitos humanos na Constituição Imperial de 1824, pode-se verificar que a construção das gerações de direitos humanos destaca nesse texto constitucional uma gama de direitos de primeira geração, ou seja, os direitos de liberdade, que se constituem através dos direitos civis e políticos. Também merece referência o nascimento de um embrião do que se consideram no século XX os direitos de segunda geração: os direitos sociais, econômicos e culturais [...]
Esses direitos foram mantidos na primeira constituição
republicana de 24/02/1891, que em seu Titulo III – Seção II previa a declaração de
Direitos.
Além dos direitos garantidos pela Constituição anterior, pode-
se destacar o artigo 72:
Art.72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:
[...] Gratuidade do casamento civil, ensino leigo, direitos de reunião e associação, ampla defesa (§ Aos acusados assegurara na lei a mais plena defesa, com todos os recursos e meios essenciais a ela, desde a nota de culpa, entregue em vinte e quatro horas ao preso e assinada pela autoridade competente, com os nomes do acusador e das testemunhas), abolição das penas das Gales e do banimento judicial, abolição da pena de morte, reservadas as disposições da legislação militar em tempo de guerra, habeas-corpus, propriedade de marcas de fabrica, instituição de júri49.
As novidades significativas segundo MIRANDA50, foi a abolição
da pena de morte, a previsão de habeas corpus, clausula aberta e direito de revisão
de sentença criminal.
48 PILAU, Newton Cesar. Teoria constitucional moderno-contemporânea e a positivação dos direitos
humanos nas constituições brasileiras. Passo Fundo: UPF, 2003. p. 103.
49MORAIS, Alexandre de.Direitos Humanos Fundamentais, 6 edição. São Paulo, Atlas. 2005. P.14.
50 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional,Coimbra. 2003.p. 230.
27
Constituição, que foi a primeira Constituição Republicana, que
não admitia privilégios de berço e desconhecia foros de nobreza.
Essa tradição de as Constituição manter os direitos e garantias
fundamentais do homem, com a CRFB/34, que repetiu no art. 113 e incisos, o rol de
direitos do homem acrescentando:
Art 113 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:
[...] consagração do direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada; escusa de consciência, direito do autor na reprodução de obras literárias, artísticas e cientificas; irretroatividade da lei penal; impossibilidade da prisão civil por dividas, multas ou custas; impossibilidade de concessão de extradição de estrangeiro em virtude de crime políticos ou de opinião e impossibilidade absoluta de extradição de brasileiro; assistência jurídica gratuita; mandado de segurança; ação popular (art. 113,inc. 38 – Qualquer cidadão será parte legitima para pleitear a declaração de nulidade ou anulação dos atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios)51.
A Constituição de 1934 consagrou a justiça eleitoral, reforçou
os poderes do congresso previa a intervenção do Estado na economia e direitos
sociais e introduziu o mandado de segurança52.
Direitos que seguiam uma tendência européia do pós guerra,
no sentido eminentemente social da Constituição. Além do mais, as mulheres
votaram pela primeira vez, o que fez o Brasil um pioneiro do voto feminino em todo o
mundo.
Essa Constituição apesar das características políticas
preponderantes da época, também prévia em seu art. 122 um extenso rol de direitos
e garantias individuais com 17 incisos, as quais pode-se destacar sem muita alegria
a aplicação da pena de morte, além dos casos militares (inciso 13, alíneas “a” até
“f”).
51MORAIS, Alexandre de.Direitos Humanos Fundamentais, 6ª edição. São Paulo, Atlas. 2005. P.15.
52 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, Coimbra. 2003.p. 232.
28
A Constituição de 34 foi a primeira na história do Brasil a trazer
considerações de ordem social e econômica, com uma legislação trabalhista que
garantia a autonomia sindical, a jornada de 8(oito) horas, a previdência social e os
dissídios coletivos. A família merecia atenção especial principalmente a com prole
numerosa: Além de um capitulo especial sobre a educação.
A Constituição de 18/9/1946, além de prever o capitulo de
direitos e garantias individuais, estabeleceu diversos direitos relativos aos
trabalhadores e empregados em seu art. 157, bem como previu um titulo especifico
pra proteger a família, educação e cultura.
Art 157 - A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores:
O trabalhador teve várias conquistas nesse período em
especial a participação nos lucros da empresa, a instituição do repouso semanal
remunerado, foi reconhecido o direito de greve para reivindicar direitos referentes ao
seu trabalho, aposentadoria facultativa do funcionário aos 35 anos de trabalho,
estende a previdência as vitimas da doença, da velhice, da invalidez e da morte,
confere ao trabalhador estabilidade na empresa, proclama a assistência aos
desempregados, determina a indenização ao empregado despedido e uma
importante não maior que as até o momento alcançada mas um marco que foi a
conquista da inserção da Justiça do Trabalho na esfera do Poder Judiciário.
Referente os direitos e garantias individuais, a Constituição
passou a usar uma nova redação em seu caput, que posteriormente foi seguida
pelas demais, inclusive a atual.
Além dos direitos e garantias já constantes nas demais
Constituições, podem-se destacar os seguintes:
Art. 141 - A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança individual e à propriedade,nos termos seguintes:
[...] A lei não poderá excluir do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual; para proteger direito liquido e certo não amparado por habeas-corpus, conceder-se-á mandado de segurança seja qual
29
for a autoridade responsável pela ilegalidade ou abuso de poder; contraditório; sigilo das votações, plenitude de defesa e soberania dos veredictos do Tribunal do Júri; reserva legal em relação aos tributos; direito de certidão53.
Na Constituição de 24/01/1967, também estava previsto em
seu art. 158 os direitos sociais aos trabalhadores, visando melhorias de sua
condição social e um capitulo prevendo os direitos e garantias individuais e seu art.
150, que muito se assemelhava as outras Constituições anteriores e trazendo
algumas novidades.
Art 150 - A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...] Sigilo das comunicações telefônicas e telegráficas; respeito a integridade física e moral do detento e do presidiário; previsão de competência mínima para o Tribunal do Júri ( crimes dolosos contra a vida); previsão de regulamentação da sucessão de bens estrangeiros situados no Brasil pela lei brasileira, em beneficio do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que lhe sejam mais favorável a lei nacional do de cujus54.
Em 1969, com a emenda constitucional n° 1, pode-se salientar,
o sentido centralizador, o aumento dos poderes econômicos da União, o reforço do
Poder Executivo, a eleição do Presidente por sufrágio indireto, o cuidado no
processo de elaboração de leis, a extensão da justiça militar e noção de segurança
nacional55.
1.5 DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988.
A Constituição moderna é um instrumento de defesa dos
indivíduos contra as ações do Estado, tão importante que alguns autores sustentam
que essa defesa é a essência da Constituição.
53 MORAIS, Alexandre de Direitos Humanos Fundamentais, 6ª edição. São Paulo, Atlas. 2005. P.15.
54 MORAIS, Alexandre de Direitos Humanos Fundamentais, 6ª edição. São Paulo, Atlas. 2005. P.16.
55 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, Coimbra. 2003.p. 233.
30
MORREIRA, citado por MONTESSO56, conceitua a
Constituição econômica como:
“o conjunto de preceitos e instituições jurídicas que garantidos os elementos definidores de um determinado sistema econômico, institui uma determinada forma de organização e funcionamento da economia e constituem, por isso mesmo, uma determinada ordem econômica; ou, de outro modo, aquelas normas e instituições jurídicas que, dentro de um determinado sistema e forma econômicos, que garantem e (ou) instauram, realizam uma determinada ordem econômica concreta”.
Na Constituição de 1988 em seu preâmbulo, foi dito que esta
era fruto da vontade dos:
“Representante do povo brasileiro, reunidos em Assembléia
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bom estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceito, fundada na harmonia social e comprometida,
na ordem interna e internacional, com solução pacífica das controversas”.
Já em seu preâmbulo, a Constituição de 88, especifica que seu
objetivo é assegurar os direitos sociais e direitos individuais do individuo.
MONTESSO57 dividiu na atual Constituição em duas
dimensões a objetiva e a subjetiva.
A dimensão subjetiva corresponde aos direitos relacionados ao
individuo, ou a esfera individual, que se identificam com os direitos fundamentais de
primeira geração anteriormente citados. Já a dimensão objetiva é aquela que
transcende o papel defensivo assinalado a autoridade publica, nessa se relaciona os
direitos de segunda, terceira e quarta geração58.
56 MONTESSO, Claudio José, Marcos Antonio de Freitas e Maria de Fátima Coelho Borges Stern.
Direitos Sociais na Constituição de 1988. São Paulo, LTr. 2008. P.27.
57 MONTESSO, Claudio José, Marcos Antonio de Freitas e Maria de Fátima Coelho Borges Stern. Direitos Sociais na Constituição de 1988. São Paulo, LTr. 2008. P.27.
58 MONTESSO, Claudio José, Marcos Antonio de Freitas e Maria de Fátima Coelho Borges Stern. Direitos Sociais na Constituição de 1988. São Paulo, LTr. 2008. P.27.
31
A Constituição de 1988 no titulo I, art.1 e seus incisos, traz
princípios fundamentais:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
A Constituição se preocupou em seu primeiro artigo em elencar
os seus principais fundamentos, entre eles o tema principal estudado nesse trabalho
que é seu inciso III – a dignidade da pessoa humana.
Os direitos humanos fundamentais, portanto colocam-se como
uma das previsões absolutamente necessárias a todas as Constituições, no sentido
consagrar o respeito a dignidade humana, garantir a limitações de poder e visar o
pleno desenvolvimento da personalidade humana.59
Sobre direitos fundamentais:
A constitucionalização dos direitos humanos fundamentais não significou mera enunciação formal de princípios, mas a plena positivação de direitos a partir dos quais qualquer individuo poderá exigir sua tutela perante o poder Judiciário para a caracterização da democracia da democracia. Ressalta-se que a proteção judicial é absolutamente indispensável para tornar efetiva a aplicabilidade e o respeito aos direitos humanos fundamentais previstos na Constituição Federal e no Ordenamento jurídico em geral60.
59 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas
jurídicos; 3), p.20.
60 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. 6 ed. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção
32
A previsão dos direitos humanos fundamentais direciona-se
basicamente pra proteção à dignidade humana em seu sentido mais amplo.61
O titulo II traz dos direitos e garantias fundamentais, que no
seu capitulo I, traz no art.5, e seus 78 incisos e 4 parágrafos dos direitos e deveres
individuais e coletivos.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Entre os 78 incisos a Constituição, garante a igualdade entre
homens e mulheres, que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer nada se
não em virtude de lei, ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante, é inviolável a liberdade consciência e de crença, é livre
também a expressão da atividade intelectual, artística, cientifica e de comunicação,
independente de censura ou licença.
Garante também, que são invioláveis o domicilio do individuo, a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, também é livre a
locomoção em todo o território nacional e mais importante para esse trabalho esta
no inciso XIII, que é livre exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
No mesmo titulo II, no capitulo II, traz os direitos sociais, desde
o art. 6 ao art. 11, enumerando em seus incisos os vários direitos sociais que todos
os indivíduos tem direito, dando ênfase no art. 6 e 7, nos outros artigos pode se
observar o tema de estudo do presente trabalho.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição .
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
temas jurídicos; 3), p.21
61 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. 6 ed. São Paulo: Atlas, 1997(Coleção temas jurídicos; 3), p.22
33
Nos artigos acima citados em seus caput e trinta e quatro
incisos estão elencados a norma geral que norteia todo o direito do trabalho, nos
quais pode-se destacar:
O direito de receber um salário mínimo, fixado por lei, o qual é
para garantir as necessidades vitais básicas e de sua família, sabe-se que essa não
é a realidade atual, além do salário mínimo é garantido o piso salarial proporcional
com a complexidade e a extensão do trabalho esse nunca inferior ao mínimo,
décimo terceiro salário,
Além da conquista da duração do horário de trabalho normal
não superior a 8(oito) horas diárias e 44(quarenta e quatro) semanais, repouso
semanal remunerado, horas extras, férias anuais mais um terço, proteção do
trabalho da mulher, aviso prévio proporcional, redução dos riscos inerentes ao
trabalho, reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho.
Além dos incisos comentados, nos parágrafos anteriores e
muitos outros que estão garantidos na Constituição, estão os direitos de garantias
sociais como a aposentadoria, direito ao fundo de garantia por tempo de serviço,
seguro-desemprego em caso de desemprego involuntário, licença maternidade e
paternidade,seguro em caso de acidente de trabalho.
Os direitos sociais abrangem tanto a educação, a saúde, o
trabalho, o lazer, a segurança, previdência social, a proteção a maternidade e a
infância e assistência aos desempregados como direitos dos trabalhadores atinentes
à segurança do emprego, ao salário e a associação sindical e greve62.
Pode-se observar também no art. 170 da CRFB/88 os
princípios gerais da atividade econômica. Sobre esse artigo MONTESSO63, faz o
seguinte comentário:
Com relação aos “fundamentos “ gerais da atividade econômica, o art. 170 da Constituição estabelece que a ordem econômica esta baseada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, o
62
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, Coimbra. 2003.p. 233.
63 MONTESSO, Claudio José, Marcos Antonio de Freitas e Maria de Fátima Coelho Borges Stern. Direitos Sociais na Constituição de 1988. São Paulo, LTr. 2008. P.27.
34
que significa a opção constitucional por uma economia de mercado, de natureza capitalista. Não obstante, é evidente que a ordem econômica confere prioridade ao valor do trabalho humano sobre todos os demais valores da economia do mercado, porque o principio da dignidade da pessoa é superior aos valores estritamente matérias. Com efeito, por outro motivo, a finalidade da ordem econômica se constitui a assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social, segundo a dicção do já referido art. 170 da CRFB/88.
Essa valorização do trabalho humano está a cada dia sendo
aumentada, desde que o homem se especialize em sua profissão, caso contraria vai
ser desprezado pelo mundo capitalista e por um mercado de trabalho cada dia mais
exigente.
1.6 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DO HOMEM NA INGLATERRA.
Segundo MORAIS64, um dos mais importantes marcos
históricos dos direitos humanos pode ser encontrados na Inglaterra com a Magna
Charta Liberta Tum, ortogada por João Sem-Terra em 15 de junho de 1215.
A Magna Charta Libertatum, de 15-6-1215, entre outras garantias previa: a liberdade da igreja na Inglaterra, restrições tributarias, proporcionalidade entre delitos e sanção[...], previsão do devido processo legal[...], livre acesso a justiça[...], liberdade de locomoção e livre entrada e saída do pais.
Ainda a Petition of Right, de 1628, previa que ninguém seria obrigado a contribuir com qualquer dádiva, empréstimo ou benevolência e a pagar qualquer taxa ou imposto, sem o consentimento de todos, manifestado por ato do parlamento; e que ninguém seria chamado a responder ou prestar juramento ou a executar algum serviço, ou encarcerado, ou de qualquer forma molestado ou inquietado, por causa destes tributos ou da recusa de paga-los. Previa ainda que nenhum homem livre ficasse sob prisão ou detido ilegalmente.
A Bill of Rights, de 1689 decorrente da abdicação do rei Jaime II e outorgada pelo Príncipe de Orange, no dia 13 de fevereiro, significou enorme restrição ao poder estatal, prevendo, dentre outras regulamentações: fortalecimento ao principio da legalidade, ao impedir que o rei pudesse suspender leis ou a execução das leis sem o consentimento do parlamento; criação do direito de petição; liberdade de eleição dos membros do parlamento; imunidade
64
MORAIS, Alexandre de.Direitos Humanos Fundamentais, 6 edição. São Paulo, Atlas. 2005. P.8.
35
parlamentares; vedação a aplicação de penas cruéis; convocação freqüente do parlamento.
Para SARLET65, os pactos tem importância para ulterior
desenvolvimento e reconhecimento dos direitos fundamentais nas constituições,
mas não podemos deixar de citar os privilégios na época medieval.
[...] uma vez que ortogados pela autoridade real num contexto social e econômico marcado pela desigualdade, cuidado-se mais, propriamente, de direitos de cunho estamental, atribuído a certas castas nas quais se estratificava a sociedade medieval, alijando grade parcela da população do seu gozo.
Na Inglaterra, como pode-se perceber os direitos humanos
apesar de varias restrições do poder estatal começou a ser tratado, em 1215,o que
foi muito importante para o posterior reconhecimento nas constituições posteriores a
essa data.
1.7 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DO HOMEM NOS ESTADOS
UNIDOS
Já nos Estados Unidos da America, pode-se citar vários
documentos históricos como a Declaração de Direitos de Virginia, de 16-6-1776;
Declaração de Independência dos Estados Unidos da America, 4-7-1776;
Constituição dos Estados Unidos da America, de 17-9-1787.
Na Declaração de Direitos de Virginia, seção I já proclama o direito a vida, a liberdade e a propriedade. Outros direitos fundamentais foram expressamente previstos, tais quais, o principio da legalidade, o devido processo legal, o Tribunal do Júri, o principio do juiz natural e imparcial, a liberdade de imprensa e a liberdade religiosa.
A Declaração de Independência dos Estados Unidos da America, documento de inigualável valor histórico e produzido basicamente por Thomas Jefferson, teve como Tonica preponderante a limitação do poder estatal.
A Constituição dos Estados Unidos da America e suas primeiras emendas, aprovadas em 25-9-1789 e ratificadas em 15-12-1789,
65
SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais, 4ª edição. Porto Alegre, Livraria do Advogado. 2005.p.48.
36
pretenderam limitar o poder estatal estabelecendo a separação dos poderes estatais e diversos direitos humanos fundamentais: liberdade religiosa; inviolabilidade de domicilio; devido processo legal; julgamento pelo tribunal do júri; ampla defesa; impossibilidade de aplicação de penas cruéis ou aberrantes66.
A Constituição de 1787, o direito constitucional norte-
americano não começa nesse ano, sem esquecer os Covenants e demais textos da
época colonial, integram, a nível de principio e valores ou símbolos, a declaração de
independência, a declaração da Virginia e outras declarações de direito dos
principais Estados67.
Na mesma linha de raciocínio segue BASTOS68, ao descrever
que a Declaração Americana ocorreu a partir da Independência das Colônias em
1776, dando destaque a do Estado da Virginia, que proclama em seu art. 1°:
Que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes, e tem certos direitos natos, dos quais, quando entram em estado de sociedade, não podem por qualquer acordo privar ou despojar seus posteros e que são: o gozo da vida e da liberdade com os meios de adquirir e de possuir a propriedade e de buscar e de obter a felicidade e a segurança.
Conquista histórica na transformação da confederação dos
Estados independentes sucessores das treze colônias britânicas da costa oriental da
America do Norte em união de natureza estatal, o federalismo americano é um
federalismo perfeito em que se verificam, simultaneamente, uma estrutura de
sobreposição, cada sujeito a dois poderes políticos e dois ordenamentos jurídicos e
uma estrutura de participação, com poder político central como resultante da
agregação dos poderes políticos dos Estados Federados69.
1.8 PODER JUDICIÁRIO E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O poder Judiciário é um órgão consagrado como órgão
independente tendo como função de guardião da Constituição.
66
MORAIS, Alexandre de.Direitos Humanos Fundamentais, 6 edição. São Paulo, Atlas. 2005. P.9 e 10.
67 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional,Coimbra. 2003.p. 142.
68 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional, São Paulo, Celso de Bastos. 2002. P.300.
69 MIRANDA,Jorge. Manual de Direito Constitucional,Coimbra. 2003.p. 145.
37
Como afirma Sanches Viamonte, Bibliográfico Argentino, em
citação feita por MORAIS70.:
[...] sua função não consiste somente em administrar a justiça, pura e simplesmente, sendo mais, seu mister e ser o verdadeiro guardião da Constituição, com a finalidade de preservar os direitos humanos fundamentais e, mais especificamente, os princípios da legalidade e igualdade, sem os quais os demais se tornariam vazios.
Incumbido o Poder Judiciário de garantir e efetivar o pleno
respeito aos direitos humanos fundamentais, sem que a lei possa excluir de sua
apreciação qualquer lesão ou ameaça de direito, deve ele garantir o controle a
constitucionalidade.
1.9 MINISTÉRIO PUBLICO E DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
FUNDAMENTAIS
Para se garantir a plena aplicação das normas de direitos
humanos fundamentais foi preciso a criação de vários órgãos que defendiam esses
direitos, com isso nasceu o Ministério Público, que atua como uma instituição
paralela e independente aos demais poderes do Estado.
Em 1809 a Constituição Sueca com a finalidade de defender os
direitos e garantias fundamentais do cidadão criou a figura da ombudsman, que era
vinculado ao Poder Legislativo, mas tinha a função de tutelar os direitos
fundamentais do individuo. Função essa inerente ao Ministério Publico como define
MORAIS71:
A idéia modernamente defendida, portanto,e da necessidade de instituições independentes, paralelas aos tradicionais poderes do Estado, e com a missão de tutelar os direitos fundamentais, fiscalizando o cumprimento por parte do poder estatal das previsões constitucionais e legais, e exigindo a cessação e reparação de eventuais ilegalidades ou abusos de poder ao Poder Judiciário.
Deveres esses que foram incumbidos ao Ministério Publico,
também pela Constituição Federal de 1988, ao consagrar como sua função o zelo
70
MORAIS,Alexandre de.Direitos Humanos Fundamentais, 6 edição. São Paulo, Atlas. 2005. P.40.
71 MORAIS, Alexandre de, Direitos Humanos Fundamentais, 6ª edição. São Paulo, Atlas. 2005. P.41.
38
pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância aos direitos
assegurados nesta Constituição, provendo as medidas necessárias a sua garantia,
sendo assim função desse a proteção de todos os direitos do individuo.
CAPÍTULO 2
A ORGANIZAÇÃO SINDICAL.
Superada a parte histórica dos direitos fundamentais do
homem, trabalhado no primeiro capitulo, o presente capitulo volta-se a estudar a
organização sindical trazendo a evolução histórica, conceito e suas características e
funções para com a sociedade e para com o Estado.
2.1 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SINDICATO.
O direito Coletivo de trabalho nasce com o
reconhecimento do direito de associação dos trabalhadores, noção de
sindicato tem sua origem com a Revolução Industrial (século XVIII), sobre
esse tema relata, MARTINS72:
As crises que importaram no desaparecimento das corporações de oficio acabaram propiciando o surgimento dos sindicatos. As corporações de oficio foram criadas como forma de reunião dos trabalhadores, objetivando melhores condições de vida. A forma de funcionamento das corporações acabou também provocando um antagonismo interno, pois os mestres determinavam tudo, terminando com a união existente e dando lugar ao descontentamento, razão pela qual foram surgindo reivindicações,principalmente dos aprendizes e companheiros.
O mesmo autor relata ainda, que o berço do sindicalismo foi a
Inglaterra, onde, em 1720, foram formadas associações de trabalhadores para
reivindicar melhores salários e condições de trabalho, inclusive a limitação da
jornada de trabalho.
72
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ªedição. São Paulo, Atlas. 2009, p. 686.
40
Sobre a evolução histórica do sindicato MANUS73, citando
Délio Maranhão relata que:
A introdução da máquina no processo industrial cria, através daquelas enormes concentrações de trabalhadores em redor da própria máquina, a figura do assalariado e, juridicamente, instaura-se o princípio da ampla liberdade de contratação, sem qualquer limite à vontade das partes. Afirma ainda, que, embora o indivíduo continuasse a ser solicitado ao trabalho, não mais importava sua capacidade pessoal e sua habilidade, que eram fundamentais aos artesãos. Deveria ser, apenas treinado para operar máquina, o que era possível igualmente às crianças de dez, oito e até seis anos. (...) Aquela hipotética igualdade entre empregado e empregador, tendo em conta a evidente disparidade entre ambos – o patrão detinha os meios de produção, a máquina, além do poder de dirigir a prestação de serviços – representava na realidade uma desigualdade alarmante. Era claramente a liberdade de o patrão explorar sem limites e de o empregado ser explorado sem defesa.
Os patrões comandavam os trabalhadores em prol de seus
lucros, por possuir todos os meios de produção e os empregados que possuíam
apenas a mão-de-obra detinham apenas obrigações.
MARTINS74 aponta que já existia sindicatos, com a influência
de trabalhadores estrangeiros que vieram a prestar serviços no Brasil, eram
denominadas de ligas operárias.
Os primeiros sindicatos que foram criados no Brasil datam de 1903. Eram ligados à agricultura e à pecuária. Foram reconhecidos pelo Decreto n° 979, de 6-1-1903. O movimento sindical alcança dimensão nacional com o 1° Congresso Operário Brasileiro, realizado no Rio de Janeiro, em 1906, quando é fundada a Confederação Sindical Brasileira. Em 1907, surge o primeiro sindicato urbano (Decreto n° 1.637/1907).
Em 1930 durante a Revolução, foi baixado o Decreto n°
19.770, de 19-3-31, que estabelecia a distinção entre sindicato de empregados e de
empregadores, exigindo seu reconhecimento pelo Ministério do Trabalho. O
sindicato não poderia exercer qualquer atividade política.
Os sindicatos poderiam celebrar convenções ou contratos coletivos de trabalho. Foram agrupadas oficialmente profissões idênticas, similares e conexas em bases municipais. Vedou-se a filiação de
73
MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Direito do trabalho. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 182.
74 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009, p. 697.
41
sindicatos a entidades internacionais sem autorização do Ministério do Trabalho. Passaram os sindicatos a exercer funções assistenciais75.
O sindicato no Brasil surgiu com a imposição do Estado, sem a
possibilidade de ser criado de maneira totalmente independente e desvinculado.
Havia necessidade de se encaminhar o pedido de reconhecimento do sindicato ao
Ministro do Trabalho, acompanhado de cópia autenticada dos estatutos da
associação.
O artigo 8° da CRFB/88 institui que é livre a associação
profissional ou sindical, o que já constava das Constituições de 1937 (art. 138), 1946
(art. 159) e EC n° 1/69 (rt. 166). Mas confronta-se com o inciso II do presente artigo
em que estabelece que seja proibida a criação de mais de um sindicato de categoria
profissional ou econômica, em qualquer grau, na mesma base territorial.
DELGADO76, aborda o período inicial do sindicalismo brasileiro,
relatando o surgimento das primeiras associações. Explica ainda, quanto à formação
das entidades coletivas, e o período da criação dos sindicatos:
As primeiras associações de trabalhadores livres mas assalariados, mesmo que não se intitulando sindicatos, surgiram nas décadas finais o século XIX, ampliando-se a experiência associativa ao longo do século XX. Tratava-se de ligas operárias, sociedade de socorro mútuo (...). Na formação e desenvolvimento dessas entidades coletivas teve importância crucial a presença da imigração européia, que trouxe idéias e concepções plasmadas nas lutas operárias do velho continente. (...) Algum tempo depois, o Decreto n. 979, de 1903, facultaria a criação de sindicatos rurais (...) ao passo que, em 1907, o Decreto Legislativo n. 11.637 estenderia a vantagem à área urbana, facultando a criação de sindicatos profissionais e sociedades cooperativas. (...) Ao lado desse sindicalismo mais proeminente, surgem também entidades sindicais em torno do parque industrial que se forma entre 1890 e 1930 no país, principalmente em São Paulo.
Segundo SUSSEKIND77, não foi promovida a Revolução 1930
por associações de trabalhadores, mas sim por políticos e militares que contou com
apoio popular, tanto no mundo intelectual, como do proletário.
75
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 797.
76 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 6ª. ed. São Paulo: Ltr, 2007. p. 1358.
42
A Constituição de 1988 foi considerada a mudança mais
importante no modelo trabalhista e sindical brasileiro, fixou reconhecimento e
incentivos jurídicos efetivos ao processo negocial coletivo autônomo. Mas, a
CRFB/88, preserva institutos e mecanismos autoritários corporativos oriundos das
bases do velho modelo jus trabalhistas, como a antiga estrutura sindical
corporativista. Neste ponto, DELGADO78, explica:
Não se pode negar, é verdade, os claros pontos de avanço democrático na Constituição brasileira: a nova Carta confirma em seu texto o primeiro momento na história brasileira após 1930 em que se afasta, estruturalmente, a possibilidade jurídica de intervenção do Estado – através do Ministério do Trabalho – sobre as entidades sindicais. Rompe-se, assim, na Constituição com um dos pilares do velho modelo: o controle político-administrativo do Estado sobre a estrutura sindical.
Sendo assim, o sindicato não se sente pressionado pelo
Estado para deliberar em Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho, sendo
exigido apenas o registro de sua constituição, no Ministério do Trabalho, como
veremos a seguir.
2.2 CONCEITO DE SINDICATO.
Na CLT não se tem uma definição do que é sindicato, apenas
esclarece em seu artigo 511, que “é licita a associação para fins de estudo, defesa e
coordenação de seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como
empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos, ou profissionais
liberais, exerçam, respectivamente a mesma atividade ou profissão ou atividades ou
profissões similares ou conexas.
77
SUSSEKIND, Arnaldo. Direito constitucional do trabalho. 2ª ed. ampl. e atual. Rio de Janeiro:
Renovar, 2001. p. 344.
78 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 6ª ed. São Paulo: Ltr, 2007. p. 1364.
43
Para MARTINS79:
Sindicato é, assim, a associação de pessoas físicas ou jurídicas que tem atividades econômicas ou profissionais, visando a defesa dos interesses coletivos e individuais de seus membros ou da categoria.
Com isso o sindicato pode reunir pessoas físicas e jurídicas
com a finalidade de defender seus interesses ou de sua categoria. BARROS80 define
sindicato da seguinte forma:
O sindicato vem sendo definido legalmente como uma forma de associação profissional devidamente reconhecida pelo Estado como representante legal da categoria.
Em seu conceito de Barros, define apenas a categoria
profissional não fazendo qualquer menção a pessoa jurídica.
Neste Contexto, preceitua PRETTI81:
Sindicato é a associação de pessoas físicas ou jurídicas que têm atividades econômicas ou profissionais, visando à defesa dos interesses coletivos e individuais de seus membros ou da categoria. É uma associação espontânea entre as pessoas. (...) O sindicato é uma pessoa jurídica de direito privado, pois não pode haver interferência ou intervenção no mesmo, como preceitua o art. 8°, II, da Constituição Federal.
Em assim sendo, o sindicato atua em prol dos trabalhadores e
dos empregadores sem a interferência do Estado.
2.3 NATUREZA JURÍDICA
Para definir a natureza jurídica é preciso entender que em
regra o enquadramento depende do ordenamento jurídico de cada país que vai
definir se pessoa jurídica de direito privado ou publico. No Brasil é considerado
pessoa jurídica de direito privado.
79
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 703.
80 BARROS, Aline Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2009. P. 1237.
81 PRETTI, Gleibe. CLT comentada e jurisprudência trabalhista. p. 338.
44
O sindicato pela definição, do artigo 8, I da CFRB/88 é pessoa
jurídica de direito privado, pois a Constituição no artigo citado proíbe a interferência
e a intervenção na organização sindical e em seu caput dispõe que é livre a
associação profissional ou sindical.
Para MARTINS82 pode se dizer que o sindicato é uma
associação civil de natureza privada, autônoma e coletiva, pois não tem interferência
ou intervenção do Estado no sindicato e esse faz normas coletivas de trabalho como
as convenções e acordos coletivos que não tem natureza publica, privada.
Nessa mesma linha de raciocínio segue BARROS83:
No Brasil, o sindicato é pessoa de direito privado. O Estado estabelece a exigência formal (registro no Ministério do Trabalho) apenas para que o sindicato adquira personalidade jurídica, sindical e representatividade da categoria.
A mesma autora ainda aponta três teorias utilizadas para
distinguir a natureza da entidade sindical, de direito público e de direito privado:
(...) A primeira delas é a teoria do fim, segundo a qual é o interesse público que define a natureza jurídica do ente; embora agindo no próprio interesse, o sindicato é destinado satisfazer interesses públicos próprios do Estado. (...) A segunda teoria é a da funcionalidade, segundo a qual a pessoa jurídica será de interesse público se toda a sua atividade estiver submetida ao controle do Estado. (...) Por fim, temos a teoria integral ou eclética, que engloba as duas anteriores e considera a entidade como de direito público se o Estado intervém na constituição ou na gestão da pessoa jurídica, ou em ambas, ora com meios jurídicos, ou, ainda, se o Estado impõe vigilância e tutela, ou normas particulares da administração, ou cria órgãos de controle84.
Analisando o entendimento da doutrina predominante o
sindicato brasileiro tem natureza jurídica de direito privado e detém a função de
defesa dos interesses coletivos e individuais dos seus representados, tendo assim,
atribuições de interesse público.
82
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 704.
83 BARROS, Aline Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2009. P. 1238.
84 BARROS, Aline Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2009. P. 1238.
45
2.4 UNICIDADE E PLURALIDADE SINDICAL.
Em alguns lugares é permitido a criação de apenas um
sindicato e em outros mais de um sindicato na mesma região, o que é definido como
unicidade e pluralidade sindical,sistema este admitido na França, Itália, Espanha
entre outros países. No Brasil é admitido o sistema de sindicato único.
Essa liberdade sindical foi aprovada pela Organização
Internacional do Trabalho com a convenção n. 87, convenção esta que foi ratificada
por mais de 100(cem) países e que dispõe sobre a liberdade de escolha dos
interessados do melhor sistema.
Isso significa que o sistema de liberdade sindical plena, não
sustenta que a lei deva impor a pluralidade sindical. Mas sustenta, apenas que não
cabe a lei regular a estruturação e organização internas aos sindicatos, cabendo a
estes eleger a melhor forma de se instituírem85.
Entre os doutrinadores encontra-se defesas para os dois
sistemas uns defendem que a representação por apenas um sindicato é melhor em
virtude da força de representação perante o Estado na defesa de toda a categoria e
os que defendem o pluralismo combatem encima da liberdade de escolha do
trabalhador.
NASCIMENTO86, defende o atual sistema ao afirmar:
[…] sem um sindicato único representando a profissão, como seu órgão exclusivo, jamais seria possível uma cooperação eficiente entre ele e o governo. Desde que cada grupo se fragmentasse em numerosos sindicatos, quanto muito representariam estes os seus interesses, nunca, porém, os interesses de toda a comunidade. Cada sindicato, por sua vez, teria uma orientação ideológica a margem, se não divergente do modo como entenderia o Estado a solução de tal ou qual problema, cuja natureza, de ordem trabalhista[...].
85
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo. LTr. 2006. P.1330.
86 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho,19ª edição. São Paulo. Saraiva. 2004. P. 1019.
46
Com a unicidade sindical o trabalhador fica melhor
representado porque esse sindicato representa os interesses de toda uma categoria
e não de apenas algumas pessoas em isolado.
Para MARTINS87:
[...] com a pluralidade sindical, cada um poderia constituir o sindicato que quisesse. Os sindicatos devem ser criados por profissão ou por atividade do empregador, porém livremente. A tendência seria, num primeiro momento, a criação de muitos sindicatos. Posteriormente as pessoas iriam perceber que muitos sindicatos não tem poder de pressão e iriam começar a se agrupar, pois sozinhos não teriam condições de reivindicar melhores condições de trabalho.É o que tem acontecido com os partidos políticos.
A pluralidade sindical não teria a mesma força de um sindicato
por categoria, pois, iria representar apenas aqueles trabalhadores associados ao
mesmo e não toda a categoria o que enfraquece o sindicato e com isso acaba se
extinguindo.
Ementa: DESMEMBRAMENTO DE CATEGORIA DISTINTA CONGREGA EM UM ÚNICO SINDICATO. PRINCÍPIO DA UNICIDADE SINDICAL. NÃO AFRONTA. O princípio da unicidade sindical, previsto no art. 8º, II da CF diz respeito à vedação da pluralidade de sindicatos representantes de uma mesma categoria, e não ao desmembramento de categorias distintas congregadas em único sindicato (resguardando também o critério da especificidade estabelecido nos artigos 570 e 571, da CLT), possibilitando a dissociação de fração da categoria, antes sindicalizada de forma agrupada com outros profissionais afins ou conexas pelo seu reduzido número, em uma nova entidade88. (Processo: Nº 08719-2008-026-
12-00-1 Juiz José Ernesto Manzi - Publicado no TRTSC/DOE em 19-03-2010)
2.5 CRIAÇÃO E REGISTRO DE SINDICATO
A incorporação do princípio da autonomia pelo art. 8°, I da
CRFB/88 e a proibição expressa de não intervenção e interferências do Estado nos
sindicatos, causou uma série de duvidas a cerca de qual era o órgão responsável
87
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 706.
88 Jurisprudência do TRT, disponível em: <http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/form-juris.asp>. -
Publicado no TRTSC/DOE em 20-09-2010, acessado em 27-09-2010.
47
pelo registro. Duvida essa que foi sanada pelo Supremo Tribunal Federal, o qual
pacificou a matéria, definindo que os estatutos sindicais, independente da inscrição
no Cartório de Pessoas Jurídicas, teriam de ser levados a depósito no órgão
correspondente ao Ministério do Trabalho, para fins essencialmente cadastrais e de
verificação da unicidade.89
Conforme MACEDO90, aponta, em sua obra “(...) No regime
jurídico anterior à CRFB/88, a criação de um sindicato deveria ser antecedida pela
existência de uma associação que representasse os interesses da categoria (CLT,
art. 515)”.
Ainda, o mesmo autor relata que:
A Constituição Federal de 1988 não só revogou necessidade de prévia existência de uma associação, mas também atribuiu a empregados e empregadores a possibilidade de, a seu critério, criar entidades sindicais. Manteve ainda, o princípio da unicidade sindical, o que gerou a necessidade de determinar qual seria o órgão responsável pelo registro das entidades sindicais, conforme previsto no art. 8°, I, da Lei Magna, o qual garantiria a ob servância desse princípio91.
Para a criação e registro do sindicato é necessário alguns
documentos obrigatórios.
Explica Henrique MACEDO92, que os documentos devem ser:
(...) edital de convocação dos membros da categoria para a assembléia geral de fundação da entidade (o que também deverá ser objeto de atenção no momento de redução ou ampliação de categoria ou de base territorial), ata referente a essa assembléia realizada, cópia do estatuto social aprovado pela assembléia geral e comprovação do recolhimento das custas devidas para fins de publicações no Diário Oficial.No caso de federação ou de confederação, além dos documentos previstos no mesmo art. 2°, os elencados no art. 3° também devem ser juntados, a saber: o pedido de registro, cópia autenticada das atas de assembléia de cada sindicato constituinte da federação ou do Conselho de
89
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo. LTr. 2006. P.1338.
90 HINZ, Henrique Macedo. Direito coletivo do trabalho. São Paulo: Saraiva. 2005. p. 41.
91 HINZ, Henrique Macedo. Direito coletivo do trabalho. São Paulo: Saraiva. 2005. p. 41.
92HINZ, Henrique Macedo. Direito coletivo do trabalho. São Paulo: Saraiva. 2005. p.42.
48
Representantes de cada federação constituinte da confederação, todos com autorização expressa para a fundação da nova entidade.
Contudo, afirma MARTINS93 que “(...) Apenas o registro do
sindicato no cartório não lhe dará personalidade jurídica de entidade sindical, ante a
necessidade do registro no Ministério do Trabalho”. Isto ocorre, devido à verificação
da base territorial do sindicato que o cartório não tem condições de realizar.
2.6 CATEGORIA
O sindicato conforme determina a Constituição Brasileira de
1988 no art. 8° nos incisos II, III, IV, é feita sob o sistema de categorias o art. 7° da
lei Maior, também emprega a palavra categoria.
Para MARTINS94, categoria é:
Categoria é conjunto de pessoas que têm interesses profissionais e econômicos em comum, decorrentes de identidade de condições ligadas ao trabalho. A categoria compreende, portanto, a organização do grupo profissional ou econômico, segundo as determinações políticas do Estado.
Para NASCIMENTO95 categoria é:
A categoria é o conjunto de pessoas que exercem sua atividade ou o seu trabalho em um desses setores(industriais comerciais) e é nesse sentido em que se fala em categoria profissional, para designar os trabalhadores, e em categoria econômica, para se referir aos empregadores de cada um deles
A CLT em seu art. 511 trata da categoria econômica e
profissional. Categoria econômica é que ocorre quando a solidariedade de
interesses econômicos das pessoas que exerçam atividades idênticas, similares ou
conexas constituindo um vínculo entre elas também chamada de categoria dos
93
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 709.
94 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 710.
95 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho,19ª edição. São Paulo. Saraiva. 2004. P. 1019.
49
empregadores. Já a categoria profissional ocorre quando a similitude de vida oriunda
da profissão ou do trabalho em comum, em situação de emprego da mesma
atividade econômica ou atividades similares ou conexas, também chamada de
categoria dos trabalhadores96.
GOMES97, citando o art. 511§ 1 e 2 da CLT, comenta que a
solidariedade econômica dos que tem a mesma atividade econômica ou similar ou
conexas constituem vinculo social básico que é denominado categoria econômica,
profissão essa exercida pelos empregadores.
E a similitude de condições de vida oriundas da profissão ou
trabalho em comum, em situação de trabalho da mesma atividade econômica e
atividades similares ou conexas, é denominada categoria profissional, essa exercida
pelos empregados.
Existe ainda, além das categorias já mencionadas uma
categoria diferenciada definida pelo art. 511 § 3° da CLT, como a que se forma dos
empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto
profissional especial ou em conseqüência de condições de vida similares.
Categoria essa explicada pela jurisprudência98:
Ementa: UNICIDADE SINDICAL. ART. 8º, II, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CATEGORIA PROFISSIONAL DIFERENCIADA. É sabido que a Constituição da República consagrou a liberdade de associação profissional, vedando a exigência de autorização do Estado para a fundação de sindicato, exceto quanto ao registro no órgão competente (MTE), e manteve a unicidade de representação na mesma base territorial, que não poderá ser inferior à área de um município, sendo vedado que duas entidades sindicais representem a mesma categoria profissional ou econômica no mesmo âmbito territorial. Nesse sentido é que dispõe o inciso II do art. 8º da Lex Fundamentalis. A despeito disso, constituindo o requerido categoria diferenciada, ex vi do estatuído na Portaria nº 3.204, de 18 de agosto de 1988 e da Lei nº 12.023/09, é manifesto o seu direito de representar os trabalhadores movimentadores de mercadorias em geral encontrados em qualquer empresa, independentemente da atividade econômica por esta exercida. (Processo: Nº 03446-2009-
96
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 710 e 711.
97 GOMES, Orlando. Curso de Direito do Trabalho, 17ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2005. P. 582.
98 Jurisprudência do TRT, disponível em: http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/form-juris.asp. Juiz Garibaldi T. P. Ferreira - Publicado no TRTSC/DOE em 20-09-2010, acessado em 27-09-2010.
50
003-12-00-6 Juiz Garibaldi T. P. Ferreira - Publicado no TRTSC/DOE em 20-09-2010)
Ementa: ENQUADRAMENTO SINDICAL. CATEGORIA DIFERENCIADA. NORMAS COLETIVAS. O enquadramento sindical do empregado afere-se a partir da atividade econômica preponderante da empresa, exceto se constatada a existência de categoria profissional diferenciada, situação em que prevalece o critério da condição profissional. No entanto, a observância das regras instituídas por meio de instrumentos normativos firmados pelo sindicato representativo de categoria profissional diferenciada não podem ser exigidas da empresa se esta não participou da negociação coletiva. É este o posicionamento consagrado na Súmula nº 374 do TST99. (Processo: Nº 03733-2008-003-12-00-5 Juiz Gracio R. B. Petrone -
Publicado no TRTSC/DOE em 29-04-2010)
O sindicato da categoria diferenciada é garantido o direito de
representar os trabalhadores movimentadores de mercadorias em geral encontrados
em qualquer empresa, independentemente da atividade econômica por esta
exercida.
99 Jurisprudência do TRT, disponível em: <http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/form-juris.asp> Juiz Gracio R. B. Petrone - Publicado no TRTSC/DOE em 29-04-2010 , acessado em 27-09-2010.
51
2.7 ÓRGÃOS DO SINDICATO
O sindicato é composto por três órgãos que são: assembléia
geral, diretoria e conselho fiscal100.
A Assembléia Geral é órgão soberano em regime de liberdade
sindical. É a assembléia que elege, conforme os estatutos os membros da diretoria e
do conselho fiscal101.
A diretoria é composta de no mínimo de três membros e no
Maximo de sete membros entre estes será eleito o presidente do sindicato, o qual
tem a função de administrar o sindicato e conselho fiscal é composto por três
membros com mandato de três anos, e serão eleitos na assembléia geral, conforme
dispõe o art. 522 da CLT.
O § 3° do art. 543 da CLT determina que fica vedada a
dispensa do empregado sindicalizado ou associado a partir do registro de sua
candidatura de direção ou representação de entidade sindical ou associação
profissional, tendo essa estabilidade até 1(um) ano após seu mandato.
Essa garantia é assegurada também por preceito constitucional
no art. 8°, VIII, que traduz estabilidade provisória atuando como limitação temporária
ao direito potestativo de resilição contratual por parte do empregador102
Para MARTINS103:
A estabilidade do dirigente sindical diz respeito a garantia dada ao trabalhador para poder cumprir seu mandato, representando a categoria. Tal direito é muito importante para o desempenho da atividade do dirigente sindical, de representar a categoria, pois, do contraria, poderia ser dispensado ad nutum pelo empregador. É, porém, um direito que deve ser exercido sem abusos.
100
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 716.
101 GOMES, Orlando.Curso de Direito do Trabalho, 17ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2005. P. 587.
102 BARROS, Aline Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2009. P. 1250.
103 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 716.
52
Assim também é defendida a estabilidade por GOMES104:
O empregado eleito mesmo como suplente para o cargo de administração sindical, ou de associação profissional ou para outra outra representação profissional não poderá: a) ser impedido do exercício de suas funções; b) ser transferido sem causa justificada; c) ser despedido ou sofrer sanções menores. Se o serviço que lhe é confiado impede o exercício de suas funções eletivas o empregador estará, indiretamente, criando embaraços as mesmas. Se transfere do local, mesmo por necessidade, mas de modo a obrigá-lo a mudar de domicilio, descumpre a lei. Se o despede ou suspende ou o censura como represália ao exercício de suas funções representativas, estará cerceando a liberdade da representação.
Estabilidade, assim garantida por lei e defendida pelos
doutrinadores a todo empregado que representar a sua categoria, em razão da
segurança que o empregado precisa para poder defender os interesses de toda a
categoria profissional.
2.8 ELEIÇÕES
Para as eleições sindicais precisa respeitar as normas
estabelecidas pelos art. 529 à 532 da CLT, os quais determinam quem deve e quem
não deve votar.
MARTINS105, defende que as eleições para cargos da diretoria
e conselho fiscal serão realizadas por voto secreto, durante seis horas continuas, no
mínimo, na sede do sindicato, nas delegacias e seções e nos principais locais de
trabalho.
Para NASCIMENTO106, cabe ao estatuto do sindicato dispor
sobre o seu processo eleitoral, e forma de voto secreto ou não.
Conforme NETO107, a livre eleição dos representantes das
organizações de trabalhadores e empregadores, é feita de acordo com as regras
104
GOMES, Orlando.Curso de Direito do Trabalho, 17ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2005. P. 589.
105 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 719.
106 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho, 26ª edição. São Paulo, LTr. 2004. P. 502.
53
estabelecidas nos respectivas estatutos, sendo um elemento essencial da
autonomia sindical. O grupo deve ser governado pelos seus integrantes.
Exemplifica, MARTINS108 que é preciso respeitar também o
direito dos associados que são:
Os associados tem direito de votar nas deliberações da assembléia geral,assim como de ser votados, de exercer controle sobre a gestão do sindicato, inclusive financeira. Farão jus também ao recebimento da prestação dos serviços que o sindicato oferecer, como de assistência social, jurídica, médica dentária, de colônia de férias etc.
Em sendo assim, o principal direito a ser respeitado em uma
eleição é o do associado.
2.9 ENTIDADES SINDICAIS DE GRAU SUPERIOR
São entidades de grau superior conforme art. 533 da CLT, as
federações e as confederações.
Para MARTINS,109 federação é:
(...) entidades sindicais de grau superior organizados nos Estados membros.(...) A federação tem âmbito estadual. Poderão ser constituída desde que congreguem numero não inferior a cinco sindicato, representando a maioria absoluta de um grupo de atividades ou de profissões idêntica, similares ou conexas.
Os interesses representados pelos sindicatos que esta na base
da pirâmide amplia-se centenas de vezes quando refletidos pela federação ou pela
confederação110.
Os órgãos internos das federações é a diretoria constituída de
no mínimo três membros não tendo numero máximo conselho de representação que
107
NETO, José Francisco Siqueira. Liberdade Sindical e Representação dos trabalhadores nos Locais de Trabalho. São Paulo, LTr. 2000. P. 95.
108 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 730.
109 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 720.
110 GOMES, Orlando.Curso de Direito do Trabalho, 17ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2005. P. 598.
54
será formado pelas delegações dos sindicatos, constituída de dois membros e
conselho fiscal composto de três membros que são escolhido pelo conselho de
representação todos com mandato de três anos111.
Já as confederações são entidades sindicais de grau superior
de âmbito nacional. Sendo constituídas de no mínimo três federações, com sua sede
em Brasília112.
As confederações representante dos empregadores se
denominam, Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional do
Comércio, confederação Nacional de Transporte Terrestres. As confederações
profissionais de grau superior representativas dos empregados se denominam,
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Industria, Confederação Nacional dos
Trabalhadores Metalúrgicos, Confederação Nacional dos Trabalhadores do
Comercio113.
Agrupando-se as confederações por ramo de atividade,
industria, comercio, transporte, agricultura etc.
2.9.1 CENTRAIS SINDICAIS
Até 1978 era proibida a criação de centrais sindicais pelo
decreto n° 3.337 o qual foi revogado pela portaria n° 3.100/85 do Ministério do
Trabalho.
A lei 11.648 de 31 de março 2008 no parágrafo único, define
central sindical como:
Considera-se central sindical, para os efeitos do disposto nesta Lei, a entidade associativa de direito privado composta por organizações sindicais de trabalhadores.
111
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 720
112 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 720
113 GOMES, Orlando.Curso de Direito do Trabalho, 17ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2005. P. 600.
55
As Centrais Sindicais, são associações de direito privado de
trabalhadores, logo não são centrais sindicais de empregadores o que também
deveria ocorrer114.
Segundo AUROCA115.
A Constituição criou o sistema confederativo de representação sindical, acatando a solicitação das confederações patronais e de trabalhadores, unidas na luta pela sobrevivência, ameaçadas pelas centrais que pouco a pouco as supraram. O sucesso do grupo de pressão foi tamanho que conseguiu mais, além de referência ao sistema em lugar estranho, ou seja, no inciso IV do art. 8º que criava uma nova contribuição, a ressalva de ficar mantida a mais antiga, prevista em lei, ou seja, a sindical. Com isto, para muitos, do que foi recepcionado pela "velha" CLT, o sistema continuaria o mesmo, constituído pelos sindicatos de base, suas federações e as confederações de cúpula. No entanto, nada impedia que a lei colocasse as centrais no sistema como organzação horizontal, multicategorial e de nível nacional.
A lei 11.648/08 definiu as atribuições das centrais sindicais
entre elas estão, participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos
públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, nos
quais estejam em discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores. Para o
exercício dessa atribuições as centrais sindicais devem cumprir alguns requisitos
que são definidos no art. 2 dessa mesma lei que são:
Art. 2o Para o exercício das atribuições e prerrogativas a que se refere o inciso II do caput do art. 1o desta Lei, a central sindical deverá cumprir os seguintes requisitos:
I - filiação de, no mínimo, 100 (cem) sindicatos distribuídos nas 5 (cinco) regiões do País;
II - filiação em pelo menos 3 (três) regiões do País de, no mínimo, 20 (vinte) sindicatos em cada uma;
III - filiação de sindicatos em, no mínimo, 5 (cinco) setores de atividade econômica; e
114
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 722.
115 AUROCA. José Carlos. Centrais Sindicais – Autonomia e Unicidade. Revista da LTr, vol. 72, n.º 10, p. 1159-1171, out. 2008.
56
IV - filiação de sindicatos que representem, no mínimo, 7% (sete por cento) do total de empregados sindicalizados em âmbito nacional.
Parágrafo único. O índice previsto no inciso IV do caput deste artigo será de 5% (cinco por cento) do total de empregados sindicalizados em âmbito nacional no período de 24 (vinte e quatro) meses a contar da publicação desta Lei.
A lei 11.648/08 dá redação aos artigos 589, 590, 591 e 593 da
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, a principal mudança é na distribuição da
contribuição sindical, que passa 10٪ para as centrais sindicais, diminuindo dessa
forma o percentual para a „Conta Especial Emprego e Salário‟ de 20٪ para 10٪
somente para as centrais dos trabalhadores.
Atualmente existem apenas seis centrais sindicais legalizadas
em conformidade com a lei 11.648/08: CUT (Central Única dos Trabalhadores),
FS(Força Sindical), UGT (União Geral dos Trabalhadores), NCST (Nova Central
Sindical dos Trabalhadores) CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) e
CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).
2.10 FUNÇÕES DO SINDICATO
Para examinar cada função do sindicato se faz necessário a
divisão por tópicos.
2.10.1 Função de representação
O sindicato por sua vez tem várias funções, sendo a principal
delas conforme define DELGADO,116 é a de representação, no sentido amplo, de
suas bases trabalhistas o qual se organiza para falar e agir em nome de sua
categoria e defender seus interesses no plano da relação de trabalho, o que abrange
varias dimensões, a privada a qual o sindicato se coloca em dialogo ou confronto
116
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo. LTr. 2006. P.1339.
57
com os empregadores em vista dos direitos coletivos da categoria. A administrativa,
em que o sindicato busca relacionar-se com o Estado buscando a solução de
problemas trabalhista em sua área de atuação.
MARTINS117, define como função representativa:
(...) a prerrogativa do sindicato de representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses da categoria os interesses individuais dos associados relativos à atividade ou profissão exercida. Uma das funções precípuas do sindicato é a de representar a categoria e não apenas os associados.
Segundo BRITO118, a representação sofre algumas divisões,
quanto a área de atuação. Pode ser dividida em: judicial e extrajudicial; quanto aos
interesses: individuais e coletivos, e quanto aos limites aos limites subjetivos dessa
representação, ergas omnes e dos associados. judicialmente, a representação é
tanto dos interesses individuais como coletivos, extrajudicial desempenha de
representação principalmente perante as empresas, nas gestões que desenvolve em
favor dos trabalhadores.
A representatividade dos sindicatos, conforme definida pelos
doutrinadores e pela legislação não se pode limitar a seus associados, mas, sim
estender a todos os trabalhadores pertencentes a categoria que o sindicato
representa.
2.10.2 Função Negocial
Através dessa função os sindicatos buscam o dialogo com os
empregadores e os sindicatos empresariais com vistas a celebração dos diplomas
negociais coletivos composta por regras jurídicas que irão reger os contratos de
trabalho das respectivas bases representadas.119
117
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 731.
118 BRITO, José Claudio Monteiro Filho. Direito Sindical. São Paulo. LTr. 2000. P. 172 e 173.
119 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo. LTr. 2006. P.1339.
58
BRITO120, relata que: Por ela, busca o sindicato a criação de
normas e condições de vida e de trabalho que traduzam os interesses de seus
representados.
Relata ainda o mesmo autor, a importância de se diferenciar a
negociação coletiva da contratação coletiva, ou seja, que a negociação é meio
autocompositivo de solução de conflitos, enquanto o contrato coletivo é apenas um
dos meios de materializar uma negociação bem sucedida121,.
A Constituição ao reconhecer as convenções coletivas e
acordos de trabalho em seu art. 7° XXVI, está prestigiando a função negocial do
sindicato, além de certos direitos só poderem ser modificados por negociação
coletiva, na qual é obrigatória a participação do sindicato122.
2.10.3 Função econômica
Conforme define o art. 564 da CLT é vedado aos sindicatos
exercer direta ou indiretamente atividades econômicas. É vedada a interferência do
Poder Executivo no sindicato, e não da lei, ao impedir o exercício da atividade
econômica, que não a finalidade do sindicato, mas representar a categoria, negociar
para que sejam feitas normas coletivas123.
MARTINS124, afirma que:
O referido artigo permanece em vigor com a Constituição de 1988, pois é vedada a interferência do Poder Executivo no sindicato, e não da lei ao impedir o exercício de atividade econômica, que não é a finalidade do sindicato, mas representa a categoria, negociar para que sejam feitas normas coletivas etc.
120
BRITO, José Claudio Monteiro Filho. Direito Sindical. São Paulo. LTr. 2000. P. 169.
121 BRITO, José Claudio Monteiro Filho. Direito Sindical. São Paulo. LTr. 2000. P. 169.
122 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 732.
123 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 732.
124 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 732.
59
Para BRITO125, a função econômica do sindicato corresponde
aos meios utilizados para obter a receita necessária para desenvolvimento de suas
atividades. O mesmo autor, não concorda com a permanência do art. 564 da CLT ao
afirmar que:
(...) Em primeiro lugar, que o desempenho de atividade econômicas pelo sindicato é uma necessidade, no mundo atual. Afirma ainda que é necessário que o sindicato tenha autonomia, sob pena de não poder exercer suas finalidades. Entende por fim que as proibições da CLT estão revogadas, por não serem compatíveis com a liberdade garantida pelo texto constitucional, sendo que as atividades econômicas devem manter caráter acessório.
Em sendo assim, o sindicato pode sim ter atividades
econômicas desde que seja para custear suas finalidades.
2.10.4 Função política
A CLT em seu art. 521, “d”, proíbe expressamente a
participação do sindicato em atividades de caráter político-partidário.
Para MARTINS126:
O sindicato deve representar a categoria, participar das negociações coletivas, firmar normas coletivas, prestar assistência aos associados, mas não exercer atividade política,o que desvirtua suas finalidades. O art. 521, d, da CLT mostra a proibição de o sindicato exercer qualquer das atividades não compreendidas nas finalidades elencadas no art. 511 da CLT, especialmente as de caráter político-partidário.
A atividade política partidária é própria dos partidos políticos e
não deve ser desempenhada pelo sindicato, mas não é possível imaginar o sindicato
sem exercer função política, em prol de seus membros nesse sentido, gestões que
faça o sindicato no plano político, em busca da melhoria das condições de vida e de
125
BRITO, José Claudio Monteiro Filho. Direito Sindical. São Paulo. LTr. 2000. P. 164.
126 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 732.
60
trabalho de seus representados são perfeitamente legítimos e em nada contrariam
sua finalidade127.
O sindicato representa a sua categoria profissional em seus
interesses com relação com o trabalho, mas não pode perder a essência para que
foi criado e exercer qualquer atividade política partidária.
2.10.5 Função assistencial
São varias as funções assistenciais dos sindicatos, uma delas
é o dever de manter a assistência judiciária aos associados, independente de salário
que percebam e assistência gratuita aos que recebem menos de dois salários
mínimos, conforme lei n° 5. 584/70 ou aqueles que recebem salário igual o superior
a dois mínimos, mas ficar comprovado não podem demandar em juízo sem prejuízo
do sustento próprio e de sua família128.
Analisando a CLT em seu art. 592, pode-se perceber varias
funções assistenciais do sindicato entre essas assistência técnica, jurídica, médica,
dentária, hospitalar, farmacêutica, à maternidade, creche, educação, colônias de
férias, formação profissional entre outros.
A função assistencial consiste na prestação de serviços
prestados pelos sindicatos a seus associados ou, de modo extensivo em alguns
casos, a todos os membros da categoria. Serviços estes como educacionais,
médicos jurídicos entre outros129.
Esta função do sindicato, importa na atribuição que lhe é
conferida pela lei ou por seus estatutos, para prestar serviços a seus representados
contribuindo para o desenvolvimento do ser humano130.
127
BRITO, José Claudio Monteiro Filho. Direito Sindical. São Paulo. LTr. 2000. P. 167.
128 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 733.
129 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo. LTr. 2006. P.1339.
130 BRITO, José Claudio Monteiro Filho. Direito Sindical. São Paulo. LTr. 2000. P. 170.
61
2.11 RECEITAS DO SINDICATO
Entre as formas de receitas dos sindicatos estão as
contribuições sindicais, que são a contribuição sindical obrigatória, a confederativa, a
assistencial e das mensalidades dos associados.
A contribuição sindical obrigatória também conhecida por
imposto sindical trata-se de uma receita recolhida uma única vez, anualmente, em
favor do sistema sindical nos meses e montantes fixados pela CLT, quer se trate de
empregado, profissional liberal ou empregador.131
Já a contribuição confederativa é exigível somente dos
associados conforme define o art. . 8º, IV, da CRFB/88 e súmula 666 do STF:
Súmula 666, 2003. Origem: STF. Publicado em 19-10-2003.
Assunto: A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
A contribuição sindical assistencial diz respeito em regra a contribuição sindical aprovada em acordo ou convenção coletiva, normalmente para desconto em folha de pagamento em uma ou em poucas parcelas ao longo do ano.
O mesmo entendimento tem o TST, em Procedente Normativo
em Dissídios Coletivos nº 119:
"A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados."
131
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo. LTr. 2006. P.1340.
62
A jurisprudência é unanime ao decidir em consonância com o
entendimento com esse procedente normativo:
CONTRIBUIÇÕES ASSISTENCIAL - EMPREGADOS NÃO ASSOCIADOS - NÃO-EXIGIBILIDADE - PRECEDENTE NORMATIVO Nº 119 DA SDC. Sem razão o recorrente quanto às alegações de que, por força do contido em acordo coletivo, é lícito o desconto de contribuição assistencial e confederativa a todos os trabalhadores da categoria e de que o Precedente Normativo nº 119 da SDC é aplicável tão-somente aos dissídios coletivos e não aos acordos coletivos, como no caso em tela, na medida em que as cláusulas firmadas entre as partes têm força de lei. A Constituição Federal assegura, a todos os trabalhadores, o direito de livre associação e sindicalização (artigos 5º, XX, e 8º, V). Ofende essa liberdade a existência de cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa que estabelece contribuição assistencial a favor de entidade sindical, quando obriga empregados não sindicalizados ao seu pagamento. Portanto, cláusulas que impõem o desconto compulsório de referida contribuição, para os integrantes da categoria profissional, abrangendo não filiados ao sindicato, carecem de eficácia, porque flagrantemente ao arrepio da inteligência dos artigos 5º, XX, e 8º, IV, da Constituição Federal. Nesse sentido dispõe a jurisprudência da e. Seção de Dissídios Coletivos desta e. Corte (Precedente Normativo nº 119 e Orientação Jurisprudencial nº 17) e do c. Supremo Tribunal Federal (Súmula nº 666). Agravo de instrumento não provido132.
As receitas adquiridas validamente, independente de estarem
relacionadas no disposto legal ou não, podendo dar a elas destinação que for
entendida conveniente, mediante deliberação regular e, desde que, isto seja feito em
prol do desempenho da finalidade básica da unidade sindical, que é coordenar e
defender interesses econômico ou profissionais133.
2.12 PRÁTICAS ANTISINDICAIS
Antes de conceituar práticas anti-sindicais, é preciso mencionar
sobre o direito do homem, pois os homens nascem para ser livres e iguais perante a
132 <http://br.vlex.com/vid/58876792>, acessado em 20/08/2010, as 22:42. 133
BRITO, José Claudio Monteiro Filho. Direito Sindical. São Paulo. LTr. 2000. P. 152.
63
lei. As distinções sociais não podem ser fundadas senão sobre a utilidade comum.
Na visão de BOBBIO134:
(...) sem direitos do homem reconhecidos e protegidos não há democracia; sem democracia não existem as condições mínimas para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras, ademocracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que não tenha a guerra como alternativa, somente quando existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele Estado, mas do mundo.
CAPPELLETTI135 estabelece que “(...) O esforço de criar
sociedades mais justas e igualitárias centrou as atenções sobre as pessoas comuns
(...)”.
Com a organização dos sindicatos os movimentos sociais
ocuparam um importante lugar nas lutas travadas pela redemocratização e por uma
sociedade mais justa e igualitária. Foram alcançadas importantes conquistas,
principalmente na promulgação da CRFB/88, que ampliou e tornou claros os direitos
do cidadão no espaço público.
As Centrais sindicais explicam o significado de práticas
antisindicais: “são chamadas de Práticas Antisindicais aquelas que, direta ou
indiretamente, cerceiam, desvirtuam ou impedem a legítima ação sindical em defesa
e promoção dos interesses dos trabalhadores"136.
O artigo 8° da CRFB/88 regulamenta a liberdade de associação
profissional ou sindical, a qual compreende além do direito de constituir sindicato,
também o de nele ingressar ou dele retirar-se, e, ainda, o exercício das atividades
sindicais.
134
BOBBIO, Norberto; COUTINHO, Carlos Nelson. A era dos direitos. Nova edição. Rio de Janeiro:
Campus, 2004. p. 21. 135
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso a justiça. tradução e revisão: Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1988. p. 91.
136 PETTA, Augusto César. Combate às práticas antissindicais Disponível em: <http://www.diap.org.br/index.php/artigos/10537-com-as-pas-nao-ha-paz> Acesso em: 26 agosto. 2010.
64
Corroborando a explanação, segue abaixo aresto do Egrégio
Tribunal Superior do Trabalho:
TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA. ENTIDADE SINDICAL. CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL. CABIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Não há como se reconhecer cabimento de ação civil pública com o fim de que o Sindicato assegure oposição dos empregados perante a empresa, por ausência de previsão legal. O direito à liberdade sindical, todavia, resta violado, quando o Sindicato adota conduta anti-sindical, impondo discriminação no tratamento entre empregados sindicalizados e não associados, não só pelo encaminhamento apenas de sindicalizados ao mercado de trabalho, como também pela diferenciação em percentuais de contribuição a serem pagos desses empregados. O conceito de conduta anti-sindical não está atrelada tão somente aos atos estatais que impedem o livre desenvolvimento das atividades do Sindicato, ou das empresas quando inibem a atuação do dirigente sindical. Também está atrelada a conduta do próprio sindicato quando institui privilégio ou limitações em face do empregado ser ou não ser sindicalizado.
Recurso de revista conhecido e parcialmente provido. (TST. PROC:
RR - 318340/2002-030-02-40. PUBLICAÇÃO: DEJT - 05/02/2010. A C Ó R D Ã O 6ª Turma)137.
Cabe ressaltar, que para tornar efetivo o exercício da liberdade
sindical, os ordenamentos jurídicos, proíbem os atos antisindicais.
Desta forma, BARROS138 aludindo Oscar Ermida Uriarte
conceitua Conduta Antisindical:
O conceito de conduta antissindical é amplo e abrange os atos que prejudicam indevidamente um titular de direitos sindicais no exercício da atividade sindical ou por causa desta ou aqueles atos mediante os quais lhe são negadas, injustificadamente, as facilidades ou prerrogativas necessárias ao normal desempenho da ação coletiva.
MARTINS139, considera atos anti sindicais:
São atos antissindicais a não contratação do trabalhador por ser sindicalizado, a despedida, a suspensão, a aplicação injusta de
137
BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho. Jurisprudência do TST. Disponível em:
< http://www.tst.gov.br/jurisprudencia/index_acordao.html> Acesso em: 26 agosto. 2010.
138 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 5ª edição. São Paulo, LTr. 2009 p. 1291.
139 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009. P. 729.
65
outras sanções disciplinares, as transferências, as alterações de tarefas ou de horário, os rebaixamentos, a inclusão de listas negras ou no índex, a redução de remunerações, aposentadoria obrigatória.
BARROS140 aponta as “práticas desleais”, que teve origem na
lei de Wagner, dos Estados Unidos da América, de 1935:
(...) são condutas patronais, entre elas atos de ingerência nas organizações dos trabalhadores, obstrução do exercício dos direitos sindicais, atos de discriminação antissindicais e recusa de negociar coletivamente, hipóteses ampliadas pela jurisprudência. Aponta-se como um dos traços distintivos entre o “foro sindical”e as “práticas desleais”a bilterrização ocorrida nestas e, em geral, ausente naquele, cuja técnica é unilateral, fruto de legislação escrita de cunho tutelar.
Desta forma, constitui-se em prática desleal a coação (física,
moral ou econômica), ou a ameaça contra trabalhadores que estejam, ou desejam
participar, de greve ou de qualquer outro movimento reivindicativo, ou, ainda, a
sugestão para que dele não participem.
Do mesmo modo, ter-se-á essa conduta anti-sindical quando o
empregador prometer vantagens para aqueles que renunciem à greve ou se afastem
do movimento coletivo ou sindical.
Neste sentido, entende o Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho da 3ª Região – Minas Gerais141:
EMENTA: DISPENSA DE DIRIGENTE SINDICAL NO CURSO DA GARANTIA DE EMPREGO. CONDUTA ANTISSINDICAL. DANO MORAL. A Constituição da República de 1988 assegura, no seu artigo 8º, a liberdade de associação profissional ou sindical, a qual compreende não apenas o direito de constituir sindicato e de nele ingressar ou dele retirar-se, mas também o exercício das atividades sindicais, em sentido amplo. Para tornar efetivo o exercício desse direito subjetivo e eficaz o desenvolvimento da atividade sindical, os ordenamentos jurídicos, em geral, proíbem os atos antissindicais. O principal valor a ser protegido aqui é a liberdade sindical, que está exposta a vários tipos de lesão, gerando inúmeros comportamentos suscetíveis de serem enquadrados como antissindicais. O conceito de conduta antissindical é amplo e abrange os atos que "prejudicam
140
BARROS, Aline Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2009. P. 1292.
141 MINAS GERAIS, Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Jurisprudência do TRT. Disponível em:<http://as1.trt3.jus.br/jurisprudencia/ementa.do?evento=Detalhe&idAcordao=760599&codProcesso=754446&datPublicacao=30/03/2010&index=0> Acesso em: 26 agosto. 2010.
66
indevidamente um titular de direitos sindicais no exercício da atividade sindical ou por causa desta ou aqueles atos mediante os quais lhe são negadas, injustificadamente, as facilidades ou prerrogativas necessárias ao normal desempenho da ação coletiva" (cf. Oscar Ermida Uriarte. A proteção contra os atos anti-sindicais. São Paulo: LTr, 1989, p. 35). A dispensa do reclamante, dirigente sindical, no curso da garantia de emprego, configura, sem dúvida alguma, conduta antissindical, pois prejudica o exercício da atividade sindical. Em situações como a dos autos em que a conduta antissindical se manifesta no curso da relação de emprego, a doutrina vem sustentando que, comprovada a lesão à liberdade indical, o dano moral se presume. Isso porque trata-se de lesão a um direito fundamental.
Recurso ordinário provido para deferir ao reclamante compensação pelo dano moral decorrente da conduta antissindical adotada pela empresa. ( Processo 00981-2009-013-03-00-1 RO Data de Publicação 30/03/2010 Órgão Julgador Sétima Turma Relator Alice Monteiro de Barros).
Desta maneira, preleciona BARROS142: que os “atos de
discriminação antisindical dirigem-se a um ou a vários trabalhadores,embora
reúnam valores individuais ou coletivos, enquanto os atos de ingerência dirigem-se
mais diretamente à organização profissional”.
142
BARROS, Aline Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 5 edição. São Paulo, LTr. 2009. P. 1292.
CAPÍTULO 3
O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A
UNICIDADE SINDICAL
3.1 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A dignidade da pessoa humana é um dos assuntos mais
debatidos entre os políticos em seus encontros internacionais. Em qualquer acordo
internacional se tem sempre a preocupação de respeitar a dignidade da pessoa
humana.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 em
seu preâmbulo reconhece a dignidade da pessoa humana da seguinte forma:
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla.
A Convenção, no seu Preâmbulo, tem como propósito,
promover a paz entre os povos em um regime de liberdade pessoal e de justiça
social, fundado no respeito dos direitos essenciais do homem, estabelecendo a
obrigação dos Estados de respeitar os direitos e as liberdades nela reconhecidos
para tornar efetivos tais direitos.
68
Em seu artigo primeiro assegura a todos os seres humanos a
dignidade a que lhe é de direito:
Artigo I. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Mas, é preciso saber o que significa dignidade da pessoa
humana, e como ela é compreendida pelos seres humanos.
Para NASCIMENTO143 é:
A dignidade é o valor subjacente a numerosas regras do direito. A proibição de toda a ofensa à dignidade da pessoa é uma questão de ao ser humano o que leva o direito positivo a protegê-lo, a garanti-la e a vedar atos que podem de algum modo levara sua violação, inclusive na esfera dos direito sociais.
MORAIS144 define dignidade da pessoa humana como um valor
espiritual e moral:
A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.
O mesmo autor ainda explica que o direito à vida privada, à
intimidade, à honra, à imagem entre outros, aparece como conseqüência da
consagração da dignidade da pessoa humana, e como fundamento da Republica
Federativa do Brasil145.
143
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho,26ª edição. São Paulo, LTr. 2004. p. 358.
144 MORAIS,Alexandre de.Direitos Humanos Fundamentais, 6ª edição. São Paulo, Atlas. 2005, p.48.
145 MORAIS,Alexandre de.Direitos Humanos Fundamentais, 6ª edição. São Paulo, Atlas. 2005, p.48.
69
SARLET146 propôs uma conceituação jurídica para a dignidade
da pessoa humana:
Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão dos demais seres humanos.
O principio fundamental consagrado pela Constituição federal
da dignidade da pessoa humana apresenta-se em dupla concepção, um direito
individual protetivo, seja em relação ao próprio Estado, seja em relação aos demais
indivíduos e outra concepção, estabelece verdadeiro dever fundamental de
tratamento igualitário dos próprios semelhantes147.
3.2 ACORDOS DOS TRABALHADORES E DOS EMPREGADORES
A CLT define Convenção Coletiva de Trabalho em seu art. 611
da seguinte forma: “é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais
Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam
condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às
relações individuais de trabalho”.
Para DELGADO148, Convenção Coletiva resulta de:
Negociações entabuladas por entidades sindicais, quer as dos empregados, quer as dos respectivos empregadores. Envolve, portanto, o âmbito da categoria, seja a profissional(obreiros), seja a econômica(empregadores). Seu caráter coletivo e genérico é, assim, manifesto.
146
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais.Porto Alegre. Livraria do Advogado, 2001, p. 60.
147 MORAIS, Alexandre de.Direitos Humanos Fundamentais, 6ª edição. São Paulo, Atlas. 2005, p.48.
148 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2006, p. 1376.
70
Conforme determina o art. 617 da CLT, os empregados de uma
ou mais empresas que decidirem celebrar Acordo Coletivo de Trabalho com as
respectivas empresas darão ciência de sua resolução, por escrito, ao Sindicato
representativo da categoria profissional, que terá o prazo de 8 (oito) dias para
assumir a direção dos entendimentos entre os interessados, devendo igual
procedimento ser observado pelas empresas interessadas com relação ao Sindicato
da respectiva categoria econômica149.
Apesar da participação do sindicato dos empregados ser
obrigatória nas negociações coletivas de trabalho, se o sindicato não tem interesse
na negociação, os interessados não poderão ficar esperando indefinidamente, nesse
caso podem promover diretamente as negociações150.
No entendimento de DELGADO151, a participação do sindicato
dos empregadores não é obrigatória, por se entender que esse já é um ser coletivo,
no entanto, a presença do sindicato dos empregados é obrigatória, conforme
determina o art. 8°, VI, CRFB⁄88.
Para celebrar os Acordos e Convenções Coletivas é preciso
respeitar o disposto do art. 612 da CLT, em que “os Sindicatos só poderão celebrar
Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho, por deliberação de Assembléia
Geral especialmente convocada para esse fim, consoante o disposto nos
respectivos Estatutos, dependendo a validade da mesma do comparecimento e
votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois terços) dos associados da entidade,
se tratar de Convenção, e dos interessados, no caso de Acordo, e, em segunda, de
1/3 (um terço) dos mesmos”.
149
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p 814.
150 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p 814.
151 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2006, p. 1377.
71
3.2.1 DEFINIÇÃO DE ACORDO E CONVENÇÃO COLETIVA
Como já exposto anteriormente, as duas figuras jurídicas tem
suas distinções em face dos sujeitos pactuantes e do âmbito de abrangência de
suas regras jurídicas.
DELGADO152 distingue Acordo e Convenção Coletiva da
seguinte forma:
A CCT tem em seus pólos subjetivos, necessariamente, entidades sindicais, representativas de empregados e empregadores, respectivamente. É pacto subscrito por sindicatos representativos de certa categoria profissional e sindicato representativos da correspondente categoria econômica.
A CCT, pra ser realizada é indispensável a presença de amplos
os sindicatos, o sindicato representante da categoria profissional e o sindicato
representante da categoria econômica.
O ACT, ao invés, tem em um de seus pólos subjetivos empregadores não necessariamente representados pelo respectivo sindicato. As empresas, individualmente ou em grupo, podem subscrever, sozinhas, acordos coletivos com o correspondente sindicato representativo de seus empregados. A presença sindical somente é obrigatória quanto ao sindicato representativo dos trabalhadores vinculados à(s) empresa(s) que assina(m) o acordo coletivo de trabalho.
O ACT, por ter sua abrangência menor, incluindo apenas os
empregados das empresas que assinaram o acordo pode ser feito diretamente entre
a empresa e o sindicato representante da categoria profissional esse com presença
obrigatória.
Nesse mesmo sentido compreende MARTINS153, que a
diferença entre as figuras em comentário parte dos sujeitos envolvidos, consistindo
em que o acordo coletivo é feito entre uma ou mais empresas e o sindicato da
categoria profissional, sendo que a convenção coletiva o pacto é realizado entre o
152
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2006, p. 1377.
153 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p 813.
72
sindicato da categoria profissional, de um lado, e sindicato da categoria econômica,
de outro.
JUNIOR154 define convenção e acordo coletivo da seguinte
forma:
Convenção Coletiva – “ é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.” Art. 611, caput, da CLT.
Acordo Coletivo de Trabalho – é o ajustamento entre Sindicatos representativos de categorias profissionais e uma ou mais empresas de condições de trabalho no âmbito das relações de trabalho que, respectivamente, integram. O permissivo para que se firmem os acordos coletivos de trabalho vem do § 1º, art. 611, da CLT.
GOMES155 define Acordo Coletivo ou Acordo Sindicail, como
uma subespécie de Convenção Coletiva, em que não são partes, dos dois lados,
duas associações profissionais reconhecidas, mas apenas uma.
3.2.2 NATUREZA JURÍDICA
Na doutrina pátria existe uma indefinição a cerca da natureza
jurídica das Convenções e Acordos Coletivos.
Essa discussão, NASCIMENTO156, resume em três
concepções diferentes que são:
A concepção contratual. Sustenta o caráter obrigacional das convenções coletivas, sua origem emanada na vontade das partes contratantes e sua aplicação, por conseqüência, no âmbito restrito daqueles que se obrigaram. Os juristas clássicos principalmente procuraram explicar a convenção coletiva, figura nova nos quadros
de direito, mediante critérios civilistas.
154
<www.juliobattisti.com.br>. Luiz Vicente Junior, acessado em 15-10-2010. 155
GOMES, Orlando. Curso de Direito do Trabalho, 16ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2004, p. 588.
156 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho,19ª edição. São Paulo, Saraiva. 2004. p. 1110.
73
A teoria contratualista é proveniente dos conceitos clássicos de
direito civil, por assegurar a autonomia da vontade das partes.
A concepção regulamentar. Os partidários dessa teoria mostram a impossibilidade de enquadramento das convenções coletivas nos esquemas da teoria contratual clássica, tendo em vista que é aplicável aos membros de um grupo ou profissão. Seria uma convenção-lei porque não se destina a criar situações jurídicas subjetivas, mas a estabelecer modelos que serviram de norma na
estipulação de contratos individuais de trabalho.
Por essa teoria, a convenção coletiva de trabalho configura-se
como uma lei profissional e que abrange os membros da categoria profissional, seja
ele associado ou não ao sindicato respectivo, ou seja, pela teoria regulamentar, a
convenção coletiva de trabalho é uma lei, uma vez que possui força normativa
abrangente de pessoas que não participaram diretamente da sua elaboração.
A concepção mista. Alguns autores procuram mostrar a natureza dupla das convenções coletivas, que seriam contratuais na elaboração, emanada de acordo de vontades, e regulamentares nos efeitos, que alcançam não só os signatários mas outras pessoas também.
Verifica-se que a teoria contratualista procura explicar a
natureza jurídica das convenções coletivas como um contrato, decorrente de ajuste
entre as partes157.
Já a teoria normativa procura explicar a natureza jurídica da
convenção coletiva, não como um contrato, mas de acordo com seu efeito, que será
normativo, valendo para toda a categoria e não apenas para os associados do
sindicato, sendo extensiva imediatamente a todas as pessoas que estejam
representadas pelo sindicato158.
Essa indefinição na natureza jurídica da convenção coletiva
SUSSEKIND159, faz a seguinte classificação: teorias civilistas ou contratuais, teorias
de transição ou mistas e teorias jurídico-sociais ou regulamentares.
157
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p. 815.
158 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p. 815.
159 SUSSEKIND, Arnaldo. Instituições de Direito do Trabalho, 19ª edição. São Paulo, LTr. 2000, p. 1171.
74
As teorias civilistas para o mesmo autor são: a do mandato, a
da gestão em negócios, a da estipulação em favor de terceiros e da personalidade
moral fictícia.
Para SUSSEKIND160, a teoria mais se enquadra com o sistema
legal vigente no Brasil hoje é:
Teoria da lei delegada. É uma teoria extracontratual e que se funda na faculdade que tem o Estado de delegar a associações por ele reconhecidas, como representativas dos grupos profissionais e econômicos, o direito de promulgar leis profissionais, cuja vigência e extensão dependem, como é lógico, de manifestação final daquele mesmo Estado.
DELGADO161 define a natureza jurídica da convenção coletiva
da seguinte forma:
São negócios jurídicos celebrados por sujeitos privados (cujo caráter é social, coletivo, e não meramente individual), tendo tais negócios jurídicos o condão de produzir regras jurídicas (e não meras clausulas obrigacionais, como próprio aos demais negócios jurídicos privados). A diferença especifica de tais diplomas perante outros correlatos, esta, portanto, na combinação singular que concretizam: o fato de serem contratos, pactos de natureza privadas, embora coletivas, dotadas de poder de criação de normas jurídicas.
A teoria mista enfatiza essa combinação, é a que melhor
explica a natureza jurídica das convenções coletivas.
3.3 EFICÁCIA E CONTEÚDO
Para MARTINS162 a eficácia da convenção coletiva pressupõe
que haja legitimidade, aplicabilidade efetiva, além da correta interpretação de suas
normas.
160
SUSSEKIND, Arnaldo. Instituições de Direito do Trabalho, 19ª edição. São Paulo, LTr. 2000, p. 1175.
161 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2006, p. 1401.
162 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p. 817 e 818.
75
A legitimidade da convenção coletiva depende da observância dos requisitos formais e essenciais exigidos pela lei, como a capacidade do sindicato de celebrá-la. Todas as clausulas da convenção coletiva devem incidir sobre fatos, pessoas ou relação jurídicas, de maneira a tornar efetiva sua aplicação. Sua interpretação deve ser feita de acordo com a vontade dos convenentes na época em que a celebraram.
Já GOMES163 afirma que a eficácia é problema da política
legislativa.
Sua eficácia e validade derivam de norma do ordenamento jurídico que, expressa ou tacitamente, faz da convenção coletiva fato de produção jurídica. Sua solução não pode derivar da analise de modo de formação e do conteúdo da convenção coletiva, em si mesmos considerados, que permanecem em sua estrutura um ato de formação bilateral, uma ʺconvençãoʺ, entendido como tal o momento do cumvenire in idem placitum das posições inicialmente opostas.
As clausulas das convenções coletivas, podem ter eficácia
limitada, obrigando apenas os sujeitos convenentes e seus respectivos associados,
ou eficácia geral, ‟erga omnesˮ, que obriga não apenas os estipulantes, mas
também as pessoas estranhas aos quadros de associados164.
Nessa mesma linha de raciocínio segue NASCIMENTO165, ao
afirmar que há duas dimensões atribuídas pela lei aos efeitos dos convênios
coletivos, a limitada aos sócios das associações e a genérica a sócios e não sócios
membros do grupo.
A Constituição atribui ao sindicato a defesa dos interesses
coletivos e reconhece as convenções e acordos coletivos, como figura jurídica
adequada à organização das relações individuais de trabalho. A lei ordinária define-a
como ‟acordo de caráter normativoˮ, e prescreve sua inderrogabilidade pelos
contratos individuais de trabalho166.
163
GOMES, Orlando. Curso de Direito do Trabalho, 16ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2004, p. 584.
164 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p. 818.
165 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho,19° edição. São Paulo, Saraiva. 2004. p. 1133.
166 GOMES, Orlando. Curso de Direito do Trabalho, 16ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2004, p. 584.
76
Pode-se observar na jurisprudência que as regras firmadas em
acordo e convenção coletivo de trabalho, entre o sindicato profissional e o sindicato
econômico ou empresa é respeitado:
Ementa: ACORDO COLETIVO. EFICÁCIA. As regras ajustadas entre o sindicato representativo da categoria profissional e a empresa, mediante acordo coletivo, fundamentam-se na Constituição da República em seu artigo 7°, inciso XXVI, não havendo como se questionar a validade de cláusulas de instrumento coletivo, livremente pactuadas, mormente se os representados se beneficiaram de outras vantagens do ajuste entabulado, pressupondo-se a existência de concessões recíprocas. Processo: Nº 00568-2009-019-12-00-6167 .
Ementa: MINEIRO DE SUBSOLO. NORMA COLETIVA. AMPLIAÇÃO DE JORNADA E CARGA HORÁRIA SEMANAL. Vista a Constituição da República como um todo sistêmico, ao buscar o cumprimento dos incisos XIII e XXVI de seu artigo 7º, não se pode desconsiderar a norma inserta no caput deste normativo. Tomadas as aludidas regras em conjunto, os instrumentos coletivos devem ter em mira a melhoria das condições sociais dos trabalhadores, nunca reduzir garantias como a que se encontra presente no artigo 293 da CLT, cujo conteúdo regulamenta a jornada e a carga horária semanal aplicáveis aos que labutam no subsolo de uma mina, tanto mais quando nenhuma menção é feita ao cumprimento do disposto no artigo 295 que lhe sucede, norma cogente, voltada a garantir de condições dignas de higiene, saúde e segurança no ambiente de trabalho hostil que enfrentam por força do liame empregatício. Processo: Nº 01252-2009-055-12-00-5168.
O conteúdo das convenções coletivas esta disciplinado no art.
613 da CLT. Que devera conter obrigatoriamente: designação dos sindicatos
convenentes ou dos sindicatos e empresas acordantes, prazo de vigência,
categorias ou classes de trabalhadores abrangidos pelas suas normas, condições
ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência,
normas para conciliação de divergência surgida entre os convenentes por motivo de
aplicação de seus dispositivos, disposição sobre o processo de sua prorrogação e
de revisão parcial ou total de seus preceitos, direitos e deveres dos empregados e
167
http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/form-juris.asp. Juíza Maria Aparecida Caitano. Acessado em 15-10-2010.
168 http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/form-juris.asp. Juíza Viviane Colucci. Acessado em 15-10-2010
77
empresas, penalidades para os sindicatos convenentes, os empregados e empresa
em caso de violação de suas prescrições169.
GOMES170 faz a mesma divisão do conteúdo normativo, porém
ressalta:
Não se deve equivocar-se a linguagem usada pelo legislador em se referindo a conteúdo obrigatório da convenção coletiva. […] a predeterminação de seu conteúdo é disposta pelo livre concurso de vontade das partes convenentes como negocio de formação bilateral regulador dos contratos individuais em curso ou futuros. Tanto é verdadeira a assertiva que uma convenção coletiva pode deixar de regular matéria a que o texto se refere, como, por exemplo, os comitês de empresa e participação nos lucros. Por outro lado deixaria de ser uma convenção coletiva para se transformar em regulamento legislativo se as condições de trabalho fossem impostas, obrigatoriamente, ao conteúdo da primeira.
Os instrumentos coletivos negociais, contêm, basicamente,
regras jurídicas e clausulas contratuais, ou seja, seu conteúdo engloba, ao mesmo
tempo, dispositivos normativos e dispositivos obrigacionais171.
3.4 CLÁUSULAS OBRIGACIONAL E DE CONTEÚDO NORMATIVO
As cláusula das normas coletivas podem ser divididas em,
normativas e obrigacionais.
DELGADO172 faz a seguinte diferenciação:
As regras jurídicas, de maneira geral, são aquelas que geram direitos e obrigações que se integrar aos contratos individuais de trabalho das respectivas bases representadas. Consubstanciam a razão de ser da negociação coletiva, enquanto mecanismo criador de fontes normativas autônomas do direito do trabalho. Tendem a compor, naturalmente, a maior parte dos instrumentos coletivos de trabalhistas. São seus exemplos preceitos que estipulam maiores do que os heterônomos existentes (noturno, de horas extras, etc.), que
169
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p. 818.
170 GOMES, Orlando. Curso de Direito doTrabalho, 16ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2004, p. 585.
171 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2006, p. 1377.
172 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2006, p. 1377.
78
conferem reajustes salariais ou fixam pisos normativos, que asseguram novas garantias provisórias de emprego, etc.
As cláusulas obrigacionais é aquela que estabelecem direitos e
obrigações entre as partes, cláusulas normativas criam normas aplicáveis às
relações de trabalho.
SUSSEKIND173 diferencia por sua natureza, alcance e fim:
Todas as leis sobre convenções coletivas contêm duas series de regulamentações, que diferem por sua natureza, alcance e fim: a) uma regulamentação dos direitos e obrigações das partes na convenção coletiva sejam sindicatos profissionais, comitês paritários, organizações corporativas ou grupo de trabalhadores participes das instâncias de conciliação; b) uma regulamentação das condições de trabalho em favor das pessoas representadas pelas partes nas convenções coletivas.
MATEUS174 citando Pinho Parreira faz a seguinte
diferenciação:
Cláusulas obrigacionais são as que criam deveres para as próprias partes (p. e. os sindicatos, na convenção), como as sanções por seu inadimplemento, a criação de comissões paritárias para dirimirem divergências quanto à sua interpretação, as que impõem o dever de paz ou de influência junto aos membros da categoria no sentido da observância das obrigações que lhes imponha o acordo ou a sentença, a instituição de processos de recurso e de mecanismos de conciliação e arbitragem a criação de obras sociais, como colônias de férias e creches. É indubitável que as cláusulas dessa natureza não gozam de ultratividade. A sua vigência cessa com a do instrumento normativo que as encerre.
Muito diferente é o que se passa com as cláusulas normativas, aquelas que predeterminam o conteúdo dos contratos individuais de trabalho, salvo quando estes estipulam condições mais favoráveis do que as nelas consignadas.
O conteúdo obrigacional é constituído das cláusulas que tratam
de matérias que compreendem os sindicatos pactuantes, ou seja, as disposições
173
SUSSEKIND, Arnaldo. Instituições de Direito do Trabalho, 19ª edição. São Paulo, LTr. 2000, p. 1179. 174
http://jus2.uol.com.br, Vivianne Tanure Mateus.acessado em 15-10-2010.
79
criadoras de direitos e deveres entre as partes. Um exemplo dessas clausulas é a
criação de uma multa para o sindicato, que descumprir a convenção175.
Já o conteúdo normativo, versa sobre assunto que atinge os
representados, pelo sindicato e que terá reflexo em seu contrato de trabalho. Um
exemplo é clausula que assegura o aumento de salário, para toda a categoria176.
3.5 DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS COLETIVAS
Inicialmente, o Decreto-lei n° 21.761 de 1932, foi a única
sanção existente para quem não cumprisse com as determinações das Convenções
Coletivas, que deveria ajustar multa por infração às cláusulas ajustadas.
Em 1967, com o Decreto-lei n° 229, houve uma alteração em
todo capítulo da CLT que tratava sobre Convenção Coletiva. Introduziu no art. 613
das clausulas obrigatórias das convenções, penalidades para os Sindicatos
convenentes, os empregados e as empresas em caso de violação de seus
dispositivos.
Segundo MARTINS177, quando um empregado infringe uma
norma convencional é por necessidade. Ao contrario o empregador age com dolo,
visando o não pagamento de salário ou vantagem concedida pelas convenções. No
primeiro caso a multa que for imposta ao empregado não pode exceder da metade
daquela que nas mesmas condições seja estipulada para a empresa.
A súmula 384, II do TST, determina aplicação de multa prevista
em instrumento normativo, mesmo se for mera repetição de texto legal.
Súmula 384 II do TST. II-É aplicável multa prevista em instrumento normativo (sentença normativa, convenção ou acordo coletivo) em caso de descumprimento de obrigação prevista em lei, mesmo que a norma coletiva seja mera repetição de texto legal.
175
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p 819.
176 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p 819.
177 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p 819
80
Pode-se notar na jurisprudência que as multas acordadas em
convenção e acordos coletivos de trabalho se faz cumprir:
Ementa: MULTA PREVISTA EM CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. APLICAÇÃO. A aplicação da penalidade do § 8º do art. 477 da CLT não afasta a incidência da multa convencional dispondo sobre pagamento de perdas e danos decorrentes da quitação das verbas rescisórias incontroversas fora do prazo legal. Embora o fato gerador de ambas seja o mesmo, elas foram criadas por fontes normativas distintas e não são incompatíveis entre si. Processo
n°02695-2009-046-12-00-2178
.
Ementa: MULTA CONVENCIONAL. APLICAÇÃO. Merece ser mantida a sentença que impôs a multa convencional prevista em convenção coletiva de trabalho por descumprimento de cláusula que foi objeto de acordo entre as partes. Processo n° 07748-2008-026-12-00-6179.
As multas convencionadas entre as partes nos acordos e
convenção coletiva de trabalho, no que se pode perceber analisando a
jurisprudência elas são acatadas.
Sobre essas penalidades pode-se observar nas convenções
coletivas de trabalho:
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e
do Mobiliário de Joinville (SITICOM) Sindicato da Indústria da Construção Civil de
Joinville(SINDUSCON) prevê a seguinte penalidade:
14 – PENALIDADES PARA RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES FORA DO PRAZO
O não recolhimento das Contribuições previstas nas cláusulas 11, 12 e 13, nas épocas oportunas, acarretará um acréscimo de 0,0666% ao dia, de juros de mora.
Cláusulas 11 contribuição assistencial em favor do sindicato
laboral, 12 subvenção patronal em favor do sindicato laboral e 13 contribuição
assistencial em favor do sindicato patronal.
178
www3.trt12.gov.br. Juíza Lourdes Dreyer. Acessado em 15-10-2010.
179 www3.trt12.gov.br. Juiz Gracio R. B. Petrone. Acessado em 15-10-2010
81
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Produtos
Siderúrgicos e Sindicato dos Empregados no Comércio de Curitiba prevê a seguinte
penalidade:
42. CLÁUSULA PENAL: Como requisito formativo e nos termos do Artigo 613, VIII da CLT, incidirá pena no valor equivalente a 50%(cinqüenta por cento) do piso salarial, revertida em favor do prejudicado pelo descumprimento de obrigações constantes deste instrumento.
Qualquer das normas estabelecidas no convenção coletiva,
que for descumprida incidira essa cláusula penal acima citada.
Sindicato dos Empregados no Comércio de Itajaí e o Sindicato
dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de Santa Catarina
prevê as seguintes penalidades pelo descumprimento das clausula da convenção:
CLÁUSULA TRIGÉSIMA OITAVA PENALIDADES Ficam estabelecidas as seguintes penalidades: a) As empresas que deixarem de cumprir a cláusula 34(Preenchimento das Guias e Recolhimento da Contribuição Confederativa), ficarão sujeitas às penalidades estabelecidas pelo Sindicato Profissional. b) Pelo não cumprimento das demais cláusulas, fica estabelecida as seguintes penalidades por infração que reverterá em favor do Sindicato da categoria profissional:
As penalidades são estabelecidas conforme o numero de
empregados, por exemplo, a empresa que possuir até 05 empregados a multa é de
um piso salarial, de 06 a 15 dois pisos salariais e as empresas com 25 ou mais
empregados quatro pisos salariais.
Nas cláusulas em que for possível o Sindicato Profissional
comunicará a empresa infratora, por escrito, a existência da irregularidade,
concedendo 30 (trinta) dias para a sua regularização.
As multas convencionadas entre os sindicatos, para que os
sindicatos, empregadores e empregados não as descumpram as normas penais
estabelecidas nas convenções e acordos coletivos e quando isso acontece são
penalizados.
82
3.6 CONVENÇÕES COLETIVAS NO SETOR PÚBLICO
A CRFB/88, em seu art. 37, VI, garante ao servidor público o
direito a livre associação sindical, direito esse que é vedado ao militar pela mesma
Carta Magna em seu art. 142,§ 3°, IV. Contudo, não reconhece as convenções e
acordos coletivos de trabalho e por demais se pode observar no art. 61 § 1°, II, a
línea “a” da CRFB/88, a impossibilidade de reajuste salarial por intermédio de
negociação coletiva, pois, a criação de cargos, funções ou empregos públicos na
administração direta e autarquias ou aumento de sua remuneração, só podem ser
feitas por lei de iniciativa do Presidente da República.
Essa mesma proibição pode ser observada na Súmula 679 do
STF:
A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva.
A ordem jurídica brasileira nunca reconheceu o direito de os
servidores participarem da elaboração de regras aplicáveis às relações de trabalho
com o poder público. Em outras palavras, sempre foi negada aos servidores a
autonomia coletiva (ou negociação coletiva). Suas condições de trabalho sempre
foram definidas unilateralmente pela União, pelos Estados Federados, Distrito
Federal ou municípios.
Com a CFRB/88, os servidores públicos civis tiveram
reconhecido o direito de organização sindical (artigo 37, VI, CF) e o direito a greve,
porém não foi explicitada a garantia do direito à negociação coletiva (artigo 39, § 3°,
CF).
Foi reaberto o debate da ratificação da Convenção 151, no
início do segundo mandato do presidente Lula, no Grupo de Trabalho da Mesa
Nacional de Negociação Permanente(MNNP), criada no âmbito da Secretaria de
Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Também
nesta instância, foi indicada a ratificação como um passo essencial para a
consolidação da experiência de negociação realizada pela MNNP. Celebrado entre a
83
Administração Pública Federal e as Entidades Sindicais dos Servidores Públicos
Federais Civis180.
Enfim, o envio da proposta de ratificação da Convenção 151 é
resultado desse processo de luta dos trabalhadores do setor público na busca de
garantir um efetivo processo de democratização das relações de trabalho no Estado
Brasileiro.
Em sendo assim, os servidores públicos podem se associar a
um sindicato, mas seus direitos não são reconhecidos por Acordo ou Convenção
coletiva.
3.7 DURAÇÃO E VIGÊNCIA
A CLT, em seu art. 614, § 3°, proíbe prazo superior a dois
anos, não estipulando prazo mínimo.
Para a prorrogação de sua vigência, é exigida a ratificação
pelos convenentes, seguindo o rito para sua celebração. Na prática, o prazo é
comumente de um ano, esse curto prazo é explicado pela freqüente mudança das
condições econômicas existentes no momento da celebração181.
Os acordos e convenções coletivas de trabalho, em sua
maioria, o prazo é estipulado em um ano, como se pode observar a seguir:
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e
do Mobiliário de Joinville(SITICOM) Sindicato da Indústria da Construção Civil de
Joinville(SINDUSCON) tem vigência de:
02 – VIGÊNCIA. A presente Convenção terá vigência de 12 (doze) meses, iniciando-se em 01/05/2010 e com término em 30/04/2011, abrangendo todos os empregados das empresas abrangidas pela
180
<http://www.servidor.gov.br>, Organização Internacional do Trabalho Agência da ONU. Artur Henrique da Silva Santos. acessado no dia 06- 10-2010.
181 GOMES, Orlando. Curso de Direito do Trabalho, 16ª edição. Rio de Janeiro, Forense. 2004, p. 589.
84
presente, bem como todos aqueles que vierem a ser admitidos no curso de sua vigência.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Produtos
Siderúrgicos e Sindicato dos Empregados no Comércio de Curitiba, esta estipulado
o seguinte prazo de vigência:
01-VIGÊNCIA: A presente Convenção Coletiva de Trabalho terá vigência de 12(doze) meses, de 1º DE MARÇO DE 2009 a 28 DE FEVEREIRO DE 2010.PARÁGRAFO ÚNICO – As partes convenentes realizarão estudos visando alterar a data-base da categoria para 1º de maio.
Na cláusula de vigência além de prever o tempo em que fica
em vigor a convenção, especifica a data exata de entrar em vigor e de seu termino.
Sindicato dos Empregados no Comércio de Itajaí e o Sindicato
dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de Santa Catarina
prevê seu prazo de vigência em:
Cláusula primeira. As partes fixam a vigência da presente Convenção Coletiva de Trabalho no período de 1º de agosto de 2010 a 31 de julho de 2011 e a data-base da categoria em 1º de agosto.
Para esse prazo ser prorrogado é preciso seguir algumas
formalidades, que segundo MARTINS182:
Deve ser precedida de assembléia geral no sindicato, que será especialmente convocada para essa finalidade, de acordo com as determinações de seus estatutos. O quorum para as deliberações da assembléia continua a ser o previsto na CLT e não o dos estatutos dos sindicatos, mesmo na vigência da atual Constituição, pois o que é vedado é a interferência e a intervenção do Poder Executivo no sindicato, e não a disciplina por lei sobre o quorum da assembléia.
O prazo de vigência tem três interpretações entre os
doutrinadores que merecem uma análise que são: aderência irrestrita, aderência
limitada pelo prazo e aderência limitada por revogação.
DELGADO183 as define da seguinte forma:
182
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 25ª edição. São Paulo, Atlas. 2009,p 824.
183 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição. São Paulo, LTr. 2006, p.
85
Aderência irrestrita, sustenta que os indivíduos de tais diplomas ingressam para sempre nos contratos individuais, não mais podendo deles ser suprimidos.[...] Em pólo oposto à antiga vertente situa-se a posição interpretativa que considera que os dispositivos dos diplomas negociados vigoram no prazo assinado a tais diplomas, aderência limitada pelo prazo.[...] Entre essa duas vertentes interpretativas, há a que defende a aderência limitada por revogação.
Na jurisprudência pode-se notar que a aderência irrestrita
sustenta pelo autor acima citado não é assim compreendida e sim vigoram no prazo
assinados a tais diplomas.
CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. VIGÊNCIA EXPIRADA. PEDIDO DE ABSTENÇÃO DE ATO JÁ PRATICADO. IMPOSSIBILIDADE. É incabível dar provimento a pedido de abstenção da prática de um ato fundado em cláusula de Convenção Coletiva vencida. Recurso improvido184.
Aplica-se ainda a sumula 277 do TST, embora essa se dirija à
sentença normativa.
277 - Condições de Trabalho Alcançadas por Força de Sentença Normativa - Prazo de Vigência. As condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos.
Pode-se observar a Orientação Jurisprudencial n° 322 da SDI-1
do TST, que tem a seguinte redação:
OJ-SDI1-322 ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. CLÁUSULA DE TERMO ADITIVO PRORROGANDO O ACORDO PARA PRAZO INDETERMINADO. INVÁLIDA. DJ 09.12.2003 Nos termos do art. 614, § 3º, da CLT, é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas. Assim sendo, é inválida, naquilo que ultrapassa o prazo total de 2 anos, a cláusula de termo aditivo que prorroga a vigência do instrumento coletivo originário por prazo indeterminado.
Para a posição intermediária da aderência limitada por
revogação, onde os dispositivos dos diplomas negociados vigorariam até que novo
diploma negocial os revogassem, é claro que a revogação consumar-se-ia não
apenas de modo expresso, acontecendo de forma tácita, essa ocorreria, por
1397.
184 <http://www.trt14.jus.br>. Acessado no dia 06-10-2010.
86
exemplo, em virtude de um novo diploma regular o conjunto da matéria omitindo
preceitos da velha convenção ou acordo coletivo185
3.8 DIREITOS GARANTIDOS NOS ACORDOS E CONVENÇÕES COLETIVAS DE
TRABALHO DEMOSTRANDO A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA
Pode-se perceber nos acordos e convenções coletivas a
garantia de alguns direitos dos trabalhadores, com melhorias em relação à
Constituição e CLT, como esta descrita a seguir.
Na convenção coletiva do Sindicato dos Empregados em
Hotéis, Similares, Serviços em Geral de Hospedagem, Bares, Restaurante, Fast
Foods e assemelhados de Balneário Camboriú e região e o Sindicato de Hotéis,
restaurantes, Bares e Similares de Itajaí, garantem aos empregados da categoria
por esses representados as seguintes:
23. Licença remunerada para casamento de 5 dias consecutivos, os mesmos 5 dias em caso de nascimento de filho, para que possa prestar assistência a família, garantia de emprego da gestante desde ao momento da concepção até 80 dias após o termino do beneficio previdenciário.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Produtos
Siderúrgicos e Sindicato dos Empregados no Comércio de Curitiba garantem a seus
representados:
18. ESTABILIDADE DA GESTANTE: A gestante gozará de garantia de emprego, ficando protegida contra a despedida arbitrária ou sem justa causa desde o momento da confirmação da gravidez até 150 (cento e cinqüenta) dias após o parto, nos termos da letra b, do inciso II, do artigo 10º do ADCT.
185
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição.São Paulo, LTr. 2006,p.1397
87
A presente norma apenas transcreve o dispositivo legal, não
acrescendo ou diminuindo direito da trabalhadora gestante.
24. AVISO PRÉVIO: O aviso prévio devido pelo empregador ao empregado será de 30 (trinta) dias para o empregado que conta com até 05 (cinco) anos de serviços na mesma empresa, e depois, escalonado proporcionalmente ao tempo de serviço, como segue: A) de 5 a 10 anos de serviços – 45 (quarenta e cinco) dias; B) de 10 a 15 anos de serviços – 60 (sessenta) dias; C) de 15 a 20 anos de serviços – 90 (noventa) dias; D) mais de 20 anos de serviços – 120 (cento e vinte) dias. O empregado que não tiver interesse no cumprimento do aviso prévio devido pelo empregador, poderá solicitar a imediata liberação, percebendo nessa hipótese o salário dos dias trabalhados no respectivo período.
O aviso prévio assegurado para o trabalhador que for
despedido sem justa causa e trabalhava recebendo por quinzena ou mensal, é de
30(cinco) dias no mínimo garantido pela CLT no seu art. 487, II, e na presente
convenção coletiva garante aos empregados esses trinta dias para empregados com
até 5(cinco) anos de serviço na mesma empresa depois desse prazo é por escala
chegando a 120(cento e vinte) dias para os trabalhadores que contarem com mais
de 20(vinte) anos de serviço.
36. ADICIONAL DE HORAS EXTRAS: As horas extras serão pagas, de forma escalonada, com adicional de 65%(sessenta e cinco por cento) para as primeiras 20(vinte) mensais, 85%(oitenta e cinco por cento) para as excedentes de 20(vinte) e até 40(quarenta) mensais, e de 100%(cem por cento) para as que ultrapassarem a 40(quarenta) mensais.
Horas extras garantidas na CLT em seu art. 59 e CFRB/88 art.
7, XVI, com acréscimo de no mínimo 50% e essa convenção coletiva a aumenta
para 65% chegando até 100%.
Sindicato dos condutores de veículos e trabalhadores em
transportes rodoviários de carga e passageiros de Blumenau e o Sindicato das
empresas de logística e transportes de cargas no Estado de Santa Catarina
possuem as seguintes garantias a seus representados:
Clausula 17. AVISO PRÉVIO: Fica assegurado aos empregados com mais de 05 (cinco) anos de serviço na mesma empresa, o aviso prévio de 60 (sessenta) dias, sendo que 30 (trinta) dias podem ser trabalhados e os demais dias terão que ser indenizados, no caso de rescisão sem justa causa, por iniciativa do empregador.
88
O aviso prévio assegurado para o trabalhador que for
despedido sem justa causa e trabalhava recebendo por quinzena ou mensal, é de
30(cinco) dias no mínimo garantido pela CLT no seu art. 487, II, e na presente
convenção coletiva garante aos empregados com mais de 5(cinco) anos de serviço
na mesma empresa, o aviso prévio de 60(sessenta) dias.
Analisando os acordos e convenções coletivos de trabalho,
pode se observar que o princípio da dignidade da pessoa humana é respeitado, ao
se discutir o acréscimo dos direitos dos trabalhadores.
Uma vez que os direitos dos trabalhadores são transcritos
conforme esta na lei maior, CRFB/88 e CLT ou acrescentados a esses maiores
garantias e condições de trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa objetivou investigar, à luz da legislação,
da doutrina e da jurisprudência o respeito da Dignidade da Pessoa Humana na
Unicidade Sindical.
Em razão de uma melhor divisão dos assuntos abordados, o
trabalho foi dividido em três capítulos.
No primeiro capitulo foi destinado a tratar da evolução histórica
dos direitos do homem como pode se observar começou a ser respeitados desde
1660 a.C. com o Código de Hammurabi, por ser o primeiro a consagrar um rol de
direitos e garantias do homem em relação aos governantes.
Na Constituição Pátria, essa evolução também foi acontecendo
desde a Constituição do Império em 1824, onde foi garantido um rol de direitos do
homem e cada Constituição posterior a essa foi mantendo esses direito foram
aumentando. A Constituição de 1934 foi a primeira a trazer considerações de ordem
social e econômica, a de 1947 estabeleceu ainda diversos direitos dos
trabalhadores.
A Constituição de 88 especifica em seu preâmbulo que seu
objetivo é assegurar os direitos sociais e os direitos individuais.
No segundo capitulo, procurou-se apresentar a organização
sindical, desde o surgimento do sindicato com a revolução industrial. O que significa
o sindicato e qual a sua natureza jurídica, destacando a forma de criação e registro.
O sindicato por sua vez obedece ao sistema de unicidade sindical, onde só pode ter
um sindicato por categoria na mesma região.
Destacando ainda, os órgãos dos sindicatos, assembléia geral,
diretoria e conselho, exemplificando a função de cada um desses órgãos. E as
funções de representação, negocial, econômica, política e assistencial, que são as
principais funções do sindicato.
90
No terceiro e ultimo capitulo, foi tratado do enfoque do presente
estudo que é o Principio da Dignidade da Pessoa Humana na Unicidade Sindical,
abordando o conceito do referido principio, os acordos entre os empregados e
empregadores. Dando o conceito também de acordo e convenção coletiva de
trabalho, preocupando-se sempre com a eficácia do com conteúdo.
Foi abordado também o conteúdo das convenções coletivas
para analisar o respeito da ao Principio da Dignidade da Pessoa Humana na hora da
celebração dos acordos e convenções coletivas de trabalho.
Por fim, retoma-se as três hipóteses básicas da pesquisa:
Na primeira hipótese. As convenções coletivas respeitam na
integra as normas gerais estabelecidas na CRFB/88 e CLT.
Pelo que ficou demonstrado as convenções respeitam, uma
vez que desde sua composição é respeitado o determinados pelas referidas leis, a
eleições tem alguns pontos aos quais o estatuto do sindicato determina a forma da
eleição, mas sempre respeitando o que determina a CLT, até a arrecadação é feita
de forma a não contrariar as leis acima citadas.
Na segunda hipótese. Em alguns casos é previsto a pluralidade
sindical no Brasil.
Restou comprovado que não é admitido, uma vez que o Brasil
adotou o sistema de sindicato único representando a categoria em cada região,
onde o trabalhador fica melhor representado, porque esse sindicato representa os
interesses de toda a categoria e não apenas os interesses dos associados.
Na terceira hipótese. Quando os Acordos e Convenções
Coletivos de Trabalho apenas reproduzem a legislação vigente representam um
avanço do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
Por um lado estão garantido aqueles direitos existente na
legislação, mas por outro lado os Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho
deveriam acrescer direitos ao trabalhador, nesse sentido não estão representando
um avanço do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
91
Assim sendo, a pesquisa colaborou com a questão de
aprendizado humano, para colocar o sindicato como um elemento indispensável
para a sociedade na defesa dos direitos dos trabalhadores junto as empresas e ao
Estado.
Como acadêmico do curso de direito, sinto me imensamente
recompensado pelos esforços empreendidos, durante os cincos anos de faculdade
por horas e horas roubadas do convívio familiar, em especial nesse momento em
que minha esposa esta grávida de gêmeos e tanto precisa de minha presença. Pois
o estudo realizado enriqueceu meu intelecto e me estimulou a dar prosseguimento
aos estudos.
92
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ANEXOS
CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO - 2009/2010
CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO que entre si ajustam, de um lado como EMPREGADORES o SINDICATO NACIONAL DAS EMPRESAS DISTRIBUIDORAS DE PRODUTOS SIDERÚRGICOS - SINDISIDER, CNPJ 59.842.294/0001-41, no final assinado, por seu representante legal, e de outro lado, representando os EMPREGADOS o SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE CURITIBA, CNPJ 76.586.346/0001-85, recadastramento sindical junto ao MTE nº 06561, por seu Diretor Presidente, infra firmado, ambos devidamente autorizados pelas respectivas Assembléias Gerais, têm justo e contratados firmar a presente Convenção Coletiva de Trabalho a se reger pelas cláusulas adiante: 18. ESTABILIDADE DA GESTANTE: A gestante gozará de garantia de emprego, ficando protegida contra a despedida arbitrária ou sem justa causa desde o momento da confirmação da gravidez até 150 (cento e cinqüenta) dias após o parto, nos termos da letra b, do inciso II, do artigo 10º do ADCT. 19. ESTUDANTES: Não será prorrogado o horário de trabalho dos empregados estudantes que comprovem sua situação escolar e manifestem desinteresse pela prorrogação. 20. FÉRIAS PROPORCIONAIS: Na cessação do contrato de trabalho, por pedido de demissão, os empregados perceberão férias proporcionais a base de 1/12 (um doze avos) por mês ou fração superior a 14 (quatorze) dias, conforme jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (Súmula 261). 21. REFEIÇÃO: Os empregados que, em regime de trabalho extraordinário, operarem após as 19:00 (dezenove horas), desde que excedidos 45 (quarenta e cinco) minutos da jornada normal, farão jus a refeição fornecida pelo empregador ou a pagamento equivalente a 2% (dois por cento) do piso salarial. O mesmo se aplicará ao trabalho extraordinário executado nos sábados, após as 13:00 (treze horas). 22. CONFERÊNCIA DE CAIXA: A conferência de caixa será feita na presença do operador responsável, sendo este impedido ou impossibilitado de acompanhá-la, não terá responsabilidade pelos erros verificados, salvo caso de recusa. PARÁGRAFO ÚNICO – VERBA MENSAL – Aos empregados que na loja ou escritório, atuarem na função de caixa, na recepção e pagamento de valores, junto ao público, conferindo dinheiro, cheques, cartões de crédito e outros títulos de crédito, notas fiscais, liberando mercadorias e obrigados a prestação de contas, terão tolerância máxima equivalente a 10% (dez por cento) do piso salarial. Os empregados, entretanto, empregarão toda diligência na execução do seu trabalho, evitando ao máximo a ocorrência de prejuízos, observando estritamente as instruções do empregador. 23. CHEQUES SEM FUNDOS: Os empregados não terão descontos salariais decorrentes de valores de cheques devolvidos por insuficiência de saldo bancário, bem como cartões de crédito, recebidos na função de caixa ou cobrança, desde que cumpridas as exigências da empresa para o recebimento e das quais tenha ciência expressa.
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24. AVISO PRÉVIO: O aviso prévio devido pelo empregador ao empregado será de 30 (trinta) dias para o empregado que conta com até 05 (cinco) anos de serviços na mesma empresa, e depois, escalonado proporcionalmente ao tempo de serviço, como segue: A) de 5 a 10 anos de serviços – 45 (quarenta e cinco) dias; B) de 10 a 15 anos de serviços – 60 (sessenta) dias; C) de 15 a 20 anos de serviços – 90 (noventa) dias; D) mais de 20 anos de serviços – 120 (cento e vinte) dias. PARÁGRAFO ÚNICO - O empregado que não tiver interesse no cumprimento do aviso prévio devido pelo empregador, poderá solicitar a imediata liberação, percebendo nessa hipótese o salário dos dias trabalhados no respectivo período. 25. CONTROLE DE FREQÜÊNCIA DE HORÁRIO: Nas empresas com mais de 10 (dez) empregados será utilizado obrigatoriamente livro ou cartão-ponto, nos quais o empregado pessoalmente deverá registrar sua freqüência. 26. ATESTADOS: Serão aceitos os atestados médicos e odontológicos fornecidos pelos profissionais da Previdência Social, da Entidade Sindical dos Empregados, das empresas ou organizações por elas contratadas, que serão entregues contra recibo dos empregadores até 72 (setenta e duas) horas da sua emissão ou da alta médica. 27. RELAÇÃO DE EMPREGADOS: As empresas ficam obrigadas a encaminhar à Entidade Sindical dos Empregados uma cópia de sua RAIS - Relação Anual de Informações Sociais ou outro documento equivalente, contendo a relação e salários consignados na RAIS, no prazo de 30 (trinta) dias da entrega do referido documento ao órgão competente. 28. ASSENTOS NO LOCAL DE TRABALHO: O empregador, havendo condições técnicas, autorizará a utilização de assentos apropriados nos momentos de pausa no atendimento ao público. 29. RESCISÃO CONTRATUAL POR JUSTA CAUSA: No caso de denúncia do contrato de trabalho, por justa causa, o empregador indicará por escrito a falta cometida pelo empregado. 30. LICENÇA REMUNERADA: As empresas com contingente maior que 20 (vinte) empregados por estabelecimento, concederão licença remunerada aos dirigentes sindicais eleitos e no exercício de seu mandato, para participação em reuniões, conferências, congressos e simpósios, licença que será solicitada pela entidade sindical, com antecedência mínima de 10 (dez) dias e por prazo não superior a 10 (dez) dias ao ano. 31. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO: Será observado, no que diz respeito ao horárionde funcionamento do comércio, os termos da Lei Municipal Nº 7.482 de 13 de julho de 1990. 32. COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO DE TRABALHO: Visando a desburocratização das relações entre o Sindicato obreiro e as Empresas, fica acertado entre as partes, a oficialização do regime de compensação de horário de trabalho com a extinção total ou parcial do trabalho aos sábados, nas seguintes condições: A) Extinção completa do trabalho aos sábados: 7:20 (sete horas e vinte minutos) de trabalho correspondente aos sábados, serão compensadas no decurso de segunda-feira a sexta-feira, com acréscimo de até no máximo, 02 (duas) horas diárias, de maneira que nesses dias sejam completadas 44 (quarenta e quatro) horas semanais, respeitados os intervalos de Lei, mediante acordo escrito com os empregados; B) Extinção parcial do trabalho aos sábados: as horas correspondentes à duração do trabalho aos sábados, serão da mesma forma compensadas pela prorrogação da
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jornada de segunda-feira a sexta-feira, de até 01 (uma) hora diária, mediante acordo escrito com os empregados; C) Nenhum acréscimo salarial será devido sobre as horas excedentes, trabalhadas no curso de cada semana, para a compensação dos sábados, pela extinção total ou parcial do expediente nesse dia da semana; D) Sempre que em prazo da prorrogação do horário de trabalho para efeito de compensar o trabalho aos sábados, se houver turno superior a 04 (quatro) horas, será obrigatório um intervalo de no mínimo 15 (quinze) minutos, não computados na duração do trabalho; E) E empresa que adota o sistema de compensação de hora de trabalho, ou seja, com a suspensão total ou parcial do trabalho aos sábados, garantirá ao empregado o pagamento do dia em que faltou, mediante atestado, como se trabalhado tivesse, ou seja, com base no horário de 8:48 (oito horas e quarenta e oito minutos) e não 7:20 (sete horas e vinte minutos). O feriado coincidindo com o sábado compensado, será pago pela empresa como trabalhado no horário normal, ou seja, 8:48 (oito horas e quarenta e oito minutos). PARÁGRAFO ÚNICO – Para a celebração de acordos com a participação do Sindicato dos Empregados no Comércio de Curitiba fica dispensada a publicação de editais para convocação dos interessados, lavrar atas de assembléias e listas de presença, sendo tais formalidades supridas pelo termo de celebração do Acordo Coletivo de Trabalho, e respectiva lista de assinaturas dos interessados. 33. FÉRIAS: O pagamento das férias, a qualquer título, inclusive proporcionais, será sempre acrescido com o terço constitucional, aplicável o disposto no Artigo 144 da CLT. 34. EMPREGADOS EM FASE DE APOSENTADORIA: Ao empregado que contar com o mínimo de 10 (dez) anos de trabalho na empresa, e que na vigência do contrato de trabalho comprovar, por escrito, que está na condição de, no máximo em 12 (doze) meses adquirir o direito à aposentadoria, na hipótese de sua despedida imotivada, por iniciativa da empresa, ficará assegurado o reembolso dos valores por ele pago a título de contribuição previdenciária, enquanto não obtiver outro emprego ou até que seja aposentado, sempre com base e limite no último salário percebido na empresa. O direito ao reembolso será assegurado por um período máximo de 12 (doze) meses, contados da data da comunicação da iminência da aposentadoria, não fazendo jus ao mesmo direito o empregado que se demitir, celebrar acordo ou passar a perceber auxílio enfermidade ou se aposentar por invalidez. 35. DESCONTOS: Os empregadores poderão descontar dos salários dos seus empregados, desde que por eles devida e expressamente autorizados, importâncias correspondentes a seguros, parcela atribuível aos obreiros, relativas a planos de saúde, vales-farmácia e outros que revertam em benefício deste ou de seus dependentes. 36. ADICIONAL DE HORAS EXTRAS: As horas extras serão pagas, de forma escalonada, com adicional de 65%(sessenta e cinco por cento) para as primeiras 20(vinte) mensais, 85%(oitenta e cinco por cento) para as excedentes de 20(vinte) e até 40(quarenta) mensais, e de 100%(cem por cento) para as que ultrapassarem a 40(quarenta) mensais. 42. CLÁUSULA PENAL: Como requisito formativo e nos termos do Artigo 613, VIII da CLT, incidirá pena no valor equivalente a 50%(cinqüenta por cento) do piso salarial, revertida em favor do prejudicado pelo descumprimento de obrigações constantes deste instrumento.
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43. DIFERENÇAS SALARIAIS: As diferenças salariais havidas a partir do mês de Março/2009, decorrentes da aplicação da presente Convenção Coletiva de Trabalho, poderão ser pagas até a data limite para pagamento dos salários do mês de junho/2009, sem quaisquer acréscimos ou penalidades. O presente ajuste é considerado firme e valioso para abranger por seus dispositivos, todos os contratos individuais de trabalho, firmados entre as empresas representadas pela entidade sindical da categoria econômica convenente e os trabalhadores pertencentes à categoria profissional da respectiva entidade sindical. SINDICATO NACIONAL DAS EMPRESAS DISTRIBUIDORAS DE PRODUTOS SIDERÚRGICOS – SINDISIDER CARLOS JORGE LOUREIRO – Presidente CPF 037.018.918-34 SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE CURITIBA ARIOSVALDO ROCHA – Presidente CPF 301.764.769-20
CONVENCÃO COLETIVA DE TRABALHO 2010 – 2011
Sindicato dos Condutores de Veículos e Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Cargas e Passageiros de Blumenau – SINTROBLU Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Santa Catarina – SETPESC Termo de CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, que fazem entre si, de um lado 0 SINDICATO DOS CONDUTORES DE VEÍCULOS E TRABALHADORES EM TRANSPORTES RODOVIARIOS DE CARGAS E PASSAGEIROS DE BLUMENAU, com sede na Rua Richard Holetz, 41, Blumenau (SC), representado por seu Presidente Sr. Jose Vilmar Zimmermann, inscrito no CPF sob o numero 490.285.619-00, e de Outro lado o SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES DE PASSAGEIROS NO ESTADO DE SANTA CATARINA, estabelecido na Rua Felipe Schmidt, 249, Florian6polis (SC), neste ate representado por seu Presidente Sr. Sandoval Caramori, inscrito no CPF sob o numero 528.199.069-15, ambos credenciados pelas Assembléias Gerais de seus representados, mediante as c1ausulas e condições seguintes: CLAUSULA 17. Fica assegurado aos empregados com mais de 05 (cinco) anos de serviço na mesma empresa, 0 aviso previa de 60 (sessenta) dias, sendo que 30 (trinta) dias podem ser trabalhados e os demais dias terão que ser indenizados, no caso de rescisão sem justa causa, por iniciativa do empregador. SINDICATO DOS CONDUTORES DE VEI ULOS TRABALHADORES EM TRANSP. RODOVIARIOS DE CARGAS E PASSAGEIROS DE BLUMENAU JOSE VILMAR ZIMMERMANN
Presidente SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRASPORTES DE PASSAGEIROS NO ESTADO DE SANTA CATARINA SANDOVAL CARAMORI
Presidente
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CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO - 2010/2011
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Joinville (SITICOM), com sede a Rua Itajaí no 33, inscrito no CNPJ/MF sob o no 83.544.320/0001-30, neste ato representado por seu presidente Sr. Sigmar Ziehlsdorff, e do outro lado o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Joinville (SINDUSCON), com sede na Avenida Aluísio Pires Condeixa nº 2550, inscrito no CNPJ/MF sob o no 84.715.317/0001-02, neste ato representado por seu presidente, Eng.º Francisco Mauricio Jauregui Paz, firmam entre si a presente Convenção Coletiva de Trabalho para que as Cláusulas e condições a seguir enumeradas disciplinem as relações de trabalho entre as empresas abrangidas e seus empregados: 01 – ABRANGÊNCIA A presente Convenção Coletiva de Trabalho abrange todos os trabalhadores das empresas que exploram atividades em: construção civil (pedreiros, carpinteiros, pintores e estucadores, bombeiros hidráulicos e outros), trabalhadores nas indústrias de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e estuque; de britamento, aparelhamento e outros trabalhos em pedras (não associados a extração); de cal virgem, cal hidratada e gesso; de edificações (residenciais, industriais, comerciais e de serviço); de produtos cerâmicos não-refratários para uso estrutural na construção civil e/ou usos diversos; de produtos cerâmicos refratários; de produtos minerais não-metálicos não classificados; do cimento; em demolição e preparação do terreno; em empresas de aluguel de equipamentos de construção e demolição; em montagem de estruturas; em obras de acabamento; em obras de instalação de sistemas de ar condicionado, de ventilação e refrigeração; em obras de instalações elétricas; em obras de instalação hidráulicas, sanitárias, de gás e de sistemas de prevenção contra incêndio; em obras de instalação não classificadas; em obras não classificadas; em obras viárias e em sondagens e fundações destinadas à construção; trabalhadores em empresas de montagens industriais e engenharia consultiva, trabalhadores em olarias, nas indústrias de mármores e granitos, nas indústrias de pintura, decoração, ajardinamento e ornatos, nos municípios de Joinville, São Francisco do Sul, Araquari, Balneário Barra do Sul, Garuva e Itapoá, que são representados exclusivamente pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Joinville. 02 – VIGÊNCIA A presente Convenção terá vigência de 12 (doze) meses, iniciando-se em 01/05/2010 e com término em 30/04/2011, abrangendo todos os empregados das empresas abrangidas pela presente, bem como todos aqueles que vierem a ser admitidos no curso de sua vigência. 14 – PENALIDADES PARA RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES FORA DO PRAZO O não recolhimento das Contribuições previstas nas cláusulas 11, 12 e 13, nas épocas oportunas, acarretará um acréscimo de 0,0666% ao dia, de juros de mora. 15 – OBRIGATORIEDADE DO RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES As empresas sediadas em outras cidades, que efetuarem obras em Joinville, deverão efetuar o recolhimento das contribuições em favor do Sindicato Laboral de Joinville (SITICOM), desde que o empregado esteja trabalhando no mês respectivo. 31 – ASSISTÊNCIA À SAÚDE DOS TRABALHADORES
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31.1 – Considerando que, o direito à saúde e bem estar do trabalhador é consagrado na Constituição Federal, os Sindicatos signatários do presente instrumento normativo, reconhecem como direito dos trabalhadores abrangidos por esta Convenção Coletiva, a assistência à sua saúde e segurança no trabalho, e, o SINDUSCON-Joinville resolve por isso representando a classe empresarial, dar continuidade aos serviços já implantados, através do Serviço Social da Indústria da Construção Civil de Joinville - SECONCI-Jlle, mantendo em sua região de abrangência a contribuição mensal compulsória ao SECONCI-Jlle, quando se tratar de construtora ou de toda e qualquer empresa que sub-contrate a terceiros, 1% (um por cento) sobre a folha bruta dos salários dos profissionais compreendidos como do segmento da Indústria da Construção, listados na Cláusula 1ª desta Convenção. Ainda contribuirão compulsoriamente os respectivos Sindicatos Patronal e Laboral. A contribuição mínima é de R$ 100,00 (cem reais) a partir da folha de junho/2010. Toda contribuição mínima ou maior, deverá ser recolhida enquanto não for providenciada a baixa da inscrição do associado no CNPJ, junto à Receita Federal. 31.2 – Em razão do princípio da responsabilidade solidária de classe, as construtoras reterão o valor mensal devido pelas sub-empreiteiras, equivalente a 1% (um por cento) do montante referente à mão de obra constante na Nota Fiscal de Prestação de Serviços ou 1% (um por cento) da Folha de Pagamento, o que for maior, e recolherão ao SECONCI-Jlle o valor acumulado do mês, por empreiteira, até o décimo dia corrido do mês subseqüente ao fato gerador. Se a soma dos recolhimentos do mês junto às construtoras às quais preste serviço, não alcançar o equivalente ao da Contribuição Mínima, a sub-empreiteira deverá completar o valor e, não o fazendo, caberá ao SECONCI-Jlle a cobrança da diferença com os acréscimos previstos nesta Convenção e a suspensão da prestação de serviços até que haja a quitação. 31.3 – A operacionalidade do SECONCI-Jlle quanto à cobrança, multa, normas e condições de atendimento aos beneficiários, estão contidas em Aditivo desta Convenção, igualmente arquivado junto à DRT/SC. E, por assim estarem justos e convencionados, os presidentes das entidades contratantes firmam a presente em 03 (três) vias de igual teor e forma, devendo uma via ser arquivada na Delegacia Regional do Trabalho do Estado de Santa Catarina. Joinville, 24 de Maio de 2010. Sigmar Ziehlsdorff Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Joinville. Eng.º Francisco Mauricio Jauregui Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Joinville.
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CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2010/2011
SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE ITAJAI, CNPJ n. 84.307.370/0001-66,neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). PAULO ROBERTO LADWIG; E SINCODIV -SINDICATO DOS CONCESSIONARIOS E DISTRIBUIDORES DE VEICULOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA, CNPJ n. 78.492.931/0001-41, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). SERGIO RIBEIRO WERNER; Celebram a presente CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: CLÁUSULA PRIMEIRA -VIGÊNCIA E DATA-BASE As partes fixam a vigência da presente Convenção Coletiva de Trabalho no período de 1º de agosto de 2010 a 31 de julho de 2011 e a data-base da categoria em 1º de agosto. DISPOSIÇÕES GERAIS REGRAS PARA A NEGOCIAÇÃO CLÁUSULA TRIGÉSIMA SÉTIMA -CORREÇÃO SALARIAL PRÓXIMA DATA-BASE Para fins de cálculo da próxima data-base, serão considerados os salários percebidos no mês de agosto/2010, após corrigidos na forma desta convenção. DESCUMPRIMENTO DO INSTRUMENTO COLETIVO CLÁUSULA TRIGÉSIMA OITAVA -PENALIDADES Ficam estabelecidas as seguintes penalidades: a. As empresas que deixarem de cumprir a cláusula 34, ficarão sujeitas às penalidades estabelecidas pelo Sindicato Profissional. b. Pelo não cumprimento das demais cláusulas, fica estabelecida as seguintes penalidades por infração que reverterá em favor do Sindicato da categoria profissional: * Para empresas com até 05 empregados .....................01 piso salarial; * Para empresas com 06 a 15 empregados .................02 pisos salariais; * Para empresas com 16 a 25 empregados .................03 pisos salariais; * Para empresas com mais de 25 empregados .................04 pisos salariais. Parágrafo único -Nas cláusulas em que for possível o Sindicato Profissional comunicará a empresa infratora, por escrito, a existência da irregularidade, concedendo 30 (trinta) dias para a sua regularização. OUTRAS DISPOSIÇÕES CLÁUSULA TRIGÉSIMA NONA -CONDIÇÕES GERAIS
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E por estarem justos e convencionados, assinam a presente Convenção Coletiva de Trabalho, em 03 (três) vias de idêntico teor, para os fins de direito e com aplicação imediata. Itajaí, 05 de agosto de 2010. SINDICATO DOS CONCESSIONÁRIOS E SINDICATO DOS EMPREGADOS NO DISTRIB. DE VEÍCULOS NO ESTADO DE SC COMÉRCIO DE ITAJAÍ Sergio Ribeiro Werner -Presidente Paulo Roberto Ladwig -Presidente