O Que Alguns Criticos Fizeram Com a Poesia Brasileira

  • Upload
    mchagut

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/16/2019 O Que Alguns Criticos Fizeram Com a Poesia Brasileira

    1/1

    Alberto PucheuO que [alguns críticos] fizeram com a poesia brasileira e com o contemporâneo

    Em 1999, em matria realiza!a pelo ca!erno "ais, !a #olha !e $%o Paulo, quan!o !a morte !e &o%o 'abral !e

    "elo (eto, o crítico e professor &o%o A!olfo )ansen, tal*ez imbuí!o !o luto pela pro+imi!a!e !o falecimento

    !o poeta, afirmou -(%o tenho na!a a !izer sobre a morte !e 'abral, nem tenho o que !izer sobre os poetasbrasileiros atuais. Alguns s%o razo/*eis, outros nem isso, a maioria chatíssima, sem sangue nem ner*o0.

    Enquanto que, com posi2es nesse ponto afins e manifesta!as no mesmo ano !e 3445, em entre*ista 6 7ornalista

    8achel ertol, ent%o !o ca!erno Prosa : ;erso !o 7ornal O

    comporta!a e !e gente fina, o que po!e ser bom politicamente, e mau esteticamente0, Alcir Pcora escre*eucategoricamente que entre os -escritores contemporâneos [que] n%o cessam !e aparecer [...], n%o h/ na!a !e

    rele*ante sen!o escrito0, acrescentan!o ain!a que -um ou outro ?os melhores !eles@, com muita sorte, !ei+ar%o!e escre*er0. Em 344, a professora e crítica Bumna "aria $imon escre*eu um ensaio em que a*alia*a que -Por

    estranho que parea, ou por tu!o isso, uma poca !e tamanhas transforma2es e consequ=ncias sociais, como as

    !as !uas Cltimas !ca!as !o sculo passa!o, n%o contou no rasil com um ponto !e *ista artístico rele*ante !aparte !a pro!u%o potica. A poesia !ei+ou !e ser companheira !e *iagem !o presente, !eu as costas aos

    acontecimentos, os quais no entanto a afeta*am no mais íntimo !e sua capaci!a!e criati*a0. "ais 6 frente,menciona*a -o ramerr%o !a pro!u%o [potica brasileira] contemporânea0. Em outubro !e 3411, no nCmero D1

    !a re*ista Piauí, Bumna "aria $imon repete a !ose, falan!o, a partir !e seu !iagnstico !e uma-retra!icionaliza%o0 !a poesia contemporânea ?!e uma -retracionaliza%o frí*ola0, !e uma-retra!icionaliza%o !esculpabiliza!a e complacente0, !e um -ultratra!icionalismo0, !e um -uso relutantemente

    crítico, ou acrítico !a tra!i%o0@ !a -no*i!a!e pouco entusiasmante !a !inâmica recente !a poesia brasileira0,!e seu -esta!o !e in!iferena em rela%o 6 atuali!a!e e ao que fer*ilha !entro !ela0, mas, bem *er!a!e, que

    no fim !e seu te+to ela parece querer sal*ar uns happF feG n%o nomea!os -#alan!o !a e+peri=ncia brasileira,

    *er!a!e que raras s%o at agora as rea2es propriamente artísticas, no campo !a poesia, a esta con7untura. "aselas e+istem e estar%o fun!a!as na insatisfa%o com o para!igma retra!icionaliza!or, o qual, como *imos, n%o

    passa !e um parasitismo !o cânone0. Em fins !e 3449, em resenha sobre li*ro !e "arcos $iscar, Paulo#ranchetti fala !as -pragas !a literatura brasileira atual0 e, em segui!a, !a -profus%o !e m/ poesia0. Em maro

    !e 3414, foi a *ez !e Huiz 'osta Hima afirmar 6 mesma 8achel ertol, em matria no 7ornal ;alor -(o

    momento em que se !iz que o país !eu um salto econImico, *erifica>se que aumentou o abismo entre o que agente faz e o que se pro!uz !e quali!a!e no e+terior. Bsso muito gra*e, sobre o que n%o se comenta0. Jal clima

    cria!o por coloca2es como as menciona!as, !e importantes forma!ores !e opini%o !o meio liter/rio,certamente estimula outras !e críticos menos renoma!os que, quanto mais se afincam a um !ese7o !e pol=mica,

    mais se afastam !o conhecimento !o que ho7e se pro!uz no país ou, pelo menos, !a capaci!a!e !e pensar

    satisfatoriamente tal pro!u%o. Para !ar mais um e+emplo !e tal postura incua, gera!a por um ressentimentoem rela%o 6 poesia !o tempo presente que le*a a uma cegueira em rela%o ao nosso tempo, em con*ersa com

    "aurício $alles ;asconcelos significati*amente intitula!a A Acanha!a Pro!u%o Hiter/ria 'ontemporânea, HuisKolhniLoff afirmou -;enho h/ algum tempo me referin!o a certa pequenez generaliza!a que tomou conta !a

    poesia brasileira. [...] leio e leio a poesia contemporânea e o que leio passa por meu crebro como /gua em uma

    peneira. Praticamente na!a fica !e realmente marcante0. Em to!os esses casos, assim como o !ita!o popularafirma que -praga !e urubu n%o mata ca*alo gor!o0, parece>me que o problema muito menos !a /gua !o que

    !a peneira. Em to!os eles, o pri*ilgio retrgra!o !e se estabelecerem como 7uízes !a arte e n%o como críticos!a arte !a linguagem, ou se7a, !e se colocarem num suposto tribunal ?$chlegel !iria -seus tribunaizinhos0@ e !e

    !esprezarem, nesses momentos, completamente, o aspecto refle+i*o !e uma crítica que queira, em primeiro

    lugar, !es!obrar intensi*amente as potenciali!a!es !e cria%o !a obra abor!a!a. 'hega a ser lastim/*el que taiscríticos, *olto a !izer, nesses momentos com pretens2es !e me!alh2es eru!itos a esquecerem uma crítica

    pensa!ora, n%o se lembrem !as pala*ras !e "acha!o !e Assis -A crítica, que, para n%o ter o trabalho !eme!itar e aprofun!ar, se limitasse a uma proscri%o em massa, seria a crítica !a !estrui%o e !o

    aniquilamento0 . Paro!ian!o o subtítulo !o ensaio !e Mumna "aria $imon na re*ista Piauí, parece ser isso, esse

    !escompasso entre a poesia brasileira e a contemporanei!a!e, -O que [alguns críticos] fizeram com a poesia

    brasileira0.