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O produtor pergunta, a Embrapa responde. · 2018. 5. 17. · O produtor pergunta, a Embrapa responde. Editores Técnicos Hermes Peixoto Santos Filho Antonia Fonseca de Jesus Magalhães

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  • O produtor pergunta, a Embrapa responde.

  • República Federativa do Brasil

    Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente

    Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

    Roberto RodriguesMinistro

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

    Conselho de Administração

    Luis Carlos Guedes PintoPresidente

    Silvio CrestanaVice-Presidente

    Alexandre Kalil PiresCláudia Assunção dos Santos ViegasErnesto PaternianiHélio TolliniMembros

    Diretoria-Executiva

    Silvio CrestanaDiretor-Presidente

    José Geraldo Eugênio de FrançaKepler Euclides FilhoTatiana Deane de Abreu SáDiretores-Executivos

    Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    José Carlos NascimentoChefe-Geral

    Embrapa Informação Tecnológica

    Fernando do Amaral PereiraGerente-Geral

  • Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

    Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

    O produtor pergunta, a Embrapa responde.

    Editores TécnicosHermes Peixoto Santos Filho

    Antonia Fonseca de Jesus MagalhãesYgor da Silva Coelho

    Embrapa Informação Tecnológica

    Brasília, DF

    2005

  • Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em

    parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no. 9.610).

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

    Citros : o produtor pergunta, a Embrapa responde / editores técnicos, HermesPeixoto Santos Filho, Antonia Fonseca de Jesus Magalhães, Ygor da SilvaCoelho. – Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2005.219p. : il. – (Coleção 500 perguntas, 500 respostas).

    ISBN 85-7383-319-X

    1. Agrotóxico. 2. Brasil. 3. Citricultura. 4. Doença de planta. 5. Fruta cítrica.6. Fruticultura. 7. Irrigação. 8. Plantio. 9. Praga de planta. 10. Reproduçãovegetal. 11. Variedade. I. Santos Filho, Hermes Peixoto. II. Magalhães, AntoniaFonseca de Jesus. III. Coelho, Ygor da Silva. IV. Embrapa Mandioca e FruticulturaTropical. V. Série.

    CDD 634.3

    © Embrapa 2005

    Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

    Embrapa Informação TecnológicaParque Estação Biológica (PqEB), Av. W3 Norte (final)CEP 70770-901 Brasília, DFFone: (61) 3340-9999Fax: (61) [email protected]

    Embrapa Mandioca e Fruticultura TropicalRua Embrapa s/no

    Caixa Postal 007CEP: 44380-000 Cruz das Almas, BAFone: (75) 3621-8000Fax: (75) [email protected]

    Coordenação Editorial: Lillian Alvares e Lucilene Maria de AndradeSupervisão Editorial: Carlos M. AndreottiRevisão de Texto e Tratamento Editorial: Francimary de Miranda e SilvaEditoração eletrônica: Júlio César da S. DelfinoIlustrações do Texto: Rogério Mendonça de AlmeidaAte Final da Capa: Carlos Eduardo Felice BarbeiroFoto da Capa: Nilton Fritzons Sanches

    1ª edição1ª impressão (2005): 3.000 exemplares

  • Autores

    Almir Pinto da Cunha SobrinhoEngenheiro-agrônomo, M.Sc. em Fitotecnia,pesquisador aposentado da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,Rua Manoel Caetano Passos, 174, CEP 44380-000 Cruz das Almas, BA

    Aloyséia Cristina C. de NoronhaEngenheira-agrônoma, Doutora em Entomologia, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Antonia Fonseca de Jesus MagalhãesEngenheira-agrônoma, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Antonio Alberto Rocha OliveiraEngenheiro-agrônomo, Doutor em Pure and Applied Biology, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Antônio da Silva SouzaEngenheiro-agrônomo, Doutor em Biotecnologia Vegetal, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Antônio Souza do NascimentoEngenheiro-agrônomo, Doutor em Entomologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Carlos Alberto da Silva LedoEngenheiro-agrônomo, Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Cecília Helena Silvino Prata RitzingerEngenheira-agrônoma, Doutora em Nematologia e Fitopatologia, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Clóvis de Oliveira AlmeidaEngenheiro-agrônomo, Doutor em Ciências Economia Aplicada, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Cristiane de Jesus BarbosaEngenheira-agrônoma, Doutora em Ecossistemas Agroflorestais, pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Eugênio Ferreira CoelhoEngenheiro-agrônomo, Doutor em Engenharia de Irrigação, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    500_PERGUNTAS_Citros_2013.indd 5 12/03/2014 11:14:41

  • Fernando César Akira Urbano MatsuuraEngenheiro-agrônomo, Mestre em Tecnologia de Alimentos, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Francisco Ferraz Laranjeira BarbosaEngenheiro-agrônomo, Doutor em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Hermes Peixoto Santos FilhoEngenheiro-agrônomo, Mestre em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    José Eduardo Borges de CarvalhoEngenheiro-agrônomo, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Laércio Duarte SouzaEngenheiro-agrônomo, Doutor em Produção Vegetal/Solos, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Luciano da Silva SouzaEngenheiro-agrônomo, Doutor em Ciência do Solo, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Márcio Eduardo Canto PereiraEngenheiro-agrônomo, Mestre em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Marília Ieda da Silveira FolegattiZootecnista, Doutora em Tecnologia de Alimentos, pesquisadora da Embrapa Man-dioca e Fruticultura Tropical

    Nilton Fritzons SanchesEngenheiro-agrônomo, Mestre em Entomologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Orlando Sampaio PassosEngenheiro-agrônomo, Mestre em Fitomelhoramento, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Paulo Ernesto Meissner FilhoEngenheiro-agrônomo, Doutor em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    Walter dos Santos Soares FilhoEngenheiro-agrônomo, Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    500_PERGUNTAS_Citros_2013.indd 6 12/03/2014 11:15:01

  • Ygor da Silva CoelhoEngenheiro-agrônomo, Mestre em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

    500_PERGUNTAS_Citros_2013.indd 7 12/03/2014 11:15:01

  • Apresentação

    Esta publicação, estruturada na forma de perguntas e respostas,é o resultado do esforço concentrado dos pesquisadores da EquipeTécnica Citros, da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, desen-volvido ao longo de 30 anos, desde a criação desta Unidade, com oobjetivo de organizar e disponibilizar aos citricultores e profissionaisde áreas correlatas informações atualizadas sobre as tecnologiasdesenvolvidas pela pesquisa, no âmbito do agronegócio do citros.

    As perguntas foram coletadas durante a realização de feirasagropecuárias, seminários, dias de campo e palestras, e por meio decartas enviadas ao Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), destaUnidade, por produtores rurais, estudantes, técnicos e profissionais,envolvendo toda a equipe de pesquisadores na elaboração criteriosadas respostas.

    Este livro representa um grande passo no processo de transferên-cia de tecnologia, porque ajuda a sanar as principais dúvidas relativasà cultura dos citros sem, contudo, ser a única fonte de consulta paraessa cultura.

    Citros 500 Perguntas – 500 Respostas materializa, pois, ocompromisso da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical com oagronegócio dos citros, que constitui um expressivo segmento daatividade agrícola brasileira.

    José Carlos NascimentoChefe-Geral

  • Sumário

    Introdução..................................................................... 13

    1 Classificação Botânica ................................................... 15

    2 Botânica Econômica ...................................................... 19

    3 Clima ............................................................................ 23

    4 Cultivares ...................................................................... 31

    5 Micropropagação e Microenxertia ................................. 35

    6 Produção de Mudas....................................................... 43

    7 Implantação do Pomar ................................................... 55

    8 Manejo e Conservação do Solo...................................... 61

    9 Manejo de Plantas Daninhas .......................................... 73

    10 Nutrição, Calagem e Adubação ..................................... 83

    11 Irrigação e Fertirrigação................................................ 103

    12 Práticas Culturais ......................................................... 113

    13 Doenças Fúngicas ....................................................... 123

    14 Doenças Bacterianas ................................................... 147

    15 Doenças Viróticas ........................................................ 155

    16 Pragas ......................................................................... 169

  • 12

    17 Nematóides ................................................................. 181

    18 Uso de Agrotóxicos ..................................................... 191

    19 Pós-colheita ................................................................. 195

    20 Aspectos Nutricionais, Processamento e Produtos ......... 203

    21 Experimentação Agrícola ............................................. 213

    22 Economia .................................................................... 219

  • 13

    Introdução

    A citricultura é um dos principais agronegócios internacionais,sendo o Brasil líder em produção de frutas cítricas e na exportaçãode suco concentrado congelado de laranja.

    O maior peso do agronegócio citrícola no Brasil está na citricul-tura paulista, que responde por 87% da atividade. A exportação desuco e subprodutos gera recursos da ordem de US$ 1,5 bilhão,empregando só naquele estado 400 mil pessoas.

    A citricultura da Bahia ocupa o segundo lugar no cenário nacio-nal, com uma área de 52 mil ha, seguida pela de Sergipe. Valeressaltar que há oportunidades em outros estados, como no RioGrande do Sul, com plantios de laranja para mesa, no Semi-Árido daRegião Nordeste, com diversificação para limões e pomelos, e naRegião Norte, com destaque para a região citrícola do Pará.

    A pesquisa atua nas diferentes áreas do conhecimento, gerandoalternativas tecnológicas para o cultivo mais adequado dos citros,com destaque para as novas opções de copas e porta-enxertos,controle integrado de pragas, doenças e plantas invasoras, e desenvol-vimento de sistemas de produção integrada e orgânica para permitirmaior grau de sustentabilidade ao agronegócio de citros.

    Para a elaboração desta publicação, a Embrapa Mandioca eFruticultura Tropical empenhou-se em elaborar respostas claras esimples, capazes de esclarecer as dúvidas de agricultores e técnicossobre os diferentes aspectos da produção de citros.

    A elaboração e o lançamento deste novo título constitui, semdúvida, um reforço técnico importante para o agronegócio de citrose promoverá maior interação dos diversos segmentos da cadeiaprodutiva dessa cultura.

  • Orlando Sampaio PassosWalter dos Santos Soares FilhoAlmir Pinto da Cunha Sobrinho

    1 Classificação Botânica

  • 16

    Como está classificado o gênero citros?

    Existem duas classificações do gênero citros, a Swingle, quecompreende 16 espécies, e a Tanaka, que estabeleceu um sistemamais moderno, incluindo 162 espécies, pertencentes à divisãoMagnoliophyta, subdivisão Magnoliophytina, classe Magnoliopsida,subclasse Rosidae, ordem Sapindales subordem Geranineae, famíliaRutaceae, subfamília Aurantioideae, tribo Citreae, subtribo Citrineae.

    Quais os outros gêneros da família Rutaceae?

    Constituem o grupo dos citrinos verdadeiros, juntamente como gênero Citrus, por produzirem frutos semelhantes à laranja ou aolimão, os seguintes gêneros:

    • Poncirus.• Fortunella.• Microcitrus.• Eremocitrus.• Clymenia.Os gêneros listados a seguir são mais primitivos:• Severinia.• Pleiospermium.• Burkillanthus.• Limnocitrus.• Hesperetusa.Os dois gêneros abaixo são mais evoluídos que os anteriores:• Citropsis.• Atalantia.

    Como é conhecido cientificamente o grupo das laranjasdoces?

    Tanto a laranja ‘Pêra’ como a laranja ‘Bahia’ (sem sementes), alaranja ‘Moro’(sangüínea) e a laranja ‘Lima’ (sem acidez) têm o nomecientífico Citrus sinensis (L) Osbeck.

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  • 17

    Como é conhecido cientificamente o grupo das tangerinas?

    Nesse grupo, os nomes científicos variam de acordo com asvariedades:

    • Tangerinas Ponkan, Cravo, Swatow (C. reticulata Blanco.)• Mexerica do Rio (C. deliciosa Tenore.)• Tangerina Satsuma (C. unshiu Marc.)• Tangerina Clementina (C. clementina Hort. ex Tan.).

    Como é conhecido cientificamente o grupo dos limõesCitrus limon (L) Burm?

    As principais cultivares de limão verdadeiro, (L) Burm, são:• Eureka.• Siciliano.• Lisboa.• Fino.O limão ‘Galego’, erroneamente denominado de verdadeiro,

    ou mirim, é uma lima ácida cujo nome científico é C. aurantifolia(Christimas) Swingle.

    Qual a expressão correta: limão ou lima ácida ‘Tahiti’?

    Apesar de ser usualmente denominado de limão ‘Tahiti’, aexpressão correta é lima ácida ‘Tahiti’, cujo nome científico éC. latifolia Tanaka.

    Quais os nomes científicos dos principais porta-enxertos?

    Os nomes científicos dos principais porta-enxertos são:• Limão ‘Cravo’ (C. limonia Osb.).• Limão ‘Volkameriano’ (C. volkameriana Ten. et Pasq.).• Tangerina ‘Cleópatra’ (C. reshni Hort. ex Tan.).• Tangerina ‘Sunki’ (C. sunki Hort. ex Tan.).

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  • 18

    Que outras cultivares cítricas podem ser de interesse comer-cial?

    As cultivares abaixo po-dem ser de interesse comercial:• Lima da Pérsia (C. limet-

    tioides Tanaka).• Pomelo Star Ruby (C. para-

    disi Macf).• Toranja (C. grandis (L) Osb.).• Laranja Azeda (C. aurantium

    L.).

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  • 19

    Ygor da Silva Coelho

    2 Botânica Econômica

  • 20

    A forma e a estrutura da planta cítrica, nos pomares comer-ciais, são as mesmas verificadas na natureza, antes de sercultivada comercialmente?

    Não. A exploração comercial da planta cítrica determinoualgumas mudanças em seu porte e comportamento. Nos dias atuais,a forma da árvore varia de acordo com os métodos de poda e enxertiaadotados.

    A planta moderna caracteriza-se por possuir tronco único que,a uma altura média de 50 cm, bifurca-se em três ou quatro ramospara compor uma copa esférica ou cilíndrica.

    Em decorrência das condições climáticas, especialmenteluminosidade e distribuição das chuvas, as copas podem se tornarmais abertas ou fechadas, refletindo seu condicionamento ao ambi-ente.

    Com que freqüência ocorre a reposição de folhas na planta?

    Até o pico de crescimento da planta, a reposição anual de folhassupera a perda das folhas velhas. Somente em condições de distúrbio(estiagem, praga, doença, fitotoxicidade, vento), a perda suplanta aemissão normal de folhas. Na primavera, época que coincide com aemissão de novos fluxos de crescimento, a queda natural de folhas émais intensa.

    Em geral, com que idade a folha sofre queda natural?

    A longevidade de uma folha varia de acordo com o clima e ostratos dispensados à planta. Em áreas de clima subtropical, estima-sea permanência das folhas, na planta, entre 17 e 24 meses, sendoesse período mais reduzido em condições climáticas tropicais e emambiente semi-árido. Nesse caso, a reposição e os fluxos de cresci-mento são também abreviados, compensando as perdas.

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  • 21

    Qual o período de floração das plantas cítricas?

    Normalmente, a emissão de flores ocorre nas novas brotaçõesvegetativas que emergem das gemas dormentes dos ramos, após umperíodo de inverno ou de dormência por déficit hídrico. Nascondições subtropicais, o ritmo de crescimento é bastante regular eestá associado à elevação da temperatura, na primavera, após adormência provocada pelo frio, durante o inverno.

    Nos trópicos, pelo contrário, em virtude das temperaturasconstantes e elevadas, a dormência é induzida pela falta de água eas florações sucedem os períodos de déficit hídrico e das chuvas.

    Como caracterizar os estágios de crescimento dos frutoscítricos?

    São três os períodosou estágios de crescimentodos frutos cítricos:

    • O estágio I carac-teriza-se pela divi-são celular e teminício logo após aqueda das pétalas.

    • O estágio II é re-presentado peloenlargamento do fruto, pela diferenciação celular e peloaumento do teor de suco.

    • O estágio III coincide com a maturação do fruto, mudançana cor e queda na taxa de crescimento.

    Existe um parâmetro de produtividade para a planta cítrica?

    Em geral se estabelece que 5 kg/m2, ou seja, 50 t/ha, é aprodutividade ideal para uma planta cítrica ou para um pomar.

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    Quais as espécies de citros mais produtivas?

    A produtividade média dos pomares varia de acordo com ascondições do ambiente e conforme a espécie, clone ou variedade.De modo geral, porém, considera-se que os limoeiros e as tangeri-neiras são menos produtivos que as laranjeiras, ao passo que ospomeleiros são considerados os mais produtivos.

    Quais as laranjeiras mais produtivas?

    A ‘Hamlim’ é considerada a variedade mais produtiva, chegan-do a 300 kg ou 400 kg por planta (de 8 a 10 caixas de 40 kg/pé/ano).As laranjeiras ‘Bahia’ e ‘Baianinha’ são consideradas as menos produ-tivas.

    Com que idade as plantas cítricas atingem a produção máxi-ma?

    Em geral, as plantas iniciam a produção aos 3 ou 4 anos deidade, e a produção máxima depende do espaçamento. Em espaça-mentos mais fechados, costumam atingir a produção máxima porvolta dos 10 anos. Em espaçamentos mais amplos, a produtividademáxima pode ocorrer até os 12 anos, aproximadamente.

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  • 23

    Antonia Fonseca de Jesus Magalhães

    3 Clima

  • 24

    Qual a influência do clima na cultura dos citros?

    O clima influencia de forma decisiva todas as etapas da cultura,como a adaptação das variedades, o comportamento fenológico(abertura floral), a curva de maturação, a taxa de crescimento, ascaracterísticas físicas e químicas do fruto e o potencial de produção.

    Quais os principais fatores climáticos que influenciam acitricultura?

    Os principais fatores climáticos que influenciam a citricultura são:• Temperatura.• Radiação solar.• Umidade relativa.• Pluviosidade.• Ventos.

    Qual a temperatura ótima para o desenvolvimento dos citros?

    O desenvolvimento dos citros varia de acordo com as seguintestemperaturas:

    • Entre 12oC e 13oC, há redução do metabolismo da planta.• Acima de 13oC, a taxa de crescimento aumenta progressiva-

    mente, atingindo o máximo entre 23oC e 32oC, que é a faixade temperatura ótima para a cultura.

    • A partir de 32oC, observa-se um decréscimo na taxa decrescimento, até cessar por completo acima de 39oC.

    Como as altas temperaturas atuam na planta?

    Em temperaturas iguais ou superiores a 36oC, observa-se que ataxa de respiração é maior que a de fotossíntese. Com o aquecimentoexcessivo das folhas, há destruição da clorofila e bloqueio da

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  • 25

    translocação da água resultando na desorganização do balanço nutri-cional da planta.

    Em que períodos fenológicos da planta cítrica a temperaturatem influência marcante?

    A temperatura tem influência marcante na fase de crescimentoe na época de maturação dos frutos. A curva de crescimento e matu-ração dos frutos, em regiões tropicais, é atingida aos 6 e 7 meses,após a florescência, o que só acontece de 11 a 13 meses, nas regiõessubtropicais.

    Na pós-maturação, as altas temperaturas têm efeitos significati-vos nas características físicas e químicas e na senescência dos frutos.

    Como as temperaturas mínimas influenciam os citros?

    Em latitudes mais elevadas de climas subtropical ou mediterrâ-neo, os citros estão sujeitos aos riscos de estresses térmicos por baixastemperaturas, principalmente geadas que, muitas vezes, são de fracaintensidade, não causando danos sérios.

    Outras vezes, podem constituir um dos fatores estratégicos decompetitividade com os principais produtores mundiais.

    Qual a gradação de tolerância das espécies cítricas àstemperaturas baixas?

    Em ordem crescente de resistência, pode-se relacionar asseguintes espécies:

    • Cidras.• Limas ácidas e doces.• Limões.• Pomelos.• Laranjas doces.• Laranjas azedas.

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    • Tangerinas.• Kunquat.• Trifoliata.

    Qual a relação entre temperatura, umidade e florescimento?

    A abertura floral é favorecida pela temperatura moderada e arseco (baixa umidade). Estresses térmicos resultantes de temperaturaselevadas ou baixas prejudicam a vegetação e a polinização. A açãodos insetos polinizadores é prejudicada pela chuva, umidade elevada,nevoeiro e temperaturas baixas.

    Quando a temperatura se eleva, o baixo teor de umidade do are a má distribuição hídrica no solo condicionam a queda de flores,originada por alterações na base do pedúnculo. Além disso, as chuvaspodem resultar na incidência de fungos, como os do gêneroColletotrichum, que provoca a queda de frutos jovens.

    Qual a relação entre temperatura e qualidade dos frutos?

    A temperatura é o fator condicionante da cor interna e externado fruto cítrico. A cor da casca está associada às temperaturas baixas(

  • 27

    Como são calculadas as “unidades térmicas” necessárias acada cultivar?

    Faz-se o cálculo, subtraindo da temperatura considerada sematividade para a planta cítrica (mínima de 13oC e máxima de 39oC)as médias mensais do período mencionado, e multiplicando o resultadopelo número de dias do mês.

    Quais as “unidades térmicas” usadas como padrão?

    As unidades térmicas usadas como padrão são as seguintes:• As laranjas precoces necessitam de 1.600oC a 1.800oC.• As tardias, entre 1.800oC e 2.000oC.• Os pomelos, cerca de 3.100oC.

    Quais as exigências dos citros em relação à precipitaçãopluviométrica?

    As exigências anuais dos citros situam-se entre 900 mm e1.500 mm.

    Como podem ser agrupadas as regiões produtoras de citros,com base na precipitação?

    Com base na disponibilidade hídrica, as regiões produtoras decitros podem ser agrupadas em:

    • Regiões aptas são as áreas com excedentes hídricos acimade zero e deficiência hídrica anual abaixo de 300 mm, com-preendendo toda a faixa litorânea, exceto a faixa canavieiramais úmida, parte da Chapada Diamantina e do PlanaltoOcidental.

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  • 28

    • Regiões restritas são as áreas com deficiência hídrica anualsuperior a 300 mm, porém aptas com o uso da irrigação.

    Qual a precipitação necessária (mm/mês) para a obtençãode colheitas economicamente rentáveis?

    Essas precipitações situam-se entre 120 mm e 150 mm/mês(média de 4 mm/dia), no verão, e de 60 mm a 90 mm/mês (2 a 3 mm/dia), no inverno.

    Que fatores influenciam as necessidades hídricas dos citros?

    Esses fatores são constituídos por:• Distribuição espacial e temporal da radiação solar, da

    temperatura do ar , do vento, da umidade do ar.• Combinações copa/porta-enxerto.• Características hídricas do solo.• Aspectos da cultura como sanidade, espaçamento, densidade

    de plantio, porte, idade.• Outros fatores ligados ao manejo da cultura.

    Qual a faixa de evapotranspiração da cultura?

    A faixa de evapotranspiração situa-se entre 600 mm e1.300 mm anuais.

    Qual a importância da água no desenvolvimento do fruto?

    Observa-se um aumento de 1,5 cm3 no fruto para cada 2,5 mmde água, e um ganho de 4,0 cm3 para cada 25,0 mm de lâminad’água.

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  • 29

    Qual a influência do vento sobre o pomar cítrico?

    Inicialmente, suamaior influência é comofator aerodinâmico, au-mentando a evapotrans-piração e a demanda hídri-ca do pomar.

    A segunda influênciaé mecânica e pode resultarem danos, dependendo de sua velocidade ou do período fenológicoda planta cítrica, reduzindo sua taxa de crescimento e vigor.

    O vento pode, também, ser disseminador de pragas, como oácaro-da-ferrugem, de doenças fúngicas e bacterianas.

    Quais as medidas a serem tomadas em áreas expostas aventos fortes?

    A principal medida é o uso de quebra-ventos.

    Quais os efeitos do quebra-vento?

    O quebra-vento reduz a disseminação de pragas e doençasdos citros, seja por funcionar como barreira ou por evitar danosmecânicos provocados pelo vento.

    Qual a importância da umidade relativa para os citros?

    Apesar da ação benéfica de amenizar as altas temperaturas, aumidade relativa alta favorece a infestação de insetos e fungos. Abaixa umidade agrava a evaporação, embora o fruto produzido nessacondição seja de melhor aspecto para o mercado in natura.

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  • 4 Cultivares

    Orlando Sampaio PassosWalter dos Santos Soares FilhoAlmir Pinto da Cunha Sobrinho

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    Quais as cultivares mais recomendadas, no Brasil?

    As cultivares mais recomendadas, no Brasil, estão relacionadasna Tabela 1.

    Tabela 1. Sugestão para plantio de cultivares de diferentes épocas de maturaçãoe respectiva percentagem.

    Variedades % da área Maturaçãode plantio

    Laranja doce

    Hamlin 2 Precoce

    Baianinha, Salustiana, Pineapple, 10 Meia-estação

    Midsweet Rubi, Westin, Lima

    Pêra 30 Meia-estação/tardia

    Valência, Natal 8 Tardia

    Tangerina e híbridos

    Lee, Robinson 12 Precoce

    Mexerica, Ponkan, Nova, Page 12 Meia-estação

    Dancy, Murcott 12

    Limas ácida e doce

    Tahiti 12 Ano todo

    Lima da Pérsia 2 Precoce

    Que fatores devem ser observados na classificação de umacultivar como recomendável para o plantio comercial?

    O mercado é o fator prioritário para a recomendação de umacultivar. Além disso, outros fatores devem ser considerados, como:

    • Destino da produção: mercado local ou exportação.• Maneira de comercialização: fruta fresca ou processada.• Aceitação do consumidor.

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    Como podem ser classificadas as cultivares de citros em rela-ção ao mercado?

    Na Tabela 2 estão clas-sificadas as cultivares de citrosde acordo com a época decolheita, consumo “ïn natura”e industrialização, nas condi-ções do Nordeste Brasileiro.

    Tabela 2. Época de colheita, destino da produção das cultivares comerciais epotencial de comercialização de citros, no Nordeste brasileiro.

    Cultivares tradicionais Época de Mercado Industrializaçãocolheita in natura

    LaranjaHamlin Precoce Interno e externo SimLima Precoce Interno NãoBaianinha Meia-estação Interno e externo Sim, com restriçãoBahia Meia-estação Interno e externo Sim, com restriçãoPêra Tardia Interno e externo SimNatal Muito tardia Interno e externo SimValência Muito tardia Interno e externo SimTangerinas e híbridosCravo Precoce Interno SimPonkan Precoce/meia-estação Interno SimMurcotte Meia-estação Interno SimMexerica Tardia Interno SimLima ácida e doceGalego Ano todo Interno SimTahiti Ano todo Interno e externo SimDa Pérsia Meia-estação Interno NãoCultivares potenciaisLaranjaPineapple Precoce Interno e externo SimSalustiana Precoce Interno e externo SimMidsweet Meia-estação Interno e externo SimParson Brown Meia-estação Interno e externo SimTangerina e híbridosLee Precoce Interno e externo SimPage Meia-estação Interno e externo SimNova Meia-estação Interno e externo SimPomeloHenderson, Ruby Star Meia-estação Interno e externo Sim

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    Entre as cultivares que produzem frutos para consumo innatura, qual a mais indicada?

    O mercado de frutos in natura é altamente exigente em quali-dade. Além da coloração externa e ausência de sementes, o frutotem que apresentar teor de suco e relação acidez/sólidos solúveiscompatíveis com a exigência do consumidor. Preconiza-se tambéma facilidade de se descascar o fruto com as mãos como condição aser atendida pela cultivar.

    As tangerinas e híbridos (citadas na Tabela 2) aparecem comoas espécies mais recomendadas.

    Entre as laranjas, a ‘Baianinha’ e a ‘Salustiana’ podem ser avalia-das para tal finalidade.

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    5Micropropagaçãoe Microenxertia

    Antônio da Silva SouzaHermes Peixoto Santos Filho

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    O que é biotecnologia?

    Biotecnologia é o conjunto de técnicas que visa, entre outrosaspectos, aumentar a produtividade de plantas pelo uso de processosbiológicos que incluem procedimentos de engenharia genética,biologia molecular e cultura in vitro de tecidos vegetais.

    A que se refere a cultura de tecidos vegetais?

    A cultura de tecidos vegetais refere-se ao cultivo in vitro decélulas, tecidos ou órgãos de plantas em meio nutritivo definido esob condições assépticas controladas de temperatura, luminosidadee fotoperíodo.

    Qual a função do meio de cultura?

    O meio de cultura deve proporcionar os nutrientes e fatores decrescimento necessários para a formação in vitro de caules, folhas eraízes.

    Quais as principais técnicas de cultura de tecidos empre-gadas em citros?

    As principais técnicas usadas em citros são:• Embriogênese somática.• Microenxertia.• Indução de mutantes.• Obtenção de triplóides.• Hibridação somática.• Micropropagação.

    Por que se utiliza a micropropagação nos citros?

    Essa técnica é usada para multiplicar rapidamente plantasmatrizes, que fornecerão folhas para extração de protoplastos a serem

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    utilizados em hibridação somática, uma alternativa para a obtençãode híbridos de citros.

    Qual a principal dificuldade em utilizar a micropropagaçãovia ápices caulinares de plantas de citros, como acontececom outras espécies vegetais?

    Até o momento não se conseguiu estabelecer um sistemaeficiente de regeneração in vitro de plantas cítricas a partir de ápicescaulinares cultivados diretamente em meio de cultura, a exemplo doque já é feito para banana, mandioca, etc.

    Mesmo com essa dificuldade, essa técnica pode ser utilizadaem citros?

    Sim. Essa técnica pode ser empregada nos casos de materialvegetal escasso, ou de material interessante o bastante para justificaro trabalho e os custos envolvidos no processo.

    Que outro método de propagação poderia substituir amicropropagação, em citros?

    Esse outro método é a microenxertia. Essa técnica é umamodificação do cultivo de ápices caulinares, que surgiu exatamentepela dificuldade em estabelecer e obter in vitro plantas cítricas pormeio da cultura de ápices caulinares no meio nutritivo.

    Por que utilizar a microenxertia em citros?

    Essa técnica pode ser utilizada para:• Obtenção de plantas livres de vírus e similares.• Importação de plantas obedecendo os procedimentos de

    quarentena.

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    • Separação de microrganismos presentes ao mesmo temponas plantas.

    • Estudos de incompatibilidade de porta-enxertos.• Aspectos fisiológicos e histológicos do porta-enxerto.

    Quais as vantagens de utilização da microenxertia em citros?

    As vantagens da microenxertia sobre outros métodos são: evitaro aparecimento de características juvenis e a limpeza de um númeromuito grande de doenças causadas por microrganismos sistêmicos,transmissíveis pelo material vegetativo usado na multiplicação dasplantas cítricas.

    Em que consiste o método de microenxertia?

    A técnica consiste, basicamente, em colocar um pequeno ápicecaulinar da planta cítrica, medindo de 0,1 a 0,2 cm, contendo omeristema, e de um a três primórdios foliares, em uma incisão emT invertido feita num caule estiolado de microporta-enxerto cultivadoem tubo de ensaio, em meio de cultura adequada e na ausência deluz.

    Qual o procedimento correto de coleta e preparo desementes?

    As sementes devem ser obtidas de árvores vigorosas e de frutossadios, lavadas com água destilada e tratadas com água quente a50oC, por 10 minutos. Em seguida, são postas a secar à sombra, trata-das com o fungicida Captan, e armazenandas a 4oC ou 5oC, em sacode plástico e em geladeira, retirando-se periodicamente a quantidadenecessária para o trabalho.

    Nessa ocasião, deve-se retirar as duas camadas externas dassementes (testa e tegmen), envolvê-las em pedaços de gaze, em gruposde 10, submergi-las em solução de hipoclorito de sódio a 0,5%

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    contendo 0,1% de “Tween-20” e lavá-las por três vezes em águadestilada esterilizada.

    Qual a forma correta de preparo do porta-enxerto?

    Para a preparação dos porta-enxertos, as sementes são colo-cadas individualmente, depois de preparadas, em tubos de ensaiomedindo 25 x 150 mm com 25 mL da solução dos sais minerais domeio de cultura de Murashige & Skoog, solidificada com 1% de ágar(Tabela 3), e mantidas em local escuro a temperaturas entre 25oC e27oC.

    Os porta-enxertos, cultivados no escuro, sofrem estiolamento,o que propicia maior facilidade na execução dos trabalhos e maiortaxa de pegamento do microenxerto. Depois de 20 a 25 dias, osmicro porta-enxertos estarão com o epicótilo medindo de 3 a 5 cmde comprimento e de 1,5 a 2,0 mm de diâmetro, prontos para a micro-enxertia.

    Como deve ser feito o preparo do ápice caulinar?

    Para o preparo do ápice caulinar são usados brotos com 3 cmde comprimento como fonte de meristemas. Deve-se retirar a parteterminal dos brotos, eliminar as folhas maiores, visíveis (Macroscopica-mente), desinfestá-los por imersão, durante 5 minutos, em soluçãode hipoclorito de sódio a 0,25% e lavá-los três vezes com águadestilada esterilizada e retirar o ápice com 0,1 mm a 0,2 mm, depen-dendo da espécie/cultivar em estudo e do microrganismo a sereliminado dos tecidos.

    Quais os meios de cultura utilizados na microenxertia?

    Na microenxertia são utilizados dois tipos de meios de cultura:• Meio de germinação (sólido): para preparar esse meio, utiliza-

    se a solução de sais minerais MS (Tabela 3 ), solidificada com

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    1% de ágar, ajustando o pH para 5,7 mediante adição dehidróxido de sódio 1N. Em seguida, deve-se distribuir o meioem alíquotas de 25 mL nos tubos de ensaio, tampá-los eautoclavá-los a 110oC, durante 15 a 20 minutos.

    Meio de crescimento (líquido): para preparar esse meio, usa-sea mesma solução da Tabela 3 , acrescida de 3% de sacarose, 0,2 mgde tiamina, 100 mg de inositol, 1 mg de piridoxina e 1 mg de ácidonicotínico. Ajusta-se o pH conforme descrito anteriormente, distribui-se o meio em alíquotas de 25 mL nos tubos contendo uma plataformade papel filtro, devendo-se tampá-los e autoclavá-los a 110oC, durante15 a 20 minutos.

    Que fatores influenciam o pegamento das plantasmicroenxertadas?

    O principal fator é o tamanho do meristema. Um meristemapequeno tem menor poder de pegamento, porém maior possibilidadede eliminação da doença.

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    Tabela 3. Composição da solução de sais minerais domeio de cultura MS.

    Componentes Concentração (mg/L)

    NH4NO

    31.650,0

    KNO3

    1.900,0CaCl

    2.2H

    2O 440,0

    MgSO4.7H

    2O 370,0

    KH2PO

    4170,0

    MnSO4.4H

    2O 22,3

    ZnSO4.7H

    2O 8,6

    H3BO

    36,2

    KI 0,83Na

    2MoO

    4.2H

    2O 0,25

    CuSO4.5H

    2O 0,025

    CoCl2.2H

    2O 0,025

    FeSO4.7H

    2O 27,8

    Na2EDTA. 2H

    2O 37,3

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    Outro fator importante é que, de acordo com o microrganismoa ser retirado dos tecidos, o tamanho do ápice caulinar pode variar.Com os tamanhos de 0,2 mm a 0,6 mm, pode-se obter uma variaçãono pegamento de 83% a 100%, para exocorte e de 45% a 100%,para sorose.

    Que variedades de porta-enxerto têm dado melhores resulta-dos no pegamento da microenxertia?

    O porta-enxerto mais utilizado é o citrange ‘Troyer’ [Poncirustrifoliata (L.) Raf. x Citrus sinensis (L.) Osb.], principalmente pela facili-dade de reconhecimento da copa no momento da brotação domicroenxerto, por apresentar folhas com três folíolos. Entretanto,melhores resultados foram conseguidos com limão ‘Rugoso’(C. jambhiri Lush.) e cidra ‘Etrog’ (C. medica L.).

    Outros porta-enxertos que também podem ser utilizados são:• Pomelos (C. paradisi Macf.).• Laranja ‘Azeda’ (C. aurantium L.).• Tangerina ‘Cleópatra’ (C. reshini Hort. ex. Tan.) e C. macro-

    phyla West.).

    Que doenças dos citros podem ser controladas com micro-enxertia e qual a taxa de variação na obtenção de plantassadias?

    Na Tabela 4, aseguir, estão relacio-nadas as doenças quepodem ser controladaspelo uso do método eas porcentagens deobtenção de plantassadias.

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    Além de citros, a microenxertia pode ser usada em outrasespécies frutíferas arbóreas?

    Sim. A técnica de microenxertia, inicialmente criada para citros,em 1972, tem sido usada com sucesso para estudos diversos nasseguintes espécies:

    • Pêra (Prunus persica Batschi).• Abricó (P. armeniaea L.).• Ameixa japonesa (P. salicina Lind.).• Ameixa pollizo (P. insititia L.).• Amêndoa (P. amigdalus Batsch).• Maçã (Malus pumila Mill. ou Malus domestica Borkh.).• Abacate (Persea americana Mill.).• Uva (Vitis vinifera L.).• Camélia (Camellia japonica L.).• Sequóia (Sequoia dendrongiganteum Buchholz).

    Tabela 4. Porcentagem de plantas livres de vírus esimilares, obtidas por microenxertia.

    Doença % de plantas sadias1

    Xiloporose 100Exocorte 80Tristeza 100Stubborn 100Variegação infecciosa 100Enação das nervuras 100Clorose-das-nervuras 80Sorose 22Gomose-côncava 12Impietratura 12Cristacortis 12

    1 Plantas obtidas com o uso do meristema apical e três primór-dios foliares, medindo de 0,1 mm a 0,2 mm.

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    6 Produção de Mudas

    Almir Pinto da Cunha SobrinhoOrlando Sampaio Passos

    Walter dos Santos Soares Filho

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    Qual é a importância da muda na formação do pomar?

    “A muda é a pedra angular da citricultura”. É parte importanteda sustentabilidade do pomar. Não somente o aspecto estético, masprincipalmente a origem do material básico a ser utilizado naformação da muda tem que ser levado em conta, prioritariamente.Como se trata de um cultivo permanente, a má escolha da mudapode , às vezes, ser reconhecida tardiamente quando a planta estivercomeçando a produzir.

    Qual a importância do porta-enxerto para a formação damuda?

    Antes de se adotar qualquer medida em relação à sementeira,é preciso pensar na escolha do porta-enxerto, que é tão importantequanto a escolha da variedade copa a ser enxertada.

    O porta-enxerto deve ser compatível com a variedade copa,devendo-se também usar mais de um na formação do pomar, princi-palmente se for usada mais de uma variedade copa.

    Quais os porta-enxertos mais indicados para a cultura doscitros, na região dos Tabuleiros Costeiros?

    A fim de contornar osriscos advindos da ‘monoci-tricultura’, ou seja, do usopredominante de uma combi-nação copa/porta-enxerto,como ocorre na maioria dosestados produtores, é aconse-lhável adotar a diversificaçãoutilizando outros porta-enxertosjuntamente com os tradicionais.Como mostra a Tabela 5.

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    Como se faz a retirada das sementes?

    As sementes devem ser colhidas de frutos maduros de plantassadias, vigorosas, produtivas e características da variedade. Para retirá-las, corta-se o fruto ao meio com um corte pouco profundo ecompleta-se a separação das duas metades com torção manual.

    As sementes devem ser lavadas em água limpa e corrente paraa retirada da mucilagem e, a seguir, postas a secar em camadas finas,sobre pano limpo e seco, em local ventilado e à sombra. Pode-seusar bicarbonato de cálcio para facilitar a retirada da mucilagem.

    Como tratar e armazenar as sementes?

    A semeadura é feita logo após a retirada das sementes, quandoa germinação é uniforme e de quase 100%. Se for necessárioconservá-las por mais tempo, as sementes devem ser tratadas comágua quente a 52oC, durante 10 minutos, ou com um fungicida, eguardadas em local seco e fresco, ou na geladeira.

    Tabela 5. Combinações copa/porta-enxertos que podem ser usadas nas áreascitrícolas dos Tabuleiros Costeiros da Bahia e Sergipe.

    Cultivares copa Cultivares porta-enxerto

    Laranjeira Baianinha Limoeiros Rugoso da FlóridaRugoso da Flórida FM e Cravo

    Laranjeira Bahia Limoeiros Cravo, Rugoso Nacional, Estes, Mazoee Flórida Citrange Carrizo e Tangelo Orlando

    Laranja Pêra Tangerineira Cleópatra, Limoeiro Cravo, TangerinasSunki, Swatow e Oneco

    Laranja Natal Limoeiros Rugoso da Flórida FM, Rugoso da Flóridae Cravo

    Laranja Lima Limoeiro CravoLima da Pérsia Limoeiro CravoLima ácida Tahiti Limoeiro Cravo e Colkamenriano, Citrumelo

    Swingle e Tangerina Cleópatra

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    Qual é o local ideal para a sementeira?

    Se o produtor decidir produzir mudas em sementeira a “céuaberto”, o solo do local deve ser areno-argiloso, bem drenado, distantede pomares e próximo a fonte de água limpa, para as regas. Não sedeve utilizar solo onde houve cultivo de citros ou de hortaliças, nosúltimos anos, nem solo próximo de estrada movimentada.

    Como o canteiro deve ser preparado?

    O solo deve ser cavado e destorroado, retirando-se pedaçosde raízes e pedras, e coberto com plástico incolor por 40 dias, a fimde eliminar os patógenos. Os canteiros podem ter de 1,0 m a 1,25 mde largura, comprimento de até 20 m, altura de 10 a 15 cm, e separa-dos por caminhos de 60 cm, que servirão também de drenos. Reco-menda-se telar a área dos canteiros, a fim de estimular o crescimentodas mudinhas, protegendo-as contra a irradiação solar.

    Qual a forma mais correta de fazer a semeadura?

    De modo geral, utiliza-se, de três a quatro vezes, mais sementesque o número de mudas que se quer fazer. A semeadura pode serfeita nos meses de fevereiro e março, a lanço, ou em sulcos paralelos,de 2 a 3 cm de profundidade, espaçados de 10, 15 ou 20 cm um dooutro, longitudinais ou transversais ao canteiro.

    Na semeadura a lanço, usa-se um litro de sementes para cada10 m2 de canteiro, ao passo que na semeadura em sulcos paralelos,usam-se 100 sementes por metro linear.

    Após a semeadura, cobrem-se as sementes com uma camadade 2 a 3 cm de terra fina ou peneirada. Depois dessa operação, oscanteiros devem ser cobertos com palha, gramíneas sem sementes,pó-de-serra ou maravalhas.

    A cobertura deve ser retirada à medida que as plantinhas foremaparecendo.

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    Quantas sementes existem num quilo?

    A quantidade variamuito de porta-enxertopara porta-enxerto. NaTabela 6 são apresentadosos valores correspondentesao número de sementesexistentes num fruto, numquilo e num litro de se-mentes dos principaisporta-enxertos utilizadosno Brasil.

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    Tabela 6. Número médio de sementes por fruto, por quilo e por litro de porta-enxertos usados no Brasil.

    Número de sementesPorta-enxertos

    Por fruto Por quilo Por litro

    Limoeiro Cravo 9 a 15 16.000 a 18.000 8.500Lim. Rug. da Flórida 15 a 26 12.000 6.000Laranja Azeda 25 6.500 2.500Laranja Caipira 13 a 14 6.000 a 11.000 2.800 a 3.000Tangerina Cleópatra 9 a 18 9.000 a 12.000 5.800 a 6.000Tangerina Sunki 1 a 6 13.000 a 27.000 8.000Poncirus trifoliata 31 a 40 5.000 a 5.500 3.500Citrumelo Swingle 20 a 27 7.000 3.500Citrange Troyer 15 a 17 5.000 2.500Lim. Volkameriano 10 a 19 12.000 6.000Sunki Maravilha 8 – –

    Qual a maneira correta de fazer as regas e a limpeza, na semen-teira?

    Recomenda-se regar os canteiros diariamente, ou sempre quenecessário, sem encharcá-los. Nas estiagens, regar pela manhã e à

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    tarde, nas horas mais frescas. As ervas daninhas devem ser retiradasmanualmente, sempre que necessário.

    Que procedimentos são recomendados para produzir mudasem estufas teladas?

    A maneira correta é fazer a semeadura em tubetes, ou embandejas de isopor, com substrato fumigado, sobre piso de brita oude cimento, ou sobre estrados elevados de 15, 20 ou 30 cm acimado solo, dentro de estufas teladas com material de plástico.

    Geralmente coloca-se mais de uma semente por recipiente.Em alguns viveiros, as sementes são “descascadas”, isto é, retira-seseu tegumento externo, para melhor germinação dos embriões econseqüente utilização da poliembrionia.

    O substrato deve ter boa porosidade e ser livre dos nematóidesnocivos aos citros (Tylenchulus semipenetrans e Pratylenchus spp.)e de fungos do gênero Phytophthora, causadores da gomose. Quantomelhor for o tratamento do solo, menor é a ocorrência de ervasdaninhas, o que facilita o crescimento das mudinhas.

    Qual é o local ideal para o viveiro?

    O solo ideal para o viveiro deve ser profundo, bem drenado,areno-argiloso, para facilitar o preparo de mudas com torrão, quandofor o caso, ficar próximo a fonte de água para irrigação, devendo-seevitar locais onde tenha havido pomares ou hortas.

    Como deve ser preparado o solo para a instalação do viveiro?

    A primeira coisa é fazer uma aração profunda (30 cm) e umaou duas gradagens, destorroando e nivelando o solo com enxada.Se houver disponibilidade, o uso de subsolador seria mais conve-niente nos solos coesos dos tabuleiros costeiros.

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    Como prática obrigatória, sugere-se fazer a análise de solos deacordo com a orientação dos laboratórios. Se houver necessidadede calagem, aplicar metade do calcário dolomítico antes da araçãoe a outra metade antes da gradagem.

    Se o terreno for inclinado, instalar o viveiro em curvas de nível.Em declives mais acentuados, usar terraço, quando for viável o usodesse artifício.

    Qual a profundidade das covas para o plantio do porta-enxerto?

    As covas devem serabertas em filas simples ouduplas, devendo ter dimen-sões que acomodem comcerta folga as raízes dos “cava-linhos”, permitindo que fiquemcomo estavam nos canteiros.

    Que espaçamento deve ser utilizado no viveiro?

    Os espaçamentos variam com as preferências dos viveiristas.No Estado da Bahia, os espaçamentos utilizados são apresentadosna Tabela 7:

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    Tabela 7. Principais espaçamentos para vivei-ros em filas simples e duplas.

    Filas simples Filas duplasEspaçamento (m) Espaçamento (m)

    0,80 x 0,30 0,80 x 0,30 x 0,300,70 x 0,30 0,80 x 0,30 x 0,200,60 x 0,30 0,70 x 0,40 x 0,200,60 x 0,20 0,70 x 0,30 x 0,20

    0,60 x 0,20 x 0,30

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    Existe alguma recomendação especial para o transplante dos“cavalinhos”?

    Os “cavalinhos” podem ser transplantados quando tiverem aaltura de 10 cm ou mais, o que deve ocorrer nos meses chuvosos dejunho e julho, facilitando seu arrancamento e plantio.

    Se não estiver chovendo, deve-se fazer uma boa rega dos can-teiros na tarde anterior ao arranquio, o qual pode ser feito abrindo-seuma valeta mais funda que a raiz das plantinhas, tombando-as delado, ou arrancando-as individualmente. Em seguida, as plantinhasdevem ser cobertas com terra ou com pano úmido, a fim de protegê-las do sol e do vento.

    Os “cavalinhos” são distribuídos um a um nas covas, deixandoseu colo ao nível do solo, procurando manter as raízes como estavamna sementeira, completando o enchimento da cova e comprimindofirmemente a terra, a fim de evitar bolsas de ar.

    Se a semeadura tiver sido feita em caixas de isopor ou tubetes,faz-se o transplante para sacos de plástico de 20 x 30 cm, em teladoou estufa, quando as plantinhas tiverem entre 60 e 80 dias.

    Quando deve ser feita a enxertia?

    A enxertia deve ser feita quando os porta-enxertos estiveremcom o diâmetro de um lápis, e estejam “dando casca”, isto é, quandoa casca se destaca com facilidade do lenho. Os cavalinhos devemestar bem nutridos e sem verrugose.

    O período da enxertia pode variar de região para região obede-cendo à demanda por mudas, o que ocorre em meses chuvosos.O viveiro deve ser irrigado na véspera da enxertia, à tarde.

    O que se deve fazer para a obtenção de boas borbulhas?

    As borbulhas devem ser originárias de plantas matrizes sadias,vigorosas, de alta produtividade, com frutos característicos da cultivar

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    ou, na falta dessas, de plantas com as mesmas características descritasacima, existentes em pomares também sadios e produtivos.

    As borbulhas podem ser obtidas de ramos roliços ou de ramosangulosos, que garantam o mesmo desenvolvimento e qualidade àmuda. Depois de cortados e desfolhados, os ramos são envolvidosem pano ou papel jornal umedecido e guardados em local fresco ouem caixas com camadas de pó-de-serra ou areia lavada úmidos.

    Se for necessário maior tempo de armazenagem, os ramosdevem ser envolvidos do modo descrito acima e guardados emgeladeira, dentro de sacos de plástico bem fechados.

    O que significa o termo borbulhia?

    A borbulhia consiste na justaposição de uma gema sobre o porta-enxerto. Esse processo é o mais usado no mundo todo para a propa-gação dos citros. Podem ser empregados dois processos semelhantesde borbulhia, as chamadas borbulhias em T normal e em T invertido.

    O segundo processo tem a vantagem de dificultar a entrada deágua e facilitar a execução da operação, que consiste de um cortelongitudinal de 5 cm e outro transversal, na base do primeiro, de3 cm. A borbulha é retirada do ramo em sua posição normal e intro-duzida no corte de baixo para cima.

    A amarração com a fita é feita também de baixo para cima,firmemente. O corte da fita é feito de 15 a 20 dias da enxertia, reconhe-cendo-se as borbulhas pegadas pela cor verde natural e as mortas,pela coloração parda.

    Qual a melhor altura para fazer a enxertia?

    A enxertia pode ser feita a 10, 20 ou 30 cm de altura do coloda planta. Recomenda-se, porém, fazer a enxertia a uma altura de30 a 50 cm, quando as variedades são mais suscetíveis à gomose-de-Phytophthora, como a lima ácida Tahiti e os limões verdadeiros(Siciliano, Eureka e outros), ou utilizar um porta-enxerto resistente.

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    Que métodos são mais usados para o forçamento da brota-ção?

    O viveirista pode usar três métodos:• Corte total ou decotamento: o porta-enxerto é cortado de 5

    a 8 cm acima do enxerto, servindo o toco como primeirotutor da brotação. Esse corte, processo mais usado nos viveirosbrasileiros, é feito em torno de 5 dias após a retirada da fitade plástico.

    • Curvamento do “cavalo”, sem corte: a haste é curvada demodo que a borbulha fique no topo da curvatura, amarrando-se o porta-enxerto ao da frente ou a seu próprio colo. Pornão usar nenhum processo traumático, o curvamento docavalo, sem corte, pode antecipar a formação da muda ematé dois meses.

    • Curvamento com corte: faz-se um corte a 5 cm acima doenxerto e do mesmo lado, tombando a seguir a haste para olado oposto.

    Quando atingir cerca de 5 cm, amarra-se o broto ao toco, ou“cabide”, acima do enxerto. O tutoramento é feito quando o brotoatingir cerca de 20 cm. O tutor deve ter 90 cm de comprimento e serenterrado até ficar com 50 a 60 cm de altura, para demarcar a alturade desponte das cultivares de laranja, limão e pomelo, e com 40 a50 cm, para demarcar o desponte das tangerinas.

    Qual o momento adequado para fazer as pernadas da copa?

    Quando a haste estiver madura e ultrapassando a extremidadedo tutor, faz-se o corte, com tesoura de poda, um pouco acima daterceira ou quarta gema. Várias brotações sucedem-se ao corte dahaste, devendo-se selecionar três ou quatro de melhor conformaçãoe vigor, situadas em alturas diferentes e opostas, formando uma espiralem torno da haste. Essas pernadas vão formar a futura copa.

    A poda das tangerinas é feita a 40 cm de altura, ao passo que adas laranjeiras, limoeiros e pomeleiros, entre 50 e 60 cm.

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  • 53

    O que significa “muda vareta”?

    Visando diminuir o tempo de formação da muda, faz-se apenasum desponte e a muda vai para o campo sem a copa, que é formadalá (“muda vareta”). Há também quem não faça a copa, deixandoque a muda brote livremente no campo, ficando todas as brotaçõesque ocorrerem acima do porta-enxerto.

    As mudas sem copa (varetas) economizam tempo e têm menorcusto de produção. Além disso, facilitam o arranquio, a embalagem,o transporte e o plantio. Antes do arrancamento, deve-se fazer umaseleção com base no vigor, tamanho da muda e diâmetro do tronco,descartando aquelas com a copa (pernadas) mal formada ou raquítica.

    Como se produz uma muda de raiz nua?

    Para produziresse tipo de muda,cortam-se os ramos(pernadas), deixan-do-os com 15 cm decomprimento, usan-do uma medida parauniformização. Asmudas de raiz nua,mais comuns no Nor-deste, são arrancadasfazendo-se uma valeta de 40 cm de profundidade a uns 20 ou 25 cmdelas.

    Depois de liberar as raízes, deixando-as com o máximo decomprimento permitido pelas covas de plantio (a pivotante, ou pião,deve ficar com 25 cm de comprimento, no mínimo), retira-se a mudacom cuidado, removendo a terra aderida ao sistema radicular.

    Depois de podadas, as mudas são levadas para local sombreadoe protegido do vento, onde suas raízes são lavadas, barreadas combarro mole e envolvidas em sacos umedecidos de estopa ou aniagem.

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  • 54

    O que significa “mudas de torrão”?

    São mudas que, depois de arrancadas do viveiro, são plantadasem sacos de plástico, onde completam seu desenvolvimento. As mudasassim formadas podem ser levadas a longas distâncias.

    Alguns viveiristas começam a formar as mudas nos sacos deplástico desde a sementeira.

    O que são borbulheiras?

    As borbulheiras são uma espécie de viveiro, nas quais são multi-plicadas as gemas das plantas básicas ou matrizes. Esses blocos sãomantidos por cerca de 36 meses, limitando-se também o número deborbulhas retiradas, a fim de diminuir os riscos de multiplicação demutações.

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    7 Implantação do Pomar

    Orlando Sampaio PassosAlmir Pinto da Cunha SobrinhoWalter dos Santos Soares Filho

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    Que fatores devem ser considerados no planejamento deum pomar?

    O mercado é o fator prioritário em qualquer tipo de empreendi-mento comercial. O destino da produção – mercado local, regionalou externo – e o modo de apresentação comercial do produto – frutafresca ou processada – são questões básicas.

    O conhecimento do mercado e suas formas de exploração nãodevem ser encarados como uma ação teórica, mas como uma opera-ção que antecede a própria seleção do local e a implantação do pomar.

    Devem ser igualmente levados em consideração o clima, o tipode solo onde será implantado o pomar, a topografia da área e a texturado solo, entre outros.

    Quando devem serfeitas a roçagem e adestoca?

    Essas operações devemser feitas nos meses menoschuvosos. Podem ser realiza-das, de maneira manual oumecanicamente, estimando-se em 27 H/d (homens/dia),ou 12 h/tr (horas/trator), porhectare.

    O que deve ser observado para o sucesso da aração do pomar?

    Depois da retirada dos restos de vegetação e detritos, faz-se aaração de acordo com a umidade do solo, mas restrita à faixa de plantio,a fim de diminuir a movimentação do solo.

    Para que a aração seja bem sucedida, é necessário que hajaumidade adequada (faixa de friabilidade) no solo, que ocorre apósas chuvas de trovoada ou, em março, no início da estação chuvosa.

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  • 57

    Estima-se em 4 h/tr o tempo para a aração de um hectare.Em áreas onde já foram detectadas zonas de impedimento (soloscompactados), recomenda-se usar o subsolador ao invés de arado.

    A gradagem é recomendada no preparo do solo para plantio?

    Após a distribuição uniforme de calcário, faz-se a gradagemna faixa de plantio, que pode ser feita em 2 h/tr, por hectare.

    Na ocorrência de solos compactados, o uso de grade deverestringir-se ao preparo da área, não sendo recomendado no pomaradulto, a não ser para incorporar sementes de leguminosas semeadasa lanço.

    Que espaçamento e alinhamento devem ser adotados?

    O espaçamento visa estabelecer a área de exploração para cadaárvore e permitir que tratos culturais e colheita mecanizados sejamrealizados eficientemente. A tendência em maximizar os rendimentos,na agricultura, elegeu o aumento da densidade das plantas e aredução do espaçamento como alternativa mais exeqüível paraalcançar esse objetivo.

    Em citricultura, pesquisas vêm evidenciando a possibilidadede aumentar a produtividade do pomar usando espaçamentos redu-zidos. A Tabela 8 apresenta espaçamentos variáveis recomendadospara as seguintes cultivares, de acordo com seu porte:

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    Tabela 8. Espaçamentos recomendados para as principais variedades de citros.

    Variedade Porte Espaçamento (m)

    Laranja Bahia ou Baianinha Alto 7,0 x 4,0Laranja Valência Alto 7,0 x 4,0Tangerina Ponkan Alto 7,0 x 4,0Lima Tahiti Alto 7,0 x 4,0Laranja Pêra Médio 6,0 x 4,0Laranja Lima Médio 6,0 x 4,0Tangor Murcott Médio 6,0 x 4,0Lima da Pérsia Médio 6,0 x 4,0

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    Como é feito o alinhamento antes do plantio da muda?

    Independentemente da topografia da área, deve-se adotar oalinhamento retangular, feito com aparelho topográfico, ou de manei-ra simples, no caso de pomar pequeno, com arame e piquete e “bomolho” do guia, estimando-se o tempo dessa operação em 5 H/d, porhectare.

    Em áreas inclinadas, recomendam-se medidas conservacio-nistas de acordo com o grau de declividade: até 5%, fazer o nivela-mento traçando curvas de nível com esquadro trapezoidal (“pé-de-galinha”) e nível de pedreiro, na parte superior.

    Em declividade maior, sugere-se a construção de terraços oubanquetas.

    Como organizar a circulação de veículos dentro do pomar?

    Dependendo do tamanho do pomar, é recomendável a aberturade uma estrada principal e de transversais, com largura de 12 m e10 m, respectivamente, de acordo com a topografia da área. Emterreno em declive, as estradas devem acompanhar as curvas de nível.

    Para a conservação dessas vias, recomenda-se a construçãode valetas laterais e áreas de contenção distanciadas umas das outras,de acordo com as conveniências locais.

    O plantio por espécies e cultivares deve ser feito em quadrasou talhões contornados por carreadores, em espaçamentos adequa-dos. As quadras devem ser identificadas com numeração a partir de100 e todas as plantas das extremidades devem ser marcadas complacas de madeira ou alumínio. Assim, a planta 302/4 deve estarlocalizada na quadra 300, 2a linha, 4a fila.

    Que vantagens tem o produtor na organização do pomarem quadras?

    Esse sistema permite o monitoramento individualizado dasplantas como componentes de um sistema de produção. Os tratos

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  • 59

    culturais e outras operações, inclusive a colheita, podem ser contro-lados por meio de fichas específicas conforme o serviço prestado.

    Além disso, o acompanhamento financeiro torna-se mais fácil,permitindo, inclusive, a comparação dos custos de produção e oretorno por quadra.

    Como preparar as covas para o plantio?

    As covas devem terdimensões de 0,40 x 0,40x 0,40 m, ou outras, de-pendendo do tamanho dopomar e a estrutura do solo.O custo de coveamento éestimado em 9 H/d, porhectare.

    No preparo da cova,deve-se separar a terra mais escura da superfície daquela situadaabaixo, à qual serão incorporados a matéria orgânica, os fertilizantese o corretivo.

    Em pomar de grandes proporções, recomenda-se fazer os sulcoscom sulcador utilizado no cultivo da cana-de-açúcar, cujo rendi-mento é bastante superior. Para manter o alinhamento, é necessárioque o trator seja orientado por um guia. Em áreas com declividade,recomenda-se usar dois guias. Sempre que possível, recomenda-seorientar o alinhamento no sentido norte-sul.

    Como fazer o plantio?

    O plantio tem que ser feito, se possível, em dia chuvoso, noperíodo das águas. Com a régua de plantar centraliza-se a muda nacova, enchendo-a com a terra da superfície misturada com adubo.Completa-se a cova com a terra restante e comprime-se com os pés,deixando o colo da muda a 5 cm abaixo do nível do solo.

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  • 60

    Independentementedas chuvas durante o plan-tio, deve-se regar com 20 Lde água na bacia, ou coroafeita em torno da muda.Para garantir o pegamentodas mudas, é necessáriocobrir a bacia com materialseco ou capim. Em qual-quer modalidade de prepa-ro das covas, os cuidados

    antes e depois do plantio devem ser os mesmos.O tempo de plantio, por hectare, pode ser estimado em 4 H/d.

    Que tratos culturais devem ser dispensados após o plantio?

    A primeira medida, antes do plantio, é o combate às formigascortadeiras.

    Depois de implantado, o pomar deve ser mantido livre de ervasdaninhas, por meio de capinas ou com o uso de herbicida. Alémdisso, o produtor deve implantar um plano de correções e adubaçõesperiódicas de acordo com as recomendações da análise de solos.

    Na região dos Tabuleiros Costeiros, onde ocorrem solos com-pactados, recomenda-se a prática da subsolagem antes do plantioassociada ao plantio de leguminosas, notadamente o feijão de porco,Canavalia ensiformes.

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    8Manejo e Conservaçãodo Solo

    Laércio Duarte SouzaLuciano da Silva Souza

    José Eduardo Borges de Carvalho

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    Que características e propriedades do solo são consideradasideais para o plantio comercial de citros?

    Essas características são:• Textura média.• Profundidade efetiva de no mínimo 1 m.• Topografia plana a suave ondulada.• Ausência de impedimentos à drenagem.

    Quais os principais aspectos do solo a serem consideradosna escolha da área para instalação do pomar?

    Algumas propriedades e características do solo podem ser corri-gidas e adaptadas a determinada situação mais facilmente e a menorcusto do que outras. A acidez e o nível de nutrientes no solo, problemasfreqüentes nos pomares de citros, demandam menos tempo e recursospara sua correção do que os relacionados à declividade da área, àposição na encosta, à profundidade efetiva do solo e à ocorrênciade impedimentos para a drenagem.

    Por essas razões, os aspectos que podem ser fatores de impedi-mento à instalação do pomar merecem maior atenção no momentoda escolha da área para sua implantação.

    É recomendável o plantio de citros em áreas declivosas?

    Áreas com solos argilosos e declive maior que 18% ou comsolos arenosos e declive maior que 15% não são adequadas para ainstalação de pomares cítricos, pois a partir dessas declividades oscustos das práticas conservacionistas são elevados e pouco satisfa-tórios para o controle da erosão.

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  • 63

    Como verificar se a profundidade do solo é adequada parao cultivo dos citros?

    A profundidade efeti-va mínima do solo deveser de 1,00 a 1,20 m. Deve-se observar se há aflora-mento de rochas ou ocor-rência de lajes a poucaprofundidade, cavandopequenas trincheiras ouabrindo buracos de 1,20 m, com um trado, em alguns locais da área.

    Outra providência é verificar as variações do lençol freático noperfil do solo, examinando os poços e cisternas da região, e se existemáreas encharcadas ou formação de poças em algum lugar da área.

    As camadas compactadas nos solos dos Tabuleiros Costeirossão um impedimento à instalação do pomar de citros?

    Nos solos dos Tabuleiros Costeiros do Nordeste do Brasil, ascamadas compactadas subsuperficiais devem ser consideradas comoum fator que dificulta a eficiência do sistema de produção e, como tal,deve ser superado.

    É necessário determinar a profundidade e a espessura dessascamadas a fim de escolher, entre as técnicas disponíveis, a maisadequada para resolver o problema. Práticas como subsolagem, covaspara plantio mais profundas que as camadas compactadas e cober-turas vegetais com leguminosas e/ou gramíneas podem contribuirpara superar tais limitações.

    O que deve ser feito em áreas sujeitas a encharcamentos?

    Essas áreas devem ser evitadas, pois as raízes das plantas cítricasnão suportam solo saturado, mesmo por período de poucos dias,

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  • 64

    porque ocorrem problemas de respiração e também apodrecimento.Caso não existam áreas alternativas, ou se o pomar já estiver instalado,deve ser avaliado o custo da implantação de um sistema de drenagemna área que, normalmente, é bastante oneroso.

    As raízes dos citros são sensíveis à compactação do solo?

    A compactação aumenta a resistência à penetração de raízesno solo. As plantas cítricas são sensíveis, como todas as demais, apesarda grande variabilidade de porta-enxertos. A poda da raiz pivotanteque é, de fato, a raiz dominante, com maior poder de penetração edirecionamento das demais, acentua muito a sensibilidade da plantaàs camadas endurecidas.

    Que fatores podem prejudicar o crescimento das raízes ouinduzir um desenvolvimento anormal?

    Os fatores que podem prejudicar o crescimento das raízes são:• A profundidade efetiva do solo, que é função da presença

    de horizontes/camadas compactadas na superfície, ou aden-sadas na subsuperfície do perfil do solo, é o fator determinante.

    • A existência de camadas de pedras ou de cascalho próximoà superfície.

    • A profundidade do lençol freático e seu nível de oscilação(intensidade de oscilação), durante o ano.

    Qual a diferença entre camada compactada e adensada?

    Camadas compactadas são as que ocorrem na superfície oupróximo a ela. As principais causa da compactação são:

    • Pressões exercidas sobre o solo por pneus de máquinas.• Pisoteio de animais.• Impacto de gotas de chuva, etc.

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    Camadas adensadas são as que ocorrem em zonas subsuper-ficiais. Têm como causa alguns processos de formação do solo queprovocam a migração de partículas menores da superfície para ascamadas mais profundas e que entopem os poros.

    Quais as vantagens do preparo adequado do solo?

    O objetivo do preparo do solo é manter a fertilidade e a produ-tividade ao longo do tempo, mantendo os nutrientes, a matériaorgânica, a infiltração e o armazenamento de água em níveis adequa-dos às necessidades da cultura. Quando esse objetivo é alcançado,as vantagens são o aumento da produtividade e do tempo de vidaútil do pomar.

    Quais os cuidados recomendados no preparo do solo?

    Os cuidados no preparo do solo consistem em trabalhar o solocom umidade adequada, pois quando excessivamente seco, o manejoprovoca a quebra dos agregados, pulverizando o solo, e quandomuito úmido, provoca compactação. Uma regra básica para evitarextremos é nunca utilizar implementos mecânicos no solo quandoestiverem provocando poeira, ou quando o solo estiver grudandonas hastes e discos.

    O preparo do solo deve ser realizado com o mínimo de opera-ções possíveis. Não se deve realizar operações cruzadas com arado,grade ou qualquer outro implemento, pois quando realizada com aumidade e com o implemento adequados, uma operação resolve.

    Como deve ser feito o preparo da área para o plantio decitros?

    Algumas recomendações básicas para o preparo do solo e amanutenção de suas propriedades físicas, químicas e biológicas, emum pomar de citros, são:

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  • 66

    • Áreas com declividades maior que 3% exigem a localizaçãode curvas de nível, que devem ser seguidas pelas práticasmecânicas.

    • Realizar análise química do solo nas profundidades de 0 a0,20 m e de 0,20 a 0,40 m.

    • Passar roçadeira na área de aplicação do calcáriorecomendado para a profundidade de 0,20 a 0,40 m, antesdo início do período de chuvas.

    • Fazer uma aração profunda, de preferência com arado deaiveca, logo nas primeiras chuvas.

    • Aguardar de 10 a 15 dias, e aplicar a dose de calcário reco-mendada para a profundidade de 0 a 0,20 m , e incorporarcom grade.

    • Aguardar no mínimo 30 dias e aplicar, na superfície, a dosede fósforo recomendada para a profundidade de 0 a 0,40 m,utilizando fosfatos naturais.

    • No caso da existência de adensamento ou compactação,realizar a subsolagem ou escarificação na área, atentandopara a umidade no solo, que deve estar mais para seco doque para úmido em toda a profundidade de atuação das hastes.Evitar, ao máximo, a entrada de máquinas e implementos naárea, após essa operação.

    • A subsolagem deve ser a última operação mecanizada a serrealizada no preparo do solo. A distância do rodado para ahaste subsoladora deve ser de, no mínimo, 0,30 m, tanto nomomento da subsolagem quanto em práticas posteriores, paranão haver riscos de nova compactação.

    • Localizar e cavar as covas para plantio dos citros, que podemestar ou não sobre as linhas de subsolagem, dependendo dadistância entre as hastes do subsolador e do espaçamentoentre plantas.

    • Fazer adubação de nitrogênio e potássio nas covas de plantio.• Aguardar entre 15 e 20 dias para iniciar o plantio das mudas.

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    Como transportar mudas e adubo para fazer o plantio?

    O transporte do adubo e das mudas ao local de plantio deveser feito, se possível, sem a entrada de máquinas na área. Se isso nãofor possível, as mudas podem ser transportadas em carrinho de mãoou em pequenas carroças, e depositadas nas ruas de plantio.

    Pode-se, também, transportá-las em trator equipado com carreta,mas, nesse caso, é aconselhável utilizar uma rua central para cadaoito linhas de plantio, distribuídas quatro à esquerda e quatro à direita.Sugere-se, inclusive, marcar essas entrelinhas para o tráfego de máqui-nas, durante a colheita.

    Qual a época e a recomendação para o plantio de legumi-nosas e/ou gramíneas?

    As leguminosas devem ser semeadas em abril-maio, nas entre-linhas de plantio, mantendo a distância de aproximadamente 1,50 mdas plantas cítricas. Quando as leguminosas estiverem com aproxima-damente 50% de floração, devem ser roçadas na altura de 0,25 m,deixando os resíduos na superfície.

    Sugere-se não roçar a entrelinha usada para a distribuição dasmudas, a fim de garantir a produção de sementes de leguminosaspara o plantio seguinte.

    No período das chuvas, entre maio-junho e agosto-setembro,não é necessário realizar roçadas nas entrelinhas (apenas uma nafloração), nem controle de plantas daninhas nas linhas da cultura.Nesse período, o mato não causa prejuízo à produção, são plantascompanheiras no enfoque de sustentabilidade do sistema. O iníciodo controle nas linhas e entrelinhas deve ter início no final do períododas chuvas (outubro-novembro), prosseguindo até março-abril doano seguinte.

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    Qual a forma correta de fazer o preparo do solo não mecani-zado?

    Como o preparo não mecanizado do solo torna impossível acorreção da acidez do solo em profundidade e outras práticas quemovimentam o solo em toda sua extensão, a cova para plantio deveser maior e mais profunda (0,40 x 0,40 x 0,60 m) do que a normal-mente utilizada no plantio mecanizado.

    Como forma de compensação, a cova deve ser corrigida comcalagem e nutrientes para suprir a planta de elementos que não estarãodisponíveis à medida que as raízes se afastem da planta. Comonormalmente esses plantios são realizados em pequenas propriedadescom número reduzido de plantas, essa prática, onerosa em grandesplantios, não é fator de entrave para pequenos produtores.

    O que deve ser feito em áreas já cultivadas e com camadascompactadas?

    Em áreas já cultivadas com camadas compactadas, é preciso:• Romper as camadas compactadas, ou adensadas, determi-

    nando, antes, a profundidade no perfil do solo onde se localizao problema.

    • Deve-se elevar o nível de saturação por bases do solo para,no mínimo, 60% a 70%, até essa profundidade.

    • Aplicar metade do calcário e incorporar com aração profun-da, aguardando de 15 a 20 dias para aplicar a outra metadee incorporar com grade.

    • Aguardar 30 dias e plantar leguminosas com sistema radicularpivotante e abundante, adaptadas à região. Roçar quandohouver 50% de floração.

    • Repetir o plantio a cada período de chuvas, controlando comroçadeira e deixando o material na superfície do solo.

    • Manter, sem roçar, parte da área plantada com leguminosapara a produção de sementes para o plantio do ano seguinte.

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    • A descompactação da área deve ser feita com subsolador,ou escarificador, depois da roçagem das leguminosas, quandoo solo estiver mais seco do que úmido em toda a profundi-dade de atuação das hastes.

    • Depois da descompactação, deve-se evitar, ao máximo, otráfego de máquinas e implemento, na área.

    Qual a profundidade correta de aração para plantio decitros?

    A decisão quanto à profundidade de aração do solo deve levarem consideração muito mais a utilização anterior do solo do que afutura. Culturas que deixam grande quantidade de material lenhosoou massa verde, ou a ocorrência de vegetação nativa vigorosa naárea, exigem aração profunda com arado de disco. Se ocorreremcamadas coesas ou compactadas, devem ser rompidas em profundi-dade.

    A aração profunda deve ser evitada em subsolos excessiva-mente duros ou que aderem aos implementos. Deve-se averiguar apossibilidade de uso de roçadeiras, seguido de escarificadores aoinvés do arado de aiveca, como excelente alternativa para muitassituações.

    Quais as recomendações para o uso de máquinas e imple-mentos nos plantios?

    Deve-se determinar uma área para tráfego dentro da plantação,que será usada para locomoção. As máquinas só devem entrar naárea de plantio quando houver necessidade de práticas agrícolas,não podendo os operadores improvisar atalhos e desvios na áreaplantada.

    A umidade do solo é ponto fundamental para a entrada dasmáquinas em operação. Os melhores indicadores de umidadeadequada do solo são:

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  • 70

    • Ausência de poeira na passagem de um implemento.• As rodas de tração não patinam.• O solo não gruda nos implementos.Nos plantios em áreas declivosas, as operações devem ser

    executadas sempre acompanhando as curvas de nível do terreno.

    Por que é preciso reduzir o uso de máquinas em áreas decli-vosas?

    O uso de máquinas deve ser reduzido em qualquer tipo deárea, para evitar o desperdício de combustível e o risco de compac-tação. Em áreas declivosas, geralmente mais frágeis, deve-se reduzirao máximo o uso de máquinas, a fim de diminuir a movimentaçãodo solo e evitar a aceleração do processo de erosão.

    Que cuidados devem ser adotados para evitar a erosão e odesgaste das terras cultivadas com citros?

    O solo deve ser mantido coberto de vegetação o maior tempopossível. Deve-se evitar o uso freqüente da grade, substituindo-a,sempre que possível, por roçadeira. Essa prática reduz a exposiçãodo solo aos agentes que aceleram a oxidação da matéria orgânica,diminui a intensidade de seu revolvimento e o mantém coberto. Essaprática tem que ser adaptada a cada local de acordo com o solo e oclima.

    Deve-se utilizar curvas de nível, cordões de contorno e outraspráticas conservacionistas, quando o declive for maior que 3-5%.

    Todas as práticas mecânicas devem ser realizadas em nível.

    Quais as vantagens do uso de cobertura morta?

    As vantagens são as seguintes:• Proteger o solo do impacto das gotas de chuva, da radiação

    solar e do vento.

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  • 71

    • Diminuir a desa-gregação das partí-culas, a compac-tação na superfíciedo solo, os riscosde erosão e as per-das por evapora-ção.

    • Aumentar a infiltra-ção da água nosolo.

    Quais as limitações no uso da cobertura morta?

    Geralmente, os resíduos vegetais gerados no manejo do pomar,como restos culturais das leguminosas e gramíneas, não são sufici-entes para proteger adequadamente o solo nos períodos de menorpluviosidade, que são, também, os de radiação e temperatura maisaltas.

    Nessa situação, são utilizados materiais como estercos, compos-tos orgânicos, resíduos de outras culturas ou de indústrias, produzidosfora do pomar e, às vezes, fora da propriedade, o que implica aumentode despesas com transporte e mão-de-obra para sua aplicação.

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  • 9Manejo de PlantasDaninhas

    José Eduardo Borges de Carvalho

  • 74

    Que aspectos devem ser considerados antes de definir umprograma de controle de plantas daninhas, em citros?

    É necessário considerar quais as principais plantas daninhasque ocorrem, no pomar, a fim de definir o herbicida mais apropriadopara seu controle, o efeito benéfico das plantas companheiras eleguminosas, a distribuição superficial do sistema radicular das plan-tas cítricas, bem como o aumento e a manutenção da produtividadedo solo.

    O que é período crítico de interferência de plantas daninhas?

    Período crítico é o período do ano durante o qual é impossívela convivência harmônica entre as plantas daninhas e a cultura.É muito importante para o produtor ter conhecimento desse períodopara o manejo racional da vegetação espontânea, sem prejudicar aprodução, com redução de custos.

    Qual o período crítico de interferência de plantas daninhas,nos ambientes citrícolas da Bahia e Sergipe?

    Para as regiões citrícolas da Bahia e Sergipe, esse período ocorreentre os meses de setembro-outubro e março-abril. Isso quer dizerque os pomares devem permanecer livres da interferência do mato,nesse período, a fim de evitar a competição por água, principal fatorlimitante à produção de citros, nesses ambientes.

    Qual o período crítico para os citros, no Estado de São Paulo?

    Esse período situa-se entre os meses de outubro-novembro ejaneiro-fevereiro. Nesse período, o pomar deve estar livre da interfe-rência de plantas daninhas.

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  • 75

    O conhecimento do período crítico ajuda a reduzir os custosdo controle das plantas daninhas?

    Sim. Porque o controle mecânico ou químico das plantasdaninhas fica concentrado nesse período, dispensando o controledurante o resto do ano, quando é possível a convivência harmônicaentre o mato (plantas companheiras) e a cultura, sem reduçõessignificativas da produtividade.

    O que são plantas companheiras?

    São plantas invaso-ras ou cultivadas quepermitem ao citricultorpraticar uma atividadesustentável de proteçãodo solo contra erosões,compactações e aqueci-mento. Essas plantas tam-bém servem de matériaorgânica, mantendo o solovivo, de quebra-vento na-tural e de mantenedorados inimigos naturais.

    Quais os benefícios do manejo racional da vegetaçãoespontânea?

    Esses benefícios são constituídos pela melhoria da estrutura dossolos, pela prevenção da compactação, redução de custos, manejointegrado de pragas (MIP), ciclagem de nutrientes e redução dadependência dos adubos químicos.

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    É importante manter plantas daninhas produtoras de flores,no pomar, fora do período crítico de interferência?

    Sim. O manejo integrado das pragas é reforçado pelas plantasprodutoras de flores, de néctar e mel, que atraem, multiplicam emantêm os inimigos naturais das pragas-chave.

    O que são plantas daninhas interferentes?

    Considera-se planta interferente a planta daninha que exerceação supressora sobre a planta cítrica, em qualquer condição.

    A vegetação espontânea e as leguminosas promovem a cicla-gem de nutrientes e a fertilidade do solo?

    Sim. Essas plantas promovem a ciclagem de nutrientes, funda-mental para manter e acrescentar nutrientes às camadas superficiaisdo solo, principalmente aqueles de fácil mobilidade, como cálcio,magnésio, potássio, em solos muito permeáveis.

    Quais os efeitos danosos do uso de grade nos pomarescítricos?

    O maior dano é o corte das radicelas das planta cítricas, forçan-do a planta a gastar energia para recompor o sistema radicular emdetrimento do desenvolvimento de sua copa. A poeira levantada pelagradagem para controle de plantas daninhas é depositada nas folhasdas plantas criando condições favoráveis para infestação porcochonilhas dos citros e outras pragas, além de reduzir a atividadefotossintética.

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    O manejo do solo e as coberturas vegetais para controleintegrado de plantas daninhas, em citros, contribui para oaumento da receita líquida do produtor?

    Sim. Trabalhos realizados pela Embrapa Mandioca e Fruticulturamostraram um incremento médio de 42,1% na receita líquida,proporcionado pelo manejo do solo e por coberturas vegetais, emrelação ao proporcionado pelo sistema convencional utilizado aindapela maioria dos produtores, na citricultura da Bahia e Sergipe.

    O manejo com coberturas vegetais, nas entrelinhas, e ocontrole das plantas daninhas, nas ruas, com glifosate, reduzo custo em relação ao controle convencional?

    Sim. Para a citricultura da Bahia e Sergipe, a redução médiados custos de controle de plantas daninhas foi de 47,8%, e para SãoPaulo, de 18,5%.

    Em quantas épocas do ano faz-se o controle de plantasdaninhas nas linhas dos citros?

    Em duas épocas, dependendo do período crítico de interferên-cia de plantas daninhas com a culturas dos citros, nos diversosambientes citrícolas.

    Existe um herbicida ideal para o manejo de coberturasvegetais, em citros?

    Não. Nem todas as plantas daninhas podem ser controladascom doses seletivas. As informações sobre as espécies de plantasdaninhas predominantes, a melhor época do ano para seu controle,aliadas aos dados de seletividade, modo de ação e método de apli-cação dos herbicidas, proporcionam subsídios para a escolha domelhor produto a ser utilizado.

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    Atualmente os herbicidas à base de glifosate são os mais utiliza-dos em citros por permitirem a formação de cobertura morta, por seadequarem muito bem ao manejo do solo e de coberturas vegetaispara o controle de plantas daninhas, bem como ao sistema deprodução integrada de citros.

    Os herbicidas pós-emergentes recomendados para citrospodem ser aplicados a qualquer hora do dia?

    Não. Sua aplicação deve ser concentrada no período da manhãaté as 11h e, à tarde, a partir das 15h.

    É possível aplicar os herbicidas à base de glifosate em diaschuvosos?

    Sim. Desde que não ocorra chuva num intervalo mínimo de 6a 8 horas após a aplicação do glifosate convencional (Roundup).Em outras formulações, esse período deve ser reduzido pela metade.

    Qual a dose média de glifosate para o controle de gramí-neas (folha estreita) e plantas daninhas anuais, de folha larga,e de algumas perenes?

    A dose média recomendada para o controle da maioria dasplantas anuais e de algumas perenes é de 1% a 1,5% volume/volume.Na prática, essa fórmula significa adicionar de 200 a 300 ml deglifosate a 20 L de água.

    A aplicação de herbicida deve ser interrompida com aocorrência de ventos fortes?

    Sim. Com ventos acima de 10 km/hora, a aplicação deve sersuspensa para evitar a redução na eficiência do herbicida e evitar acontaminação das áreas vizinhas pela deriva do produto.

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    Nas condições dos solos dos Tabuleiros Costeiros, podemser recomendados herbicidas pré-emergentes no controlede plantas daninhas, em citros?

    Não. Esses solos são facilmente degradados estruturalmentequando expostos ao sol, chuvas e ventos. O manejo adequado esustentável desses solos não permite a ausência de uma coberturavegetal (morta ou viva) nas linhas e entrelinhas dos citros.

    O que é alelopatia?

    Alelopatia pode ser definida como as interferências desenca-deadas entre plantas, pela produção de compostos químicos denomi-nados aleloquímicos, liberados direta e indiretamente no ambiente.Esses compostos interferem na germinação e na redução do desenvol-vimento das plantas.

    Quais as formas de aplicação de herbicidas nas linhas doscitros para o controle de plantas daninhas?

    A aplicação do herbicida glifosate pode ser realizada porpulverizadores tratorizados e costais. No primeiro caso, uma barraaplicadora própria para os citros é acoplada ao trator, equipada combicos em leque 110.01 (cor laranja) e um bico TK 0,5, em sua extremi-dade, para fazer o acabamento próximo ao tronco das laranjeiras.

    Nos pulverizadores costais, o bico mais indicado para aaplicação do glifosate é em leque “Teejet”, 110.02 de cor amarela,que permite boa cobertura das plantas daninhas e consumo médiode calda, dependendo do operador, ao redor de 250 a 300 L/ha.

    Para aumentar o rendimento operacional, reduzir o custo deaplicação e simular a aplicação tratorizada, recomenda-se aplicarem “varredura”. Esse método de aplicação consiste na rotação daponta do bico, deixando sua fenda paralela (no mesmo sentido) àhaste do pulverizador e, simulando a varredura de um terreiro,efetuam-se movimentos lentos na vareta do equipamento no sentido

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    direita/esquerda ao caminhar, conseguindo-se assim, em uma sópassagem, aplicar numa faixa aproximada de 1,60 a 1,80 m, em cadalado da laranjeira.

    Qual o rendimento médio operacional da apl