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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE SERVIÇO SOCIAL ROSIELI ALMEIDA RIBEIRO O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A DISCUSSÃO DAS SUAS ATRIBUIÇÕES A PARTIR DA REALIDADE DAS ASSISTENTES SOCIAIS DO HOSPITAL DISTRITAL GONZAGA MOTA DE MESSEJANA (HDGMM) FORTALEZA 2014

O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

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Page 1: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

ROSIELI ALMEIDA RIBEIRO

O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A

DISCUSSÃO DAS SUAS ATRIBUIÇÕES A PARTIR DA

REALIDADE DAS ASSISTENTES SOCIAIS DO HOSPITAL

DISTRITAL GONZAGA MOTA DE MESSEJANA (HDGMM)

FORTALEZA

2014

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ROSIELI ALMEIDA RIBEIRO

O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A

DISCUSSÃO DAS SUAS ATRIBUIÇÕES A PARTIR DA

REALIDADE DAS ASSISTENTES SOCIAIS DO HOSPITAL

DISTRITAL GONZAGA MOTA DE MESSEJANA (HDGMM)

Monografia submetida à aprovação da Coordenação do

Curso de Serviço Social do Centro de Ensino Superior

do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau

de Graduação. Sob a orientação de Ana Paula Silveira

de Morais Vasconcelos.

FORTALEZA

2014

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Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

R484p Ribeiro, Rosieli Almeida

O processo de trabalho do Serviço Social e a discussão das

suas atribuições a partir da realidade das Assistentes Sociais do

hospital distrital Gonzaga Mota de Messejana (HDGMM) /

Rosieli Almeida Ribeiro. Fortaleza – 2014.

72f. Orientador: Prof.ª Ana Paula Silveira de Morais Vasconcelos.

Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Serviço Social, 2014.

1. Assistência social. 2. Serviço Social. 3. Saúde. I.

Vasconcelos, Ana Paula Silveira de Morais. II. Título

CDU 36:614

Page 4: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …
Page 5: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

Quero dedicar este trabalho a minha Mãe,

Roselia pelo amor, dedicação, ensinamentos,

pelo apoio incondicional em todos os

momentos da minha vida e por me fazer

acreditar que tudo é possível, basta seguir

nossos sonhos. Amo você.

Page 6: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus pela vida, pela sabedoria, por todas as

minhas conquistas pessoais, pela força e determinação que me deu para

continuar. E também por ter colocado em meu caminho pessoas tão especiais,

que não mediram esforços em me ajudar durante a realização desta

Graduação. A estas pessoas esternos e sinceros agradecimentos.

À minha mãe e familiares (irmãs, tios, primos), que demonstraram a cada gesto

e ação que eu não poderia desistir do meu sonho. Quero ressaltar e destacar

meu agradecimento à minha avó Maria pela as palavras de apoio nos

momentos difíceis, essas pessoas foram fundamental na execução deste

trabalho.

À minha orientadora Ana Paula Silveira de Morais Vasconcelos, por suas

orientações, seu profissionalismo, sua competência, seu incentivo, sua

sabedoria, compreensão, seu carinho, sua paciência com que me tratou nesse

período em que trabalhamos juntas.

As minhas amigas Camila, Rosana, Vera Lúcia, Waldiane e Yara que me

ajudaram em momentos com ações, palavras, pensamentos e orações... o meu

muito obrigada. Enfim, aos amigos, colegas e a todos aqueles que colaboram

direta ou indiretamente para que este trabalho acontecesse. Àqueles que

acreditaram em mim, muito obrigada!

Aos professores (as) que fizeram parte destes quatro anos de construção de

conhecimento acadêmico, com seus ensinamentos, contribuíram imensamente

para o desenvolvimento deste trabalho.

A todos que contribuíram para esse trabalho, agradeço imensamente.

Page 7: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. Charles Chaplin

Page 8: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

RESUMO

O presente estudo aborda como tema central o processo de trabalho do

Serviço Social e discute as atribuições desta categoria profissional a partir da

realidade vivida pelas Assistentes Sociais do Hospital Distrital Gonzaga Mota

de Messejana (HDGMM). Destacamos a importância de conhecer quais as

atribuições e competências do Serviço Social na saúde como forma de

demostra como a mesma está sendo exercida pelos/as profissionais na área da

saúde. Dito isto, tivemos como objetivos específicos Identificar quais as

atividades das Assistentes sociais junto aos usuários da unidade Hospitalar;

Distinguir entre as demandas postas aos/as assistentes sociais as que são

impostas pela instituição das que são privativas da categoria; Descrever

algumas possibilidades e desafios à atuação profissional identificados no

Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana. Para o desenvolvimento desses

objetivos realizou-se pesquisa qualitativa de cunho exploratório, pois a mesma

contemplou os sujeitos envolvidos no processo, nos permitiu assim uma maior

apreensão da realidade das profissionais no seu campo de atuação e os seus

principais desafios e possibilidade de atuação na saúde. No seu

desenvolvimento realizamos estudo bibliográfico e documental, e a realização

de entrevistas, também utilizamos a resolução 466/2012 que trata do respeito

pela dignidade humana e pela proteção aos participantes das pesquisas

cientificas envolvendo seres humanos. Essa resolução está em conformidade

com os princípios fundamentais do Código de Ética do Assistente Social, e

para o fechamento da amostra usamos a técnica de saturação da amostragem.

As técnicas utilizadas para a coleta de dados foram: a observação, entrevista,

os instrumentais utilizados para coleta de dados foram: e roteiros de entrevista

semiestruturada, gravador Sony, diário de campo. Importante ressaltar que

esse estudo teve respaldo no método dialético, analisando os dados a

pesquisa evidenciou que as Assistentes Sociais conhecem quais são suas

atribuições, mas também mostra a dificuldades de efetiva-las na saúde. A

pesquisa evidenciou que a equipe multiprofissional do Hospital não sabe qual o

verdadeiro papel do Serviço Social na instituição, bem como o que faz o

Assistente Social na saúde. Qual o seu verdadeiro papel na saúde.

Observamos que essas profissionais querem muito que suas atribuições sejam

reconhecidas pelo demais profissionais da instituição. Destacamos que esse

trabalho é de fundamental importância para o Serviço Social do Hospital, pois

possibilitara esclarecer o verdadeiro papel do Serviço Social na Saúde, bem

como deixar claro para os outros profissionais a importância das competências

e atribuições dessas profissionais na saúde. Desta forma convidamos a todos

para uma leitura prazerosa e cheia de novos conhecimentos a serem

estudados tanto por profissionais, professores e alunos que tenha interesse em

estudar essa temática.

Palavras – Chave: Assistência Social. Serviço Social e Saúde

Page 9: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

RESUMEN

El presente estudio se centra en el tema central del proceso de trabajo y

discute las tareas de trabajo social esta categoría profesional de la realidad que

viven los trabajadores sociales de Distrito del Hospital Gonzaga Mota

Messejana ( HDGMM ) . Hacemos hincapié en la importancia de conocer qué

competencias y misiones de trabajo social en la atención de la salud como una

manera demuestra la forma en que se ejerce por los / profesional en el cuidado

de la salud . Dicho esto , hemos tenido objetivos específicos identificar qué

actividades de los trabajadores sociales disponibles para los usuarios de la

unidad hospitalaria ; distinguir entre las peticiones hechas a los trabajadores

sociales / que son impuestas por la institución de los cuales son de categoría

privada ; describir algunas posibilidades y retos para actividades profesionales

identificados en el hospital de Distrito Gonzaga Mota Messejana . Para el

desarrollo de estos objetivos celebradas investigación exploratoria cualitativa ,

porque incluía los sujetos involucrados en el proceso , lo que nos permite una

mayor comprensión de la realidad de los profesionales en su campo y sus

principales retos y posible acción sobre la salud . En su desarrollo se realizó

estudio bibliográfico y documental, y entrevistas , también utilizamos la

resolución 466/2012 que trata sobre el respeto de la dignidad humana y la

protección a los participantes de la investigación científica con seres humanos .

Esta resolución es coherente con los principios fundamentales del Código de

Ética de la trabajadora social, y para el cierre de la muestra se utilizó la técnica

de muestreo de saturación. Las técnicas utilizadas para la recolección de datos

fueron: la observación, la entrevista, los instrumentos utilizados para la

recolección de datos fueron entrevistas semi -estructuradas y guiones de cine ,

grabadora de Sony , el diario de campo. Es importante destacar que este

estudio apoya el método dialéctico , el análisis de los datos de la investigación

mostraron que los trabajadores sociales saben cuáles son sus tareas, sino que

también muestra las dificultades de la salud eficaz en ellos. La investigación

demostró que el equipo multidisciplinario del Hospital no sé cuál es el

verdadero papel del trabajo social en la institución, así como lo que hace que la

salud del trabajador social . ¿Cuál es su papel real en la salud. Hemos

observado que estos profesionales realmente quieren que sus asignaciones

son reconocidos por otros profesionales en la institución. Hacemos hincapié en

que este trabajo es de fundamental importancia para el Servicio Social del

Hospital, le había permitido aclarar el verdadero papel del Trabajo Social en

Salud , así como dejar claro a los demás la importancia de las competencias

profesionales y las responsabilidades de estos profesionales de la salud . Por

lo tanto invitamos a todos a leer una placentera y llena de nuevos

conocimientos para ser estudiado por los profesionales, profesores y

estudiantes con interés en el estudio de este tema.

Palabras - clave : Assistência Social Salud y Servicios Sociales

Page 10: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAP’s Caixas de Aposentadorias e Pensões

CEBES Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

CFESS Conselho Federal

CNS Conselho Nacional da saúde

DNCR Departamento Nacional da Criança

FUNRURAL Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural

HDGMM Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana

IAP’s Instituto de Aposentadorias e Pensões

INAMPS Instituto Nacional de Assistência da Previdência Social

INPS Instituto Nacional de Previdência Social

IJF Instituto Doutor Jose Frota

LOS Lei Orgânica da Saúde

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

PNH Política Nacional da Humanização

PAISM Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

PMI Programa Materno-Infantil

SUS Sistema único de saúde

SMS Secretaria Municipal de Saúde

SER Secretaria Executiva Regional

SINPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

SPA Serviço de Pronto Atendimento

SAME Serviço de Arquivo Médico e Estatístico

SAE Serviço de Atendimento Especializado

Page 11: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TCC Trabalho de conclusão de Curso

UPA Unidade de pronto atendimento

Page 12: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO..........................................................................................12

1.1 Percursos metodológico.........................................................................15

2- HISTÓRIA DA SAÚDE NO BRASIL E ATENÇÃO SECUNDÁRIA E MARTENO – INFANTIL................................................................................19

2.1 Um Breve contexto histórico da Saúde no Brasil....................................23

2.2 História do Movimento de Reforma Sanitária e o SUS..........................23

2.3 Organização do SUS em nível de atenção............................................26

2.3.1 Atenção secundária- Hospitalar...........................................................26

2.4 Assistência Materno Infantil no Brasil.....................................................28

3. SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE UMA HISTÓRIA MARCADA PELA AS TRANFORMAÇOES DA PROFISSÃO E A PRECARIZAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO DAS/OS ASSISTENTE SOCIAL.........................................34

3.1 Serviço Social e trabalho........................................................................34

3.2- Um breve histórico do serviço social e a aproximação com a área da saúde.............................................................................................................34

3.3 Atuação do assistente social na saúde..................................................42

4- O SERVIÇO SOCIAL NO GONZAGUINHA DE MESSEJANA.................48

4.1 Breve Contexto Histórico da Instituição...............................................48

4-2 O processo de trabalho do serviço social e a discussão das suas

atribuições a partir da realidade das assistentes sociais do Hospital Distrital

Gonzaga Mota de Messejana (HDGMM) ....................................................49

CONSIDERAÇÃOES FINAIS ....................................................................67

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 69

Page 13: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

12

1 INTRODUÇÃO

O Assistente Social enfrenta na atualidade o desafio de não ser apenas

um profissional executivo, mas que ultrapasse os limites das atividades

burocráticas e tarefas estabelecidas. De acordo com Iamamoto (2005, p. 20),

os assistentes sociais devem ser profissionais propositivos em sintonia com as

demandas sociais da realidade na qual se inserem.

A motivação para realização desse Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC) deu-se em dois momentos. O primeiro foi a disciplina de Serviço Social

na Área da Saúde no sexto semestre, e o segundo foi o estagio supervisionado

em Serviço Social realizado no Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana

(HDGMM) regional VI – Fortaleza.

O foco principal desta pesquisa foi realizar um estudo que identificasse a

partir da realidade do Hospital Distrital Gonzaga mota de Messejana (HDGMM)

como se forja o processo de trabalho do Assistente Social e quais as suas

atribuições. Nosso interesse ocorre acerca da curiosidade sobre as

intervenções do Serviço Social na área da saúde, levando em considerações

suas competências e atribuições. Desta forma segundo CFESS (2012):

―Para pensar as competências e atribuições do assistente social é necessário lançar o olhar para o momento particular de mudanças no padrão de acumulação e regulação social, nos marcos da chamada globalização da produção dos mercados e dos bens culturais, que vêm provocando profundas alterações na produção de bens e serviços. Desta forma as relações de trabalho tendem a ser desregulamentadas e flexibilizadas. Verificando assim uma ampla retração dos recursos institucionais para acionar a defesa dos direitos e dos rateios de acessá-los (p.39-40).‖

Para entendemos a inserção do serviço social na saúde é preciso

recuperar os marcos históricos advindos do confronto de dois grandes projetos

em disputa: o projeto de reforma sanitária e o projeto privatista. Segundo Bravo

(1999) & Matos (2000).

―Esses dois grandes projetos societários têm repercussões nas

diversas áreas das politicas sociais. Na saúde, destacam-se o projeto

de reforma sanitária construído na década de 1980 e inscrito na

constituição Brasileira de 1988, e o projeto privatista de saúde

Page 14: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

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articulado ao mercado hegemônico na segunda metade da década de

1990. O projeto de reforma sanitária, constituído na década de 1980,

teve como uma de suas estratégias o Sistema Único de Saúde

(SUS), foi fruto de lutas e mobilização dos profissionais de saúde,

articulados ao movimento popular (p. 197-199).‖

Desta forma, podemos destacar que o trabalho do assistente social na

saúde passou por vários processos que segundo Lessa (2003, p. 66).

―Incide na dinâmica do processo de trabalho coletivo no campo da

política de saúde, [...] está intrinsecamente relacionado às condições

históricas a partir das quais se desenvolve a política de saúde, à

dinâmica do trabalho coletivo, sendo constituído um complexo teórico,

prático, político e cultural (p. 66).‖

Diante da atual conjuntura da sociedade capitalista, o serviço social atua

no contexto das diversas expressões da questão social. Os assistentes sociais

trabalham com a questão social no seu cotidiano, tal expressão se apresenta

em diferentes formas como na área habitacional, saúde, criança e adolescente

entre outras. Segundo Iamamoto (2008):

―É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movidos por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. (p.20).‖

Nesta perspectiva, entendemos que são várias as questões que

inquietam e desafiam os profissionais e estudantes no que permeiam toda a

estrutura da política de saúde pública no Brasil, é a partir dessa gama de

elementos que buscaremos identificar dentro do processo de trabalho do

serviço social as atribuições das/os assistentes sociais do Hospital Distrital

Gonzaga Mota de Messejana. Buscaremos compreender a totalidade dos fatos

e conhecer as principais dificuldades para atuação dos Assistentes Sociais na

referida instituição.

Levaremos em consideração todo arcabouço teórico presente nesta

formação, é importante salientar que a relação entre teoria e prática

profissional deve estar sempre em sintonia com a atuação profissional para que

Page 15: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

14

o assistente social não caia nas teias do senso comum, do conservadorismo e

do tecnicismo que estão engendrados na profissão desde sua gênese. Desta

forma destacamos que o assistente social é detentor de conhecimento teórico

que aliado com a prática possibilita que o profissional seja bem qualificado,

criativo e propositivo, podendo assim viabilizar respostas qualificadas as

demandas apresentadas pelos usuários. O presente trabalho tem como

objetivo geral Identificar a partir do processo de trabalho do Serviço Social as

atribuições das assistentes sociais no Hospital Distrital Gonzaga mota de

Messejana (HDGMM).

Como objetivos específicos, procuramos Identificar quais as atividades

das Assistentes sociais junto aos usuários da unidade Hospitalar; Distinguir

entre as demandas postas aos/as assistentes sociais as que são impostas pela

instituição das que são privativas da categoria; Descrever algumas

possibilidades e desafios à atuação profissional identificados no Hospital

Distrital Gonzaga Mota de Messejana.

Para darmos credibilidade à pesquisa foi necessário realizarmos uma

revisão de literatura que nos deram subsídios para compreender o objeto

pesquisado. Partimos do conceito da história da saúde no Brasil, segundo as

discussões dos autores Maria Inês Sousa Bravo e Jairnilson Silva Paim entre

outros autores que nos nortearão para o entendimento do objeto pesquisado.

Apresentamos também a categoria Serviço Social na Saúde através dos

estudos de Lessa e Bravo, e relacionamos essas discussões com a categoria

Questão Sociais através do discurso de Iamamoto.

Começamos os debates contextualizando um pouco dos determinantes

históricos da saúde no Brasil, na categoria serviço social na saúde enfatizamos

o processo de isenção do assistente social na saúde buscamos deixar claro

todo esse processo e suas determinantes históricos. Buscamos também deixar

claro como o Assistente Social trabalha com a questão social e qual o seu

papel no enfrentamento da pauperização, e a garantia dos direitos dos usuários

que se encontram nessa situação de vulnerabilidade social.

Page 16: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

15

Desta forma, abordaremos essas categorias de forma mais abrangente

no decorrer dessa pesquisa. Para assim consideremos a relação dessas

categorias no trabalho cotidiano dos/as assistente social na área da saúde.

A política de saúde sofreu as influências de todo o contexto político-

social pelo qual o Brasil passou ao longo do tempo. Neste sentido a mesma

pode ser entendida como vários movimentos que sugiram como formas de

controlar, em principio, as epidemias que se espalhavam no Brasil na época.

Segundo Bravo (2009):

―No século XVIII, a assistência médica era pautada na filantropia e na

prática liberal. No século XIX, em decorrência das transformações econômicas e políticas, algumas iniciativas surgiram no campo da saúde pública, como a vigilância do exercício profissional e a realização de campanhas limitadas. No início do século XX, a saúde apresentava algumas formas de organização no setor saúde, que serão aprofundadas a partir de 1930. (p.89).‖

Ratificamos, que foi a partir do século XX que a saúde foi percebida

como expressão da questão social no Brasil, pois estava passando por várias

transformações tanto na área política como econômica. Percebemos também

que foi a partir da década 1930 que o estado passou a investir nas políticas

sociais surgindo assim às primeiras instituições voltadas para a saúde da

população. Salientamos que essa década bem como a década de 1945 foi de

fundamental importância para a gênese do serviço social no Brasil.

Após a Segunda Guerra Mundial, percebe-se que o poder público ao

invés de investir nos serviços públicos de modo a ampliá-los na sua

infraestrutura e nos seus serviços próprios de saúde passou a investir nas

instituições privadas de 1964 a 1967, dessa forma podemos dizer que o estado

passou a investir mais na saúde, fazendo com que houvesse a privatização dos

serviços prestados aos segurando da previdência. Esse processo se

intensificou nos governos militares, pois a privatização dos serviços estava

associando a corrupção. Esta política ficou conhecida com privatização, e foi

intensificada no período da ditatura militar.

Page 17: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

16

Durante a década de 1980, podemos destacar um fato marcante para a

discursões sobre a politica de saúde no Brasil, esse fato foi a 8ᵃ Conferência

Nacional de Saúde, realizada em março de 1986, em Brasília - Distrito Federal.

Que tinha como objetivo propor a Reforma sanitária e um Sistema Único de

Saúde. Desta forma cria-se um modelo de saúde pública, conhecido como

Sistema Único de Saúde (SUS), fruto da luta dos profissionais da saúde e da

sociedade civil.

E nesse contexto da década de 1990 que foram e são caracterizadas o

governo neoliberal, permanecendo assim até os dias atuais. Salientamos que o

governo neoliberal provoca a decadência dos direitos sociais conquistados pela

sociedade civil, desta forma as políticas sociais se tornam cada vez mais

focalizadas, fazendo como que houvesse a retratação por parte do Estado em

manter os direitos conquistados pela população.

E através desse contexto que o assistente social se insere tendo em sua

gênese marcada no primeiro momento por as damas da caridade, depois foi

evoluindo até chegamos status de profissão. Atualmente a profissão tem

formado cada vez mais assistentes sociais com intuito de propor, de criar e

intervir na realidade da sociedade contemporânea.

É com essa perspectiva que o trabalho do assistente social se dar

através de suas competências e atribuições específicas, além de sua

capacidade de critica da realidade. Desta forma passa a assumir uma postura

de trabalho em defesa dos direitos da sociedade.

1.1 PERCURSOS METODOLÓGICOS

Tivemos como campo de pesquisa o Hospital Distrital Gonzaga Mota de

Messejana- Gonzaguinha de Messejana, localizado no Bairro de Messejana no

município de Fortaleza-Ceará. Pertence a SER-VI (Secretaria Executiva

Regional). O hospital é caracterizado como unidade de atenção secundária e

assistência materno-infantil.

Page 18: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

17

A pesquisa foi desenvolvida junto ao corpo técnico do Serviço Social da

referida instituição que é composto por 24(Vinte e quatro) Assistentes Sociais,

a quantidade de entrevistas a ser realizadas foi definida por saturação da

amostragem. Segundo Fontanella et al (2008),

―É uma ferramenta conceitual frequentemente empregada nos relatórios de investigação qualitativos em diferentes áreas no campo da saúde, entre outros. É usada para estabelecer ou fechar o tamanho final de uma amostra em estudo, interrompendo a captação de novos componentes. Em outras palavras amostragem por Saturação porque o pesquisador fecha o grupo quando, após as informações coletadas com certo número de sujeitos, novas entrevistas passam a apresentar uma quantidade de repetições em seu conteúdo (p.17.).‖

Para melhor compreendermos a realidade estuda, optamos pela

aproximação como o método dialético, compreendemos que o mesmo nos

levara para uma maior aproximação com a dinamicidade e com a contradição e

o movimento da realidade, nos permitindo assim uma reflexão dos elementos

que dialogam entre si. Conforme Demo (1987). A dialética seria a metodologia

específica das ciências sócias, porque vê na história não somente o fluxo das

coisas, mas igualmente a principal origem explicativa. Neste sentido,

consideramos indispensável o uso do método dialético na nossa pesquisa, pois

o mesmo nos permitira uma visão mais ampla da realidade estuda (p.21).

Na busca de uma maior apreensão da realidade proposta nessa

pesquisa, seguimos com a trajetória metodológica a abordagem qualitativa, a

partir da qual poderemos trabalhar como a realidade subjetiva a qual não pode

ser qualificada. De acordo com Goldemberg (2009, p. 63), Os métodos

qualitativos poderão observar, diretamente, como cada individuo grupo ou

instituição experimenta, concretamente, a realidade pesquisada.

A pesquisa qualitativa nos permite analisar a realidade do ambiente

pesquisado e nos possibilitou uma maior exatidão do movimento cotidiano do

profissional de Serviço Social.

Page 19: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

18

A coleta de dados foi realizada em Dezembro de 2013, nas

dependências do Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana, através da

aplicação de entrevista semi-estruturadas com as assistentes sociais da

referida instituição. Que de acordo com Minayo (1994, p. 57) a entrevista é o

procedimento mais usual no trabalho de campo.

Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas de forma integral, logo

após foi realizado a leitura cada depoimento, procuramos identificar os

aspectos mais significativos sobre a temática de interesse. Levamos em

consideração todos os discursos que divergem e convergem fazendo assim

uma comparação entre as respostas das assistentes sociais sobre a temática

proposta. Esse processo também auxiliar na percepção de saturação da

amostra.

Todas as assistentes sociais que participaram da pesquisa foram

convidadas e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecimento,

após leitura do mesmo. O TCLE é um documento no qual é explicitado o

consentimento livre e esclarecido do participante e/ou de seu responsável

legal, de forma escrita, devendo conter todas as informações necessárias, em

linguagem clara e objetiva, de fácil entendimento, para o mais completo

esclarecimento sobre a pesquisa a qual se propõe participar.

Usamos a resolução 466/2012 que trata do respeito pela dignidade

humana em pesquisa envolvendo seres humanos, que trata sob a ótica do

indivíduo e das coletividades, referenciais da bioética, tais como, autonomia,

não maleficência, beneficência, justiça e equidade, dentre outros, e visa a

assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da

pesquisa, a comunidade cientifica e ao estado. Desta forma a resolução estará

em conformidade com os princípios fundamentais do código de ética do

assistente social.

Enquanto a eticidade da pesquisa foram respeitados, os participantes

em sua dignidade e autonomia, reconhecendo sua vulnerabilidade,

Page 20: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

19

assegurando sua vontade de contribuir e permanecer, ou não, na pesquisa, por

intermédio de manifestação expressa, livre esclarecida.

De acordo, também como a resolução 466/2012 o projeto de pesquisa

foi submetido à plataforma Brasil, sendo a mesma responsável pelo

recebimento de todos os projetos de pesquisa que envolva seres humanos nos

Comitês de Ética no país, Informamos que ainda não recebemos o parecer

final. No entanto o projeto também foi submetido à SMS (Secretaria Municipal

de Saúde), para obtenção do termo de anuência da SMS, somente após a

expedição do mesmo foi realizado a coleta dos dados. O resultado favorável da

SMS saiu no dia 13/12/2013.

De forma a contemplar a discussão proposta no projeto de pesquisa à

monografia foi estruturada da seguinte forma: No primeiro capitulo será

composto por ―Introdução e percurso metodológico‖.

No segundo capítulo trabalhamos ―História da Saúde no Brasil e atenção

secundária e materno-infantil‖. Realizamos um breve contexto histórico da

saúde brasileira, desde o inicio do século XX, ressaltamos a constituição

federal de 1988 e o desenvolvimento do sistema único de saúde (SUS).

No terceiro capítulo abordamos ―Serviço Social e Saúde uma história

marcada pelas transformações da profissão e a precarização do mercado de

trabalho das/os assistentes sociais‖. Realizamos um breve contexto histórico

do trabalho, depois abordamos a gênese do Serviço Social na Saúde,

passando pelos marcos históricos da profissão bem como uma discussão a

respeito da atuação do assistente social na saúde.

No quarto capítulo, constam os resultados colhidos no Hospital Distrital

Gonzaga Mota de Messejana com o tema ―O Serviço Social no Gonzaguinha

de Messejana‖. Conhecendo os espaço da pesquisa realizamos um breve

histórico da instituição, apresentando os relatados das assistentes sociais

sobre o seu cotidiano profissional na referida instituição, como elas conseguem

Page 21: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

20

aliar suas práticas com a teoria de suas ações e ampliam suas concepções

sobre suas atribuições e competências, bem como elas vêem a importância da

formação continuada para os profissionais na área da saúde. No mesmo

capítulo constam nossas considerações finais a respeito da pesquisa bem

como a revisão bibliográfica.

A seguir veremos de forma mais detalhada todos esses capítulos,

esperamos que essa leitura possa ser prazerosa tanto para os profissionais

quanto para os estudantes e estagiários interessando em estudar essa

temática.

Neste sentido acreditamos que, a pesquisa poderá ter uma grande

relevância para o Serviço Social da referida instituição, sendo importante para

o fortalecimento da profissão percebendo assim como a atuação profissional

esta sendo excedida no âmbito da saúde pública, fazendo articulação da

atuação com os limites e possibilidades de melhorar a mesma. Ao discutirmos

essa realidade teremos uma visão de totalidade da realidade social vivenciada

pelas profissionais.

Page 22: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

21

2 HISTÓRIA DA SAÚDE NO BRASIL E ATENÇÃO SECUNDÁRIA E

MARTENO – INFANTIL.

2.1 UM BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA SAÚDE NO BRASIL

Para entendermos a Política de Saúde é necessário apresentarmos os

antecedentes que marcaram a trajetória da Saúde Pública no Brasil e os

períodos que antecederam a ação estatal até dias atuais. Desta forma o

desenvolvimento da Política de Saúde no Brasil, remete-nos à exposição do

contexto histórico, político social e econômico no qual esta política está e

esteve inserida.

Segundo Bravo (2009)

―No século XVIII, a assistência médica era pautada na filantropia e na prática liberal. No século XIX, em decorrência das transformações econômicas e políticas, algumas iniciativas surgiram no campo da saúde pública, como a vigilância do exercício profissional e a realização de campanhas limitadas. No início do século XX, a saúde apresentava algumas formas de organização no setor saúde, que serão aprofundadas a partir de 1930(p.89).‖

Entendemos que nesse período o estado passou a investir no campo da

saúde, surgindo assim às primeiras instituições de saúde voltadas para a

saúde dos trabalhadores. Esse processo acabou desencadeando a ação

estatal tendo como base a privatização dos serviços prestados aos segurados

da previdência. Esse processo se intensificou nos governos militares, pois a

privatização dos serviços estavam associados à corrupção.

Vale ainda ressaltar que essa organização na saúde aconteceu segundo

Paim (2009):

―Durante a passagem do século XIX para o XX, início da industrialização do Brasil, a saúde despontava como questão social, ou seja, como um problema que não se restringia ao

Page 23: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

22

indivíduo, exigindo resposta da sociedade e do poder público. (p.27).‖

Este período foi marcado pela grande expansão da economia do

capitalismo, que refletiu fortemente para os avanços da divisão do trabalho. As

características nesse contexto tanto no cenário econômico como político

possibilitou o surgimento de políticas sociais que pudessem responder aos

problemas sociais, inclusive os da área da saúde.

De acordo com Bravo (2009),

―A saúde pública, na década de 1920, adquire novo relevo no

discurso do poder. Há tentativas de extensão dos seus serviços por

todo país. A reforma Carlos Chagas, de 1923, tenta ampliar o

atendimento à saúde por parte do poder central, constituindo uma das

estratégias da União de ampliação do poder nacional no interior da

crise política em curso, sinalizada pelos tenentes, a partir de

1922(p.90).‖

Nesse contexto de grandes transformações no processo de

industrialização e aceleração da urbanização do grande capital, ocorreu

assinatura da Lei Elóy Chaves, criando nessa época às caixa de aposentadoria

e pensões que vinha apenas garantir o estatuto legal para iniciativas já

existentes da organização dos trabalhadores nas fábricas, visando a garantia

da pensão em caso de acidente ou afastamento do trabalho por doença, e uma

futura aposentadoria para os trabalhadores.

Para a autora Conh (2003),

―O processo que institui as CAPs no Brasil e datada de 1923, sendo

primeira instituição de modalidade de seguro para trabalhadores do

setor privado, organizado por empresas, por meio de um contrato

compulsório e sob a forma contributiva, tinha como função a

prestação de benefícios (pensões e aposentadorias) e assistência

médica a seus filiados e dependentes(p.14).‖

Page 24: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

23

Foi a partir da criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs)

que os trabalhadores vinculados a essas caixas puderam ter garantido algum

acesso à assistência médica no Brasil. As CAPs eram em sua natureza

previdenciária que prestava assistência médica e fornecia remédios para os

seus segurados.

As CAPs eram considerados um sistema fragmentado dessa forma foi

substituído pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs)1 que foram

criados no Estado Novo de Getúlio Vargas. Os institutos podem ser vistos

como resposta, por parte do Estado, às lutas e reivindicações dos

trabalhadores no contexto de consolidação dos processos de industrialização e

urbanização brasileiros. Acentua-se o componente de assistência médica, em

parte por meio de serviços próprios, mas, principalmente, por meio da compra

de serviços do setor privado.

Bravo (2009) ressalta ainda que:

―Medicina previdenciária, que surgiu na década de 1930, com a

criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) pretendeu

estender para um número maior de categorias de assalariados

urbanos os seus benefícios como forma de ―antecipar‖ as

reivindicações destas categorias e não proceder a uma cobertura

mais ampla (p. 05).‖

Destacamos que com a criação IAPs, a saúde teve novos avanços para

saúde do trabalhador, pois a mesma passou a amplia a cobertura de seus

serviços. Desta forma, a medicina previdenciária contou com implementação

dos IAPs, que veio para fortalece e prestar uma assistência à saúde voltado

suas ação para o processo saúde/doença.

Desta forma Paim (2009) afirma que:

1Para aprofundar o conhecimento sobre IAPs acessar

http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_4.pdf

Page 25: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

24

―A medicina previdenciária implementada nos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), nem com a saúde do trabalhador. Separava, artificialmente, a prevenção e a cura (tratamento), a assistência individual e atenção coletiva, a promoção e a proteção em relação à recuperação e à reabilitação da saúde. (p.31).‖

Segundo Bravo (2000, p. 04), entre 1930 e 1940 evidenciou-se foco nas

campanhas sanitárias, coordenação dos serviços estaduais de saúde, ações

voltadas para as endemias rurais; serviços de combate às endemias;

reorganização do Departamento Nacional de Saúde, em 1941, entre outros.

Ainda conforme Bravo (2000),

―A partir de 1966 vemos o fortalecimento da categoria de Medicina Previdenciária que atuava com base na criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), visando estender os benefícios ao maior número de assalariados possível, e antecipando às reivindicações, ou seja, não tinha um caráter de ofertar uma cobertura mais ampla(p.05).‖

Durante esse período nota-se que IAPs passaram por um processo de

unificação, no qual o regime autoritário de 1964 venceu as resistências a tal

unificação por parte das categorias profissionais que tinham institutos mais

ricos. O Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)2 consolida o

componente assistencial, com marcada opção de compra de serviços

assistenciais do setor privado, concretizando o modelo assistencial

hospitalocêntrico, curativista e médico-centrado, que terá uma forte presença

no futuro SUS.

É importante ressaltar que foi durante esse processo que ocorreu a

junção da previdência social com IAPs, mas precisamente 1966 ocorreram

essa unificação respondendo a crescente papel de intervenção do estado na

sociedade, bem com a exclusão da gestão da previdência, favorecendo apenas

seus financiadores. De acordo com Bravo (2009):

―O setor saúde precisava assumir as características capitalistas, com a incorporação das modificações tecnológicas ocorridas no exterior. A saúde pública teve no período um declínio e a medicina

2Para aprofundar leitura acessar:

http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_4.pdf

Page 26: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

25

previdenciária cresceu, principalmente após a reestruturação do setor, em 1966. (p.06,07).‖

É neste período que há um aprofundamento do perfil do assistencialismo

na Previdência Social, passando a serem imunes as formas de controle por

parte dos trabalhadores assalariados, passando assim a ter mais a participação

por parte do poder público. Desta forma os benefícios que antes vinham sob

forma de prestação em dinheiro e assistência médica. Agora os serviços

médicos passam pelo processo de clientelismo da política a base de favores e

não, mas, como as aposentadorias e Pensões.

Segundo Escorel (2008, p. 391) O INPS passou a ser o grande

comprador de serviços privados de saúde e, desta forma, estimulou um padrão

de organização da prática médica orientado pelo lucro.

Em 1977, com as reformulações na previdência foi criado segundo Conh

(2003).

―O Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), sendo assim extinto o FUNRUAL, apesar de se manter a sigla ainda que por um longo período, dados as pressões de parlamentares situacionistas vinculados ao setor rural. [...] A instituição do SINPAS, em 1977, ao separar a parte de benefícios e de assistência médica passou a ser responsabilidade do antigo INPS, antes responsável por ambas, e esta passando agora a ser responsabilidade do recém-criado INAMPS que passa a ser o grande órgão governamental prestador da assistência médica – basicamente à custa de compra de serviços médico-hospitalares e especializados do setor privado (p.22-25).‖

Procuramos trazer nesse tópico um breve contexto da saúde no Brasil,

mostrando como a mesma evoluiu ao longo de sua história, além disso,

evidenciamos os principais fatos que marcaram o desenvolvimento da mesma,

Diante disso, procuramos mostrar como o crescimento das Políticas Públicas

no Brasil foi um processo lento. O tópico seguinte conta a história do

movimento de Reforma Sanitária no Brasil e o surgimento do Sistema Único de

Saúde o (SUS), través desse movimento, mostrou-se as principais lutas da

sociedade civil, e profissionais da saúde para efetivação do mesmo.

Page 27: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

26

2.2 HISTÓRIA DO MOVIMENTO DE REFORMA SANITÁRIA E O SUS

A Política Pública de Saúde no Brasil pauta-se na concepção de saúde

construída pela sociedade brasileira, ao longo da história sendo assim de

fundamental importância compreender como a mesma se estabeleceu ao longo

dos anos, bem como a conquista da mesma pela sociedade brasileira.

Segundo Bravo (2009)

―A política de saúde no Brasil nos anos 1980 vivenciou ao mesmo tempo um processo de democratização política superando o regime ditatorial instaurado em 1964, experimentou uma profunda e prolongada crise econômica que persiste até os dias atuais. As decepções com a transição democrática ocorreram, principalmente, com seu giro conservador após 1988, não se traduzindo em ganhos materiais para a massa da população. A saúde, nessa década, contou com a participação de novos sujeitos sociais na discussão das condições de vida da população brasileira e das propostas governamentais apresentadas para o setor, contribuindo para um amplo debate que permeou a sociedade civil. Saúde deixou de ser interesse apenas dos técnicos para assumir uma dimensão política, estando estreitamente vinculada à democracia. (p.95).‖

Ressaltamos que essa democracia foi conquistada com ações de

profissionais da área da saúde juntamente com membros da sociedade civil

que buscavam melhores condições nos serviços de saúde, buscando fortalecer

o setor público, bem com o movimento sanitário, esse movimento contou com a

participação do CEBES que segundo Bravo (2009) era:

―Centro Brasileiro de Estudo de Saúde (CEBES) como veículo de

difusão e ampliação do debate em torno da Saúde e Democracia e

elaboração de contrapropostas; os partidos políticos de oposição, que

começaram a colocar nos seus programas a temáticas e viabilizaram

debates no Congresso para discussão da política do setor e os

movimentos sociais urbanos, que realizaram eventos em articulação

com outras entidades da sociedade civil. (p.08-09).‖

Conforme Escorel (2008, p.408) o CEBES posicionou no cenário político

atuando nas entidades profissionais, disseminando a ideologia em que o

Page 28: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

27

assalariamento era visto como uma aproximação com as classes populares,

podendo ser utilizado na transformação da ideologia médica liberal.

Esse movimento segundo Paim (2009, p.39-40) tinha o objetivo de

democratizar a saúde no Brasil, bem como propor a Reforma Sanitária e a

implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a reestruturação do

sistema de serviços.

De acordo com autora Bravo (2009, p.96) O fato marcante e

fundamental para a discussão da questão Saúde no Brasil, ocorreu na

preparação e realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em

março de 1986, em Brasília - Distrito Federal. O temário central versou sobre: I

- A Saúde como direito inerente a personalidade e à cidadania; II -

Reformulação do Sistema Nacional de Saúde, III - Financiamento setorial.

Segundo Paim (2009):

―Foram sistematizados e debatidos por quase cinco mil participantes diversos, gerando assim o relatório final do evento inspirou o capítulo ―Saúde‖ da constituição, desdobrando-se, posteriormente, nas leis orgânicas da saúde (8.080/90 e 8.142/90), que permitiram a implementação do SUS. (p.40)‖

Desta forma, 8ᵃ Conferência Nacional de Saúde modificou as base de

organizações deliberadas e representação da saúde no Brasil, pois queria

colocar a saúde como direito, fazendo com que o estado reformulassem o

sistema nacional de saúde e financiassem o setor.

Conforme Brasil (1988), O SUS (Sistema Único de Saúde), é uma

conquista da sociedade Brasileira, que foi criado com o firme propósito de

promover a justiça social e superar as desigualdades na assistência á saúde da

população, tornando obrigatória e gratuita o atendimento a todos os indivíduos.

Abrange do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos. É o

único a garantir acesso integral, universal e igualitário.

Page 29: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

28

Diante do exposto percebemos que o SUS é fruto de muitas lutas e

reivindicações da população Brasileira, teve na VIII Conferência Nacional da

Saúde, em 1986 um dos seus marcos, pois foi a partir dessa conferência que a

população passou a ter voz e vez. Para discutir os problemas e serviços de

saúde no Brasil. Compreendemos com o que foi exposto que o SUS é uma

conquista da sociedade Brasileira, porém o SUS que temos hoje não é o SUS

que queremos e muito menos o SUS pelo qual se lutou na década de 1980,

pois o SUS real apresenta um abismo imenso daquele idealizado e

regulamento em lei.

Neste sentido o CFESS (2010, p.19) aponta que a política pública de

saúde tem encontrado notórias dificuldades para sua efetivação, como a

desigualdade de acesso da população aos serviços de saúde, o desafio de

construção de práticas baseadas na integralidade, os dilemas para alcançar a

equidade no financiamento do setor, os avanços e recuos nas experiências de

controle social, a falta de articulação entre os movimentos sociais, entre outras.

De acordo com Noronha et al (2008)

―A implantação do SUS aconteceu pós a promulgação da Lei Orgânica da Saúde (lei n.8.080, de 19 de setembro de 1990, complementada pela lei n.8.142, de 28 de dezembro de 1990). Posteriormente, reformulam-se os papeis dos entes governamentais na prestação de serviço e na gestão do sistema de saúde, adotam-se novos critérios de transferências de recursos financeiros destinados à saúde, criam-se e ampliam-se as instâncias colegiadas de negociação, integração e decisão, envolvendo a participação dos gestores, prestadores, profissionais de saúde e usuários(p.435).‖

Esse processo foi fundamental para o melhor desenvolvimento da saúde

no Brasil, pois foram adotadas novas forma de distribuição e transferências nos

recursos nessa área. Bem como a definição dos papeis dos Governantes na

gestão desse serviço.

Para Bravo (2009, p.13)

―Nos anos 1990 assiste-se o redirecionamento do papel do Estado, influenciado pela Política de Ajuste Neoliberal. Nesse contexto,

Page 30: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

29

apesar do texto constitucional conter avanços, houve um forte ataque por parte do grande capital, aliado aos grupos dirigentes. A Reforma Constitucional notadamente da Previdência Social e das regras que regulamentam as relações de trabalho no Brasil é um dos exemplos dessa aliança. ( p.13).‖

Salientamos que o SUS foi criado para suprir as necessidades da

população, ele também é consolidado como direito a cidadania e apesar de

estar inserido no contexto neoliberal, no qual o Estado tem uma retratação em

relação aos direitos sociais, cabendo ao poder público a obrigação de garantir

o mesmo.

É importante destacar que o SUS criou uma cartilha que estabeleceu os

Princípios fundamentais da Saúde, tais como universalidade; integralidade;

equidade; regionalização e hierarquização; participação e controle social e

descentralização. Com isso o Ministério da Saúde quis mostrar quais são esses

princípios e como o mesmos foram conquistados.

Vale ressaltar conforme Paim (2009) que,

―[...] os princípios são aspectos que valorizamos nas relações sociais, a maioria é derivada da moral, da ética, da filosofia, da política e do direito. [...] vale ainda ressaltar segundo autor que o princípio da equidade não consta em nenhum documento legal que constitui o SUS, conforme o mesmo o princípio utilizado é o da igualdade (p.56-58).‖

Destacamos aqui os princípios fundamentais do SUS como forma a

conhecê-los, os mesmos estão definidos da seguinte forma: Universalidade-

supõe o direito à saúde para todos, incluindo acesso aos serviços de saúde em

todos os níveis de assistência. Integralidade- é entendida como um conjunto

articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, ou seja,

garante que as pessoas devem ter acesso a todos os níveis de saúde.

Igualdade (que significa o princípio da equidade) que tratar da assistência à

saúde das pessoas sem qualquer tipo de preconceito ou privilegio de qualquer

espécie. Regionalização e Hierarquização- significa que a rede de serviços

de saúde integra, em nível executivo, das ações de saúde, meio ambiente e

Page 31: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

30

saneamento básico, e organização dos serviços públicos de modo a evitar

duplicidade de meios para fins idênticos. Participação e Controle Social –

tratar autonomia dos cidadãos para democratizar os serviços e as decisões do

SUS. Descentralização – política-administrativa que trata da diversidade

regional onde as decisões do SUS serão tomadas.

É importante destacar que o SUS teve grandes avanços ao longo de sua

história, que dizem respeito ao seu modelo e concepções de saúde, pois até a

década de 1970, a saúde no Brasil tinha o caráter curativo-privatista, que só se

preocupava em cura as doenças não considerando os seus condicionantes e

determinantes. Além do que o sistema previdenciário só atendia o trabalhador

que tivesse a carteira assinada e/ou pudesse contribuir de forma autônoma,

desta forma as pessoas que não tivessem esse requisito eram consideradas

indigentes.

2.3 OROGANIZAÇÃO DO SUS EM NÍVEL DE ATENÇÃO

2.3.1 ATENÇÃO SECUNDÁRIA-HOSPITALAR

Os sistemas de atenção à saúde no Brasil são definidos pela

Organização Mundial da Saúde como o conjunto de atividades cujo propósito

da atenção primário é promover, restaurar e manter a saúde da população. A

atenção secundaria abordaremos mais detalhadamente a seguir e a atenção

terciária mais conhecida como alta complexidade sendo composta pelo um

conjunto de terapias e procedimentos de elevada especialização.

Compreender a organização de atenção hospitalar no SUS faz-se

necessário, pois é através dessa organização que os profissionais passam a

orientar e esclarecer a população quanto ao funcionamento da rede hospitalar,

através dos três níveis de atenção primaria, secundaria e terciária, podendo

assim especificara função dos serviços prestados em cada nível de atenção.

Desta forma, vamos nos deter na atenção secundaria, pois a mesma nos

possibilitara entender melhor os serviços do Hospital Gonzaga Mota de

Messejana.

Page 32: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

31

Conforme Erdmannet al (2013)

―A atenção secundária é formada pelos serviços especializados em

nível ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica

intermediária entre a atenção primária e a terciária, historicamente

interpretada como procedimentos de média complexidade. Esse nível

compreende serviços médicos especializados, de apoio diagnóstico e

terapêutico e atendimento de urgência e emergência. (p.03).‖

Desta forma, compreendemos que a atenção secundária foi organizada

e estabelecida conforme as práticas de atenção à saúde, contemplando assim

a políticas, os princípios e normas que regem o seu funcionamento.

A atenção secundária é composta pela média complexidade, que

segundo PAIM (2009):

―Compõe-se por ações e serviços que visam a atender aos principais problemas de saúde da população, cuja prática clínica demande disponibilizando de profissionais especializados e o uso de recursos tecnológicos de apoio diagnostico e terapêutico (p.60-61).‖

Nesse sentido, percebemos que os serviços na atenção secundária, são

compostos por profissionais especializados, bem como o uso de alta tecnologia

para melhor obter um diagnostico dos pacientes.

Desta forma, segundo Erdmann et al (2013) mostrou que:

―Os serviços de atenção secundária têm sido apontados como um dos entraves para a efetivação da integralidade no SUS. Esse nível de atenção é caracterizado como o ―gargalo‖, pois falta a integração entre diferentes pontos de atenção, a insuficiência de fluxos formais para atenção terciária e a desarticulação das políticas que normatizam a atenção secundária são entraves à garantia do cuidado integral, tornando incompleto esse processo na rede (p.06-07).‖

Diante disso, podemos perceber que a atenção Secundaria é

considerada pelo sistema como uma espécie de gargalo, deixando assim uma

falta de integração entre os níveis primários e terciários de atenção a saúde.

Page 33: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

32

A Atenção Hospitalar tem sido, ao longo de décadas, um dos principais

temas de debate acerca da assistência no Sistema Único de Saúde. É

indiscutível a importância dos hospitais na organização da rede de saúde, seja

pelo tipo de serviços ofertados e sua grande concentração de serviços de

média e alta complexidade, seja pelo considerável volume de recursos

consumido por esse nível de atenção. Segundo a OMS apud Brasil (2011)

―O conceito de hospital é aplicado para todos os estabelecimentos com pelo menos cinco leitos para a internação de pacientes que garantam um atendimento básico de diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admissão e assistência permanente prestada por médicos. (p.11).‖

Desta forma, entendendo que essas instituições na prática, agregam

uma serie de funções que as caracterizam como organizações com altos níveis

de complexidades no setor saúde. Desta maneira as organizações no setor

saúde estão sempre em processo de transformações rápidas que envolvem

problemas como: emprego, ensino e pesquisa, assistenciais e de apoio aos

serviços de saúde.

Hoje, o Brasil conta com uma rede de serviços hospitalares construídos

e legitimados historicamente, detentora de uma realidade concreta sendo

operacionalizada dentro de um novo cenário sanitário e com diretrizes gerais

que apontam para a busca de uma maior inserção na rede de serviços de

saúde. São mais de 7,5 mil instituições que produzem mais de 11 milhões de

internações por ano, segundo dados do DATASUS/MS (ano base 2008).

(BRASIL, 2011, p.11).

Na busca de novas perspectivas para a renovação do setor hospitalar

brasileiro encontramos a necessidade de um novo papel dos hospitais

brasileiros dentro da rede de serviços do SUS, apreendendo sua historicidade,

seus determinantes, os valores e atores envolvidos, com vistas à elaboração

de propostas que possam ser, de fato, estruturantes e coerentes para a

garantia e ampliação do acesso à população usuária dos serviços do SUS.

Page 34: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

33

Abordaremos no tópico seguinte assistência materna infantil no Brasil,

pois o Hospital Gonzaga Mota de Messejana é um hospital que presta

assistência materno-infantil. Por isso faz-se necessário conceitua o mesmo.

2.4 ASSISTÊNCIA MATERNO INFANTIL NO BRASIL

A política de saúde voltada para a saúde da mulher é permeada por

movimentos históricos e sociais que revelam a concepção da sociedade acerca

dessa temática.

O processo de institucionalização da proteção de saúde materno-infantil

no Brasil se deu com a reforma sanitária de Carlos Chagas, na década de

1920, desenvolvendo-se em períodos subsequentes por força dos dispositivos

legais e programáticos3. Os programas de saúde materno-infantil foram

amplamente utilizados nos serviços de saúde pública, na década de 1970, até

meados da década de 1980, como resposta do governo a alguns problemas

sanitários selecionados como prioritários.

Destacamos que a proteção materno-infantil tornou-se principal alvo das

políticas públicas no Brasil, que foram consolidadas a partir lei Elói chaves e

reafirmada pela Reforma Sanitária Brasileira.

Conforme Osis apud Souza (2013, p. 24)

―Na primeira e segunda década do século XX surgem às primeiras preocupações com a saúde da mulher. Estas foram traduzidas em leis e decretos que tinham por finalidade proteger a maternidade das mulheres que exerciam atividades fora do lar, bem como proteger as crianças. Em 1923, surgiu o primeiro decreto federal para a trabalhadora, facilitando a licença-maternidade e garantindo o direito à amamentação durante a jornada de trabalho.‖

3Para aprofundar leitura sugerimos texto publicado Disponível em:

http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/campinas.htm

Page 35: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

34

Ainda segundo Souza (2013) no final da década de 1920 e no início de

1930, sob a influência de experiências americanas, teve início à estruturação

de uma nova organização médico-sanitária que valorizava a educação como

via essencial à saúde. A partir de 1930, foram estabelecidos diversos decretos

que regulamentavam o trabalho da mulher e as constituições de 1934 e 1937

reforçadas, posteriormente, pelas de 1946 e 1967, determinaram a adoção de

medidas para diminuir a mortalidade materna.

Esse processo foi se estabelecendo através dos programas de saúde

que buscavam melhorias para as mulheres, desta forma Osis apud Souza

(2013)

―Os programas e a atenção à saúde da mulher, que se traduzia na proteção ao grupo materno-infantil. Valorizava-se, naquele período, a mulher e o seu papel de mãe. Assim, os programas de saúde buscavam enfocar a questão da reprodução e a importância social desse fenômeno. O primeiro órgão do governo que as voltou exclusivamente para o cuidado materno-infantil foi o Departamento Nacional da Criança (DNCR), que atuou de 1940 a 1965, coordenando e normatizando as ações voltadas à infância e adolescência (p.25).‖

É possível destacar conforme Souza (2013, p.25) que entre 1974 a 1979

constituiu-se em uma fase de mudanças conceituais importantes no âmbito da

discussão das políticas sociais e de saúde no Brasil, surgindo um movimento

crítico de reflexão sobre as políticas públicas.

Ratificamos que só a partir de 1975 foi que surgiu o primeiro programa

voltado para assistência da materno-infantil. Convém destacar entre eles o

programa materno-infantil (PMI) de 1975 e o programa de assistência integral à

saúde da mulher (PAISM) de 1984 ambos foram construídos de formas

diferentes. Pois o primeiro era voltado só para a saúde da mulher no período

da sua gestação, já o que diz respeito ao segundo presta assistência médica a

mulher não só no período de gestação, mas sim a saúde da mulher de forma

geral.

Para Zampieri apud Souza (2013),

Page 36: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

35

―Em 1975, aconteceu no México a Conferência Mundial do Ano Internacional das Mulheres, que proclamou o período de 1976 a 1985 como o decênio das Nações Unidas para a mulher, com os princípios da igualdade, do desenvolvimento e da paz. As mulheres organizaram-se reivindicando uma resposta governamental às suas demandas de saúde (p.25).‖

O ministério da saúde criou em 1977 vários programas ligados a

assistência materno-infantil com o objetivo de garantir todos os recursos

necessários à saúde da mulher no período de sua gestação, entre outros

benefícios.

Mas, foi na constituição de 1988 que segundo Maia (2010)

―Marcou a redefinição das prioridades da politica do estado na área da saúde coletiva e determina, no seu artigo 198, que as ações e serviços públicos de saúde integrem uma rede regionalizada e hierarquizada e constituam um sistema único. O Sistema Único de Saúde (SUS) é organizado de acordo com os princípios da universalidade, equidade e integralidade. Sua implementação tem como base as diretrizes de hierarquização, descentralização e participação da comunidade. A assistência privada à saúde é livre e as instituições privadas podem participar de forma complementar ao SUS, mediante contrato direito público ou convênio, sendo dada preferência às entidades filantrópicas e sem fins lucrativos. (p.25)‖

A saúde passou por vários processos para se adequar as novas

determinações que se estabeleceram com constituição, uma das principais

mudanças ocorridas com constituição de 1988, foi a separação da saúde que

estava vinculada com a previdência. Desta forma, foi criado o Ministério da

Saúde responsável pelo enfrentamento das epidemias, tornando assim a

assistência médica uma atribuição privativa da previdência que na época era

separada por categorias profissionais.

Segundo Maia (2010, p.29), ao retomamos os argumentos inicial,

podemos constatar que o modelo de assistência à saúde no Brasil privilegiou e

consolidou as práticas curativas médico-hospitalares individuais, financiadas

Page 37: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

36

pelo sistema previdenciário, em detrimento das ações coletivas de prevenção e

proteção de saúde.

Ratificamos que esse modelo de assistência à saúde reforça a cultura da

valorização do processo saúde/doença, deixando assim uma alta valorização

dos médicos, fortalecendo assim as altas tecnologias desenvolvidas pelos

setores privados, bem como as ações dos médicos nesse processo. Segundo a

mesma autora.

―O fortalecendo do sistema brasileiro é considerando hibrido4 porque

marca a classe em (rico/privado e pobre/público), de forma que a distinção na produção de ações e serviços também constitui como uma forma de diferenciação de status social (MAIA, 2010, p.29).‖

No que diz respeito ao modelo de assistência ao parto a autora destaca

o processo que foi construído pela medicina obstétrica nos mostrando assim

todo contexto do modelo de assistência ao parto. Desta maneira Afirma

Domingues apud Maia (2010, p.29-30) o parto, um ritual de mulheres, nãoera

considerado um ato médico, e ficava a cargo das parteiras. Quando havia

complicações ou dificuldades no parto, os cirurgiões-barbeiros, também

denominados cirurgiões-parteiros, eram chamados a intervir.

Para Martins apud Maia (2010, p.30) os primeiros manuais de parto na

Europa surgiram no século XVI, publicados por cirurgiões-parteiros para a

divulgação dos acontecimentos da Medicina greco-romana,[...] a especialidade

da obstetrícia só nasceu nas faculdades europeias de medicina na primeira

metade do século XIX.

Dessa maneira, a criação da obstetrícia só seria possível se

comprassem dois requisitos um deles era que as mulheres se tornassem alvo

de interessem da medicina, o segundo requisito era que a estrutura tripartite da

medicina tivesse definitivamente separada para que só assim a obstetrícia

passasse a ser especialidade médica.

4 Sistema de saúde brasileiro se caracteriza como Hibrido, pois tem setor privados no financiamento da

saúde.(MAIA, 2010, p.29).

Page 38: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

37

Martins apud Maia (2010, p.30-31) os tratados de obstetrícia dos XVIII e

XIX dedicaram muitos capítulos aos problemas que ocorriam nos dois

momentos [a gravidez e o parto], além do fato de que a obstetrícia tornou-se

uma especialidade médica a partir da experiência dos cirurgiões em atender

somente a partos complicados, o que explica o grande interesse pela patologia

dos partos.

Mas, segundo Maia (2010, p.31) no final do século XIX, os obstetras

passaram a empreender campanhas para transformar o parto em um evento

controlado por eles e circunscrito ás maternidades, o que se efetivou na

metade do século XX.

Percebemos nesse momento que os médicos queriam se apropriar do

processo de hospitalização do parto, transformando esse momento só deles,

deixando de lado a família. Nesse momento, é importante salientar que esse

processo de hospitalização do parto trouxe uma série de violações dos direitos

das mulheres, bem como o surgimento da violência obstétrica que causava dor,

humilhações e agressões verbais causadas pelos médicos.

Desta forma, Segundo um Dossiê elaborando pela Rede Parto do

Princípio para a CPMI da Violência Contra as Mulheres podemos observa o

conceito de violência Obstétrica que segundo Ciello et al (2012)

―São todos aqueles praticados contra a mulher no exercício de sua saúde sexual e reprodutiva, podendo ser cometidos por profissionais de saúde, servidores públicos, profissionais técnico-administrativos de instituição públicas e privadas, bem como civil (p.60).‖

Em suma podemos destacar que a política para a mulher passou por

vários processos, para poder melhor atender a mulher nesse momento do

parto. Desta maneira o Ministério da Saúde criou programas voltados para

esse momento de gravidez e parto. Entre ele podemos citar a Rede Cegonha

que segundo Brasil (2013) é:

Page 39: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

38

―Uma estratégia lançada, em 2011, pelo Governo Federal para

proporcionar às mulheres saúde, qualidade de vida e bem-estar durante a gestação, parto, pós-parto e o desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida. Tem o objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil e garantir os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes. A proposta qualifica os serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no planejamento familiar, na confirmação da gravidez, no pré-natal, no parto e no puerpério (28 dias após o parto).(p.03)‖

A Rede Cegonha é uma estratégia do próprio Ministério da Saúde para

ser operacionalizada pelo SUS, fundamentada nos princípios da humanização

e assistência, onde mulheres, recém-nascidos e crianças passam a ter direitos

como: ampliação do acesso, acolhimento e melhoria da qualidade do pré-

natal, entre outros benefícios. Vale ressaltar que a rede cegonha esta

estruturada a partir de quatro componentes, que conforme o Ministério da

Saúde são: Pré-natal; Parto e Nascimento; Puerpério e Atenção Integral à

Saúde da Criança; Sistema Logístico (Transporte Sanitário e Regulação).

Vemos, portanto, que o Brasil experimentou sucessivas transformações

em relação à saúde da mulher que ocasionaram em melhorais que foram feitas

ao longo dos anos, essa atenção prestada a mulher durante a gravidez, o parto

e após o nascimento causam efeitos marcantes sobre a vida da mãe e do

bebê. É nesse sentido que a Rede Cegonha foi criada para melhor atender a

mulher, e fazer a humanização do parto, isso só foi possível através dos

quatros componentes citados anteriormente que visam garantir um

atendimento humanizado do pré-natal até o parto.

Nesse contexto, é importante ressaltar que o Hospital Distrital Gonzaga

Mota de Messejana (Gonzaguinha de Messejana), além de trabalhar com a

rede cegonha também desenvolve um projeto de humanização do parto. O

projeto desenvolvido se chama ―Parto que te quero perto‖. O citado programa

visa fortalecer os vínculos familiares das gestantes, sobretudo entre elas e

seus parceiros. Dessa forma, o projeto visa que os acompanhantes das

grávidas tenham a oportunidade de aprender, tirar dúvidas e participar de

dinâmicas que pretendem, além de aumentar o conhecimento quanto aos

Page 40: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

39

cuidados, estreitar a relação de companheirismo entre os homens e suas

mulheres no período de gestação.

É importante salientar que, o Projeto ―Parto que te quero perto‖é uma

estratégiado Hospital Gonzaguinha de Messejana para efetivação da

humanização descrita no Programa Rede Cegonha.O referido projeto é

utilizadopara aproximar os pais nesse momento do parto, dando a eles a

chance de participar de tudo, na busca de fortalecer os vínculos familiares, bem

como a garantir o direito de mães e filhos. O Hospital Gonzaguinha de

Messejana5 foi escolhido para ser referência municipal para a Rede Cegonha,

programa do Governo Federal que está sendo desenvolvido em todo o país.

Com isso percebemos que a política de saúde para a mulher é de

fundamental importância hoje, pois cada vez mais o Ministério da Saúde amplia

os programas de assistência à mulher. Nessa perspectiva, a política de

atenção à saúde da mulher visa a garantia da humanização e a qualidade no

atendimento a mulher durante a gravidez, pois considera importante esse

momento, para evitar a mortalidade materno-infantil, isso só foi possível

através da politica de atenção as mulheres.

Diante do que foi exposto, buscamos mostrar que a violência obstétrica

existe isso fica evidente através de dois vídeos6 é ao ver os relatos de quem já

passou por isso nos traz forte comoção. Desta forma, trazemos um dos

princípios fundamentais, do Serviço Social a Defesa intransigente dos direitos

humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; como Assistente Social vendo

muitas vezes essa realidade é não romper com a cultura do silêncio e

denunciam esse fatos, como podemos garantir o direito se nos calamos ao ver

tais atrocidades.

5http://www.sms.fortaleza.ce.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=356:gonzaguinh

a-de-messejana-comemora-tres-anos-de-projeto-de-humanizacao-do-parto&catid=1:ultimas-noticias&Itemid=156 6 Para melhor compreensão da violência obstétrica indicamos dois vídeos intitulados como Violência

Obstétrica no Brasil - A voz das brasileiras e o segundo A dor além do parto que estão disponíveis em: http://www.youtube.com/watch?v=eg0uvonF25M&hd=1e

http://www.youtube.com/watch?v=cIrIgx3TPWs&hd=1

Page 41: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

40

3 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE UMA HISTÓRIA MARCADA PELAS AS

TRANFORMAÇÕES DA PROFISSÃO E A PRECARIZAÇÃO DO MERCADO

DE TRABALHO DAS/OS ASSISTENTES SOCIAIS.

3.1 SERVIÇO SOCIAL E TRABALHO

Segundo Correa Netto (2010)

―O homem é parte da natureza e tem somente a ela como fonte do atendimento de todas as suas necessidades. A relação que se estabelece entre o homem e a natureza é chamada por Marx de trabalho, que só se objetiva após a prévia ideação e com a conjugação entre a atividade mental e a atividade física, muscular (p.76).‖

Podemos destacar que o trabalho é para o homem a sua principal forma

de acesso aos os meios de consumo e a garantia de viabilizar para a sua

família melhores condições de vida. Para isso ele vende sua foça de trabalho

para previa idealização de seus desejos.

Para deixar isso mais claro Marx e Engels apud Correa Netto(2010)

dizem que,

―Pode-se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião ou por tudo que se queira. Mas eles próprios começam a se diferenciados animais tão logo começam a produzir seus meios de vida, passo este que é condicionado por sua organização corporal. Produzindo seus meios de vida, os homens produzem, indiretamente, sua própria vida material. (p.27).‖

Desta forma o homem se diferencia do animal por sua capacidade de

formação de idéia, e, sobretudo pela sua capacidade de acumular

conhecimento e de transmiti-lo, isso só é possível através do seu trabalho, pois

o mesmo constitui o homem como ser social.

Conforme Granemann (2009)

Page 42: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

41

―A constituição dos seres sociais tem no trabalho como ação orientada para um determinado fim o fundamento da natureza humana porque pela atividade laborativa os homens puderam diferenciar-se do mundo orgânico e, inclusive, passaram a submetê-la, a manipulá-la e a dela se distanciar com uma relativa autonomia; autonomia relativa posto que o ser social por mais avanços e conquistas que acumule no domínio e no controle da natureza não pode prescindir da base natural, genética que, por ineliminável, é a vida biológica. Sem a vida natural, sem a permanência desta dimensão, cancela-se o ser social e a existência mesma da sociabilidade. (p.225-226)‖

Salientamos que o trabalho é o fundador da própria sociabilidade

humana, pois é através do trabalho que se constitui as relações sociais. Sendo

fundamento da própria natureza humana. Desta forma o homem se diferencia

dos outros animais por sua capacidade de produzir seus próprios instrumentos

de trabalho. Granemann (2009) ressalta que:

―Essa concepção de trabalho diferencia-se e não se confunde com a de postos de trabalho – para o capital, emprego – porque o trabalho é criação, é motor de civilização e fonte de realização das potencialidades da natureza social do homem que ao criar o trabalho é recriado e modificado pela atividade a que deu vida (p.227).‖

Observamos que, o trabalho acaba modificando o trabalho do homem ao

criar e produz o tempo todo, o capitalista acaba se aproveitando dessa

potencialidade do trabalhador e lançando mão de novas estratégias tais como

a valorização desse trabalhador quando ele bate as metas.

Notamos que nesse processo o trabalho pode alienar o trabalhador,

sendo assim conforme a mesma autora: (2009).

―É à força de trabalho em ação, cotidiana e continuamente desumanizada, expurgada do conteúdo de sua segunda natureza que, no modo capitalista de produção, é à base do desenvolvimento do capital. Este não existe senão no processo de produção do trabalho excedente

7, porque o processo imediato de produção do

capital é, como indicou Marx, o processo de trabalho e de valorização

7 Para Marx o tempo de trabalho subdivide em tempo de trabalho necessário e tempo de trabalho

excedente. Defini tempo de trabalho necessário àquela fração de tempo de trabalho que é necessária à própria manutenção do próprio trabalhador. Já o tempo de trabalho excedente existe quando o trabalhador não detém mais os meios de produção e a outra fração do seu tempo total de trabalho é dedicada ao detentor desses meios. Disponível em http://www.estudosdotrabalho.org/anais6seminariodotrabalho/alicebragaejosecanoas.pdf. Acessado em 20/12/2013.

Page 43: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

42

que tem por resultado o produto-mercadoria e, por motivo determinante, a produção de mais valia

8.( 2009, p.233-234).‖

Nesse processo além de alienar o trabalhador o objetivo do capitalismo

é a produção de valores de troca, aos quais os valores de uso são submetidos,

a mais valia que são extraídos do trabalho excedente, sendo o mesmo extraído

da força do trabalhador.

Vê-se, portanto, que o trabalho está relacionado ao capitalismo desde a

revolução industrial até os dias atuais. O capitalista depende muito da

exploração do trabalhador para poder gerar mais valia. Deve-se ressaltar que a

revolução industrial insere novas formas de sociabilidades e relação entre os

homens, sendo que esse processo buscou privilegiar a iniciativa privada dos

meios de produção que se encontravam nas mãos de agente social.

Nessa perspectiva, Marx apud Granemann (2009):

―Afirma que as relações sociais próprias do modo capitalista de

produção de mercadorias são como lembra Marx, produtos de um

largo desenvolvimento histórico e econômico anterior que fez

desaparecer todas as anteriores formas de produção social, para que

se constituísse a força de trabalho livre. Em O Capital o trabalhador

élivre em dois sentidos: [...] o de dispor como pessoa livre de sua

força de trabalho como sua mercadoria, e o de estar livre inteiramente

despojado de todas as coisas necessárias à materialização de sua

força de trabalho, não tendo além desta outra mercadoria para

vender(p.228).‖

Sendo assim, o capitalista é quem emprega os trabalhadores livres,

sendo que o mesmo vende sua força de trabalho para o capitalista se tornado

mercadoria para o capital. O próprio sistema do capitalismo como economia

predominante na sociedade atual é dinâmico e ameaça as organizações e

instituições políticas e sociais.

8 É o termo usado para designar a disparidade entre o salário pago e o valor do trabalho produzido.

Existem muitos cientistas e pensadores sociais que desenvolveram diferentes vertentes para conceber uma explicação para surgimento e o funcionamento do sistema capitalista. Disponível em http://www.roocarneiro.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/5/2270/15/arquivos/File/mais-valia.pdf. Acessado em 20/12/2013.

Page 44: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

43

Nesse contexto o sistema capitalista encontrou no Brasil ambiente

propício para seu desenvolvimento e atuação, pois o mesmo encontrava em

uma grande crise política, econômica e ao mesmo tempo acontecia uma

grande mobilização dos movimentos sociais, que resultou em várias conquistas

garantidas mediante a constituição 1988. Na década de 1990 o país

encontrava-se com a maior dívida externas do mundo e passava por forte

inflação o que acarretou em varias tensões sociais.

É importante salientar que essas tensões sociais estão diretamente

ligadas com o projeto neoliberal no Brasil, desta forma destacamos como o

mesmo funda-se segundo Behring (2009)

―Na procura do interesse próprio pelos indivíduos, portanto, seu desejo supostamente natural de melhorar as condições de existência, tende a maximizar o bem-estar coletivo. Os indivíduos, nessa perspectiva, são conduzidos por uma mão invisível – o mercado – a promover um fim que não fazia parte de sua intenção inicial.A ―loucura das leis humanas‖ não pode interferir nas leis naturais da economia, donde o Estado deve apenas fornecer a base legal, para que o mercado livre possa maximizar os ―benefícios aos homens‖. Trata-se, portanto, de um Estado mínimo, sob forte controle dos indivíduos que compõem a sociedade civil.(p.304-305).‖

Destacamos que esse período marca redução do papel do Estado,

deixando o mesmo em um estado de bem-estar social maximizado, sendo que

a política pública acaba passando pelo desmonte e a focalização das políticas

sociais, Deixando assim o mercando agir livremente.

Para Iamamoto e Carvalho apud Gomes et al(2005),

―O serviço social se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, tendo por pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial e a expansão urbana, processos esses aqui apreendidos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes – a constituição e expansão do proletariado e burguesia industrial – e das modificações verificadas na composição dos grupos e frações de classes que compartilham o poder de Estado em conjunturas históricas específicas.(p. 02).‖

Page 45: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

44

Assim, no processo de produção e reprodução capitalista, o serviço

social pode ser incluído entre as atividades que, não sendo diretamente

produtivas, são indispensáveis ou facilitadoras do movimento do capital.

Notamos que a profissão estar inserida no âmbito da correlação de

poder e das forças sociais que permeiam a sociedade capitalista.

Deve-se ressaltar que o Serviço Social não é uma profissão considerada como

trabalho desde a sua origem. Essa concepção nasceu a partir da década de

1980 onde passa a ser considerado como ―[...] uma especialização do trabalho,

uma profissão particular inscrita na divisão social e técnica do trabalho coletivo

da sociedade‖ (IAMAMOTO, 2003, p.22).

Segundo Monteiro e Silva apud Gomes (2005)

―O desenvolvimento das forças produtivas e as relações sociais desenvolvidas no processo capitalista determinam novas necessidades sociais e novos impasses que passam a exigir profissionais especialmente qualificados para o seu atendimento como é o caso do serviço social. Nesta perspectiva, as consequências negativas do modo capitalista, manifestadas como desemprego, precarização e flexibilidade no mercado de trabalho, desigualdade social, dentre outras, necessitam fornecer respostas às necessidades imediatas das classes trabalhadoras, a fim de que estas autorizem sua própria exploração, legitimando a lógica capitalista (p.03).‖

Ressaltamos que o exercício do Assistente Social nesse contexto

considerar que ao ingressar no mercado de trabalho, para que possa exercer a

sua profissão como trabalhador assalariado vende sua força de trabalho, se

torna uma mercadoria que tem valor de uso, porque responde a uma

necessidade social e em valor de troca expresso no salário (IAMAMOTO, 2008,

p.217).

E importante salientar que o serviço social como trabalho está

relacionado ao desenvolvimento do modo de produção capitalista, que marca a

gênese do serviço social. É importante destacar que a profissão nesse período

tem toda sua prática voltada para o assistencialismo.

Page 46: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

45

Por tudo isso, concluiu-se que, a trajetória percorrida pelo serviço social,

buscou ultrapassar os desafios impostos pela ordem do grande capital. Desta

forma é importante que os assistentes sociais sempre estejam em consonância

com o código de ética da profissão para que possam dar objetividade ao seu

trabalho.

3.2- UM BREVE HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIA E A APROXIMAÇÃO

COM A ÁREA DA SAÚDE.

Ao logo de sua trajetória o serviço social teve como principal

empregador o Estado, desta forma, vamos percorrer o caminho dessa

profissão na política de saúde levando em consideração os espaços sócios

ocupacionais do assistente social fazendo toda a trajetória da década de 1930

até os dias atuais, fazendo uma análise da profissão e as principais

transformações sofridas pela mesma.

―O Serviço Social tem sua gênese na década de 1930 na emergente sociedade urbano industrial dos anos 30 do século XX, em uma conjuntura peculiar do desenvolvimento capitalista, marcada por conflitos de classe, pelo crescimento numérico e qualitativo da classe operária urbana e pelas lutas sociais que esta desencadeava contra a exploração do trabalho e pela defesa dos direitos de cidadania. (RAICHELIS, 2006, p.02).‖

O serviço social surge das bases da Igreja, sendo sua prática voltada

para prestar assistência aos menos assistidos nesse período, mas também

tinha um papel importante para o Estado que era controlar as massas

populares.

De acordo com Bravo e Matos (2000, p.196) as décadas de 1930 a 1945

foram marcadas pelo o inicio da profissão de Serviço Social no Brasil.

Ressalta-se que durante esses anos a profissão tinha um caráter caridoso

ligado a Igreja católica, nesse contexto a profissão passou a sofrer forte

influencia européia e se pautou em algumas disciplinas voltadas para a saúde.

Page 47: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

46

Podemos destacar que nesse período de 1930 a 1945 o Serviço Social

na saúde não era tão visado pelos assistentes sociais como no campo da área

social, pois suas práticas eram voltadas para área trabalhista, mesmo com todo

o processo de desenvolvimento em que o país passava com o capitalismo

industrial e toda a expansão urbana que estava ocorrendo, a maioria das

práticas dos Assistentes Sociais eram pautadas em atividades e obras de

caridade.

A partir do ano 1945 a profissão se expande no país, com a

necessidade de aprofundamento do capitalismo e grandes mudanças mundiais

motivadas pelo término da II Guerra Mundial (BRAVO e MATOS, 2006, p.198).

Esse ano é considerado como o período em que a saúde vai ser o setor que

mais absorve o profissional do serviço social. A profissão se desenvolve, nesse

momento, sob influência norte-americana. Isso só foi possível através de

concessões de bolsas de estudos oferecidas aos profissionais brasileiros. O

profissional buscava essencialmente novas práticas e teorias voltadas à

modernização da profissão.

Salientamos que foi no pós-Segunda Guerra Mundial que o Serviço

Social passou a ter de fato seu papel na área da saúde, seu trabalho era

pautado nas práticas de educação com os operários. Tento como objetivo

educá-los para terem hábitos de higiene e saúde, buscando incentivo e

controle da natalidade bem como doenças infantis, de saúde bucal, buscando

assim ajustá-los a sociedade.

Destacaremos aqui o primeiro currículo do serviço social na época, o

mesmo tinha disciplinas voltadas para patologia, psicologia, higiene,

enfermagem, puericultura, moral, higiene do trabalho, higiene escolar, higiene

mental, higiene alimentar, higiene social entre outras.

Nesse contexto Raichelis (2006, p.03,04) afirma que a forte influência

norte-americana na América latina e no Brasil, penetra na profissão, com a

incorporação das teorias estrutural-funcionalistas e das metodologias de

intervenção, especialmente o serviço social de caso e o serviço social de grupo

Page 48: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

47

que passam a serem desenvolvidas nas instituições sócio assistenciais em

deferentes áreas, como a saúde, habitação, educação e previdência social.

E importante destacar, que esse período tinha como base teórica o

positivismo e o funcionalismo, que eram teorias que pregavam que o individuo

deveria se adequar ao ambiente em que vivia para que desta forma pudessem

contribuir com o equilíbrio da sociedade, bem com a harmonia social, desta

forma poderia viver com a sociedade de forma geral.

O período de 1964 a 1979 foi de grande importância para o serviço

social, pois o mesmo estava passando pelo processo de reatualização do

conservadorismo, que tinha com objetivo modernizar as práticas da profissão e

buscava novas propostas para a saúde. Nesse sentido na década 1970, o

Brasil estava passando por um movimento de reforma sanitária que

reivindicava um sistema de saúde pública para a população que fossem

universal e igualitário, dessa maneira esse sistema garantiria que a saúde

passearia do caráter curativo para preventivo. Neste sentido CARVALHO e

IAMAMOTO (2003) afirmam que:

―Esse processo de revisão da profissão é uma exigência da realidade, uma vez que, para atender as demandas, terna-se indispensável à adoção de padrões e técnicas modernas que se contraponham àquilo que poderia oferecer o chamado ―serviço social tradicional‖. Essa modernização se caracterizará pela preocupação com o aperfeiçoamento do instrumental técnico, de metodologias de ação, da busca de padrões de eficiência, sofisticação dos modelos de analises e diagnostico. (p.364-365).‖

Diante dessa realidade podemos perceber segundo os autores Bravo e

Matos (2006, p199) que o estado passou a intervir mais na área da saúde com

a finalidade de minimizar as reivindicações e pressões populares causadas

pela ditadura militar e pelo movimento da reforma sanitária.

Nesse sentido, os assistentes sociais trabalhavam na área da saúde

voltando sua atuação para a parte de ambulatórios e hospitais, assim a

atuação do assistente social era ser um profissional que fazia mediação entre a

instituição e a população, fazendo também orientações e esclarecimentos,

Page 49: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

48

interlocutor entre usuários e instituição suas praticas eram apenas de caráter

curativo, e muitas vezes presas a rotina e a burocratização imposta pela

instituição empregadora, além de terem práticas psicologizantes e de

individualização das relações sociais, também faziam concessões de

benefícios. Durante os anos de 1974 a 1979 a profissão não sofreu alterações

em sua prática profissional, continuava sendo orientada pela vertente

modernizadora.

A transição da década de 1970 á 1980 marca um período importante

para o serviço social brasileiro, pois o serviço social passava a questionar as

bases do seu projeto Ético-politico. Esse processo é marcado pelo

enfrentamento e pela renúncia do conservadorismo profissional. Nesse período

o serviço social se vê envolvido em todo o processo de reformas pelo qual o

Brasil estava passando, entre as lutas e a própria crise do Estado brasileiro,

passando assim por um forte processo de revisão profissional, negando o

tradicionalismo da profissão, mais conhecido como renovação do serviço social

ou intensão de ruptura, e nesse momento que o serviço social buscava uma

fundamentação e consolidação teórica, nesse momento o Serviço Social

aproximou-se da teoria marxista.

Na década de 1980 há um aprofundamento do movimento de reforma

sanitária e o serviço social é envolvido por todo o processo de reforma,de lutas

e pela crise fiscal que estava passando o estado brasileiro, esse período marca

a revisão da categoria profissional, na busca de romper com o tradicionalismo

da profissão, esse fato é conhecido como ―renovação do serviço social’’ e‖

intenção de ruptura’’ onde se buscava a fundamentação e consolidação da

teoria através do método dialético desenvolvido por Marx. Segundo Bravo

(1996, p.113) O serviço social deixou muito a desejar na interação com o

movimento da reforma sanitária,por causa de suas mínimas reflexões acerca

do modelo de atendimento a saúde proposto pelo movimento.

Diante do exposto percebemos que a década de 1980 foi de extrema

importância para o serviço social, pois foi à época em que a profissão

caminhou para uma tentativa de ruptura com o conservadorismo da profissão,

Page 50: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

49

foi através do movimento de conceituação que a área da saúde, ganhou uma

postura mais crítica, baseando-se na corrente de pensamento marxista, a qual

se tornou a grande responsável no processo de ruptura entre a teórica e a

prática tradicional da profissão.

Notamos que o processo acima proporcionou aos profissionais a

romperem com o caráter meramente executor imposto pelas instituições e

conquistassem novas atribuições e competências.

Observamos que, no final dos anos 1980 e 1990 e meados dos anos

2000 o serviço social passou por grandes transformações tanto no que diz

respeito o alargamento de seu campo profissional como maior abertura no

campo da saúde, Deve-se ressaltar que esse período trouxe para o serviço

social grandes desafios e novas exigências haja vista que o país nesse período

tinha passando pelo processo de promulgação da Constituição Federal de

1988, sendo concretizado com a criação do SUS, sendo também criado o

Código de Ética profissional do Assistente Social, também foram criados

documentos específicos para atuação do serviço social na saúde, esse

documento criado pelo CFESS intitulado de Parâmetros para Atuação de

Assistentes Sociais na Política de Saúde, documento este que abordaremos

mais adiante.

A profissão chega à década 1990, com ênfase no seu amadurecimento

intelectual e expansão no meio profissional, esse período não sofreu alterações

consideráveis na prática e o serviço social continuava desvinculado do

movimento de reforma sanitária. Ressaltamos que nesse momento a profissão

passa a sofre fortes críticas, que estão relacionadas ao estudo e intervenção

da profissão na área da saúde, pois a profissão na época não tinha o saber

especifico na área, a profissão encontrava-se em processo de construção.

Percebemos que o projeto de reforma sanitária e o projeto privatista,

receberam e continuam recebendo fonte influencia do processo de

minimização do Estado. Desta forma, esses projetos são demanda do

Assistente Social diferente requisições.

Page 51: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

50

Observamos que, ainda nessa década a profissão passa a se configurar

através do Código de Ética de 1993, tendo uma maior aproximação com o

Movimento de Reforma Sanitária. Observa-se também que os profissionais

tinham dificuldade em fazer vinculação do seu Projeto Ético Político

Profissional e o Projeto de Reforma Sanitária.

Concluímos que, de 1990 a 2000 a política no Brasil adota meios

neoliberais de conduzir suas políticas, pois a mesma tinha como característica

diminuição do tamanho do estado, tornando-o mais eficiente, bem como a

pouca intervenção do governo no mercado de trabalho e a privatização da

coisa pública. Desta forma, a política neoliberal ia de confronto com a profissão

e como o seu Projeto Ético-Político Profissional. Sendo a política neoliberal no

Brasil a responsável pela redução dos direitos sociais e trabalhistas, a

precarização no trabalho, os altos índices de desemprego estrutural, os

desmonte da previdência, o sucateamento da saúde e educação. É importante

ressaltar que essa política tornou as políticas públicas mais seletivas e

focalizadas, isso também repergunte no trabalho do assistente social, pois fica

difícil o assistente social propiciar os direitos para os usuários de seus serviços.

3.3 ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE

O assistente social na saúde tem sua inserção a partir do conjunto dos

processos de trabalho destinados a produzir serviços para a população sendo

mediatizada pelo reconhecimento da profissão ao longo do desenvolvimento da

política de saúde no Brasil.

Considere-se que foi a partir dos anos 1990, que realmente o Serviço

Social teve seu reconhecimento como profissão da Saúde, segundo Silva et al

(2011) ,

Page 52: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

51

―O trabalho profissional no âmbito da saúde tem sido reordenado pelas contradições presentes nesta área, decorrentes dos projetos em disputa, qual seja: Projeto de Reforma Sanitária e Projeto Privatista, onde o segundo confronta-se com o Projeto Ético-Político da categoria profissional dos assistentes sociais por defender princípios e valores centrados na emancipação dos sujeitos sociais, reconhecendo-os enquanto sujeitos de direitos. É em meio a essas contradições que o Serviço Social vincula-se ao Projeto de Reforma Sanitária por entender que este possui perspectivas concretas em direção a uma sociedade mais justa e igualitária princípios do projeto ético-político da profissão no contexto do capitalismo monopolista.(p.08)‖

Nesse contexto, percebemos que os dois projetos em disputa, o projeto

de reforma sanitária e o projeto privatista, passaram a receber a influência do

processo de minimização do Estado. Esses projetos apresentaram diferentes

requisições ao Assistente Social.

A proposta do projeto privatista era a contenção dos gastos, favorecendo

e incitando o Estado à privatização da coisa pública, e outras ações, neste

sentido requisita do Assistente Social uma ação voltada ao assistencialismo

pautada na ideologia do favor e práticas individuais. Já o projeto de reforma

sanitária requer do Assistente Social um trabalho Humanizado, abordagens e

práticas em grupos, interação da instituição saúde sempre em acordo com a

realidade, sempre estimulado à participação da sociedade civil, entre outras

demandas. Deve-se ressaltar que nesse momento o Serviço Social é chamado

para identificar os fatores que intervém no processo saúde/doença como uma

forma de compreensão dos fatores sociais.

Em face de tamanha importância, CFESS (2010) acrescenta:

―Na saúde, em que esse embate claramente se expressa, a crítica ao projeto hegemônico da profissão passa pela reatualização do discurso da cisão entre o estudo teórico e a intervenção, pela descrença da possibilidade da existência de políticas públicas e, sobretudo, na suposta necessidade da construção de um saber específico na área, que caminha tanto para a negação da formação original em Serviço Social ou deslancha para um trato exclusivo de estudos na perspectiva da divisão clássica da prática médica. (p.25)‖

Page 53: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

52

Desta forma, percebemos que especificamente na saúde tinha críticas

sobre o estudo teórico e a intervenção, nesse sentido percebe-se uma

necessidade de uma construção de um saber especifico para o serviço social

na saúde. Pois reconhecia um problema na atuação profissional ao exerce

outras atividades, não havendo assim o reconhecimento do profissional em

suas atividades como assistente social.

Atualmente, é de fundamental importância o trabalho do Assistente

Social no SUS, pois garante a efetivação desse sistema, nos seguintes

requisitos: universalização dos direitos, na sua fiscalização, na formulação das

políticas públicas, no controle e participação social. O trabalho do assistente

social na saúde busca a emancipação dos sujeitos enquanto sujeitos de

direitos da política pública de saúde, de forma que a sociedade se torne mais

justa e igualitária. Vê-se, portanto, que o problema da atuação do assistente

social na saúde estar na profissão, pois a mesma ficar distante de sua função

social. A prática profissional do Assistente Social se insere no âmbito da

correlação de poderes e forças sociais presentes na sociedade capitalista. O

que requer do Assistente Social análise dos aspectos sociais, econômicos e

culturais de seus usuários.

Nesse contexto, indagamos que o principal desafio segundo CFESS

(2010) é formar trabalhadores de saúde para o Sistema Único de Saúde, com

visão generalista e não fragmentada (p.27). Desta forma, o profissional deve

buscar articulações entre o projeto ético político do serviço social e o projeto de

reforma sanitária.

Desta forma, percebe-se que houve um aumento do número de postos

de trabalho para o Assistente Social no SUS. Entretanto isso vem

acompanhado da precarização do trabalho causados pela falta de

infraestrutura da instituição, bem como a burocratização da rotina próprio

trabalho desse profissional. Desta forma os profissionais têm as principais

demandas conforme Bezerra et al apud Lessa et al (2007),

Page 54: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

53

―Às demandas postas para o trabalho do assistente social decorrem

fundamentalmente da necessidade de administrar as contradições inerentes ao SUS, no que se refere ao processo de racionalização e reorganização do sistema. o produto principal do seu trabalho é a recomposição da integralidade das ações do sistema, ainda que por caminhos tortuosos e também invisíveis. Assim, a matéria-prima sobre a qual incide o trabalho do assistente social no SUS tem sido, prioritariamente, as contradições, dificuldades de funcionamento e a falta de resolutividade do sistema social (...). Nessa lógica de análise, a legitimidade do serviço social se constrói pelo avesso, ou seja, a sua utilidade se afirma nas contradições fundamentais da política de saúde (p.206).‖

Percebemos que na cena contemporânea o profissional necessita

segundo o CFESS (2010)de fóruns de capacitação e debates dedicados a

importância da produção do conhecimento sobre o Serviço Social nas

diferentes áreas (p.26). Pois o mercado de trabalho exige cada vez mais

qualificação dos profissionais.

Nesse sentido, faz-se necessário conhecer as principais legislações que

norteiam a prática dos assistentes sociais na saúde, na buscar de melhor

compreender as normas, estatutos, resoluções e os parâmetros para atuação

do serviço social na saúde.

Partindo desse princípio é importante destacar os marcos históricos da

profissão, como a de Lei de Regulamentação da Profissão e as Diretrizes

Curriculares; a consolidação do Projeto Ético Politico da Profissão, bem como

o seu Código de Ética Profissional.

Sob esse marco, é importante salientar que Projeto Ético Politico da

Profissão, foi uma luta da categoria que visava defender a prática profissional.

Nesse sentido segundo Netto apud Martins (2010), os elementos éticos de um

projeto profissional, não se limitam às normatizações e/ou prescrições, mas

envolvem escolhas teóricas, ideológicas e políticas das categorias e dos

profissionais que compõe o mesmo (p.02).

Desta forma a consolidação do projeto ético-político do Serviço Social na

atualidade é essencial, pois e só através dele que os profissionais podem

Page 55: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

54

apontar os desafios que eles enfrentam no cotidiano de seu trabalho para a

consolidação do seu projeto frente a atual conjuntura da sociedade capitalista.

Esse projeto teve com fruto para a consolidação da profissão no Brasil, o

Código de Ética Profissional e Lei de Regulamentação da Profissão, ambos

trazem as competências e atribuições do assistente social, direitos e valores

éticos a serem seguidos pelo profissional. Desta forma os profissionais têm que

respeitam e honrar com ambos durante seu exercício profissional, pois e eles

que dão materialidade a ação dos profissionais de serviço social, sendo que os

mesmos também tem que ser respeitados pelos empregadores desses

profissionais.

Vale ainda salientar que a lei de Regulamentação da Profissão9 é a

8.662, de 07 de julho de 1993, Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e

dá outras providências. Sendo composta por 24 artigos, entre eles podemos no

destacar Art. 4º Constituem competências do Assistente Art. 5º Constituem

atribuições privativas do Assistente Social. Essa lei e fundamental para atuação

do Serviço Social na Saúde, pois possibilitar que o profissional tenha uma

leitura critica dos processos da sociedade capitalista, bem como uma

compreensão do verdadeiro significado o que são as competências e suas

atribuições.

O Código de Ética Profissional10 é constituído por 11 princípios,

princípios esse que norteiam a atuação do assistente social, e que são

fundamental no trabalho desse profissional mediante as principais demandas

que são colocadas para os mesmo no seu exercício de seu trabalho. Essa são

leis especificas do Serviço Social.

A legislação que embasa o trabalho no serviço social na saúde e a Lei

Orgânica da saúde11 (LOS) lei 8.080, Dispõe sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento

9 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8662.htm. acessado em 30/12/2013.

10

Ver Código de Ética Profissional:http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf. 11

Ver em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm , acessado em 01/01/2014

Page 56: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

55

dos serviços correspondentes e dá outras providências. Sendo a mesma

responsável por regula as ações e serviços de saúde em todo território

nacional, estabelecendo também os princípios e diretrizes do Sistema Único de

Saúde.

E importante salientar a resolução n° 218 de 06 de março de 1997,

reconhecida pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) que reconhecer o

assistente social como um profissional de saúde, desta forma o CFESS através

da resoluçãon°383/1999 reafirmar que o assistente social e um profissional da

saúde, mais também podem atuar em outras áreas.

Contudo podemos citar o documento criado pelo o CFESS intitulado

como ―Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Saúde‖, que

segundo CFESS (2010),

―Tem como finalidade referenciar a intervenção dos profissionais de Serviço Social na área da saúde. Constitui-se como produto do Grupo de Trabalho ―Serviço Social na Saúde‖, instituído pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) em 2008, que incorporou nas suas discussões e sistematizações as deliberações do 36º e 37º Encontro Nacional CFESS/CRESS (p.09).‖

Esse documento é de fundamental importância para atuação do

assistente social na saúde, ele também apresenta as competência e

atribuições privativos do serviço social na saúde, bem com os níveis de ações

diretas, entre elas podemos citar ações assistenciais; atendimento direto aos

usuários; ações de articulação com a equipe de saúde; mobilização,

participação e controle social entre outros.

Com esse documento o CFESS (2010) Espera que,

―Fortalecer o trabalho dos assistentes sociais na saúde, na direção dos projetos da Reforma Sanitária e Ético-Politico Profissional, imprimindo maior qualidade ao atendimento prestado à população usuária dos serviços de saúde em todo o Brasil (p.13).‖

Ressaltamos ainda que esse documento ―Parâmetros para a Atuação de

Assistentes Sociais na Saúde‖, e muito importantes para atuação do serviço

Page 57: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

56

social, mas também e verdade que muitos assistentes sociais não sabem quais

as reais competências do serviço social nessa área do mesmo para melhor

desenvolver seu trabalho nessa área, deixando claro o que é o serviço social

na saúde? Quais são suas competências e atribuições? Não só para os

assistentes sociais, mas também para os demais profissionais que atuam na

saúde.

Com isso, queremos demonstrar que o Serviço Social na saúde conta

com uma série de leis que protege e garante a atuação dos mesmo nesse

campo. Entendemos também que atuação desses profissionais no SUS

enfrentam grandes desafios que segundo Paim (2009, p.89) são:

―Filas vergonhosas para a assistência médica deste a madrugada ou dia anterior; descortesia nos guichês dos hospitais e unidades de saúde; desatenção de seguranças, recepcionistas, auxiliares e profissionais de saúde diante de pessoas fragilizadas; corredores superlotados de marcas nos serviços de pronto-socorro; disputa por fichas para exames; longas esperas em bancos desconfortáveis (p.89).‖

Diante do que foi exposto percebemos que são vários os desafios do

Assistente social na Saúde, pois garantir os direitos dos usuários mediante

uma mercantilização dos serviços públicos. Desta forma com a impossibilidade

de serem atendidos na rede pública de saúde os cidadão acabam pagando

planos de saúde para terem acesso a saúde, isso e fruto dessa

mercantilização.

Com podemos observa o sistema de saúde e muito fragilizado, estar

sempre buscando aprimoramento, Desta forma para tentar amenizar essa

situação o Ministério da Saúde instituiu em 2003 a Política Nacional de

Humanização (PNH) ou mais conhecida como Humanizar SUS. Desta forma

segundo Brasil (2010) essa política tem como:

―Objetivo qualificar práticas de gestão e de atenção em saúde. Uma tarefa desafiadora, sem dúvida, uma vez que na perspectiva da humanização, isso corresponde à produção de novas atitudes por

Page 58: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

57

parte de trabalhadores, gestores e usuários, de novas éticas no campo do trabalho, incluindo aí o campo da gestão e das práticas de saúde, superando problemas e desafios do cotidiano do trabalho (p.06).‖

Nesse contexto, percebemos com é importante a inserção do Assistente

Social na saúde, pois além de ser um grande empregador desse profissional,

também tem muito da questão das disparidades sociais causadas pela política

neoliberal. Diante disso, o Assistente Social vai trabalha norteado pelo seu

Código de Ética que tem com um dos sue princípios a defesa intransigente dos

direitos humanos, sendo assim o Assistente Social um profissional capaz de

lutar para garantir os direitos a saúde a todos.

Passaremos a discutir no próximo capítulo a respeito do Serviço Social

no Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana, partiremos do contexto

histórico da instituição, depois daremos ênfase nos resultados obtidos na

pesquisa.

Page 59: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

58

4 O SERVIÇO SOCIAL NO GONZAGUINHA DE MESSEJANA

4.1 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO

O Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana, ficar situado no Bairro

de Messejana no município de Fortaleza-Ceará. Pertence a SER-VI (Secretaria

Executiva Regional). O hospital é caracterizado como unidade de atenção

secundária de saúde. Sendo referência na assistência materno-infantil em

Fortaleza.

Em 21 de setembro de 1985, o Sr. Luís Gonzaga de Fonseca Mota,

Governador do Estado, anunciou que iria desabrochar um trevo de quatro

folhas e que cada uma representaria uma unidade se saúde estrategicamente

instaurada em Fortaleza. Então, assim foi inaugurado em 23 de Setembro de

1986, esta unidade hospitalar, nomeada Hospital Distrital Gonzaga Mota de

Messejana12.

E importante ressaltar que antes de se tornar Hospital Distrital Gonzaga

Mota de Messejana, ele abrigou um ambulatório de zoonose que tratava de

animais com raiva, além de uma clinica de odontologia. Mas só foi a partir de

1991 com municipalização da instituição, sendo suprimida a palavra do

Governador de seu nome passando assim a ser chamado Hospital Distrital

Gonzaga Mota de Messejana, sendo composto sue corpo clínico nos dois anos

seguintes, sendo instalado no mesmo o Serviço de Pronto Atendimento (SPA),

sendo composto por vários profissionais da saúde.

Desta forma nos anos seguintes de 1994 a 1996, o hospital passou pelo

processo de informatização e automação, que estruturou e montou vários

aparelhos no hospital, sendo implementado o Serviço de Arquivo Médico e

Estatístico (SAME), sendo hoje responsável pelo agendamento de consultas e

pelo detalhamento dos dados estatístico da instituição.

Esse capitulo foi feito através do plano e gestão do Hospital, bem como observações feitas durante o estagio I, através de analise situacional da instituição.

Page 60: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

59

Um marco muito importante na história da instituição foi em 1997, sendo

reformulado o Hospital nos moldes do Instituto Doutor Jose Frota (IJF), desta

forma foi desativado o serviço de odontologia, bem como melhorias na própria

estrutura do hospital.

Desta forma percebemos que o Hospital passou por várias mudanças no

que diz respeito ao espaço físico, bem como na sua infra-estrutura, bem como

nos seu serviços, isso só foi possível com a implementação dos dois sistema

SPA que tinhao corpo clínico do Hospital e o SAME era um equipamento que

cuidava do detalhamento dos dados estatístico.

Mas foi a partir 1998 a 2004 que ocorreram as mudanças mais

significativas no Hospital, sendo definida a equipe multiprofissional e a reforma

do laboratório, isso só foi possível com o recebimento de equipamentos e

insumos do próprio Ministério da Saúde (MS), desta forma o hospital passou a

desenvolver e Serviço de Atendimento Especializado em DST/HIV/AIDS mais

conhecido hoje com SAE, Sendo responsável pelo acolhimento de pessoas

como DST/HIV/AIDS, passando também a realizar analise mais complexas,

para que isso fosse possível foi preciso investir nos profissionais sento

realizado treinamentos e tendo incentivos para seus colaboradores.

Neste período percebemos que o hospital passou por várias

transformações, para aperfeiçoar o atendimento de seus usuários, bem como a

própria equipe de profissionais.

Nos anos seguintes o hospital passou por mais transformações, como a

implementação de mais serviço como atendimento a Vítima de Violência

Sexual e Doméstica, e também o Serviço Interdisciplinar em Ginecologia e

Obstetrícia para Adolescentes, visando sempre melhor o seu atendimento e se

tornar uma referencia tanto no atendimento humanizado, bem como referencia

para estudantes de diversas áreas, buscando se tornar um hospital escola.

É importante ressaltar que o hospital Gonzaga Mota de Messejana criou

um projeto chamado Parto que te quero perto que foi baseado na política de

Humanização, com objetivo de promover a humanização do parto ate o seu

Page 61: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

60

nascimento, buscando sempre estimular a participação dos companheiros das

pacientes ao longo de toda a gestação.

Esse projeto hoje é o grande caminhão chefe no atendimento do

hospital, pois percebemos que todas as atividades do mesmo giram em torno

desse projeto, buscado sempre melhorar o atendimento a mulher e suas

crianças, na expectativa de efetivar a política de humanização no hospital.

Destacamos também que o hospital se tornou referência na rede municipal

para o programa Rede Cegonha desenvolvido pelo Governo Federal sendo

desenvolvido atualmente em todo o país.

4.2 O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A

DISCUSSÃO DAS SUAS ATRIBUIÇÕES A PARTIR DA REALIDADE DAS

ASSISTENTES SOCIAIS DO HOSPITAL DISTRITAL GONZAGA MOTA DE

MESSSEJANA (HDGMM)

Nosso objetivo agora é detalhar e organizar os dados coletados no

transcorrer da pesquisa. A fim de responder ao objetivo proposto inicialmente.

No primeiro momento, vamos traçar o perfil social das assistentes sociais que

participaram das entrevistas. Na segunda parte faremos a análise dos dados

coletadas com as mesmas.

Page 62: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

61

Tabela 1- Perfil social das Assistentes Sociais

Perfil das entrevistadas

Todas do sexo Feminino

Idades das

entrevistadas

30 á 50 anos

Naturalidades

03 são de Fortaleza, 1 de Quixadá e outra de

Aracati

Nacionalidade

Todas são Brasileiras

Estado civil 3 solteiras e 2 casadas

Religião 03 Católica, 1 Espirita e outra Sem religião

Tempo de Trabalho na

instituição

03 tem 1 ano, outra tem 10 meses e outra tem

19 anos

Local de

Formação

Todas na Universidade Estadual Do Ceará

Total de entrevistadas 05 entrevistadas

Fonte: Própria

Percebemos que a maioria dos entrevistados é do sexo feminino,

valendo ressaltar que esse dado é preciso para conhecer as entrevistadas.

Percebemos também que a faixa etária varia entre 30 e 50 anos. Das

entrevistadas, todas têm formação superior em Serviço Social realizada na

Universidade Estadual do Ceará. Quanto ao tempo de atuação como

Assistente Social na instituição e variável, pois algumas têm mais tempo e

outras estão apenas há pouco tempo. A análise demonstra a experiência de

quem tem alguns anos de experiência na área da saúde. Esta junção tem e

muito a contribuir com a ciência, uma vez que é sempre bom juntar o velho

com o novo, pois atuação das mesmas se renova com o novo e este se

embasa com o outro.

Page 63: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

62

Nesse sentido, foi perguntado as Assistentes sociais quais são as

principais demandas que chegam à instituição? Portanto, as mesmas

apresentaram as respostas a seguir:

―Bom aqui é um hospital materno-infantil, então chegam à emergência da sala de parto, o próprio parto, normal, cesária, chega abortamento incompleto, chega curetagem, agente tem aqui também emergência pediatra, em caso menos grave que não seja traumas, então quando tem febre alta que a criança estar quase convulsionando , vômito, é dores de cabeça forte, diarréia. São as demandas mais graves que o posto não resolve, como aqui e um hospital de média complexidades eles referência a partir de um encaminhamento primeiro a criança tem que passar pela UPA, posto de saúde pra depois vir ter esse atendimento. Mas o forte do hospital é a maternidade[...] (ENTREVISTADA 01). Bom aqui no hospital Gonzaguinha por se trata de um hospital que é basicamente de maternidade né, maternidade e emergência pediatra, as principais demandas são essas são criança precisando de atendimento necessitando de atendimento de emergência pediátrica [...] o grande carro forte do Gonzaguinha de messejana é a maternidade [...] (ENTREVISTADA 02). As princípais demandas são oriundas dos nossos pacientes, que realmente vem em busca dos serviços de maternidade que é o foco principal do hospital e da emergência pediátrica. (ENTREVISTADA 05).‖ E a gente atende tanto demanda interna oriunda da aqui, do pessoal que estar dentro da maternidade, e questão de certidão de nascimento, orientação de como consegui obter a certidão de nascimento, registro qual a documentação necessária, caso de adolescentes, que chegam aqui e a gente tem que orientar no sentido de chamar a responsável mãe, pai de caso que ambos são menores tanto a mãe como o pai da criança. (ENTREVISTADA 03).‖

As entrevistadas definem o hospital como sendo um hospital de média

complexidade com especialidade materno-infantil é a partir disso é que surgem

as demandas, sendo que essa demanda que chegam a instituição é

basicamente de maternidade e emergência pediatra. E a partir do atendimento

tanto da maternidade e emergência pediatra que surgem as demandas para o

Serviço Social.

Já a entrevistada n° 4 ressalta o seu trabalho no SAE, demonstrando

assim que o hospital também atende outras demandas que não são só

Page 64: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

63

maternidade e emergência pediatra, mas ela também desenvolve seu trabalho

no serviço social do hospital sobre ambos ela respondeu:

―Bom, eu como trabalho aqui no aconselhamento com doenças sexualmente transmissíveis, nós acolhemos aqui gestantes, pacientes já confirmados que são soro positivo, homossexual, profissional do sexo e a maioria dos pacientes que eu acolho aqui são gestantes que descobre que são soro positivo e devido estar gestante tem que fazer o exame do HIV e por esse motivo descobre que no posto de saúde através do teste rápido ou do Elisa e descobre que são soro positivo vem aqui para o nosso SAE (Serviço de Atendimento Especializado em DST/HIV/AIDS) [...]Eu com trabalho aqui no SAI e também trabalho no serviço social lá já é outro tipo de demanda, lá nossa demanda é para uma declaração, na parte de ambulatório nos temos as declaração, lá nós temos o visitante que não encontra seu paciente através da portaria, ai a portaria encaminha para nós, para descobrimos onde estar esse paciente, muitas vezes esse paciente não estar nem aqui, então a gente vai viabilizar para ver se estar aqui no Gonzaguinha, muitas vezes não estão aqui nas mais estão nas redondeza principalmente no Waldemar de Alcântara, principalmente quando eles falam que o paciente estar assim, então nós já sabemos que ele não estar aqui, porque nosso perfil aqui é um hospital materno-infantil[...]temos aqui também o atendimento para o planejamento família, a mulher para fazer laqueadura tubaria , a gente faz o protocolos e para o homem quando ele quer fazer vasectomia a gente também fazer esse protocolos para a vasectomia, e outros tipo de demanda quanto temos violência , a gente atende violência sexual, violência domestica[...].(ENTREVISTADA 04).‖

Percebemos que a mesma ressalta seu trabalho uma vez por semana

no SAE, e nos demais dias é no conjunto de demandas do hospital, mas

sempre no Serviço Social dessa instituição, mas ela já a ponta para outras

demandas com declarações sendo as mais frequentes nesse setor, e depois

ela fala de outras demandas que chegam a instituição.

Perguntamos também sobre quais as principais demandas que chegam

ao serviço social desta instituição. O objetivo dessa pergunta foi para deixar

clara quais são demandas do Serviço Social na instituição, em virtude que o

Assistente social do Hospital são muitas vezes chamadas para atenderem

outras demandas que não são competências das mesmas.Para essa questão

tivemos as seguintes respostas.

―Bom ao serviço social é sempre a gente estar mediando a família dos pacientes, bem como os acompanhantes principalmente, então a demanda que chega é principalmente a ―alta‖, a gente viabilizar alta,

Page 65: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

64

e uma pessoa que possa vir busca, as vezes tem gente que não possa ir embora sozinho e que não tenha uma pessoa para vir buscar, fazemos esse contato por telefone, procuramos a família, vem também os casos de violência que são atendidos aqui violência doméstica, qualquer que seja ela violência é principalmente o abuso sexual seja a exploração ou abuso, principalmente os caso que são televisionados agente faz todo o processo de atendimento e notificação, a gente notifica é feita a profilaxia, e a gente dar procedimento ao acompanhamento, tanto dar orientação como também tenta acionar a rede como a DECECA delegacia de combate a exploração sexual contra criança e adolescente como de lá e feito e expedido a guia para mandar para o IML[...].(ENTREVISTADA 01). Bom no serviço social o que chega, as principais demandas é o que a gente costuma receber na sala né de atendimento são pessoa que necessita de uma declaração por estarem e serem acompanhante de uma paciente, e precisão justificar no trabalho, então muitos necessitam dessa declaração[...]tem questões que tem que ser esclarecidas para poderem ser trabalhadas, e acabam ficando para o serviço social, orientar , esclarecer às vezes eles buscam o serviço social só para a gente fazer algum contato com algum da família,[...](ENTREVISTADA 02). Uma demanda que tem chegando muito é objeto, e eu penso em estudar sobre isso são as mães, as mulheres em situação de rua, que chegam usuárias de crack que chegam aqui na maternidade, onde os vínculos familiares já estão rompidos há muito tempo, ai essa mulheres chegam onde a martenagem, agente percebe que estar totalmente comprometida, essas mulheres não querer ter aquele filho, porque aquele filho não foi desejado [...](ENTREVISTADA 03). Principal demanda mais frequente no nosso dia a dia ali eu considero mais as declarações que é muito frequente [...]encaminhamentos para o SVO(serviço de verificação de óbito) é outra demanda da gente, e quando e o SVO é pra fazer sepultamento né a gente tem aqui a uni paz, que é a ajuda de custo, quando a família não tem recuso para realizar um sepultamento através do Estado, Município que é o auxilio funeral.(ENTREVISTADA 04). Ai são várias e varias né, nós atendemos, é um hospital da rede pública atendemos uma classe menos favorecida, é uma classe média então chegam demanda sobre todos aspectos, tem a violência sexual, tem os mal tratos em casos de familiares com sua criança, também é nos solicitados contato com acompanhantes , com familiares, para estarem nesse momento difícil com a mãe, o bebê que necessita do apoio do hospital.(ENTREVISTADA 05).‖

A entrevistada n° 3 trouxe um dado novo as demandas que chegam ao

serviço social da instituição, ela também demonstra seu interessem em estudar

essa temática.

Segundo Varella13:

13

http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/as-maes-do-crack/ acessado no dia 19/01/2014

Page 66: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

65

―A razão que as leva a conceber um filho na miséria em que se encontram são óbvias: crack é droga psicoativa de uso compulsivo que destrói o caráter e subjuga o arbítrio. É um experimento macabro da natureza que reduz seres humanos à situação de animais de laboratório, condicionados a buscar, a qualquer preço, a recompensa que a cocaína lhes traz.(Trecho do artigo as mães do Crack).‖

Diante disso percebemos que tem crescido no Brasil questões

relacionadas ao uso de crack com as mulheres grávidas. Causando assim uma

preocupação tanto para os profissionais como para o próprio ministério da

saúde. O uso de crack na gravidez causa segundo Associação Médica

Brasileira (2012):

―O retardo do crescimento intrauterino e baixo peso ao nascer, aumenta o risco de parto prematuro e expõe a criança a infecções como hepatite, síndrome da imunodeficiência adquirida e sífilis.

14‖

No tocante as demandas que se apresentam ao Serviço Social

perguntaram como elas analisam e atendem essas demandas coletamos as

seguintes declarações:

―Bom eu sempre parto do principio de que é um cidadão, e que todo

cidadão tem o direito dele, ter seu direito viabilizado, a perspectiva de

atuação aqui dentro, aqui no hospital é sempre perspectiva do direito

e da garantia do direito e como a gente estar atuando na política de

saúde e o SUS, a gente tenta valer os princípios do SUS, o princípio

da igualdade, da equidade, o princípio da integralidade da proteção

[...].(ENTREVISTADA N 01)

Toda atuação do profissional é norteada pelos nossos princípios

éticos, pela legislação vigente é que protegem crianças,

adolescentes, mulheres é principalmente o SUS com a política da

humanização do SUS, toda nossa atuação é norteada por essas

legislações, então a gente verifica qual é a demanda e onde ela se

encaixa utilizando essa legislação para nos prestar nossa assistência.

(ENTREVISTADA N 05)‖

14

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302012000200008 acessado em 19/01/2014.

Page 67: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

66

Observamos nos depoimentos das entrevistadas n° 1e 5a preocupação

com a garantia dos direitos dos usuários, mediante a legislação vigente, mas

sempre buscando a efetivação da política de Humanização do SUS. Desta

forma podemos relacionar essa garantia dos direitos com um dos princípios

fundamentais do Código de ética do Serviço Social a defesa intransigente dos

direitos humanos.

De acordo com Iamamoto (2009) as assistentes sociais têm ações que

acabam:

―[...] viabilizando o acesso aos direitos e aos meios de exercê-los, contribuindo para que a necessidade e interesses dos sujeitos sociais adquiram visibilidade na cena pública e possam ser reconhecidos, estimulados à organização dos diferentes segmentos dos trabalhadores na defesa e ampliação dos seus direitos, especialmente os direitos sociais. Afirma o compromisso com os direitos e interesses dos usuários, na defesa da qualidade dos serviços sociais. (p.20).‖

Portanto, vale destacar que a humanização em sua perspectiva

ampliada permite que as assistentes sociais analisem as determinantes sociais

do processo saúde/doença, bem como as condições de trabalho e também os

modelos de assistência e gestão. Mas também evidência os desafios dos

profissionais da saúde em colocar em prática a humanização, pois a política de

humanização requer do profissional a criação de uma cultura de atendimento,

pautada sempre na centralidade dos sujeitos na construção coletiva do SUS

rompendo com a visão doença-centrada. Para que isso possa se tornar

realidade é preciso que os trabalhadores estejam motivados, e com condições

de trabalho digno.

É importante ressaltar que a defesa dessa concepção de humanização

encontra-se respaldada no projeto ético político do Serviço Social, devendo ser

compromisso e preocupação profissional.

Ainda com relação à mesma pergunta anterior tivemos ainda como

resposta as seguintes:

―Cada caso é um caso, cada individuo que chega ao serviço social, com qualquer demanda que seja ela traz, por traz dela tem questões

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67

que são especificas delas, cabe a gente entender [...](ENTREVISTADA N 02) [...] eu vejo sempre vejo assim dessa forma bem crítica quando eu atendo aquela demanda eu vou analisar o que tem por traz, o que tem ali, de todo um histórico que esta subjacente, de todo uma questão social que estar subjacente gritante né, e que a gente ali só estar vendo uma pontinha do que é, sempre com muita responsabilidade, como muita ética, com muito respeito ao nosso usuário nosso cidadão, com muito comprometimento com nossa profissão, porque eu acho que isso é a base de tudo e assim a gente ver que as assistentes sociais que estão chegando agora chegam acreditando e querendo muito mais transforma aquela realidade daquele usuário[...]Então é assim a gente atua sempre quebrando mil barreiras, sempre tentando ir sempre além das nossas forças, ai muitas vezes a gente se depara com o conformismo de colegas que estão aqui há mais tempo, que acha que não, que a gente foi ate aonde deu se a instituição não dar condições de ir além, então não vamos né. (ENTREVISTADA N 03). [...] então você tem que saber dizer um não, como nem tudo como a instituição, como o Gonzaguinha de Messejana nós temos, eu acho que nem toda instituição não tem tudo para dar o usuário, a gente tenta dar o máximo né, mas não somos 100°/ₒ temos nossas falhas né, isso depende do gerenciamento, isso de pende da administração muitas vezes em alto escalão porque não depende só dos nossos diretores e sim de nossos governantes nosso papel como assistente social, é nós passamos pra ele né, com intuito que mesmo que seja um não ele vai entender o porque do não, porque a gente procura o máximo para esse paciente/usuário sair satisfeito com o nosso trabalho. (ENTREVISTADA N 04).‖

Neste sentido podemos observar que ambas apontam para diferentes

pontos de vista, nesse sentido a entrevistada n° 2 parte das demandas trazidas

pelos os usuários para análise e dar sua resolutividade. Já a entrevistada 03 no

primeiro momento ela traz como ela analisa e atende as demandas, mas

também ela fala o conformismo de algumas profissionais.

Desta forma é importante salientar que os Assistentes Sociais hoje

enfrentam um grande desafio, esse desafio está relacionado às práticas

rotineiras e burocráticas estabelecidas pela instituição, bem como ações

focalizadas. De acordo com Iamamoto (2005), Os assistentes sociais devem

ser profissionais propositivos em sintonia com as demandas sociais da

realidade na qual se inserem. (p.20).

A entrevistada n° 4 traz essa questão em sua fala, pois a mesma aponta

muitas as faltas que vão desde a instituição, ou ate mesmo por causa da

própria rotina de trabalho. Às vezes não é possível atender os usuários por

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68

conta de limites da instituição, rotina do trabalho (acúmulo de demandas e

atividades) sobrecarga de trabalho.

Sendo assim, é de fundamental importância que o assistente social

tenha sempre uma capacitação que permita e possibilite o profissional romper

com a prática rotineira, acrítica e burocrática, e busque a partir de suas

intervenções a reorganização de sua prática, respaldando sempre pelo seu

código de ética e lei de regulamentação da profissão.

Perguntamos também como o serviço social analisa e atende as

demandas dos usuários. Obtivemos as seguintes respostas:

―A gente analisa de acordo com a demanda que vem para cá, se é viável, por exemplo, tem gente que vem aqui, e não é atendida pois aqui é um hospital de media complexidade que a básica não atendi, o primeiro da gente é saber se o hospital é adepto a atender aquela demanda que vem se não for a gente encaminha, olha se caso não for aqui se for lá na proteção básica a gente encaminha par UPA, pergunta onde é o bairro, pergunta onde é o posto mais perto para ele, tem muita gente que vem e que não é de maternidade a gente tem que encaminha para os outros hospitais[...]muitas vezes a gente tem que acionar a rede de atendimento e um dos equipamentos[...](ENTREVISTADA N 01). [...] orientar, é resolver aquela situação dela, aquele problema dela pensando no bem do usuário Como o serviço social analisa é eu entendo que todos os profissionais de uma maneira geral trabalham da mesma forma, porque não dar né cada qual com suas especificidades né, cada qual como sua maneira de trabalhar, mas não tem como a gente ser assistente social, estar dentro de um setor de serviço social e chegar uma demanda dessa e a gente trabalha dessa maneira, porque se não, não vai ter com atender a questão é a pessoa que traz pra gente (ENTREVISTADA N 02). [...] analiso sempre no bojo de uma análise crítica onde eu levo em conta a conjuntura social ai vamos aprofundar os teóricos do marxismo, eu tenho como referencial teórico mesmo o materialismo histórico dialético, eu então vejo assim nessa perspectiva dialética desse movimento social, de negação de direitos e daquele usuário de que estar ali vitima de uma serie de injustiça social[...](ENTREVISTADA N 03). O que chegam ao setor, o setor é uma equipe de profissionais que atuam dentro dos princípios éticos, tudo é analisado em cima cada situação a gente analisa trazendo a legislação. (ENTREVISTADA N 05).‖

Entrevistada 04 nos relatou o seguinte:

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69

―Bom analisa as demandas assim, se a gente pudessem não existiria essa palavra não para o usuário porque é uma coisa como eu falei no início não depende só da instituição Gonzaguinha né, principalmente quando precisa de um especialista [...] (ENTREVISTADA N 04).‖

Isso recai novamente nos limites estabelecidos pela instituição, mas

também acaba encontrando na atuação e em sua prática limites e obstáculos

que interferem no seu agir profissional, comprometido com seus princípios e

diretrizes do Código de Ética Profissional.

Nesse sentido, assinalamos que diante do que foi exposto acerca de

como o serviço social analisa e atende as demandas dos usuários, destacamos

que no item seguinte, abordaremos na prática, qual o papel do serviço social

no apoio ao pacientes.

―É o nosso papel e principalmente é a mediação a gente tenta mediar e facilitar, a gente tenta ser mais ou menos ser o porta voz daquele paciente não conseguindo, então a gente escuta ver se e viável dentro do atendimento SUS e a gente viabiliza, seja a mediação ela através da direção do hospital, seja através da equipe, ou qualquer membro da equipe seja enfermeiro, médico[...] (ENTREVISTADA N 01). [...] para gente do serviço social, todas essas orientações e esclarecimentos que a paciente não tem, na prática o nosso papel é esse, e ver o que a paciente estar trazendo, o que ela estar necessitando é muitas vezes ela só quer esclarecimento que não é de competência da gente esclarece de cunho clínico, sobre o quadro clínico dela porque ela simplesmente o médico nem olha na minha cara[...] (ENTREVISTADA N 02). Eu acho assim, na prática, eu sempre digo que pra mim não existe esse negócio de prática e teoria a gente sempre estar fazendo essa leitura dialética conversando com essa teoria, essa teoria subsidiado a minha prática, essa prática materializando essa minha teoria, então assim como e que se dar essa intervenção com o usuário, paciente. Com o nosso usuário essa intervenção tem que se dar sobre tudo tendo como base o nosso código de ética, acho que fundamentalmente pra me uma assistente social que não tem sempre em mente seu código de ética né, fala sempre a verdade para aquele usuário, dizer das suas dificuldades de atuação, dizer de que forma a gente pode ir, ate aonde realmente se esgota a nossas possibilidades de intervenção. Orientar sobre os direitos que esse usuário tem [...] (ENTREVISTADA N 03). É muito importante nosso apoio ao paciente, porque através de nosso apoio o paciente ver a assistente social digamos assim com uma salvadora da pátria, eu sinto que eles se sentem muito apoiado pelo serviço social [...](ENTREVISTADA N 04).

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70

Eu acho que é fundamental, o serviço social ele tem o olhar mais sensível às questões, as questões emocionais, as questões sócio econômico, o assistente social no hospital, ele contribui muito para realização e concretização da humanização do SUS, chegando mais próximo, realizando uma escuta respeitosa ao paciente, tentando viabiliza alguens serviços [...] é fundamental o serviço social dentro desse trabalho da humanização do SUS é fundamental. (ENTREVISTADA N 05).‖

Percebemos que o serviço social está sempre mediando às relações

entre usuários, familiares e profissionais no âmbito Hospitalar. A mediação é a

terceira condição da Instrumentalidade, desta forma segundo Yolanda Guerra

(1997), a própria instrumentalidade é uma forma de mediação, pois permite a

transformação de ações puramente instrumentalidade para ações critica e

competentes, mais qualificadas, na atuação.

É importante salientar que a mediação permite que o profissional tenha

uma maior compreensão dos fatos, passando analisa os fatos não de uma

forma isolada, mas de uma forma coletiva.

A mediação esta associada com o método dialético, a mediação também

visa causar impactos nas transformações da realidade dos sujeitos e visa ter

qualidade no trabalho efetuado pelos assistentes sociais, sempre buscando

mudanças em caráter coletivo, buscando que o profissional tenha uma visão

reflexiva, e crítica de sua prática. É através da mediação é que o assistente

social pode romper com essa visão focalizada da realidade exposta pelos

usuários.

Perguntamos também quais as principais dificuldades encontradas no

cotidiano de seu trabalho obtivemos como respostas:

―Essa dai, eu respondo muito fácil, eu acho que é a política pública de saúde, ela é insatisfatória, ela é a eficácia dela deixar a desejar, e uma política que não atende a uma demanda grande, não atende, a gente não consegue abarcar toda a demanda que vem, que além de vir a demanda do município de Fortaleza ainda vem a do pessoal do interior, então eu diria que a maior dificuldade [...]a política pública não consegue abarcar o leque dela, então o SUS vem com toda aquela história que saúde é um direito universal de todos, mas nem todos consegue ser atendidos aqui, nem todos não existe um hospital, esse hospital não tem estrutura para atender a demanda que

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vem né, então eu acho que a grande falha é essa da política pública, ela não ter essa estrutura, dentro do SUS, que o SUS preconiza dentro do hospital.(ENTREVISTADA N 01). Bom à primeira, dificuldade que a gente enfrentar é que a demanda muitas vezes é bastante grande, demanda por serviço social e bastante intensa, a gente não consegue sair da sala, [...] e a principal dificuldade é essa que a demanda é grande e, além disso, muitas vezes a gente é chamado para fazer intervenções que não são de competências nossa do serviço social [...] não é competência do médico, do enfermeiro, nem dos auxiliares de ninguém então manda para o serviço social essa é uma dificuldade muito grande, que muitas vezes é as nossas funções não são bem definidas por outros profissionais e também para o público, a gente não, a gente sabe o que a gente tem que fazer, porque a gente tem que desenvolver e o que é nosso trabalho, mas como muita gente não sabe, eu não digo só os usuários, mas os outros próprios profissionais, mandam para o serviço social fazer que não é da gente[...](ENTREVISTADA N 02). Grande dificuldade é a interface com os outros profissionais, é fazê-los compreender o real papel do assistente social, a real importância do serviço social dentro dessa instituição, que a gente não estar aqui não e só para fazer encaminhamento de óbito, porque as pessoas as vezes eu tenho a impressão que muitos profissionais nos ver dessa forma, as mocinhas que estão ali pra, muitas vezes, o pessoal aqui sabe por exemplo que a gente não tem vale transporte[...](ENTREVISTADA N 03).

Conforme Figueiredo &Tanaka apud Barreto et al(1999), mostram que a

política saúde demonstram porém que,

―Nos anos que se passaram desde a criação da Lei do Sistema Único de Saúde em 1990, em vez de ações práticas capazes de dar valor positivo às reformas no sistema de saúde, sobram evidências do descaso para com os serviços do setor público de saúde no Brasil Ao longo desses anos de implantação e implementação do SUS é o descaso para com os serviços e atividades do setor público de saúde no Brasil. A realidade que vivenciamos é de precariedade quase que absoluta no atendimento à saúde da coletividade.(1999, p.02).‖

Já segundo a entrevistada n° 2 e 3 apontaram como principal dificuldade

do serviço social na instituição a falta de conhecimento do que realmente é o

papel do serviço social na saúde. Podemos observar que o serviço social

acaba sendo o ―faz tudo‖ no hospital o que não é atividade nem dos

profissionais médicos e enfermeiro e encaminhado para o serviço social.

Segundo CFESS (2010) destaca que,

―O trabalho em equipe merece ser refletido e as atribuições do profissional de serviço social precisar ficar especificadas e divulgadas

Page 73: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

72

para os profissionais, resguardando-se, assim, a interdisciplinaridade como perspectiva de trabalho a ser defendida na saúde. (p.44).‖

Observamos nas falas das entrevistas que o serviço social na saúde

embora esteja inserida na saúde desde 1945, apenas 1997 através da

resolução CNS 218/1998 é que a profissão a ser reconhecida como um

profissional da saúde, elas também falam que não é muito valorizado pelos

demais profissionais, já que os mesmo não sabem o que realmente o

assistente social faz. Desta forma o assistente social conforme o CFESS

(2010):

―Tem tido, muitas vezes, dificuldades de compreensão por parte da equipe de saúde das suas atribuições e competências face à dinâmica de trabalho imposta nas unidades de saúde determinadas pelas pressões com relação à demanda e à fragmentação do trabalho ainda existentes. (p.45).‖

As entrevistas 04 e 05 apontam para outras dificuldades encontradas na

instituição sobre essas dificuldades ela nos relata o seguinte:

―[...] maior dificuldade que eu sinto aqui é apesar de a gente ser um hospital que dizem que vai ser informatizado, eu não tenho muita experiência em informática, mas eu sinto falta disso ai, quantas vezes a gente quer passar um relatório para o conselho tutelar é não tem um fax a disposição, a gente não tem nenhum computador para digitar, manda escrito a mão nem todo mundo tem a letra bonita, minha letra não e bonita né, quando e necessário se eu tive com alguma de vocês que são estagiarias que eu vejo que tem a letra bonita eu peço para passar a limpo, ela não vai faz por mim, ela só vai passar a limpo porque minha letra não é bonita, a gente não tem, isso eu sinto dificuldade a gente deveria ter um ambiente, uma sala de chefia, pois se a gente tivesse uma sala de chefia com computador com impressora, com fax, para melhorar nosso atendimento, [...](ENTREVISTADA N 04). As principais dificuldades que a gente percebercreio que não só dentro do âmbito hospitalar, da saúde, mas quem já passou por outros setores percebe que é a falta de estrutura, nos hospitais não oferecem uma estrutura adequada, como assim pacientes que vem do interior, que o acompanhante tem que estar próximo é a gente não tem uma estrutura de acomodação, uma acomodação melhor. (ENTREVISTADA N 05).‖

Diante do exposto, podemos observar que a falta de estrutura é fruto dos

desmontes pelos quais as políticas públicas passaram por causa da política

neoliberal, desta forma esta falta de infra-estrutura acaba respingando na

Page 74: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

73

atuação dos profissionais da saúde, desta forma a atuação fica presa as

burocratizações estabelecidas pela instituição.

Nos depoimentos vistos, observa-se que as assistentes sociais

entrevistadas, enfrentam muitas dificuldades em seu cotidiano, principalmente

pela a falta de instrumentais para a realização de seu trabalho, bem como ter

que lidar com a falta de infra-estrutura da instituição.

Portanto, foram realizadas perguntas para as Assistentes Sociais quais

os objetivos de seu trabalho no Hospital, obtivemos as seguintes respostas:

―Eu acho que do meu trabalho é operacionalizar o SUS né, e faz valer todos aqueles princípios e diretrizes acho que a gente partindo disso dar ir a gente consegue essa consciência, a gente consegue efetivar a política de saúde de acordo com a demanda dos pacientes que procuram e estão internados [...](ENTREVISTADA N 01). Garantir os direitos dos usuários, no caso dos usuários e pacientes que se encontram aqui, e garantir os direitos deles, esse é o objetivo (ENTREVISTADA N 02). Olha meu objetivo pessoal é transforma essa realidade de tudo que eu falei agora a pouco, meu maior objetivo aqui é minha maior missãologo que eu cheguei eu pensei meu deus do céu eu vou correr daqui, porque não é nada do que eu pensava, e muito difícil trabalha aqui, a gente se debati aqui, com a rigidez de postura das colegas antigas, colegas antigas eu ouvir muitas vezes há você fica assim porque tu chegou agora, há você eu também já fiquei assim angustiada um dia, então assim um dia eu falei para uma Antígona aqui, é que a gente chama as antigas, eu nunca quero perder a capacidade de me indignar como a injustiça social, de me indignar como a violação de direito, eu nunca quero perde essa capacidade[...](ENTREVISTADA N 03). Meu objetivo é concretizar a humanização do SUS, nosso objetivo é esse e fazer com que esse paciente aqui dentro do hospital, ele se sinta acolhido, respeitado, e saia satisfeito, é saia tendo o sentimento que seus direitos foram respeitados sabe. (ENTREVISTADA N 05).‖

Já a entrevista n° 4 não deixou a desejar nessa questão já que a mesma

levou essa pergunta para outros direcionamentos tais como:

―Bom meu objetivo é sempre, eu pretendo me aposentar aqui é sempre espera melhorias, que cada governante que está entrando eu estou vendo que esse hospital da crescendo, cada vez a parecendo programas [...](ENTREVISTADA N 04).‖

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74

Sendo assim, a mesma não mostra quais são os seus objetivos em

quanto profissional, ou seja, quais os objetivos que a mesma tem como

profissional para realiza na instituição buscando a garantia dos direitos dos

usuários da instituição.

Podemos também observar que a mesma está com o seu objetivo

voltado para a aposentadoria pela instituição do que pensar nos seus objetivos

com um membro de uma equipe que trabalha na garantia dos direitos e dos

usuários previsto no seu código de ética, colocando assim o bem material

antes de seus compromissos profissionais.

Sobre as demais profissionais elas destacam como principal objetivo do

seu trabalho na prática e efetivar a política pública de saúde através do SUS e

da política de humanização do mesmo. O concretização desse objetivo vai

depender da prática de cada profissional mediantes as condições e relações

com o seu trabalho e objetivo

De acordo com Vasconcelos (2007),

―Uma prática que tenha como objetivo romper com práticas reacionárias e conservadoras demanda o conhecimento das totalidades mais ou menos complexas nos múltiplos aspectos e determinações (p.124).‖

Por isso destacamos a prática profissional com grande relevância, nesse

processo porque vai permitir uma maior produção de conhecimento dos

profissionais, bem como melhora a auto-análise da realidade.

Podemos observar na questão seguinte quando indagamos você se

sente realizada no trabalho que realiza na instituição? Obtivemos as seguintes

respostas:

―Sim, muito apesar de certa precarização, de certa fragilidade é eu mim sinto realizada talvez se o eu costumo sempre diz quem faz serviço social tem que faz por amor [...]É talvez eu ficasse mais realizada se eu visse a política de saúde funcionasse mesmo, se ela não fosse tão compensatória, se ela não fosse tão ineficaz, se ela tivesse uma eficiência, uma efetividade dentro da saúde, mas no geral eu avalio positivamente.(ENTREVISTADA N 01).

Page 76: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

75

Sim, me sinto às vezes é um pouco frustrada devido algumas questões que a gente lida no nosso dia a dia, mas eu gosto, gosto de trabalha mim sinto realizada, gosto sim. (ENTREVISTADA N 02).‖ Olha eu mim sinto realizada, porque eu estou fazendo diferente, por mim eu mim sinto supre feliz, o que para me um dia foi frustrante quando eu cheguei aqui, foi frustrante acha que eu tinha que fazer igual, ai quando eu me deparei com a realidade ali, como aquele fazer, que já era a prática do meu setor eu fiquei frustrada, arrasada [...](ENTREVISTADA N 03). Mim sinto realizada, apesar das vezes a gente quere fazer algo que não está ao nosso alcance, em relação ao nosso usuário né, mas eu me sinto muito realizada, eu gosto muito do meu trabalho como assistente social gosto de mais e gosto muito dessa instituição[...](ENTREVISTADA N 04). Eu me sinto realizada como profissional, como relação a minha atuação eu procuro ter uma postura ética, respeitosa, algumas coisa a gente sente que não tá e não conseguiu realiza com o tempo, por causa justamente dessa falta de estrutura que a gente ainda encontra no serviço público de saúde (ENTREVISTADA N 05).‖

Como podemos observar todas se sentem realizadas com o trabalho

que desenvolve na instituição, a pesar de algumas dificuldades as mesmas

mostrar que no trabalho na instituição ela se realiza já na forma de atuar ou em

qualquer outra forma.

Quando perguntamos vocês conhecem quais são as competências e

atribuições do serviço social na saúde. Obtivemos como resposta:

―Sim, com certeza a gente se norteia né, no artigo 4 principalmente no 4 e 5 do nosso código de ética, então a gente sempre estar fazendo essa reflexão dentro da equipe, acerca das nossa competências e atribuições já que nós somos uma equipe multidisciplinar dentro desse hospital, uma equipe que também

trabalha com a interdisciplinaridade e precisa ter essa consciência[...](ENTREVISTADA N 01). Bom eu imagino, sim que competência e atribuições do assistente social em qualquer área é basicamente viabilizar, garantir os direitos dos usuários né, a gente trabalha nessa linha, com esse direcionamento, na saúde não e diferente, mas em cada área tem suas especificidades[...](ENTREVISTADA N 02). Sinceramente eu tenho estudado muito sobre as competências e atribuições do serviço social na saúde é o que eu posso diz que e algo que estar ainda sendo construído ainda. Em alguns lugares isso ainda estar sendo construído, porque muitas são as competências, mas existe muito mais coisas que são colocadas par gente, que a gente faz que não são nossas competências, acho que para a gente possa trabalha nos competências, primeiro temos que descontruindo

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76

essa visão que as pessoa tem do que o serviço social na saúde ou pelo menos no habito hospitalar, ou pelo menos aqui nesse hospital. (ENTREVISTADA N 03). Se eu pegar a lista é mais fácil de eu ler nossas competências e atribuições, essa pergunta ai contribuição à gente estar todo tempo lendo o estatuto do serviço social, as contribuições né é aquele que o estatuto prega pra gente né contribuições e deveres, é atendimento sigiloso, não denegrir a imagem de sua colega né, isso aqui a gente tem o atendimento sigiloso [...](ENTREVISTADA N 04). Sim, todos nós temos que conhecer o manual, os POP (procedimentos operacional padrão) que norteiam toda nossa atuação, é quais são nossas atividades e nossas funções. (ENTREVISTADA N 05)‖

.

Percebemos que em suas fala elas apresentam elementos do Código

Ética do Serviço Social tais como: defesa intransigente dos direitos humana;

ampliação e consolidação da cidadania como forma de garantir os direitos dos

seus usuários, mas também mostram o reconhecimento da liberdade como

valor central da profissão.

Como relação os parâmetros do serviço social na saúde, percebe-se

gradativamente o discurso das Assistentes Sociais para que aconteça a

efetivação desses parâmetros para atuação do serviço social na saúde e

preciso uma conscientização de todos os profissionais que trabalham na

instituição, ou seja, cada profissional tem que conhecer um pouco de cada

profissão.

Perguntamos também quais as atividades desenvolvidas pelo/a

assistente social mediante a equipe multidisciplinar da instituição? Tivemos as

respostas a seguir:

―[...]a gente tem, a nossa atividade principal dentro da equipe multidisciplinar, a gente tem que dar nosso parecer em relação aquele caso, se eu estou envolvida eu quero saber qual é a demanda do serviço social ali dentro, já que o médico já fez a avaliação dele, a enfermagem a psicologia acompanhou, a fonoaudióloga de repente tem uma fisioterapeuta, tem uma terapeuta ocupacional, geralmente nossas atividades e no sentido da garantia de direitos, de orientar[...](ENTREVISTADA N 01). [...]a gente tem uma parceria com a psicologia, o profissional mais próximo da gente e o psicólogo, porque uma das nossas atividades e a roda de conversa na sala de espera com as pessoas que aguarda

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atendimento laboratorial, e essa roda e feita com a psicologia e também o acompanhamento que a gente realizar nos setores das enfermarias, e evidentemente o psicólogo contata alguma situação é ai repassar pra gente, e vise versa, e da mesma forma a gente sempre estar dialogando com os enfermeiros, par ver alguma questão a respeito de algum paciente que estar com alguma situação que a gente não entende, a gente conversa com o enfermeiro né, o enfermeiro também acionar bastante o serviço social pra ver alguma questão que ele entende que cabe sim a intervenção do assistente sociale como o próprio médico né, só que com o médico é realmente a relação não é tão próxima, ate porque eles mesmos são muitos pragmáticos, mais a gente procura ter sim como todos um trabalho multiprofissional que é importante. (ENTREVISTADA N 02). A gente fazer o atendimento, multidisciplinar, a gente participa do atendimento junto com a psicologia, junto com a enfermagem, junto com os médicos, é claro que a gente assim interagir muito mais com a psicologia e mais fácil interagir com eles com a terapeuta ocupacional, no sentido de realmente trocar ideais, troca conhecimentos, práticas construir algo em conjunto porque existe uma dicotomia, uma divisão entre classe médica e as demais, então é muito complicada pra demais dialogarem e interagirem com classe médica, mas a gente tem no cotidiano a gente trabalha rodas de conversa com os usuários onde o serviço social apresenta sua competências[...](ENTREVISTADA N 03). Nossa atividade em relação ao grupo médico, enfermeira, psicóloga, agora a gente tem a terapeuta ocupacional contribui para que a gente unido possa dar uma boa resposta para os usuários, acompanhantes e pacientes, visitantes, a gente unido tem essa resposta para dar, essa equipe já estar dizendo multiprofissional a gente trabalha junto muitas vezes existe aquela divisão do médico, eu sou médico o todo poderoso, depois de mim vem o restante, mas a gente procura de qualquer forma fazer alguma coisa que for necessária a intervenção de todas nós[...](ENTREVISTADA N 04). Realização de estudos de caso, já que nós somos uma equipe multidisciplinar alguéns casos requer a intervenção da psicologia, junto com o serviço social, a enfermagem, e a gente tem que trazer isso né, os casos são estudados né, como é estudado senta todo mundo nenhuma mesa não, a gente tá dialogando, a gente tá trocando essas informações para encontra a solução, dar uma resolutividade para determinada situações. Alguéns momentos a gente realizam em parceria com outros profissionais são nossas rodas, é quando a gente realizam uns informações , as trocas de depoimentos, a gente realiza sempre com o pessoal da psicologia, o momento também uma atividade coletiva que a gente tá ai socializando com os outros profissionais.(ENTREVISTADA N 04).‖

Podemos assim destacar no que diz respeito ao trabalho dos assistentes

sociais e os demais profissionais, que as mesma relatam algumas atividades

desenvolvidas tanto com as enfermeiras e com a psicólogas, mas também

relatam a dificuldade de se trabalhar com os médicos da instituição mostrando

muitas vezes em seus relatos que os mesmo não sabem o que realmente faz

Page 79: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

78

um assistente social, não só os médicos, mas também outros profissionais da

instituição.

Por isso segundo CFESS (2010) orientam para que:

―O profissional precisa ter clareza de suas atribuições e competências para estabelecer prioridades de ações e estratégias, a partir de demandas apresentadas pelos usuários de dados epidemiológicos e da disponibilidade da equipe de saúde para ações conjuntas. (p.41)‖

Desta forma é importante salientar que o trabalho em equipe precisa que

o assistente social tenha clareza de suas atribuições pra que possa romper

com o caráter burocrático imposto pela sociedade capitalista e pela rotina de

seu trabalho acaba não deixando claro seu papel na instituição.

Ainda no diz respeito às ações e articulações da equipe multidisciplinar

do hospital segundo CFESS(2010)

―O trabalho em equipe merece ser refletido e a atribuição do profissional de serviço Social precisa ficar especificada e divulgadas paras os demais profissionais, resguardando-se, assim, na interdisciplinaridade como perspectiva de trabalho a ser defendida na saúde. (p.44)‖

Desta forma acreditamos que o trabalho do Serviço Social ficará mais

conhecido pelos demais profissionais da instituição, Fazendo com que não

cheguem demandas para o Serviço Social que não competem ao assistente

social.

Destacamos também que o serviço social tem muitas vezes dificuldades

em realiza suas atividades por falta de compreensão da equipe, deixando

assim muitas vezes uma fragmentada a atuação das mesmas.

Page 80: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

79

5 CONSIDERAÇÕESFINAIS

Este trabalho monográfico buscou analisar O processo de trabalho do

Serviço Social e a discussão das suas atribuições a partir da realidade das

Assistentes Sociais do Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana

(HDGMM).

A partir dessa análise, a pesquisa evidenciou que as assistentes sociais

conhecem as atribuições do Serviço Social na Saúde, mas não conseguem

garantir a sua efetivação, por acharem que a mesma ainda estar sendo

implementada na saúde. A pesquisa mostra que o perfil traçado das

assistentes sociais entrevistadas são mulheres, em uma idade adulta,

apresentando como faixa etária entre 30 a 50 anos de idade. O estudo também

apresenta que uma das maiores dificuldades do Serviço Social na saúde é

deixar claro qual o seu papel mediante a equipe multiprofissional da instituição,

pois os mesmo não sabem o que verdadeiramente o Assistente Social faz, por

isso elas apontam como uma dificuldade. Outra dificuldade apontada para a

efetivação de suas competências e atribuições é a falta de infra-estrutura da

instituição, entre elas podemos citar a sala do Serviço Social que é muito

pequena entre outras. Que não dar subsídios para a melhoria do atendimento

aos usuários. Um fato importante a considerar nessa pesquisa foi que embora

as entrevistadas não saibam conceituar as atribuições e competências de

forma precisa elas souberam minimamente associá-las a idéia de que é

necessário cumprir com essas atribuições.

Diante disso, destacamos que Assistente Social utiliza suas

competências e atribuições com base nos seus conhecimentos, articulados aos

princípios fundamentais do Código ético da profissão, como compreensão dos

aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais dos seus usuários.

Observamos que o trabalho do Assistente Social no processo de trabalho na

saúde foi marcado por todo o processo da política neoliberal ao qual o passou

e continua passando ate os dias atuais, essa posição de minimização das

políticas públicas tem afetando bastante o trabalho dessas profissionais que

são comprometidas como a garantia dos direitos humanos.

Page 81: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

80

Observamos também a partir desse estudo, que o trabalho das

Assistentes Sociais sofreu um grande empate entres as práticas individualistas

e as coletivas, demandadas pela própria rotina de trabalho e também tem

algumas demandas da instituição. Desta forma destacamos que basicamente o

trabalho do serviço social na instituição é resolver problemas dos usuários,

suas praticas são pontuais, não-planejadas e reduzidas a dar resolutividades

aos problemas dos usuários para manter simplesmente um bom andamento da

rotina.

A análise dos resultados deste estudo, realizado com as Assistentes

Sociais do Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana, concluiu que apesar

de trabalhar a pouco tempo nessas áreas, elas tem conhecimento de suas

atribuições e competências, mas elas também se sentem às vezes angustiadas

por não dar um melhor atendimento aos seus usuários, por conta da falta de

infra-estrutura da Instituição. Sendo que muitas vezes elas não dispõem de

instrumentais necessários para sua atuação.

As assistentes sociais relataram sua insatisfação com os demais

profissionais que não conhece o papel das mesmas na área Hospital, fazendo

assim com que passem para o serviço social demandas que não são suas

competências, reclamam, também das limitações impostas pela própria rotina

de trabalho.

Em síntese o trabalho da assistente social na saúde é verbalizado como

uma forma de manter o controle dos usuários e de seus problemas para que

possam manter simplesmente um bom andamento da rotina.

Concluímos este trabalho na expectativa de contribuir para que os

profissionais da saúde possam ter uma maior percepção do papel do serviço

social na saúde, bem como deixar claro que a assistente social apesar de estar

a pouco tempo na área Hospital tem conhecimento de suas atribuições.

Page 82: O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E A …

81

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