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O processo de colaboração em ambientes hipermidiáticos na EAD: modalidades, tecnologias e design de informação Israel Braglia, Ms. Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Engenharia do Conhecimento [email protected] Berenice Gonçalves, Drª. Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Design e Expressão Gráfica [email protected] Alice Cybis Pereira, PhD. Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Engenharia do Conhecimento [email protected] RESUMO A colaboração contribui e muito para o processo de ensino aprendizagem em educação a distância. Sua articulação com os sistemas hipermidiáticos favorece a troca de conhecimento e o desenvolvimento do design da informação na web. Assim, a partir de uma abordagem analítica, este artigo, apresenta conceitos, modalidade e processos tecnológicos que dão suporte a colaboração. Aponta-se as características qualitativas e as contribuições do processo colaborativo na internet, e sobretudo, no contexto da educação à distância. Palavras Chave Colaboração, design de informação, hipermídia, educação à distância. ACM Classification Keywords H5.m. Information interfaces and presentation (e.g., HCI): Miscellaneous. INTRODUÇÃO A introversão e o isolamento dos primeiros computadores e usuários, perderam lugar para as comunidades on-line de interação e de equipes ativas, movimentadas por multidões de usuários em chats , fóruns e ferramentas similares. O exercício de conexão à internet fez juntar milhares de usuários em listservers , visitar salas de bate-papo e preencher comunidades on-line com informações úteis e suporte de respostas recheadas de uma grande diversidade de conteúdos. O cenário geral das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) vem ampliando as possibilidades de comunicação. As TICs beneficiam-se das potencialidades da Internet para incorporar às situações reais um aprimoramento para a educação a distância (EAD) elementos como a aprendizagem informal, a aprendizagem autônoma e a aprendizagem cooperativa para atender às demandas da sociedade por um novo paradigma educacional. A educação on-line é uma ação sistemática de uso de tecnologias, incluindo hipertexto e redes de comunicação interativa, para distribuição de conteúdo educacional e apoio à aprendizagem, sem limitação de tempo ou lugar (FILATRO:2004). Sua principal característica é a mediação tecnológica através da conexão em rede. A educação on-line se concretiza em diferentes modalidades, que vão desde a educação presencial apoiada por tecnologias até a educação totalmente à distância. O nível de utilização das TICs depende em grande parte da infra-estrutura tecnológica disponível (como largura de banda e espaço em disco), da capacidade humana em lidar com as tecnologias, e também dos objetivos e educacionais propostos. O processo colaborativo por estar centrado na operação do usuário das TICs muito se relaciona com o design da informação 1 que está centrado na aprendizagem e apreensão do usuário quanto ao conteúdo transmitido através das TICs. Por ser ilimitada, o presente artigo então tem como foco apontar os principais aspectos da colaboração e suas 1 O design de informação é uma área do design gráfico que objetiva equacionar os aspectos sintáticos, semânticos e pragmáticos que envolvem os sistemas de informação através da contextualização, planejamento, produção e interface gráfica da informação, explica a professora Carla Spinillo, presidente da SBDI. Segundo Spinillo, seu princípio básico é o de otimizar o processo de aquisição da informação efetivado nos sistemas de comunicação analógicos e digitais (FRED PESSOA, 2003).

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O processo de colaboração em ambientes hipermidiáticosna EAD: modalidades, tecnologias e design de informação

Israel Braglia, Ms.Universidade Federal de Santa Catarina

Programa de Pós-Graduação em Engenharia doConhecimento

[email protected]

Berenice Gonçalves, Drª.Universidade Federal de Santa Catarina

Programa de Pós-Graduação em Design eExpressão Gráfica

[email protected]

Alice Cybis Pereira, PhD.Universidade Federal de Santa Catarina

Programa de Pós-Graduação em Engenharia doConhecimento

[email protected]

RESUMOA colaboração contribui e muito para o processo de ensinoaprendizagem em educação a distância. Sua articulaçãocom os sistemas hipermidiáticos favorece a troca deconhecimento e o desenvolvimento do design dainformação na web. Assim, a partir de uma abordagemanalítica, este artigo, apresenta conceitos, modalidade eprocessos tecnológicos que dão suporte a colaboração.Aponta-se as características qualitativas e as contribuiçõesdo processo colaborativo na internet, e sobretudo, nocontexto da educação à distância.

Palavras ChaveColaboração, design de informação, hipermídia, educação àdistância.

ACM Classification KeywordsH5.m. Information interfaces and presentation (e.g., HCI):Miscellaneous.

INTRODUÇÃOA introversão e o isolamento dos primeiros computadores eusuários, perderam lugar para as comunidades on-line deinteração e de equipes ativas, movimentadas por multidõesde usuários em chats, fóruns e ferramentas similares. Oexercício de conexão à internet fez juntar milhares deusuários em listservers, visitar salas de bate-papo epreencher comunidades on-line com informações úteis esuporte de respostas recheadas de uma grande diversidadede conteúdos.

O cenário geral das Tecnologias de Informação eComunicação (TICs) vem ampliando as possibilidades decomunicação. As TICs beneficiam-se das potencialidadesda Internet para incorporar às situações reais umaprimoramento para a educação a distância (EAD)elementos como a aprendizagem informal, a aprendizagemautônoma e a aprendizagem cooperativa para atender às

demandas da sociedade por um novo paradigmaeducacional. A educação on-line é uma ação sistemática deuso de tecnologias, incluindo hipertexto e redes decomunicação interativa, para distribuição de conteúdoeducacional e apoio à aprendizagem, sem limitação detempo ou lugar (FILATRO:2004). Sua principalcaracterística é a mediação tecnológica através da conexãoem rede.

A educação on-line se concretiza em diferentesmodalidades, que vão desde a educação presencial apoiadapor tecnologias até a educação totalmente à distância. Onível de utilização das TICs depende em grande parte dainfra-estrutura tecnológica disponível (como largura debanda e espaço em disco), da capacidade humana em lidarcom as tecnologias, e também dos objetivos e educacionaispropostos.

O processo colaborativo por estar centrado na operação dousuário das TICs muito se relaciona com o design dainformação1 que está centrado na aprendizagem e apreensãodo usuário quanto ao conteúdo transmitido através dasTICs.

Por ser ilimitada, o presente artigo então tem como focoapontar os principais aspectos da colaboração e suas

1 O design de informação é uma área do design gráfico queobjetiva equacionar os aspectos sintáticos, semânticos epragmáticos que envolvem os sistemas de informação através dacontextualização, planejamento, produção e interface gráfica dainformação, explica a professora Carla Spinillo, presidente daSBDI. Segundo Spinillo, seu princípio básico é o de otimizar oprocesso de aquisição da informação efetivado nos sistemas decomunicação analógicos e digitais (FRED PESSOA, 2003).

contribuições para a educação a distância on-line tendocomo base os estudos de Ben Schneidermann e CatherinePlaisant (2005). Além disso de apresentar aspotencialidades do design da informação e sua contribuiçãopara a aprendizagem.

O POTENCIAL DO PROCESSO DE COLABORAÇÃOA A discussão sobre colaboração não é recente. Ela surgedo paralelo entre dois pontos importantes para a engenhariade software, a colaboração e cooperação. É bastante sutil adiferença entre colaboração e cooperação. Esses termosexpressam formas levemente diferentes de trabalho. Deacordo com Kutova (2006) uma das definições mais antigasdentro da área de informática, é a de James Bair (1989) quecoloca que colaboração é a comunicação entre pessoas quetrabalham juntas e com um mesmo objetivo, porém essaspessoas são avaliadas individualmente, e cooperação é acomunicação em que não existe mais o conceito deindivíduo, apenas o de grupo.

Kutova (2006) cita que num projeto colaborativo há maisespaço para autonomia e para relacionamentos informais. Apermanência dentro do escopo pré-estabelecido é de difícilcontrole e nem sempre desejada. Deve haver um estímulo àinteração entre os participantes. Já num projeto cooperativo,existe uma interdependência positiva. As interações entre osparticipantes são essenciais. É provável que surjaespontaneamente, ou de forma planejada, uma estruturasocial, com hierarquias e distribuição de responsabilidades.As habilidades dos participantes devem ser complementarespara alcance do objetivo único do grupo. Assim, o processode colaboração abarca outra discussão: a interação e ainteratividade.

Segundo Silva (2008), o conceito de interação vem delonge, entretanto o conceito de interatividade é recente.Pode ter surgido no final dos anos 70 e início da década de80 no contexto das novas tecnologias de informação. Umdado que permite esta afirmação é a ausência do termo nosdicionários de informática até meados dos anos 80.

Para Lemos (1997), a palavra interação está relacionada aocontato interpessoal e direto chamado por ele “interaçãosocial”; enquanto interatividade é “uma nova qualidade deinteração”, influenciada diretamente pelo meio. “Podemoscompreender a interatividade digital como um diálogo entrehomens e máquinas”.

Para Primo e Cassol (1999), a partir da definição de Steuer,“[...] interatividade é uma extensão em que usuários podemparticipar modificando a forma e o conteúdo do ambientemediado em tempo real”. Pode-se dizer então queinteratividade é uma forma de comunicação versátil quepermite que os usuários alterem o fluxo da informaçãoconforme desejarem. Primo e Cassol (1999) explicam quepara tanto, existem três fatores básicos a serem medidos. Oprimeiro é a velocidade que o sistema responde ao usuário,sendo que a resposta mais rápida permite uma maiorinteratividade. O segundo fator é amplitude da interação, ou

seja, o número de elementos possíveis de serem alteradospelo usuário. E por fim o mapeamento, que é o meio peloqual o usuário se conecta e se comunica com o sistema, porexemplo, mouse, teclado ou gamepad.

PROCESSO COLABORATIVO NA EADAs comunidades de discussão online são comumente usadasnos sistemas de educação a distância e em cursos decapacitação de classes presenciais (face-to-face classes).

Para encontrar o constante fluxo de mensagens pelosinstrutores é um desafio gratificante, e os estudantes estãogeralmente satisfeitos com a experiência. A essência daaula virtual é um meio de facilitar a aprendizagemcolaborativa, muitas vezes com projetos.

A educação a distância para os alunos, permite o aumentoda sua capacidade de estar em constante comunicação unscom os outros, e é uma forma de evidente benefício. Mas,mesmo no campus de base dos cursos, a tecnologiaproporciona um meio muito rico para que o ambiente deaprendizagem colaborativa ultrapasse a aula tradicional,pela capacidade de conectar os alunos e tornar claromateriais disponíveis em uma base de dados (HILTZ,1992; HAZEMI and HAILES, 2001).

A colaboração em cursos de EAD é caracterizada eexpansamente difundida pelos ambientes virtuais deaprendizagem (AVA) ou ambientes hipermídia deaprendizagem (AHA). Um AVA consiste em uma opção demídia que está sendo utilizada para mediar processo ensino-aprendizagem à distância. Nos últimos anos, os ambientesvirtuais de aprendizagem estão cada vez mais utilizados noâmbito acadêmico e corporativo como uma opçãotecnológica para atender esta demanda educacional. Diantedo nosso, destaca-se a importância de um entendimentomais crítico sobre o conceito que orienta o desenvolvimentoou uso desses ambientes, assim como, o tipo de estruturahumana e tecnológica que oferece suporte ao processoensino-aprendizagem (CIBYS, 2007).

Os AVAs, sintonizados com os novos paradigmasepistemológicos da educação, privilegiam a aprendizagemcolaborativa, a construção compartilhada do conhecimento,a interatividade, a subjetividade, a autonomia e odesenvolvimento de uma consciência crítica nos estudantes.Atraídos pelo potencial sócio-técnico dos ambientes deaprendizagem, que fazem do digital seu suporte e pelapossibilidade de constante atualização, muitos educadorestêm se utilizado do ciberespaço como um meio para arenovação de suas práticas pedagógicas (CYBIS, 2006). AInteração Homem Computador (IHC) é um campo deestudo interdisciplinar que tem como objetivo entendercomo e porque as pessoas utilizam (ou não) as tecnologiasda informação (PADOVANI, 2002).

Os AVAs são projetados de acordo com a necessidade deseus usuários. A premissa básica do design centrado nousuário é a de que suas necessidades sejam levadas emconsideração durante todo processo de design e

desenvolvimento, o que pode ser alcançado avaliando-se odesign em vários estágios de seu desenvolvimento ecorrigindo-o para que se adapte às necessidades dosusuários (Gould e Lewis, 1985). O design, portanto,progride em ciclos interativos de design – avaliação – novodesign (redesign). (PREECE, et. al. 2005).

Os usuários preferem sistemas que sejam fáceis de aprendere utilizar assim como eficazes, eficientes, seguros esatisfatórios. É também essencial que alguns pontos sejamagradáveis, atraentes, desafiadores, etc. Saber o que avaliara importância de avaliar e quando avaliar são, portanto,tarefas fundamentais. Desse modo, a avaliação é necessáriapara a certificação de que os usuários podem vir a utilizar oproduto e apreciá-lo (PREECE, 2002). Além disso, hoje osusuários procuram muito mais do que um sistema usável,como aponta a Nielsen Norman Group, uma empresa deconsultoria de usabilidade:“A experiência do usuário” abrange todos os aspectos da interação dousuário final... o primeiro requisito para uma experiência exemplar dousuário consiste em encontrar as necessidades exatas do cliente, semansiedade ou incomodação. A seguir, vem a simplicidade e a elegância,que produzem produtos bons de se ter e de utilizar.

ESTRATÉGIAS (OU MODALIDADES)Através da interface2 gráfica, o design de informação éapresentado ao usuário, e que através dos sistemas deinformação, pode-se obter a colaboração do mesmo. Acolaboração online é capaz de potencializar o design dainformação através da troca e articulação do conhecimentode seus usuários. Por este motivo, o processo colaborativona internet pode ser classificado de várias maneiras. Acolaboração é a articulação do usuário com a interfacegráfica e sistemas de informação.

Para a educação a distancia a colaboração apresenta certaamplitude de troca de saberes e contribui para oaprendizado autodirigido. Schneidermann e Plaisant (2005)apresentam modalidades de colaboração classificados poreles como fatores de compartilhamento online. Quando bemimplementados, esses pontos caracterizam a interação entreo usuário/sistema de forma qualitativa. A seguir, essasmodalidades são destacadas e comentadas.

Focada em parcerias (focused partnerships): segundo osautores, a colaboração focada em parcerias permite ocompartilhamento através da parceria online por correioeletrônico, bate-papo, mensagem instantânea, telefone,

2 A interface atua como uma espécie de tradutor realiza amediação entre duas partes, tornando uma sensível para a outra.Em outras palavras, a relação governada pela interface é umarelação semântica, caracterizada por significado e expressão[...]Em seu sentido mais simples, a palavra interface se refere asoftwares que dão forma à interação entre usuários e ocomputador. (JOHNSON, 2001, p. 17-18).

mensagem de voz, vídeo conferência e outras combinaçõesde tecnologia.

Palestra ou demo (lecture or demo): conforme os mesmosautores, a palestra ou demo são formatos onde a pessoapode compartilhar informações com o maior número deusuários em locais remotos. A hora de início e a duração émesma para todos, as questões podem ser levantadas pelosparticipantes. Não é necessária a manutenção do históricodo assunto, mas a capacidade de se ter um replay é útil paraa posterior análise daqueles que não puderam comparecer –afirmam eles.

Conferências (conferences): as conferências permitem acomunicação de grupos distantes ao mesmo tempo (o que atorna síncrona) ou separados ao longo do tempo (demaneira assíncrona). Os recursos de colaboração deconferências são utilizadas para reuniões, planejamentos,discussões de estudos, problemas com os deveres de casa,monitoria, etc.

Processo de trabalho estruturado (stuctured workprocess): o processo de trabalho estruturado permite que aspessoas colaborem com os papéis distintos da Organizaçãoonde atuam em tarefas diferentes. Por exemplo, nodesenvolvimento de uma revista científica on-line um editorprojeta a apresentação, outro faz as revisões, outro apublicação; e assim por diante. Ben Schneidermann eCatherine Plaisant (2005) ainda dão um exemplo desse tipode colaboração em uma agência de seguro-saúde que recebenotificações, e reembolsa ou rejeita as contas médicas, e atéem uma universidade que efetua admissões por comissão deregistros, opiniões ou aplicações.

Reunião de apoio à decisão (meeting and decisionsupport): essa colaboração pode ser realizada numa reunião“face-to-fece” (onde todos estão presencialmente online),em que cada usuário, utilizando o computador pode fazercontribuições simultâneas, compartilhar idéias e arquivos ediscutir em janelas diferentes da principal de reunião.Segundo eles, essa colaboração é ideal para votações.

Comércio eletrônico (electronic commerce): a colaboraçãodo comércio eletrônico é uma das mais caracterizas eutilizadas na web. Ela permite que as pessoas façampesquisas de preço, compartilhem suas opiniões sobreprodutos, o que o usuário achou do produto depois decomprá-lo, atendimento ao usuário, venda, serviços de pós-venda, etc.

Teledemocracia (teledemocracy): permite que pequenasorganizações, grupos profissionais, cidades, estado ougovernos nacionais possam realizar encontros para expordocumentos oficiais, documentos de constituições, ouchegar a um consenso através de encontros online.

Conjuntos (collaboratories): de acordo com os autores, sãonovas formas organizacionais para grupos de cientistas ououtros profissionais para trabalhar em conjunto ao mesmotempo e no mesmo espaço, possibilitando ocompartilhamento de equipamentos caros, tais comotelescópios ou sensores de órbita. Estes gruposcompartilham assuntos de interesse e podem competir porrecursos.

Telepresença (telepresence): permite aos participantesremotos a ter experiências que são quase como uma co-presença física. Telepresença é a colaboração apoiada porambientes 3D virtuais imersivos, que muitas vezesenvolvem usuários e colocação de dispositivos eletrônicosvestindo roupa especial, ou inseridos num ambienteeletrônico contendo sensores para que eles possammanipular objetos e comunicar uns com os outros no espaço3D.

O TEMPO E O ESPAÇO NAS INTERFACESCOLABORATIVASA grande variedade das modalidades e estratégias decolaboração exige uma forma de orgaização. Assim, omodo tradicional de se decompor interfaces colaborativas épor matriz de tempo/espaço que segundo Ellis, Gibbs, eRein (1991) a colaboração pode ser Síncrona ouAssíncrona, adotando alguns pontos de distinção, conformea tabela 01:

Interfaces assíncronas distribuídas: lugar diferente,tempo diferente

Esse tipo de colaboração é o precursor do avançocolaborativo na internet. O mais famoso e difundido deles éo correio eletrônico. Ben Schneidermann e CatherinePlaisant (2005) afirmam que para muitos usuários, o uso do

e-mail se tornou algo tão prático como o uso do telefone.Para outros, foi por causa dele que tiveram o primeirocontato com o computador. O e-mail foi amplamenteapreciado por ser simples, pessoal, de rápido acesso, e porpermitir a comunicação entre parceiros comerciais oumembros da família, ou por ser conveniente, pois cortar ecolar a partir do “de:/para:” em outros documentos é algoextremamente fácil.

Interfaces síncronas distribuídas: mesmo tempo, lugardiferenteBen Schneidermann e Catherine Plaisant (2005) afirmamque o sonho de estar em dois lugares ao mesmo tempoagora é possível. A tecnologia avançou e hoje isso já ocorrecom o telefone e a televisão. Modernas Interfaces decolaboração estão cada vez mais flexíveis, permitindodistribuir grupos para trabalhar em conjunto, ao mesmotempo, utilizando bate-papo, instant messaging ou texting.Colaboradores estão desejando a mais rica experiência davoz humana, que pode ser utilizada por áudio ou vídeoconferência.

Interfaces síncronas face-to-face: mesmo tempo,mesmo lugarA colaboração do mesmo tempo e ao mesmo ligar,conforme Ben Schneidermann e Catherine Plaisant (2005) écomumente utilizada em setores empresariais onde um timede pessoas trabalha no mesmo lugar e utiliza diferentesformas de tecnologia para compartilhar documentos earquivos. Salas de reuniões eletrôncias, controle de salas elocais públicos (eletronic meeting rooms, control roomsand public spaces). Esse tipo de colaboração é utilizadopara conferências, escolas, reuniões com brainstorming,votações, etc. Outra forma de eletrocnic meeting que estáganhando força na educação tanto infantil quanto emfaculdades é o uso do smart board. Em EAD já é comum oprocesso de monitoria em meeting rooms e encontros onlinede discussão nos ambientes virtuais de aprendizagem.

Interfaces assíncronas de local: tempo diferente,mesmo lugarEsse tipo de colaboração também é muito utilizado, porémnão tanto quanto o de mesmo lugar e ao mesmo tempo.Esse pode ser representado, conforme os autores, por umtime de pessoas que trabalha no mesmo lugar e utilizadiferentes formas de tecnologia para compartilhardocumentos e arquivos em tempos diferentes. Esse tipo decolaboração é aplicado em programação de equipe,calendários de grupo, equipment logs, ordem de serviços,agenda, etc.

Contudo, porém, muitas ferramentas tecnológicas estãodisponíveis, mas cabe ao design instrucional, indicá-las deacordo com a abordagem pedagógica do curso, o públicoque pretende atingir, dentre outras especificidades. O certoé que elas auxiliam a aprendizagem e aumentam a“sensação de pertencimento”, aumento o vínculo com ocurso evitando o abandono. O sucesso da aplicabilidade douso das TICs especificamente para a EAD se dá através de

Mesmo Tempo Tempo Diferente

Mesmolugar

Síncrona de local(face-to-face),controle de salas,reuniões,secretarias,projeções naparede ,instalações eprédios)

Assíncrona de local(programação deequipe, calendáriosde grupo, equipmentlogs)

Lugardiferente

Síncronadistribuída (bate-papo, mensagensinstantâneas,vídeo / áudioconferência)

Assíncronadistribuída (e-mail,newsgroup, usenet,listservers, quadrosde discussão,conferencias, blogs,wikis, comunidadesonline)

Tabela 1: Pontos de ColaboraçãoFonte: Schneidermann (2005)

um mediador como tutoria, monitoria e suporte online paradirecionamento e acompanhamento do processo doaprendizado.

MECANISMOS DE COLABORAÇÃO E COMUNICAÇÃOOs tipos de conhecimento que circulam em diferentesambientes sociais são diversos, variando entre grupossociais e diferentes culturas (PREECE, ROGERS eSHARP, 2005). Isso parece ser evidente quando ocorre ainteração. A seguir, será descrito três categorias demecanismos sociais de sistemas tecnológicos que podemser projetados para facilitar a colaboração e a comunicação:

• O uso de mecanismos conversacionais para facilitar ofluxo de conversa e ajudar na superação de falhasdurante a mesma;

• O uso de mecanismos de coordenação para permitir queas pessoas trabalhem juntas e interajam;

• O uso de mecanismos de percepção (awareness) paradescobrir o que está ocorrendo, o que os outros estãofazendo e, da mesma forma, para permitir o que osoutros saibam o que está acontecendo.

(PREECE, ROGERS e SHARP, 2005).

Mecanismos conversacionaisBasicamente os mecanismos conversacionais permitem aspessoas coordenar suas “conversas”, tornando possívelsaber como iniciá-las e interrompe-las. Assim, a “conversa”e amaneira como ela é realizada constituem uma partefundamental da coordenação de atividades sociais. Um dosdesafios dos designers é considerar como os diferentes tiposde comunicação podem ser facilitados e apoiados emambientes onde há a possibilidade de existirem obstáculosque a impeçam de acontecer “naturalmente”. São exemploso e-mail, videoconferência, videofones, conferência porcomputador, salas de bate papo (cha t ) e troca demensagens, além dos sistemas menos familiares como osambientes virtuais colaborativos (AVCs) e os media spaces.

Mecanismos de coordenaçãoA coordenação acontece quando um grupo de pessoas atuaou interage em conjunto para atingir algo. Em geral, asatividades colaborativas exigem a coordenação de usuário ausuário, desse modo, pode-se dizer que a coordenaçãocolaborativa envolve a comunicação verbal e não verbal, asagendas (s h c h e d u l e s ), regras e convenção, e, asrepresentações extremas compartilhadas.

Em suma, os mecanismos de coordenação servem paracoordenar ações e registrar a comunicação de seus usuários(como uma secretária que descreve a ata de uma reuniãocom várias pessoas), utilizar esquemas de organização depessoas e regras à uma tarefa (como permitir que um alunopossa assistir mais de uma aula em um dado momento, ounão permitir que um professor dê mais de uma aula aomesmo tempo) e fazer a representação externa deinformações compartilhadas (como, por exemplo, oscalendários das disciplinas).

Assim, as agendas, os calendários compartilhados, osorganizadores eletrônicos de compromissos, ferramentas degerenciamento de projetos e ferramentas de workflow quefornecem formas interativas de organização e planejamentosão alguns dos principais tipos de tecnologias colaborativasdesenvolvidas para fornecer suporte à coordenação(PREECE, ROGERS e SHARP, 2005).

Mecanismos de percepção (awareness)Conforme Dourish e Bly (1992), a percepção envolve saberquem está por perto, o que está acontecendo e quem estáfalando com quem. A percepção é uma habilidade dapessoa em saber o que está ocorrendo no contexto físico esocial, observando atentamente o que está acontecendo àperiferia de seu foco de visão (como perceber pessoas queestão de mau humor pela maneira como estão falando, comque rapidez estão comendo ou bebendo, como entrou nasala, etc). Conforme Preece, Rogers e Sharp (2005), asvárias observações a respeito da percepção levaram osdesenvolvedores de sistemas a considerar como melhorfornecer informações de percepção para pessoas queprecisam trabalhar juntas, mas que não se encontram nomesmo espaço físico. Várias tecnologias foram empregadasa fim de transmitir informações sobre o que as pessoasestão fazendo e o progresso de seu trabalho em andamento.

IDENTIFICAÇÃO DE MECANISMOS DE COLABORAÇÃOEM UM AVAPara ilustrar os pressupostos das bases de colaboração dePreece, Rogers e Sharp (2005), foi analisado o AVA de umcurso à distância de aperfeiçoamento profissional na área dequalidade e segurança de alimentos – o ABNT NBR ISO22000 : 2006. Neste ambiente virtual de aprendizagem foipossível observar a presença, mesmo que simplória, dosmecanismos conversacionais, dos de coordenação e dos depercepção.

Figura 1: interface do AVA do curso

A interface do curso em questão possui uma interfacefocada na usabilidade. Apresenta muito texto e poucasimagens, além de abarcar os mecanismos de colaboraçãoque serão analisados neste momento. O AVA do cursoutiliza como mecanismos conversacionais, as salas de bate

papo (c h a t ) onde os alunos trocam idéias edebatem/discutem entre si sobre os assuntos tratados nocurso, conforme a figura 2 e os fóruns de discussão dasaulas. Os fóruns de acordo com a figura 3, são divididos emtópicos de discussão e subdivididos na discussão dosalunos. Ao clicar sobre um tópico, o usuário/alunoencontrará a opinião de outro usuário/aluno sobre o assunto,e poderá responder seus apontamentos num campoespecífico que ficará publicado no ambiente como suacolaboração à discussão em vigor, conforme a figura 4.

Figura 2: ferramenta chat do curso

Figura 3: interface do fórum do curso

Figura 4: ferramenta do fórum do curso

Já por mecanismos de coordenação, o AVA possui aferramenta agenda, representada na figura 5. Estemecanismo cumpre a função de coordenação de projetos epublicações de atividades e conteúdos previstos.

Figura 5: mecanismo de agenda do curso

Além da agenda, existe o mecanismo configurar tópicos,que permite a liberação de tópicos ou bloqueio dos mesmosao alunos, quanto tempo (em horas ou em dias) os tópicosdas aulas ficaram disponíveis, além de limitar quem poderáter acesso ao conteúdo, e se será possível ter acesso a váriostópicos ao mesmo tempo, ou não, conforme a figura 6.

Figura 6: interface do mecanismo “configurar tópicos”.

Por mecanismo de percepção, o AVA do curso apresenta oquadro de avisos, que além de informar os registros dosandamentos dos trabalhos, serve como “lembretes”, fazendocom que os usuários do sistema estejam cientes do que estáocorrendo no contexto dos estudos, observandoatentamente o que está sendo desenvolvido, como ilustra afigura 6. Além do quadro de avisos, o AVA apresenta aferramenta cronograma que administra o cronograma docurso, apresentando o documento da disciplina em formato.pdf, conforme a figura 7.

Figura 6 e 7: mecanismo de percepção “quadro de avisos” e“cronograma”.

Além de todos esses mecanismos analisados, o AVAapresenta ainda outras ferramentas como sala de aula, quepermite publicar os conteúdos referentes às aulas, glossário,biblioteca, ambiente de grupo para atividades em grupos,além de várias ferramentas de correção de trabalhos eemissão de certificados.

CONCLUSÃOLonge de abraçar todas as contribuições que o processo decolaboração oferece para a EaD, este artigo teve como focoa colaboração para a EaD contribuindo para o processo deinteração online.

Nesse fértil contexto, a modalidade de educação a distânciaé potencializada pela colaboração através de seus AVAS,culminando em uma educação cada vez mais perto e maispersonalizada, na qual os sujeitos envolvidos têm o relativoprivilégio de escolher a melhor forma de ensinar ou deaprender. Além de privilegiar ainda a permuta deconhecimentos em rede e, com isso, tornar fecundo ocampo para o surgimento de comunidades de aprendizagemque ocorre somente por meio da hipermídia criada com odesign de informação.

No âmbito dessa discussão pode-se perceber que existecerta fusão na relação da colaboração ao planejamento paraa EAD – que se apresenta como a responsável pelogerenciamento de informação e exposição do conhecimentode seus usuários. A relação dessas articulações possibilita acriação de conteúdos didáticos adaptados aos usuáriosatravés da criação de banco de modelos de usuários. Porfim, a junção do processo colaborativo ao design deinformação culmina num fator potencializador paraaprendizagem e conhecimento no ensino a distância em quesão capazes de gerar um produto de aprendizagem apto asuprir as necessidades dos alunos/usuários apresentando deforma interativa a informação do conteúdo e facilitando aaquisição e a troca do conhecimento.

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